Buscar

RESUMO HISTOLOGIA DA PELE E TIPOS DE CICATRIZAÇÃO.

Prévia do material em texto

HISTOLOGIA – PELE
 1) Considerações Iniciais: Considerações Iniciais: Também chamada de cútis ou tegumento, é o maior órgão do corpo. É o manto de revestimento do organismo, que o isola de componentes nocivos do meio externo, e corresponde a, aproximadamente, 15% de seu peso (aproximadamente, de 4,5 a 5 kg em adultos, ocupando área próxima de 2 m2 ).
 Sua espessura varia de 0,5mm (pálpebras), passando por regiões com espessura que varia de 1 mm a 2 mm (maioria do corpo) e chegando a medir 4 mm (palma das mãos e plantas dos pés). Possui origem ectodérmica (epiderme) e mesodérmica (derme). Abaixo dela, encontra-se a hipoderme (ou tela subcutânea), camada de tecido adiposos e areolar que não faz parte da derme, mas se adere a ela por fibras que se estendem a partir da derme e se adere à músculos e ossos pela falácia adjacente (tecido conjuntivo), tela subcutânea atua como depósito de gordura e contém grandes vasos que irrigam a pele, além de conterem corpúsculos lamelares de Pacini (sensíveis à pressão).
 2) Camadas 
2.1) Epiderme: Origina-se da ectoderme do embrião. Composto por epitélio escamoso estratificado queratinizado que contém quatro tipos principais de células, sendo elas os queratinócitos (aproximadamente 90% da células epidérmicas, estão dispostos em quatro ou cinco camadas de produzem a proteína queratina que, fibrosa e dura, ajuda a proteger os tecidos adjacentes do calor, microorganismos e substâncias químicas; além disso, queratinócitos produzem grânulos lamelares que liberam substância permeabilizantes que reduz a entrada e perda de água e inibe a entrada de materiais estranhos), melanócitos (aproximadamente 8% das células epidérmicas, desenvolvem-se do ectoderma do embrião e são as células produtoras de melanina, um pigmento marrom escuro que confere proteção contra raios ultravioletas e que contribui na formação da vitamina D, sendo sua concentração mais na alta nas pessoas de pele negra; são mais presentes nas camadas basal e espinhosa; melanina é sintetizada a partir da proteína tirosina, cuja deficiência condiciona o albinismo; sua produção é estimulada por fatores genéticos, hormonal – hormônio estimulador dos melanócitos, o MSH – e ambiental – energia radiante aumenta produção; grânulos de melanina, ao serem transferidos para os queratinócitos por projeções delgadas e alongadas, aglomeram-se ao redor do núcleo, formando véu que protege material genético dos raios UV), células de Langerhans (originam-se na medula óssea vermelha e migram para a epiderme, onde participam da resposta imune, ajudando outras células a reconhecer organismo invasor e destruí-lo; são facilmente danificadas pela radiação UV) e células de Merkel (células epidérmicas menos numerosas, localizam-se na camada mais profunda da epiderme, onde associam-se a neurônios, formando o disco tátil, estrutura associadas às sensações táteis). Na maior parte do corpo, é constituída de quatro sub camadas (basal, espinhosa, granulosa e córnea fina), sendo chamada de pele fina; nas áreas de maior exposição ao atrito (pontas dos dedos, palmas das mãos e plantas dos pés), possui cinco sub camadas (basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea espessa), sendo chamada de pele grossa. Não é vascularizada. 
2.1.1) Camada Basal/Germinativa: Camada mais profunda da epiderme, é composta por única fileira de queratinócitos colunares ou cúbicos, além de células-tronco que sofrem constantes divisões celulares para produzirem, continuamente, novos queratinócitos, sendo responsável pela renovação da epiderme. Células, unidas por desmossomos associados a tonofilamentos do citoesqueleto, migram para a superfície em processo que demora de 15 a 30 dias. Melanócitos e células de Merkel estão espalhados entre os queratinócitos. 
2.1.2) Camada Espinhosa/Malpighiana: Composta de 8 a 10 camadas de queratinócitos poliédricos firmemente justapostos. Tonofilamentos que se inserem nos desmossomos dão aspecto espinhoso às células e se inserem nos desmossomos, mantendo a coesão das células da epiderme e a resistência ao atrito. Possui células-tronco dos queratinócitos e uma atividade mitótica menor que a camada basal. 
2.1.3) Camada Granulosa: Composta de 3 a 5 camadas de queratinócitos achatados que estão passando pelo processo de apoptose (núcleo e organelas começam a se degenerar e célula morre, assim, camada granulosa é transição entre camadas mais profundas e metabolicamente ativas e as células mortas das camadas superficiais). Grânulos da proteína cerato-hialina, escura, convertem tonofilamentos em queratina. Grânulos lamelares, envolvidos por membranas e também presentes nos queratinócitos, liberam secreção rica em lipídios que preenchem espaço entre as células das camadas granulosa, lúcida e córnea, atuando como selante impermeável (retardar perda de líquidos e entrada de materiais estranhos). 
2.1.4) Camada Lúcida: Consiste de 3 a 5 camadas de queratinócitos mortos achatados e claros com grande quantidade de queratina e com membranas plasmáticas espessas. É considerada uma subdivisão da camada córnea 
2.1.5) Camada Córnea: Composta de 25 a 30 camadas de queratinócitos mortos, anucleados e achatados, que são continuamente descartados e substituídos por células provenientes das camadas mais profundas. Seu interior contém, essencialmente, queratina. Entre as células, encontram-se os lipídios dos grânulos lamelares, tornando-a uma camada eficientemente impermeável. Múltiplas camadas de células são formas de proteger as camadas mais profundas de lesões e do contato com microorganismos. Exposição constante ao atrito torna essa camada anormalmente mais espessa (calo). 
2.2) Derme: Segunda parte mais profunda da pele, origina-se da mesoderme do embrião e é composta por tecido conjuntivo resistente, contendo fibras colágenas e elásticas. Combinação de fibras colágena e elástica conferem resistência, extensibilidade (capacidade de estiramento) e elasticidade (capacidade de retornar à forma original após estiramento) à pele (estiramento extremo produz rupturas conhecidas como estrias). Dentre as células presentes na derme, tem-se, predominantemente, fibroblastos, macrófagos e alguns adipócitos. Vasos sanguíneos, nervos, gânglios e folículos pilosos estão embutidos na derme, que é fundamental para a nutrição/sobrevivência da epiderme e é dividida em camada papilar e reticular. A camada papilar separa-se da epiderme pelas papilas dérmicas (reentrâncias que refletem-se na superfície, formando as impressões digitais; possuem terminações nervosas livres, dendritos que disparam sinais que produzem sensações de calor, frio, dor, cócegas e coceira) e forma,aproximadamente, um quinto da espessura total da derme, sendo constituídas de tecido conjuntivo areolar, fibras colágenas estreitas e elásticas finas. Camada reticular, fixa à tela subcutânea, consistem em tecido conjuntivo denso não-modelado, contendo fibroblastos, feixes de fibras colágenas e algumas fibras elásticas. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- OBSERVAÇÃO: Em certas regiões do corpo, fibras colágenas tendem a se orientar mais em uma direção do que em outra, formando linhas de clivagem/tensão, que são especialmente evidentes nas faces palmares dos dedos das mãos. Em cirurgias, incisão que corra paralelamente às fibras fechará em cicatriz única e fina e incisões através das fibras fechará em cicatriz espessa e larga. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2.3) Hipoderme: Originada da mesoderme do embrião. Formada por tecido conjuntivo frouxo e por tecido adiposo, não é considerada, por alguns autores, uma camada da pele. Tem a função de auxiliar o deslizamento da pele sobre as estruturas em que se apóia e de manter constante a temperatura do corpo.
3) Anexos
 3.1) Pêlos: Estruturas queratinizadas que se desenvolvem a partir de invaginações na pele (folículo piloso). É eriçado devido à contração do músculo eretor na derme. 
3.2) Unhas: Placascórneas queratinizadas.
 3.3) Glândulas Sebáceas: Na derme, desemboca na porção terminal do folículo piloso. 
3.4) Glândulas Sudoríparas: Suor é solução diluída que contém sódio, potássio, cloreto, uréia, amônia, ácido úrico e pouquíssimas proteínas. Sua evaporação faz baixar as temperaturas da pele. Glândulas ceruminosas (produtoras de cera nos ouvidos), glândulas de Moll (produtoras de lágrimas) e glândulas mamárias (produtoras de leite) são glândulas sudoríparas modificadas. 4) Funções
 4.1) Termorregulação: Feita por meio da liberação de suor e pela dilatação/contração dos vasos sanguíneos da derme, em resposta ao aumento ou à diminuição da temperatura.
 4.2) Reservatório de Sangue: Extensa rede de vasos da pele abriga de 8% a 10% do volume total de sangue de um adulto.
 4.3) Queratina: protege contra abrasão, microorganismos, calor e substâncias químicas. Sebo das glândulas sebáceas impedem ressecamento da pele e pêlos e contém substâncias químicas bactericidas. O pH ácido retarda o crescimento de alguns micróbios. Melanina protege contra raios ultravioletas. Células de Langerhans fazem parte do sistema imune, alertando o corpo para a presença de microorganismos potencialmente nocivos.
 4.4) Sensibilidade Cutânea. 
4.5) Excreção e Absorção: Apesar da natureza impermeável da camada córnea, 400 ml de água evaporam por ela diariamente. Além disso, pode absorver algumas substâncias como vitaminas lipossolúveis e gases oxigênio e carbônico. 
4.6) Raios ultravioletas ativam moléculas precursoras, que é modificada pela enzima calcitriol (secretada pelo fígado e pelos rins), resultando na forma ativa da vitamina D.
 5) Microbiota Natural: A microbiota da pele é composta por uma flora residente e uma transitória. A residente encontra-se em camadas mais profundas da pele (uma vez que nascemos com ela) e possuem baixa virulência, podendo demonstrar características patogênicas caso consiga adentrar o organismo e sendo eliminada da pele por meio de soluções à base de iodo ou por meio de soluções de clorexidina (como é o caso da bactéria Staphylococcus epidermidis que, devido ao fato de ser a maior causadora de infecções hospitalares pós-cirúrgicas, precisa ser eliminada da pele com soluções de iodo antes da incisão cirúrgica). A flora transitória (composta, em sua maioria, por bactérias gram-negativas como as enterobactérias e as não fermentadoras) é encontrada em camadas mais superficiais da pele e possuem maior virulência, sendo adquirida por meio do contato com objetos contaminados; a flora transitória, por estar em camadas superficiais, pode ser eliminada com a higienização feita com água limpa e sabão neutro ou com álcool em gel. Entre os componentes da microbiota natural da pele, encontram- se, principalmente, bactérias (como as do gênero Staphylococcus, por exemplo) e fungos (como a Candida albicans, por exemplo).
 6) Cicatrização da Pele: Ocorre com a sinalização de prostaglandinas e fatores de crescimento liberados durante a inflamação. 
6.1) Tipos
 6.1.1) Cicatrização Epidérmica: Ocorre em lesões que acometem apenas a epiderme, o que inclui abrasões e pequenas queimaduras. Em um primeiro momento, células basais em torno da lesão perdem contato com a membrana basal antes de aumentarem de tamanho e migrarem pela lesão; quando as células se encontram, elas param de migrar em consequência da resposta celular chamada inibição por contato (migração cessa completamente quando cada célula está em contato com outras ao longo de toda a sua extensão, uma vez que contato entre as células estimula o glicocálix a liberar substâncias que inibem a continuidade dessa migração). Ao mesmo tempo, o hormônio fator de crescimento epidérmico estimula as células basais a se dividirem e substituir aquelas que se deslocaram para a lesão. Células basais que se deslocaram se dividem, reconstituindo os substratos da epiderme e reparando a lesão.
 6.1.2) Cicatrização de Lesão Profunda: Ocorre quando a lesão atinge a derme. Por atingir mais camadas (que precisam ser reconstituídas), é um processo mais complexo, havendo a formação de um tecido cicatricial (que perde alguma de suas funções normais).
6.1.2.1) Fase Inflamatória: Um coágulo de sangue se forma na superfície da lesão, unindo suas bordas frouxamente ao mesmo tempo que se desenvolve um processo inflamatório para eliminar possíveis microorganismos que tenham adentrado o corpo por meio da ferida (presença de células fagocitárias, principalmente de neutrófilos) 
6.1.2.2) Fase Migratória: Coágulo vira uma crosta e células epiteliais, estimuladas por fatores de crescimento, migram para debaixo dela para fechar o ferimento ao mesmo tempo em que fibroblastos migram pelos filamentos de actina e começam a secretar tecido cicatricial (fibras colágenas e glicoproteínas; o processo de formação do tecido cicatricial chama-se fibrose; quando uma grande quantidade é secretada, forma-se cicatriz saliente que pode ser do tipo hipertrófica, se for mantida dentro dos limites da lesão, ou quelóide, se ultrapassar os limites da lesão; surge por se tratar de processo de reparo e não de reconstituição de todas as camadas da pele); novos vasos sanguíneos também são produzidos em decorrência dos vasos lesionados (angiogênese). Nessa fase, tecido que preenche o ferimento é chamado de tecido de granulação (macio e, devido à grande quantidade de novos vasos sanguíneos, intensamente avermelhado, é caracterizado pela proliferação de fibroblastos). 
6.1.2.3) Fase Proliferativa: Enquanto as fases inflamatória e migratória, juntas, duram até três dias, a fase proliferativa dura, aproximadamente, 21 dias. Ocorre intenso crescimento das células epiteliais sobre a crosta e intensa deposição de fibras colágenas (fibroblastos se orientam pelas fibras da periferia para o centro da ferida durante o reparo). Angiogênese orienta-se da periferia para o centro. 
6.1.2.4) Fase de Maturação: Pode durar até um ano. Crosta se desprende, uma vez que epiderme readquiriu sua espessura normal; ao mesmo tempo, miofibroblastos utilizam a contração de um complexo actina-miosina de musculatura lisa para aproximar as bordas da lesão. Fibras colágenas, antes do tipo III, são substituídas pelo colágeno tipo I e se tornam mais organizadas devido a uma remodelação feita com base nas linhas de tensão do corpo (dependentes da posição). 
6.2) Fatores Limitantes: Falta de vitaminas (principalmente a vitamina C) e de proteínas prejudicam a formação de colágeno pelos fibroblastos. Tabagismo causa vasoconstrição periférica, dificultando a irrigação sanguínea da área da lesão e, consequentemente, o aporte de nutrientes para as células locais. Presença de infecção prolonga a fase inflamatória e gera competição por nutrientes entre as células de defesa e as células do tecido saudável ao redor da lesão. 
Vitória Magalhães Maróstica.

Continue navegando