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ESTÉTICA E DESIGN APLICADO À PUBLICIDADE AULA 4 Prof. Eduardo Ferreira 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula vamos conversar sobre as cores, suas definições e conceitos básicos. No meio publicitário, as cores são elementos fundamentais na hora da decisão de compra de um produto, pois pela psicologia das cores conseguimos transmitir emoções, valores e sentimentos. Conversaremos sobre as funções e a forma de aplicar a cor no processo de impressão gráfica e nos meios digitais. CONTEXTUALIZANDO Uma grande parte do que percebemos ao nosso redor é por meio de nossa visão (84% dos consumidores acham que a cor é mais importante que muitos outros fatores). O resto fica a cargo dos nossos outros sentidos, como audição, olfato, tato e paladar. A absorção das informações pela visão gera sensações e emoções estimuladas pelo cérebro, e isso impacta na hora da decisão da compra de um objeto. Segundo estudos, o tempo médio de decisão de compra de um objeto em uma prateleira é de aproximadamente 5 segundos após à primeira vista. A criatividade consiste de talento, influências ambientais que estimulam dons especiais e de conhecimentos aprendidos a respeito do setor criativo em que se trabalha. Quem não souber nada a respeito dos efeitos gerais e da simbologia das cores e quiser confiar apenas em seus talentos naturais, será sempre ultrapassado por aqueles que possuem tais conhecimentos (Eva Helle, 2000). TEMA 1 – SISTEMA DE CORES As cores estão em nosso cotidiano: estão em tudo que vemos e sentimos. A cor nos faz diferenciar os alimentos de que mais gostamos, as roupas que combinamos. A cor é aplicada com certos propósitos e é um quesito decisivo na criação publicitária. Valores estéticos, morais e psicológicos são levados em conta, pois existem funções fisiológicas em questão. As cores exercem algumas funções dentro de um projeto gráfico, como direcionar a leitura de um cartaz e destacar, organizar, classificar e hierarquizar 3 agrupamentos de informações por meio de pesos visuais. Existem inúmeras outras funções aplicadas às cores, e quem determina isso é o criativo. TEMA 2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DA COR Definição de cor A cor é uma propriedade da matéria que reflete e absorve luz. É uma sensação causada quando a luz branca incide em um objeto que reflete a cor que vemos. A cor é lida no cérebro mediante a estímulos cromáticos mediante oscilações da retina. O estudo sobre as cores vem desde os tempos de Isaac Newton (séc. XVII), quando o cientista decompôs a luz branca utilizando um prisma. Newton percebeu que a luz se divide em sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta (as cores do arco-íris, onde as gotas fazem o papel do prisma). As cores não existem de forma tangível; são uma sensação produzida pela retina, por conta da luz refletida ou difundida pelos objetos. Figura 1: Prisma decompondo a luz As cores são ondas eletromagnéticas e possuem tamanhos chamados de espectro magnético. Sua variação compreende entre 400 e 700 nm, chamados de espectros visíveis. Nesse intervalo temos a predominância do vermelho, verde e azul/violeta – as cores primárias. Figura 2: Cores primárias 4 Cores primárias As cores primárias não são descompostas em outras cores mas podem ser combinadas, criando outras cores. As primárias são divididas em aditivas e subtrativas. As cores aditivas são aquelas provenientes da luz branca, com o predomínio do vermelho, verde e azul conhecido como RGB (do inglês red, green, blue). As cores aditivas são aquelas usadas no meio digital. As cores subtrativas são as que são absorvidas, ou seja, são as cores visíveis. São usadas nas artes gráficas – CMYK [do inglês cyan, magenta, yellow e black (key)]. Figura 3: Cores aditivas e subtrativas Círculo cromático O círculo cromático existe para ajudar na combinação das cores. As cores podem ser combinadas como cores complementares e cores análogas. Figura 4: Círculo cromático As cores complementares são usadas para dar força e equilíbrio a um trabalho por meio da criação de contrastes. São as cores opostas no círculo cromático, como é o caso do roxo e o amarelo. Figura 5: Cores complementares 5 Raramente se usa apenas cores complementares em um trabalho, o efeito pode ser desastroso, mas em alguns casos é extremamente interessante. Os pintores figurativos em geral usam as cores complementares apenas para acentuar as outras criando assim, equilíbrio em seus trabalhos. As cores análogas, ou da mesma "família" de tons, são usadas para dar a sensação de uniformidade. Uma composição em cores análogas em geral é elegante, porém deve-se tomar o cuidado para não deixá-la monótona. São as que aparecem lado a lado no gráfico. São análogas porque há nelas uma mesma cor básica. Figura 6: Cores análogas TEMA 3 – A COR COMO ELEMENTO SIMBÓLICO As cores transmitem valores e sensações de acordo com a forma como são utilizadas. Elas têm a característica de agregar valor e peso. Para isso, existe uma área que trata da simbologia das cores: a psicologia das cores. Vermelho: incentiva ações e a confiança; transmite paixão e intensidade; ativa e emociona, e é a cor mais quente e dinâmica. Usado em 6 restaurantes, em identidades do ramo alimentício (McDonald’s, Burger King). Cria senso de emergência e é estimulante para vendas imediatas. Laranja: equilíbrio, energia, sociabilidade; é uma cor quente, menos que o vermelho, mas agradavelmente estimulante. A cor laranja é usada para chamar a atenção dos consumidores impulsivos (sua cor preferida) e utilizada para ações como “compre agora” e “acesso imediato”. Amarelo: estimula a energia; é acolhedor, estimulante e ajuda na concentração e na atenção dos consumidores. Utilizado para vitrines de lojas; transmite cautela para os consumidores. Verde: é uma cor equilibrada, representa a estabilidade, o crescimento, a natureza, a fertilidade e traz a sensação de calma. É a cor do dinheiro e de marcas financeiras conhecidas, porém traz sensação de ecologia e de não ao desmatamento. Azul: calma, segurança, aumenta a criatividade e a espiritualidade. É uma cor usada em marcas corporativas; transmite produtividade e é a cor mais apreciada entre todas, com 45% da preferência das pessoas. Roxo: nobreza, sucesso, sabedoria; estimula a criatividade. Os produtos e serviços criativos utilizam a cor em seus projetos. “Não existe norma para determinar a utilização da cor, porém os conceitos transmitidos em relação à alegria, tristeza, seriedade, agitação, movimento etc. produzem uma reação que deve ser perseguida quando elaboramos um projeto gráfico” (COLLARO, 2000, p. 73) TEMA 4 – A COR NO PROCESSO GRÁFICO As cores, quando aplicadas a projetos gráficos, precisam de certos cuidados, pois projetos eletrônicos são diferentes de projetos impressos com relação às cores. Enquanto que no projeto digital as cores utilizadas são RGB, na impressão temos as cores CMYK. E a diferença entre elas é bem simples. A primeira representa a cor luz, a que vemos em qualquer objeto que emita luz (monitores/televisores). Já a segunda é a cor pigmento, usada pela indústria gráfica para impressão utilizando tinta. Para trabalhar com impressão gráfica, a diferença entre RGB e CMYK deve ser bem clara e direta, pois nesse momento não pode haver dúvida de qual sistema usar. 7 O processo de uma campanha publicitária a ser impressa em um sistema de impressão offset (sistema no qual são usadas somente cores CMYK/policromia) passa por algumas etapas até o produto final. Uma delas é a parte visual. O layout (já estudado na aula anterior) deve comunicar de forma correta. A seleção das cores nessa etapa é de extrema importância.Para trabalhos impressos, usamos as cores pigmento ou cores de processo e as chamadas cores especiais, que são aquelas que não são obtidas por meio das porcentagens das cores CMYK. As cores especiais ou “quinta cor” são conhecidas como cor de escala ou popularmente de cor Pantone. Figura 7: Cores CMYK Pantone A escala Pantone é uma tabela de cores reconhecida internacionalmente. Seu catálogo é confeccionado com base em 14 cores básicas, resultando em 1.114 cores diferentes. Qualquer gráfica no mundo reconhece uma cor Pantone especificada. As cores douradas e as prateadas são exemplos de cores desta escala. Figura 8: A escala Pantone 8 TEMA 5 – VISUALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO CORRETA DAS CORES Entrada de máquina O designer deve ficar atento no momento do fechamento do arquivo para impressão. Em cada projeto existe uma soma de cores, ou seja, pode conter até quatro cores (CMYK/cores de processo) mais a cor especial (escala Pantone/cores spot). Cada entrada de máquina representa um custo, por isso é fundamental saber e informar o número de cores dentro do projeto dos dois lados da folha do papel. Para informar a quantidade de cores, usa-se a seguinte nomenclatura: 1/0 ou 1x0 – Impressão de cor em somente um lado da folha. (Ex.: cartaz preto em branco.) 1/1 ou 1x1 – Impressão de duas cores dos dois lados da folha. (Ex.: miolo de livros.) 2/0 ou 2x0 – Impressão de duas cores em uma face do papel. (Ex.: capa de um livro utilizando somente as cores azul e laranja.) 3/3 ou 3x3 – Impressão utilizando três cores dos dois lados. É possível utilizar duas cores mais uma cor especial. 4/1 ou 4x1 – Utiliza quatro cores de um lado, a policromia e somente uma cor no verso do impresso. 4/4 ou 4x4 – Impressão utilizando as quatro cores dos dois lados do papel, policromia completa. (Ex.: Revistas em geral.) 5/4 ou 5x4 – Neste caso, é usada a policromia e mais uma cor especial em uma das faces do papel, como o dourado. A outra face é de policromia normal. Essa forma é muito usada em projetos especiais em que a quinta cor surge como um diferencial, agregando valor à impressão. Espectrofotômetro A verificação das cores sempre é importante nos processos de produção e impressão. Para isso, o uso de instrumentos de precisão para a verificação e medição muitas vezes se faz necessário. Um dos mais utilizados nos processos de verificação é o espectrofotômetro. Trata-se de um equipamento que mede reflexos de comprimento de onda. Uma luz brilha através ou em um item a ser medido, como uma folha impressa. Um detector interpreta a quantidade de luz absorvida pela área impressa medida. Essa absorção é convertida em número e processada por um computador. Os espectrofotômetros são considerados uma tecnologia imprescindível na verificação e na qualidade das cores. 9 Figura 9: Espectrofotômetro TROCANDO IDEIAS A avaliação das cores é muito importante em qualquer processo a ser usado, pois, como falamos antes, as cores têm o poder de fixar uma marca, despertar desejos e sentimentos. Por outro lado, seu mal uso pode ser desastroso. Converse com seus colegas sobre alguma campanha do governo federal sobre alguma prevenção. Lembre-se de que alguns itens vistos em aulas anteriores devem ser analisados juntamente com o uso das cores. NA PRÁTICA Reveja nossas aulas de design e diagramação e junto com o conteúdo estudado sobre cores, e proponha uma campanha para uma rede de produtos fitness. Essa campanha será tanto para o digital quanto para a mídia impressa. As peças a serem produzidas são as seguintes: Off-line (mídia impressa) On-line (mídia digital) Folheto: Tamanho: 15 x 21cm Cores: 4 x 1 Cartão fidelidade: Tamanho: 9 x 5cm Cores: 4 x 4 Anuncio revista: Tamanho: 21 x 29,7 (sem sangra) Cores: 4 x 0 Cover Image para rede social: Tamanho: 851 x 315 pixel Cores: Usar as cores da marca (lembre- se de usar RGB) Shared Image para rede social: Tamanho: 1200 x 900 pixel Cores: Usar as cores da marca (lembre- se de usar RGB) Após a produção, salve as peças no formato PDF. 10 FINALIZANDO Abordamos nesta aula os fundamentos das cores e suas aplicações na prática em projetos gráficos. É fundamental a quem trabalha na área de comunicação entender das teorias e da psicologia que as cores exercem sobre nós. O seu uso correto pode impulsionar uma campanha publicitária nesse mercado concorrido de hoje. A comunicação não verbal é tão importante quanto o uso de textos e sons dentro de uma ação, e fixa a marca por meio da nossa visão. Aprendemos a diferença entre cores CMYK (cor pigmento) e RGB (cor luz) e suas aplicações na prática. As cores podem ser primárias aditivas ou subtrativas. O círculo cromático nos mostra uma visão geral das possibilidades de uso aplicadas aos conceitos de cores complementares e análogas. Complementando nossos estudos, vimos o que é cor especial, muitas vezes chamada de quinta cor ou Pantone (uma das formas de chamar a escala de cores não obtidas pela soma das porcentagens CMYK). A leitura da entrada de máquina é necessária para otimização dos gastos em tinta e em papel. O estudo cromático somado aos conceitos de diagramação, design e estética visto em aulas anteriores, ajudam a solidificar e a propiciar um bom design. 11 REFERÊNCIAS CAMARGO, M. de. Gráfica: arte e indústria no Brasil. 2. ed. Guarulhos: Bandeirantes, 2003. CESAR, N. Direção de arte em propaganda. 9. ed. Brasília: Senac, 2009. COLLARO, A. C. Projeto gráfico: teoria e prática da diagramação. 4. ed. São Paulo: Summus, 2000. ELAM, K. Geometria do design: estudos sobre proporção e composição. 1. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2010. HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. 1. ed. São Paulo: Garamond, 2014. LABUDOVIC, A.; VUKUSIC, N. Curso prático: designer gráfico. São Paulo. 1. ed. São Paulo: Oceano, 2012. SILVA, C. Produção gráfica: novas tecnologias. 1. ed. São Paulo: Pancrom, 2008. WILLIAMS, R. Design para quem não é designer. 8. ed. São Paulo: Callis, 1995.
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