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Prática como componente curricular: Entre o Sagrado e o Humano

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Prática como componente curricular: Entre o Sagrado e o Humano: a hierofania nossa de cada dia!. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2021 
 
Introdução 
Sempre que buscamos algo sobre o humano em direção (relação) ao sagrado, nos deparamos com conceitos já estabelecidos e sabemos qual será a conclusão da reflexão, antes mesmo de terminá-la. Contudo, esse não é o nosso intuito. O homem, como ser inquieto e inacabado, está em constante procura por aquilo que não possui. Tanto na dimensão material, humana, afetiva e profissional, quanto na espiritual. 
Essa busca incessante está para alguns pensadores como uma experiência transcendental. Trata-se de uma busca orientada pelas experiências obtidas por meio do fenômeno religioso e suas práticas tradicionais. Entretanto, a sociedade contemporânea tem provocado uma nova configuração no comportamento humano; um novo modo de se relacionar e buscar aquilo que “lhe falta”; uma nova forma de abrir-se à experiência transcendental, diferentemente daquelas “velhas” certezas protegidas pelas instituições e asseguradas pelo modo doutrinário de administrar a experiência subjetiva de cada um.[footnoteRef:1] [1: REIS, Aldo. O humano diante do sagrado: uma experiencia de busca. Dom Total. 2017. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1117952/2017/02/o-humano-diante-do-sagrado-uma-experiencia-debusca/ Acesso em 03/05/2021 ] 
 
Objetivo 
O presente trabalho tem como finalidade, compreender os conceitos pertinentes ao campo específico do saber teológico, segundo sua Tradição, e estabelecer as devidas correlações entre estes e as situações práticas da vida, compreendendo a dimensão da transcendência como constitutiva da condição humana. 
 
Compreender a construção do fenômeno humano e religioso sob a ótica da contribuição teológica, considerando o ser humano em todas as suas dimensões, e refletir criticamente sobre a questão do sentido da vida. 
O Sagrado e o Profano 
Esse é exatamente o caso daquilo que classificamos entre sagrado e profano. Numa observação rápida, qualquer coisa poderia ser rapidamente definida entre essas duas categorias. Ir à missa no domingo é sagrado e ir numa balada no sábado à noite é profano. Beijar a mão do padre é sagrado e beijar sua menina na rua é profano. Mas, curiosamente, há um exato lugar onde o sagrado e o profano se encontram e tornamse a mesma coisa. Dentro do seu cérebro.[footnoteRef:2] [2: CONECTOMUS. Instituto. Onde o Sagrado e o Profano se encontram. Disponível em: https://www.institutoconectomus.com.br/onde-o-sagrado-e-o-profano-se-encontram/ Acesso em: 03/05/2021 ] 
 
Para Mircea Eliade, o homem toma conhecimento do sagrado porque “este se manifesta, se mostra como qualquer coisa de absolutamente diferente do profano”. O autor romeno propõe o termo hierofania para indicar o ato da manifestação do sagrado; esse termo, aliás, é prático, porquanto apenas exprime o conteúdo etimológico, a saber que “algo sagrado se nos mostra”. As religiões não são mais do que o encadeamento de hierofanias. Nelas, encontramo-nos diante de algo 
 
misterioso: a manifestação de uma realidade diferente, que não pertence ao nosso mundo, através de objetos que formam parte dele. No fato da hierofania aparece, no sentir de Mircea Eliade, um paradoxo que ele destaca da seguinte forma: “(...) Manifestando o sagrado, um objeto qualquer torna-se outra coisa, e contudo, continua a ser ele mesmo, porque continua a participar do seu meio cósmico envolvente. Uma pedra sagrada nem por isso é menos uma pedra; aparentemente (com maior exatidão: de um ponto de vista profano) nada a distingue de todas as demais pedras. Para aqueles a cujos olhos uma pedra se revela sagrada, a sua realidade imediata transmuda-se numa realidade sobrenatural. Por outros termos, para aqueles que têm uma experiência religiosa, toda a natureza é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica. O Cosmos na sua totalidade pode tornar-se uma hierofania”[footnoteRef:3]. [3: HUMANIDADES. Instituto de. O sagrado e o profano. Disponível em: 
http://www.institutodehumanidades.com.br/index.php/s/350-o-sagrado-e-o-profano-de-mircea-eliade 
Acesso em 03/05/2021 ] 
 O sagrado e o profano se instalam, portanto, não como forças doutrinárias, a despeito de Rubem Alves (1984) afirmar que a essência da religião seja a força (conjugando no termo fé, devoção, respeito e esperança), mas sim como significações e emoções que regulam as relações dos homens com os homens, dos homens com a natureza, dos homens com os deuses; tais significações e emoções, todavia, não derivam de propriedades intrínsecas dos objetos – afinal, “o sagrado (...) não é um valor absoluto, mas um valor que indica situações respectivas”11 – mas consistem em atributos elaborados e decodificados pelos próprios sujeitos, o que nos induz a relativizar as estâncias possíveis de manifestação do homem no mundo e nos conduz a apreender possibilidades de trânsito, deslocamento ou fluxo entre as esferas do real e o do irreal; 
 Ora, se sagrado e profano são experiências com possibilidades de re-localização, trânsito e circulação – à medida que são elaboradas pelos homens e podem ter suas estâncias relativizadas – é possível pensarmos em perfis interativos, entre estes campos, articulados por diálogos e confrontos, combinações e resistências, que conquanto instaurem uma solução de continuidade entre estas modalidades da experiência ritual não necessariamente as anula, tampouco as extingue: eis o limiar.[footnoteRef:4] [4: OLIVEIRA, Victor Hugo Neves de. O CORPO DA FÉ: ESTUDOS SOBRE O SAGRADO E O PROFANO. Revista Nures | Ano VIII | Número 20 | janeiro-abril de 2012. ] 
O homem religioso tem horror da homogeneidade do espaço profano. Desnorteia-se nele. Perde ali o referencial. Assim como na nossa existência do dia-a-dia, na consolidação do nosso mundo particular, há espaços mais significativos do que outros (a cidade dos primeiros amores, a terra natal etc.), que nos permitem estruturar a nossa própria orientação, de forma semelhante para o homem religioso há a imperiosa necessidade de encontrar o espaço sagrado, a partir do qual possa se orientar no universo. Ora, a experiência dessa necessidade é arquetípica. A respeito, frisa Mircea Eliade: “Digamos imediatamente que a experiência religiosa da nãohomogeneidade do espaço constitui uma experiência primordial, homologável a uma ‘fundação do mundo’. Não se trata de uma especulação teórica, mas de uma experiência religiosa primária, que precede toda a reflexão sobre o mundo. É a ruptura operada no espaço que permite a constituição do mundo, porque é ela que descobre o ‘ponto fixo’, o eixo central de toda a orientação futura. Quando o sagrado 
 
se manifesta por uma qualquer hierofania, não só há ruptura na homogeneidade do espaço, mas há também revelação de uma realidade absoluta, que se opõe à nãorealidade da imensa extensão envolvente. [footnoteRef:5] [5: HUMANIDADES. Instituto de. O sagrado e o profano. Disponível em: 
http://www.institutodehumanidades.com.br/index.php/s/350-o-sagrado-e-o-profano-de-mircea-eliade 
Acesso em 03/05/2021 ] 
É interessante abordarmos a dimensão do sagrado a partir da teologia bizantina. Esta apresenta uma visão em que Deus é transcendente em sua essência e imanente em suas energias, de modo que Deus contém o mundo, sem estar contido nele. Trata-se de uma perspectiva teológica em que o paradigma da criação, da cultura, da vida humana é a ação litúrgica. Nela o homem é co-criador com Deus, o fato decorrente desse vértice é que tudo que leva o espírito humano para perto da verdade entrará no Reino Divino. Tudo que o homem expressa na arte e descobre na ciência, na vida, será integrado ao Reino. É o homem litúrgico! 
O paradigma fundamental dessa teologia é o ícone. Assim, a cultura terrena é o ícone do Reino dos Céus. Perder a ação e o olhar que tornam sacro o viver humano é perder a própria natureza humana. Dostoiévski (1995) dizia que se o homem perdesse sua fé na possibilidade de ser integrado no Divino, perderia até mesmo sua forma externa. O homembizantino cultiva a natureza, nomeia os seres e coisas e os humaniza. A relação do homem com o criador é constitutiva de seu próprio ser. 
São Máximo, o Confessor (1985) afirma que a natureza é investida de energias que trazem certa condensação do mundo espiritual. A matéria é epifenômeno do espírito. Visão que se aproxima das formulações de Eliade. 
Gregório Palamas (1983) comenta que o homem eleva a si mesmo sem ser separado da matéria, que o acompanha desde o início. Toda a vida humana, no mundo, na matéria é litúrgica. Um pedaço de ser transforma-se em hierofania, em epifania do sagrado. Na aparência, nada mudou, mas em níveis profundos há uma interpenetração do princípio santificador e do objeto. 
A noção de sagrado aqui se articula na noção de participação. A ação humana, sendo litúrgica, possibilita que todo o cosmos possa ser sacralizado.[footnoteRef:6] [6: SAFRA, Gilberto. A vivência do sagrado e a pessoa humana. PUCSP. Disponível em: https://www.pucsp.br/fecultura/textos/psicologia/1_vivencia.html Acesso em: 03/05/2021 ] 
 
 
Conclusão 
Desta forma, podemos concluir que, em se tratando de uma relação direta com o sagrado, o humano é um ser de construção e vivência, que se faz e refaz em cada gesto, cada símbolo e palavra; que debruça tudo em ritos e mitos; que promove o elo de encontro entre si e aquilo que busca e subjetivamente considera sagrado. É um ser de constante metamorfose e por isso mesmo desenvolve variações de sua própria 
 
expressão religiosa de vida. Assim, na mais profunda e autêntica experiência, vivencia a mais plena expressão do sagrado que busca: o próprio homem.[footnoteRef:7] [7: REIS, Aldo. O humano diante do sagrado: uma experiencia de busca. Dom Total. 2017. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1117952/2017/02/o-humano-diante-do-sagrado-uma-experiencia-debusca/ Acesso em 03/05/2021 ] 
Bibliografia 
REIS, Aldo. O humano diante do sagrado: uma experiencia de busca. Dom Total. 2017. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1117952/2017/02/o-humano-diante-dosagrado-uma-experiencia-de-busca/ Acesso em 03/05/2021 
SAFRA, Gilberto. A vivência do sagrado e a pessoa humana. PUCSP. Disponível em: https://www.pucsp.br/fecultura/textos/psicologia/1_vivencia.html Acesso em: 03/05/2021 
HUMANIDADES. Instituto de. O sagrado e o profano. Disponível em: http://www.institutodehumanidades.com.br/index.php/s/350-o-sagrado-e-o-profano-demircea-eliade Acesso em 03/05/2021 
OLIVEIRA, Victor Hugo Neves de. O CORPO DA FÉ: ESTUDOS SOBRE O SAGRADO E O PROFANO. Revista Nures | Ano VIII | Número 20 | janeiro-abril de 2012. 
CONECTOMUS. Instituto. Onde o Sagrado e o Profano se encontram. Disponível em: https://www.institutoconectomus.com.br/onde-o-sagrado-e-o-profano-se-encontram/ Acesso em: 03/05/2021

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