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Infecção do trato urinário (ITU) em idosos

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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO EM IDOSOS (ITU) 
No primeiro ano de vida acomete em especial o sexo 
masculino (causados por malformações congênitas, 
princ. da válvula de uretra posterior). Após esse período 
há predomínio no sexo feminino, devido às condições 
anatômicas (uretra mais curta e proximidade do ânus, 
com o vestíbulo vaginal e uretral), e fisiológicas (gestação 
e menopausa). Além disso, na mulher, o 
enfraquecimento do assoalho pélvico, a redução da 
capacidade vesical, a secreção vaginal, contaminação 
fecal e as alterações tróficas do epitélio vaginal por 
hipoestrogenismo favorece o desaparecimento de 
lactobacilos vaginais, propiciando a colonização de 
enterobactérias, causando ITU. 
ITU, sintomático ou assintomático (bacteriúria) são 
muito comuns, independente do sexo, com estimativa 
aproximada de 20% das mulheres e 10% dos homens 
idosos; após os 80 anos esta prevalência duplica, 
diminuindo as porcentagens entre mulheres e homens. 
Os idosos possuem maior risco de contrair infecções 
devido as mudanças fisiológicas causadas pelo 
envelhecimento, e consequentemente a diminuição da 
capacidade funcional, ocasionando um acréscimo de 
enfermidades crônicas e debilitantes. As infecções 
causadas por bactérias levam ao maior índice de 
morbimortalidade nos idosos, representando um 
problema para os indivíduos idosos que residem em 
comunidade, hospitalizado ou institucionalizado. 
Nos idosos, pode ser esperada taxa mais alta de 
ocorrência tanto para mulheres (20%) quanto para os 
homens (10%), nos quais existem condições de 
predisposição, como uropatia obstrutiva da próstata em 
homens, pouco esvaziamento da bexiga por prolapso 
uterino nas mulheres e procedimentos que requerem 
instrumentação tanto em homens quanto em mulheres. 
Fisiopatologia: 
Normalmente, o sistema urinário é um sistema estéril, 
com exceção da parte anterior da uretra mais próxima 
de sua abertura externa. Um dos fatores que contribuem 
para sua esterilidade é o fluxo de urina, que através do 
volume e pressão que é excretada, remove possíveis 
microrganismos que estejam colonizando a parede do 
mesmo. Portanto a urina normal é estéril, mas pode ficar 
contaminada com a flora cutânea no final da sua 
passagem pela uretra. 
A ITU é resultado da invasão e multiplicação de bactérias 
ou fungos, ocasionando um processo inflamatório, que 
pode afetar a uretra, bexiga, ureteres, pelve renal, rins, 
próstata e epidídimo. A ITU ocorre em geral por vias 
ascendentes, seguindo a entrada de bactérias pela 
uretra, embora também possa ocorrer por via 
hematogênica. Com o avanço da infecção, o 
microrganismo pode chegar à bexiga ou aos rins. 
Fatores complicadores: 
• Afecções urológicas: uropatias obstrutivas (por litíase 
urinária) – hiperplasia prostática benigna, prostatite, 
estenose de uretra, estenose ureteral, tumores no 
trato urinário, cistocele. 
• Relaxamento do assoalho pélvico 
• Incontinência urinária (vesical) e fecal 
• Bexiga neurogênica: afecção medular, sequela de 
evento neurológico, diabetes mellitus. 
• Derivação urinária. 
• Presença de corpo estranho: sondas e cateteres 
urinários (predispõem a aderência e multiplicação de 
bactérias). 
• Gestação, menopausa 
• Uso de geleias espermicidas 
• Imunossupressão: diabéticos, aidéticos, 
transplantados, quimioterapia. 
• Idosos: hospitalização, tempo de internação, 
institucionalização (2x maior que em domicílios). 
• Uso prévio de antibióticos, o que favorece o 
aparecimento de germes mais resistentes ou 
infecções nosocomiais. 
Obs: Quanto mais debilitado, e dependente for o idoso, 
maior é a prevalência de ITU. Nos idosos que se 
encontram hospitalizado, quanto mais prolongado for o 
tempo de internação, maior a possibilidade do mesmo 
adquirir ITU 
Etiologia: 
• Origem comunitária (agudas e não complicada): 
o Escherichia coli (70 a 95%) 
o Staphylococcus saprophyticus (5 a 20%) 
o Proteus Mirabilis (homens institucionalizados) 
o Enterococcus (princ. Enterococcus faecalis) 
• Origem nosocomiais: 
o Gram-negativos: enterobactérias e não 
fermentadores (Pseudomonas aeruginosa, 
Acinetobacter spp., Stenotophomonas 
maltophilia), os enterococos e os estafilococos 
• Origem de instituições de longa permanência e 
usuários de sonda vesical de demora: 
o Gram negativos: Klebsiella pneumoniae, Serratia 
spp, Citrobacter spp, Enterobacter spp, Morganela 
Morganii e Pseudomonas aeruginosa 
o Gram positivos: Streptococcus do grupo B e 
Enterococcus spp (principalmente em diabéticos e 
idosos). 
OBS: Infecções urinárias recorrentes e anormalidades do 
trato urinário contribuem para o aparecimento desses 
germes menos frequentes e também de infecções 
polimicrobianas 
Formas clínicas: 
Manifestações clínicas atípicas nos idosos: muitas vezes 
evidenciam apenas anorexia, letargia, quedas e 
alterações do estado mental, aparecimento ou agravo 
da incontinência urinária, ou então se observa a 
presença de sintomatologia como: náuseas, vômitos, 
distensão abdominal, taquipneia e frequência miccional. 
Pode ser: 
• Assintomática (Bacteriúria assintomática): ocorre 
proliferação bacteriana na urina com ausência de 
sinais e sintomas de infecção aguda. Para considerá-
la significante e ser diferenciada de contaminação é 
necessário a realização de 2 culturas de urina (pelo 
menos 24 de intervalos entre elas), nas quais, o 
mesmo microrganismo deve ser isolado e a contagem 
de colônias em placas deve ser superior ou próximo a 
105 UFC/ml. É a forma mais comum de mulheres 
idosas 
• Sintomática: contagem de bactérias na urina de 10² 
UFC/ml é significativa + presença de sintomas, que se 
definem de acordo com o tipo de infecção que se 
estabeleceu no trato urinário. 
Bacteriúria significativa: 
• ≥ 10³ uropatógenos/mL no jato médio da urina em 
cistite aguda não complicada em mulheres. 
• ≥ 104 mL no jato médio em pielonefrite aguda não 
complicada em mulheres. 
• ≥ 105 mL no jato médio da urina em mulheres ou ≥104 
uropatógenos/mL no jato médio da urina em homens 
(ou em urina colhida diretamente por cateterismo em 
mulheres) com ITU complicada 
• Na amostra colhida por punção suprapúbica, 
qualquer contagem de bactérias é relevante. 
Piúria: é necessária a presença de 10 leucócitos por 
campo de grande aumento (x400) em uma alíquota de 
urina centrifugada resuspensa ou por mm³ de urina não 
centrifugada. Para a investigação de rotina, o método de 
fita reagente também pode ser utilizado, incluindo teste 
de esterase de leucócitos e avaliação da hemoglobina e 
de nitritos 
Síndromes clínicas: 
Síndromes clínicas de ITU: cistite, pielonefrite e 
prostatite. 
Na maioria das vezes, cistite aguda na mulher apresenta-
se, em geral, como afecção baixa não complicada e 
afebril. A ITU alta (pielonefrite), se apresenta associadas 
a outros fatores complicadores urológicos ou não, com 
sintomas sistêmicos, necessitando de maior cuidado. 
• Cistite: ITU inferior não complicada 
o ITU baixa, geralmente não complicada, que se 
caracteriza pela invasão e formação de 
microrganismo na bexiga, causando um processo 
inflamatório. É 8x mais frequente nas mulheres. 
o Clínica: disúria, polaciúria, tenesmo vesical 
(vontade frequente de urinar e sensação de não 
esvaziamento completo da bexiga), urgência 
miccional e dor hipogástrica. 
o Aspecto da urina: odor forte, aspecto 
avermelhado ou turvo. 
o OBS: Aprox. 25% dos casos de cistite não tratadas 
podem evoluir para pielonefrite 
• Pielonefrite 
o ITU alta, que se caracteriza pela invasão e 
formação de microrganismo nos rins, levando a 
um processo inflamatório. Geralmente é uma 
complicação de uma infecção em outro local. Pode 
ser complicada ou não. 
o Clínica: Fase aguda – dor lombar, náuseas e 
vômitos, febre e calafrios; Exame físico – extrema 
sensibilidade das regiões costo vertebral e lombar, 
dor na região lombar ao nível da regiãodorso 
abdominal, evidenciando irritação retroperitonial 
de origem renal (sinal de Giordano). 
• Prostatite 
o Infecção na próstata, onde a maioria dos homens 
por volta dos 40 anos, já foram acometidos pelos 
menos uma vez. 
o A E coli ocorre em 80% dos casos, principalmente 
por: ascensão pela uretra, refluxo de urina 
contaminada, passagem de organismos fecais 
oriundos do reto através dos vasos linfáticos para 
próstata, descendente por organismos veiculados 
pelo sangue. 
o Clínica: 
▪ Aguda – dor em região perineal, bolsa escrotal 
ou pelve, acompanhada de sintomas urinários 
como disúria, hesitação ou urgência miccional 
e noctúria, além de complicações na ejaculação 
que incluem hematospermia e dor. 
▪ Crônica: menor intensidade ou mesmo 
assintomático e a suspeita diagnóstica deve 
incidir sobre idosos do sexo masculino com ITU 
recorrente. 
Outras: 
• Epididimites e orquites: A maioria dos casos de 
epididimites, com ou sem orquite, são causadas 
por patógeno urinários comuns. A obstrução do 
colo vesical e malformações urogenitais são 
fatores de risco para este tipo de infecção. Deve 
ser considerada a infecção por Chlamydia 
trachomatis na população masculina jovem 
• Uretrites: Uretrites sintomáticas são 
caracterizadas por algúria e secreção purulenta 
• Urosepticemia 
Diagnóstico: 
Avaliação clínica (sintomatologia, aspecto da urina) e 
exame dos elementos e sedimentos da urina 
Avaliação laboratorial: 
• Urina Tipo I (fitas reagentes): As fitas reagentes 
detectam esterase leucocitária (piúria) ou atividade 
redutora de nitrato (sinal positivo de ITU por 
enterobácterias), podendo haver hematúria. O 
sedimento urinário por microscopia é feito após a 
centrifugação da urina. 
• Urocultura: O diagnóstico definitivo é confirmado por 
meio da urocultura (cultura de urina), que vai mostrar 
crescimento bacteriano > 105 UFC/ml. 
• Antibiograma: é indicado se houver crescimento 
bacteriano > 105 UFC/ml. Teste de sensibilidade 
microbiana. 
• Imagem – USG, Urografia excretora (UGE), 
Uretrocistografia miccional (UCM), TC, RM, 
Cistocopia: para diagnóstico de complicações, 
predisponentes de infecção (ex: anormalidade do 
trato) e acompanhar tratamento. 
Para os outros tipos de síndrome clínica: 
• Pielonefrite: pode ser necessária a avaliação do trato 
urinário superior para excluir obstrução do trato 
urinário superior ou doença calculosa. 
• Uretrites: 
o Uretrites piogênicas: são diagnosticadas pela 
coloração de gram da secreção ou do esfregaço 
uretral, com > 5 leucócitos/ campo de grande 
aumento (x1.000) 
o Gonorreia: presença de 4 gonococos na forma de 
diplococos intracelulares gram negativos. Um 
teste de esterase leucocitária positivo ou > 10 
leucócitos/ campo de grande aumento (x400) no 
primeiro jato de urina é diagnóstico. 
• Prostatite/DPC: se sintomas sugestivos de prostatite, 
deve ser feita uma tentativa de diferenciar a 
prostatite bacteriana de DPC. Esta diferenciação é 
feita pelo teste de quatro frascos de acordo com 
Mearse & Stamey, se puderem ser excluídas ITU 
aguda e DST. 
Tratamento: 
A administração de antimicrobiano deve estar 
direcionada à gravidade da infecção. 
• Terapia ambulatorial: quadro leve a moderado, sem a 
presença de náuseas e vômitos, 
• Terapia hospitalar: indivíduos gravemente enfermos 
Indicações: 
• Sintomáticos 
• Bacteriúria assintomática é tratada se urocultura 
mostrar crescimento significativo de patógenos na 
avaliação pré procedimentos cirúrgicos nas vias 
urinárias. 
Obs: Bacteriúria assintomática não deve ser tratada em 
idosos, pois não há benefícios de melhora da morbidade 
e mortalidade, além de aumento da resistência 
bacteriana. 
Obs: Para que se inicie o tratamento, é necessário que a 
urocultura seja positiva para evitar o tratamento de uma 
eventual infecção vigente com subdose de antibiótico. 
• Cistite aguda ou recorrente: 
 
• Pielonefrite: 
Fluoroquinolonas parenterais, (Levofloxacino, 
Ciprofloxacino); Ceftriaxona; Gentamicina; Aztreonam; 
Ofloxacina; Amoxacilina + Clavulanato ev, Sulfametoxazol 
+ Trimetoprim. Duração do tratamento: 7-10 dias 
 
 
 
OBS: ITU complicada devido a doenças urológicas: tratar 
doença de base. Sempre que possível, o tratamento deve 
ser guiado pela urocultura para evitar o surgimento de 
cepas resistentes. 
Prevenção de itu: 
• Baixas doses de antimicrobianos prolongado, 
estrógeno tópico intravaginal, hidratação adequada 
(> 2 L de água/dia), micções frequentes, manter 
relações sexuais protegidas, higiene adequada da 
região perianal, evitar o uso de absorventes internos, 
evitar o uso constante de roupas íntimas de tecido 
sintético, usar roupas mais leves para evitar 
transpiração excessiva na região genital e uso de 
vacinas antiadesivas. A resolução ou controle das 
causas orgânicas representam as principais medidas 
para evitar recorrência das ITU. 
• ITU na mulher após a menopausa: Em mulheres com 
infecções recorrentes, recomenda-se estriol 
(estrógeno) intravaginal. Se isto não for eficaz, deve-
se adicionar antibióticos profiláticos

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