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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................3 2 ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA .........................................................4 3 AVALIAÇÃO DA DOR NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA ................................................6 3.1 PROCESSO DO TRATAMENTO DA DOR ............................................................................8 3.2 ANALGÉSICOS SIMPLES .............................................................................................. 10 3.3 ANALGÉSICOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS ............................................... 11 3.4 ASPECTOS GERAIS DOS OPIOIDES .............................................................................. 12 3.5 EFEITOS ADVERSOS .................................................................................................. 13 4 ESCALA DE COMA DE GLASGOW .............................................................................. 14 5 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ......................................................................... 17 5.1 ACIDENTE VASCULAR ISQUÊMICO ............................................................................... 18 5.2 ACIDENTE VASCULAR HEMORRÁGICO .......................................................................... 21 6 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ............................................................................ 23 6.1 SUPORTE BÁSICO DE VIDA ......................................................................................... 24 6.2 SUPORTE AVANÇADO DE VIDA CARDIOVASCULAR PARA ADULTOS ................................. 26 6.3 CUIDADOS PÓS-PCR .................................................................................................. 27 7 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO .............................................................................. 28 8 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) ............................................................ 30 8.1 TRATAMENTO: ........................................................................................................... 33 9 PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS HEMORRÁGICAS ................................................. 37 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ................................................................................................. 37 9.1 ENDOSCOPIA DIGESTIVA DE EMERGÊNCIA .................................................................. 39 9.2 TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA ................................................................................. 40 9.3 HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA .................................................................................. 41 9.4 EPISTAXE .................................................................................................................. 42 9.5 HEMORRAGIA INTERNA DECORRENTE DE TRAUMA ABDOMINAL...................................... 43 9.6 TRAUMA PENETRANTE ............................................................................................... 46 10 QUEIMADURAS .............................................................................................................. 48 10.1 TRATAMENTO: ........................................................................................................... 53 10.2 CÁLCULO DA HIDRATAÇÃO: ........................................................................................ 55 10.3 TRATAMENTO DA DOR: ............................................................................................... 55 10.4 MEDIDAS GERAIS IMEDIATAS E TRATAMENTO DA FERIDA: ............................................. 56 2 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 61 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro, quase improvável, um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA Fonte: rduirapuru.com.br Para organizar uma rede que atenda aos principais problemas de saúde dos usuários na área de urgência e emergência de forma resolutiva, é necessário consi- derar o perfil epidemiológico e demográfico brasileiro, no qual se evidencia, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), uma alta morbimortalidade relacionada às violências e aos acidentes de trânsito entre jo- vens até os 40 anos e, acima desta faixa, uma alta morbimortalidade relacionada às doenças do aparelho circulatório, como o infarto agudo do miocárdio (IAM) e o aci- dente vascular cerebral (AVC). Soma-se a isso o acentuado e rápido envelhecimento da população, com aumento significativo da expectativa de vida nas últimas décadas. De acordo com o Censo de 2010, 10% da população brasileira contava com mais de 60 anos, o que significa mais de 20 milhões de pessoas (IBGE, 2010 apud SAÚDE, 2013). A Política Nacional de Atenção Básica tem sido concebida como a estratégia voltada para responder de forma regionalizada, contínua e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e a comunidade. Todavia, o esforço no incremento das ações básicas de saúde ainda não tem sido suficiente para resolver um grande contingente 5 de problemas de saúde no nível primário de atenção. Assim, o sistema hospitalar con- tinua recebendo um grande número de consultas especializadas, exames diagnósti- cos, procedimentos de alto custo e internações (JESUS, 2016). Apesar da política de atenção básica ter sido estruturada para atender as necessidades de saúde da população, de um modo contínuo, regionalizado e realizando ações preventivas, curativas e promotoras de saúde, ainda as- sim a desarticulação da rede impede que ela atue efetivamente em cima dos problemas de saúde da população. Isso gera um certo descredito por parte dos usuários em relação a resolutividade na atenção primária e consequen- temente, acarreta na superlotação dos serviços de urgência e emergência (JESUS, 2016). Com isso, refere o autor acima a qualidade desses serviços prestados é dimi- nuída, comprometendo assim a integralidade da assistência, além disso, houve um aumento da procura desses serviços devido ao crescente número de casos oriundos de acidentes de trânsito e da violência urbana, gerando aumento dos gastos com in- ternações hospitalares, com o uso de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) além da alta taxa de permanência hospitalar destes pacientes. Fatores como esses tornam visível a necessidade de reestruturação do sis- tema de saúde diante disso algumas medidas são essenciais para que os Serviços de Emergência Médica seja de fato, eficaz, como a melhoraria da infraestrutura e ade- quação para o atendimento da emergência unidades básicas de saúde e os hospitais secundários, para não congestionar as instituições de nível terciário. Áreas como a de atenção neonatal, de trauma,unidade de tratamento intensivo e semi-intensivo, necessitam de mais recursos para funcionarem efetivamente além da melhoria da or- ganização desses serviços para atender à demanda (JESUS, 2016). Apesar disso, para garantir o acesso de todos em hospitais de urgência emer- gência visando a equidade, a solução é priorizar os casos mais graves, contudo para que as pessoas com urgência menores serem atendidas na atenção primária, è ne- cessário que o sistema se organizasse de modo voltado às necessidades das doenças crônicas pois assim seria possível atender esses casos que suscitam menos urgência, reduzindo a longo e médio prazo a procura por esses serviços emergenciais (GUIMA- RÃES, 2020). Sabe-se que grande parte dos atendimento nos serviços de emergência e ur- gência poderiam ser resolvidos na atenção básica, por isso quanto melhor for o atendimento e o acesso a esses serviços de saúde , isso refletirá em uma melhoria 6 da qualidade da assistência hospitalar e emergencial, já que diminuiria a sobrecarga, também é necessário conscientizar a população sobre a verdadeira finalidade des- ses serviços, outra ferramenta que pode ser utilizada para reorientar ao modelo de assistência na urgência e emergência é ampliar as funções do enfermeiro dentro dessas unidades também para áreas gerenciais e administrativas, de modo a incor- porar seus conhecimentos técnicos, científicos na busca pelo aperfeiçoamento da assistência na urgência e emergência (GUIMARÃES , 2020). Visando da organização não só desses serviços, conceitua Azevedo et al. (2010) mas sim de todos dos sistemas regionalizados, foi lançada em 2003 a portaria 1863 / MG, que regulamenta a Política Nacional de Atenção às Urgências primando pela universalidade, equidade e integralidade do atendimento, como ainda existia a necessidade de reorganizar sistema de referência e contra referência e também de articular os serviços de urgência hospitalar com os demais níveis de atenção, foi lan- çada a portaria de 1828/GM de 2004 que propôs atribuições gerais e específicas das Centrais de Regulação Médica de Urgências suporte técnico para estruturar e opera- cionaliza-las. Essa reorganização além de ser barata bastante rápido em comparação com as outras ações que o SUS precisa realizar para garantia tentar solucionar seus problemas assistenciais no caso relacionados à urgência e emergência. 3 AVALIAÇÃO DA DOR NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA Fonte: victorbarboza A dor é uma queixa frequente na população mundial, estima-se que a queixa álgica seja responsável por aproximadamente 78% dos atendimentos em unidades de 7 emergência. Quando não tratada, a dor aguda pode desencadear alterações plásticas no sistema nervoso, expondo o paciente ao risco de desenvolver dor crônica. Apesar da importância do tratamento da dor, a subutilização de analgésicos, ou “oligoanalge- sia” é bastante frequente (BASILIO, 2011). Na visão de Basílio (2011) o tratamento da dor na sala de emergência pode ser desafiador por diferentes motivos, em algumas instituições, a equipe médica possui historicamente receio quanto ao tratamento da dor, alguns acreditam que este trata- mento pode acobertar sintomas e prejudicar o diagnóstico da doença de base. Outros temem a indução de vício nos pacientes. Entretanto a dor é um problema urgente que requer atenção imediata. Hoje a avaliação e tratamento da dor têm sido reconhecidos como prioridade no mundo, a Joint Commission Internacional for Healthcare Accreditation e a American Pain Society advogam pela implantação da dor como quinto sinal vital em todas as instituições de saúde, no Brasil o Ministério da Saúde criou a Organização Nacional de Acreditação que também preconiza a implantação da dor como quinto sinal vital, enquanto um indicador de qualidade para os processos assistenciais (BASILIO, 2011, p. 1). A avaliação adequada de acordo com o autor acima precisa da dor é necessária para assegurar abordagem segura, efetiva e individualizada da experiência álgica do paciente, esta deve incluir história clínica, exame físico, história da dor e avaliação funcional, em um serviço de urgência e emergência a avaliação dos quadros álgicos nunca deve se dissociar da pesquisa das causas subjacentes, em especial daquelas que representem ameaça potencial à vida, do mesmo modo é importante ter em mente que a abordagem sintomática da dor deve ocorrer lado a lado da terapêutica especí- fica direcionada à doença de base, ainda, é importante ressaltar que muitos pacientes portadores de síndromes dolorosas crônicas (neuropatias periféricas, dor associada a neoplasias, fibromialgia, etc.) frequentemente buscam serviços de pronto-socorro du- rante episódios de exacerbação do quadro álgico. A definição de dor contempla a complexidade da sua mensuração: dor é uma experiência individual e subjetiva modulada por fatores fisiológicos, psicológicos e am- bientais. Assim, a mensuração da dor sempre será baseada no auto relato do paci- ente. Outro aspecto importante ressaltado por esta definição refere-se ao fato de que fatores psicológicos e sociais podem, de fato, exacerbar a percepção da dor. Sendo 8 assim, ao identificar a presença de um fator psicológico ou social como agravante potencial da dor, o médico não deve automaticamente rotular a dor do paciente como de origem psicogênica e desconsiderá-la (BASILIO, 2011). A dor é sempre uma experiência total e não é difícil perceber como sensações de medo, insegurança e ansiedade, através de mecanismos fisiológicos envolvendo o sistema nervoso central e a secreção de substâncias neuroendócrinas são capazes de intensificar a experiência álgica. A identificação de fatores psicossociais enquanto exacerbadores da dor deve alertar o profissional da saúde acerca da maior complexi- dade do caso, que requer para o tratamento sintomático abordagem sensível e pos- terior encaminhamento para serviço especializado (BOUSSO, 2011). Para Bousso (2011) a mensuração da intensidade é sempre uma medida sub- jetiva, porém, de grande importância, a partir desta pode-se estabelecer um acompa- nhamento evolutivo do quadro doloroso e avaliar criticamente o sucesso das terapias introduzidas, os instrumentos para avaliação da dor podem ser divididos em unidimen- sionais (envolvem as escalas analógica visual, numérica verbal e adjetival) e multidi- mensionais (como o questionário de McGill e todos os seus derivados), nas escalas multidimensionais ocorre a avaliação das dimensões psicológicas e sociais da dor, entretanto, costumam requerer um tempo maior para seu preenchimento. Nos serviços de urgência e emergência utilizam-se basicamente as escalas unidimensionais, devido a sua maior praticidade e rapidez de aplicação. Todavia, deve-se ter em mente que estas escalas apresentam limitações, principalmente no que diz respeito a pacientes com baixo grau de instrução, além de pacientes nos ex- tremos de idade ou com déficit cognitivo importante (BOUSSO, 2011). 3.1 Processo do tratamento da dor Os princípios da farmacoterapia propostos pela OMS podem ser resumidos em 4 tópicos: 1. Pela escada: Em 1986 a Organização Mundial de Saúde publicou uma dire- triz para o tratamento da dor oncológica onde propõe uma escada analgésica para orientar o médico sobre o tratamento da dor, inicia-se pelo primeiro degrau, que con- siste em medicamentos não-opioides (analgésicos simples e anti-inflamatórios não hormonais), quando não ocorre alívio da dor, adiciona-se um opioide fraco para a dor 9 de intensidade moderada (segundo degrau). Quando esta combinação falha deve-se substituir este fraco por um forte, para dor intensa. Somente um opioide de cada ca- tegoria (fraco ou forte) deve ser prescrito. Os medicamentos adjuvantes, analgésicos simples e anti-inflamatórios podem ser associados em todos os degraus da escada, de acordo com asindicações específicas (antidepressivos, anticonvulsivantes, neu- rolépticos, relaxantes musculares, etc.), no entanto, requerem seguimento ambulato- rial posterior (FERREIRA et al., 2020). Fonte: Organização Mundial da Saúde para tratamento da dor 2. Via oral: Sempre que possível, os analgésicos devem ser administrados pela via oral. Deve-se evitar a via intramuscular por ser uma via dolorosa e estar mais re- lacionada a complicações de absorção errática (FERREIRA et al., 2020). 3. Intervalos fixos: Os analgésicos devem ser administrados em intervalos re- gulares, a dose subsequente precisa ser administrada antes que o efeito da dose an- terior tenha terminado e estar adequada à dor do paciente, ou seja, inicia-se com do- ses pequenas, que são aumentadas progressivamente até o alívio satisfatório da dor. Alguns pacientes usuários crônicos de opioides necessitam além das doses regulares, doses de resgate para as dores incidentais ou súbitas. As doses de resgate usual- mente correspondem de 10 a 30% da dose total diária estabelecida após ao menos 24 horas de uso regular (período em que se estabelece um nível sérico estável para a maioria dos opioides) (FERREIRA et al., 2020). 10 4. Individualização: Não existem doses padronizadas para os opioides. A dose correta é a que causa alívio da dor com o mínimo de efeitos colaterais. Os AINES e os opioides fracos, entretanto, apresentam efeito teto, ou seja, dose diária máxima recomendada, acima da qual não há efeito analgésico adicional, mas apenas efeitos colaterais em excesso (FERREIRA et al., 2020). 3.2 Analgésicos simples Fonte: www.drogariaminasbrasil.com.br São preconizados no tratamento da dor fraca e podem ser associados aos opi- oides nos demais degraus da escada analgésica (WATSON, 2020). Paracetamol: Seu mecanismo de ação ainda não é claro, mas apresenta ações centrais agindo sobre a ciclooxigenase 3 (COX-3) e atividade anti-inflamatória periférica fraca. A dosagem não deve ultrapassar quatro gramas diários para minimizar o risco de he- patotoxicidade. Este fármaco deve ser utilizado com cautela em pacientes com hepa- tite ativa, disfunção hepática, alcoolismo ou icterícia (WATSON, 2020). Dipirona: A dipirona é um analgésico não opioide com propriedades analgésicas, antipi- réticas e antiespasmódicas aliadas a um baixo perfil de efeitos adversos, possui me- 11 canismos de ação semelhante ao paracetamol, inibindo fracamente a síntese de pros- taglandinas na periferia, e por ação direta sobre a substância cinzenta periaquedutal (COX-3), a dipirona, entretanto, não está associada ao mesmo risco de hepatotoxici- dade do paracetamol, o risco de agranulocitose vem sendo desmistificado e atual- mente é considerado como extremamente pequeno, variando de 0,2 a 2 casos por milhão de pessoas ao ano. Sendo assim, pode-se afirmar que a dipirona se constitui em uma opção analgésica segura e eficaz, ocupando lugar de destaque no primeiro degrau da escada analgésica da Organização Mundial de Saúde (WATSON, 2020). 3.3 Analgésicos anti-inflamatórios não esteroidais Tal como acontece com os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) orais, re- fere Simón (2020) os AINE aplicados topicamente na pele produzem analgesia atra- vés da inibição da ciclo-oxigenase (COX), mas atuam apenas na área de aplicação, aliviando a dor e reduzindo a inflamação nas articulações e nos músculos da área afetada. A pele forma uma barreira entre o organismo e o meio ambiente. Entre as suas funções fisiológicas principais estão a regulação da temperatura corporal e a eliminação de água e substâncias, a camada superior, o estrato córneo, forma a bar- reira principal à absorção na epiderme, com um alto teor de lípidos e um conteúdo de água baixíssimo. Para que um fármaco aplicado topicamente seja eficaz, as moléculas devem ser pequenas, de modo a difundir-se através do estrato córneo e penetrar no local de ação. Existem grandes variações na permeabilidade da pele às diferentes substân- cias a penetração através da pele e a acumulação do fármaco nos tecidos-alvo dese- jados são importantes para a eficácia dos AINE tópicos, as concentrações plasmáticas máximas de AINE tópicos não atingem mais de 15% das alcançadas após a adminis- tração oral de uma dose semelhante, as concentrações nas áreas inflamadas e, em particular, no líquido sinovial das articulações também são inferiores (mas não na mesma proporção), após a aplicação tópica, as concentrações atingidas nos meniscos ou na cartilagem podem ser 4 a 7 vezes maiores do que após a administração oral e as alcançadas nas bainhas dos tendões são várias centenas de vezes superiores às plasmáticas, as formulações tópicas podem proporcionar concentrações analgésicas no local da inflamação, enquanto minimizam as concentrações sistémicas, a absorção 12 de formulações tópicas pode variar acentuadamente, mesmo entre diferentes formu- lações do mesmo medicamento, dependendo do fármaco, da patologia em causa e do local de aplicação. Portanto, é essencial considerar o doente, o medicamento, e o mecanismo de penetração do fármaco ao selecionar uma preparação tópica de AINE (SIMÓN, 2020). 3.4 Aspectos gerais dos opioides Os analgésicos opioides correspondem a importante recurso farmacológico para o manejo da dor, eles incluem derivados naturais do ópio, bem como agentes sintéticos e semissintéticos que produzem seus efeitos através de sua ação sobre receptores de opioides, no sistema nervoso central estes receptores encontram-se concentrados no tálamo, na substância cinzenta periaquedutal e no corno dorsal da medula. Também são encontrados receptores opioides em outras regiões como pul- mões e o plexo mioentérico do trato gastrointestinal. O efeito analgésico dos opioides está relacionado principalmente a sua ação sobre os receptores mu, embora outros receptores estejam envolvidos neste processo (ex: kappa e delta), estudos recentes correlacionam o polimorfismo genético desses receptores à variação da resposta in- dividual a estes fármacos (TRIVEDI et al., 2018). No dizer de Trivedi et al. (2018) os opioides são classificados em “fracos” (ex: codeína e tramadol) e “potentes” (ex: morfina, metadona, oxicodona) e quanto à ação sobre receptores opioides em agonistas puros, agonistas parciais, agonistas-antago- nistas e antagonistas, opioides fracos (codeína e tramadol), agonistas parciais (como buprenorfina) e agonistas-antagonistas (butorfanol e pentazocina) apresentam como desvantagem a presença de efeito teto, agonistas-antagonistas podem causar efeitos psicomiméticos e desencadear síndrome de abstinência quando administrado a usu- ários crônicos de agonistas puros. Assim, opioides agonistas puros são os mais indi- cados para o tratamento das síndromes dolorosas crônicas Todos os opioides ligam-se às proteínas plasmáticas, geralmente à albumina e à alfa1-glicoproteína ácida, entretanto, a porcentagem de ligação varia de 10% para a codeína a 80 a 86% para o fentanil, a morfina apresenta ligação proteica entre 20 e 35%. É importante ter em mente esta característica uma vez que pacientes com neo- plasias em estágios avançados frequentemente desenvolvem quadros de desnutrição 13 e hipoalbuminemia, que podem levar à necessidade de readequação posológica frente às maiores concentrações de droga livre no plasma, a maioria dos opioides apresenta grande volume de distribuição, dependendo da lipofilicidade e de seus me- tabólitos. O fentanil e a metadona apresentam maior lipofilicidade (TRIVEDI et al., 2018). 3.5 Efeitos adversos São vários os efeitos colaterais associados ao uso dos opioides. Alguns efeitos adversos, como constipação, náusea e sedação são bastante comuns. Outros como prurido, mioclonias, disfunção cognitiva, delírio, retenção urinária e hiperalgesia são menos frequentes e correlacionam-se diretamente com a presença defatores de risco individuais, como idade avançada, déficit cognitivo prévio, desidratação e presença de insuficiência renal, por outro lado, a presença de alergia verdadeira e depressão respiratória (com exceção nos casos de franca overdose) é extremamente rara (TRI- VEDI et al., 2018, p. 1). Sedação: presente na maioria dos pacientes, especialmente após a dose ini- cial. Esse efeito adverso resolve-se geralmente em 3 a 4 dias pelo mecanismo de tolerância. Constipação: efeito adverso praticamente universal, o efeito dos opioides no plexo mioentérico causa redução na propulsão das fezes e aumento do tempo de transito intestinal, causando aumento da absorção hídrica e consequente resseca- mento das fezes, este mecanismo associado a outros fatores comuns em pacientes oncológicos como fraqueza, diminuição da ingesta e mobilidade reduzida entre outros, pode tornar a constipação um grande problema, para a constipação não existe tole- rância, o tratamento deve ser preventivo e todos os pacientes em uso de opioides devem receber laxativo estimulante como senna ou bisacodil associado a laxativo os- mótico como a lactulose ou leite de magnésia (TRIVEDI et al., 2018, p. 1). Náusea e vômito: aproximadamente 70% da população pode desenvolver náu- sea relacionada ao uso de opioide, particularmente no início do uso, novamente, a abordagem deve ser preventiva, pacientes orientados sobre a possibilidade de náusea geralmente toleram melhor e tem menor solicitação de antieméticos. Antieméticos que 14 agem em receptores dopaminérgicos (como o haloperidol, clorpromazina e metoclo- pramida) são mais efetivos que agentes anti-histamínicos como o dimenidrato, a náu- sea e vômito prolongados são raros, geralmente o sintoma regride após alguns dias, podendo recorrer após aumento da dose, em pacientes com náusea e vômito refratá- rios pode-se optar pela via parenteral ou transdérmica de administração ou adotar doses menores com titulação lenta e gradual (TRIVEDI et al., 2018, p. 1). 4 ESCALA DE COMA DE GLASGOW Fonte: meucerebro.com A Escala de Coma de Glasgow (ECG) define o nível de consciência mediante a observação do comportamento, baseando-se em um valor numérico é o sistema de pontuação mais utilizado internacionalmente para avaliação de pacientes comatosos em cuidados intensivos (MELO et al., 2019). Desenvolvida por Teasdale e Jennett em 1974, na Universidade de Glasgow, foi criada para padronizar as observações clínicas de adultos com TCE em estado grave, com alterações da consciência, a escala tinha o objetivo de minimizar a varia- ção entre observadores, permitir estudos comparativos sobre diferentes condutas e 15 ter um guia para estimar prognóstico, em1976, foi revisada com a adição de um sexto valor na resposta motora (MELO et al., 2019) A ECG proporciona uma abordagem padronizada e universal para monitorar e avaliar os achados da avaliação neurológica, é um instrumento clínico com grande valor preditivo e sensibilidade para avaliar pacientes com alterações do nível de cons- ciência em serviços de emergência, na atualidade, é utilizada mundialmente para a avaliação do nível de consciência, auxilia na determinação da gravidade do trauma, na interpretação do estado clínico e prognóstico do paciente e nas pesquisas clínicas de enfermagem (MELO et al., 2019). Como descrito por Melo et al. (2019) a ECG avalia a reatividade do paciente mediante a observação de três parâmetros: abertura ocular, reação motora e resposta verbal, a aplicação da ECG é aparentemente simples e deve ser feita com base no exame do paciente 6 horas após o trauma, o intervalo de 6 horas foi recomendado por seus autores, tendo em vista que durante as primeiras horas pós-trauma muitos pacientes são sedados para serem intubados, ou para alívio da dor, o que pode inter- ferir na pontuação obtida e na avaliação global do nível de consciência. Cada componente dos três parâmetros recebe um escore, variando de 3 a 15, sendo o melhor escore 15 e o menor, pacientes com escore 15 apresentam nível de consciência normal, pacientes com escores menores que são considerados em coma, representando estado de extrema urgência, é importante identificar em tempo hábil os pacientes com causa reversível e potencial para um resultado favorável, o escore 3 é compatível com morte cerebral, no entanto, para a confirmação de morte cerebral, há a necessidade de avaliar outros parâmetros (MELO et al., 2019, p. 1). O TCE é classificado em leve, moderado e grave, de acordo com a pontuação do nível de consciência, mensurado pela ECG, O TCE leve é definido como um déficit neurológico transitório resultante das forças de aceleração e desaceleração, o paci- ente apresenta história de náusea, vômito, cefaleia ou tontura, acompanhados de al- teração ou perda da consciência, amnésia pós-traumática com duração inferior a 15 minutos (MELO et al., 2019, p. 1). Os pacientes com TCE moderado, que representa aproximadamente 75% dos TCE, obedecem a ordens simples, porém estão confusos ou sonolentos, podendo apresentar déficit neurológico focal como hemiparesia, cerca de 10% a 20% dos pa- cientes com TCE moderado evoluem para coma e devem ser tratados como potencial 16 TCE grave, o protocolo de avaliação e tratamento para o grupo de pacientes com TCE é considerado controverso, durante muito tempo o TCE era classificado em leve se apresentasse escore entre 15 e 13 na ECG; os pacientes com escore entre 12 a 9 eram classificados como TCE moderado; os pacientes com TCE grave apresentavam escore de nível de consciência abaixo de 9 (MELO et al., 2019, p. 1). Nos últimos anos, alguns autores propuseram que pacientes com pontuação na ECG igual a 13 fossem incluídos como portadores de trauma moderado, em virtude de apresentarem prognóstico e risco de lesões intracranianas semelhantes aos apre- sentados pelos pacientes acometidos por trauma moderado, assim, a interpretação da escala muda para 15 a 14 em TCE leve, 13 a 9 em TCE moderado e 8 a 3 em TCE grave (MELO et al., 2019, p. 1). A evolução após o TCE está intimamente relacionada com a identificação pre- coce e precisa dos pacientes de alto risco, no entanto a avaliação do nível de consci- ência realizada por diferentes examinadores pode estabelecer um julgamento pes- soal, difícil de ser controlado, pesquisas internacionais compararam a interação dos escores da ECG realizada por diversos especialistas do setor de emergência, os re- sultados mostraram que grandes divergências são frequentes no que se refere à pa- ridade dos escores Rowley e Fielding perceberam que profissionais mais experientes fizeram medições mais precisas, o estudo concluiu que o grupo experiente e bem treinado pode usar a ECG com nível extremamente alto de confiabilidade e precisão. Os autores recomendaram treinamento e uso contínuo da escala para garantir a con- fiabilidade e precisão esperadas (SANTOS et al., 2013). Ao contrário dessas pesquisas, outro resultado mostrou altos índices de con- cordância entre observadores com diferentes experiências no uso da escala, demons- trando que a ECG tem boa confiabilidade entre observadores, apesar de ser ampla- mente utilizada, a ECG apresenta falhas ou limitações, entre elas a impossibilidade de avaliar a pontuação verbal em paciente intubado ou afásico, e exclui a avaliação dos reflexos do tronco cerebral, segundo Fischer et al., a escala possui confiabilidade interavaliador inconsistente. Para Muniz et al., a maior dificuldade é diferenciar os itens padrão flexor, retirada inespecífica e localiza estímulos, durante a avaliação da res- posta motora (SANTOS et al., 2013). 17 Fonte: www.fisiocti.com Porém, apesar de suas limitações, a escala é considerada padrão-ouro para avaliação de pacientes com TCE, a avaliação do nível de consciência deve ser um exame simples, objetivo, preciso e confiável, que possibiliteo emprego de conceitos semelhantes para facilitar a comunicação entre a equipe, assim, alguns estudos pro- puseram o uso de componentes simplificados da ECG como alternativa ao uso total da escala (SANTOS et al., 2013). 5 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Fonte: g1.globo.com 18 Todos os pacientes com suspeita de AVE devem ter a triagem priorizada e serem encaminhados diretamente à sala de emergência, independente da severidade dos déficits. A avaliação inicial hospitalar se inicia com o ABCDE e estabilização clínica, cerca de 85% dos AVE são isquêmicos, em torno 10% devido à hemorragia subaracnóidea, cada tipo com suas particularidades e etiologias, diagnóstico e tratamento (OLIVEIRA et al., 2017). A história clínica é crucial na avaliação de uma suspeita de AVE, sendo neces- sário o horário do início dos sintomas, ou quando foi visto a última vez em seu estado de saúde usual em pacientes que não consigam estabelecer um horário definido, a história deve ser obtida não somente com o paciente, mas também com familiares ou pessoas que presenciaram o evento quando possível (LIMA et al., 2016). Antecedentes pessoais e fatores de risco devem ser avaliados, assim com me- dicações e drogas em uso, traumatismos recentes, crises convulsivas ou cirurgias. Entre os fatores de risco destacam-se: AVE anterior, idade avançada, história familiar de AVE, alcoolismo, sexo masculino, hipertensão, tabagismo, hipercolesterolemia, di- abetes e alguns tipos de drogas (OLIVEIRA et al., 2017). Os sintomas iniciais ocorrem subitamente, geralmente incluem dormência, fra- queza ou paralisia dos membros contralaterais e da face; afasia; confusão; distúrbios visuais em um ou ambos os olhos (p. ex., cegueira monocular transitória); tontura ou perda de equilíbrio e de coordenação e cefaleia (LIMA et al., 2016). Outras manifestações, mais do que os déficits neurológicos, geralmente suge- rem o tipo de AVC, por exemplo, cefaleia grave e súbita pode resultar de hemorragia subaracnóidea, o comprometimento de consciência ou coma acompanhados com fre- quência de cefaleia, náuseas e vômito sugere aumento de pressão intracraniana que pode ocorrer 48 a 72 h após grandes AVC isquêmicos e precocemente em muitos AVC hemorrágicos; pode ocorrer herniação cerebral fatal (LIMA et al., 2016). 5.1 Acidente vascular isquêmico AVC isquêmico consiste em déficits neurológicos súbitos que resultam de is- quemia cerebral focal com infarto cerebral permanente (p. ex., RMN ponderada de difusão), as causas comuns são (em ordem decrescente): oclusão não trombótica de pequenas artérias corticais profundas (infarto lacunar); embolia de origem cardíaca; trombose arterial causando diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e embolia arterio- arterial, o diagnóstico é clínico, mas realiza-se TC ou RMN para confirmar a presença 19 e a extensão do AVC, a terapia trombolítica pode ser bastante útil em certos pacientes. Dependendo da causa do AVC, a endarterectomia da carótida, as drogas antiplaque- tárias ou a varfarina podem ajudar a reduzir o risco de AVC subsequentes (ROLIM; MARTINS, 2011). Em geral, refere Rolim e Martins (2011) a isquemia resulta da formação de trombos ou êmbolos, mesmo infartos classificados como lacunares com base em cri- térios clínicos (morfologia, tamanho e localização) em geral envolvem pequenos trom- bos ou êmbolos, os AVC embólicos ocorrem com frequência durante o dia; a cefaleia pode preceder os déficits neurológicos, trombos tendem a ocorrer durante a noite e, portanto, são notados ao despertar, os infartos lacunares podem produzir uma das síndromes lacunares clássicas (p. ex., hemiparesia motora pura, hemianestesia sen- sorial pura, hemiparesia atáxica, disartria-síndrome da mão desajeitada); sinais de disfunção cortical (p. ex., afasia) estão ausentes, os infartos lacunares múltiplos po- dem resultar em demência de múltiplos infartos. O diagnóstico é sugerido por déficits neurológicos súbitos atribuídos a um ter- ritório arterial específico, um AVC isquêmico deve ser distinguido de outras causas com déficits focais similares (p.ex., hipoglicemia, paralisia pós-ictal, AVC hemorrá- gico), cefaleia, coma ou estupor e vômito geralmente ocorrem com hemorragia, em- bora o diagnóstico seja clínico, a neuroimagem e o teste simples para glicose são obrigatórios, inicialmente, realiza-se a TC para excluir hemorragia intracerebral, he- matoma subdural ou epidural e um tumor de crescimento rápido, hemorrágico ou re- pentinamente sintomático (ROLIM; MARTINS, 2011). Na visão de Giraldo (2017) cerca de 50% dos pacientes com hemiplegia mode- rada ou grave e a maioria com déficits mais brandos podem cuidar de suas próprias necessidades básicas, possuem uma percepção sensorial definida e, com o tempo, podem caminhar de modo adequado, a recuperação neurológica completa ocorre em cerca de 10% dos pacientes, o uso do membro afetado pode ser limitado e a maioria dos déficits que permanecem após 12 meses é permanente, com frequência, ocorrem AVC subsequentes, e estes tendem a piorar a função neurológica, cerca de 20% dos pacientes morrem no hospital; a taxa de mortalidade aumenta com a idade. A prevenção da hipóxia é de grande importância, sendo indicado O2 suplemen- tar quando a oximetria for < 92% ou presença de hipoxemia, pacientes com rebaixa- 20 mento do nível de consciência ou sinais de comprometimento de tronco são candida- tos a intubação orotraqueal, deve-se obter 2 acessos venosos periféricos e hidratação adequada com cristaloides, evitando-se o uso de soluções glicosadas na ausência de hipoglicemia é indicada monitorização cardíaca contínua e da PA não invasiva pelo período mínimo de 24 h, com correções de eventuais arritmias, pode haver um au- mento transitório da PA na fase aguda do AVE isquêmico, na tentativa de manter a pressão de perfusão cerebral, não sendo recomendado tratamento para redução da PA, exceto em pressões extremamente elevadas ou nas emergências hipertensivas (GIRALDO, 2017). Fonte: circuitomt.com.br Febre é fator de piora no prognóstico no AVE isquêmico, devendo-se corrigir a hipertermia com medicações apropriadas (Tax < 37,5 °C), deve-se efetuar o controle glicêmico com objetivo de manter a glicemia em 80 – 140 mg/dl. A endarterectomia da carótida é indicada para pacientes com AVC recente não incapacitante atribuído a uma obstrução ipsilateral da carótida de 70 a 99% da luz arterial ou por uma placa ulcerada, se a expectativa de vida for de, pelo menos, 5 anos. Em outros pacientes sintomáticos (p. ex., pacientes com AIT), a endarterecto- mia, com ou sem terapia antiplaquetária, é indicada para obstrução da carótida ≥ 60%, 21 com ou sem ulceração e com expectativa de vida de, pelo menos, 5 anos, o procedi- mento deve ser realizado por cirurgiões que apresentem taxa de morbidez e mortali- dade inferior a 3% com o procedimento, no hospital onde será realizado, se a estenose carotídea é assintomática, a endarterectomia só é benéfica quando realizada por ci- rurgiões mais experientes, e esse benefício tende a ser pequeno, para muitos pacien- tes, o stent de carótida com dispositivo para proteção embólica (um tipo de filtro) é tão eficaz quanto a cirurgia (GIRALDO, 2017, p. 1). Drogas antiplaquetárias orais são usadas para prevenir AVC subsequentes (prevenção secundária). Podem ser utilizados 81 ou 325 mg de ácido acetilsalicílico, 1 vez/dia, 75 mg de clopidogrel, 1 vez/dia ou o produto combinado de 25 mg de ácido acetilsalicílico/200 mg de dipiridamol de liberação prolongada, 2 vezes/dia, em paci- entes que fazem uso de varfarina, as drogas antiplaquetárias aumentam ainda mais o risco de hemorragia e, portanto, em geral são evitadas; entretanto, às vezes o ácido acetilsalicílico é usado concomitante à varfarina em certos pacientes de alto risco. Evita-se a combinação de clopidogrel e ácido acetilsalicílico por nãoapresentar van- tagem sobre este último isoladamente na prevenção secundária do AVC, além de re- sultar em mais complicações hemorrágicas (GIRALDO, 2017, p. 1). 5.2 Acidente vascular hemorrágico O acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) se caracteriza pelo sangra- mento em uma parte do cérebro, em consequência do rompimento de um vaso san- guíneo, pode ocorrer para dentro do cérebro ou tronco cerebral (acidente vascular cerebral hemorrágico intraparenquimatoso) ou para dentro das meninges (hemorragia subaracnóidea) (CHONG, 2020). 22 Fonte: Barrow Neurological Institute A hemorragia intraparenquimatosa (HIP), é o subtipo mais comum de hemorra- gia cerebral, acometendo cerca de 15% de todos os casos de AVC, ocorre principal- mente em decorrência da hipertensão arterial ou de uma doença chamada angiopatia amiloide. Nestas doenças, as paredes das artérias cerebrais ficam mais frágeis e se rompem, causando o sangramento (CHONG, 2020). Na visão de Chong (2020) apresenta-se comumente como hemiparesia súbita com rebaixamento do nível de consciência devido à hipertensão intracraniana, po- dendo estar associado ou não à cefaleia, o diagnóstico é feito por meio da realização de exames de neuroimagem, como tomografia de crânio ou ressonância magnética, logo diante da suspeita clínica, ou seja, imediatamente na chegada ao hospital, no serviço de emergência, estes exames demonstram a localização e o tamanho da he- morragia. O tratamento pode ser cirúrgico ou clínico, dependendo do volume da lesão, da localização e da condição clínica do paciente, mesmo os pacientes tratados cirurgica- mente recebem todo o suporte clínico e de reabilitação, o tratamento cirúrgico visa a retirar o sangue de dentro do cérebro, em alguns casos, coloca-se um cateter para avaliar a pressão dentro do crânio, que aumenta por conta do inchaço do cérebro após o sangramento. Em algumas situações, o tratamento cirúrgico é decidido por esta me- dida e não realizado logo na entrada do paciente no hospital, principalmente porque alguns têm um novo sangramento poucas horas depois do primeiro (CHONG, 2020, p. 1). 23 O tratamento clínico tem o objetivo de controlar a pressão arterial, complica- ções como crises convulsivas e infecções, o cliente deve receber monitorização con- tínua, 02 suplementar se Sp 02 < 92%, controle glicêmico entre 80 – 140 mg/dl, con- trole da temperatura < 37,5°C, correção dos distúrbios metabólicos, controle da PA, analgesia e sedação se necessário, cabeceira elevada 30°, profilaxia para TVP a partir de 2 – 4 dias, o profissional médico deverá avaliar a necessidade de monitoramento da pressão intracraniana e terapias para a sua redução, os clientes sintomáticos de- vem receber medicações anticonvulsivante (CHONG, 2020, p. 1). A reabilitação deve ser iniciada tão logo a condição do paciente permita e é uma parte do tratamento no dizer de Chong (2020) como seu início depende das con- dições do paciente, somente deve ser feita quando não há perigo de piorar o estado neurológico ou clínico, um bom programa de reabilitação conta com uma equipe de fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem e terapia ocupacional, que deverá traçar um plano terapêutico individualizado, baseado nas sequelas neurológicas, garantindo a qualidade de vida do paciente. 6 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Fonte: cmosdrake 24 A Parada Cardiorrespiratória (PCR) representa um grande desafio para os que a presenciam, entende-se por PCR a cessação de atividades do coração, da circula- ção e da respiração, reconhecida pela ausência de pulso ou sinais de circulação, es- tando o paciente inconsciente, é o evento final de uma série de quadros clínicos que podem resultar em lesões cerebrais irreversíveis, caso não sejam tomadas as medi- das necessárias como as manobras de reanimação (MACHADO et al., 2020). Mesmo com os avanços dos últimos anos relacionados à prevenção e trata- mento, no Brasil, muitas mortes estão ocorrendo relacionadas à PCR súbita, para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com eficiência é necessário o re- conhecimento rápido e a realização das manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de compressões torácicas de boa qualidade, a PCR pode decorrer de um evento elétrico cardíaco, podendo ser caracterizado como uma taquicardia ven- tricular sem pulso, bradicardia, fibrilação ventricular, atividade elétrica sem pulso ou assistolia, a PCR contempla além da cessação súbita da atividade ventricular efici- ente, a parada da respiração (MACHADO et al., 2020). Segundo Machado et al. (2020) com o objetivo de reverter este colapso foi de- senvolvido o método de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que se refere às ten- tativas de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação universal (o que independe da causa base da PCR), com atualizações protocolares sistemáticas, ape- sar das atualizações serem algo mais recente, a RCP consiste em métodos contem- porâneos, o relato mais antigo sobre sua utilização está descrito no Velho Testamento, que descreve Eliseu, seguidor do profeta Elias, ressuscitando uma criança que estava aparentemente morta ao fazer ventilações em sua boca. A modernização da RCP ini- ciou-se em 1960 com os estudos de Kouwenhoven, Jude e Knickerbocker, que esti- pularam uma combinação de compressão fechada do tórax, respiração boca a boca e a desfibrilação externa, a partir desse momento, a RCP e as técnicas de Suporte Básico de Vida (SBV) salvaram muitas pessoas. 6.1 Suporte Básico de vida Em adultos recomenda-se o padrão CAB: Compressões torácicas: 25 Do ponto de vista de Victorelli et al. (2013) durante a RCP, os socorristas pre- cisam aplicar compressões eficazes a uma frequência (100 a 120/ minuto) e profundi- dade apropriadas, minimizando o número e a duração das interrupções nas compres- sões torácicas, outros componentes de uma RCP de alta qualidade compreendem obter o retorno total do tórax após cada compressão e evitar ventilação excessiva. Os socorristas devem aplicar compressões torácicas até uma profundidade de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio, evitando excesso na profun- didade das compressões torácicas (superiores a 2,4 polegadas (6 cm) os socorristas devem evitar apoiar-se sobre o tórax entre as compressões, para permitir o retorno total da parede do tórax em adultos com PCR, faz-se necessário também minimizar a frequência e a duração das interrupções das compressões aplicadas por minuto ( VIC- TORELLI et al., 2013). Vias aéreas: Extensão da cabeça e elevação do queixo. Tração anterior da mandíbula em caso de politrauma. Inspeção da cavidade oral, com retirada de corpo estranho. Ventilação: Ventilar adequadamente (2 respirações após 30 compressões, cada respiração administrada em 1 segundo, provocando a elevação do tórax). Choque: Em PCR de adultos presenciada, quando há um DEA disponível imediata- mente, deve-se usar o desfibrilador o mais rapidamente possível. Em adultos com PCR sem monitoramento ou quando não houver um DEA prontamente disponível, deve-se iniciar a RCP enquanto o desfibrilador é obtido e aplicado e tentar a desfibri- lação, se indicada, assim que o dispositivo estiver pronto para uso (VICTORELLI et al., 2013). Ventilação durante a RCP com via aérea avançada: 26 Fonte: opalert.com.au O socorrista pode administrar 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações por minuto), enquanto são aplicadas compressões torácicas contínuas (ou seja, du- rante a RCP com via aérea avançada). 6.2 Suporte Avançado de vida cardiovascular para adultos Entre as principais questões e alterações feitas nas recomendações da Atuali- zação das Diretrizes de 2015 para o suporte avançado de vida cardíaco estão: O uso combinado de vasopressina e epinefrina não oferece nenhuma vantagem em comparação ao usoda dose padrão de epinefrina em PCR e não oferece nenhuma vantagem sobre o uso isolado de epinefrina. Portanto, para simplificar o algoritmo, a vasopressina foi removida na Atualização de 2015 do Algoritmo de PCR em adultos. Em pacientes intubados, a incapacidade de obter um ETC02 superior a 10 mmHg por capnografia com forma de onda após 20 minutos de RCP 27 pode ser considerada para decidir quando terminar os esforços de res- suscitação, mas não deve ser utilizada isoladamente. A epinefrina pode ser administrada assim que possível após início de uma PCR por ritmo não chocável. Isso significa que não é necessário esperar nenhum momento em específico para se fazer a primeira dose da medicação. Essa recomendação está baseada em melhores desfe- chos quando a epinefrina é administrada precocemente na parada. Não há evidências fortes, porém, pode-se utilizar a lidocaína após o re- torno à circulação espontânea em casos de PCR por FV/TVSP. Outras medicações sem evidências fortes, mas que podem ser utilizadas pós PCR, são os betabloqueadores. Eles podem ser considerados (VO ou IV) em casos de pacientes hospitalizados pós PCR por FV/TVSP. Uma nova recomendação, porém, fraca, é o uso de corticoides na PCR intra-hospitalar. Nesses casos, baseado em um estudo randomizado, o que deve ser feito é uma combinação de vasopressina 20 UI + adrena- lina 1mg a cada 3 minutos, e no primeiro ciclo uma dose de metilpred- nisolona 40mg. Após retorno à circulação espontânea o paciente ainda deve ser mantido com hidrocortisona 300mg/dia por 7 dias. A dose padrão de Epinefrina é 1 mg a cada 3 a 5 minutos IV/IO e 2 a 2,5 mg endotraqueal, não há nenhuma evidência que respalde o uso rotineiro de atropina como pré-medicação para evitar bradicardia em intubações pediátricas de emergên- cia. Pode-se considerá-la em situações em que haja maior risco de bradicardia e não há evidência que respalde seu uso como pré-medicação para intubação de emergên- cia (BAUER, 2018). 6.3 Cuidados pós-pcr A angiografia coronária deve ser realizada em caráter de emergência para pa- cientes com suspeita de pcr de etiologia cardíaca e supra desnivelamento do seg- mento ST no ECG, a angiografia coronária de emergência é aconselhada para deter- minados pacientes adultos (exemplo, elétrica ou hemodinamicamente instáveis) que estejam em coma após uma pcr com suspeita de origem cardíaca, mas sem supra 28 desnivelamento do segmento ST no ECG. A indicação deste exame não depende de o paciente estar acordado ou em coma (BAUER, 2018). Conforme Bauer (2018) todos os pacientes adultos comatosos com retorno da circulação espontânea após a pcr devem ser submetidos ao controle direcionado da temperatura, tendo como temperatura-alvo entre 32ºC e 36ºC, mantida constante- mente durante pelo menos 24 horas, em pacientes comatosos deve-se evitar a febre ativamente após o controle da temperatura, não é recomendado o resfriamento pré- hospitalar rotineiro de pacientes com infusão rápida de fluidos EV frios após retorno da circulação espontânea. É aconselhável evitar e corrigir imediatamente a hipotensão (pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg, pressão arterial média inferior a 65 mmHg) durante os cuidados pós-pcr (BAUER, 2018, p. 1). 7 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Fonte: t1.uc.ltmcdn.com.pt.images Necrose de porção do miocárdio devido a uma perfusão de artéria coronária e repentina interrupção de fluxo sanguíneo ao tecido cardíaco, entre as causas desta- cam-se: acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, trombose arterial 29 coronariana, estresse, obesidade, sedentarismo, choque, tabagismo e hipertensão ar- terial (SANTOS et al., 2019, p. 1). A interrupção do fluxo de sangue para o coração pode acontecer de várias ma- neiras, a gordura vai se acumulando nas paredes das coronárias (artérias que irrigam o próprio coração), com o tempo, formam-se placas, impedindo que o sangue flua livremente, então, basta um espasmo provocado pelo estresse para que a passagem da circulação se feche, também pode ocorrer de a placa crescer tanto que obstrui o caminho sanguíneo completamente, ou seja, pode acontecer por entupimento - quando as placas de gordura entopem completamente a artéria, o sangue não passa, dessa forma, as células no trecho que deixou de ser banhado pela circulação acabam morrendo, a interrupção da passagem do sangue nas artérias coronárias também pode ocorrer devido contração de uma artéria parcialmente obstruída ou à formação de coágulos (trombose) (SANTOS et al., 2019, p. 1). Conforme Santos et al. (2019) a dor torácica é o sinal principal de um IAM, ela é tipicamente de pressão, lacerante ou compressiva, em regiões precordial, retroes- ternal ou epigástrica, que pode irradiar-se para o braço esquerdo ambos os braços e maxila inferior, queixas atípicas como dor epigástrica, indigestão, entre outras são fre- quentemente observadas em pacientes idosos, diabéticos, mulheres, jovens, portado- res de insuficiência renal crônica e demência. Para firmar o diagnóstico faz-se necessário analisar o eletrocardiograma, enzi- mas cardíacas, radiografia de tórax, hemograma, glicemia, ureia e creatinina. Terapia de suporte: Oxigenioterapia 2 a 4 L/minuto por cateter nasal, recomendada principalmente se a saturação arterial de oxigênio for < 90%, podendo manter mesmo sem hipoxemia por até 2-3 horas ou até omitida, instalação de monitor cardíaco e acesso venoso. Deve-se verificar os sinais vitais frequentemente, o estado neurológico e a dor (SAN- TOS et al., 2019). Terapia medicamentosa: Morfina 1-5 mg IV se não melhorar com nitrato. Pode repetir em 5-30 minutos. Nitrato sublingual (0,4 mg nitroglicerina ou 5 mg de isossorbida), máximo de 3 com- primidos em intervalos de 5 minutos. Contraindicações: bradicardia, hipotensão arte- rial e uso prévio de sildenafil e outros inibidores de fosfodiesterase nas últimas 24 horas (SANTOS et al., 2019). 30 AAS 200 – 300 mg macerado por via sublingual. Contraindicação: hipersensi- bilidade à droga, úlcera péptica grave, hepatopatia grave. Clopidogrel 300 mg de ataque e 75 mg/dia. Pacientes acima de 75 anos não devem receber dose de ataque. Heparina não fracionada bolus de 60 UI/kg IV, máximo 4000 UI, em bomba de infusão contínua IV 12 UI/kg/h, máximo de 1000 UI/h conforme prescrição médica. Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA), como captopril, ena- lapril, lisinopril e ramipril, frequentemente são prescritos após um ataque cardíaco. Eles ajudam a prevenir a morte e o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, parti- cularmente em pessoas que tiveram um ataque cardíaco fulminante ou com insufici- ência cardíaca. 8 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Fonte: 1.bp.blogspot.com 31 O trauma é a principal causa de morte em pessoas entre 1 e 44 anos, o trau- matismo crânio-encefálico (TCE) é o principal determinante de morbidade, incapaci- dade e mortalidade dentro deste grupo, o TCE grave está associado a uma taxa de mortalidade de 30% a 70%, e a recuperação dos sobreviventes é marcada por seque- las neurológicas graves e por uma qualidade de vida muito prejudicada, entende-se por TCE qualquer agressão de ordem traumática que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou seus vasos, no conjunto de lesões das causas externas, o TCE destaca-se em termos de magnitude e, sobretudo, como causa de morte e incapacidade (BORGES, 2020). Em todo o mundo, o trauma cranioencefálico (TCE) resulta em mortes ou defi- ciência, os fatores incluem batidas de veículos automotores e outras causas relacio- nadas com o transporte (p. ex., batidas de bicicleta, colisões com pedestres), quedas (principalmente em adultos mais velhos e crianças jovens), agressões e atividades esportivas (BORGES, 2020). A função cerebral pode serimediatamente alterada por lesão direta (p. ex., es- magamento, laceração) do tecido cerebral conforme Borges (2020) uma lesão poste- rior pode ocorrer logo após, em virtude da cascata de eventos desencadeada pela lesão inicial, qualquer tipo de TCE pode produzir edema nos tecidos lesados e dimi- nuição do fluxo sanguíneo no cérebro, a caixa craniana é fixada em tamanho (cons- trangida pelo crânio) e quase completamente preenchida de fluido não compressível (PIC) e minimamente compressível por tecido cerebral; consequentemente, qualquer edema ou hematoma, o qual não tenha onde se expandir, aumenta a PIC, o fluxo cerebral sanguíneo é proporcional à pressão de perfusão cerebral (PPC), que consiste na diferença entre pressão arterial média (PAM) e PIC média, dessa maneira, como a PIC aumenta (ou a PAM diminui), a PPC diminui. Quando ela é abaixo de cerca de 50 mmHg, o tecido cerebral pode tornar-se isquêmico. Isquemia e edema podem acionar vários mecanismos secundários à lesão (p. ex., liberação de neurotransmissores ex- citatórios, Ca intracelular, liberar radicais e citocinas), causando danos celular poste- rior, edema futuro e, posteriormente, aumento da PIC. Complicações sistêmicas ad- vindas de trauma (p. ex., hipotensão, hipóxia) também podem contribuir para isquemia cerebral, sendo chamadas com frequência de lesões cerebrais secundárias. Inicialmente, a PIC excessiva causa disfunção cerebral generalizada e, se não for aliviada, pode empurrar o tecido cerebral em toda a tenda cerebelar através do 32 forame magno, causando herniação e aumentando significantemente o risco de mor- bidade e mortalidade. Também, se a PIC aumenta ao mesmo tempo que a PAM, a PPC é anulada, o que resulta em isquemia cerebral completa e leva rapidamente à morte; ausência de fluxo sanguíneo craniano pode ser utilizada como critério para morte cerebral (BORGES, 2020). Inicialmente, a maioria dos pacientes com TCE moderado ou grave perde a consciência (normalmente por segundos ou minutos), embora com lesões menores, alguns façam apenas confusões ou tenham amnésia (a amnésia é normalmente re- trógrada e dura de segundos a algumas horas), crianças jovens podem simplesmente tornar-se irritáveis, alguns pacientes apresentam convulsão, normalmente na primeira hora ou dia, após esses sintomas iniciais, os pacientes devem estar totalmente acor- dados e alertas ou a consciência e a função podem ser alteradas em algum grau, variando de confusão leve a estupor e coma, a duração da falta de consciência e da gravidade do estupor são aproximadamente proporcionais à gravidade da lesão, po- rém não são específicas, alguns pacientes podem apresentar náuseas, vômitos, san- gramento e visão embaçada, a depender do tipo de TCE (BORGES, 2020, p. 1). Vômito pode indicar aumento de PIC, mas não é específico, o aumento mar- cante de PIC se manifesta classicamente como uma combinação de hipertensão (ge- ralmente com aumento da pressão arterial de pulso), bradicardia e depressão respi- ratória (tríade de Cushing); a respiração é normalmente lenta e irregular. Lesão cere- bral difusa grave ou PIC marcadamente aumentada podem produzir postura descorti- cada ou descerebrada. Ambas apresentam mau sinal de prognóstico (BORGES, 2020, p. 1). A Escala de Coma de Glasgow (ECG) consiste em um sistema de pontuação rápida e reprodutível para ser usado durante o exame inicial para estimar a gravidade do TCE, é baseada na abertura do olho, resposta verbal e melhores respostas moto- ras, uma pontuação de três pontos indica potencialmente uma lesão fatal, principal- mente se ambas as pupilas falharem ao responder às respostas de luz e as respostas oculovestibulares não existirem, pontuações iniciais maiores tendem a prever melhor recuperação, por convenção, a gravidade da lesão cerebral é inicialmente definida pela ECG (BORGES, 2020, p. 1). Pontuação de 14 a 15 consiste em TCE leve; Pontuação de 9 a 13 consiste em TCE moderada; 33 Pontuação de 3 a 8 consiste em TCE grave. No entanto, gravidade e prognóstico são previstos mais precisamente conside- rando-se também descobertas em TC e outros fatores, alguns pacientes com início de TCE moderada pioram e alguns pacientes com início de TCE leve deterioram, para bebês e crianças jovens, utiliza-se a Escala de Coma Modificada de Glasgow para Bebês e Crianças, como a hipóxia e hipotensão podem diminuir o escore da ECG, os valores após a ressuscitação de lesão cardiopulmonar são mais específicos para dis- função cerebral do que valores determinados antes da ressuscitação, da mesma forma, drogas sedativas podem diminuir os valores do ECG e devem ser evitadas antes da avaliação neurológica completa (BORGES, 2020, p. 1). O diagnóstico é feito por meio da tomografia computadorizada, escala de coma de Glasgow e avaliação geral e rápida do trauma. 8.1 Tratamento: Para lesões leves, alta hospitalar e observação; Para lesões moderadas e graves, otimização da ventilação, oxigenação e per- fusão cerebral: tratamento de complicações (p. ex., PIC aumentada, convulsões, he- matomas) e reabilitação (BARROS; MEJIA, 2019). A base do tratamento de todos os pacientes é a manutenção da ventilação adequada, oxigenação e perfusão cerebral para evitar lesão cerebral secundária., o monitoramento precoce agressivo de hipóxia, hipercapnia, hipotensão e aumento da PIC ajudam a evitar complicações secundárias, as hemorragias provenientes das le- sões (internas e externas) são rapidamente controladas e o volume intravascular é prontamente substituído por cristaloide (p. ex., solução salina a 0,9%) ou, às vezes, transfusão sanguínea para manter a perfusão cerebral. Fluidos hipotônicos (especial- mente soro glicosado a 5%) são contraindicados, pois contêm excesso de água livre, que pode aumentar o edema e PIC (BARROS; MEJIA, 2019). TCE leve: Na visão de Barros e Mejia (2019) a lesão é leve (por pontuação do ECG) em 80% dos pacientes que tiveram TCE e se apresentam no departamento de emergên- cia. Se houver breve ou nenhuma perda de consciência, se os pacientes tiverem sinais 34 vitais estáveis, TC cerebral normal e funções mental e neurológica normais, eles po- dem ter alta e ser observados por familiares ou amigos em domicílio por 24 h adicio- nais. Esses observadores são instruídos a retornar com os pacientes ao hospital se qualquer dos seguintes sintomas se desenvolverem: diminuição do nível de consciên- cia, déficits neurológicos focais, piora da dor de cabeça, vômito ou piora da função mental. Os pacientes que tiveram perda da consciência ou que apresentaram pequenas anormalidades na função mental ou neurológica e não podem ser observados de perto após alta hospitalar são geralmente observados no departamento de emergência ou durante a noite no hospital, com acompanhamento feito através da TC, de 4 a 8 h. Pacientes sem mudanças neurológicas, porém com pequenas anormalidades na TC cerebral (p. ex., pequenas contusões, pequenos hematomas subdurais sem efeito de massa ou pequena hemorragia subaracnoide traumática) podem precisar de um acompanhamento com TC cerebral dentro de 24 h. Com TC estável e resultados dos exames neurológicos normais, esses pacientes podem ter alta do hospital (BARROS; MEJIA, 2019). A lesão é moderada em 10% dos pacientes que tem TCE e se apresentam no departamento de emergência. Eles normalmente não requerem intubação e ventilação mecânica (ao menos que outras lesões se apresentem) ou monitoramento de PIC. No entanto, como a piora é possível, esses pacientes devem ser internados e observados mesmo se a TC for normal (BARROS; MEJIA, 2019). A lesão é grave em 10% dos pacientes que tem TCE e se apresentam no de- partamento de emergência como caracteriza Barros e Mejia (2019) eles são interna- dos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como os reflexos protetores da passagem do ar estão normalmente deficientes ea PIC está aumentada, eles são entubados com sonda traqueal enquanto medidas são tomadas para evitar aumento da PIC. O monitoramento cuidadoso é feito de forma contínua com o uso de ECG e resposta pupilar; TC é repetida, particularmente se houver aumento inexplicável de PIC. 35 Fonte: slideshare.net Pressão intracraniana aumentada: O tratamento para pacientes PIC aumentada inclui; Intubação orotraqueal em sequência rápida; Ventilação mecânica; Monitoramento de PIC e PPC; Sedação contínua conforme necessário; Manutenção da euvolemia e osmolaridade sérica de 295 a 320 mOsm/kg. Para PIC intratável aumentada, possivelmente drenagem do LCR (líquido ce- falorraquidiano), hiperventilação temporária, craniotomia descompressiva ou coma in- duzido por pentobarbital (WILBERGER; MAO, 2017). Pacientes com TCE que necessitam de suporte respiratório ou ventilação me- cânica são submetidos à intubação oral de sequência rápida (usando parálise) em vez da intubação nasotraqueal com paciente acordado, pois esta pode causar tosse e en- gasgo, causando, assim, o aumento da PIC. Drogas são usadas para minimizar o 36 aumento da PIC quando a passagem de ar é controlada – por exemplo, lidocaína, 1.5 mg/kg IV, 1 a 2 min antes de fornecer o paralisante, etomidato é uma boa escolha para indução do agente devido aos seus mínimos efeitos na PA; a dose IV em adultos é de 0,3 mg/kg (ou 20 mg para adulto de tamanho mediano) e, em crianças, é de 0,2 a 0,3 mg/kg. Uma alternativa, se a hipotensão estiver ausente ou for improvável, é propofol, 0,1 a 1,5 mg/kg, IV. Succinilcolina, 1,5 mg/kg IV, é tipicamente usada como paralisante (WILBERGER; MAO, 2017). Monitoramento e controle de PIC e PPC são recomendados em pacientes com TCE grave que não conseguem seguir comandos simples, especialmente aqueles com TC cerebral anormal, a meta é manter PIC < 20 mmHg e PPC o mais próximo de 60 mmHg. A drenagem cerebral venosa pode ser melhorada (e a PIC, portanto, redu- zida) elevando-se a cabeceira da cama a 30° e mantendo a cabeça do paciente na posição mediana. Se houver cateter no local, a drenagem do LCR pode abaixar a PIC. Como descrito por Wilberger e Mao (2017) os hematomas intracranianos po- dem requerer drenagem cirúrgica de sangue para prevenir ou tratar a mudança, com- pressão e herniação; portanto, consulta precoce com especialista em neurocirurgia é obrigatória. No entanto, muitos hematomas não necessitam de remoção cirúrgica. He- matomas intracerebrais pequenos raramente requerem cirurgia, os pacientes com he- matomas subdurais pequenos podem, com frequência, ser tratados sem cirurgia, os fatores que sugerem a necessidade de cirurgia incluem mudança da linha mediana do cérebro de > 5 mm, compressão das cisternas basais e piora nos achados do exame neurológico. Hematomas subdurais crônicos podem necessitar de drenagem cerebral, porém com muito menos urgência que os hematomas subdurais agudos. Hematomas epidurais grandes ou arteriais são tratados cirurgicamente, porém hematomas epidu- rais venosos pequenos podem ser acompanhados por TC em série. 37 9 PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS HEMORRÁGICAS Fonte: febrasgo,com.br Hemorragia digestiva alta A hemorragia digestiva alta é uma emergência clínica relativamente fre- quente, com gravidade que varia de episódios discretos até sangramentos que ameaçam a vida. Na maioria das vezes exterioriza-se como hematêmese (vômito de sangue "vivo" ou ‘borra de café’) e/ou melena (fezes enegrecidas e extremamente fétidas, decorrentes da ação das enzimas digestivas sobre a hemoglobina, transformando-a em hematina) (MARTINS et al., 2019). Tendo em vista a importância da doença ulcerosa péptica no conjunto das do- enças não varicosas que levam a hemorragia digestiva alta e o fato de que a conduta frente as demais causas ser semelhante, faz-se necessário abordar suas característi- cas de modo detalhado: Como descrito por Martins et al. (2019) a associação com drogas anti-inflama- tórias não hormonais (AINHS) é de aproximadamente 55% dos casos de úlceras san- grastes, é dose dependente e ocorre geralmente no primeiro mês de uso do medica- mento, sendo a grande curvatura do estômago o local mais frequente. Além dos AI- NHS, a associação de úlceras gástricas e duodenais com Helicobacter pylori está bem estabelecida. Aproximadamente 90 a 100% dos pacientes com úlcera duodenal, e 70 a 90% dos pacientes com úlcera gástrica apresentam Helicobacter pylori no estô- 38 mago. Está comprovado que o paciente com infecção por Helicobacter pylori não tra- tado e com antecedente de úlcera péptica hemorrágica tem maior risco de ressangra- mento do que o paciente tratado e com erradicação da bactéria. Deve-se inicialmente excluir uma possível fonte extra digestiva, bem como questionar a possibilidade de uma falsa hemorragia digestiva, como ocorre na evacu- ação de fezes pretas por ingestão de ferro, bismuto, carvão ou espinafre, outra condi- ção que pode ser confundida com hematêmese é o vômito de secreção de estase (MARTINS et al., 2019, p. 1). Confirmada a sua ocorrência, a avaliação clínica inicial e aferição do grau de sangramento são fundamentais na condução do tratamento da hemorragia digestiva. Quanto mais rápido o diagnóstico e o adequado tratamento, menor a mortalidade. Pela imprevisibilidade da evolução do quadro hemorrágico, todo paciente com hemor- ragia digestiva e instabilidade hemodinâmica deve ser considerado como tendo uma doença de risco alto e hospitalizado em regime de urgência, o primeiro passo e o mais importante na hemorragia digestiva aguda é equilibrar hemodinamicamente o paciente e só então preocupar com o diagnóstico e terapêutica específica posteriormente (MARTINS et al., 2019, p. 1). Segundo o autor acima o doente que se apresenta em choque (palidez cutane- omucosa, sudorese fria, pressão arterial sistólica menor que 80 mmHg, frequência cardíaca maior que 120 bpm) teve uma perda volêmica maior que 30%, a conduta imediata deve incluir a punção de uma veia calibrosa, infusão de solução cristaloide (soro fisiológico ou Ringer lactato) e colocação em posição de Trendelenburg, na ten- tativa de manter boa perfusão cerebral. Nestes casos, deve-se administrar fluidos até que seja atingida pressão sistólica de 100 mmHg. Se a hipotensão persistir após 2 litros de solução salina, a transfusão sanguínea deve ser imediatamente considerada. A restauração da pressão sanguínea não necessariamente implica na correção do choque, podendo persistir a má perfusão tecidual. Sinais de vasoconstricção periférica devem ser pesquisados. Quando o sangramento for grave ou o paciente for portador de outras patolo- gias de risco (insuficiência renal crônica, insuficiência coronariana, etc.) deve-se já de início repor sangue através de concentrado de hemácias. Na ausência de sangra- mento ativo, cada 300 ml de concentrado de hemácias (uma unidade) deverá elevar 39 cerca de 3% o hematócrito, e caso isto não ocorra possivelmente o sangramento per- manece. O objetivo é manter o paciente clinicamente estável e o hematócrito entre 25 e 30%, tendo em mente que nem sempre este valor traduzirá a perda sanguínea real, ao menos nas primeiras 24 horas (devido à hemoconcentração associada) (MARTINS et al., 2019, p. 1). Fonte: www.enfermeiroaprendiz.com.br 9.1 Endoscopia Digestiva de Emergência É o método de escolha para a avaliação do sangramento do trato digestivo superior, permite determinar a presença ou a ausência de sangramento ativo ou re- cente, a endoscopia está indicada em todos os casos de hemorragia digestiva e deve ser realizada o mais rápido possível nos pacientes com sinais de sangramento ativo e naqueles que não podem tolerar grande perda sanguínea, como por exemplo, os com insuficiência coronariana. A realização da endoscopia nas primeiras horas tam- bém pode evitarsobrecarga de volume associado com excesso de transfusão sanguí- nea (OLIVEIRA, 2019). Os benefícios da endoscopia digestiva alta superam em muito os riscos asso- ciados com este procedimento, como depressão respiratória, broncoaspiração e arrit- mia cardíaca (OLIVEIRA, 2019). 40 9.2 Terapêutica Farmacológica O tratamento medicamentoso é baseado fundamentalmente no uso de fárma- cos que provocam a neutralização da acidez gástrica. O fundamento teórico desta decisão clínica reside no fato de que a inibição da acidez gástrica, ou seja, a presença de valores de pH superiores a 6,0 facilitaria os mecanismos de coagulação, os siste- mas de reparação da mucosa, e impediria lise de um coágulo recém-formado. Diver- sos agentes farmacológicos incluindo antiácidos, antagonista dos receptores H2da histamina, sucralfato, inibidores da bomba de prótons têm sido avaliados, porém, ne- nhum até agora foi claramente efetivo, já que sempre estão associados ao tratamento endoscópico (TEIXEIRA, 2021, p. 1). Se a escolha for um antiácido, refere o autor acima, deve-se usar 15 a 30 ml de uma preparação potente administrados a cada hora ou de duas em duas horas. Se possível, esta quantidade pode ser melhor definida medindo-se o pH do suco gástrico imediatamente antes da próxima dose, devendo-se estar acima de quatro, os antago- nistas dos receptores H2 da histamina tem a vantagem de possuírem longa duração de ação e serem disponíveis na apresentação parenteral. Estas substâncias diminuem a secreção de ácido pela célula parietal, porém, não inibem a secreção ácida estimu- lada por alimentos ou pela pentagastrina. Recomenda-se preferencialmente a ranitidina na dose de 50 mg EV de 6/6 ho- ras ou infusão contínua de 6,25 mg por hora, associado com antiácidos, mais recen- temente tem-se usado o omeprazol ou pantoprazol, potentes inibidores da bomba de prótons, na tentativa de parada do sangramento ou para prevenir o ressangramento. Alguns estudos têm mostrado que o uso de 80 mg em "bolus", seguidos por infusão contínua de 8 mg/hora ou 40mg EV de 8 em 8 horas elevou o pH acima de 6 em todos os pacientes e conseguiu diminuir taxa de sangramento, número de procedimentos endoscópicos e cirurgia (TEIXEIRA, 2021, p. 1). Estes agentes são eficazes em aumentar a cicatrização de lesões pépticas gas- troduodenais após o sangramento, assim, uma vez controlado o sangramento agudo, os doentes devem receber um destes medicamentos ou uma combinação, por via oral, por um período mínimo de 4 a 8 semanas e controle ambulatorial neste período, a somatostatina e octreotida agem reduzindo o fluxo sanguíneo esplâncnico, além de 41 diminuir a secreção gástrica. Devem ser usadas em casos selecionados como tera- pêutica alternativa, por exemplo, em pacientes nos quais a cirurgia constitui grande risco. Recomenda-se o uso por um período de 48-72 horas, após "bolo" inicial de 250 µg EV de somatostatina ou 50 µg EV de octreotida. A dose de manutenção é de 3 mg de somatostatina ou 0,5 mg de octreotida em 250 ml de soro fisiológico a cada 12 horas (TEIXEIRA, 2021, p. 1). 9.3 Hemorragia Digestiva baixa Hemorragia digestiva baixa (HDB) é o sangramento agudo originário de lesão intestinal situada abaixo do ângulo de Treitz, é evento menos frequente que a hemor- ragia digestiva alta, acometendo preferencialmente indivíduos idosos, com idade mé- dia ao redor dos 60 anos, em 90% dos casos o sangramento cessa espontaneamente em 48 horas, a mortalidade é variável, em algumas séries pode chegar a 20% (AR- RAES, 2018). Em 8% até 12% dos pacientes com HDB a origem do sangramento não será demonstrada, apesar de investigação diagnóstica exaustiva, a hemorragia diverticular e a angiodisplasia são as duas causas mais frequentes de HDB aguda, as hemorroi- das e a neoplasia de cólon são responsáveis pelas causas mais comuns de HDB crô- nica, o tratamento é individualizado para cada caso, é de suma importância investigar a quantidade de sangue perdido e sua repercussão hemodinâmica. Devem-se instituir medidas com o propósito de realizar a reposição volêmica e corrigir os distúrbios as- sociados (ARRAES, 2018). O tratamento cirúrgico de emergência é necessário para cerca de 10 a 25% dos pacientes e as indicações mais frequentes são: instabilidade clínica não reversível e indisponibilidade de arteriografia, necessidade de mais de 2 litros de transfusão san- guínea em 24 horas, sangramento contínuo por 72 horas e pacientes com graves co- morbidades (ARRAES, 2018). 42 9.4 Epistaxe Epistaxe (do grego, epi = sobre e stag = gotejar) é uma alteração da hemostasia nasal. Trata-se da mais frequente urgência Otorrinolaringológica apresentando preva- lência entre 10% e 12%. Estima-se que cerca de 60% das pessoas no mundo apre- sentaram ou apresentarão epistaxe ao menos uma vez na vida, sendo que a grande maioria dos episódios é autolimitada, não necessitando intervenção médica. Apenas 6% dos episódios de epistaxe necessitam auxílio médico para conter o sangramento e, destes, somente 1% necessita internação hospitalar. Mesmo assim, cerca de 4% dos casos atendidos em serviços de alta complexidade de urgência e emergência são epistaxes, representando a principal causa de sangramento e um dos dez diagnósti- cos mais comuns em urgência e emergência otorrinolaringológica (GOTO; ABDO, 2008). Na visão de Goto e Abdo (2008) a vascularização nasal tem como principais características o suprimento de dois sistemas vasculares (carotídeo externo e interno) e as múltiplas anastomoses existentes entre estes sistemas na mucosa nasal ,o sis- tema da artéria carótida externa é o principal responsável pelo fluxo sanguíneo no nariz, via artéria maxilar, que entra na fossa pterigopalatina e termina como artéria esfenopalatina, e da artéria facial, que dá o ramo labial superior que penetra na cavi- dade nasal e se distribui na parte anterior do nariz. O tratamento pode variar de acordo com a gravidade e localização do sangra- mento. Mas a experiência do médico é fundamental na tomada de conduta, principal- mente nos casos mais graves, o ABC básico é sempre a avaliação inicial, garantir a via aérea com intubação orotraqueal ou traqueostomia pode ser necessário nos casos de choque hemorrágico, oxigenação é importante principalmente nos cardiopatas. Acesso venoso calibroso é fundamental nos pacientes com sangramento ativo in- tenso, ao puncionar a veia, colhe-se sangue para hemograma, coagulograma e tipa- gem sanguínea e se inicia hidratação vigorosa quando há repercussão hemodinâmica (GOTO; ABDO, 2008). Sempre que possível, manter o paciente sentado, para evitar deglutição de co- águlos, aspiração nasal cuidadosa dos coágulos melhora bastante a visualização da cavidade nasal, mas é fundamental a utilização de cotonoides embebidos em solu- ções tópicas vasoconstritoras (adrenalina 1:100.000, fenilefrina 1% ou oximetazolina 43 0,05%) associadas a anestésicos (lidocaína 2% ou neotutocaína 2%). O paciente com epistaxe costuma estar extremamente ansioso, com hipertensão arterial secundária à ansiedade, o que piora o sangramento. Manter a calma e tentar acalmar o paciente são ações necessárias. Compressas geladas sobre o dorso nasal auxiliam, pois têm efeito vasoconstritor. Compressão digital com o polegar e o indicador se constitui na primeira medida a ser tomada, enquanto outras medidas são preparadas, ao menos cinco minutos de compressão devem ser efetuadas para tentativa de hemostasia (GOTO; ABDO, 2008). A cauterização nasal na opinião de Goto e Abdo (2008) pode ser usada para tratamento de sangramentos anteriores quando o ponto de sangramento é visível pela rinoscopia anterior. Porém, com o uso do endoscópio nasal, sangramentos posteriores também podem ser abordados com a cauterização. A cauterização pode ser química, com ácido tricloroacético ou nitrato de prata, ou elétrica, com eletrocautério
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