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FUNDAMENTOS DE ELETROTECNIA Data: 21.06.2021 Elaborado por: Santos Paúnde 2 Santos Caetano Paúnde Índice 1.Introdução .................................................................................................................. 4 2.Sistema de medida ...................................................................................................... 5 2.1 As origens ............................................................................................................ 5 2.2 Sistema Internacional de Medidas ......................................................................... 7 2.3 Notação Científica ................................................................................................. 9 2.4 Múltiplos, submúltiplos e seus prefixos ............................................................... 10 2.5 Transformação de múltiplo e submúltiplo ............................................................ 10 2.5.1 Método das potências ................................................................................... 10 2.5.2 Método do deslocamento da vírgula............................................................... 12 2.6 Resumo .............................................................................................................. 13 3. Eletroestática ........................................................................................................... 13 3.1 Cargas elétricas .................................................................................................. 15 3.2 Formas de eletrização ......................................................................................... 15 3.3 Eletroscópio e pêndulo eletrostático .................................................................... 18 3.4 Lei de Coulomb e Campo elétrico ........................................................................ 19 3.5 Distribuição de cargas em condutores, “poder das pontas” e para-raios ............... 21 3.6 Gaiola de Faraday ............................................................................................... 21 4. Condutores e semicondutores elétricos ..................................................................... 22 5. Corrente Elétrica Contínua ....................................................................................... 26 5.1 Intensidade da Corrente Elétrica ......................................................................... 29 5.1.1 Efeitos da Corrente Elétrica .......................................................................... 31 5.2 Tensão Elétrica ................................................................................................... 32 5.2.1 Força Eletromotriz ........................................................................................ 33 5.3 Resistência ......................................................................................................... 37 5.3.1 Características tensão-corrente ..................................................................... 37 5.3.2 Lei de Ohm (Primeira Lei).............................................................................. 38 5.3.3 Lei de Ohm (Segunda Lei) - Resistividade ...................................................... 39 6. Elementos Básicos de um Circuito Elétrico ............................................................... 42 6.1 Gerador Elétrico ................................................................................................. 42 6.3 Receptor Elétrico ................................................................................................ 42 6.4 Resistor Elétrico ................................................................................................. 43 6.5 Dispositivos de Manobra ..................................................................................... 43 6.6 Dispositivos de Segurança .................................................................................. 43 6.7 Dispositivos de Controle ..................................................................................... 44 3 Santos Caetano Paúnde 6.8 Resistores ........................................................................................................... 44 6.8.1 Resistores fixos ............................................................................................ 44 6.8.2 Resistores variáveis ...................................................................................... 45 6.8.3 Código de cores para resistores ..................................................................... 46 7. Circuitos Elétricos.................................................................................................... 49 7.1 Ligação em Série ................................................................................................. 50 7.1.1 Associação de Resistores em Série ................................................................ 50 7.1.2 Características ............................................................................................. 50 7.1.3 Aplicações .................................................................................................... 50 7.1.4 Vantagens e Desvantagens ........................................................................... 51 7.2 Ligação em Paralelo ............................................................................................ 51 7.2.1 Associação de Resistores em Paralelo ............................................................ 51 7.2.2 Características ............................................................................................. 51 7.2.3 Aplicações .................................................................................................... 52 7.2.4 Vantagens e Desvantagens ........................................................................... 52 7.3 Diferença ............................................................................................................ 52 7.4 Ligação Mista (Série e Paralelo) ........................................................................... 53 7.5 Transformações delta-estrela (𝚫𝒀) ou estrela-delta (𝒀𝚫) ........................................ 54 7.5.1 Transformação delta-estrela (𝚫𝒀) ................................................................... 55 7.5.2 Transformação estrela - delta (𝒀𝚫) ................................................................. 55 7.6 Leis de Kirchhoff ................................................................................................. 56 7.6.1 Lei de Kirchhoff das correntes (LKC) ............................................................. 58 7.6.2 Lei de Kirchhoff das tensões (LKT) ................................................................. 58 7.6.3 Número de equações do circuito ................................................................... 59 8. Segurança em Eletricidade ....................................................................................... 60 8.1 Cuidados com equipamentos .............................................................................. 60 8.2 Aterramento ....................................................................................................... 61 8.2.1 Formas de aterramento ................................................................................ 62 8.2.2 Eletrodos de aterramento.............................................................................. 64 8.3 Interferência eletromagnética .............................................................................. 65 8.3.1 Ruídos ......................................................................................................... 66 Referencias ....................................................................... Erro! Indicador não definido. 4 Santos Caetano Paúnde 1.IntroduçãoA eletricidade é um fenômeno conhecido desde a Grécia Antiga. Tales de Mileto descreveu como alguns materiais, como o âmbar, ao serem atritados adquiriam a propriedade de atraírem pequenos objetos como fios de cabelo. Em 1600, a palavra “eletricidade” foi cunhada por William Gilbert para se referir a esse efeito; a palavra é derivada do termo grego para “âmbar”, “elektron”. Os experimentos realizados até o século XVII concluíram que outros materiais como o vidro e peles de animais também apresentavam essa propriedade. Nessa época, o físico francês C. F. du Fay observou que dois objetos, após serem atritados, podiam se repelir ao invés de se atrair. Suas observações podem ser resumidas tomando dois pedaços de vidro e dois de plástico (um canudo de refrigerante, por exemplo) e atritando todos com papel macio*. Ao aproximar os dois pedaços de vidro, eles se repelem; ao aproximar os dois pedaços de plástico, o mesmo acontece. Entretanto, ao aproximar um pedaço de vidro e um de plástico, eles se atraem. Em 1733, du Fay propôs que a eletricidade existia em dois tipos, e o atrito entre dois corpos (vidro e papel) podem fazer com que eles troquem esses tipos entre si. Corpos com o mesmo tipo de eletricidade se repelem, e corpos com tipos diferentes se atraem. O tipo de eletricidade presente no vidro atritado por lã foi chamado de “eletricidade vítrea “, e o presente no âmbar de “eletricidade resinosa “. Na segunda metade do século XVIII, Benjamin Franklin, físico e estadista americano, tratou a eletricidade como um fluido único, presente em toda a matéria, que deveria conter uma quantidade precisa desse; se o houvesse em excesso, a matéria estaria positivamente carregada, e se o houvesse em falta, a matéria estaria negativamente carregada. De forma arbitrária, Franklin definiu que a eletricidade vítrea é positiva (excesso de fluido), e a eletricidade resinosa é negativa (falta de fluido), convenção que é usada até os dias atuais. De acordo com Franklin, quando dois corpos são atritados, o fluido elétrico (que corresponde ao conceito atual de carga elétrica) pode passar de um corpo para o outro, deixando um com excesso e outro com falta, mas não era nunca criado nem destruído. Hoje essa hipótese se converteu na lei da conservação da carga elétrica. Na virada do século XIX, descobriu-se que a carga elétrica é quantizada, o que significa que ela sempre aparece em múltiplos de uma carga elementar, que foi medida por Robert Millikan no seu experimento com gotas de óleo. Nas unidades do SI, esse valor é e C 19 10.6,1 − =, que é muitas ordens de grandeza menor do que a carga que costuma se acumular nos objetos macroscópicos, de modo que a natureza discreta da carga pode ser desprezada na maioria das vezes. 5 Santos Caetano Paúnde 2.Sistema de medida 2.1 As origens A necessidade de medir é muito antiga e remonta à origem das civilizações. Por longo tempo cada país teve o seu próprio sistema de medidas, baseado em unidades arbitrárias e imprecisas como, por exemplo, aquelas do corpo humano: palmo, pé, polegada, braça, côvado, jarda (como ilustrado na Figura 1.1, era a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu dedo polegar, com o braço esticado). Isso criava muitos problemas para o comércio, porque as pessoas de uma região não estavam familiarizadas com o sistema de medida das outras regiões. Figura 1.1: Uma jarda é a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu dedo polegar, com o braço esticado Em 1789, numa tentativa de resolver o problema, o Governo Republicano Francês pediu à Academia de Ciências da França que criasse um sistema de medidas baseado numa “constante natural”. O metro foi definido, em 1791, como uma fração de 1/10000000 da distância do Polo Norte ao Equador, seguindo o traçado do meridiano que passa por Paris (Figura 1.2). 6 Santos Caetano Paúnde Figura 2.1: Uma jarda é a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu dedo polegar, com o braço esticado Assim foi criado o Sistema Métrico Decimal. Posteriormente, muitos outros países adotaram o sistema, inclusive o Brasil, aderindo à “Convenção do Metro”. O Sistema Métrico Decimal adotou, inicialmente, três unidades básicas de medida: o metro, o litro e o quilograma. Entretanto, o desenvolvimento científico e tecnológico passou a exigir medições cada vez mais precisas e diversificadas. Por isso, em 1960, o sistema métrico decimal foi substituído pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), mais complexo e sofisticado, adotado também pelo Brasil em 1962 e ratificado pela Resolução nº 12, de 1988, do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO), tornando-se de uso obrigatório em todo o território nacional. Em Moçambique, o sistema metrológico é redigido pelo INOQ (Instituto Nacional de Normalização e Qualidade) que é responsável pela gestão e manutenção dos padrões de medida. A metrologia está presente em praticamente todos os ramos de atividade, incluindo aqueles em que os conhecimentos requeridos para praticá-la sejam os mais básicos e pode ser praticada em diferentes áreas, tais como, produção industrial, saúde, proteção ambiental, segurança e validação de teorias. Ela tem uma relação profunda com a qualidade. Na verdade, a metrologia garante a qualidade do produto dando maior confiança ao cliente e agindo com um diferenciador em termos tecnológicos comerciais para as empresas. Por meio da calibração, a metrologia reduz o consumo e desperdício de matéria-prima e ainda 7 Santos Caetano Paúnde a possibilidade de rejeição do produto evitando desgastes e transtornos que podem comprometer sua imagem no mercado. Em outubro de 1983, o metro foi redefinido como a distância percorrida pela luz, no vácuo, durante o intervalo de tempo de 1/299792458 segundos. A metrologia se encontra dividida em três partes: Metrologia legal Como o próprio nome sugere é a área da metrologia ligada a proteção ao consumidor de medições incorretas nas transações comerciais, saúde, segurança e ambiente de trabalho. Metrologia industrial É a parte da metrologia que assegura o funcionamento adequado dos instrumentos de medição utilizados na indústria bem como nos processos de produção e ensaio, através da calibração e garantia da rastreabilidade. Metrologia científica Realiza as unidades de medida a partir da definição, recorrendo a ciências (física e outras) e as constantes físicas fundamentais, desenvolvendo, mantendo e conservando os padrões de referência. Atua a nível da mais alta exatidão e incerteza, sendo independente de outras entidades em termos de rastreabilidade. A garantia dos valores obtidos assenta fortemente na comparação Inter laboratorial com outros laboratórios primários. 2.2 Sistema Internacional de Medidas O SI não é estático, mas evolui de modo a acompanhar as crescentes exigências mundiais demandadas pelas medições, em todos os níveis de precisão, em todos os campos da ciência, da tecnologia e das atividades humanas. Atualmente o SI possui sete unidades de base que fornecem as referências que permitem definir todas as unidades de medida do sistema. As unidades bases são: metro (comprimento), quilograma (massa), segundo (tempo), ampère (corrente elétrica), kelvin (temperatura termodinâmica), mol (quantidade de substância) e candela (intensidade luminosa). Na tabela abaixo são listadas as principais unidades do SI. 8 Santos Caetano Paúnde Principais unidades do Sistema Internacional Grandeza Nome Plural Símbolo Comprimento metro metros 𝑚 Área metro quadrado metros quadrados 𝑚2 Volume metro cúbico metros cúbicos 𝑚3 Ângulo plano radiano radianos rad Tempo segundo segundos s Frequência hertz hertz Hz Velocidade metro por segundo metro por segundo 𝑚 𝑠⁄ Aceleraçãometro por segundo por segundo metro por segundo por segundo 𝑚 𝑠2⁄ Massa quilograma quilogramas kg Massa específica quilograma por metro cúbico quilograma por metro cúbico 𝑘𝑔 𝑚3⁄ Vazão metro cúbico por segundo metro cúbico por segundo 𝑚 𝑠3⁄ Quantidade de matéria mol mols mol Força newton newtons N Pressão pascal pascals Pa Trabalho, energia, quantidade de calor joule joules J Potência, fluxo de energia watt watts W Corrente elétrica ampère ampères A Carga elétrica coulomb coulombs C Tensão elétrica volt volts V Resistência elétrica ohm ohms Ω Condutância siemens siemens S Capacitância farad farads F Temperatura Celsius grau Celsius grau Celsius ℃ Temp. Termodinâmica kelvin kelvins K Intensidade luminosa candela candelas cd Fluxo luminoso lúmen lumens lm Iluminamento lux lux lx As unidades do SI podem ser escritas por seus nomes ou representadas por meio de seus símbolos. Tomando como exemplo: Unidade de comprimento Unidade de tempo Nome: metro Nome: segundo Símbolo: m Símbolo: s 9 Santos Caetano Paúnde O símbolo é um sinal convencional e invariável (não tem plural) utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura das unidades do SI. 2.3 Notação Científica A notação científica é uma forma de escrever valores muito grandes ou muito pequenos de forma que facilite seu uso em operações matemáticas. A seguir, uma ilustração dessa ferramenta. Exemplos de medidas com valor muito grande e muito pequeno Medidas Valores Peso do planeta Terra 6586242500000000000000000000 g Carga de um eletrão 0,00000000000000000016 C Essa simplificação na representação desses valores é realizada pelo uso de potências de 10. Para escrever um número utilizando a notação científica, usa-se o seguinte formato: N x 𝟏𝟎𝒏 onde: N é um número real entre 1 e 10; n é um número inteiro. 10 Santos Caetano Paúnde 2.4 Múltiplos, submúltiplos e seus prefixos O uso de valores como mostra na tabela anterior, sem o uso de alguns prefixos que representam os múltiplos e submúltiplos das unidades de medidas torna-se um tanto complicado para se representar e manipular. Na abaixo, estão presentes alguns prefixos para os múltiplos e submúltiplos mais comuns usando potências de 10. Prefixos e símbolos para múltiplos e submúltiplos de unidades de medida Múltiplos Unidade Submúltiplos Prefixo Símbolo Potência Prefixo Símbolo Potência deca Da 101 deci D 10−1 hecta H 102 cent C 10−2 kilo K 103 mili M 10−3 mega M 106 micro U 10−6 giga G 109 nano N 10−9 tera T 1012 pico P 10−12 O prefixo nunca pode ser utilizado sozinho. Utilizar um dos prefixos, seja dos múltiplos ou dos submúltiplos, em um valor significa que aquele valor está sendo multiplicado pela potência representada pelo prefixo. Na notação do valor, primeiro escrevemos o valor, depois o símbolo do prefixo e depois a unidade de medida. Exemplo: 13,9 MW (treze vírgula nove megawatts). 13,9𝑀𝑊 = 13,9 𝑋 106𝑊 = 13,9 𝑋 1000000⏟ 6 𝑊 = 13900000 𝑊 2.5 Transformação de múltiplo e submúltiplo Na manipulação de um valor transformando o múltiplo em submúltiplo, ou vice-versa, o valor principal continua sendo o mesmo em relação à unidade. A seguir serão mostrados dois métodos que poderão ser utilizados para a transformação dos múltiplos e submúltiplos, o método das potências e o do deslocamento da vírgula. 2.5.1 Método das potências Consiste em duas alternativas, como apresentado a seguir. i. transformação de múltiplo em submúltiplo Neste tópico será demonstrado como realizar a transformação de um valor que utiliza um múltiplo em um submúltiplo da unidade em sua 11 Santos Caetano Paúnde representação. Como exemplo transformaremos o valor de 4 kJ em um valor representado com o submúltiplo mili (10−3). 4𝑘𝐽 → 𝑥 𝑚𝐽 Primeiro deve-se transformar o valor com múltiplo para a unidade: 4𝑘𝐽 = 4 ∗ 103𝐽 = 4 ∗ 1000⏟ 3 𝐽 = 4000𝐽 Após transformar o valor para a unidade, deve-se multiplicar o valor obtido por uma potência de 10 cujo expoente tenha valor invertido em relação ao submúltiplo que se deseja utilizar: 4000𝐽 = 4000 ∗ 103 = 4 ∗ 𝑚⏟ 10−3 𝐽 = 4000000 𝑚𝐽 Realizando essa multiplicação, o valor principal continuará sendo o mesmo em relação à unidade, pois a potência de 10 com expoente invertido é cancelada com o submúltiplo: 4000 ∗ 103 ∗ 10−3⏟ 𝑚 𝐽 = 4000𝐽 Logo: 4𝑘𝐽 = 4000000𝑚𝐽 ii. Transformação de submúltiplo em múltiplo A transformação de um valor usando submúltiplo em um valor com múltiplo é semelhante à transformação realizada no item anterior. Como exemplo transformaremos o valor de 8,3 𝜇𝐶 em um valor representado com o múltiplo h (103 ). Transformando o valor para a unidade: 8,3𝜇𝐶 = 8,3 ∗ 10−6𝐶 = 0,0000083 𝐶 Transformando o valor da unidade para o múltiplo: 8,3 ∗ 10−6𝐶 = 8,3 ∗ 10−6 ∗ 102ℎ𝐶 = 0,000000083 ℎ𝐶 Logo: 8,3𝜇𝐶 = 0,000000083 ℎ𝐶 12 Santos Caetano Paúnde 2.5.2 Método do deslocamento da vírgula Esse método consiste em duas alternativas: i. Transformação de múltiplo em submúltiplo Esse método consiste em deslocar a vírgula no sentido da esquerda para a direita na quantidade de casas decimais iguais ao expoente da potência representada pelo prefixo. Exemplo: 10𝑘𝑉 → 𝑥 𝑉 10𝑘𝑉 = 10,0000 𝑘𝑉 = 10, 0⏟ 1 0⏟ 1 0⏟ 1 0 𝑘𝑉 = 10000,0 𝑉 Logo: 10𝑘𝑉 = 10000 𝑉 ii. Transformação de submúltiplo em múltiplo Nessa transformação a vírgula se desloca no sentido da direita para a esquerda na quantidade de casas decimais iguais ao expoente da potência representada pelo prefixo. Exemplo: 3,1 𝑐𝑚 → 𝑥 𝑚 3,1 𝑐𝑚 = 003,1 𝑐𝑚 = 0 0⏟ 1 3⏟ , 1 1 𝑐𝑚 = 0,031 𝑚 Logo: 3,1 𝑐𝑚 = 0,031 𝑚 Atenção, a letra m é o símbolo do prefixo mili, mas também pode ser o símbolo da unidade de medida metro. Como diferenciar? É muito simples, basta observar em que posição na notação a letra m se encontra. Se a letra m vier seguida de outro símbolo, significa que ela é um prefixo. Caso ela venha sozinha ou sucedida por outra letra, ela representa a unidade metro. Mais exemplos: 250 𝑚𝑔 → 𝑥 𝐾𝑔 250 𝑚𝑔 = 02450,0 𝑚𝑔 = 0 2⏟ 1 5⏟ 1 0⏟ 1 , 0 𝑚𝑔 = 0,25 𝑔 = 0000,25 𝑔 = 0 0⏟ 1 0⏟ 1 0⏟ 1 , 25 𝑔 = 0,00025 𝑘𝑔 Logo: 250 𝑚𝑔 = 0,00025 𝑘𝑔 13 Santos Caetano Paúnde 2.6 Resumo O sistema de medidas adotado por Moçambique é o Sistema Internacional de Unidades (SI). As unidades bases de medida são sete, sendo: metro (m), quilograma (kg), segundo (s), ampère (A), kelvin (K), mol (mol) e candela (cd). A notação científica auxilia a representação de números muito grandes ou muito pequenos e utiliza base 10. A base 10 da notação científica pode ser substituída por prefixos de múltiplos ou submúltiplos. Na conversão de um valor representado por um múltiplo para submúltiplo, utiliza-se a operação de multiplicação. Na conversão inversa, utiliza-se a divisão. 3. Eletroestática Talvez mistério algum tenha intrigado tanto as civilizações antigas quanto a eletricidade, primariamente na forma de relâmpagos (Figura 3.1). A força destrutiva inerente aos relâmpagos, que podiam atear fogo em objetos e matar pessoas e animais, parece divina. Os gregos, por exemplo, acreditavam que Zeus, o pai dos deuses, tinha a habilidade de atirar relâmpagos. As tribos germânicas atribuíam tal poder a Thor, e os romanos, ao deus Júpiter. De forma característica, a habilidade de produzir relâmpago pertencia ao deus mais importante (ou próximo disso) em hierarquia. Figura 3.1: Relâmpagos caem sobre a cidade de Seattle, EUA. Os gregos sabiam que, se você esfregar um pedaço de âmbar com um pedaço de pano, conseguiria atrair objetos pequenos e leves por meio doâmbar. Hoje sabemos que o âmbar, ao ser esfregado pelo pano, recebe do pano partículas negativamente carregadas denominadas eletrões. (As palavras elétron e eletricidade derivam da palavra grega para âmbar.) O relâmpago também consiste em um fluxo de eletrões. Os gregos e outros povos antigos também conheciam 14 Santos Caetano Paúnde objetos magnéticos naturais chamados de ímãs naturais, encontrados em afloramentos de magnetita, um mineral formado por óxido de ferro. Já por volta de 300 d.C., esses objetos foram usados para construir bússolas. A relação entre a eletricidade e o magnetismo só foi bem compreendida por volta da metade do século XIX. Os capítulos seguintes revelarão como a eletricidade e o magnetismo podem ser unificados em uma estrutura comum chamada de eletromagnetismo. A unificação de forças, todavia, não parou por aí. Durante a metade inicial do século XX, duas forças fundamentais foram descobertas: a interação fraca, que opera no decaimento beta (em que um elétron e um neutrino são emitidos espontaneamente por certos tipos de núcleos), e a interação forte, exercida dentro de núcleos atômicos. Atualmente, as interações eletromagnética e fraca são encaradas como dois aspectos da interação eletrofraca (Figura 3.2). No caso dos fenômenos discutidos nos capítulos seguintes, elas não têm influência, mas se tornam importantes em colisões de partículas de alta energia. Uma vez que a escala de energia para ocorrer a unificação eletrofraca é tão alta, a maioria dos livros didáticos continua a falar em quatro forças ou interações fundamentais: gravitacional, eletromagnética, fraca e forte. Hoje, um grande número de físicos acredita que a interação eletrofraca e a interação forte também podem ser unificadas, isto é, descritas em uma estrutura comum. Várias teorias propõem maneiras para que isso pudesse ser realizado, porém, até aqui, faltam evidências experimentais que as comprovem. Curiosamente, a interação à qual estamos familiarizados há mais tempo do que qualquer outra das interações fundamentais, a gravidade, parece ser a mais difícil de domar e se enquadrar em um esquema de unificação com as outras interações fundamentais. As teorias da gravidade quântica, da supersimetria e das cordas constituem atualmente os focos da pesquisa de fronteira da física, em que os cientistas tentam formular essa grande unificação e descobrir a (presunçosamente denominada) “Teoria de Tudo”. Eles são guiados principalmente pelos princípios de simetria e pela convicção de que a natureza deve ser elegante e simples. Neste capítulo, abordaremos os seguintes assuntos: carga elétrica, modos como materiais reagem a cargas elétricas, eletricidade estática e forças decorrentes de cargas elétricas. A eletrostática envolve situações em que cargas estão fixas em seus lugares e não se movem. Figura 3.1: Forças da natureza. A história da unificação das forças fundamentais. 15 Santos Caetano Paúnde 3.1 Cargas elétricas Vamos examinar com um pouco mais de profundidade a causa das descargas elétricas que ocasionalmente são recebidas em dias secos ao se caminhar sobre um carpete e depois tocar em uma maçaneta metálica. (Descargas eletrostáticas também provocam a ignição do vapor de gasolina quando se está abastecendo o tanque em um posto de combustíveis. O processo que causa essas faíscas é chamado de eletrização ou carregamento. A eletrização consiste na transferência de partículas carregadas, chamadas de eletrões, dos átomos e moléculas do material do carpete para as solas de seus sapatos. Essa carga pode se mover com relativa facilidade através de seu corpo, incluindo suas mãos. A carga elétrica acumulada é descarregada através do metal da maçaneta, gerando uma faísca. Os dois tipos de carga elétrica encontrados na natureza são cargas positivas e cargas negativas. Normalmente, os objetos ao nosso redor não parecem carregados; em vez disso, são eletricamente neutros. Objetos neutros contêm aproximadamente o mesmo número de cargas positivas e negativas, que praticamente se cancelam. Somente quando as cargas positivas e as negativas não se contrabalançam é que observamos os efeitos da carga elétrica. Se você esfregar uma haste de vidro com um pano, o vidro se tornará carregado e o pano adquirirá uma carga de sinal oposto. Se esfregar uma haste de plástico com pelo de animal, a haste e a pele também se tornarão eletrizadas contrariamente. Se você aproximar duas hastes de vidro eletrizadas, elas se repelirão. E se aproximar duas hastes de plástico, elas também se repelirão. Entretanto, uma haste de vidro eletrizada atrairá uma haste de plástico carregada. Essa diferença surge do fato de que a haste de vidro e a de plástico adquirem cargas opostas. Essa observação nos leva a concluir, que cargas de mesmo sinal se repelem, e cargas opostas se atraem. 3.2 Formas de eletrização Eletrizar um corpo significa torná-lo portador de carga elétrica líquida, seja positiva ou negativa, e é sinônimo de carregar o corpo. As maneiras mais comuns de se fazer isso são: atrito, contato ou indução. i. Eletrização por atrito (efeito tribo elétrico) Quando dois corpos são atritados, os átomos mais externos de cada corpo entram em contato intenso e podem trocar carga elétrica, mesmo que um deles seja um isolante. Esse fenômeno é conhecido como efeito tribo elétrico. Através de experimentos, foi descoberto, por exemplo, que o vidro ao ser atritado com lã sempre adquiria carga positiva, enquanto a lã sempre adquiria carga negativa. Dessa forma, foi possível construir a série tribo elétrica mostrada a seguir. Quando dois corpos dessa lista são atritados, o que aparece primeiro ganhará carga positiva, enquanto o último ganhará carga negativa. 16 Santos Caetano Paúnde Tabela 3.1 Série tribo elétrica Pele humana Couro Vidro Quartzo Cabelo humano Nylon Seda Alumínio Papel Madeira Âmbar Metais (alumínio, cobre, prata, ouro) Plásticos Teflon ii. Eletrização por contato Quando um corpo condutor carregado é posto em contato com outro condutor neutro, parte da carga do primeiro se transfere para o segundo, tornando-o também eletrizado. O primeiro corpo continua eletrizado, mas com uma carga menor. Ao fim do processo, ambos os corpos ficam com carga do mesmo sinal. Em algumas situações, tomamos um choque quando tocamos em um objeto metálico. O que ocorre nesse caso é que o objeto estava carregado e parte de sua carga passa para o nosso corpo ou o usa como meio de migrar para a terra. A carga que os objetos podem acumular é popularmente chamada de “eletricidade estática”. iii. Eletrização por indução Essa forma de eletrização é a única que pode ocorrer sem que o corpo precise entrar em contato com outro. Quando uma carga é colocada próximo de um condutor (sem tocá-lo), induz uma distribuição de cargas no mesmo. Por exemplo, se a carga é um bastão com carga positiva, a parte do condutor mais próximo do bastão ficará com carga negativa, enquanto a parte mais distante ficará positivamente carregada (de modo que o condutor como um todo continue neutro), como mostrado na figura abaixo. Figura 3.2: Bastão carregado induzindo uma distribuição de cargas sobre um condutor. 17 Santos Caetano Paúnde Se, em seguida, o condutor esférico da figura 3.2 for conectado a outro condutor, conforme ilustrado na figura 3.3, haverá uma migração de cargas negativas (eletrões) do segundo condutor (condutor B) para o primeiro (condutor A). Se o bastão for afastado, os condutores voltam a ficar neutros. Entretanto, se a conexão entre eles for cortada antes disso, as cargas não podem mais se transferir de um para outro: o primeiro adquiriu uma carga negativa permanente e o segundo uma carga positiva permanente. Esse processo está mostrado na figura 3.3. Figura 3.3 Procedimento para eletrizar um condutorpor indução. Na prática, o segundo condutor pode ser substituído por uma conexão com a terra (aterramento), que pode ser considerada um condutor infinitamente grande que está sempre neutro. Ao fazer isso, há uma migração de cargas negativas da terra para o condutor, deixando-o com carga negativa. Assim, se conexão à terra for interrompida ainda na presença do bastão o condutor adquirirá permanentemente uma carga negativa. Esse processo é mostrado na figura 3.4. Figura 3.4 Procedimento para eletrizar um condutor por indução (usando o aterramento). Note que, na eletrização por contato e por indução, há necessidade de um corpo externo já eletrizado. No entanto, na eletrização por contato o condutor adquire a mesma carga do corpo externo, enquanto na eletrização por indução o condutor adquire uma carga oposta à do corpo externo. Ambas só podem ocorrer em condutores, porque as cargas têm liberdade para se moverem. Num corpo isolante, as cargas têm pouca mobilidade, e por isso eles só podem ser eletrizados por atrito. 18 Santos Caetano Paúnde 3.3 Eletroscópio e pêndulo eletrostático O eletroscópio é um instrumento usado para detectar carga elétrica. É composto por duas folhas metálicas muito finas posicionadas dentro de uma caixa e ligadas eletricamente a uma esfera metálica fora da caixa, figura 3.5. Figura 3.5 Eletroscópio de folhas de ouro. Quando uma carga (positiva, por exemplo) é colocada próxima a esfera, aparece uma carga oposta (negativa) na esfera devido ao efeito de indução. Consequentemente, as folhas ficam com excesso de cargas positivas e se repelem, indicando que o objeto está carregado. Quando a carga externa for afastada, as folhas ficam neutras novamente e voltam para a posição original. Se a carga tocar a esfera (ao invés de simplesmente estar próxima), o eletroscópio ficará permanentemente carregado, com as suas folhas afastadas, até que seja aterrado (encostando a mão na esfera, por exemplo). Nesse caso, as folhas se eletrizam por contato, e não por indução. Um eletroscópio só tem a capacidade de diferenciar carga positiva e negativa se ele estiver carregado. Suponha que o eletroscópio está carregado com carga positiva, e aproximamos uma outra carga positiva. Então as cargas negativas da folha migram para a esfera, deixando as folhas ainda mais positivas e fazendo com que a separação delas aumente. De forma análoga, se aproximarmos uma carga negativa a separação entre as folhas irá diminuir. Outro arranjo usado para detectar carga elétrica é o pêndulo eletrostático, que consiste em um bastão carregado (com carga de sinal conhecido) pendurado por um fio ou barbante, como na figura 3.6. Se a carga desconhecida é de mesmo sinal, o bastão irá se afastar; se for do sinal oposto, irá se aproximar. 19 Santos Caetano Paúnde Figura 3.6: Pêndulo eletrostático, detectando carga de mesmo sinal e carga oposta 3.4 Lei de Coulomb e Campo elétrico Em 1766, Joseph Priestley eletrizou um recipiente metálico e notou que toda a carga ficava na superfície externa, e que os corpos dentro do recipiente não sofriam qualquer força elétrica. Newton havia demonstrado que uma casca não cria campo gravitacional dentro dela, e que isso é uma característica única de campos que variam com o inverso do quadrado da distância. Priestley então propôs que a força elétrica também seria proporcional ao inverso do quadrado da distância, com a frase: “Não podemos inferir desse experimento que a atração elétrica está sujeita às mesmas leis da gravitação, variando com o inverso do quadrado da distância, uma vez que se demonstra facilmente que, se a Terra tivesse a forma de uma casca, um corpo dentro dela não sofreria atração nenhuma?”. Mais tarde, em 1785, Charles Augustin de Coulomb fez experimentos quantitativos usando uma balança de torção (que havia sido usada por Cavendish para medir a constante gravitacional). Com isso, Coulomb confirmou que a força elétrica é proporcional ao inverso do quadrado da distância, e proporcional à carga das partículas envolvidas, da mesma forma que a força gravitacional é proporcional às massas. Hoje, esse resultado é expresso na chamada lei de Coulomb: �⃗� = 𝑘 𝑞1𝑞2 𝑟2 �̂� Coulomb foi também capaz de medir a constante eletrostática, que nas unidades atuais do Sistema Internacional é: 𝑘 = 9 ∗ 109𝑁𝑚2/𝐶2 20 Santos Caetano Paúnde A força elétrica que uma partícula é submetida é diretamente proporcional a sua carga elétrica. Podemos então definir o campo elétrico, como sendo a força por unidade de carga que uma partícula carregada qualquer (corpo de teste) sofreria quando colocada em cada ponto, isto é: �⃗⃗� = �⃗� 𝑞2 = 𝑘 𝑞1 𝑟2 �̂� As expressões acima (Lei de Coulomb e Campo Elétrico) foram deduzidas a partir de experimentos realizados. Assim, pode-se afirmar mais uma vez que, a intensidade da força de interação entre cargas pontuais é proporcional ao produto das cargas. E a intensidade da força F, |F| - de atração ou repulsão entre duas cargas que podem ser consideradas pontuais é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas, r. |𝐅| α 1 𝑟2 Com base nos fatos experimentais acima, Coulomb concluiu que |𝐅| α 𝑄1𝑄2 𝑟2 Note que a grandeza força tem caráter vetorial e, portanto, é preciso atribuir-lhe também sua direção e sentido. Sua direção é a do suporte que liga as duas cargas, o sentido depende do sinal relativo das cargas como se vê na figura Figura 3.7: Caráter vetorial da força de Coulomb 𝑭+ se 𝑄1 e 𝑄2 tiverem o mesmo sinal. 𝑭− se 𝑄1 e 𝑄2 tiverem sinais opostos. No sistema internacional 𝑘0 = 1 4𝜋𝜖0 = 8.99 ∗ 103 𝑁𝑚2 𝐶2 , onde 𝜖0 é a constante que caracteriza a permissividade do vácuo. 𝜖0 = 8.85 ∗ 10 −12 𝐶2 𝑁𝑚2 21 Santos Caetano Paúnde 3.5 Distribuição de cargas em condutores, “poder das pontas” e para- raios Em um condutor carregado, devido à repulsão coulombiana e à alta mobilidade, as cargas livres tendem a ficar o mais afastado possível uma das outras, e por isso se distribuem apenas na superfície, se acumulando nas regiões mais pontiagudas, o que torna o campo elétrico nessas regiões mais intenso. Esse é o fenômeno conhecido como “poder das pontas”. O poder das pontas explica o funcionamento do para-raios, inventado por Benjamin Franklin em meados de 1750, que demonstrou seu invento em uma experiência famosas, erguendo uma pipa em um dia chuvoso. As nuvens são carregadas, e isso causa um campo elétrico no ar. O ar é normalmente isolante, mas, se for submetido a um campo elétrico muito intenso, pode ser ionizado e tornar-se condutor. Quando isso acontece, ocorre uma descarga elétrica entre a nuvem e o chão, ou entre nuvens, que é popularmente chamada de raio. O para-raios é ligado a terra, possui uma ponta fina e é colocado em um ponto alto (normalmente no alto de um prédio). A ponta do para-raios concentra muitas cargas e gera um alto campo elétrico. Então o ar se ioniza primeiro nessa região e a nuvem se descarrega através do para-raios, que proporciona um caminho para a descarga elétrica. 3.6 Gaiola de Faraday Quando uma casca esférica condutora é carregada, toda a carga fica concentrada na superfície externa, e o campo elétrico dentro da casca é nulo (isso não vale apenas para a casca esférica, mas a toda superfície condutora oca). Se houver uma carga externa próxima, a carga na casca se distribuirá de modo desigual, mas o campo interno continuará nulo. Se a casca for neutra, uma carga oposta deve se acumular na superfície interna, mas ainda assim o campo interno é nulo. A região interna é completamente livre de influências elétricas externas. Qualquer campo elétrico de origem externa produz uma distribuição de cargas na superfície externa da parede da gaiola que cancela o campo na parte interna. Uma superfície metálica condutora que englobaum volume, como descrito acima, é chamada de gaiola de Faraday. Todo o campo elétrico dentro de uma gaiola de Faraday é devido apenas a cargas internas. O nome é devido a Michael Faraday, que demonstrou esse fato e construiu a primeira gaiola desse tipo em 1836. A discussão acima se refere os campos estáticos, mas a gaiola de Faraday pode também bloquear campos elétricos alternados, dependendo da frequência. Estruturas como túneis e elevadores funcionam como gaiolas de Faraday, e podem bloquear sinais de celular e rádio. 22 Santos Caetano Paúnde 4. Condutores e semicondutores elétricos A questão principal envolvida na definição do que é um material condutor ou isolante tem muito a ver com a estrutura microscópica do material. No caso dos condutores metálicos, por exemplo, os materiais são formados por uma estrutura mais ou menos rígida de íons positivos, embebidos num gás de eletrões. Esses eletrões, por não estarem presos a átomos determinados, têm liberdade de movimento, e o transporte de eletrões dentro de um metal ocorre com relativa facilidade. Ao contrário dos condutores, existem sólidos nos quais os eletrões estão firmemente ligados aos respectivos átomos e os eletrões não são livres, i.e, não tem mobilidade, como no caso dos condutores. Nestes materiais, chamados de dielétricos ou isolantes, não será possível o deslocamento da carga elétrica. Exemplos importantes de isolantes são: a borracha, o vidro, a madeira, o plástico, o papel etc. Figura 4.1: Representação esquemática de um isolante (a). Condutor (b) Condições ambientais também podem influir na capacidade de uma substância conduzir ou isolar eletricidade. De maneira geral, em climas úmidos, um corpo eletrizado, mesmo apoiado por isolantes, acaba se descarregando depois de um certo tempo. Embora o ar atmosférico seja isolante, a presença de umidade faz com que ele se torne condutor. Além disto, temos também a influência da temperatura. O aumento da temperatura de um corpo metálico corresponde ao aumento da velocidade média dos íons e eletrões que os constituem, tornando mais difícil o movimento de eletrões no seu interior. Com relação aos isolantes, a umidade e condições de “pureza” de sua superfície (se existem corpúsculos estranhos ao material que aderiram a ela) são fatores importantes. A razão disto ´e que a umidade pode dissolver sais existentes na superfície do corpo recobrindo-o com uma solução salina, boa condutora de eletricidade. 23 Santos Caetano Paúnde Num condutor sólido existe uma nuvem muito densa de eletrões de condução que não estão ligados a nenhum átomo em particular, conforme referido no capítulo sobre carga e força elétrica. Os átomos de cobre, por exemplo, têm 29 eletrões à volta do núcleo no seu estado neutro; 28 desses eletrões estão fortemente ligados ao átomo, enquanto o último eletrão se encontra numa órbita mais distante do núcleo e sai com facilidade para a nuvem de eletrões de condução. Um pequeno deslocamento da nuvem de eletrões de condução faz acumular um excesso de cargas negativas numa região e cargas positivas na região oposta. As cargas positivas são átomos com um eletrão a menos em relação ao número de protões. Quando se liga um fio condutor aos elétrodos de uma pilha, a nuvem eletrónica é atraída pelo elétrodo positivo e repelida pelo elétrodo negativo; estabelece-se no condutor um fluxo contínuo de eletrões do elétrodo negativo para o positivo. Os semicondutores são materiais que não têm cargas de condução, como os isoladores, mas que podem adquirir cargas de condução (passando então a ser condutores) através de diversos mecanismos: aumento da temperatura, incidência de luz, presença de cargas elétricas externas ou existência de impurezas dentro do próprio material. Atualmente os semicondutores são construídos a partir de silício ou germânio. Os átomos de silício e de germânio têm 4 eletrões de valência. Num cristal de silício ou germânio, os átomos estão colocados numa rede uniforme, como na figura 4.2 e os 4 eletrões de valência ligam cada átomo aos átomos na sua vizinhança. Figura 4.2: Rede cristalina típica de um cristal de silício ou de germânio. 24 Santos Caetano Paúnde Já os átomos de arsénio têm 5 eletrões de valência. Se dentro dum cristal de silício forem colocados alguns átomos de arsénio, cada um deles fica ligado aos átomos de silício na rede, por meio de 4 dos seus eletrões de valência e o quinto eletrão de valência fica livre e contribui para uma nuvem de eletrões de condução. Obtém-se assim um semicondutor tipo N, capaz de conduzir cargas através do material, pelo mesmo mecanismo que nos condutores (nuvem de eletrões de condução). Os átomos de gálio têm três eletrões de valência. Nos semicondutores tipo P existem alguns átomos de gálio dentro de um cristal de silício (ou germânio); os 3 eletrões de valência de cada átomo de gálio ligam-no à rede, ficando um buraco no átomo de silício que tem um eletrão de valência que não está ligado a um eletrão de um átomo vizinho. Esses buracos podem ser utilizados também para transportar cargas; os eletrões de condução podem deslocar-se para um átomo de gálio na vizinhança, onde exista um desses buracos. Se dois extremos de um semicondutor do tipo P forem ligados aos elétrodos de uma pilha, os buracos na vizinhança do elétrodo negativo são preenchidos com eletrões fornecidos por esse elétrodo e podem saltar para buracos vizinhos e assim sucessivamente. Os eletrões deslocam-se no sentido do elétrodo negativo para o positivo, mas saltam apenas de cada buraco para o seu vizinho. Já os buracos deslocam-se todo o percurso desde o elétrodo positivo até ao negativo. É um pouco como a circulação de automóveis em hora de ponta, quando há filas compactas; cada automóvel consegue apenas deslocar- se uma pequena distância no sentido do avanço, mas aparecem buracos na fila, que se deslocam rapidamente no sentido oposto. A figura 4.3 mostra uma forma habitual de representar os dois tipos de semicondutores, N e P, em forma esquemática. Os círculos representam cargas fixas no cristal, que não se podem deslocar e as cargas sem um círculo à volta representam as cargas de condução. No semicondutor do tipo N as cargas positivas fixas são os átomos de arsénio, ou de outro elemento com 5 eletrões de valência, colocados dentro do cristal de silício ou outro elemento com 4 eletrões de valência e as cargas de condução são os eletrões cedidos por esses átomos de arsénio. No semicondutor do tipo P, as cargas fixas são átomos de um elemento com 3 eletrões de valência e as cargas livres são os buracos que ficam na ligação covalente desses átomos com um dos átomos vizinhos, com 4 eletrões de valência. Figura 4.3: Os dois tipos de semicondutores. 25 Santos Caetano Paúnde A figura 4.4 mostra 3 barras diferentes ligadas entre dois pontos A e B entre os que existe diferença de potencial (VA maior que VB). No primeiro caso, trata-se de uma barra semicondutora de tipo P e as cargas de condução positiva deslocam-se do ponto A para o ponto B, já que o campo elétrico aponta do ponto com maior potencial (A) para o ponto com menor potencial (B). No segundo caso, uma barra semicondutora de tipo N ou uma Figura 4.4: Três barras condutoras diferentes entre duas regiões A e B onde o potencial em A é maior do que em B. barra metálica, as cargas de condução negativas deslocam-se de B para A, no sentido oposto ao campo elétrico. Finalmente, existem condutores com cargas de condução positivas e negativas como, por exemplo, o gás ionizado dentro de uma lâmpada fluorescente. Nos três casos ilustrados na figura a mesma quantidade de energia (6e VA) é retirada da região A e a mesma quantidade de energia (6e VB) passa para a região B. No caso do semicondutor do tipo P, a saída de 6 cargas elementares de Aretira energia em A e a entrada dessas cargas em B aumenta a energia em B. No caso da barra semicondutora do tipo N, a energia das cargas que saem de B tem o sinal oposto de VB e, por isso, faz aumentar a energia disponível em B; da mesma forma, a entrada das cargas de condução negativas em A faz diminuir a energia disponível em A. No terceiro caso da figura, metade da energia é transferida de A para B através das cargas de condução positivas e a outra metade e a outra metade é transferida no mesmo sentido pelas cargas de condução negativas. Observe-se que, na figura anterior, a energia potencial eletrostática que é retirada do ponto A é maior que a energia que passa para o ponto B, porque VA > VB. A diferença entre essas energias é igual à energia dissipada no condutor; nos dois primeiros casos na figura, essa energia é transferida para o condutor na forma de calor, aquecendo-o e no terceiro caso, se o condutor for uma lâmpada fluorescente, a maior parte dessa energia será convertida em luz e a restante aquecerá a lâmpada. Existem outros mecanismos de condução de cargas elétricas, como em certos detetores de incêndio (figura 4.5). No interior do detetor existe uma câmara de ionização (cilindro preto na figura) onde a passagem de cargas é devida à produção de partículas alfa emitidas por uma substância radioativa. As partículas alfa são núcleos de hélio, com carga igual a duas unidades 26 Santos Caetano Paúnde elementares de carga. As partículas são disparadas para fora da substância radioativa, passando pelo ar à volta da substância, antes de serem recolhidas num elétrodo no detetor. A presença de fumo introduz partículas sólidas no ar, que travam as partículas alfa, produzindo uma redução do número de partículas recolhidas no elétrodo e a redução do fluxo de cargas faz disparar um sinal de alarme. Figura 4.5: Detetor de incêndios. 5. Corrente Elétrica Contínua Até este momento estudamos apenas situações de equilíbrio. Quando aproximamos um bastão eletrizado de um corpo condutor, criamos uma situação fora do equilíbrio. Mas rapidamente as cargas no condutor se redistribuem até chegar a um novo equilíbrio, que é caracterizado por um mínimo de energia livre. Agora queremos estudar os fenômenos que se apresentam durante os processos de chegar ao equilíbrio. Este estudo seria muito difícil com as configurações que usamos até agora. Com bastões atritados, esferas metálicas e formas de pizza etc., os processos de estabelecer um equilíbrio acontecem em alguns pico segundos. Um estudo experimental iria requerer instrumentos muito sofisticados para poder acompanhar mudanças tão rápidas. A rapidez do estabelecimento do equilíbrio é principalmente causada pelo tamanho pequeno do estoque de desequilíbrio, ou seja, a diferença entre a energia livre inicial e a final é muito pequena nas experiências que usamos até agora. Para podermos observar o fluxo de carga elétrica com calma, precisamos de estoques enormes de desequilíbrio. A química pode fornecer situações que envolvem estoques enormes de energia livre. A ciência que estuda especificamente a combinação de química e eletricidade se chama eletroquímica. 27 Santos Caetano Paúnde Com o uso de reações químicas no estudo da eletricidade, entramos num mundo de fenômenos muito diferentes. As tensões que antes tinham tipicamente milhares de volts agora serão de poucos volts e os corpos estudados estão quase neutros. Mas, por outro lado, estes fenômenos envolvem deslocamentos de quantidades enormes de carga. Por serem tão diferentes os fenômenos da eletroquímica daqueles que estudamos nas seções anteriores, não é nada óbvio que se trata da mesma eletricidade. Historicamente foi uma feliz coincidência que levou os pesquisadores à percepção de que estas experiências químicas envolviam fenômenos elétricos. A descoberta pivô foi feita pelo médico, biólogo e filósofo Luigi Aloisio Galvani. A área principal de pesquisa de Galvani era a anatomia, mas ele também se interessava pela eletricidade. Num dia em 1780 ele tinha dissecado uma rã e um assistente tocava com a ponta do bisturi num nervo da rã e isto acontecia na proximidade de uma máquina de eletrizar. A perna da rã morta se contraía violentamente. Um assistente acreditava ter visto uma faísca no momento do toque. Isto levou Galvani a investigar estas contrações musculares aparentemente provocadas por descargas elétricas. Ele tentou verificar também se a eletricidade atmosférica poderia ter este efeito. Mas pouco a pouco ficava claro que não precisava de descargas elétricas e nem de eletricidade atmosférica. As contrações musculares aconteciam também quando Galvani tocava nos nervos com arames longe Figura 5.0: Luigi Aloisio Galvani. Experiência de Galvani. de máquinas de eletrizar e dentro de uma sala fechada, portanto com a experiência não exposta à eletricidade atmosférica. Mas a ideia da contração ser provocada por algum agente elétrico já estava fixada na mente, e então Galvani interpretou tudo como uma eletricidade gerada pela rã, ou seja, uma “eletricidade 28 Santos Caetano Paúnde animal”. Galvani notava que a intensidade da contração muscular dependia do metal que tocava no nervo e, de fato, as experiências sempre envolviam dois metais diferentes. Não se conseguia provocar uma contração muscular com materiais isolantes, como âmbar e borracha. O fato de que somente condutores elétricos provocavam a contração muscular era um indício de que o efeito realmente tinha alguma ligação com a eletricidade. Alessandro Volta3 se deu conta da importância desta descoberta e repetia estas experiências. Inicialmente ele acreditava na interpretação baseada numa Figura 5.1: Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta. Na mesa aparece uma pequena pilha voltaica com os discos empilhados entre quatro palitos de madeira. eletricidade animal, mas pouco a pouco ele chegou a uma interpretação diferente. A carne da rã não gerava a eletricidade, mas ela tinha apenas duas funções; ela era um condutor aquoso e ela indicava a passagem de corrente elétrica com as contrações musculares. No entanto, a ideia de Galvani que seres vivos pudessem gerar eletricidade não era falsa. Mas no caso desta experiência não precisava de uma “eletricidade animal” para explicar o fenômeno. Volta percebeu que o essencial era a presença de dois metais diferentes e a presença de um condutor aquoso. Ele tinha conhecimento da eletricidade animal, ele conhecia o peixe elétrico poraquê (Electrophorus electricus). Mas com a combinação de dois metais e um condutor aquoso ele conseguiu criar um “peixe elétrico artificial”. Ele empilhou muitos discos de zinco, discos de papelão umedecidos com água salgada e discos de cobre formando uma enorme pilha, como mostra a figura a seguir. A palavra “pilha” que usamos para aqueles palitos redondos que servem para fornecer energia elétrica em pequenos equipamentos eletrônicos tem a sua origem nestas pilhas de Volta. 29 Santos Caetano Paúnde Figura 5.2: Pilha voltaica. Tocando com as duas mãos nos extremos destas pilhas, Volta levava fortes choques. Ele conseguia gerar faíscas com estas pilhas muito parecidas com as faíscas que se conseguem com grandes bancos de capacitores carregados. Mas um detalhe que diferencia os bancos de capacitores das pilhas chamou muita atenção: depois de gerar uma faísca com um banco de capacitores, este não gera mais nenhuma faísca enquanto os capacitores não forem recarregados. Mas as pilhas geravam faíscas consecutivamente, aparentemente sem fim. Isto era algo extraordinário. Não apenas Volta ficou impressionado; também as personalidades históricas da época se impressionavam. Uma pintura mostra uma demonstração da pilha para Napoleão. A invenção da pilha voltaica acendeu uma nova etapa nas investigaçõescientíficas, e um dos nomes que se destacavam nestas pesquisas era Faraday. Ligando uma pilha voltaica de muitas camadas num eletroscópio sensível e comparando as reações do eletroscópio com aquelas obtidas com âmbar ou vidro atritado, chega-se à conclusão de que a pilha realmente pode gerar corpos eletricamente carregados. E se verifica que a extremidade de cobre fica com carga positiva e a extremidade com a placa de zinco com carga negativa. Correspondentemente vamos chamar a extremidade de cobre de polo positivo da pilha e a outra de polo negativo. 5.1 Intensidade da Corrente Elétrica Para haver corrente eléctrica é necessário que atue uma força nas cargas, isto é, terá de existir um campo eléctrico. A diferença de potencial, V, que permite a existência de uma corrente eléctrica entre dois pontos afastado de L do condutor é: 𝐸 = 𝑉 𝐿 30 Santos Caetano Paúnde A intensidade de corrente eléctrica define-se como a quantidade de carga eléctrica que atravessa uma secção reta de um condutor por unidade de tempo: 𝐼 = ∆𝑄 ∆𝑡 ou, no caso de a corrente não ser estacionária, isto é, de ser variável no tempo: 𝐼 = 𝑑𝑄 𝑑𝑡 A unidade SI de corrente elétrica é o Coulomb por segundo, ou Ampére [A]. Nem sempre são os electrões os responsáveis pela corrente eléctrica: ➢ Num acelerador de partículas a corrente é provocada pelo movimento de todas as partículas carregadas presentes (eletrões, positrões, protões etc.). ➢ No caso de um eletrólito a corrente é transportada pelos iões positivos e negativos, que se movem em sentidos opostos. Figura 5.3: Intensidade da Corrente Elétrica 𝐼 = ∆𝑄 ∆𝑡 = 𝑛 ∗ 𝑞 ∗ 𝐴 ∗ 𝑣𝑑 onde: n número de transportadores de carga por unidade de volume, q carga elétrica dos transportadores, A secção reta do volume onde se dá o transporte da corrente e 𝒗𝒅 velocidade de transporte ou de deriva. 31 Santos Caetano Paúnde 5.1.1 Efeitos da Corrente Elétrica Na passagem de uma corrente por um condutor observam-se alguns efeitos, que veremos a seguir. i. Efeito Térmico (ou efeito Joule) Qualquer condutor sofre um aquecimento ao ser atravessado por uma corrente elétrica. Esse efeito é a base de funcionamento dos aquecedores elétricos, chuveiros elétricos, secadores de cabelo, lâmpadas térmicas etc. ii. Efeito Luminoso Em determinadas condições, a passagem da corrente elétrica através de um gás rarefeito faz com que ele emita luz. As lâmpadas fluorescentes e os anúncios luminosos. são aplicações desse efeito. Neles há a transformação direta de energia elétrica em energia luminosa. iii. Efeito Magnético Um condutor percorrido por uma corrente elétrica cria, na região próxima a ele, um campo magnético. Este é um dos efeitos mais importantes, constituindo a base do funcionamento dos motores, transformadores, relés etc. iv. Efeito Químico Uma solução eletrolítica sofre decomposição, quando é atravessada por uma corrente elétrica. É a eletrólise. Esse efeito é utilizado, por exemplo, no revestimento de metais: cromagem, niquelação etc. E ainda podemos mencionar mais um efeito da corrente elétrica, desta vez quando se trata de “choque elétrico” num ser vivo, mais concretamente em um ser humano. v. Efeito fisiológico O efeito fisiológico corresponde à passagem da corrente elétrica por organismos vivos. A corrente elétrica age diretamente no sistema nervoso, provocando contrações musculares; quando isso ocorre, dizemos que houve um choque elétrico. O pior caso de choque é aquele que se origina quando uma corrente elétrica entra pela mão de uma pessoa e sai pela outra. Nesse caso, atravessando tórax de ponta a ponta, há grande chance de a corrente afetar o coração e a respiração. O valor mínimo de intensidade de corrente que se pode perceber é 1 mA. Esse valor provoca sensação de cócegas ou formigueiro leve. Entretanto, com uma corrente de intensidade 10 mA a pessoa já perde o controle dos músculos, sendo difícil abrir a mão e livrar-se do contato. 32 Santos Caetano Paúnde O valor mortal está compreendido entre l0 mA e 3 A, aproximadamente. Nessa faixa de valores, a corrente, atravessando o tórax, atinge o coração com intensidade suficiente para modificar seu ritmo. Modificado ritmo, o coração pára de bombear sangue para o corpo e a morte pode ocorrer em segundos. Se a intensidade for ainda mais alta, a corrente pode paralisar completamente o coração. Este se contrai ao máximo e mantém-se assim enquanto passa a corrente. Interrompida a corrente, geralmente o coração relaxa e pode começar a bater novamente, como se nada tivesse acontecido. Todavia, paralisado o coração, paralisa-se também a circulação sanguínea, e uma interrupção de poucos minutos dessa circulação pode provocar danos cerebrais irreversíveis. 5.2 Tensão Elétrica As grandezas fundamentais em eletricidade são a tensão elétrica, a corrente elétrica, a resistência elétrica e a potência elétrica. Essas grandezas sempre estão presentes em qualquer circuito elétrico e não podem ser dissociadas. A tensão elétrica é a diferença de potencial elétrico (d.d.p.) gerada entre dois pontos quaisquer. Essa diferença é responsável por colocar em movimento ordenado as cargas elétricas livres do meio condutor. O conceito de tensão elétrica pode ser exemplificado fazendo analogia com um reservatório de água, como na figura abaixo. Nessa figura, o reservatório de água encontra-se em um ponto muito mais alto do que o ponto onde está o homem. Quanto mais alto estiver o reservatório, maior será a força com a qual a água irá fluir em direção ao homem. Figura 5.4: Reservatório de água. 33 Santos Caetano Paúnde O potencial elétrico funciona do mesmo modo. O reservatório seria o ponto onde haveria a maior concentração de elétrons, e o ponto onde o homem está seria onde há menor concentração de elétrons. Quanto maior for essa diferença de elétrons entre os dois pontos, maior será a diferença de potencial (d.d.p.). A unidade de tensão elétrica é o volt (V) e a grandeza é representada pela letra V, em maiúsculo, para sinais contínuos e 𝑣, em minúsculo, para sinais alternados. 5.2.1 Força Eletromotriz Uma pilha química é constituída por duas barras condutoras, chamadas elétrodos, embebidas numa substância com iões (eletrólito). O eletrólito pode ser líquido ou sólido, desde que tenha iões positivos e negativos; por exemplo, uma solução de água e sal de mesa (cloreto de sódio) em que existem iões de sódio, com carga elétrica positiva, e iões de cloro, com carga elétrica negativa. No metal dos elétrodos da pilha existe uma nuvem de eletrões de condução e quando se liga outro condutor externo entre eles, os eletrões livres podem deslocar-se transportando carga através do condutor externo. O deslocamento da nuvem eletrónica dá origem a acumulação de cargas de sinais opostos nos extremos dos elétrodos que estão dentro do eletrólito e os iões de cargas opostas no eletrólito deslocam-se em sentidos opostos. Os iões positivos, também chamados catiões, são atraídos pelo elétrodo para o qual a nuvem eletrónica foi deslocada, combinando-se com os eletrões acumulados nesse elétrodo. Os iões negativos, ou aniões, deslocam-se para o outro elétrodo, fornecendo os eletrões que estavam em falta devido ao deslocamento da nuvem eletrónica. O elétrodo para onde são atraídos os iões positivos chama-se cátodo, comumente identificado nas pilhas com um sinal positivo e o elétrodo para onde circulam os iões negativos do eletrólito chama-se o ânodo e é comumente identificado com um sinal negativo. Para manter o movimento da nuvem eletrónica é necessário que existam iões de sinais opostos no eletrólito e enquanto esse movimento perdura, mais iões desaparecem no eletrólito devido à troca de eletrões com os elétrodos. O fluxo de cargas através dos elétrodos e do condutorque os liga cessará quando a pilha estiver descarregada, isto é, quando a concentração de iões no eletrólito for inferior a um valor mínimo. Para garantir o funcionamento de uma pilha também é necessário que num dos elétrodos seja mais fácil a passagem de eletrões dos átomos para a nuvem de condução, o que se consegue usando dois metais diferentes para os dois elétrodos. Quando dois metais diferentes são colocados em contacto um com o outro, a nuvem de eletrões de condução tem uma tendência para se deslocar do metal mais eletropositivo (o que cede com maior facilidade os seus eletrões) para o menos eletropositivo. Diferentes materiais condutores podem ser ordenados 34 Santos Caetano Paúnde numa série galvânica, em que os metais mais eletropositivos aparecem no topo da lista e os menos eletropositivos na base (a ordem na série depende também do eletrólito usado). A tabela 5.0 mostra a série galvânica para alguns condutores, quando o eletrólito é água do mar. Tabela 5.0: Série galvânica com eletrólito de água de mar. Magnésio Zinco Alumínio Chumbo Ferro Cobre Tungsténio Prata Ouro Platina Grafite O uso da tabela pode ilustrar-se no caso concreto da primeira pilha construída por Volta que usava eletrólito de água salgada. Os dois metais usados para os elétrodos são zinco e cobre e como o zinco está acima do cobre na tabela, quer dizer que os eletrões de condução se deslocam do zinco para o cobre e os iões positivos do eletrólito são atraídos pelo cobre; como tal, o elétrodo de cobre é o cátodo (+) e o elétrodo de zinco é o ânodo (−). A corrosão dos metais no ar ou numa solução líquida também está relacionada com a transferência de eletrões de condução. Os iões negativos de oxigênio passam eletrões para o metal, combinando-se com os átomos do metal na superfície para formar um sal. O processo de galvanização consiste em colocar na superfície de um objeto metálico uma camada de zinco que garante que o movimento dos eletrões de condução será do zinco para o outro metal, servindo o zinco como ânodo que atrai os iões de oxigênio (aniões); o zinco é oxidado enquanto o outro metal (cátodo) permanece protegido da corrosão. O lado esquerdo da figura 5.5 mostra uma pilha ligada a um circuito e o lado direito mostra o diagrama usado para representar esquematicamente esse conjunto. A pilha representa-se com duas barras paralelas, que lembram os dois discos metálicos na pilha original de Volta, separados por uma pequena região (o eletrólito). Usa-se uma barra mais comprida para representar o cátodo (elétrodo positivo). As setas na figura indicam a direção do movimento dos eletrões de condução, que se deslocam no sentido oposto ao campo elétrico estabelecido pela pilha através dos condutores. 35 Santos Caetano Paúnde Figura 5.5: Uma pilha ligada a um circuito externo e representação diagramática do sistema. Se os eletrões de condução fossem completamente livres, seriam acelerados pela força elétrica no condutor. No entanto, no circuito e nos elétrodos existem forças dissipativas que contrariam o movimento dos eletrões de condução. O trabalho realizado pelas forças dissipativas é igual à energia fornecida pela pilha, através do campo elétrico. Isto é, durante o percurso de cada eletrão de condução desde o ânodo até o cátodo, o campo elétrico realiza um trabalho igual à diminuição da energia potencial eletrostática (∆𝑈𝑒) desse eletrão entre o ânodo e o cátodo. Como a carga dos eletrões é negativa, conclui-se que o potencial no cátodo é maior do que no ânodo, e a diferença de potencial entre eles é igual a: 𝜀 = ∆𝑈𝑒 𝑒 onde 𝒆 é a carga elementar (valor absoluto da carga do eletrão). A energia ∆𝑈𝑒 fornecida a cada eletrão de condução é igual à diferença entre a energia necessária para que um anião no eletrólito transfira um eletrão ao ânodo e a energia necessária para que o cátodo transfira um eletrão a um catião do eletrólito. Essa diferença de energias tem um valor típico para cada par de condutores usados para os elétrodos e para cada eletrólito. Assim sendo, a constante ε, com unidades de volt, tem um valor típico para cada tipo de pilha, que depende apenas dos metais e do eletrólito usado, e chama-se força eletromotriz da pilha (ou de forma abreviada, f.e.m.). Figura 5.6: Pilhas em série. 36 Santos Caetano Paúnde O valor da f.e.m. para a maioria das pilhas situa-se entre 1 volt e 4 volts. Na pilha da figura 5.5, o valor da f.e.m. é de 9 V e é obtido colocando no interior da pilha seis pilhas pequenas de 1.5 V, uma a seguir à outra, tal como Volta colocou alternadamente vários discos de zinco, cartão e cobre para obter maior energia; a figura 5.6 mostra um diagrama que ilustra melhor essas seis pilhas em série. A tabela 5.1 mostra os materiais usados para os elétrodos e o eletrólito em vários tipos de pilhas usadas atualmente e os valores da f.e.m. obtida em cada caso. Tabela 5.1: Tipo cátodo ânodo eletrólito f.e.m seca carbono zinco dióxido de manganês/ cloreto de amonio 1.5 V alcalina carbono dióxido de manganês hidróxido de potássio 1.5 V de mercúrio óxido de mercúrio zinco hidróxido de sódio 1.35 V de óxido de prata óxido de prata zinco hidróxido de sódio 1.35 V NiCd óxido de níquel cádmio hidróxido de potássio 1.2 V NiMH óxido de níquel Liga metálica hidróxido de potássio 1.2 V de iões de lítio óxido de níquel carbono lítio 3.7 V As pilhas indicadas nas três últimas linhas da tabela 5.1 são recarregáveis; isto é, as reações químicas nos elétrodos são reversíveis. Utilizando uma fonte externa para contrariar o sentido normal do fluxo das cargas, consegue-se diminuir a quantidade dos sais acumulados nos elétrodos, separando-os nos metais originais e os iões do eletrólito e aumentando assim a carga total dos iões do eletrólito e ficando a pilha num estado semelhante ao inicial. Após vários ciclos de carga e descarga, parte dos sais saem separam-se dos elétrodos e ´ passam para o eletrólito torna-se cada vez mais difícil recuperar todo o metal e o eletrólito original, ficando a pilha "viciada". No caso das pilhas de iões de lítio, o cátodo não é um único bloco sólido, mas são várias partículas em suspensão dentro do próprio eletrólito, evitando-se assim que a pilha fique viciada e permitindo muitos mais ciclos de carga e descarga. Numa pilha não recarregável, a inversão da corrente apenas aquece a pilha, com o perigo de queimá-la ou até fazê-la explodir sem ser recarregada. 37 Santos Caetano Paúnde Outra caraterística importante de cada pilha, para além da sua f.e.m., é a sua carga máxima, 𝑄𝑚𝑥, que indica a carga total dos iões positivos (igual ao valor absoluto da carga dos iões negativos) no eletrólito, no seu estado inicial, com os elétrodos completamente limpos de sais. A energia máxima que a pilha poderia fornecer, se fosse possível manter o fluxo de cargas nos elétrodos até o eletrólito ficar completamente livre de iões, é 𝑈𝑚á𝑥 = 𝜀𝑄𝑚á𝑥 5.3 Resistência A corrente elétrica num condutor é provocada por um campo eléctrico no interior do condutor (nestes casos, o condutor não está em equilíbrio eletrostático): ➢ Os eletrões de condução estão sujeitos a uma aceleração no interior do condutor. ➢ No entanto a sua velocidade não aumenta indefinidamente, devido às frequentes colisões com os iões da rede cristalina, originando o aquecimento do material. ➢ Quando se atinge o regime estacionário, o trabalho da força elétrica é igual ao trabalho das forças de resistência: a energia cinética média dos electrões é constante. Define-se resistência elétrica como a razão entre a diferença de potencial entre os extremos de um condutor e a intensidade da corrente que o percorre, e isto pode ser interpretado através de uma fórmula conhecida como a primeira Lei de Ohm. 𝑅 = 𝑉 𝐼5.3.1 Características tensão-corrente A potência elétrica que dissipa um elemento de um circuito (por exemplo, uma lâmpada) é igual ao produto da diferença de potencial entre os extremos do elemento pela corrente que o percorre: 𝑃 = 𝐼 ∆𝑉. Duas lâmpadas diferentes podem ter diferentes valores de potência, com o mesmo valor de voltagem. Por exemplo, existem lâmpadas pequenas, de 12V, com potências de 1 W e de 2 W; isso indica que para o mesmo valor da diferença de potencial, a corrente na lâmpada de 2 W é o dobro da corrente na lâmpada de 1 W. Cada elemento de circuito tem uma curva caraterística que mostra os valores resultantes da corrente, I, para diferentes valores da diferença de potencial, ∆V. A figura 5.7 mostra algumas dessas curvas caraterísticas para três elementos diferentes. Figura 5.6: Condutor. 38 Santos Caetano Paúnde Figura 5.7: Caraterísticas tensão-corrente de três dispositivos diferentes. 5.3.2 Lei de Ohm (Primeira Lei) A lei de Ohm é uma equação matemática, descoberta por George Simon Ohm, que estabelece uma relação linear entre as três grandezas fundamentais da eletricidade: Tensão(V), Corrente (I) e Resistência (R). A lei de Ohm determina que uma tensão V em um resistor R é diretamente proporcional à corrente I que atravessa esse resistor. Em alguns condutores (o caso 𝑎 na figura 5.7), designados de ôhmicos, a curva caraterística é uma reta que passa pela origem. Essa relação linear entre 𝐼 e ∆𝑉 expressa-se matematicamente pela Lei de Ohm: ∆𝑉 = 𝑅𝐼 Figura 5.8: Símbolo de resistência num circuito. onde R é uma constante chamada resistência, que corresponde ao declive da caraterística tensão-corrente. Um condutor ôhmico designa-se simplesmente por resistência. A figura 5.8 mostra o símbolo usado para representar uma resistência nos circuitos. Nos elementos não ôhmicos (𝑏 e 𝑐 na figura 5.7) pode também definir-se a resistência R pela relação ∆𝑉/𝐼, mas repare-se que nesses casos R não é constante e não é o declive da caraterística tensão-corrente, mas sim o declive de uma reta que passa pelo respetivo ponto e pela origem, como indica o gráfico c da figura 5.7. No sistema internacional, a unidade usada para medir a resistência é o ohm, representado pela letra grega Ω ômega maiúsculo. Uma resistência de 1 ohm é uma resistência em que uma voltagem de 1 volt produz uma corrente de 1 ampere: 39 Santos Caetano Paúnde 1Ω = 1 𝑉 𝐴 Usando a lei de Ohm, a potência dissipada por efeito Joule numa resistência (𝑃 = 𝐼 ∆𝑉) pode ser escrita em função do valor da resistência: 𝑃 = 𝑅𝐼2 = ∆𝑉2 𝑅 e pode-se concluir que a especificação da potência de um dispositivo elétrico está associada a um valor da diferença de potencial (tensão) com que deve ser alimentado. Quanto maior a potência nominal, menor será a resistência do dispositivo, para uma dada tensão. Figura 5.9: Cada eletrodoméstico tem uma potência elétrica nominal. 5.3.3 Lei de Ohm (Segunda Lei) - Resistividade A resistência de um condutor ôhmico resulta das colisões entre as cargas de condução e os átomos ou iões. As cargas de condução são aceleradas pela força eletrostática, mas devido às colisões acabam por se deslocar a uma velocidade média constante. A resistência é determinada pela relação que existir entre a velocidade média atingida e a diferença de potencial (por unidade de comprimento) que produz o movimento. Os fatores que determinam o valor da resistência são: a natureza do material, o tamanho do condutor e a temperatura. Para estudar a influência do tamanho do condutor, considerem-se dois cilindros idênticos, de comprimento L e área transversal A, cada um com resistência R, ligados em série ou em paralelo. Quanto aos elementos presentes num circuito elétrico (resistores, capacitores e indutores), e suas associações (série, paralelo e misto) não pode criar pânico no nosso meio. Pois isto é assunto para ser debatido nos próximos tópicos. Quando estivermos a tratar de circuitos elétricos e seus elementos, falaremos mais sobre isso. 40 Santos Caetano Paúnde Para já, apenas devemos nos concentrar nas suas formas cilíndricas e no material usado para fabrico de tais condutores. A figura abaixo mostra a descrição desses condutores cilíndricos. Figura 5.10: Dois cilindros condutores ligados em série e em paralelo. No primeiro caso, é como se se tratasse de um único cilindro de comprimento 2𝐿 e se a corrente for 𝐼, a diferença de potencial será 𝑅 𝐼 + 𝑅 𝐼; a resistência do sistema é então 2𝑅. A resistência é então diretamente proporcional ao comprimento do condutor. No segundo caso, é como se se tratasse de um único condutor de comprimento 𝐿 e área transversal 2𝐴. Nesse caso, a diferença de potencial é igual em ambos os cilindros (∆𝑉), a corrente em cada cilindro é ∆𝑉/𝑅 e a corrente total é 2∆𝑉/𝑅, que corresponde à corrente num sistema com resistência 𝑅/2. Ou seja, duplicando a área transversal, a resistência diminui a metade, o que significa que a resistência é inversamente proporcional à área da secção transversal do condutor. A resistência de um condutor com comprimento L e área transversal A pode ser expressa como 𝑅 = 𝜌 𝐿 𝐴 onde a constante de proporcionalidade, ρ, é a resistividade do material, que depende da natureza do material e da temperatura. 41 Santos Caetano Paúnde Figura 5.11: Variação da resistência de um condutor em função da temperatura. Nos condutores ôhmicos, a resistência aumenta com a temperatura, de modo quase linear (ver figura 5.11), para temperaturas afastadas do zero absoluto (−273 ℃). A expressão empírica para a resistência de um condutor em função da temperatura é então 𝑅 = 𝑅20(1 + 𝛼20(𝑇 − 20)) onde 𝑅20 é a resistência a 20 ℃, 𝛼20 é o coeficiente de temperatura e 𝑇 é a temperatura em graus Celsius. Cada material tem um coeficiente de temperatura próprio que é medido experimentalmente. Note-se que o declive da reta na figura 5.11 é o produto 𝑅20 ∗ 𝛼20 e como tal, apesar do declive ser quase constante, o valor da constante α depende da temperatura. A tabela 5.2 mostra os valores da resistividade e do coeficiente de temperatura de alguns materiais a 20 ℃. A grafite, que é um semicondutor, tem um coeficiente de temperatura negativo, o que quer dizer que a 20 ℃ a sua resistência diminui quando a temperatura aumenta. Tabela 5.2: Resistividade e coeficiente de temperatura de alguns materiais, a 20 ◦C. Material 𝜌20(𝑛Ω.𝑚) 𝛼20(℃ −1) Prata 16 0.0038 Cobre 17 0.0039 Alumínio 28 0.0039 Tungsténio 55 0.0045 Ferro 100 0.0050 Chumbo 220 0.0043 Níquel-crómio 1000 0.0004 Grafite 35000 -0.0005 42 Santos Caetano Paúnde 6. Elementos Básicos de um Circuito Elétrico Para se estabelecer uma corrente elétrica são necessários, basicamente: um gerador de energia elétrica, um condutor em circuito fechado e um elemento para utilizar a energia produzida pelo gerador. A esse conjunto denominamos circuito elétrico. Figura 6.0: Representação básica de um circuito elétrico. 6.1 Gerador Elétrico É um dispositivo capaz de transformar em energia elétrica outra modalidade de energia. O gerador não gera ou cria cargas elétricas. Sua função é fornecer energia às cargas elétricas que o atravessam. Industrialmente, os geradores mais comuns são os químicos e os mecânicos. i. Químicos Aqueles que transformam energia química em energia elétrica. Exemplos: pilha e bateria. ii. Mecânicos Aqueles que transformam energia mecânica em elétrica. Exemplo: dínamo de motor de automóvel ou da bicicleta. Figura 6.1: Simbologia de um gerador elétrico. 6.3 Receptor Elétrico É um dispositivo que transforma energia elétrica em outra modalidade de energia, não exclusivamente térmica. O principal receptor é o motor elétrico, que 43 Santos Caetano Paúnde transforma energia elétrica
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