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SUMÁRIO 1 PROTOCOLO DE PARADA CÁRDIORRESPIRATÓRIA EM CONSONÂNCIA COM A AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA) DE OUTUBRO DE 2010 .......................................................................................... 3 1.1 Atendimento Cardíaco De Emergência Em Hospital ................... 5 1.2 Ênfase Permanente Em Rcp De Alta Qualidade ......................... 7 1.3 Alteração De A-B-C Para C-A-B .................................................. 8 1.4 Terapia Elétrica ......................................................................... 10 1.5 Fibrilação Ventricular / Taquicardia Ventricular Sem Pulso (Fv/Tv) 15 1.6 Cuidados Pós Pcr ...................................................................... 21 2 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS ............................... 25 2.1 Acidente Botrópico .................................................................... 26 2.2 Acidente Crotálico ..................................................................... 31 2.3 Escorpionismo ........................................................................... 36 2.4 Araneísmo ................................................................................. 39 2.5 Acidentes Por Abelhas .............................................................. 45 3 TRATAMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM QUEIMADURAS E INTOXICAÇÕES ............................................................... 47 3.1 Tratamento Imediato De Emergência ........................................ 47 3.2 Tratamento Na Sala De Emergência ......................................... 47 3.3 Profundidade Da Queimadura ................................................... 48 3.4 Extensão Da Queimadura (Superfície Corpórea Queimada – SCQ) 49 3.5 Gravidade Da Queimadura ........................................................ 49 3.6 Cálculo Da Hidratação............................................................... 50 3.7 Tratamento Da Dor .................................................................... 50 3.8 Medidas gerais imediatas e tratamento da ferida ...................... 51 3.9 Trauma elétrico: ........................................................................ 52 3.10 Queimadura química .............................................................. 53 3.11 Infecção da área queimada .................................................... 54 3.12 Critérios de transferência de pacientes para unidades de tratamento de queimaduras .......................................................................... 55 4 AFOGAMENTO ............................................................................... 55 4.1 Fisiopatologia ............................................................................ 56 4.2 Hipotermia ................................................................................. 57 4.3 Aspiração De Líquidos .............................................................. 58 4.4 Lesões Associadas ................................................................... 58 4.5 Sinais E Sintomas ..................................................................... 58 4.6 Diagnóstico ................................................................................ 59 4.7 Prognóstico ............................................................................... 60 4.8 Tratamento ................................................................................ 60 4.9 Cuidado hospitalar .................................................................... 61 4.10 Liberação ............................................................................... 62 4.11 Prevenção .............................................................................. 63 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 65 1 PROTOCOLO DE PARADA CÁRDIORRESPIRATÓRIA EM CONSONÂNCIA COM A AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA) DE OUTUBRO DE 2010 Fonte: www.abc.med.br Protocolo revisado e atualizado por: Dr. Júlio César Matte – Especializando em Cardiologia - Junho/2007. Supervisionado por Prof. Dr. Murilo Guérios Bittencourt. Dra. Amélia Cristina Araújo, Dra. Fernanda M. Martelli, Dra. Katia V. Iwanowski Bumlai, Dr. José Eduardo Marquesini, Dr. Paulo C. Banof - Especializandos de Cardiologia - Agosto/2008. Supervisionado por Prof. Dr. Murilo Guérios Bittencourt. Dra. Daniane Rafael (Residente em Cardiologia), Dra. Larissa Madureira (Especializanda em Cardiologia), Dra. Sabrina Pinto Coelho (Residente em Cardiologia) – Dezembro/2012. Supervisionadas por Dra. Luciana de Cerjat B. Pereira da Cunha e Dr. Paulo Roberto Marquetti. O protocolo segue as modificações implantadas pela American Heart Association (AHA) em Outubro de 2010 a respeito das condutas de Advanced Cardiovascular Life Suport (ACLS): 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care As modificações no tratamento da Parada Cardio-Respiratória foram idealizadas para minimizar as interrupções das compressões torácicas. Aplicação de ACLS eficaz começa com BLS (Basic Life Suport) de qualidade, principalmente com realização de Reanimação Cardio-Pulmonar (RCP) de alta qualidade, com compressões com frequência e profundidade adequadas, aguardando completo retorno do tórax, minimizando interrupções nas compressões e evitando ventilação excessiva. Deve-se minimizar o intervalo entre a pausa nas compressões e os choques. Fonte:cardiopapers.com.br A avaliação da respiração "Ver, ouvir e sentir” foi removida do algoritmo de SBV. As novas diretrizes minimizam a importância de checar o pulso por profissionais de saúde treinados. A detecção do pulso pode ser difícil mesmo para provedores experientes, principalmente quando a pressão arterial está muito baixa. Quando for executada, a checagem do pulso não pode levar mais que 10 segundos. Trate o paciente, não o monitor. Via aérea permeável, ventilação, oxigenação, compressões torácicas e desfibrilação são mais importantes do que a administração de medicamentos e são prioritárias sobre obter um acesso venoso ou injetar agentes farmacológicos. Via aérea permeável (ou definitiva, ou protegida - intubação orotraqueal) pode não ser alta prioridade. Algumas medicações podem ser administradas via cânula endotraqueal, mas a dose deve ser de 2 a 2,5 vezes a dose endovenosa (EV). A administração de medicamentos EV ou IO (intraósseo) é preferível à via cânula endotraqueal. As medicações EV devem ser administradas rapidamente, em bolus. Após cada medicação IV, injetar um bolus de 20 a 30 mL de SSI EV e elevar, imediatamente, a extremidade – isto irá facilitar a chegada de drogas na circulação central (a qual pode levar 1 a 2 minutos). O profissional de saúde deve verificar rapidamente se não há respiração ou se a mesma é anormal (isto é, não respirando ou apenas com gasping) ao verificar a capacidade de resposta da vítima. Em seguida, o profissional deve acionar o serviço de emergência/urgência e buscar o DEA/DAE (ou encarregar alguém disso). O profissional de saúde não deve levar mais do que 10 segundos verificando o pulso e, caso não sinta o pulso em 10 segundos, deve iniciar a RCP e usar o DEA/DAE, se disponível. Fonte:www.medicinageriatrica.com.br 1.1 Atendimento Cardíaco De Emergência Em Hospital 1. AVALIE A RESPONSIVIDADE * Se não responsivo: CHAME O CARRINHO DE PARADA 2. PEÇA UM DESFIBRILADOR 3. AVALIE A CIRCULAÇÃO (palpar pulso carotídeo) * Se pulso ausente: INICIAR REANIMAÇÃO CARDIO-PULMONAR 4. PARADA CARDÍACA ASSISTIDA * SE SIM: INSTALE O MONITOR/DESFIBRILADOR tão logo ele chegue. Verificar o ritmo e seguir o protocolo apropriado conforme o ritmo. *SE NÃO: Realizar 5 ciclos (ou 2 minutos) de REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR e somente após esses 5 ciclos verificaro ritmo e seguir o protocolo apropriado conforme o ritmo. Fonte:brasiltelemedicina.com.br Fonte:i0.wp.com Fonte:agenciaaltercom.files.wordpress.com 1.2 Ênfase Permanente Em Rcp De Alta Qualidade Frequência de compressão mínima de 100/minuto (em vez de "aproximadamente" 100/minuto); Profundidade de compressão mínima de 2 polegadas (5 cm), em adultos; Retorno total do tórax após cada compressão; Minimização das interrupções nas compressões torácicas; Evitar excesso de ventilação; Relação compressão-ventilação de 30:2; Alterne a pessoa que faz compressões a cada 2 minutos; As terapias são concebidas por períodos (5 ciclos ou 2 minutos) de RCP ininterrupta; A RCP deve ser iniciada imediatamente após o choque; O ritmo é verificado após completado 5 ciclos de 30 compressões e 2 ventilações Quando uma via aérea permeável for estabelecida, as compressões torácicas externas devem ser feitas ininterruptamente a uma frequência de 100 compressões por minuto e as ventilações a uma frequência de 8 a 10 ventilações por minuto. Observar que não se deve interromper as compressões torácicas para efetuar-se a ventilação. Dois ou mais socorristas devem fazer rodízio a cada 2 minutos entre o massageador e quem ventila no momento de checagem do ritmo (cada 2 minutos). Esse rodízio tem como propósito a manutenção da qualidade da massagem torácica externa. 1.3 Alteração De A-B-C Para C-A-B A sequência para atendimento recomendada para um socorrista que atua sozinho foi modificada. A recomendação é que ele inicie as compressões torácicas antes da ventilação de resgate. A antiga sequência A-B-C (Vias Aéreas - Boa ventilação - Compressão Torácica) agora é C-A-B. A vasta maioria das PCRs ocorre em adultos, e as taxas mais altas de sobrevivência à PCR envolvem pacientes de todas as faixas etárias cuja parada/paragem foi presenciada por outras pessoas, com ritmo inicial de fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) sem pulso. Nesses pacientes, os elementos iniciais críticos de SBV são compressões torácicas e a desfibrilação precoce. Fonte:www.omicrono.com Na sequência A-B-C, as compressões torácicas, muitas vezes, são retardadas enquanto o socorrista abre a via aérea para aplicar respiração boca a boca, recupera um dispositivo de barreira ou reúne e monta o equipamento de ventilação. Com a alteração da sequência para C-A-B, as compressões torácicas serão iniciadas mais cedo e o atraso na ventilação será mínimo. Logo, a respiração é rapidamente verificada como parte da verificação da PCR. Após a primeira série de compressões torácicas, a via aérea é aberta e o socorrista aplica 2 ventilações. O suporte básico de vida, normalmente, é descrito como uma sequência de ações, e isso continua válido para o socorrista que atua sozinho. A maioria dos profissionais de saúde, contudo, trabalha em equipe, cujos membros, geralmente, executam as ações de SBV simultaneamente. 1.4 Terapia Elétrica A ênfase na desfibrilação precoce integrada com RCP de alta qualidade é a chave para melhorar a sobrevivência à PCR súbita. Profissionais de saúde tratando PCR em hospitais ou outras instituições com DEAs/DAE ou desfibriladores no local devem aplicar a RCP imediatamente e usar o DEA/DAE/desfibrilador tão logo o equipamento esteja disponível. Quando a PCR não for presenciada, a equipe do SME deve iniciar RCP (se já não estiver sendo realizada pelo leigo) enquanto o DEA verifica o ritmo. Nestes casos, pode-se considerar 1 a 3 minutos de RCP antes do primeiro choque de desfibrilação. Uso de DEAs/DAEs em hospitais: os DEAs/DAEs podem ser considerados para o ambiente hospitalar como forma de facilitar a desfibrilação precoce (meta de administração de choques em ≤ 3 minutos do colapso), especialmente nas áreas cujo pessoal não esteja capacitado para reconhecer ritmos ou em que o uso de desfibriladores não seja frequente. Os hospitais devem monitorar os intervalos entre o colapso e o primeiro choque e os resultados da ressuscitação. Quando a checagem de ritmo aponta FV/TV sem pulso o socorrista deve realizar RCP até que o desfibrilador esteja carregado e todos estejam afastados para então disparar o choque. Em PCR súbita no hospital, há pouca evidência para sustentar ou refutar a RCP antes da desfibrilação. Contudo, em pacientes monitorizados, o tempo da FV /TV sem pulso até a administração do choque deve ser inferior a 3 minutos, devendo-se aplicar a RCP enquanto o desfibrilador é preparado. Recomendação de um só choque acompanhado de RCP imediata em vez de choques consecutivos, como tentativa de desfibrilação. O desfibrilador disponível na UCO é bifásico e o choque recomendado para FV/TV é 200J. Na ausência de desfibriladores bifásicos, é aceitável o uso de desfibriladores monofásicos. Se desconhecida, usar o máximo disponível. A segunda carga e as subsequentes devem ser equivalentes. Para facilitar a colocação e o treinamento, a posição da pá anterolateral segue o posicionamento lógico padrão de eletrodos. Qualquer uma das três posições alternativas da pá (anteroposterior, infra escapular anteroesquerda e infra escapular anterodireita) podem ser consideradas, segundo as características de cada paciente. A colocação das pás do DEA/DAE no tórax desnudo da vítima, em qualquer uma das quatro posições da pá, é aceitável para a desfibrilação. A pressão em ambas as pás do desfibrilador deve ser de aproximadamente 12 kg. Imediatamente após liberação do choque elétrico, reiniciar RCP (começando pelas compressões torácicas), sem atraso, e continuar por 5 ciclos (ou por 2 minutos se há uma via aérea permeável). A verificação do ritmo deve ser feita após 5 ciclos completos de RCP ou 02 minutos. Estabelecimento de acesso endovenoso EV é importante, mas não deve interferir com a RCP e com as desfibrilações. CUIDADOS GERAIS: Usar gel condutor; Se a vítima molhada – secar, evitar o tecido mamário; Em portadores de marca-passo respeitar distância de 8 cm; Ênfase na necessidade de reduzir o tempo entre a última compressão e a administração do choque e o tempo entre a administração do choque e o reinício imediato das compressões. SUPORTE AVANÇADO DE VIDA CARDIOVASCULAR – SAVC O algoritmo de PCR tradicional foi simplificado e um esquema conceitual alternativo foi criado para enfatizar a importância da RCP de alta qualidade. Há uma maior ênfase na monitorização fisiológica, para otimizar a qualidade da RCP e detectar o RCE. Os algoritmos de SAVC utilizam formatos simples com enfoque nas intervenções de maior impacto sobre o resultado. Com esse fim, enfatizou-se a aplicação de RCP de alta qualidade e desfibrilação precoce para FV/TV sem pulso. O acesso vascular, a administração de fármacos e a colocação de via aérea avançada, embora ainda recomendados, não devem causar interrupções significativas nas compressões torácicas, nem retardar os choques. O momento de iniciar drogas vasopressoras é geralmente após o 1º ou 2º choques mais RCP. Não deve ser interrompida a RCP para se administrar medicações. A droga deve ser administrada sempre que possível logo após a checagem do ritmo. VIAS DE ACESSO Acesso venoso periférico é preferencial; As medicações EV devem ser administradas rapidamente, em bolus. Após cada medicação IV, injetar um bolus de 20 a 30 mL de SSI EV e elevar, imediatamente, a extremidade – isto irá facilitar a chegada de drogas na circulação central (a qual pode levar 1 a 2 minutos). Endovenoso, intraósseo e endotraqueal; Várias medicações podem ser administradas via cânula endotraqueal, mas a dose deve ser de 2 a 2,5 vezes a dose endovenosa (EV). Diluir em 10ml SSI e realizar hiperventilação; A administração de medicamentos EV ou IO (intraósseo)é preferível à via cânula endotraqueal; Intraósseo: zona vascular da medula óssea, agulha específica. Puncionar na tíbia 1 a 3cm abaixo da tuberosidade, em direção ao pé, ângulo de 60 graus. Todas as medicações podem ser utilizadas nas dosagens preconizadas para via intravenosa. Fonte:www.amaconsultoria.com.br INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL Após a inserção da cânula orofaríngea deve-se insuflar o “cuff” com pressão adequada e verificar-se o posicionamento correto. Utiliza-se o método clínico: ausculta dos 4 campos pulmonares (bases direita e esquerda, ápices direito e esquerdo) e o foco gástrico para descartar-se entubação esofágica. Uma vez que o som está audível e simétrico em todos os quatro campos pulmonares e ausente do foco gástrico, considera-se que, a princípio, a entubação está adequada e pode ser fixada a cânula pela equipe de enfermagem. Caso haja ausculta somente em campos pulmonares direitos sugere entubação seletiva em brônquio fonte direito. Desinsufla-se o “cuff” e procede-se a tração de poucos centímetros na cânula. Na ausência de som à ausculta pulmonar e presença de som de “borbulhar” no foco gástrico estamos frente a uma entubação esofágica. Desinsuflar o “cuff”, retirar imediatamente a cânula e prosseguir a RCP para oxigenação adequada da vítima e nova tentativa após 2 minutos de RCP. O ACLS preconiza o uso de dispositivos de verificação, além da verificação clínica: detector de CO2 exalado ou detector esofagiano. Porém, tais dispositivos não são de fácil acesso na nossa rotina de atendimento. Lembrar sempre que uma entubação a princípio bem sucedida deve ser monitorizada continuamente, pois há o risco de deslocamento da cânula e outras intercorrências passíveis de intervenção. O uso de pressão crinoide durante as ventilações, em geral, não é recomendado. Equipamentos adjuntos de via aérea: Via aérea orofaríngea (cânula de Guedel) – em pacientes inconscientes quando os procedimentos de abertura da via aérea não conseguem manter via aérea clara e desobstruída; Dispositivos de aspiração devem estar disponíveis; Canula nasofaringe / Mascara laríngea: opções a entubação orotraqueal, requerem experiência DROGAS A atropina não é mais recomendada para uso de rotina no tratamento da atividade elétrica sem pulso (AESP)/assístolia. ANTIARRÍTMICOS Nos últimos anos o seu benefício vem sendo cada vez mais questionado. Na realidade, não existe nenhuma evidência de que a utilização rotineira de qualquer antiarrítmico aumente a taxa de sobrevida em termos de alta hospitalar. Entretanto os antiarrítmicos ainda devem ser considerados no atendimento. AMIODARONA: Antiarrítmico de 1ª escolha, aumenta a taxa de RCE Dose: 300 mg EV/IO em bolus, podendo ser repetida na dose de 150mg. Após retorno da circulação espontânea iniciar infusão contínua de 1 mg/Kg/h nas primeiras 6 horas; e continuar com 0,5 mg/Kg/h nas próximas 18 horas. LIDOCAÍNA - Na falta de amiodarona pode-se utilizar lidocaína - 1,0 a 1,5 mg/Kg IV em bolus, podendo ser repetida após 5 a 10 minutos na dose de 0,5-0,75 mg/kg, até uma dose máxima de 3 mg/Kg. Após retorno da circulação espontânea iniciar infusão contínua de 2 a 4 mg/minuto nas primeiras 24hs; Estar atento para convulsões, comprometimento respiratório e outros sinais de toxicidade nos pacientes que recuperam a circulação espontânea, após o uso de altas doses de lidocaína. SULFATO DE MAGNÉSIO Indicado para casos de Torsades de pointes associadas a um intervalo QT prolongado Dose: 1 a 2g diluídos em 10 ml de solução de glicose a 5%, administrada bolus IV/IO em 5 a 20 minutos. CAPNOGRAFIA A capnografia quantitativa com forma de onda é recomendada para a confirmação e a monitorização do posicionamento do tubo endotraqueal e a qualidade da RCP 1.5 Fibrilação Ventricular / Taquicardia Ventricular Sem Pulso (Fv/Tv) Fonte:geicpe.tripod.com Faz-se Adrenalina 1 mg a cada 3 a 5 minutos. A droga deve ser administrada sempre que possível logo após a checagem do ritmo. A Vasopressina pode substituir uma dose de Epinefrina – dose de 40U. Quando a FV/TV persiste após 2 ou 3 choques e administração de adrenalina considerar uso de antiarrítmico como a amiodarona. Se um ritmo não chocável está presente no monitor e o ritmo é organizado, verificar o pulso. Checagem de ritmo deve ser breve e a verificação de pulso somente será feita caso haja um ritmo organizado no monitor/pás. Se houver qualquer dúvida acerca da presença do pulso retome a massagem cardíaca externa e siga o algoritmo até a próxima verificação. ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO (AESP) Fonte:myblogsauderespeito.blogspot.com.br A AESP representa um grupo heterogêneo de ritmos organizados e semiorganizados, mas sem pulso palpável que incluem ritmos idioventriculares, ritmos de escape ventriculares, ritmos idioventriculares pós desfibrilação e ritmos bradissistólicos. O ritmo sinusal também pode ser AESP Antigamente chamado de dissociação eletromecânica – atividade elétrica no monitor sem função contrátil aparente. Existe atividade mecânica, porém essas contrações não produzem débito cardíaco suficiente para produzir uma pressão sanguínea detectável pelos métodos clínicos usuais. O principal ponto crítico nestas arritmias é que elas estão frequentemente associadas a um estado clínico específico, que pode ser revertido quando identificado precocemente e tratado apropriadamente. A ausência de pulso detectável e a presença de algum tipo de atividade elétrica definem este grupo de arritmias. Os pacientes têm resultados ruins, importante identificar e tratar causas reversíveis Hs e Ts: Hipovolemia Tóxicos Hipóxia Tamponamento cardíaco Hidrogênio (acidose) Tensão no tórax (pneumotórax) Hipo/Hipercalemia Trombose coronária Hipotermia Trombose pulmonar ASSISTOLIA Fonte:2.bp.blogspot.com Usualmente, ASSISTOLIA representa extensa isquemia miocárdica, decorrente de prolongados períodos de inadequada perfusão coronária. A taxa de sobrevida de parada cardíaca em assistolia é sombria. Durante a tentativa de ressuscitação breves períodos de complexos organizados podem aparecer na tela do monitor, mas raramente a circulação espontânea é restabelecida. Como na AESP o objetivo da ressuscitação é identificar e tratar causas reversíveis. Pacientes em AESP ou Assistolia não se beneficiam de desfibrilação. O foco da ressuscitação é na RCP de alta qualidade com mínimas interrupções e a identificação de causas tratáveis e reversíveis. Se um ritmo organizado está presente, tentar palpar pulso. Se nenhum pulso está presente (ou se há dúvida quanto à existência de pulso), continuar RCP. Se pulso está presente, o socorrista deve identificar o ritmo e tratá-lo apropriadamente. Protocolo da “Linha Reta” Ao observar uma “linha reta”, não presuma logo assistolia. Verificar o protocolo da linha reta para identificar ou descartar causas de um ECG isoelétrico: Derivações soltas / Não conectado ao paciente / Não conectado ao desfibrilador/monitor Sem energia / Ganho do sinal muito baixo FV/TV sem pulso isoelétrica ou FV/TV sem pulso oculta Se em pás fazer uma rotação de 90º para verificar se há vetor de FV (pá do esterno superior direito para o esterno superior esquerdo; pá do ápex esquerdo para a borda inferior direita do esterno). E por fim diagnóstico de ASSISTOLIA verdadeira (ausência total de atividade elétrica cardíaca). Fatores precipitantes de Assistolia / AESP e seu tratamento Condição ECG / monitor História e exame Intervenções Hipovolemia Complexo estreito Frequência rápida História, veias dopescoço planas Infusão de volume Hipóxia Frequência lenta Cianose, problemas com a via aérea, gasometria Oxigenação, ventilação, via aérea avançada Hidrogenio (acidose) Complexos QRS de menor amplitude Histórico de diabetes, acidose preexistente responsiva a bicarbonato, insuficiência renal Ventilação Bicarbonato de sódio Hipercalemia Ondas T mais altas e com pico, ondas P se tornam menores, QRS se alarga, AESP com onda senoidal História de insuficiência renal, diabetes, diálise recente, fístulas para diálise, medicações Gluconato de cálcio, bicarbonato de sódio, glicose + insulina, salbuterol Hipocalemia Ondas T achatadas, ondas U proeminentes, QRS alargado, QT prolongado, Taquicardia de complexo largo Perda anormal de potássio, uso de diuréticos Acrescentar magnésio se PCR Hipotermia Ondas J ou de Osbourne Histórico de exposição ao frio, temperatura corporal central Tensão no tórax por Pneumotórax Complexo estreito Frequência lenta (hipóxia) Nenhum, pulso ausente na RCP, distensão das veias do pescoço, desvio traqueal, sons respiratórios desiguais, Descompressão por agulha Toracostomia com tubo dificuldade para ventilar Tamponamento cardíaco Complexo estreito Frequência rápida Histórico, nenhum pulso sentido na RCP, distensão venosa Pericardiocentese Toxinas – overdose de tricíclicos, digoxina, bbloqueadores, bloq canais de cálcio Diversos efeitos sobre o ECG, predominantemente prolongamento do intervalo QT Bradicardia, potes vazios, pupilas, exame neurológico Intubação, antídotos específicos Trombose pulmonar – embolia maciça Complexo estreito Frequência rápida Histórico, pulso ausente na RCP, distensão das veias do pescoço, teste positivo para TVP ou embolia Embolectomia cirúrgica Fibrinolíticos Trombose cardíaca: IAM Ondas Q, Alteracoes no ST, inversões de ondas T Histórico, marcadores, bom pulso na RCP CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS O SOCO PRECORDIAL não deve ser usado em PCR extra- hospitalar não presenciada. O soco precordial poderá ser considerado para pacientes com TV instável (inclusive TV sem pulso) presenciada e monitorizada se não houver um desfibrilador imediatamente pronto para uso. No entanto, ele não deverá retardar a RCP nem a aplicação dos choques; MARCAPASSOS / CARDIODESFIBRILATORES IMPLANTADOS: As posições anteroposterior e anterolateral são, geralmente, aceitas em pacientes com marca-passos e desfibriladores implantados. A colocação das pás/pás manuais não deve retardar a desfibrilação, convém evitar colocar as pás ou pás manuais diretamente sobre o dispositivo implantado. AVISAR ANTES DE CADA CHOQUE - Assegurar-se que ninguém está em contato com o paciente ou com a maca. Algoritmo PCR – ACLS 1.6 Cuidados Pós Pcr Objetivos: Controle da temperatura corporal para melhora da sobrevida e do prognostico neurológico; Identificar e tratar SCA; Otimizar a VM para minimizar a injuria pulmonar; Determinar prognostico de recuperação HIPOTERMIA INDUZIDA: A injuria cerebral e a instabilidade hemodinâmica são os maiores determinantes da sobrevida após PCR. A Hipotermia terapêutica é a única intervenção que mostrou melhorar o prognostico neurológico e deve ser considerada em todo paciente que não responde a comandos após PCR. O benefício foi comprovado apenas para PCR em FV, mas por analogia aplica se a todos os ritmos de PCR (possível benefício - Classe IIB). Manter temperatura entre 32 a 34C por 12 a 24 hs, iniciando minutos a horas após a PCR. Usar lençóis gelados, bolsas de gelo ao redor do paciente e infusão de SF 0,9% 30 ml/kg a 4C. Avaliação da temperatura é somente por termômetro esofágico. Temperatura axilar é inadequada. Complicações da Hipotermia: coagulopatia, arritmias e hiperglicemia Há associação entre febre e pior prognostico neurológico. Combater hipertermia agressivamente. Sedação e analgesia estão indicadas durante a hipotermia pós PCR (Classe IIB, nível de evidencia C). CONSIDERAÇÕES SOBRE SUPORTE ÓRGÃOS-ALVO 1. Pulmão: Ventilações com FIO2 100% por tempo prolongado aumentam as disfunções metabólicas e aumentam a degeneração neurológica por aumentar a periodização de lipídios no cérebro. Manter oximoro de pulso entre 94 e 96% com o mínimo de FIO2. Hiperventilação para correção de acidose pôs PCR não deve ser instituída. A diminuição da PCO2 pós PCR pode levar a vasoconstrição cerebral e piora da injuria neurológica (Classe III). A acidose metabólica melhora com a restauração da percussão adequada. Hipercapnia permissiva também não é recomendado. Volume corrente em torno de 6 ml/kg evita aumento da pressão intra torácica que pode contribuir para instabilidade hemodinâmica. Pacientes pode desenvolver SARA ou injuria pulmonar aguda. Pacientes pos PCR por TEP maciço deve-se considerar uso de trombolítico (Classe IIB). 2. Sistema Cardiovascular: As SCA são as causas mais comuns de PCR. Se há suspeita de SCA há indicação de cateterismo cardíaco de emergência. Pacientes em PCR podem receber drogas antiarrítmicas como Lidocaína ou Amiodarona, durante a reanimação. Instabilidade hemodinâmica é muito comum pós PCR. Vasodilatação pode ocorrer por perda do tônus simpático e por acidose metabólica. Também a injuria de repercussão e a desfibrilação podem causar atordoamento e disfunção miocárdica, que podem melhorar com uso de drogas vasoativas (DVA). Drogas Vasoativas mais usadas: Noradrenalina: 0,1 a 0,5 mcg/kg/min - Usada para severa hipotensão (PAS < 70 mmHg). Dopamina: 5 a 10 mcg/kg/min - Usada para tratar hipotensão, especialmente se associada a bradicardia. Dobutamina: 5 a 10 mcg/kg/min - É um potente beta2 agonista, com efeito predominantemente inotrópico positivo, e leva a redução da resistência vascular periférica. Não há evidencia de benefício com a administração de rotina de rotina de DVA ou reposição volêmica em pacientes com disfunção miocárdica pós PCR, e eles devem ser usados objetivando uma PAM maior ou igual a 65 mmHg e SVO2 maior que 70% Mecanismos de suporte mecânico como balão intra-aórtico melhora o perfil hemodinâmico mas também não mostraram melhora na mortalidade. O uso de Corticoides supondo-se falência da supra renal pós PCR permanece incerto, apesar dos Corticoides terem papel importante na resposta fisiológica ao estresse, incluindo manutenção do tônus vascular e da permeabilidade vascular. O estado pós PCR assemelha-se ao choque séptico. 3- Controle glicêmico: Muitos estudos sugerem que altos níveis de glicemia levam a aumento da mortalidade e pior prognostico neurológico, porém não há evidencias de que o controle rigoroso da glicemia melhore o prognostico do paciente. A glicemia ideal e a melhor estratégia para manejo da glicemia no período pós PCR são desconhecidos. A hipoglicemia pode associar se a pior prognostico em pacientes criticamente doentes. Considera se alvo glicemias entre 140 a 180 mg/dl (Classe II B, nível de evidencia B) 4- Sistema nervoso central: A injuria cerebral é uma causa comum de morbidade e mortalidade pos PCR. As manifestações clinicas de injuria podem variar: coma, convulsões, mioclonias, disfunção neurocognitiva e morte cerebral. A Hipotermia já foi discutida anteriormente. No tratamento de convulsões pós PCR considera se o uso dos mesmos anticonvulsivantes para convulsões de outra etiologia (Classe IIB, nível de evidencia C). Prognóstico neurológico: Exame físico deve ser realizado na ausência de fatores como hipotensão, convulsões, sedação ou bloqueio neuromuscular. Nenhum sinal neurológico prevê prognosticonas primeiras 24 horas. A ausência de reflexo pupilar e córneo pálpebras mais de 72 pós PCR indica mau prognostico com alta produtividade. - A ausência de reflexo vestíbulo coclear após 24 horas pós PCR ou escala de coma de Glasgow < 5 após 72 horas são preditores de prognostico mais fracos. Mioclonias não devem ser consideradas como dados prognósticos. O Eletroencefalograma 24 horas após PCR também é útil. Os exames de imagem como Tomografia e Ressonância mostrando lesões corticais ou subcorticais são associadas a pior prognostico. Pacientes que evoluem para morte encefálica pós PCR são candidatos a doação de órgãos. Em resumo, o objetivo dos cuidados pós PCR são: otimizar a perfusão sistêmica, restaurar a homeostase metabólica e oferecer suporte aos órgãos alvo para minimizar a injuria neurológica. O período pós PCR é frequentemente marcado por instabilidade hemodinâmica e anormalidades metabólicas. Todos os sistemas orgânicos estão em risco durante esta fase, e o paciente pode desenvolver disfunção de múltiplos órgãos. O suporte e o tratamento adequado das SCA melhora a sobrevida. Intervenções como a Hipotermia terapêutica melhora a sobrevida e o prognostico neurológico. 2 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS Fonte:regiaonoroeste.com Introdução Os acidentes ofídicos têm importância médica em virtude de sua grande frequência e gravidade. A padronização atualizada de condutas de diagnóstico e tratamento dos acidentados é imprescindível, pois as equipes de saúde, com frequência considerável, não recebem informações dessa natureza durante os cursos de graduação ou no decorrer da atividade profissional. Importância da identificação das serpentes Identificar o animal causador do acidente é procedimento importante na medida em que: Possibilita a dispensa imediata da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas; Viabiliza o reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional; É medida auxiliar na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado. Apesar da importância do diagnóstico clínico, o animal causador deve ser encaminhado para identificação por técnico treinado. No Brasil, a fauna ofídica de interesse médico está representada pelos gêneros: Bothrops (incluindo Bothriopsis e Porthidium)*: jararaca, ouricana, jararacuçu, uru tucruzeira, jararaca-do-rabo-branco, malha-de- sapo, patrona, surucucurana, comboia, caiçara; Crotalus: cascavel, cascavel-quatro-ventas, boicininga, maracamboia, maracá; Lachesis: surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga, malha-de- fogo; Micrurus: coral, coral verdadeira ou boicorá; E por alguns da Família Colubridae** 2.1 Acidente Botrópico Fonte:minasempauta4.files.wordpress.com INTRODUÇÃO Corresponde ao acidente ofídico de maior importância epidemiológica no país, pois responsável por cerca de 90% dos envenenamentos. AÇÕES DO VENENO Ação Proteolítica As lesões locais, como edema, bolhas e necrose, atribuídas inicialmente à “ação proteolítica”, têm patogênese complexa. Ação coagulante A maioria dos venenos botrópicos ativa, de modo isolado ou simultâneo, o fator X e a protrombina. Converte o fibrinogênio em fibrina. Essas ações podem ocasionar incoagulabilidade sanguínea. Os venenos botrópicos podem também levar a alterações da função plaquetária bem como plaquetopenia. Ação hemorrágica As manifestações hemorrágicas são decorrentes da ação das hemorragias que provocam lesões na membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e alterações da coagulação. QUADRO CLÍNICO Manifestações locais São caracterizadas pela dor e edema endurado no local da picada, de intensidade variável e, em geral, de instalação precoce e caráter progressivo. Equimoses e sangramentos no ponto da picada são frequentes. Infartamento ganglionar e bolhas podem aparecer na evolução, acompanhados ou não de necrose. Manifestações sistêmicas Além de sangramentos em ferimentos cutâneos preexistentes, podem ser observadas hemorragias à distância como gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria. Em gestantes, há risco de hemorragia uterina. Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque. Com base nas manifestações clínicas e visando orientar a terapêutica a ser empregada, os acidentes botrópicos são classificados em: a) Leve: forma mais comum do envenenamento, caracterizada por dor e edema local pouco intenso ou ausente, manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes, com ou sem alteração do Tempo de Coagulação. Os acidentes causados por filhotes de Bothrops (< 40 cm de comprimento) podem apresentar como único elemento de diagnóstico, alteração do tempo de coagulação. b) Moderado: caracterizado por dor e edema evidente que ultrapassa o segmento anatômico picado, acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais ou sistêmicas como gengivorragia, epistaxe e hermatúria. c) Grave: caracterizado por edema local endurado intenso e extenso, podendo atingir todo o membro picado, geralmente acompanhado de dor intensa e, eventualmente, com presença de bolhas. Em decorrência do edema, podem aparecer sinais de isquemia local devido à compressão dos feixes vasculonervosos. Manifestações sistêmicas como hipotensão arterial, choque, oligoanúria ou hemorragias intensas definem o caso como grave, independentemente do quadro local. COMPLICAÇÕES Locais a) Síndrome Compartimental: Decorre da compressão do feixe vasculonervoso consequente ao grande edema, produzindo isquemia de extremidades. As manifestações mais importantes são a dor intensa, parestesia, diminuição da temperatura do segmento distal, cianose e déficit motor. b) Abscesso: sua ocorrência tem variado de 10 a 20%. As bactérias isoladas desses abscessos são bacilos Gram negativos, anaeróbios e, mais raramente, cocos Grampositivos. c) Necrose: é devida principalmente à ação “proteolítica” do veneno, associada à isquemia local decorrente de lesão vascular e de outros fatores como infecção, trombose arterial, síndrome de compartimento ou uso indevido de torniquetes. Sistêmicas a) Choque: é raro e aparece nos casos graves. Sua patogênese é multifatorial, podendo decorrer da liberação de substâncias vasoativas, do sequestro de líquido na área do edema e de perdas por hemorragias. b) Insuficiência Renal Aguda (IRA): também de patogênese multifatorial, pode decorrer da ação direta do veneno sobre os rins, isquemia renal secundária à deposição de microtrombos nos capilares, desidratação ou hipotensão arterial e choque. EXAMES COMPLEMENTARES a) Tempo de Coagulação (TC) b) Hemograma: geralmente revela leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda, hemossedimentação elevada nas primeiras horas do acidente e plaquetopenia de intensidade variável. c) Exame sumário de urina: pode haver proteinúria, hematúria e leucocitúria. d) Outros exames laboratoriais: poderão ser solicitados, dependendo da evolução clínica do paciente, com especial atenção aos eletrólitos, ureia e creatinina, visando à possibilidade de detecção da insuficiência renal aguda. e) Métodos de imunodiagnóstico: antígenos do veneno botrópico podem ser detectados no sangue ou outros líquidos corporais por meio da técnica de ELISA. TRATAMENTO Fonte:www.jornal.uem.br Tratamento específico Consiste na administração, o mais precocemente possível, do soro antibotrópico (SAB) por via intravenosa e, na falta deste, das associações antibotropicocrotálica (SABC) ou antibotropicolaquética (SABL). Tratamento geral Medidas gerais devem ser tomadas, como: a) Manter elevado e estendido o segmento picado; b) Empregar analgésicos para alívio da dor nas primeiras 72 horas; - Dipirona (2 ml/ 1g): 01g de 6/6 horas - Tramadol (1 ml/ 50 mg): 50 mg de 8/8 horas – 6/6horas - Morfina (1 ml/ 10 mg): 04 mg de 4/4 horas Obs: Dependendo da intensidade da dor. c) Prevenir reações à soroterapia antiveneno: 15 a 20 min antes. - Hidrocortisona (5 ml/ 500 mg): 500 mg d) Soroterapia antiveneno: de acordo com a classificação de gravidade. e) Hidratação: manter o paciente hidratado, com diurese entre 30 a 40 ml/hora no adulto, e 1 a 2 ml/kg/hora na criança; f) Antibioticoterapia: o uso de antibióticos é indicado quando há evidência de infecção. As bactérias isoladas de material proveniente de lesões são principalmente Morganella morganii, Escherichia coli, Providentia sp e Streptococo do grupo D, geralmente sensíveis ao cloranfenicol. Esquema alternativo: - Ciprofloxacino 400 mg IV 12/12 horas + Clindamicina 600 mg IV 8/8 horas por 07 Dias. Obs: - O uso profilático de antibiótico não é indicado. - Lembrar-se de corrigir as doses para a função renal (ver capítulo 49) g) Vacinação antitetânica: - Se a última dose tiver sido tomada há mais de 5 anos, uma dose de reforço; - Se não vacinado, recomendar 03 doses com intervalos de 02 meses; - Se esquema incompleto, completar esquema; - Se vacinado há menos de 05 anos, não é necessária à vacinação. Tratamento das complicações locais Firmado o diagnóstico de síndrome de compartimento, a fasciotomia não deve ser retardada, desde que as condições de hemostasia do paciente o permitam. Se necessário, indicar transfusão de sangue, plasma fresco congelado ou crioprecipitado. O debridamento de áreas necrosadas delimitadas e a drenagem de abscessos devem ser efetuados. A necessidade de cirurgia reparadora deve ser considerada nas perdas extensas de tecidos e todos os esforços devem ser feitos no sentido de se preservar o segmento acometido. Obs: O uso de garrote, a perfuração local, a demora para o início da soroterapia e o uso inadequado de antibióticos pioram o prognóstico e morbimortalidade do paciente. 2.2 Acidente Crotálico Fonte:animais-peconhentos.info INTRODUÇÃO Este é responsável por cerca de 7,7% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil, podendo representar até 30% dos acidentes em algumas regiões. Apresenta o maior coeficiente de letalidade devido à frequência com que evolui para insuficiência renal aguda (IRA). AÇÕES DO VENENO São três as ações principais do veneno crotálico: neurotóxica, miotóxica e coagulante. Ação neurotóxica Atua nas terminações nervosas inibindo a liberação de acetilcolina. Essa inibição é o principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular do qual decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos pacientes. Ação miotóxica Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) com liberação de enzimas e mioglobina para o soro as quais são posteriormente excretadas pela urina. Ação coagulante Geralmente não há redução do número de plaquetas. As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas. QUADRO CLÍNICO Manifestações locais São pouco importantes, diferindo dos acidentes botrópico e laquético. Não há dor, ou esta pode ser de pequena intensidade. Há parestesia local ou regional, que pode persistir por tempo variável, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. Manifestações sistêmicas a) Gerais: mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e secura da boca podem aparecer precocemente e estar relacionadas a estímulos de origem diversas. b) Neurológicas: decorrem da ação neurotóxica do veneno, surgem nas primeiras horas após a picada e caracterizam o fácies miastênica (fácies neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, alteração do diâmetro pupilar, incapacidade de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir dificuldade de acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia). Como manifestações menos frequentes, pode-se encontrar paralisia velopalatina, com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato. c) Musculares: a ação miotóxica provoca dores musculares generalizadas (mialgias) que podem aparecer precocemente. A mioglobinúria constitui a manifestação clínica mais evidente da necrose da musculatura esquelética (rabdomiólise). d) Distúrbios da Coagulação: pode haver incoagulabilidade sanguínea ou aumento do Tempo de Coagulação (TC), em aproximadamente 40% dos pacientes, observando-se raramente sangramentos gengivorragia. Manifestações clínicas pouco frequentes Insuficiência respiratória aguda, fasciculações e paralisia de grupos musculares têm sido relatadas. Com base nas manifestações clínicas, o envenenamento crotálico pode ser classificado em: a) Leve: caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de aparecimento tardio, sem mialgia ou alteração da cor da urina ou mialgia discreta. b) Moderado: caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de instalação precoce, mialgia discreta, e a urina pode apresentar coloração alterada. c) Grave: os sinais e sintomas neurotóxicos são evidentes e intensos (fácies miastênica, fraqueza muscular), a mialgia é intensa e generalizada, a urina é escura, podendo haver oligúria ou anúria. COMPLICAÇÕES a) Locais: raros pacientes evoluem com parestesias locais duradouras, porém reversíveis após algumas semanas. b) Sistêmicas: a principal complicação do acidente crotálico é a insuficiência renal aguda (IRA), com necrose tubular geralmente de instalação nas primeiras 48 horas. EXAMES COMPLEMENTARES Fonte:thumbs.dreamstime.com a) Sangue: como resultado da miólise, há liberação de mioglobina e enzimas, podendose observar valores séricos elevados de creatinoquinase (CK), desidrogenase lática (LDH), aspartase-amino-transferase (AST), aspartase- alanino-transferase (ALT) e aldolase. Na fase oligúrica da IRA, são observadas elevação dos níveis de ureia, creatinina, ácido úrico, fósforo, potássio e diminuição da calcemia. O Tempo de Coagulação (TC) frequentemente se apresenta prolongado. O hemograma pode mostrar leucocitose, com neutrofilia e desvio à esquerda; às vezes, com presença de granulações tóxicas. b) Urina: Pode haver proteinúria discreta, com ausência de hematúria. Há presença de mioglobina. TRATAMENTO Específico O soro anticrotálico (SAC) deve ser administrado intravenosamente. A dose varia de acordo com a gravidade do caso, devendo-se ressaltar que a quantidade a ser ministrada à criança é a mesma do adulto. Poderá ser utilizado o soro antibotropicocrotálico (SABC). A posologia está indicada na tabela 31.2. Geral Medidas gerais devem ser tomadas como: a) Manter elevado e estendido o segmento picado; b) Emprego de analgésicos para alívio da dor nas primeiras 72 horas; - Dipirona (2 ml/ 1g): 01g de 6/6 horas - Tramadol (1 ml/ 50 mg): 50 mg de 8/8 horas – 6/6 horas - Morfina (1 ml/ 10 mg): 04 mg de 4/4 horas Obs: Dependendo da intensidade da dor c) Prevenção de reações à soroterapia antiveneno: 15 a 20 min antes. - Hidrocortisona (5 ml/ 500 mg): 500 mg d) Soroterapia antiveneno: de acordo com a classificação de gravidade. e) Hidratação: manter o paciente hidratado, com diurese entre 30 a 40 ml/hora no adulto, e 1 a 2 ml/kg/hora na criança; A diurese osmótica pode ser induzida com o emprego de solução de manitol a 20% (5 ml/kg na criança e 100 ml no adulto). Caso persista a oligúria, indica-se o uso de diuréticos de alça tipo furosemida por via intravenosa (1 mg/kg/ dose na criança e 40mg/dose no adulto). O pH urinário deve ser mantido acima de 6,5, pois a urina ácida potência a precipitação intratubular de mioglobina. Assim, a alcalinação da urina deve ser feita pela administração parenteral de bicarbonato de sódio, monitorizada por controle gasométrico. f) Antibioticoterapia:o uso de antibióticos é indicado quando há evidência de infecção. As bactérias isoladas de material proveniente de lesões são principalmente Morganella morganii, Escherichia coli, Providentia sp e Streptococo do grupo D, geralmente sensíveis ao cloranfenicol. Esquema alternativo: - Ciprofloxacino 400 mg IV 12/12 horas + Clindamicina 600 mg IV 8/8 horas por 07 dias. Obs: - O uso profilático de antibiótico não é indicado. - Lembrar-se de corrigir as doses para a função renal (ver capítulo 49). g) Vacinação antitetânica: - Se a última dose tiver sido tomada há mais de 5 anos aplicar uma dose de reforço; - Se não vacinado, recomendar 03 doses com intervalos de 02 meses; - Se esquema incompleto, completar esquema; - Se vacinado há menos de 05 anos, não é necessária a vacinação 2.3 Escorpionismo Fonte:www.saude.rs.gov.br INTRODUÇÃO Os acidentes escorpiônicos são importantes em virtude da grande frequência com que ocorrem e da sua potencial gravidade, principalmente em crianças picadas pelo Tityus serrulatus. Os principais agentes de importância médica são: T. serrulatus, responsável por acidentes de maior gravidade, T. bahiensis e T. stigmurus. A maioria dos casos tem curso benigno, situando-se a letalidade em 0,58%. Os óbitos têm sido associados, com maior frequência, a acidentes causados por T. serrulatus, ocorrendo mais comumente em crianças menores de 14 anos. QUADRO CLÍNICO Os acidentes por Tityus serrulatus são mais graves que os produzidos por outras espécies de Tityus no Brasil. A dor local, uma constante no escorpionismo, pode ser acompanhada por parestesias. Nos acidentes moderados e graves, observados principalmente em crianças, após intervalo de minutos até poucas horas (duas, três horas), podem surgir manifestações sistêmicas. As principais são: a) Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa. b) Digestivas: náuseas, vômitos, sialorreia e, mais raramente, dor abdominal e diarreia. c) Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e choque. d) Respiratórias: taquipneia, dispneia e edema pulmonar agudo. e) Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores. O encontro de sinais e sintomas mencionados impõe a suspeita diagnóstica de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada e independente do encontro do escorpião. A gravidade depende de fatores, como a espécie e tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno. Influencia na evolução o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a administração do soro e a manutenção das funções vitais. Com base nas manifestações clínicas, os acidentes podem ser inicialmente classificados como: a) Leves: apresentam apenas dor no local da picada e, às vezes, parestesias. b) Moderados: caracterizam-se por dor intensa no local da picada e manifestações sistêmicas do tipo sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia, taquipnéia e hipertensão leve. c) Graves: além dos sinais e sintomas já mencionados, o paciente apresenta uma ou mais manifestações como sudorese profusa, vômitos incoercíveis, salivação excessiva, alternância de agitação com prostração, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e coma. Os óbitos estão relacionados a complicações como edema pulmonar agudo e choque. EXAMES COMPLEMENTARES O eletrocardiograma é de grande utilidade no acompanhamento dos pacientes. Pode mostrar taquicardia ou bradicardia sinusal, extrassístoles ventriculares, distúrbios da repolarização ventricular como inversão da onda T em várias derivações, presença de ondas U proeminentes, alterações semelhantes às observadas no infarto agudo do miocárdio (presença de ondas Q e supra ou infradesnivelamento do segmento ST) e bloqueio da condução atrioventricular ou intraventricular do estímulo. Essas alterações desaparecem em três dias na grande maioria dos casos, mas podem persistir por sete ou mais dias. A radiografia de tórax pode evidenciar aumento da área cardíaca e sinais de edema pulmonar agudo, eventualmente unilateral. A ecocardiografia tem demonstrado, nas formas graves, hipocinesia transitória do septo interventricular e da parede posterior do ventrículo esquerdo, associada, às vezes, à regurgitação mitral. A glicemia geralmente apresenta-se elevada nas formas moderadas e graves nas primeiras horas após a picada. A amilasemia é elevada em metade dos casos moderados e em cerca de 80% dos casos graves. A leucocitose com neutrofilia está presente nas formas graves e em cerca de 50% das moderadas. Usualmente há hipopotassemia e hiponatremia. A creatinofosfoquinase e sua fração MB são elevadas em porcentagem significativa dos casos graves. O emprego de técnicas de imunodiagnóstico (ELISA) para detecção de veneno do escorpião Tityus serrulatus tem demonstrado a presença de veneno circulante nos pacientes com formas moderadas e graves de escorpionismo. Nos raros casos de pacientes com hemiplegia, a tomografia cerebral computadorizada pode mostrar alterações compatíveis com infarto cerebral. 2.4 Araneísmo Fonte:www.escolainteracao.com.br Introdução No Brasil, existem três gêneros de aranhas de importância médica: Phoneutria (aranhas armadeiras), Loxosceles (aranhas-marrons) e Latrodectus (viúvas-negras). Os acidentes causados por Lycosa (aranha-de-grama), bastante frequentes, e pelas caranguejeiras, muito temidas, são destituídos de maior importância. ACIDENTES POR Phoneutria Introdução As aranhas do gênero Phoneutria são popularmente conhecidas como aranhas armadeiras. Embora provoquem acidentes com frequência, estes raramente levam a um quadro grave. O foneutrismo representa 42,2% dos casos de araneísmo notificados no Brasil, predominantemente nos estados do Sul e Sudeste. Quadro clínico Predominam as manifestações locais. A dor imediata é o sintoma mais frequente, em apenas 1% dos casos os pacientes se apresentam assintomáticos após a picada. Sua intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem ser visualizadas as marcas de dois pontos de inoculação. Os acidentes são classificados em: a) Leves: são os mais frequentes, correspondendo a cerca de 91% dos casos. Os pacientes apresentam predominantemente sintomatologia local. A taquicardia e agitação, eventualmente presentes, podem ser secundárias à dor. b) Moderados: ocorrem em aproximadamente 7,5% do total de acidentes por Phoneutria. Associadas às manifestações locais, aparecem alterações sistêmicas, como taquicardia, hipertensão arterial, sudorese discreta, agitação psicomotora, visão “turva” e vômitos ocasionais. c) Graves: são raros, aparecendo em aproximadamente 0,5% do total, sendo praticamente restritos às crianças. Além das alterações citadas nas fornias leves e moderadas, há a presença de uma ou mais das seguintes manifestações clínicas: sudorese profusa, sialorreia, vômitos frequentes, diarreia, priapismo, hipertonia muscular, hipotensão arterial, choque e edema pulmonar agudo. Exames complementares Em acidentes graves envolvendo crianças, verificaram-se leucocitose com neutrofilia, hiperglicemia, acidose metabólica e taquicardia sinusal. Todavia não existem estudos clínicos controlados visando a avaliar o tempo necessário para normalização desses exames. É aconselhável a monitorização das condições cardiorrespiratórias nos acidentes graves. Tratamento a) Sintomático: a dor local deve ser tratada com infiltração anestésica local ou troncular à base de lidocaína a 2% sem vasoconstritor (3 ml - 4 ml em adultos e de 1 ml - 2 ml em crianças). Havendo recorrência dador, pode ser necessário aplicar nova infiltração, em geral em intervalos de 60 a 90 minutos. Caso sejam necessárias mais de duas infiltrações, e desde que não existam sintomas de depressão do sistema nervoso central, recomenda-se o uso cuidadoso de opioides ou podem ser usados analgésicos de menor potência. Outro procedimento auxiliar, útil no controle da dor, é a imersão do local em água morna ou o uso de compressas quentes. b) Específico: a soroterapia tem sido formalmente indicada nos casos com manifestações sistêmicas em crianças e em todos os acidentes graves. Nestas situações, o paciente deve ser internado para melhor controle dos dados vitais, parâmetros hemodinâmicos e tratamento de suporte das complicações associadas. Observação: Deve ser evitado o uso de algumas drogas anti-histamínicas, principalmente a prometazina (Fenergan®), em crianças e idosos. Os efeitos tóxicos ou idiossinerásicos desses medicamentos podem determinar manifestações como sonolência, agitação psicomotora, alterações pupilares e taquicardia, que podem ser confundidas com as do envenenamento sistêmico. ACIDENTES POR Loxosceles Introdução O loxoscelismo tem sido descrito em vários continentes. Corresponde à forma mais grave de araneísmo no Brasil. Quadro clínico A picada quase sempre é imperceptível e o quadro clínico decorrente do envenenamento apresenta-se sob dois aspectos fundamentais: · Forma cutânea Varia de 87% a 98% dos casos, conforme a região geográfica. De instalação lenta e progressiva, é caracterizada por dor, edema endurado e eritema no local da picada que são pouco valorizados pelo paciente. Os sintomas locais se acentuam nas primeiras 24 a 72 horas após o acidente, podendo variar sua apresentação desde: a) Lesão incaracterística: bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação; b) Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimoses e dor em queimação. c) Lesão característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose. Geralmente o diagnóstico é feito nesta oportunidade. A lesão cutânea pode evoluir para necrose seca (escara), em cerca de 7 a 12 dias, que, ao se destacar em 3 a 4 semanas, deixa uma úlcera de difícil cicatrização. Alterações do estado geral têm sido descritas: astenia, febre alta nas primeiras 24 horas, cefaleia, exantema morbiliforme, prurido generalizado, petéquias, mialgia, náusea, vômito, visão turva, diarreia, sonolência, obnubilação, irritabilidade, coma. · Forma cutâneo-visceral (hemolítica) Além do comprometimento cutâneo, observam-se manifestações clínicas em virtude de hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Este quadro pode ser acompanhado de petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada (CIVD). Esta forma é descrita com frequência variável de 1% a 13% dos casos, dependendo da região e da espécie da aranha envolvida, sendo mais comum nos acidentes por L. laeta. Os casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda, de etiologia multifatorial (diminuição da perfusão renal, hemoglobinúria e CIVD), principal causa de óbito no loxoscelismo. Com base nas alterações clínico-laboratorais e identificação do agente causal, o acidente loxoscélico pode ser classificado em: a) Leve: observa-se lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais e com a identificação da aranha causadora do acidente. O paciente deve ser acompanhado durante pelo menos 72 horas, uma vez que mudanças nas características da lesão ou presença de manifestações sistêmicas exigem reclassificação de gravidade; b) Moderado: o critério fundamental baseia-se na presença de lesão sugestiva ou característica, mesmo sem a identificação do agente causal, podendo ou não haver alterações sistêmicas do tipo rash cutâneo, cefaleia e mal-estar; c) Grave: caracteriza-se pela presença de lesão característica e alterações clínicolaboratoriais de hemólise intravascular. Complicações Locais - infecção secundária, perda tecidual, cicatrizes desfigurantes. Sistêmicas - a principal complicação é a insuficiência renal aguda. Exames complementares Não existe exame diagnóstico específico. Alterações laboratoriais dependem da forma clínica do envenenamento, podendo ser observados: Na forma cutânea - hemograma com leucocitose e neutrofilia Na forma cutâneo-visceral - anemia aguda, plaquetopenia, reticulocitose, hiperbilirrubinemia indireta, queda dos níveis séricos de haptoglobina, elevação dos séricos de potássio, creatinina e ureia, e coagulograma alterado. Tratamento A indicação do antiveneno é controvertida na literatura. Dados experimentais revelaram que a eficácia da soroterapia é reduzida após 36 horas da inoculação do veneno. Específico Soroterapia: as recomendações para utilização do antiveneno dependem da classificação de gravidade. a) Corticoterapia: embora não existam estudos controlados, tem sido utilizada a prednisona por via oral na dose de 40 mg/dia para adultos e, em crianças, 1 mg/kg/dia durante, pelo menos, cinco dias. b) Dapsone (DDS): tem sido testada, em associação com a soroterapia, como modulador da resposta inflamatória para redução do quadro local, na dose de 50 a 100 mg/dia via oral por duas semanas aproximadamente. Embora pouco frequente, em face de risco potencial da Dapsone em desencadear surtos de metemoglobinemia, o paciente deve ser acompanhado do ponto de vista clínico- laboratorial durante o período de administração dessa droga. c) Para as manifestações locais: - Analgésicos, como dipirona (7 a 10 mg/kg/dose); - Aplicação de compressas frias auxiliam no alívio da dor local; - Antisséptico local e limpeza periódica da ferida são fundamentais para que haja uma rápida cicatrização. A úlcera deverá ser lavada cinco a seis vezes por dia, com sabão neutro e compressas de KMn04 - 1:40.000 (um comprimido em quatro litros de água) ou água boricada 10%, aplicados por cinco a dez minutos duas vezes ao dia; - Antibiótico sistêmico (visando à cobertura para patógenos de pele), havendo infecção secundária; - Remoção da escara deverá ser realizada após estar delimitada a área de necrose, que ocorre, em geral, após uma semana do acidente; - Tratamento cirúrgico pode ser necessário no manejo das úlceras e correção de Cicatrizes. d) Para as manifestações sistêmicas: - Transfusão de sangue ou concentrado de hemácias nos casos de anemia intensa; - Manejo da insuficiência renal aguda Classificação Manifestações Clínicas Tratamento Leve - Loxosceles identificada como agente causador do acidente - Lesão característica - Sem comprometimento do estado geral - Sem alterações laboratoriais - Sintomático. Acompanhamento até 72 horas após a picada* Moderado - Com ou sem identificação da Loxosceles no momento da picada - Lesão sugestiva ou característica - Alterações sistêmicas (rash cutâneo, petéquias) - Sem alterações laboratoriais sugestivas de hemólise - Soroterapia: 5 ampolas de SAAr** IV e/ou - Prednisona: Adultos 40 mg/dia Crianças 1 mg/kg/dia Durante cinco dias Grave - Lesão característica - Alteração no estado geral: anemia aguda, icterícia - Evolução rápida - Alterações laboratoriais indicativas de hemólise - Soroterapia: 10 ampolas de SAAr IV e - Prednisona: Adultos 40 mg/dia Crianças 1 mg/kg/dia Durante cinco dias * Pode haver mudança de classificação durante esse período. ** SAAr = Soro antiaracnidico. Tabela 31.5: Classificação dos acidentes quanto à gravidade, manifestações clínicas, tratamento geral e específico no acidente por Loxosceles 2.5 Acidentes Por Abelhas Fonte:farm5.static.flickr.com Quadro clínico As reações desencadeadas pela picada de abelhas são variáveis deacordo com o local e número de ferroadas, com as características e o passado alérgico do indivíduo atingido. As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas (múltiplas picadas). Manifestações · Locais Habitualmente, após uma ferroada, há dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, prurido e edema por várias horas ou dias. · Regionais São de início lento. Além do eritema e prurido, o edema flogístico evolui para enduração local que aumenta de tamanho nas primeiras 24-48 horas, diminuindo gradativamente nos dias subsequentes. · Sistêmicas Apresentam-se como manifestações clássicas de anafilaxia, com sintomas de início rápido, dois a três minutos após a picada. Além das reações locais, podem estar presentes sintomas gerais como cefaleia, vertigens e calafrios, agitação psicomotora, sensação de opressão torácica e outros sintomas e sinais. a) Tegumentares: prurido generalizado, eritema, urticária e angioedema. b) Respiratórias: rinite, edema de laringe e árvore respiratória, trazendo como consequência dispneia, rouquidão, estridor e respiração asmatiforme. Pode haver broncoespasmo. c) Digestivas: prurido no palato ou na faringe, edema dos lábios, língua, úvula e epiglote, disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, vômitos e diarreia. d) Cardiocirculatórias: a hipotensão é o sinal maior, manifestando-se por tontura ou insuficiência postural até colapso vascular total. Podem ocorrer palpitações e arritmias cardíacas e, quando há lesões preexistentes (arteriosclerose), infartos isquêmicos no coração ou cérebro. · Reações alérgicas tardias Há relatos de raros casos de reações alérgicas que ocorrem vários dias após a(s) picada(s) e se manifestaram pela presença de artralgias, febre e encefalite, quadro semelhante à doença do soro. 3 TRATAMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM QUEIMADURAS E INTOXICAÇÕES Fonte:www.sempretops.com 3.1 Tratamento Imediato De Emergência Interrompa o processo de queimadura; Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses; Cubra as lesões com tecido limpo. 3.2 Tratamento Na Sala De Emergência Vias aéreas (avaliação): Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer tipo de obstrução. Respiração: Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por três horas. Suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado com acometimento da face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória. Mantenha a cabeceira elevada (30°). Indique intubação orotraqueal quando: a escala de coma Glasgow for menor do que 8; a PaO2 for menor do que 60; a PaCO2 for maior do que 55 na gasometria; a dessaturação for menor do que 90 na oximetria; houver edema importante de face e orofaringe. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso). Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas. Exponha a área queimada. Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área queimada, e somente na impossibilidade desta utilize acesso venoso central. Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças. 3.3 Profundidade Da Queimadura Primeiro grau (espessura superficial) – eritema solar: Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas; Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias Segundo grau (espessura parcial-superficial e profunda): Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas; Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa; Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa (profunda); A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. Terceiro grau (espessura total): Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas. É indolor; Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida; Possui textura coreácea; Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indicada também para o segundo grau profundo). Fonte:vignette3.wikia.nocookie.net 3.4 Extensão Da Queimadura (Superfície Corpórea Queimada – SCQ) Regra dos nove (urgência): A superfície palmar do paciente (incluindo os dedos) representa cerca de 1% da SCQ. Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e tornozelo) e órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos, músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados. 3.5 Gravidade Da Queimadura Condições que classificam queimadura grave: Extensão/profundidade maior do que 20% de SCQ em adultos; Extensão/profundidade maior do que 10% de SCQ em crianças; Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos; Presença de lesão inalatória; Politrauma e doenças prévias associadas; Queimadura química; Trauma elétrico; Áreas nobres/especiais; Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. 3.6 Cálculo Da Hidratação Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x % SCQ x peso (kg): 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos; Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter seu tratamento iniciado com 2 a 3ml/kg/%SCQ e necessitam de observação mais criteriosa quanto ao resultado da diurese; Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer com lactato); Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes; Considere as horas a partir da hora da queimadura; Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h; No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina; Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário; Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas. 3.7 Tratamento Da Dor Instale acesso intravenoso e administre: Para adultos: Dipirona = de 500mg a 1 grama em injeção endovenosa (EV); ou Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso; Para crianças: Dipirona = de 15 a 25mg/kg em EV; ou Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. Fonte:www.dermatologia.net 3.8 Medidas gerais imediatas e tratamento da ferida Limpe a ferida com água e clorexidina desgermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares. Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano. Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse. Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo. Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico. Curativo exposto na face e no períneo. Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe. Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático apenasàs queimaduras potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso. Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via. As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para melhorar a expansão da caixa torácica. Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos costais. Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões mediais e laterais. Habitualmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há necessidade de se proceder à hemostasia. 3.9 Trauma elétrico: Fonte:www.crechesegura.com.br Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. Avalie os traumas associados (queda de altura e outros traumas). Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente. Avalie a extensão da lesão e a passagem da corrente. Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h e faça a coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB). Procure sempre internar o paciente que for vítima deste tipo de trauma. Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos. Na passagem de corrente pela região do punho (abertura do túnel do carpo), avalie o antebraço, o braço e os membros inferiores e verifique a necessidade de escarotomia com fasciotomia em tais segmentos. 3.10 Queimadura química A equipe responsável pelo primeiro atendimento deve utilizar proteção universal para evitar o contato com o agente químico. Identifique o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico. Avalie a concentração, o volume e a duração de contato. Lembre que a lesão é progressiva, remova as roupas e retire o excesso do agente causador. Remova previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó. Dilua a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos e irrigue exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares. Interne o paciente e, na dúvida, entre em contato com o centro toxicológico mais próximo. Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, institua a aplicação por via endovenosa lenta de soluções fisiológicas com mais 10ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe laboratorialmente a reposição do cálcio iônico. Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão, friccione a região afetada durante 20 minutos (para atingir planos profundos) e monitore os sintomas dolorosos. Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9%, na média de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o uso de agulha fina de 0,5cm, da borda da queimadura com direção ao centro (assepsia normal). Nos casos associados à dificuldade respiratória, poderá ser necessária a intubação endotraqueal. 3.11 Infecção da área queimada São considerados sinais e sintomas de infecção em queimadura: Mudança da coloração da lesão. Edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado. Aprofundamento das lesões. Mudança do odor (cheiro fétido). Descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida. Coloração hemorrágica sob a escara. Celulite ao redor da lesão. Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados). Aumento ou modificação da queixa dolorosa. 3.12 Critérios de transferência de pacientes para unidades de tratamento de queimaduras Queimaduras de 2° grau em áreas maiores do que 20% da SCQ em adultos. Queimaduras de 2° grau maiores do que 10% da SCQ em crianças ou maiores de 50 anos. Queimaduras de 3° grau em qualquer extensão. Lesões na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações. Queimadura elétrica. Queimadura química. Lesão inalatória ou lesão circunferencial de tórax ou de membros. 4 AFOGAMENTO Fonte:www.astrocentro.com.br Afogamento é a insuficiência respiratória resultante da submersão em um meio líquido e pode ou não (neste caso, também conhecido por quase afogamento) ser fatal. O afogamento resulta em hipóxia, que pode lesar múltiplos órgãos, incluindo os pulmões e cérebro. O tratamento é de suporte, incluindo reversão de paradas cardíaca e respiratória, hipóxia, hipoventilação e hipotermia Afogamento é uma das maiores causas de morte acidental nos EUA. É a segunda causa mais comum em crianças de 1 a 14 anos. Os índices são maiores em: Crianças <4 anos; Crianças afro-americanas, imigrantes e famílias pobres; Homens; Pessoas que usaram álcool ou sedativos; Pessoas com condições que causam incapacitação temporária (p. Ex., Convulsão, hipoglicemia, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio [im], arritmia cardíaca); Pessoas com síndrome do qt longo (natação pode desencadear arritmias que causam afogamento inexplicável em pessoas com essa síndrome, particularmente tipo 1 [LQT1]); O afogamento é comum em piscinas, ofurôs, correntes de água natural e, entre crianças maiores e nas que estão começando a andar, em banheiros, banheiras, tinas de água e líquidos de limpeza. Para cada morte por afogamento ocorrem cerca de 4 quase afogamentos que necessitam de hospitalização. 4.1 Fisiopatologia Fonte:upload.wikimedia.org É a maior afronta no afogamento, afetando cérebro, coração e outros tecidos; parada respiratória pode ocorrer após parada cardíaca. Hipóxia cerebral pode causar edema cerebral e, ocasionalmente, sequelas neurológicas permanentes. Hipóxia generalizada dos tecidos pode causar acidose metabólica. Hipóxia imediata resulta da aspiração de líquidos ou conteúdo gástrico, laringospasmo reflexo agudo, ou ambos. O dano pulmonar por aspiração ou mesmo por hipóxia pode causar hipóxia retardada. Aspiração, em particular de certas substâncias químicas, pode causar pneumonite química ou pneumonia bacteriana secundária, prejudicando a secreção alveolar de surfactantes e resultando em atelectasias focais. Atelectasias extensas podem fazer com que as áreas afetadas do pulmão se enrijeçam, não funcionem e sejam mal ventiladas, causando potencialmente insuficiência respiratória, com acidose respiratória e hipercapnia. As perfusões de áreas pouco ventiladas dos pulmões (V/Q mismatch – desequilíbrio da relação ventilação perfusão) pioram a hipóxia. Hipóxia alveolar pode causar edema pulmonar não cardiogênico. 4.2 Hipotermia Fonte:rollingstone.uol.com.br A exposição à água fria induz hipotermia sistêmica, que pode ser um problema significante. Contudo, a hipotermia pode ser também protetora por estimular o reflexo do mergulho, diminuir a pulsação e contrair artérias periféricas, desviando o sangue oxigenado de extremidades e intestino para cérebro e coração. Além disso, a hipotermia diminui a necessidade de O2 dos tecidos, possivelmente prolongando a sobrevivência e retardando o início do dano tissular por hipóxia. O reflexo do mergulho e todos os efeitos clínicos protetores da água fria são, em geral, mais evidentes em crianças menores. 4.3 Aspiração De Líquidos O laringospasmo frequentemente limita o volume do fluido aspirado; entretanto, grandes volumes de água são ocasionalmente aspirados, podendo alterar as concentrações de eletrólitos e volume sanguíneo. A água do mar pode aumentar ligeiramente o Na e o Cl. Em contrapartida, grandes quantidades de água fresca podem diminuir significativamente a concentração de eletrólitos, aumentar o volume sanguíneo e causar hemólise. 4.4 Lesões Associadas Danos esqueléticos podem ocorrer nos tecidos
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