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NEUROLOGIA – AULA 3 1 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO PARTE 1 Caso clínico: Identificação: H.A, masculino, 60 anos, branco, casado, natural de VR, vigia QP: “tremor nas mãos” HDA: paciente relata que há 1 ano vem percebendo, de modo progressivo, tremor nas mãos, que se manifesta quando está parado. Inicialmente o tremor atingia apenas o polegar esquerdo e atualmente acomete toda a mão. Após alguns meses também notou a mesma manifestação na mão direita. Os familiares informam que há piora do tremor quando o paciente está tenso e desaparece quando está dormindo. Queixa-se ainda de progressiva dificuldade de andar, de virar ou levantar da cama nos últimos 6 meses. Refere que está se sentindo mais lento para fazer suas atividades do dia a dia HPP: DM II, em uso de hipoglicemiante oral (não sabe informar qual), cirurgia prévia de colecistectomia (há 10 anos) HF: pais falecidos – IAM HS: nega etilismo e tabagismo Exame clinico: • PA 130/80mmHg; pulso 88bpm; FR 18irpm; TAX 36,8ºC • ACV → pulsos carotídeos simétricos à palpação, sem sopros à ausculta. RCR 2T BNF sem sopros e sem extra- sístoles • AR → MV universalmente audível sem ruídos adventícios • Abdome → sem visceromegalias, sem anormalidades ao exame • Membros → sem edema • Neurológico ❖ Ectoscopia → paciente com regular estado geral. Fácies inexpressiva, pele úmida e seborreica. Tremor em repouso nas mãos. Postura em antero-flexão ❖ Nível de consciência → acordado atendendo coerentemente as solicitações ❖ Exame das funções mentais e linguagem → orientada no tempo e no espaço. Cooperativa, informando bem, sem lapsos de memória. Fala monótona e sem impostação • Motricidade ❖ Inspeção → tremor nas mãos, fino e bilateral, observado em repouso e que melhora quando executa o movimento ❖ Força → normal ❖ Reflexos profundos e superficiais → normais ❖ Tônus → hipertonia plástica ❖ Marcha → dificuldade de iniciar a marcha, diminuição dos movimentos associados dos MMSS, pequenos passos e antero-pulsão ❖ Estática → sinal de romberg negativo ❖ Exame da sensibilidade → normal ❖ Pesquisa dos sinais meningorradiculares → normais ❖ Exame dos nervos cranianos → I NC – anosmia. Restante normal Questões: 1. Qual o diagnostico sindrômico? Síndrome Parkinsoniana (Parkinsonismo) ❖ Bradicinesia, rigidez, tremor de repouso, instabilidade postural ❖ Parkinsonismo ➢ Causas degenerativas: idiopática (DP), parkinsonismo atípico (Parkinson plus) ➢ Causas estruturais: parkinsonismo vascular, neoplasia ➢ Causas hereditárias: doença de Wilson ➢ Causas medicamentosas: Neurolépticos, antivertiginosos 2. Qual o diagnostico nosológico? Doença neurodegenerativa 3. Qual o diagnóstico etiológico? Doença de Parkinson/Parkinsonismo idiopático/Parkinsonismo primário ❖ Distúrbio do movimento hipocinético ❖ Segunda doença degenerativa mais prevalente ❖ Afeta 1% da população acima dos 65 anos NEUROLOGIA – AULA 3 2 ❖ Afeta ambos os sexos (ligeira prevalência do sexo masculino) ❖ Mais comum após os 50 anos ❖ Prevalência aumenta com a idade ❖ Etiologia ➢ Fatores genéticos → em cerca de 10-15% dos casos a doença é de natureza genética. Mais de 20 LOCI já foram identificados, o primeiro foi o PARK 1. Na maioria das formas a doença se manifesta antes dos 40 anos ➢ Fatores ambientais → pesticidas, metais pesados. Causam neurotoxicidade ➢ Envelhecimento → principal fator de risco 4. Qual o diagnostico topográfico? Neurônios dopaminérgicos da substancia negra do mesencéfalo circuito dos núcleos da base ❖ Há presença dos corpos de Lewy nesses neurônios e dentro dos corpos de Lewy tem a proteína alfa- sinucleina, por isso a doença de Parkinson é considerada uma proteinopatia, causando uma neurotoxicidade nesses neurônios • Distúrbios do movimento ❖ Diminuição da dopamina e aumento da acetilcolina → Síndrome Parkinsoniana (hipertônica-acinética- tremulante) ❖ Aumento da dopamina e diminuição da acetilcolina → Síndrome Coreica (hipotônica-coreo-aretósica) • Quadro clinico ❖ Sinais/sintomas motores → sintomas assimétricos (BRADICINESIA + tremor de repouso – “contando moedas”/rigidez – “sinal da roda dentada”- hipertonia plástica/instabilidade postural), hipomimia fácil, micrografia, macha parkinsoniana (dificuldade para começar o movimento e depois há uma aceleração involuntária da marcha, chamada de festinação, tem passos curtos e virada “em bloco” com dificuldade de interromper a marcha) ❖ Sinais/sintomas não motores → hiposmia, constipação intestinal, depressão, transtorno do comportamental do sono REM, declínio cognitivo, disfagia, dor • Diagnostico da Doença de Parkinson ❖ Anamnese ❖ Exame físico ❖ Neuroimagem estrutural (excluir lesões estruturais. Achados sugestivos de Parkinson atípico, perspectivas nigrossomo – obs: parece que tinha mais alguma coisa escrita mas a cara dela estava na frente e ela não leu ) NEUROLOGIA – AULA 3 3 ❖ SPECT TRODAT (neuroimagem funcional com marcador para dopamina, padrão de baixa captação e produção de dopamina) ❖ Cobre urinário e ceruloplasmina (Doença de Wilson) ❖ Genéticos (PARK) ❖ Exclusão de causas secundarias 5. Qual o diagnostico diferencial? ❖ Causas degenerativas: idiopática (DP), parkinsonismo atípico (Parkinson plus) Doença de Parkinson Progressivo Atrofia de múltiplos sistemas NEUROLOGIA – AULA 3 4 ❖ Causas estruturais: parkinsonismo vascular, neoplasia ❖ Causas hereditárias: doença de Wilson ❖ Causas medicamentosas: Neurolépticos, antivertiginosos ➢ Segunda causa mais frequente de parkinsonismo ➢ Sintomas simétricos ➢ Fármacos bloqueadores dos receptores dopaminérgicos ➢ Neurolépticos (Haloperidol, clopormazina, Risperidona) ➢ Bloqueadores do canal de cálcio (flunarizina) ➢ Antieméticos (metoclopamida) ➢ Outros: amiodarona, lítio, acido valproico 6. Qual o tratamento? ❖ Não medicamentoso → fisioterapia, fonoterapia ❖ Medicamentoso alterações NEUROLOGIA – AULA 3 5 ➢ Levodopa (padrão ouro) → na verdade é a L-dopa, pois não temos o composto de dopamina, que vai se transformar em dopamina no SN. Ela não é um composto que vem sozinho, ela vem com um composto de dopa descarboxilase, que é uma enzima que degrada a dopamina, ou seja, a Levodopa sempre vem com um composto inibidor da dopa descarboxilase que vai evitar que a L-dopa vire dopamina no SNP fazendo assim com que chegue mais dopamina no SNC. o que aconteceria se não tivesse o inibidor da dopa descarboxilase junto com a Levodopa? Ela se dissiparia no sangue periférico, teria muitos efeitos colaterais e além disso teria que tomar uma dose muito alta de Levodopa. Atualmente tem-se a Levodopa com a Benserazida (Prolopa) e Levodopa mais Carbidopa. Existe a “lua de mel” com essa medicação que dura em torno de 5 anos e a boa resposta caracteriza a Doença de Parkinson, estando entre um dos critérios diagnósticos ➢ Agonistas dopaminérgicos (Pramipexol, Rotigotina) ➢ Inibidores da MAO-B (Seleglina, Rasagilina) → reduz a degradação de dopamina na fenda sináptica ➢ Inibidores da COMT (Entacapona, Tolcapona) → reduz a degradação da Levodopa ➢ Amantadina (efeitos anticolinérgicos e glutamatérgico e aumentam a Levodopa na fenda sináptica) → na doença de Parkinson ocorre um desbalanço e acetilcolina ➢ Biperideno ❖ Cirúrgico → regime otimizado de medicações, flutuações motoras, efeitos colaterais incapacitantes da medicação, mínimo de 5 anos de evolução da doença ➢ Cirurgia ablativa (Talamotomia/Palidotomia) → unilateral, contralateral ao lado mais acometidos ➢ DBS (Deep Brain Simulation) → implanta eletrodos para estimular magneticamente os núcleos da base pode ser bilateral (núcleos subtalâmicos e globo pálido interno) PARTE 2 • Consiste em disfunção da atividade motora voluntária e/ou involuntária • Sistema Piramidal (sist. motor voluntário – 1º neurônio motor) x Sistema Extrapiramidal (mov involuntários / núcleos da base)• Núcleos da base: Tálamo, putamêm, globo pálido, substância negra, núcleo subtalâmico de Luys Avaliação inicial do paciente: → na maioria das vezes o diagnostico é clinico 1) Qual é o fenômeno ? 2) Qual a causa do fenômeno ? 3) Como eu trato ? Classificação • Síndromes hipercinéticas ❖ Tremor ❖ Balismo ❖ Coréia ❖ Atetose ❖ Distonia ❖ Mioclonia ❖ Tiques ❖ Estereotipias • Síndrome hipocinética ❖ Parkinsonismo TREMOR • Principal característica: caráter rítmico • Classificação: ❖ Segundo a amplitude: ➢ Fino ➢ Médio ➢ Grosseiro NEUROLOGIA – AULA 3 6 ❖ Segundo a frequência: ➢ Lento (2 a 4 Hz) ➢ Médio (5 a 7 Hz) ➢ Rápido (8 ou mais Hz) ❖ Segundo o modo de aparecimento: ➢ Repouso ➢ Ação: postural /cinético / intencional ➢ Ação específica • Avaliação do tremor • Tremor Parkinsoniano: ❖ Síndrome hipocinética com características hipocinética ❖ Tremor de baixa frequência de repouso ❖ Desaparece durante o sono e piora em situações de estresse e durante a marcha • Tremor Fisiológico: ❖ Tremor postural de alta frequência ❖ Exacerbado pelo uso de medicamentos, uso abusivo de cafeína, estresse, ansiedade • Tremor cerebelar: ❖ Tremor cinético e de intenção de baixa frequência ❖ Oscilação rítmica da cabeça = Titubeação • Tremor de Holmes: ❖ Tremor de baixa frequência unilateral de repouso, cinético e postural ❖ Extremamente incapacitante ❖ Lesão estrutural a nível do tronco cerebral, tálamo, cerebelo ou vias nigroestriatal ❖ Etiologia: doença cerebrovascular, tumores, infecções e TCE • Tremor palatal: ❖ Tremor de baixa frequência no palato mole ❖ Essencial: acompanhada por um clique auditivo causado por contrações do músculo tensor do véu palatino que abre a tuba de Eustáquio ❖ Sintomático: Lesões focais do tronco encefálico ou cerebelar ❖ Ataxia progressiva com tremor palatal , Síndrome de Alexander • Tremor Essencial: ❖ Doença heterogênea ❖ Complexa, progressiva e causada por diferentes mecanismos patogênicos (ambientais + genéticos) ❖ Clínica: NEUROLOGIA – AULA 3 7 ➢ Início lento e insidioso de tremor cinético postural bilateral em MMSS. Pode acometer musculatura cervical e da fonação ➢ Idade variável. Pico: Final da adolescência e após 50 anos ➢ Melhora clínica com a ingestão de álcool ➢ 15 a 25 % apresentam tremor incapacitante ➢ Recorrência familiar (30-50%) → atender um paciente em que se suspeita de tremor essencial mas que não tem recorrência na família não exclui o diagnostico, pois existe a chamada “penetração incompleta” que significa que eu tenho a mutação que predispõe o desenvolvimento da doença e por algum motivo não tem a doença, mas pode passar para os filhos e eles desenvolverem, ou seja, apesar de ter a alteração genética ela não se manifesta ❖ Fatores etiopatogênicos: ➢ Fatores genéticos: Herança autossômica dominante de penetrância incompleta ➢ Genes: ETM1, ETM2, etc. ➢ TE X Doença de Parkinson: ? ❖ Diagnóstico: ➢ Clínico ❖ Tratamento: ➢ Indicação fundamentada na severidade clínica e disfunção secundária ➢ Drogas de primeira linha: Propranolol, Primidona ➢ Drogas de segunda linha: Gabapentina, Topiramato, Benzodiazepínicos ➢ Outras opções: Estimulação cerebral profunda (DBS), cirúrgico (Talanotomia), Toxina botulínica CORÉIA, ATETOSE E BALISMO • Principal característica: imprevisível, aleatória • Coréia: movimentos rápidos, distais, aleatórios e imprevisíveis ❖ Hereditárias: Doença de Huntington, Coréia familiar benigna, Neuroacantose, Doença de Wilson, Doença de Huntington-Like, Ataxias espinocerebelares (2,3,17) ❖ Adquiridas: Coreia de Sydenham, Coreia gravídica, Lupus / síndrome de anticorpo antifosfolípide, Encefalites autoimunes • Atetose: movimentos lentos e sinuosos distais • Balismo: Acometimento dos segmentos proximais, levando ao deslocamento dos membros de forma brusca e ampla • Doença de Huntington: ❖ Doença neurodegenerativa ❖ Genética: ➢ Doença autossômica dominante. ➢ Expansão do número de repetições de bases nitrogenadas CAG (citosina-adenina-guanina) no gene HTT (proteína Huntingtina) ▪ As pessoas que não tem a doença vão ter 27 repetições, já s pessoas que tem a doença vão ter acima de 35 repetições. Entre 27-35 repetições o paciente vai ser assintomático, mas pode passar a doença para os descendentes ❖ Manifestações clínicas: ➢ Distúrbios do movimento: coréia (90%) + outros (tremores, distonia, atetose, bradicinesia) = Síndrome discinética ➢ Sintomas psiquiátricos: Depressão, TOC, psicose, distúrbios do sono, alcoolismo ➢ Sintomas cognitivos: alterações da memória, função executiva, planejamento mental, demência ❖ Diagnóstico: ➢ Clínica + História familiar + Neuroimagem (atrofia) + Teste genético (mostra o numero de repetições) ❖ Tratamento: ➢ Não há tratamento específico ➢ Medicações sintomáticas ➢ Reabilitação ➢ Aconselhamento genético NEUROLOGIA – AULA 3 8 DISTONIA • Contrações musculares involuntárias mantidas ou intermitentes • Posturas anormais. Padronizado, repetitivo e estereotipado • Movimentos de torção ou contorção • Outras características: Tremor distônico, truque sensorial, transbordamento (overflow), espelhamento (mirroing) • Classificação: • Blefaroespasmo → tipo importante e frequente de distonia • Distonias primárias hereditárias: Investigação ❖ Pacientes jovens e progressiva, com neuroimagem normal e uma grande pista é a historia familiar, pois a maioria tem uma herança autossômica dominante ❖ Painel genético para distonias ❖ Sequenciamento genético de nova geração: Exoma, Genoma • Síndrome de Segawa: ❖ DYT-Park GCH1 (DYT5 A) ❖ Distonia dopa-responsiva ❖ Clínica: ➢ Distonia de início na infância ➢ Predominante nos MMII ➢ Flutuação diurna ❖ Diagnóstico: ➢ Clínico + reposta ao uso de Levodopa ❖ Tratamento: ➢ Levodopa em baixas doses • Tratamento das distonias: ❖ Drogas: ➢ Anticolinergicas: ▪ Triexifenidina (Artane) ▪ Biperideno (Akineton) NEUROLOGIA – AULA 3 9 ❖ Toxina botulínica tipo A → se é focal ❖ Outras: ➢ Benzodiazepínicos, Baclofeno, drogas depletoras de catecolaminas (Tetrabenazida) → generalizado ❖ Tratamento cirúrgico: ➢ Desnervação periférica, Talanotomia, Palidotomia. ➢ Estimulação Cerebral Profunda (DBS): Globo pálido interno ❖ Terapias adjuvantes: Fisioterapia, fonoaudiologia MIOCLONIAS • Contrações musculares involuntárias bruscas • “Choque”, “sustos”, “abalos” • Mioclonias positivas (contração muscular) X mioclonias negativas (relaxamento brusco muscular) • Origem: cortical, medular ou periférica • Classificação ❖ Fisiopatologia ➢ Cortical, subcortical, cortico-subcortical, medular, periférica ❖ Apresentação: ➢ Fatores predisponentes: Espontâneas, ação, postura, reflexas (estímulos visuais, auditivas, somestéticos) ➢ Distribuição: Focal, segmentar, multifocal, generalizadas • Etiologia das mioclonias: ❖ Fisiológicas: Mioclonias do sono, após exercícios físicos ❖ Essencial: Mioclonias multifocais sem a presença de outros sinais: hereditária ou esporádicas ❖ Epiléptica: Parte de uma síndrome epiléptica: Epilepsia mioclonica juvenil ❖ Sintomáticas: Doença de Wilson, doença de Huntington, encefalopatias virais, tóxicas, drogas, lesões estruturais, doenças de depósito • Diagnóstico e investigação das mioclonias: ❖ História e avaliação neurológica detalhada → Classificar as mioclonias ❖ Exames eletrofisiológicos: Eletromiografia (EMG), Eletroencefalograma (EEG), Potencial evocado somatossensitivo (PESS) ❖ Neuroimagem ❖ Exames específicos de acordo com a suspeita clínica • Tratamento: ❖ Identificar o tipo de mioclonia e a etiologia ❖ Retirar fatores desencadeantes ❖ Drogas: Levetiracetam, Clonazepam, ácido valproico • Asterix/ Flapping → mioclonia negativa comum em distúrbios metabólicos • Startle x Hiperekplexia: ❖ Mioclonias reflexas audiossensíveis TIQUES • Movimentos semi-involuntários• Mesmo padrão ao longo do tempo • Classificação: ❖ Tiques vocais ❖ Tiques motores ❖ Tiques simples ❖ Tiques complexos ➢ Copropraxia, Coprolalia, Ecopraxia • Característica: ❖ Supressão temporária. NEUROLOGIA – AULA 3 10 ❖ Período de supressão acompanhado de desconforto ❖ Necessidade imperiosa de realizar o tique no período de supressão • Sindrome de Guilles de La Torret: ❖ Transtorno neurocomportamental caracterizado pela presença de tiques motores e vocais por mais de 1 ano ❖ TDAH, TOC podem estar presentes em 50% dos pacientes ❖ Tratamento: ➢ Psicoterapia + abordagem medicamentosa ❖ Medicações: ➢ Alfa2 adrenérgicos: Clonidina, Guaficina ➢ Neurolépticos típicos: Haloperidol, Pimozida ➢ Neurolépticos atípicos: Risperidona, Ziprasidona, Olanzapina, Aripiprazol, Quetiapina ATAXIAS • Perda do equilíbrio e da coordenação motora. • Principal diagnóstico topográfico: cerebelo ❖ Outros: Lobo frontal, tálamo, lesão da coluna posterior e do SNP (Ataxia sensitiva) • Classificação das Ataxias: ❖ Adquiridas (secundárias) ➢ Metabólicas: Quimioterápicos, metais pesados, solventes, medicamentos ➢ Imunomediadas: Síndrome de Miller Fisher, opsoclonus-mioclonus-ataxia, cerbelite pós infecciosa ➢ Vascular: AVC isquêmico ou hemorrágico ➢ Hipovitamonoses: Vit B1 e B12 ➢ Doenças infecciosas: cerebelite viral ➢ Tumores ❖ Hereditárias (primárias): Autossômicas recessivas, autossômicas dominantes, herança ligada ao X, herança mitocondrial, ataxias congênita ➢ Ataxia cerebelar autossômico recessiva: Ataxia de Friedreich: ▪ Etiopatogenia: Expansão anormal do trinucleotídeo Guanina-Adenina-Adenina(GAA) no gene FXN ▪ Clínica: o Idade precoce: 12-18 anos o Ataxia cerebelar, nistagmo, square wave jecks, neuropatia periférica, arreflexia o Comprometimento sistêmico: cardiopatia, diabetes melitos, pés cavos, escoliose ▪ Diagnóstico: o RM: sem atrofia cerebelar o Quadro clínico + Teste genético para Friedreich ▪ Tratamento: o Terapias de reabilitação Ataxia-Telangiectasia: ▪ Etiopatogenia: mutação no gene ATM ▪ Clínica: o Ataxia cerebelar de início muito precoce (2-3 anos) o Síndrome hipercinética: ataxia, coreatetose, distonia o Telangiectasia na conjuntiva, orelha, pescoço, face o Imunodeficiências: baixo níveis de IgA, IgG, IgE o Radiosensibilidade: maior risco de neoplasias (leucemia e linfomas) ▪ Diagnóstico: o Clínico o Marcadores laboratoriais: alfafetoproteína elevada, nível baixo de imunoglobulinas (IgA, IgE, IgG) NEUROLOGIA – AULA 3 11 o Ressonância cerebral: atrofia cerebelar o Teste genético: Sequenciamento do gene ATM ▪ Tratamento: o Terapias de reabilitação o Monitorização: perfil imunológico, predisposição a neoplasias, evitar exames como RX / TC ➢ Ataxias autossômicas dominantes: ▪ Ataxias Espinocerebelares (SCA- 48 subtipos) ▪ Ataxias episódicas (8 subtipos) Doença de Machado Joseph (SCA3): ▪ Etiopatogenia: Expansão do trinucleotídeo citosina-adenina-guanina (CAG) no gene ATXN3 ▪ Clínica: o Heterogeneidade: severidade diretamente relacionada ao número de repetições de CAG presentes o Disfunção cerebelar (ataxia), piramidal (espasticidade), extrapiramidal (distonia, parkinsonismo), neurônio motor inferior (amiotrofia, fasciculações), neuropatia periférica (arreflexia, alterações da sensibilidade distal) o Sintomas não motores: Distúrbios do sono, distúrbios cognitivos ▪ Diagnóstico: o Clínica + história familiar + teste genético específico (painel genético para SCAs) ▪ Tratamento: o Terapias de reabilitação + medicações sintomáticas o Aconselhamento genético