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Dinâmica Hormonal da Espermatogênese Antes de falar da parte endócrina propria- mente dita do sistema reprodutor masculino, é importante revisar alguns conceitos de sua his- tofisiologia, além da própria espermatogênese. O testículo humano está localizado fora da ca- vidade abdominal, mais precisamente no saco escrotal. Ele possui alguns revestimentos como fáscias espermáticas, a túnica vaginal e a tú- nica albugínea. Essa última é o revestimento mais interno e ela conta com algumas proje- ções internas (septos) que acabarão dividindo o interior do testículo em lóbulos. Cada um desses lóbulos formados será o local de abrigo dos túbulos seminíferos contorcidos, que consistem em uma rede de túbulos eno- velada responsável diretamente pela esperma- togênese. Os túbulos seminíferos contorcidos, como mostra a imagem, estarão associados a outros túbulos no interior do testículo e epidídimo, até que enfim eles levarão ao ducto deferente, que levará o sêmen contendo espermatozoides até a uretra. *O espermatozoide pode ser guardado na cauda do epidídimo e no ducto deferente por vários meses. Dentro de cada lóbulo, existem basicamente dois espaços: o espaço intratubular, que con- siste no interior dos túbulos seminíferos con- torcidos, e o espaço intersticial, que consiste no espaço do “lado de fora”, entre esses túbu- los. O compartimento intratubular é revestido pelo epitélio seminífero. Será nesse epitélio que ocorrerá a espermatogênese. O espaço in- tersticial também vale a pena ser mencionado porque é nele que se localizarão as células de leydig (células intersticiais) secretoras de tes- tosterona. O epitélio seminífero conta com as células de suporte, chamadas de células sustentaculares ou células de Sertoli, e conta também com as células espermatogênicas, que são as esperma- togônias, espermatócito primário e secundário, espermátides e espermatozoides. As esperma- togônias são as que estão mais próximas da lâmina basal e os espermatozoides são as que estão mais afastadas. As células de Sertoli es- tão ao longo de todo epitélio seminífero. As células de Sertoli proporcionam suporte es- trutural ao epitélio, exercem função importante na condução de conteúdo para as células es- permatogênicas e formam junções entre si, chamadas de barreira hematotesticular. Essa barreira é importante porque faz com que an- tes de qualquer substância chegar às células espermatogênicas, passe antes por essas célu- las de Sertoli. Além de tudo isso, as células de Sertoli são essenciais para a viabilidade e desenvolvimento da célula espermática pelo seguinte motivo: a espermatogênese (produção de gametas mas- culinos) depende da testosterona, produzida pelas células intersticiais (Leydig). No entanto, são as células de Sertoli que expressam o re- ceptor para andrógeno, e não as células esper- máticas em desenvolvimento. Da mesma forma, o hormônio foliculoestimulante (FSH), produ- zido pela hipófise, também é necessário para uma boa produção de espermatozoides e, no- vamente, são as células de Sertoli que expres- sam o receptor para o FSH. Leo Descomplica Leo Descomplica / @ERIKLSMD Sobre a afirmação de que as células de Sertoli, ou células sustentaculares, expressam o recep- tor de andrógeno, o que ocorre é o seguinte: essas células produzem uma proteína que é a proteína de ligação a andrógeno (ABP), a qual mantém um nível alto de andrógeno (testoste- rona) no interior dos túbulos seminíferos. Isso, como já foi dito, é essencial para a espermato- gênese. Essas células ainda expressam a en- zima CYP19 (aromatase), que converte testos- terona em um potente estrogênio, que pode aumentar a espermatogênese Somado a isso, essas células (Ser- toli) também produzem o hormônio antimulleriano (AMH), também co- nhecido como substância inibitória mulleriana, a qual irá induzir a re- gressão dos ductos mullerianos em- brionários, que são programados para originar o trato reprodutor fe- minino. A inibina, hormônio proteico, retroa- limenta negativamente os gonado- trofos da adeno-hipófise, inibindo a produção de FSH e mantendo sua concentração dentro dos limites fi- siológicos. Tal homônio, também é secretado pelas células de Sertoli. * A testosterona produzida pelas célu- las de leydig tem diversos destinos e múltiplas ações. Devido à proximidade das células de Leydig com os túbulos seminíferos, quantidades significativas de testosterona se difundem para eles e são concentradas no compartimento intratubular pela ABP. Como foi dito, a testosterona pode ser convertida em es- trógeno pela ação da aromatase secretada pe- las células de Sertolli. Além disso, a testoste- rona pode também ser convertida em di- hi- drotestosterona (DHT), que é um potente an- drógeno não aromatizado. A DHT é necessária para a masculinização da genitália externa in utero e para muitas mudanças associadas à pu- berdade, incluindo o crescimento e atividade da próstata., crescimento do pênis, escureci- mento e pregueamento do escroto, cresci- mento dos pelos pubianos e axilares, pelos fa- ciais e corporais, além do aumento da massa muscular. A conversão de testosterona para di-hidrotes- tosterona ocorre mediante a ação de uma en- zima (5 alfa-redutase do tipo 1 e do tipo 2), que é expressa no trato urogenital masculino, na pele genital, nos folículos pilosos e no fígado. OBS: Como a DHT possui forte efeito promotor de crescimento em seus órgãos alvo, o desen- volvimento de inibidores seletivos da enzima 5 alfa-redutase beneficiou o tratamento de hi- pertrofia prostática e câncer prostático. * Sobre as ações periféricas da testosterona, ela conta com ação direta e indireta em vários ti- pos celulares: Leo Descomplica / @ERIKLSMD Quando a testosterona entra na circulação pe- riférica, ela se liga a proteínas séricas. Cerca de 60% da testosterona circulante está ligada à globulina ligadora de hormônio sexual (SHBG), 38% estão ligados à albumina e cerca de 2% permanece como hormônio livre. * Sobre o eixo hipotalâmico- hipofisário- testicu- lar: O testículo é regulado por um eixo endó- crino que compreende neurônios parvocelulares hipotalâmicos, produtores de hormônio libera- dor de gonadotrofina (GnRH) e gonadotrofos hipofisários que produzem LH e FSH. As células de Leydig expressam o receptor para LH. A longo prazo, o LH promove o crescimento e a proliferação das células de Leydig. No en- tanto, a testosterona retroalimenta negativa- mente a produção de LH pelos gonadotrofos hipofisários. Aliás, não só a testosterona, mas também os seus metabólitos como a DHT e o estradiol. Todos esses 3 hormônios esteroides inibem tanto a liberação do GnRH, quanto a liberação do LH. OBS: Para que sejam mantidas taxas normais de espermatogênese, os níveis intratesticulares de testosterona precisam ser 100 vezes maio- res que o nível circulante de hormônio. No en- tanto, são os níveis circulantes de hormônio que estabelecem o feedback negativo com a hipófise e o hipotálamo. Ou seja, isso significa que a administração exó- gena de testosterona pode elevar os níveis cir- culantes suficientemente para que o LH seja inibido, mas não o suficiente para se acumular nos testículos para que ocorra a espermatogê- nese normal. Com isso, os níveis reduzidos de LH iriam re- duzir a produção intratesticular de testoste- rona pelas células de Leydig, o que resulta em níveis redzidos de espermatogênese. Essa bre- cha está sendo atualmente investigada como uma eventual estratégia para o contraceptivo oral masculino Situação normal: Administração de andrógenos exógenos: BONS ESTUDOS! Resumo feito por Erick Leonardo, 2021. Referências: Fisiologia, Berne & Levi. Bruce M. Koeppen, Bruce A. Stanton. 6º edição Leo Descomplica / @ERIKLSMD
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