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1 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA PRISCILLA BESSI FATOR HUMANO NA INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS: ESTUDO DE CASO DO ACIDENTE COM A AERONAVE PR- SOM PALHOÇA 2018 PRISCILLA BESSI FATOR HUMANO NA INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS: ESTUDO DE CASO DO ACIDENTE COM A AERONAVE PR- SOM Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Antonio Carlos Vieira de Campos, ESP Palhoça 2018 PRISCILLA BESSI FATOR HUMANO NA INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS: ESTUDO DE CASO DO ACIDENTE COM A AERONAVE PR- SOM Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 2018 __________________________________________ Orientador: Prof. Antonio Carlos Vieira de Campos, ESP __________________________________________ Prof. Esp. Orlando Flavio Silva RESUMO A ocorrência de acidentes na aviação é de conhecimento geral, demonstrando um grande número de fatalidades e apontando diferentes tipos de investigações destinadas a apurar as causas das tragédias. O elemento humano é a parte mais flexível e valiosa na aviação, mas é também a parte mais vulnerável às influências, podendo afetar negativamente seu desempenho. Neste contexto, este trabalho demonstra a análise da influência dos fatores humanos nos acidentes aeronáuticos, realizando um estudo sobre os aspectos humanos como causas contribuintes para acidentes e incidentes aeronáuticos. O acidente ocorrido no Brasil com a aeronave PR-SOM, que através das investigações e dados obtidos, será possível determinar se houve e quais foram as influências humanas no caso. Através da metodologia qualitativa, já que a mesma busca uma relação entre causa e feito entre os fenômenos, demonstra-se a possiblidade da fundamentação do presente trabalho, e a realização do objetivo, concluindo se os fatores humanos estão de fato relacionados à grande parte das ocorrências dos acidentes aéreos. Palavras-chave: Fatores Humanos, Acidentes Aeronáuticos, Segurança de Voo, Investigação de Acidentes. ABSTRACT The occurrence of aviation accidents is widely known, demonstrating a large number of fatalities and pointing out different types of investigations aimed at ascertaining the causes of the tragedies. The human element is the most flexible and valuable part of aviation, but it is also the part most vulnerable to influences and can negatively affect its performance. In this context, this paper demonstrates the analysis of the influence of human factors in aeronautical accidents, conducting the study on human aspects as contributing causes for aeronautical accidents and incidents. The present work will be based on a case study, the accident occurred in Brazil with the PR-SOM aircraft, which through the investigations and data obtained, it becomes possible to determine if there were and what were the human influences in this case. Through the qualitative methodology, since it seeks a relationship between cause and effect among the phenomena, it is demonstrated the possibility of the foundation of the present paper, and the accomplishment of the objective, concluding if the human factors are in fact related to the great part of occurrence of air accidents. Keywords: Human Factors, Aeronautical Accidents, Flight Safety, Accident Investigation. LISTA DE ABREVIAÇÕES SIPAER - Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos CENIPA - Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos SERIPA - Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes NTSB - National Transportation Safety Board OACI - Organização de Aviação Civil Internacional ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil ADREP - Accident/Incident Data Reporting RELPREV - Relatório de Prevenção RVSV - Relatório de Vistoria de Segurança Operacional de Voo CRM - Crew Resource Management RSV - Recomendações de Segurança de Voo LISTA DE FIGURAS Figura 1 Sistema de Análise e Classificação de Fatores Humanos .......................................... 12 Figura 2 Chuva de Erros .......................................................................................................... 14 Figura 3 Percepção da Pista com Relação a Visão do Piloto ................................................... 25 Figura 4 Fatores Psicológicos e fisiológicos na ocorrência de acidentes de voo ..................... 28 SUMÁRIO RESUMO .............................................................................................................................. 5 ABSTRACT .......................................................................................................................... 6 LISTA DE ABREVIAÇÕES ............................................................................................... 7 LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... 8 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 1.1 Problema da Pesquisa .................................................................................................... 11 1.1.1 Hipótese ....................................................................................................................... 11 1.2 Objetivo Geral ............................................................................................................... 11 1.2.1 Objetivos Específicos .................................................................................................. 11 1.3 Justificativa ................................................................................................................... 11 1.4 Metodologia .................................................................................................................. 13 2. INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES AÉREOS ....................................................... 17 2.1.1 Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – CENIPA ............ 18 2.1.2 Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SINAPAER ...... 20 2.1.3 Investigação Fator Humano ......................................................................................... 23 2.2 Fatores Humanos de Acidente na Aviação ................................................................... 24 2.2.1 Fatores Fisiológicos ..................................................................................................... 24 2.2.2 Fatores Psicológicos .................................................................................................... 27 3. ESTUDO DE CASO: ACIDENTE PR-SOM ........................................................... 30 4. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 32 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 33 10 1. INTRODUÇÃO O setor aéreo tem uma grande importância no desenvolvimento econômico do país, por ser um meio de transporte muito abrangente. De forma global, ele consegue atender e atingir os consumidores em uma grande escala. O setor também contribui com um valor agregado bruto de aproximadamente $25,1 bilhões para o PIB Brasileiro e os gastos efetuadospor turistas estrangeiros contribuem com mais $7,8 bilhões em valor agregado, o que significa que 1,4% do PIB do país é gerado pelo setor de transporte aéreo e por turistas estrangeiros entrando no país por via aérea. Devido à grande importância do setor para a economia brasileira, a gestão da segurança operacional deve ser realizada de forma à envolver diversos órgãos, empresas e entidades, buscando reduzir e prevenir o número de acidentes, porém, para haver a prevenção, torna-se imprescindível a realização de investigações de acidentes e estudos mais aprofundados. Em 2014, um estudo realizado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), entregue ao Ministério da Defesa, revelou que fatores humanos são 15 das 23 causas que contribuíram para 95% dos desastres aéreos registrados no país entre 2004 e 2013, período em que o país viveu um forte crescimento na movimentação de aeronaves, atrelado ao crescimento econômico. Segundo o levantamento da CENIPA, das 1.574 ocorrências aéreas registradas no período, 438 foram classificados como acidentes. Desse total, 58,43% ocorreram devido aos erros humanos, enquanto outros 20% devido às falhas nos equipamentos e apenas 3,26% devido a condições climáticas. Esses números demostram que a atividade humana é responsável pela maioria dos acidentes aéreos ou estão relacionadas de forma direta ou indireta. Sendo assim, é introduzida a dúvida de quais são os fatores humanos que envolvem a ocorrência de acidentes, pois através da solução desta problemática torna-se possível a resolução do problema e a realização da prevenção das fatalidades no setor. Com esses fatores é possível notar a importância da realização da investigação para a prevenção de acidentes na aviação, com o foco nos acidentes relacionados aos fatores humanos. De forma mais específica, esta monografia realiza a introdução à investigação de acidentes aéreos junto aos órgãos responsáveis, como o CENIPA e o SIPAER, abordando os pontos fisiológicos e psicológicos. Para a realização da conclusão com base na revisão bibliográfica, será exposto informações e eventualidades no caso do acidente com a aeronave de matrícula PR-SOM, que caiu perto do aeródromo de Paraty, no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 2017, provocando a morte das cinco pessoas a bordo, entre elas, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. 1.1 Problema da Pesquisa Se as estatísticas mostram que o maior causador de acidentes no setor são falhas humanas, quais fatores causam os acidentes e principalmente, como evita-los? Existe alguma relação entre os acidentes com a cultura e a disciplina dos envolvidos? 1.1.1 Hipótese O alto número de acidentes causados pelo o ser humano, que é vulnerável às influências, que podem determinar suas ações de acordo com aspectos físicos ou psicológicos, capaz de afetar negativamente seu desempenho? 1.2 Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é demonstrar o impacto do fator humano em acidentes aéreos através de uma análise nas informações obtidas nas investigações de acidentes aéreos, tendo como estudo de caso o acidente com a aeronave PR-SOM. 1.2.1 Objetivos Específicos Para atingir o objetivo geral será necessário primeiramente introduzir a investigação de acidentes aéreos e os órgãos responsáveis como o CENIPA e o SIPAER, e a sua realização sobre os fatores humanos com base na referência bibliográfica, e demonstrar os fatores humanos na ocorrência de acidentes aéreos, abordando os pontos fisiológicos e psicológicos além de expor as informações e eventualidades no caso do acidente com a aeronave PR-SOM. 1.3 Justificativa Estatísticas apontam que 70% a 80% dos fatores contribuintes em acidentes aeronáuticos tiveram origem nos fatores humanos. (Paoli et al, 2007). Entre eles, estão aqueles relacionados à disciplina e cultura. Na aviação executiva, os pilotos são levados a se adaptar à rotina dos operadores, o que muitas vezes gera situações de pressão, que em conjunto com uma cultura profissional que valoriza o risco, leva os pilotos a pousarem mesmo em condições meteorológicas adversas, com margens de segurança reduzidas. Nesse sentido, esse estudo, destinado a toda a comunidade envolvida com segurança operacional na aviação, tem a função de analisar e traçar alternativas para a redução de acidentes aéreos provocados por fatores humanos, em especial aqueles diretamente relacionados à disciplina e cultura. Dessa forma, essa pesquisa tem a relevância social de levar ao conhecimento da sociedade, em especial à comunidade envolvida com segurança operacional na aviação, os conhecimentos sobre os fatores humanos ligados aos acidentes aéreos para subsidiar o conhecimento científico já existente e contribuir para o aprimoramento e formação continua dos pilotos e operadores, para que seja possível reduzi-los aos menores números possíveis. Espera-se ainda obter relevância acadêmica por meio da análise dos dados do CENIPA que será realizada a partir do modelo do Human Factors Analysis and Classification System (HFACS), um framework desenvolvido e testado originalmente para uso pelas Força Aérea dos EUA, como ferramenta de investigação e análise das causas humanas dos acidentes de aviação. Figura 1 Sistema de Análise e Classificação de Fatores Humanos Fonte: CENIPA, 2014 Essa pesquisa parte do pressuposto de que o fator humano é um problema crítico de segurança, que precisa de pesquisa de intervenção, embora, segundo WIEGMANN e SHAPPELL (2001), “ao contrário das evidências de falhas mecânicas, que são tangíveis e quantificáveis, as causas de erro humano são geralmente qualitativas e esquivas”. Isso porque, segundo o pesquisador, os fatores humanos investigativos e as técnicas analíticas são muitas vezes menos refinadas e sofisticadas do que aquelas usadas para analisar a mecânica e preocupações de engenharia. Como tal, a determinação e análise dos fatores humanos que contribuem para os acidentes são uma prática tênue, com informações esparsas e mal definidas e, por isso, mais difíceis de serem evitados. 1.4 Metodologia A presente pesquisa caracteriza-se como explicativa-exemplificativa, identificando e analisando os fatores humanos que contribuem para a ocorrência de acidentes aéreos, em especial a relação entre disciplina e cultura como fatores que contribuíram para o acidente com a aeronave de matrícula PR-SOM que caiu perto do aeródromo de Paraty, no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 2017. O procedimento para coleta de dados caracteriza-se como documental, onde será realizada uma investigação por meio de documentos do CENIPA (relatórios, pesquisas, entre outros), com o objetivo de analisar o Fator Humano, em especial o escolhido para esse estudo. A abordagem da pesquisa é qualitativa, identificando as relações da causa e efeito entre os fenômenos, buscando o desenvolvimento de uma metodologia mais eficaz na elaboração de relatórios de investigação de acidentes e em ações de prevenção. Para a realização e fundamentação deste trabalho, foi realizado uma revisão bibliográfica, utilizando como base artigos, periódicos, livros, etc., e materiais de índole confiável, de forma a contribuir com o conteúdo exposto. As bases de dados para realização deste trabalho têm como origem CAPES, SciELO (Scientific Electronic Library Online) e o banco de dados de universidades brasileiras como a USP (Universidade de São Paulo) e UNICAMP (Universidade de Campinas). Após o levantamento dos dados, foi realizado uma avaliação do material obtido, para referencial e uso na aplicação do trabalho, compilando as principais informações. 1.5 Referencial Teórico Uma vez que a falibilidade humana é inegável, várias teorias foram desenvolvidas para explicar os diferentes fatores humanos envolvidos nos acidentes, inclusive os acidentes aeronáuticos.Entre eles, Robert L. Helmreich, um dos mais importantes estudiosos dos fatores humanos na aviação, afirma que, já que seres humanos operam sistemas complexos, erros ocorrerão. Em situações de estresse ou sobrecarga de trabalho, por exemplo, a probabilidade de ocorrência de erro pode ser ainda maior. Mas os fatores humanos, segundo o autor, podem contemplar ainda outros contextos, ou “culturas” que vão mais além do que o estresse. Entre eles, é importante citar os fatores como ‘liderança autocrática”, “individualismo excessivo”, “limitações dos seres humanos como processadores de informação” e até mesmo o “excesso de liberdade”. As operações de voo ocorrem no contexto de três culturas – a cultura nacional, que envolve a organização, a cultura profissional dos aviadores e a cultura organizacional da empresa. Alguns aspectos da cultura nacional aumentam a probabilidade de voo seguro enquanto outros aumentam o risco. (HELMREICH, 1998). Nesse sentido, Helmreich (1998) criou o conceito de “chuva de erros”, para abarcar todos os erros envolvidos em um acidente. Figura 2 Chuva de Erros Fonte: Helmreich, 1998 Segundo o pesquisador, essa “chuva de erros” poderia ser gerenciada de forma bem- sucedida por meio de um plano que atendesse a seis requisitos básicos, que são a confiança, política não punitiva em relação ao erro, o compromisso de tomar medidas para reduzir as condições de indução de erros, os dados que mostrem a natureza e os tipos de erros que ocorrem, o treinamento em estratégias de prevenção e gerenciamento de erros para tripulações e o treinamento na avaliação e o reforço do gerenciamento de erros para instrutores e avaliadores. Outros modelos teóricos, no entanto, também explicam o conceito de fator humano, entre eles, pode-se destacar os modelos apresentados no artigo O conceito de Fatores Humanos na aviação (MARTINS; GUIMARÃES; LANGE e SIQUEIRA, 2005) que são: Teoria dos dominós, Modelos Shell e Reason1, modelo do Queijo Suíço, o Modelo de Gerenciamento de Erros e o modelo de treinamento conhecido como CRM (Crew Resource Management). Segundo os autores do artigo, um melhor gerenciamento dos fatores humanos por meio desses modelos poderia elevar a eficiência, a produtividade e a segurança no ambiente aeronáutico. Esse trabalho de prevenção, no entanto, não poderia tomar o fator humano de forma abrangente, conforme o senso comum, como sendo qualquer aspecto relacionado a seres humanos, em vez disso, segundo os autores, seria necessário levar em consideração ainda que o fator humano também se faz presente nas três pontas da operação aérea (...) na prevenção e na investigação de acidentes aéreos deve-se considerar o avião (equipamento), o ser humano que o opera, projeta, fabrica e faz sua manutenção, o meio e as condições em que a atividade se desenvolve (condições atmosféricas, cabine de pilotagem, meio social, familiar e laboral em que vive e trabalha) – ou seja, o trinômio o HOMEM – o MEIO – a MÁQUINA que constitui a base e o objeto de toda a atividade de prevenção (MARTINS; GUIMARÃES; LANGE e SIQUEIRA, 2205). Outro modelo teórico que também será aprofundado nesse estudo será o modelo qualitativo apresentado por Dyck; Frese e Sonnentag (1999). Esse modelo baseia-se no entendimento de que a prevenção de erros implica um foco no objetivo do controle, mas que a eliminação total de erros é impossível. Com respeito à dualidade de consequências de erro, propomos esse erro. A gestão é uma estratégia bem adaptada para apoiar os objetivos de controle e aprendizado. O gerenciamento de erros supera o conflito inerente na alocação de recursos entre os dois (VAN DYCK, FRESE & SONNETAG, 1999). Por essa razão, a prevenção focada nos erros costuma criar efeitos colaterais negativos, uma sobrecarga no erro, enquanto o ideal seria apostar numa abordagem qualitativa de gerenciamento de erros, concentrada diretamente nas consequências de erro. 1 A OACI fomenta a utilização dos modelos SHELL e Reason. Para que seja feita essa prevenção de forma eficaz, é necessário primeiramente, realizar uma investigação em cada acidente, para que ao identificar o erro o foco seja encontrar maneiras de evita-lo, e não somente punir o responsável. 2. INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES AÉREOS Atualmente, um acidente aéreo é definido como um evento associado à operação de uma aeronave (em que há pessoas que pretendem voar) em que um passageiro ou tripulante fica gravemente ferido ou morre a bordo; há defeitos estruturais ou danos que influenciam significativamente sua produtividade; ou está em um lugar absolutamente inacessível (CENIPA, 2016). Como resultado de uma catástrofe aérea, são utilizados pelo menos dois processos diferentes de investigação: identificação dos fatores que contribuíram para a ocorrência, implementada pelo Sistema de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) e uma revisão realizada dentro do sistema judicial, a fim de atribuir responsabilidade àqueles que motivaram ao evento. Os principais aspectos de cada um deles são descritos nesta primeira fase. Segundo a Aeromagazine (2017), as áreas de investigação de acidentes aéreos podem ser divididas em: a) Operações: histórico do voo acidentado e trabalho dos tripulantes anterior ao acidente abrangendo um período julgado de relevância com a investigação. b) Estruturas: documentação sobre os destroços da estrutura e cenas do acidente, incluindo o cálculo dos ângulos de impacto para ajudar na determinação da trajetória pré-impacto e atitude da aeronave. c) Grupos Propulsores: exame dos motores (eventualmente, hélices) e respectivos acessórios. d) Sistemas: estudo dos componentes hidráulico, elétrico, pneumático e sistemas associados, juntamente com instrumentos e elementos do sistema de controles de voo. e) Controle do Tráfego Aéreo: reconstituição dos serviços de tráfego aéreo prestados à aeronave, inclusive dados do radar do Controle de Tráfego Aéreo e transcrição das radiocomunicações controlador-piloto. f) Condições do Tempo: compilação de todas as informações meteorológicas pertinentes ao acidente. g) Desempenho Humano: estudo do desempenho da tripulação e de todos os fatores anteriores ao acidente que possam estar envolvidos em um eventual erro humano, como fadiga, medicação, álcool, drogas, histórico médico, treinamento, carga de trabalho, projeto de equipamentos e ambiente de trabalho. h) Fatores de Sobrevivência: documentação sobre forças de impacto e ferimentos, evacuação, planejamento comunitário para enfrentar emergências e todos os esforços para o resgate de passageiros. As tentativas de identificar, analisar e compreender os problemas que levaram à degradação do desempenho humano e, portanto, ao acidente são por vezes incoerentes, normalmente os relatórios param na explicação de como o acidente ocorreu. A filosofia adotada na investigação do acidente aeronáutico é muito importante para determinar a sua direção. A ausência de crédito na importância dos fatores humanos continuaria a negligenciar os esforços na obtenção de uma investigação mais sistemática e completa. A ausência de uma investigação independente tem o potencial de criação de existir um conflito de interesses dentro da organização, podendo ser gerador de relutância por parte dos legisladores no sentido de investigar questões relacionadas ao seu próprio papel. (ICAO, 1991) A ICAO, através de seus estatutos, determina os direitos, deveres, direitos e participação em investigações. As investigações são conduzidas pelo órgão responsável que irá desfrutar a independência e a livre autoridade sobre sua condução. O Estado, que tem a responsabilidade da investigação, tem também a responsabilidade de divulgar o relatório final com a maior brevidade possível. O relatório final deverá conter as recomendaçõesde segurança e o conjunto de ações necessárias a serem tomadas para reforçar a segurança da aviação. O formato do relatório final segue o processo de investigação contendo: informação fatual, análise, conclusões e recomendações de segurança. No Brasil, existem dois órgãos responsáveis por investigar os acidentes aéreos, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, e o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. 2.1.1 Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – CENIPA O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), é um órgão que em conjunto com as ferramentas, normas e técnicas utilizadas, realiza os relatórios e conclui a determinação das causas de acidentes na aviação, para então instaurar métodos e técnicas de prevenção nas diversas áreas responsáveis pela aviação no país. A investigação e prevenção são os processos realizados com o propósito de prevenir novos acidentes e que compreende na reunião e a análise de informações e a obtenção de conclusões, incluindo a identificação dos fatores contribuintes para a ocorrência, visando a formulação de recomendações sobre segurança. É impossível falar de segurança de voo sem fazer referência ao órgão que é responsável pelo estudo da segurança operacional. O CENIPA tem a missão de promover a prevenção de acidentes aeronáuticos, preservando os recursos humanos e materiais, visando o progresso da aviação brasileira (CENIPA, 2011). O órgão se baseia nos seguintes fundamentos de prevenção de acidentes aeronáutico, levando sempre em consideração o planejamento e a execução: a) Todas as missões podem ser cumpridas sem sacrifício da segurança de voo; b) A finalidade da segurança de voo é assegurar o cumprimento da missão de uma organização através da manutenção da sua capacidade operacional; c) Todos os acidentes podem ser evitados, para tanto, efetivas ações precisam ser adotadas antes que seja atingido o ponto de irreversibilidade do acidente aeronáutico; d) Para que a prevenção de acidentes produza benefícios almejados, faz-se necessário uma mobilização geral em torno do mesmo objetivo. As atividades para prevenção e investigação de acidentes no Brasil tem um foco maior na investigação do que na prevenção, isso se dá devido a aviação militar no país, que buscam através de uma investigação, os acidentes ou incidentes aeronáuticos tentando determinar a responsabilidade de tal ato. A Marinha e o Exército criaram suas aviações e ambas investigavam seus acidentes de forma autônoma, mas com única finalidade de “apurar responsabilidades”. A Marinha realizava Inquérito Policial Militar (IPM) e o Exército levava a cabo Inquérito de Acidente Aeronáutico (IAA). Nos dois casos realizavam-se “inquéritos” sempre de forma empírica e sem que a principal preocupação fosse prevenção de ocorrências semelhantes no futuro (CENIPA, 2011). Após a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, os procedimentos foram reformulados e unificados sob a jurisdição da então Inspetoria Geral da Aeronáutica, sendo criado o Inquérito Técnico Sumário para investigação de acidentes aeronáuticos, eliminando definitivamente o uso de IPM (CENIPA, 2011). Com os novos procedimentos da Inspetoria Geral da Aeronáutica, nasce o Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) em 1951, que é o órgão responsável pela estrutura da Inspetoria Geral, o primeiro programa de prevenção de acidentes aeronáuticos para a aviação brasileira. 2.1.2 Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SINAPAER O Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos é um dos sistemas que compõem a infraestrutura aeronáutica, conforme disposto no artigo 25 do Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA (Lei Federal 7.565 de 1986). Como seu órgão central, tem- se o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), que efetivamente executa as atividades de apuração dos fatores contribuintes de desastres aéreos e prevenção de novas ocorrências, valendo-se da estrutura administrativa e operacional de que dispõe (CENIPA, 2016). É válido observar que, embora a lei federal 11.182 de 2005 tenha criado a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), atribuindo-lhe competência para regular e fiscalizar a infraestrutura de aviação, a referida lei expressamente excepcionou as “atividades e procedimentos relacionados com o Sistema de Controle do Espaço Aéreo e com o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos”. Desse modo, o SIPAER permanece sob o escopo administrativo da Autoridade Aeronáutica Militar, qual seja, o Comando da Aeronáutica. Vale ressaltar que, a despeito de fazer parte do órgão militar mencionado, é competente para investigar os acidentes envolvendo aeronaves militares, como também aeronaves civis (HONORATO, 2012). Desde já, é necessário frisar que essa apuração se processa com uma única e exclusiva finalidade: a prevenção de novos desastres aéreos. Para isso, verifica-se a existência de princípios e regras próprios à atuação do SIPAER, os quais são sustentados sobretudo por leis e tratados internacionais, e também pela legislação complementar, como decretos presidenciais e normas administrativas (DANTAS, 2012). Iniciando-se a análise dos princípios sustentadores dessa atividade, tem-se o princípio da preservação da vida humana. Consagrado no decreto 87.249 de 1982, este princípio se constitui como diretriz das atividades do sistema ora em análise, bem como sua finalidade máxima, pois preconiza que toda investigação realizada deve proporcionar descobertas que levem a recomendações capazes de garantirem, o quanto puderem, que tragédias similares jamais tornarão a ocorrer (HONORATO, 2012). Observa-se a estreita correlação entre a busca das causas dos acidentes e a atividade de prevenção de novas ocorrências desta natureza. Isso porque essa tarefa (e, consequentemente, a preservação de vidas humanas) só pode ter êxito se de fato forem elucidados todos os fatores que contribuíram para a consumação da tragédia. Do contrário, não será possível o êxito desta atividade, vez que não se pode precaver o desconhecido – ou seja, é necessário saber o que se deve evitar e impedir que aconteça, para que se desempenhe efetivamente a prevenção de futuros sinistros e, assim, preservem-se vidas humanas. E isso só é possível mediante ampla e plena elucidação dos fatores contribuintes ao desastre (HONORATO, 2012). Outro ponto relevante é o princípio da neutralidade jurisdicional e administrativa. Presente no anexo 13 da Convenção de Chicago (ratificada pelo Brasil por meio do decreto 21.713 de 1946), este princípio reza que a investigação seja conduzida sem formalismos e, sobretudo, sem qualquer observância ao postulado do contraditório e ampla defesa, na medida em que dela não pode resultar qualquer tipo de punição. Nesse sentido, a neutralidade jurisdicional e administrativa implica na ausência de litígio, de “partes”, e de qualquer imputação de responsabilidade (DANTAS, 2012). Também de suma importância são os princípios da proteção e sigilo da fonte e da confiança, isso porque, sem a garantia que eles oferecem, tornar-se-ia muito difícil a obtenção de informações fundamentais para o sucesso da atividade investigativa. Embora muitas informações possam ser obtidas a partir de análises e perícias técnicas dos destroços e dos registros de voo feitos pela caixa-preta, muitas das vezes esses elementos, por si sós, não ensejam o pleno descobrimento das causas do desastre. Nesses casos, isso só se faz possível com total e irrestrita colaboração de pessoas com ele envolvidas direta ou indiretamente – como, por exemplo, profissionais da empresa operadora da aeronave acidentada (DANTAS, 2012). É indubitável que não é possível obter-se a colaboração dessas pessoas relacionadasao acidente se elas tiverem receio de que as informações que prestarem servirão para, posteriormente, incriminarem-nas. A fim de evitar esse embaraço à apuração, o preceito da proteção e sigilo da fonte garante a essas pessoas que suas colaborações serão mantidas em sigilo, impossibilitando, assim, quaisquer tentativas de imputação de responsabilidade a partir das informações que fornecerem aos investigadores. Disso decorre o princípio da confiança, que fomenta a existência de relacionamento sólido e confiável entre os especialistas do CENIPA e essas pessoas envolvidas dispostas a colaborar. O amparo legal desses preceitos consta não apenas do anexo 13 da Convenção de Chicago, mas inclusive da Norma de Sistema do Comando da Aeronáutica (NSCA) 3 - 6 (HONORATO, 2012). Por fim, dentre os fundamentos dessa atividade, tem-se o princípio da máxima eficácia preventiva, o qual consagra o dever de a investigação SIPAER buscar toda e qualquer condição insegura que possa ter influenciado na ocorrência do desastre. Ressalta-se que, para que seja considerada nas conclusões e recomendações, basta a mera possibilidade de que a condição tenha tido qualquer influência (por menor que seja) na catástrofe, a fim de fazer com que essa atividade proporcione a maior efetividade preventiva possível. De igual modo, o princípio ora em análise encontra-se insculpido no anexo 13 da Convenção de Chicago e na NSCA 3-6 (HONORATO, 2012). Procedendo-se à explanação da investigação propriamente dita, cabe pontuar que, a rigor técnico, não há que se falar em “causas” do acidente, mas tão somente em “fatores contribuintes”. Isso porque “causa” se refere a um fator que sobressai, que tem maior importância do que os outros, e isso vai de encontro com o objetivo desse exame, que é o de desvendar tudo quanto haja contribuído para a ocorrência do sinistro, sem eleger determinado aspecto como principal ou de maior importância (CENIPA, 2016). No que diz respeito à competência para sua realização da investigação, esta recai sobre o país em que tenha acontecido o acidente. Por conseguinte, se isso ocorre com uma aeronave estrangeira em voo sobre o território brasileiro, ter-se-á por órgão competente o CENIPA. Assim mesmo, é plenamente possível a colaboração de órgãos e entidades estrangeiras interessados, como o fabricante, autoridades do país da empresa aérea, dentre outros (CENIPA, 2016). Verificando-se a ocorrência desta tragédia, após o resgate de sobreviventes, caso exista, deve-se isolar o local e preservar intactos os destroços da aeronave. Por sua vez, o CENIPA designará a Comissão de Investigação, formada por técnicos devidamente capacitados para lidar adequadamente com os destroços e proceder à apuração dos fatores contribuintes (CENIPA, 2016). Essa atividade busca identificar sobretudo três diferentes tipos de fatores: o humano (aspecto médico e psicológico), o material, e o operacional. O fator humano busca descobrir que impacto teve na consumação do desastre, o complexo biológico dos indivíduos, tanto em seus aspectos fisiológicos como psicológicos. O material, analisa a relação entre o acidente e a aeronave nos tocante a projeto, fabricação e manuseio. E o operacional ocupa-se de estudar a forma pela qual o desempenho nas atividades correlatas ao voo influiu no acontecimento da tragédia. Para isso, a Comissão de Investigação conta com pelo menos um profissional específico para cada um desses fatores (CENIPA, 2016). Findada a análise dos destroços, estes serão liberados pelo presidente da Comissão e transferidos para a Autoridade Policial competente, havendo necessidade de uso dos destroços para execução de diligências policiais. Caso não sejam necessárias, faz-se a transferência em favor do proprietário da aeronave. Se a remoção dos destroços for impossível, estes deverão ser destruídos ou marcados de forma a evitar a possibilidade de serem confundidos com um novo acidente, em outras missões de busca e salvamento (CENIPA, 2016). Ao fim, o produto de todo esse trabalho é o Relatório Final (RF). Trata-se de relatório ostensivo e de domínio público, conforme garantido pela legislação vigente (NSCA 3 - 13). No RF, são apresentadas as conclusões oficiais sobre o acidente, bem como as Recomendações de Segurança de Voo (RSV). É principalmente por meio dele que a investigação SIPAER busca atingir seu objetivo maior: a prevenção de novas tragédias por meio da difusão, no meio aeronáutico, dos fatores que contribuíram para o desastre e das providências que devem ser adotadas para se prevenir novas ocorrências. Ademais, não há um prazo fixo para a conclusão dos trabalhos, já que desastres complexos frequentemente demandam mais tempo. A duração média é de 18 meses (CENIPA, 2016). A investigação fator humano é feita separadamente, por um médico. 2.1.3 Investigação Fator Humano A investigação fator humano é a área de abordagem da Segurança de Voo que se refere ao complexo biológico do ser humano, nos seus aspectos fisiológico e psicológico. A investigação deste fator constitui uma análise dos aspectos físico, fisiológico, psicológico, psíquico, organizacional e social, das pessoas envolvidas no voo. Ao mesmo tempo, o fator humano estuda a inter-relação com variáveis ambientais, materiais, temporais e operacionais. Desta configuração, decorre a necessidade de que todos os indícios relativos ao fator humano sejam efetivamente coordenados com os indícios pertinentes às outras áreas da investigação. A investigação do aspecto fisiológico é realizada por um médico qualificado pelo SIPAER. Sua atividade deve estar dirigida principalmente para a identificação de aspectos médicos e fisiológicos que possam ter refletido nas ações da tripulação e demais pessoas envolvidas no acidente, servindo para clarificar a sequência dos acontecimentos na ocorrência. O órgão de saúde da Aeronáutica envolvido na investigação, através de seu responsável, apoiará, em todas as necessidades, os trabalhos da investigação do aspecto fisiológico (CENIPA, 2017). Na investigação do aspecto fisiológico deve ser observado, dentre outros, o estabelecido na ICA 160-14 “Atividades do Médico-de-Esquadrão”, da Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA) (CENIPA, 2017). A realização de necropsia em tripulante falecido em Acidente Aeronáutico é conduzida por instituto médico-legal ou preposto deste no local, devendo ser acompanhada por médico da CIAA para orientar os interesses específicos da investigação do acidente, respeitada a legislação em vigor (CENIPA, 2017). A investigação do aspecto psicológico é realizada por psicólogo qualificado pelo SIPAER e tem por objetivo a verificação da contribuição de variáveis psicológicas para o acidente. O Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA) apoiará, quando solicitado, na seleção de psicólogo para participar da investigação. Na investigação do aspecto psicológico deve ser observado, dentre outros, o estabelecido na NSMA 38-10 “Investigação do Aspecto Psicológico nos Acidentes e Incidentes Aeronáuticos”, do Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA) (CENIPA, 2017). 2.2 Fatores Humanos de Acidente na Aviação Assim, conforme demonstram as estatísticas no capítulo anterior, dentre os fatores mencionados, o humano (em seus aspectos fisiológicos e psicológicos) representa a maior participação como causas contribuintes para a ocorrência de acidentes e incidentes aeronáuticos, exigindo maior preocupação e estudos, apesar de sua complexidade. A interação destes aspectos como causas contribuintes serão mais profundamente abordadas nos tópicos a seguir. Em relação ao fator humano é importante notar que ergonomia física: Abrangem o estudo da postura no trabalho, manejo de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. Ergonomia cognitiva:refere-se aos processos mentais tais como percepção, memória, raciocínio e a forma de como afetam as interações entre seres humanos e diferentes elementos de um sistema. Neste sentido ressalta-se o estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem computador, estresse e treinamento (ABERTO, 2013 apud FRANCESCHI, 2013, p. 18). 2.2.1 Fatores Fisiológicos O ser humano possui sua melhor adaptação fisiológica quando exposto a certos limites de temperatura e pressão. Assim sendo, não foi o humano feito para viver em grandes altitudes, onde o ar rarefeito torna a quantidade de oxigênio insuficiente, sem falar da baixa temperatura (SANTI, 2009). A aviação mundial refere que cerca de 10% dos acidentes aéreos têm como causa preponderante a desorientação espacial, sendo que destes cerca de 90% são fatais. Frente à impossibilidade de adaptação fisiológica, o foco reside, então, na área da prevenção desse fenômeno, no sentido de minimizar a participação da desorientação espacial na gênese de acidentes aéreos. (GILLINGHAM; PREVIC, 1996). Além da desorientação espacial, ilusões decorrentes de informações equivocadas por parte do sistema visual, podem justificar a ocorrência de acidentes. A categorização da ilusão pode ser associada ao foco da visão ou ao ambiente. Em decorrência de a pista assumir, na percepção do piloto, forma constante, tendo o formato constante de uma pista na memória, ao se deparar com outra pista em aclive ou declive, o piloto pode ter uma ilusão. Numa situação de aproximação para pouso numa pista em aclive pode sofrer a ilusão de que está numa altitude mais alta, em função da perspectiva das linhas de contorno da pista, que parecerão mais longas e mais estreitas fazendo com que ele venha a comandar a aeronave de forma a posicioná-la em altitude mais baixa em relação à pista, ocasionando ou demonstrando a possibilidade de um acidente (GILLINGHAM; PREVIC, 1996). Ainda com relação as ilusões visuais, também pode ocorrer de o piloto ter a ilusão de o horizonte não estar na horizontal, ou seja, percebendo-o como estando inclinado, a partir de falsas referências no ambiente. Tal situação tende a ocorrer em voo sobre nuvens que possuem contorno inclinado ou em voo dentro de cânion, cujo relevo pode ser inclinado, especialmente à noite, quando o piloto pode confundir o horizonte com o solo, em função da falta de referenciais ou mesmo confundir as estrelas com as luzes no solo (GILLINGHAM; PREVIC, 1996). Figura 3 Percepção da Pista com Relação a Visão do Piloto Fonte: Alves, 2008 Existe também, um tipo de ilusão ocasionada pela dificuldade de se estabelecer referências visuais em função de visibilidade restrita à noite, denominada “buraco negro”. Tal situação pode ocorrer no voo noturno sobre a água ou mesmo sobre o terreno sem iluminação próximo à pista, sem definição da linha do horizonte. Este tipo de ilusão também pode ocasionar grave desorientação em pilotos de helicóptero, que se utilizam bastante das referências do solo para aproximação para pouso (GILLINGHAM; PREVIC, 1996). O uso de álcool, medicamentos, entorpecentes, e outros fármacos, podem trazer diversos riscos à segurança de voo, aproximadamente 16% dos acidentes da aviação geral estão associados à ingestão de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos. Um dos principais problemas do uso do álcool, é que ele interfere com os padrões normais de sono, reduzindo sua qualidade. Isto se justifica devido ao álcool antecipar o sono profundo, a mudança no padrão de sono ou a supressão do sono, provoca sensações subjetivas de fadiga e dificulta a concentração no dia seguinte. Enquanto as consequências da ingestão excessiva de álcool no desempenho humano são familiares, muitos ainda ignoram que a qualidade do desempenho pode ser prejudicada pelo álcool mesmo muito tempo depois que a concentração da substância no sangue voltar a zero. Devido a isso, mesmo baixa ou moderada, a quantidade de álcool ingerida na noite anterior pode comprometer seriamente a segurança do voo (SANTI, 2009). Além do álcool, a fadiga é um aspecto que influencia de forma considerável nas ações humanas e concentrações com relação as atividades de voo. Cerca de 21% dos acidentes reportados informalmente para a Aviation Safety Reporting System (ASRS) sugerem fadiga como fator, falhas da tripulação, onde a fadiga do piloto pode ter contribuído, têm sido relatadas em aproximadamente 75% das perdas de aeronaves desde 1959. Segundo a Flight Safety Fondation, a fadiga e a sonolência nas tripulações têm três causas principais. Provavelmente, a mais conhecida seja a ruptura do relógio biológico, tanto nas funções físicas, quanto nas psicológicas, o que produz o chamado efeito jet lag, que o efeito atinge tanto a parte mental, quanto a física e emocional dos indivíduos, provocando sintomas como desorientação, insônia, fadiga e ansiedade. Não são apenas os fatores fisiológicos que podem afetar um piloto durante um voo, que por ventura pode acarretar um acidente, existe também os fatores psicológicos, já que eles mexem com a concentração do mesmo fazendo assim, com que ele não preste atenção ao que está fazendo no ar. 2.2.2 Fatores Psicológicos A Psicologia de Aviação tem origem na II Guerra Mundial com a seleção de pilotos, e seus estudos vêm se ampliando e se consolidando em uma atividade proativa, cujo objetivo é a antecipação do somatório de falhas latentes em todo sistema aeronáutico para não resultar no acidente. Sistema este composto por: Homem; Máquina; Ambiente; Organização e cujo elo mais flexível, frágil e vulnerável mesmo com todo avanço tecnológico ainda é o Fator Humano (SANTI, 2009). A influência na saúde mental, pode gerar o desequilíbrio mental, que pode ser apresentada de forma a intervir nas atividades e funções do piloto, como por exemplo, por forma endógena, que são geradas por fatores desconhecidos e não se consegue compreender o que está se passando com os desequilibrados deste tipo. Geralmente são chamados de loucos, isto é, não são capazes de levar uma vida normal, seus atos são incoerentes, suas ideias absurdas. Tamanha é a transformação que se opera nesses indivíduos, que qualquer pessoa capta a doença. O desequilíbrio endógeno é incompatível com qualquer trabalho, sendo afastado, por si só, ou pela comunidade que o leva a um tratamento (SANTI, 2009). As formas reacionais de desequilíbrio mental, são geradas por fatores externos também chamados de estímulos negativos. Estes estímulos podem ser quaisquer acontecimentos que sejam desagradáveis, podendo ser de qualquer natureza, às vezes até insignificantes para todos, menos para aqueles que o está sentindo. Vão desde perturbações familiares, até a simples perda de objetos. Os acontecimentos desagradáveis, quando permanecem preocupando o indivíduo, transformam-se em tensões que trazem um desequilíbrio passageiro ao Sistema Nervoso Central (SNC), produzindo o que se chama de estresse, ou seja, mal-estar e angústia indescritíveis. O estresse pode ser encontrado em muitas tarefas, e o ambiente de aviação é particularmente rico em fatores potenciais de estresse, sendo associado às viagens internacionais e, em menor grau, às domésticas é resultado de vários fatores psicológicos, que têm seu efeito aumentado pelo congestionamento dos sistemas de transporte (PAGE, 2001). A angústia pode ser definida como medo do desconhecido, medo este que se dá a sensação de que algo vai acontecer. É uma sensação desagradável, com a qual o ser humano se depara sempre que se coloca diante de uma situação onde não tenha controle direto e total dos fatos. A atividade aérea, por si, deixa o indivíduo em uma condição de angústia. No alto, ele se vê como um condutor à mercê da máquina (que ele produziu) e das intempéries. O fenômeno do voo pouco depende do homem, esim, de uma série de fatores inerentes a ele, nos quais, às vezes, não há possibilidade de intervenção. A máquina não pode falhar e ele não é a máquina. Este conjunto lhe causa medo, produto da angústia (SANTI, 2009). Um estudo realizado pelo CENIPA em 2003, demonstra que os aspectos fisiológicos através da prevenção diminuíram a ocorrência de acidentes ao passar do tempo, enquanto que os fatores psicológicos aumentaram a média de acidentes ao longo dos anos. O que mostra que mesmo com uma jornada de trabalho pesada, diferença de fuso horário, o maior vilão de um piloto é o seu próprio psicológico. Figura 4 Fatores Psicológicos e fisiológicos na ocorrência de acidentes de voo Fonte: CENIPA, 2003 3. ESTUDO DE CASO: ACIDENTE PR-SOM A queda de avião Beechcraft King Air prefixo PR-SOM ocorreu no dia 19 de janeiro de 2017. Entre os passageiros que morreram na queda estava o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, então relator da Operação Lava Jato no STF, e o empresário Carlos Alberto Filgueiras, dono dos hotéis Emiliano. Também morreram o piloto Osmar Rodrigues e mais duas mulheres, Maíra Lidiane Panas Helatczuk e Maria Hilda Panas. O voo saiu do aeroporto Campo de Marte, na cidade de São Paulo, às 13h (horário de Brasília), com destino à cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro, porém, a aeronave caiu no mar, próximo à Ilha Rasa, cerca de meia hora depois de decolar, momento em que chovia na região da queda. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal abriram, no mesmo dia do acidente, inquéritos para investigarem as causas do acidente, e a Corte Interamericana de Direitos Humanos pediu por uma rápida e cuidadosa investigação sobre a circunstâncias da queda. No dia seguinte ao acidente, a Aeronáutica resgatou a caixa-preta do gravador de voz do avião. A aeronave não possuía caixa-preta gravadora de dados. A aeronave foi retirada do mar no domingo, 22, e transportada para o Rio de Janeiro para perícia da Aeronáutica. Em 23 de janeiro de 2017, o juiz da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, Raffaele Felice Pirro, decretou o sigilo das investigações sobre a queda do avião. Análise preliminar da Aeronáutica "não apontam qualquer anormalidade nos sistemas da aeronave" e que pode ter havido desorientação espacial do piloto. Com o relatório liberado então pela Força Aérea Brasileira (FAB, 2018), foi possível determinar as condições que levaram acidentes e realizar a associação com os fatores humanos envolventes no caso. Durante um ano, 18 especialistas de diversas áreas, como pilotos, engenheiros, psicólogos, controladores de tráfego aéreo, mecânicos, entre outros, dedicaram-se a entender as causas do acidente. Também participaram do processo investigadores dos Estados Unidos e Canadá – países onde se situam as empresas responsáveis pelos projetos da aeronave e dos motores. O modelo que se acidentou era um C90GT King Air. O piloto, que possuía 7.500 horas de voo e mais de 30 anos de experiência, estava com todas as licenças e certificações válidas, assim como a aeronave. A autonomia declarada de combustível do avião era de 4h30 e o tempo de voo previsto até o destino era de 35min. Não havia indicações de falhas na aeronave, disse o investigador responsável do CENIPA, Coronel Marcelo Moreno. Segundo a FAB, nos últimos dez anos, aconteceram 13 acidentes aéreos próximos aos aeródromos de Angra dos Reis e Paraty; desses, seis estiveram ligados à meteorologia. A investigação indica que a visibilidade, no dia do acidente, era de apenas 1,5km, enquanto o mínimo exigido para pouso naquele local é de 5km. Então devido a desorientação espacial como fator contribuinte relacionado a condição meteorológica, foram as justificativas relacionadas para a causa do acidente neste estudo realizado. 4. CONCLUSÃO A regulamentação do aeronauta foi implementada com o intuito de promover a Segurança de Voo, mas, mesmo assim, sua aplicação pode ser feita de forma que a boa parte da Segurança pretendida seja colocada em risco. Normalmente, por alta demanda do tráfego ou por uma eventual falta de tripulantes em um determinado equipamento, torna-se necessário utilizar todas as regras estabelecidas pela regulamentação, em um enfoque diferente daquele pretendido, ainda que dentro da lei, mas longe da margem de Segurança idealizada. A ocorrência de acidentes aéreos é grande, deixando muitas fatalidades. A prática e utilização da investigação se dá como uma ferramenta para determinação das causas dessas eventualidades. A partir da análise das causas, realizadas pelos órgãos responsáveis, são utilizados diversas ferramentas e formas de estudo do mesmo. Como notado e idealizado pelo órgão, um dos maiores causadores de acidentes e fatalidades neste setor são os fatores relacionados aos erros humanos. Estes, tem demonstrados aspectos que influenciam de forma considerável na ocorrência de acidentes na aviação geral. A partir do estudo de caso apresentado, foi possível demonstrar também como os fatores humanos também se relacionaram com a fatalidade ocorrida, e comprovando mais uma vez que sua relação com os acidentes aéreos possui um grande peso determinante. Dentro dos fatores humanos, foco deste trabalho de pesquisa, pode-se concluir que, atualmente, os fatores de origem psicológica merecem maior atenção. Chega-se a esta conclusão ao considerar que tais fatores estão presentes em muitos dos relatórios de acidentes aeronáuticos dos últimos anos, de forma direta ou indireta, colaborando, neste caso, para a presença de outros fatores contribuintes. O relatório da Força Aérea divulgado em 2018 mostra que o acidente com a aeronave PR-SOM aconteceu devido a uma falha humana, mesmo que sem intenção. Desta forma, se vê a necessidade da contribuição da investigação de acidentes, pois somente pelo uso dos mesmos é possível determinar a fonte da ocorrência e determinar medidas preventivas para alterar a ocorrência dos fatores contribuintes. O CENIPA ressalta que é extremamente importante que os pilotos relatem qualquer anormalidade relacionadas aos voos, já que somente com essas informações será possível criar programas de prevenção de acordo com as falhas já existentes, além dessas informações servirem para mostras as estatísticas de acidentes. REFERÊNCIAS AEROMAGAZINE. Como funciona o maior órgão de investigação de acidentes aéreos do mundo. 2017. Disponível em: http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/como-funciona-o-maior- orgao-de-investigacao-de-acidentes-aereos-do-mundo_3599.html#ixzz5BjHb3J8C Acessado em Abril 2018. ALVES, Cloer Vescia. Desenvolvimento de um sistema para quantificação da desorientação espacial. 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