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Microeconomia para a Anpec Theo Cotrim Martins E-mail: theocm@gmail.com mailto:theocm@gmail.com Aula 12 EQUILÍBRIO GERAL E BEM ESTAR N-Cap.13; V-Caps. 31, 32 e 33 Agenda • Adam Smith, Eficiência de Pareto • Economia de Trocas • Agregação de Preferências • Funções de Bem-Estar Social • Alocações Justas • Questões Anpec A “Mão Invisível” de Adam Smith • Adam Smith acreditava que o sistema de mercado competitivo provia uma poderosa “mão invisível” que garantia que os recursos seriam alocados onde eram mais valiosos. – “It is not from the benevolence of the butcher, the brewer, or the baker that we expect our dinner, but from their regard to their own interest.” Adam Smith • Indivíduos e firmas, movidos por interesses próprios, iriam resultar numa alocação socialmente desejável. Eficiência 1. Eficiência de Pareto: Uma alocação de recursos é eficiente de Pareto se não é possível, através de re-alocações, melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a situação de outra pessoa. Eficiência 2. Eficiência na Produção: Uma alocação de recursos é eficiente na produção (ou tecnicamente eficiente) se não é possível, através de re-alocações, produzir mais de um bem sem necessariamente reduzir a produção de outro bem. Eficiência de Pareto e na Produção • Uma alocação de recursos tecnicamente eficiente gerará um ponto de produção necessariamente sobre a FPP. • Uma alocação tecnicamente eficiente é pré- condição para uma situação de eficiência de Pareto. • Assim, ineficiência na produção gerará uma escolha ineficiente de Pareto. Mas, eficiência na produção não garante eficiência de Pareto. Output de x Output de y P P No ponto de tangência a TMS será igual a RPT. Todos os pontos sobre a FPP são tecnicamente eficientes, mas apenas o ponto de tangência com a curva de indiferença é eficiente de Pareto. U1 U2 U3 Eficiência de Pareto e na Produção Economia de Trocas • Hipóteses: – 2 consumidores (S e J). – 2 bens (X e Y) com quantidades fixas na economia. – Quais são as alocações eficientes de Pareto? Podemos ver estas alocações na caixa de Edgeworth. OJ OS Total Y Total X UJ 4 UJ 3 UJ 2 UJ 1 US 4 US 3 US 2 US 1 Economia de Trocas Economia de Trocas • Em qualquer alocação na caixa de Edgeworth em que a TMS dos consumidores seja diferente, haverá espaço para uma melhora de Pareto. OJ OS UJ 4 UJ 3 UJ 2 UJ 1 US 4 US 3 US 2 US 1 A Qualquer troca que leve à área hachurada é preferível em relação à dotação A. Economia de Trocas Economia de Trocas • No slide anterior, o ponto A é claramente um ponto ineficiente de Pareto. • Os consumidores podem aumentar suas utilidades através de trocas. • Nos pontos eficientes de Pareto, a TMS dos consumidores é a mesma. • Curva de Contrato: Numa economia de trocas é a curva que inclui todos os pontos eficientes de Pareto. O equilíbrio da alocação se dará sobre esta curva. Curva de Contrato OJ OS UJ 4 UJ 3 UJ 2 UJ 1 US 4 US 3 US 2 US 1 A Curva de Contrato 1o. Teorema do Bem Estar • Uma alocação Eficiente de Pareto requer que o custo de oportunidade entre quaisquer dois bens seja igual para todos os agentes. • Numa economia competitiva, a razão dos preços dá a razão comum à qual os agentes se ajustam. • Como todos os agentes enxergam os mesmos preços, o trade-off será igual para todos os agentes. • Logo, todo equilíbrio competitivo é eficiente no sentido de Pareto. Este é o Primeiro Teorema do Bem Estar. Economia de Trocas com Dotações Iniciais • A quantidade total de X e Y continua fixa mas os consumidores partem de dotações iniciais. • As dotações iniciais, juntamente com as funções utilidade, irão determinar os pontos possíveis de equilíbrio desta economia. OJ OS UJ A US A A O equilíbrio de trocas ocorrerá na curva de contrato, entre os pontos M1 e M2. M1 M2 Economia de Trocas com Dotações Iniciais 2o. Teorema do Bem Estar • O Segundo Teorema do Bem Estar Econômico diz que qualquer distribuição desejável de bem estar entre indivíduos em uma economia pode ser atingido eficientemente através de trocas em um sistema de preços competitivos se as dotações iniciais são ajustadas apropriadamente. O Dilema da Distribuição • Atenção: se as dotações iniciais são determinadas em favor de um dado agente econômico, as alocações eficientes de Pareto, que advêm de trocas de um sistema de preços competitivo, continuarão favorecendo este agente. Além da Eficiência de Pareto • Eficiência de Pareto não diz nada sobre a distibuição de bem-estar entre as pessoas. • Eficiência de Pareto é sempre desejável. O problema central é qual alocação eficiente de Pareto a sociedade escolherá. • Para esta noção normativa de bem-estar, precisamos da ideia de função de bem-estar. Agregação de Preferências (Varian) • Dadas as preferências dos agentes, como agregá-las numa preferência social? • Uma forma de agregar preferências é permitir que os indivíduos votem de acordo com seu ordenamento de preferências (Ex.: democracia). • Porém, apesar da transitividade das preferências de todos os agentes, este método pode gerar uma classificação intransitiva da preferência social. Agregação de Preferências • Exemplo 1: • Se votar primeiro em x contra y, x ganha. Se votar no ganhador (x) contra z, z ganha. • Porém, se votar primeiro z contra x, z ganha. Em seguida, se votarmos z contra y, y ganha. • O resultado dependerá da ordem na qual a votação for realizada. Pessoa A Pessoa B Pessoa C x y z y z x z x y Agregação de Preferências • Outro mecanismo seria adotar uma escala ordinal em que cada pessoa ordena suas preferências adotando, por exemplo, 1 para a melhor alternativa, 2 para a segunda, e assim por diante. • Ao final, soma-se os valores dados por cada indivíduo e a alternativa com menor soma será socialmente preferida. Agregação de Preferências • Exemplo 2: • Se temos apenas x e y disponíveis, o resultado é um empate em que cada alternativa teria uma soma agregada igual a 3. • Porém, e se agregássemos z na votação? Pessoa A Pessoa B x=1 y=1 y=2 x=2 Agregação de Preferências • Exemplo 2 (continuação): • Em uma disputa entre x e y, y venceria com uma soma agregada de 3. • Apesar do fato de que a ordenação de preferências ainda se mantém, a presença de z faz com que em uma votação a opção y ganhe. • Problema: os exemplos 1 e 2 permitem manipulação. Pessoa A Pessoa B x=1 y=1 y=2 z=2 z=3 x=3 Agregação de Preferências Três características desejáveis dos mecanismos de decisão social: 1. Dado um conjunto completo, reflexivo e transitivo de preferências individuais, o mecanismo de decisão social deveria resultar em preferências sociais com as mesmas propriedades. 2. Se todos preferem x a y, as preferências sociais deveriam classificar x à frente de y. 3. As preferências entre x e y deveriam depender apenas de como as pessoas classificam x em relação a y, e não de outras alternativas. Agregação de Preferências • Teorema da Impossibilidade de Arrow: se um mecanismo de decisão social satisfizer as propriedades 1, 2 e 3, ele então terá de ser uma ditadura: todas as ordenações sociais são ordenações de um indivíduo. • O Teorema nos mostra que é impossível sob uma democracia atender às propriedades 1, 2 e 3. • Para formar preferências sociais a partir de preferências individuais sob uma democracia, temos que abrir mão de uma das propriedades. Funções de Bem-Estar Social • Abrindo mão da propriedade 3, conseguimos garantir que se todos preferirem 𝑥 a 𝑦, as preferências sociais também o farão. • Uma restrição razoável quando agregamos preferênciasé que a função agregada seja crescente na utilidade de cada indivíduo. • Uma função de agregação que atende essa propriedade é chamada de Função de Bem-Estar Social. • Seja 𝑊 uma função crescente em todos os seus argumentos, temos: Função de Bem-Estar Social=𝑊(𝑢1 𝑥 ,…𝑢𝑛 𝑥 ) Funções de Bem-Estar Social • Um caso particular é chamado de função de bem-estar utilitarista ou de Bentham. Neste caso: 𝑊 𝑢1 𝑥 ,…𝑢𝑛 𝑥 = 𝑢𝑖(𝑥) 𝑛 𝑖=1 • Portanto, a alocação 𝑥 é preferível à alocação 𝑦 se: 𝑢𝑖 𝑥 > 𝑢𝑖(𝑦) 𝑛 𝑖=1 𝑛 𝑖=1 ...em que 𝑛 é o número de pessoas na sociedade. Funções de Bem-Estar Social • Um outro caso particular é a função de bem-estar da soma ponderada de utilidades: 𝑊 𝑢1 𝑥 ,… , 𝑢𝑛 𝑥 = 𝑎𝑖𝑢𝑖(𝑥) 𝑛 𝑖=1 ...em que 𝑎𝑖 denota a importância da utilidade de cada agente. • Outro caso é a função de bem-estar social minimax ou Rawlsiana: 𝑊 𝑢1 𝑥 , … , 𝑢𝑛 𝑥 = min{𝑢1, … , 𝑢𝑛} ...neste caso, a alocação final depende apenas do agente em pior situação. Maximização de Bem-Estar • Problema de maximização de bem-estar: max𝑊(𝑢1 𝑥 ,… , 𝑢𝑛 𝑥 ) 𝑠. 𝑎. : 𝑥𝑖 𝑘 = 𝑋𝑘 , ∀ 𝑛 𝑖=1 𝑏𝑒𝑚 𝑘 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 • Dada uma quantidade fixa de bens disponíveis nesta economia, o conjunto de utilidades possíveis é conhecido como conjunto de possibilidade de utilidades. • A fronteira deste conjunto – Fronteira de Possibilidade de Utilidade (FPU) – é o conjunto de níveis de utilidade associados a alocações eficientes de Pareto. Maximização de Bem-Estar • As “curvas de indiferença” são chamadas de curvas de isobem-estar e representam as distribuições de utilidade que apresentam bem-estar constante. Funções de Bem-Estar Individualistas • A Função de Bem-estar individualista ou de Bergson- Samuelson é tal que a utilidade de cada agente depende apenas de seu consumo e, portanto, não há externalidades. • A função de bem-estar é uma função direta dos níveis de utilidade, mas é indiretamente uma função das cestas de consumo individuais: 𝑊(𝑢1 𝑥1 , … , 𝑢𝑛 𝑥𝑛 ) • Neste caso, todos os equilíbrios competitivos são eficientes de Pareto (Primeiro Teorema do Bem-Estar). Alocações Justas • Nem sempre uma divisão igualitária é eficiente de Pareto. O que define uma alocação justa? • Dizemos que uma alocação é equitativa quando nenhum agente prefere a cesta de bens de outros agente à sua própria. • Se o agente 𝑖 preferir a cesta de bens do agente 𝑗, dizemos que 𝑖 inveja 𝑗. • Se uma alocação for equitativa e eficiente no sentido de Pareto, dizemos que é uma alocação justa. Anpec 2010 – Q08 Anpec 2005 – Q08 Respostas • Q08 – 2010: V F F A V • Q08 – 2005: F F F V V
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