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Como a sociologia pode ajudar a engenharia civil nos projetos de construção 1

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BELO HORIZONTE 
11 DE MARÇO DE 2020 
 
INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS - IFMG 
CAMPUS SANTA LUZIA 
 
 
 
THAIS GABRIELLY GOMES SOARES 
 
 
TEXTO ARGUMENTATIVO 
COMO A SOCIOLOGIA PODE AJUDAR A ENGENHARIA CIVIL NOS PROJETOS DE 
CONSTRUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 O século XVIII está marcado na história por presenciar grandes transformações. 
As revoluções industrial e francesa foram primordiais para as mudanças sociais neste 
período. A Revolução Industrial, consolidando o capitalismo, trouxe uma nova forma de 
viver, a automação, industrialização, rompeu costumes e tradições, originou o proletariado 
(conceito usado para definir a classe que se opõe ao capitalismo). De modo geral a 
Revolução Industrial consistiu no desenvolvimento de novas técnicas de produção de 
mercadoria e uma nova forma de divisão social do trabalho, cada trabalhador executava 
apenas uma parte do processo de produção e o burguês se responsabilizava pelo controle 
global do processo. A tecnologia no processo de produção ampliou a exploração do 
trabalhador devido ao aumento de produtividade. Na Revolução Francesa, temos os 
iluministas, filósofos que objetivavam transformar a sociedade, pregavam a liberdade e 
igualdade dos indivíduos, a fim de demonstrar a irracionalidade e as injustiças das 
instituições. Essas inovações, transformações na sociedade, mudanças de ideologias, 
modificam o pensamento moderno, que foi se tornando mais racional e científico, 
substituindo os ideais teológicos e de senso comum. Como um novo objeto de estudo, essa 
“nova sociedade” passou a ser analisada, dentro desse contexto surgiu a sociologia no fim 
do século XVIII e meados do século XIX para tentar entender e explicar a vida social, 
abrangendo um amplo campo de observação, abordando acontecimentos individuais e de 
escala global. 
 Três pensadores foram essenciais para a sociologia, são eles, Émile Durkhein, Max 
Weber e Karl Marx, foram eles os criadores de teorias mais abrangentes e adequadas para 
analisar a sociedade, os teóricos que vieram posteriormente a eles usaram seus 
pensamentos como base. 
 Simultaneamente às mudanças sociais, a Revolução Industrial trouxe à tona a 
profissão de Engenheiro Civil. Foi o inglês John Smeaton que se autodenominou 
engenheiro civil, diferenciando-se dos engenheiros militares que na época 
responsabilizavam por grandes construções voltadas para os combates de guerras, como 
fortes, canhões e catapultas. Posteriormente, foi fundada a Sociedade dos Engenheiros 
Civis, com o intuito de reunir profissionais para o desenvolvimento de grandes obras, como, 
aquedutos, portos, pontes, edifícios e pontes. 
 O termo engenharia significa a aplicação de métodos do conhecimento científico 
ou empírico atrelados à utilização de recursos naturais e materiais em prol do ser humano. 
A Engenharia Civil se dedica à construção, projeção, gerenciamento e manutenção dos 
2 
 
serviços ligados à infraestrutura produzida para o bem-estar da sociedade e seu 
desenvolvimento. Nesse contexto, podemos observar a influência da engenharia civil na 
sociedade, logo, se está relacionado à sociedade, há uma necessidade de estar 
diretamente ligada à sociologia para que se obtenha resultados mais assertivos. 
 O filósofo, sociólogo, Karl Marx, um dos pilares da sociologia, produziu uma linha 
de pensamentos multidisciplinar, visto que era formado em História, Direito e Filosofia. Com 
um conceito dialético, o materialismo histórico dialético, Marx, proporcionou uma nova 
forma de fazer a análise social e científica. Analisando a produção na Europa, no século 
XIX, pôde perceber a significante desigualdade e exploração da burguesia (classe que 
possuía os meios de produção) sobre o proletariado (classe explorada), criando, assim, um 
de seus conceitos mais importantes, o materialismo histórico dialético, uma forma de 
análise social e histórica baseado na luta de classes. Posteriormente à verificação desse 
processo de dominação, Marx, viu como uma solução plausível a Revolução do 
Proletariado, uma revolta da classe subordinada que tomaria consciência dos seus direitos. 
Isso, ocasionaria na queda do Estado, e iniciaria uma ditadura do proletariado, com a 
missão de acabar com a propriedade privada, e, minimizar, aos poucos, a diferença de 
classes. 
 Utilizando da visão de luta de classes de Marx, podemos observar que até hoje há, 
escancaradamente, essa desigualdade. Num plano geral, podemos ver claramente no 
Brasil esse desequilíbrio, onde as regiões Norte e Nordeste são mais precárias, quando 
comparada às demais. Entrando num grupo mais reservado, e mais comum ao cotidiano 
dos alunos do Instituto Federal de Minas Gerais, campus Santa Luzia, para podermos 
exemplificar melhor esta situação, citamos a cidade de Belo Horizonte e os acontecimentos 
recentes das chuvas do mês de janeiro de 2020. 
 Voltamos um pouco na história para entender melhor os acontecimentos atuais. 
Aarão Reis, engenheiro e urbanista, consumou a planta da construção da nova capital de 
Minas Gerais em 1897, com propostas de cidade moderna e planejada inspiradas em 
Washington e Paris. Foi pensada uma cidade com largas e extensas avenidas, espaços 
que valorizassem tanto grandes construções quanto o paisagismo. O projeto foi concebido 
a uma área já habitada e considerável em recursos hídricos. Muita coisa não saiu do papel 
como ele planejou, pela logística, orçamento, infraestrutura ou, até mesmo, prazo. A 
transferência de seus habitantes para outro local evidenciou o caráter segregacionista dos 
primeiros passos da futura cidade. A primeira favela da capital, que ainda nem havia sido 
3 
 
inaugurada, foi composta pelos trabalhadores escalados para a construção da capital, que 
seriam ‘temporários’ e não havia necessidade de estarem inclusos no caderno do 
engenheiro. Importante ressaltar que o projeto da cidade foi materializado logo após a 
Abolição da Escravatura e Proclamação da República, assim, esses trabalhadores 
convocados para a construção eram, em grande parte, negros escravizados. Após a 
inauguração da cidade, foi criada a primeira Área Operária e iniciou a remoção das favelas. 
A população mais carente, trabalhadora e negra foi empurrada para a periferia, ocupada 
desordenadamente. O ponto crucial na construção da cidade foi “onde os rios e córregos 
se encaixam no campo de batalha chamado Belo Horizonte?”, como um espaço público e 
aberto, eles seriam destituídos de seu estado selvagem e humanizados, de modo geral 
seriam canalizados e/ou transformados numa rede de esgoto que canaliza toda a poluição 
a seus ribeirões. Condicionar esses preceitos às águas implicou na degradação do meio 
ambiente ocasionando a perda de defesas naturais, aumentando a vulnerabilidade de 
comunidades humanas às catástrofes ambientais. A invisibilidade da água custou caro, 
principalmente, a quem habita e regiões marginalizadas. Para ser mais precisa, de acordo 
com o levantamento feito pela Superintendência do Desenvolvimento da Capital (Sudecap), 
atualmente, dos 654 quilômetros de rio que cruzam a capital, 165 quilômetros estão tapados 
pelo concreto das “avenidas sanitárias” (25% do total). 
 Em janeiro de 2020 o estado de Minas Gerais enfrentou o maior volume de chuvas 
em janeiro dos últimos 110 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. No período 
de 24 de janeiro a 30 de janeiro, já somavam 101 cidades do estado que decretaram 
situações de emergência, neste mesmo período, segundo a Defesa Civil, 55 pessoas 
morreram e cerca de 45 mil tiveram de sair de suas casas devido a situação emergencial. 
Esses impactos são agravados diretamente ao fato de a cidade ser erguida em cima de 
uma malha fluvial. A prefeitura havia colocado em prática um plano emergencial que 
disponibilizava retroescavadeiras e caminhões em alguns pontosda cidade, e também, 
foram reservadas diversas vagas em pousadas e transporte para famílias que tivessem que 
sair de casa por risco de desabamento. 
 Passado o período dos desastres, dos deslizamentos, do caos, vieram o momento 
das obras. Neste momento foi visível a segregação das áreas periféricas em detrimento às 
áreas nobres, de classe média alta. Logicamente, os danos mais consideráveis foram às 
pessoas de baixa renda, áreas marginalizadas, residências de classe baixa. Isso é 
explicado pela baixa qualidade de estruturas, à falta de planejamento de construção, à 
construção em áreas de encostas e áreas de risco. Pessoas mais carentes não têm visão 
4 
 
sobre a importância do planejamento da residência, do estudo de solos necessário, ainda, 
quando têm essa percepção, não possuem condição de contratar um profissional para lhes 
assistirem a construir da melhor maneira. As regiões centrais da capital, áreas nobres, 
foram as primeiras a presenciarem obras íntegras, de forma popular, podemos dizer que 
viram as obras acontecendo, sendo iniciadas e terminadas com qualidade. Já a maioria das 
áreas periféricas estão apenas nas obras paliativas e sabe-se lá quando irão ser realizadas 
as obras definitivas, há ainda famílias desabrigadas a cerca de dois meses pela perda do 
imóvel ou por residirem em área de risco. 
 A chuva, de fato, foi muito forte, de forma que poderia sim causar danos à cidade, 
mas a situação que presenciamos foi a clara exposição da fragilidade da gestão das águas 
em Belo Horizonte, a revelação de que o poder público está à mercê dos seus próprios 
interesses, de mostrar serviço a quem lhes interessa, a quem, por uma concepção chula, 
“lhe dá dinheiro”, ou seja, a burguesia e a classe média alta. Com o intuito, apenas, de 
viabilizar produção, e satisfazer os desejos da burguesia, o poder público está a serviço da 
indústria das enchentes, das empreiteiras que só querem impermeabilizar o solo e canalizar 
rios e prol de interesses próprios, excluindo o bem social. 
 Retomando a concepção da luta de classes de Marx, está é uma situação onde a 
Revolução do Proletário não seria muito relevante, não traria os resultados esperados, ou 
seja, a resolução dos problemas de deslizamentos e construções em áreas de risco. 
Partindo deste ponto de vista temos a resposta da pergunta “Como a sociologia pode ajudar 
a engenharia nos projetos de construção civil?”, sendo a sociologia a ciência que estuda a 
sociedade, quando atrelada à engenharia civil a segregação social e a marginalização 
podem ser amenizadas. É necessário haver um estudo da sociedade para a qual o projeto 
será construído para que as necessidades sociais sejam bem atendidas. 
 Veja bem o caso da construção de Belo Horizonte, se houvesse um trabalho 
conjunto, correto, entre engenheiros, projetistas e sociólogos, muitos dos problemas 
causados pelas redes pluvial e fluvial nas áreas limítrofes da cidade seriam reduzidas. O 
estudo da sociedade, teria auxiliado o engenheiro a projetar a cidade de forma que 
atendesse todas as classes que ali residiriam, da classe baixa à classe alta. Não quer dizer 
que o engenheiro não tem a capacidade, de, por si só, fazer um projeto com esse intuito, 
mas quando há o conhecimento de engenharia ligado a um conhecimento mínimo de 
sociologia, este, pode ser mais assertivo, aí está a importância de se estudar sociologia 
durante o curso de engenharia. Considerando que um projeto de construção, na maioria 
5 
 
das vezes, não é feito para ser utilizado de um dia para o outro, o estudo para a elaboração 
do projeto deve ser extremamente minucioso, cuidando não apenas das melhores 
estruturas, do melhor orçamento, mas sim do intuito que será utilizado, o tempo que será 
utilizado. No caso do planejamento de uma cidade, deve ser levado em conta todo o 
contingente populacional que irá habitar ali nos próximos anos, todas as classes sociais 
para que todos tenham os mesmos acessos e a mesma qualidade de estrutura, o 
crescimento da cidade, o desenvolvimento , a tecnologia que prevista para chegar, tudo 
isso deve ser atendado na construção de uma cidade, de modo geral, de qualquer projeto. 
 Assentando as ideias citadas acima, neste caso, apresentei a teoria de Marx 
comparando a luta de classes com a desigualdade na cidade de Belo Horizonte e as 
afirmações dessa desigualdade num momento de caos gerado por um projeto mal 
elaborado da cidade. Mas estudando a sociologia num amplo campo de observação, a 
maioria, senão todos, os sociólogos teriam algo a acrescentar para que o projeto da cidade 
obtivesse maior êxito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
BIBLIOGRAFIA 
• https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2020/02/17/interna_gerais,1122310/cicatr
izes-da-periferia-a-areas-nobres-veja-marcas-que-a-chuva-espalh.shtml 
• https://www.otempo.com.br/cidades/avenidas-de-belo-horizonte-escondem-25-dos-
corregos-urbanos-1.2290483 
• http://www.esquerdadiario.com.br/Belo-Horizonte-planejamento-pra-quem 
• https://descomplica.com.br/artigo/quem-sao-os-principais-sociologos/4n3/ 
• https://www.mundociencia.com.br/sociologia/como-surgiu-a-sociologia/ 
• https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2019/03/29/como-surgiu-a-
engenharia/ 
• https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/revolucao-industrial.htm 
• https://beduka.com/blog/materias/filosofia/principais-ideias-emile-durkheim/ 
• https://www.buildin.com.br/engenharia-civil/ 
• https://www.mundociencia.com.br/sociologia/como-surgiu-a-sociologia/ 
• https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/o-que-sociologia.htm 
• https://mpra.ub.uni-muenchen.de/9507/ 
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2020/02/17/interna_gerais,1122310/cicatrizes-da-periferia-a-areas-nobres-veja-marcas-que-a-chuva-espalh.shtml
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https://www.otempo.com.br/cidades/avenidas-de-belo-horizonte-escondem-25-dos-corregos-urbanos-1.2290483
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