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ANDRESSA GORETI DOS SANTOS GESTÃO FINANCEIRA DE PROJETOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso MBA em Gestão de Tecnologia da Informação, de Pós- Graduação lato sensu, Nível de Especialização, da FGV/IDE como pré- requisito para a obtenção do título de Especialista. Orientador: Danielle Barbosa Paoliello OSASCO – SP 2019 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT MBA EM GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO O Trabalho de Conclusão de Curso Gestão Financeira de Projetos de Tecnologia da Informação elaborado por Andressa Goreti dos Santos e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gestão de Tecnologia da Informação, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management. Osasco, 1 de junho de 2019. André Baptista Barcaui Coordenador Acadêmico Executivo Danielle Barbosa Paoliello Orientador TERMO DE COMPROMISSO O aluno Andressa Goreti dos Santos, abaixo assinado, do curso de MBA em Gestão de Tecnologia da Informação, Turma GTI-3 do Programa FGV Management, realizado nas dependências da FGV Osasco, no período de 17/5/2017 a 23/5/2019, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Gestão Financeira de Projetos de TI é autêntico, original e de sua autoria exclusiva. Osasco, 1 de junho de 2019. Andressa Goreti dos Santos Dedico todo o meu esforço para concluir este trabalho aos meus pais e minha irmã, porque sem eles isto não seria possível. AGRADECIMENTOS À Deus por me dar força de superar todas as dificuldades durante este período. À minha família que sempre me apoiaram e incentivaram para que concluísse esta etapa na minha vida. À todos os professores pelos conhecimentos proporcionados e pelo suporte durante todo o curso. Aos amigos que fiz durante todo o MBA que me auxiliaram e ajudaram a ver potenciais antes nunca percebidos. RESUMO Atualmente com a alta competitividade de mercado, as empresas buscam inovações em seus modelos de negócio e para que isso ocorra de forma efetiva e eficaz utilizam a tecnologia como um meio de suporte para suas transações. Neste ambiente, os projetos vêm ganhando uma grande importância a cada dia e isto ocorre da necessidade de melhoria de performance de suas atividades, a fim de adquirir e manter clientes. Neste contexto, é de extrema importância uma gestão financeira de projetos, principalmente no que tange a área de Tecnologia da Informação (TI). A necessidade desta gestão surge da visão errônea de que TI custa caro e da dificuldade em se ver o real valor que a área traz ao negócio. Para tanto, este trabalho tem por objetivo, mostrar teorias e boas práticas existentes acerca de análise de viabilidade de projetos, para a escolha de um portfólio adequado para o negócio; de gerenciamento de custos e orçamento, visando a melhor gestão dos investimentos dos patrocinadores do projeto; e por fim, como é possível fazer uma gestão financeira de projetos de TI. Após a fundamentação teórica, faz-se necessária demonstrar sua relação com a prática e assim realizar uma análise entre teoria e prática, podendo desta forma, propor uma proposta de melhoria. Ao fim, conclui-se que as técnicas utilizadas no dia a dia das empresas para a gestão financeira de projetos na área de TI podem ser implantadas, melhoradas e/ou aperfeiçoadas com o intuito de que TI se torne um diferencial competitivo dentro da organização. Palavras-Chave: projetos; viabilidade; custos; orçamento. ABSTRACT Currently, with high market competitiveness, companies are looking for innovations in their business models and for this to take place effectively and efficiently they use technology as a medium of support for their transactions. In this environment, the projects are gaining great importance every day and this occurs from the need to improve performance of their activities in order to acquire and maintain clients. In this context, financial management of projects, especially in the area of Information Technology (IT), is extremely important. The need for this management stems from the erroneous view that IT is expensive and the difficulty in seeing the real value that the area brings to the business. In order to do so, this work aims to show theories and existing good practices about feasibility analysis of projects, to choose a suitable portfolio for the business; cost management and budget, aiming at better management of the investments of the project sponsors; and finally, how it is possible to do financial management of IT projects. After the theoretical basis, it is necessary to demonstrate its relation with practice and thus to carry out an analysis between theory and practice, and in this way, propose a proposal for improvement. Finally, it can be concluded that the techniques used by companies for day-to-day financial management of IT projects can be deployed, improved and / or improved in order for IT to become a competitive differentiator within the organization. Keywords: projects; viability; costs; budget. LISTA DE ABREVIATURAS TI – Tecnologia da Informação. TCC – Trabalho de Conclusão de Curso VPL – Valor Presente Líquido TIR – Taxa Interna de Retorno RCB – Relação de Custo-Benefício VP – Valor Presente VPL – Valor Presente Líquido i – taxa utilizada n – tempo em haverá o retorno do investimento WACC - Weighted Avarage Cost of Capital Ke – Custo do Capital Próprio Rf – Retorno do Ativo Livre de Risco E(RM) – Retorno esperado pelo Índice de Mercado Beta – Risco do negócio Kd – Custo da dívida E (equity) – total do Patrimônio Líquido D (debt) – total da dívida VF – Valor Futuro ROI – Return on Investment – Retorno sobre o Investimento KPI – Key Performance Indicator ERP – Enterprise Resource Planning MVP – Minimum Viable Product BC – Business Case LISTA DE FIGURAS Figura 1. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para o Plano de Gerenciamento de custos. .................................................................................................................. 20 Figura 2. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para o processo Estimar os Custos. ...................................................................................................................... 23 Figura 3. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para a Determinação do Orçamento. ................................................................................................................ 29 Figura 4. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para o Controle dos Custos. ... 33 Figura 5 - Problemas mais frequentes em projetos Fonte: PMSURVEY.ORG, 2013, p. 94. ......................................................................................................................... 37 file:///C:/Users/janai/Desktop/GTI%2003%20N%20-%20TCC%20-%20Andressa%20Goreti%20dos%20Santos.doc%23_Toc15416759 file:///C:/Users/janai/Desktop/GTI%2003%20N%20-%20TCC%20-%20Andressa%20Goreti%20dos%20Santos.doc%23_Toc15416759 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Estrutura do roteiro de implantação de um sistema ERP .......................... 41 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15 2.1 Análise de Viabilidade de Projetos .................................................................. 15 2.2 Gerenciamento de Custos e Orçamento de um projeto ................................. 19 2.2.1 Plano de Gerenciamento de Custos ............................................................. 20 2.2.2 Estimativa de Custos ..................................................................................... 23 2.2.3 Determinar o orçamento ................................................................................ 28 2.2.4 Controlar os custos........................................................................................ 32 2.3 Gestão Financeira de Projetos de TI................................................................ 37 2.4 Implantação de um ERP (Enterprise Resource Planning) para a Gestão Financeira de Projetos de TI ................................................................................... 40 3. RELAÇÃO DA TEORIA COM A PRÁTICA .......................................................... 43 3.1 Empresa “A” – Empresa de eventos musicais automatizados ..................... 43 3.2 O entrevistado ................................................................................................... 44 3.3 Os projetos implementados ............................................................................. 44 3.4 O problema ........................................................................................................ 45 3.5 A pesquisa ......................................................................................................... 46 4. PROPOSTA DE MELHORIA ................................................................................ 48 5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 55 12 1. INTRODUÇÃO Os projetos vêm ganhando muito espaço hoje em dia, principalmente quando envolvem Tecnologia da Informação (ORDAHY, 2008). Desta forma, um eficaz gerenciamento financeiro dos mesmos pode gerar resultados positivos e melhores tomadas de decisão. Para tal, se faz necessário um cauteloso levantamento, planejamento e controle de custos, já que o mesmo faz parte das restrições de um projeto e pode ser fator de seu sucesso ou decadência (ORDAHY, 2008). No Guia de conhecimento em gerenciamento de projetos - PMBOK, existe uma área de conhecimento específica sobre custos, focando no planejamento, orçamento, controle e análise de desempenhos dos custos (ORDAHY, 2008). O ITIL, 6 Sigma e CMMI também fornecem padrões para gerenciamento de custos. Isso demonstra o quão importante é a gestão de custos dentro de um projeto. Além disso, fazer um orçamento adequado para o projeto é de suma importância, já que este prevê o valor a ser aportado em determinado período para sua execução. Sendo assim, um valor de projeto não deve estar fora da realidade e nem abaixo dos custos de execução, já que um valor abaixo do necessário será sinônimo de prejuízo e acima do necessário, motivo para desistência do investidor ou patrocinador. Projetos não são estáticos e ressalta-se que os riscos financeiros ou uma mudança de escopo podem alterar em muito seus custos. E, por isso, existe a necessidade de se gerir as mudanças e realizar a análise de seu impacto no retorno financeiro do projeto. O que vemos atualmente são vários problemas relacionados à gestão financeira de projetos de TI. Um deles, trata-se do orçamento, que tende a ser limitado, o que obriga a área à escolher um portfólio de serviços que utilize o mínimo de recursos e habilidades, que podem ser inferiores às suas necessidades reais, gerando soluções improvisadas, o que refletirá na qualidade da entrega do mesmo. Além disso, não são raras as vezes em que o orçamento de projetos de TI é planejado de forma errônea, muito aquém do que o projeto em execução necessita, 13 resultando em cortes de funcionalidades que refletirão a não adequação do serviço às necessidades apontadas inicialmente pelo cliente (PALMA, 2016). Outro problema, é não existir uma otimização no rateio de custos entre a área de TI, seus projetos e a TI utilizada nas demais áreas da empresa, que qualifique, quantifique e diferencie quais custos estão relacionados à área de TI em si, quais são relacionados aos projetos e quais estão relacionados à sustentação das necessidades das demais áreas da Organização. Lembrando que, sem essa diferenciação todos os custos serão lançados para a área de TI, causando uma visão de que o departamento custa “caro” para a organização. Além disso, não podemos esquecer a falta de gestão de mudanças, que deveria avaliar os custos e os impactos de cada mudança solicitada durante o andamento do projeto e que poderão diminuir em muito o retorno sobre o investimento (ROI) e o payback de determinado projeto, causando prejuízo em sua execução (PALMA, 2016). A pergunta problema da atual pesquisa é: Como evitar que projetos de TI sofram com orçamentos carentes, planejamento de custos inadequado e ausência de uma gestão financeira efetiva no que diz respeito a projetos de TI? O objetivo do presente trabalho é definir métodos e ferramentas que permitam a gestão financeira adequada dos projetos de TI, definindo formas de analisar e gerir o orçamento e os custos de um projeto. Para atingir o objetivo foram definidos os seguintes objetivos específicos: • Realizar a revisão da literatura sobre gerenciamento de custos em projetos; • Identificar formas de analisar e gerir os custos dos projetos; • Identificar formas de analisar e gerir o orçamento dos projetos; • Identificar formas de analisar e gerir riscos financeiros, com o objetivo de verificar seu impacto sobre o orçamento. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. O Capítulo 2, mostra como é possível, com as boas práticas e frameworks existentes, fazer uma análise de viabilidade de projetos; planejamento, estimativa e controle dos custos; bem como determinar o orçamento necessário para a execução de um projeto e por fim como é possível construir uma Gestão Financeira de Projetos relacionada à área de Tecnologia da Informação. 14 No Capítulo 3, é apresentada uma pesquisa realizada através de entrevista com o gestor de uma Organização acerca do assunto, onde o principal objetivo é entender como atualmente é feita a Gestão Financeira de Projetos de TI e fazer uma relação entre a teoria e prática. No decorrer do Capítulo 4, há uma análise dos resultados da pesquisa, juntamente com uma proposta de melhoria. Por fim, apresenta-se uma breve conclusão sobre o assunto exposto no trabalho, com o objetivo de sintetizar os resultados obtidos com a pesquisa teórica e os obtidos na fase prática, através do questionário respondido pelo gestor da Organização. 15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O presente capítulo aborda de forma resumida as teorias sobre a Gestão Financeira de Projetos de Tecnologia da Informação, no que diz respeito à Análise de Viabilidade de Projetos, Gerenciamento de Custos e Orçamento de projetos e a própria Gestão Financeira de Projetos, com a utilização de um sistema integrado (ERP) que dê suporte às operações. 2.1 Análise de Viabilidade de Projetos A análise de viabilidade de projetos tem como objetivo analisar a possibilidade de um produto ou serviço obter sucesso no mercado, com o intuito de buscar captação de recursos financeiros (AMARAL, 2018). Desta forma, toda empresa precisa decidir em que e como deve alocar seus recursos para atingir com sucesso seus objetivos e metas, afim de utilizar da melhor forma possível o orçamento disponível. E, é por isso, que antes de sair do papel, as empresas se preocupam em estudar se o projeto atende ou não os requisitos para ser executado e se é viável ou não seu desenvolvimento. Além disso, a elaboração de análises de viabilidades, conforme Oliveira (2015), serve para captar recursos, definir mercado, analisar riscos e alternativas, comparar alternativas de investimentos, definir, tamanho do projeto, localização, tecnologia, operacionalização, assegurar a legalidade e reduzir/mitigar os impactos ambientais. Existem alguns tipos de análise de viabilidade, que são utilizadas de acordo com diferentes pontos, como: • Análise de viabilidade estratégica, onde segundo AMARAL (2018) o objetivo é entender se o projeto está alinhado aos objetivos estratégicos. Sendo assim, verifica-se se o projeto a ser executado agregará valor ao plano que a empresa pretende seguir estrategicamente; • Análise de viabilidade técnica ou tecnológica, verifica se existem recursos técnicos e/ou tecnologia que possibilitam produzir as entregas (produto, serviço ou ideia) atendendo às especificações (OLIVEIRA, 2015); 16 • Análise de viabilidade operacional, examina a capacidade operacional que a empresa possui como, equipamentos, conhecimento, matéria-prima, para a execução do projeto (AMARAL, 2018); • Análise de viabilidade mercadológica ou de marketing em que verifica-se se há mercado para o serviço ou produto do projeto analisado e o nível de concorrência do mesmo. Para essa análise, as empresas se utilizam das cinco forças de Porter onde identificam a rivalidade entre concorrentes, as ameaças de novos entrantes, o poder de barganha dos clientes e dos fornecedores e a ameaça de produtos substitutos. Diante disso, a empresa pode identificar e analisar qual o ambiente competitivo a empresa está inserida e determinar o posicionamento do negócio diante da concorrência. Sendo assim, fazendo uma análise de viabilidade mercadológica é possível potencializar as vantagens, balancear as forças e otimizar a competitividade (PORTAL ADMINISTRAÇÃO, 2015); • Análise de viabilidade legal é realizada para verificar se o projeto que será implantado está de acordo com as normas e leis do país e se é condizente com as normas da própria organização; • Análise de viabilidade ambiental, identifica-se os impactos ambientais que o projeto pode gerar, sejam eles positivos ou negativos afim de pensar nas consequências que estas tecnologias trarão ao meio ambiente; • Análise de viabilidade fiscal examina a incidência de questões fiscais sobre o projeto que poderão facilitar ou inviabilizar sua execução; • Análise de viabilidade da localização, leva em consideração a disponibilidade de pessoas capacitadas no local, de recursos disponíveis, logística, mercado consumidor, pois dependendo do tipo de projeto, esses fatores podem ser indicadores de sucesso ou fracasso de sua execução; • Análise de viabilidade econômico-financeiro, examina-se a probabilidade do projeto ser financiado de acordo com a fonte de financiamento. Nesta análise avalia- se se a proposta atende às necessidades dos investidores, se os recursos são suficientes para sua execução ao longo do tempo e qual será seu retorno sobre o valor investido. Desta maneira, para se avaliar propostas e tomar uma decisão em relação a um tipo específico de investimento, faz-se necessário uma simulação através do uso 17 de algum método, como por exemplo, cálculo do Payback, do Valor Presente Líquido (VPL) e da Taxa Interna de Retorno (TIR). Para tanto, poderá ser feita uma análise de relação de custo-benefício (RCB), que será utilizada para analisar quantitativamente os custos e os retornos de um projeto, para sanar a dúvida se deve ou não ser financiado em relação a projetos concorrentes. O RCB é obtido dividindo-se o valor do investimento pelas receitas previstas, onde o projeto que tiver maior índice, apresentará o melhor custo benefício. Além disso, é necessário calcular o Payback, ou seja, estimar o período de retorno do investimento. Para obtê-lo, divide-se o valor do investimento pelo valor da receita anual esperada. Se o resultado for menor do que o desejado, o período para execução do projeto é aceitável. Porém esse índice não considera a inflação, se tornando uma desvantagem (AMARAL, 2018). Portanto, para fazer o cálculo que seja mais condizente com a realidade, utiliza-se o Valor Presente (VP) e o Valor Presente Líquido (VPL), que considerarão o valor do dinheiro ao longo do tempo. No caso do Valor Presente (VP), analisa-se o quanto vale no presente o valor que entrará em caixa em uma data futura, conforme é demonstrada na fórmula: VP = VF / (1+ i )n. (No qual: VF indica o valor futuro; i, a taxa a ser utilizada e; n, o tempo em que haverá o retorno do investimento). Neste caso, quanto maior o VP melhor será o investimento. O Valor Presente Líquido (VPL) assim como o Valor Presente tem o objetivo de averiguar se o projeto terá ou não lucro, porém considera a relação de receitas e despesas ao longo do tempo que são submetidas a taxas de juros ou inflação futura. Portanto, o VPL levará em consideração o fluxo de caixa relativo ao projeto e a tendência é que quanto mais próximo do término do projeto, menores serão os custos e maiores os lucros. Se o VPL for positivo, o projeto resultará em lucro, porém se for negativo, acarretará em prejuízo. Não pode-se esquecer que a taxa de desconto utilizada para o cálculo do VPL do projeto é a do Weighted Avarage Cost of Capital (WACC) publicada pela empresa. Sua determinação é importante porque afeta diretamente o resultado atribuído ao projeto (VILELA; SILVA; QUINTAIROS, 2007). Para calcular o WAAC, utiliza-se a seguinte fórmula: WACC= Ke*(E/(D+E))+Kd*(D(D+E)), onde: 18 • WACC = Weighted Avarage Cost of Capital; • Ke = Custo do Capital Próprio, em que leva-se em consideração o retorno do ativo livre de risco (Rf), o retorno esperado pelo índice de mercado (E(Rm)) e o risco do negócio em comparação ao mercado (Beta), chegando a seguinte fórmula: Ke = Rf + Beta * [ E(Rm) – Rf]; • Kd = Custo da dívida, que serão os juros médios que se pretende pagar sobre a dívida; • E (equity) = total do Patrimônio Líquido; • D (debt) = total da dívida. Além desses índices, deve-se verificar o quanto um investimento aplicado no momento, com a incidência de uma certa taxa de juros e em determinado tempo, valerá no futuro, ou seja, há a necessidade de determinar o Valor Futuro (VF) do projeto, que ajudará a decidir qual projeto deverá ser executado. Para o cálculo, utiliza-se a seguinte fórmula: VF = VP (1 + i)n. (No qual: VP indica o valor presente; i, a taxa de juros e n, o tempo em se espera o retorno do valor investido). Quando há um investimento em um projeto é comum comparar a rentabilidade do projeto com uma aplicação financeira ou com outro projeto. E, para isso, é calculada a Taxa Interna de Retorno (TIR), ou seja, a percentagem de retorno do dinheiro investido a cada ano de desenvolvimento do mesmo. Portanto, enquanto o VPL focará no fluxo de caixa, a TIR focará no tempo. A fórmula para cálculo da TIR é: ni FCi/(1+TIR)2 (na qual, FC é o fluxo de caixa; i é o período de cada investimento e n é o período final do investimento). Essas análises de viabilidades não são feitas somente pelo gestor de projetos, pois são utilizadas diferentes setores da organização e necessita de diferentes perspectivas feitas de forma crítica e que obtenham maior chance de sucesso. Os projetos podem ser avaliados antes da autorização onde são considerados fatores estimados; ao final da fase de planejamento, pois a avaliação já pode ser feita de forma mais precisa e se aprovado, o projeto já pode ser desenvolvido e quando há solicitação de mudanças em sua execução, para avaliar os impactos e consequências das mudanças, projetar cenários, calcular riscos e somente depois aprovar ou não a alteração. 19 Segundo Oliveira (2015), a análise de viabilidade nada mais é do que comparar alternativas de investimentos, que confrontada dentro de um cenário controlado, possibilitará a decisão que melhor atender as expectativas do investidor, reduzindo desta forma risco e otimizando a utilização dos recursos disponíveis. 2.2 Gerenciamento de Custos e Orçamento de um projeto Um gerenciamento efetivo dos custos de um projeto não trata-se apenas de minucioso processo de planejamento e definição dos custos para seu gerenciamento, mas também da definição e escolha de orçamentos que tragam valor ao processo e ao negócio, bem como, o controle dos recursos com o propósito de cumprir o que foi acordado desde o início. De acordo com Fabiana Lima (2014), geralmente a área de TI possui altos orçamentos, porém os mesmos são definidos pelo cliente ou área que controle a TI dentro da empresa, geralmente financeira, que estabelece limites de custos baseadas em suas necessidades, o que define uma variação no gerenciamento dos custos do projeto. Desta forma, ao juntar-se o gerenciamento de custos, escopo e tempo, ter-se-á o tripé que será foco para a gerência de projetos na área de TI. Conforme observa-se no guia de conhecimento PMBOK, existem quatro elementos necessários no gerenciamento de custos de um projeto, sendo eles: o plano de gerenciamento de custos, a estimativa de custos, a determinação de orçamentos e o controle de custos. E, dentre eles, os que demandam maior esforço da gerência são de estimar custos e controlá-los, pois em projetos que exigem desenvolvimento de software, as medições são complexas de serem feitas, o que torna uma área onde deve-se ter um bom gerenciamento de custos (LIMA, 2014). Para a execução dos processos dentro de um gerenciamento de custos deve- se levar em consideração as entradas, as ferramentas e técnicas e as saídas. Considera-se entradas, os mecanismos utilizados em cada processo, que poderão oferecer informações ou dados referentes ao projeto, podendo ser provenientes de fatores ambientais da empresa, de fatores externos ou originários de outros processos de gerenciamento do projeto. As ferramentas e técnicas poderão variar desde a utilização de estimativas e análises, até uma ferramenta que possibilite o gerenciamento do projeto. 20 Por fim, ter-se-ão as saídas, que serão fornecidas durante o gerenciamento de custos e que variarão de tal forma, que poderão ser desde atualizações no plano, quanto alterações nos custos e necessidades de financiamento do projeto. Em todos estes processos os custos deverão ser gerenciados por métodos próprios ou determinados por certas áreas de aplicação do projeto. Não pode-se esquecer que além desses processos listados no guia PMBOK, a área de tecnologia da informação possui uma vasta gama de métodos de análise e medições que, manipulados juntos com o PMBOK, auxiliam em muito o gerenciamento de custos, baseando-se no escopo definido através deles. 2.2.1 Plano de Gerenciamento de Custos No Gerenciamento de Custos do projeto são considerados todos os processos envolvidos no planejamento, estimativa, orçamento e controle de custos de modo a encerrar o projeto dentro do orçamento previsto (PMI, 2003, pg. 157). Segundo Fabiana Lima (2014), em projetos de TI, normalmente esses recursos são destinados a pessoal e infraestrutura, contando algumas vezes com elementos de treinamento e implantação do produto ou serviço. A Figura 1, retirada do Guia PMBOK, ilustra o conjunto de entradas, de ferramentas e técnicas e de saídas que estão presentes no Plano do Gerenciamento de Custos. Figura 1. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para o Plano de Gerenciamento de custos. Fonte: PMI, 2018, p. 235. 21 A seguir, serão descritas as quatro entradas que fazem parte deste processo, conforme o guia PMBOK: 1. Termo de abertura do projeto: documento legal e formal entre os envolvidos no projeto em que: descreve-se um acordo mútuo, gera-se obrigações entre as partes, contém-se a descrição inicial dos requisitos do sistema em alto nível, dos recursos financeiros disponíveis, dos marcos e das entregas que serão realizadas, aloca-se as responsabilidades e compartilha-se os riscos potenciais; 2. Plano de gerenciamento do projeto: processo pelo qual documenta-se as ações necessárias no projeto, determinando-se sua execução, controle, monitoramento e encerramento, considerando-se todas as áreas de conhecimento que serão integradas e consolidadas através do plano. Com o planejamento tem-se a determinação e o entendimento dos objetivos, o aperfeiçoamento dos processos e a antecipação de problemas futuros, com a diminuição de incertezas. Nesta etapa, adota-se como será feito o desenvolvimento, quais são as possibilidades de infraestrutura, como será a participação do usuário no projeto, quais serão os recursos disponíveis, quem serão os stakeholders, qual será o cronograma a ser respeitado e quais os riscos pertinentes aos projetos; 3. Fatores ambientais da empresa: refere-se às condições que estão fora do controle da equipe, que influenciam, restringem ou direcionam o projeto. São fatores internos e externos que podem influenciar nos custos de desenvolvimento do projeto, sendo eles: cultura e estrutura organizacional; governo; setor; infraestrutura; mercado; fornecedores; 4. Ativos do processo organizacional: influenciam diretamente tanto o sucesso dos projetos quanto o nível de maturidade em seu gerenciamento. Ou seja, quanto maior o nível de maturidade da organização em gerir seus projetos, maior será a contribuição dos ativos no portifólio da empresa e podem ser: políticas, diretrizes, procedimentos, auditorias, instruções de trabalho, bases históricas, lições aprendidas, requisitos de comunicação, gerenciamento da qualidade, controle financeiro e tratamento de riscos; 22 Segundo o PMBOK, após o levantamento das entradas, chega-se ao instante de fazer o planejamento do gerenciamento de custos, utilizando-se de ferramentas e técnicas listadas a seguir: 1. Opinião especializada: pode ser obtida através de consultas individuais, discussões de grupos e/ou pesquisas de opinião. Desta forma, busca-se opiniões técnicas, definindo e planejando custos destinados a atividades de projetos, otimizando as estimativas dos recursos que serão utilizados nos projetos; 2. Análise de dados: escolha e utilização de técnicas de análise e estimativas, baseando-se na experiência de planejamento de quais técnicas poderão ser melhor aproveitadas para a definição e o gerenciamento de custos. De acordo com Fabiana Lima (2014), “conhecer quais softwares e técnicas são utilizadas no ambiente organizacional é uma boa prática para planejar a definição de custos que serão produzidos no projeto”; 3. Reuniões: devem ser realizadas para planejar como o gerenciamento custos e a distribuição dos recursos serão administrados, com a participação de membros do projeto que possuam responsabilidades pelo gerenciamento dos mesmos; De acordo com o PMBOK, depois que tem-se planejado todas as entradas, técnicas e ferramentas referentes ao projeto, para se ter o Planejamento do Gerenciamento de Custos, deve-se produzir como saída: 1. Plano de gerenciamento de custos: define as atividades e os critérios de planejamento, estruturação e controle dos custos do projeto. Segundo Fabiana Lima (2014), em projetos de TI o plano de gerenciamento de custos pode ser visto como um documento simples que contenha as principais atividades representativas do gerenciamento em questão, podendo conter uma análise referente a quais recursos serão destinados a pessoal, como técnicos, programadores, gerentes, possíveis serviços terceirizados, e ainda, a forma como os recursos serão destinados à infraestrutura necessária para o projeto, dentre outras. 23 2.2.2 Estimativa de Custos Ao estimar-se custos em um projeto, analisa-se de forma crítica quais serão as reais necessidades referentes às suas atividades e à sua duração. Neste momento considera-se as alternativas de custos tanto para iniciar, quanto para terminar o projeto, não esquecendo dos riscos envolvendo sua execução. A Figura 2, retirada do Guia PMBOK, ilustra o conjunto de entradas, de ferramentas e técnicas e de saídas que estão presentes nesse segundo processo de estimar os custos. Figura 2. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para o processo Estimar os Custos. Fonte: PMI, 2018, p. 240. A seguir, estão descritas as entradas pertencentes ao processo de estimar custos, conforme o guia PMBOK: 1. Plano de gerenciamento do projeto: descreve como os processos relacionados ao projeto serão executados, controlados, monitorados e encerrados e servirá como um guia para a equipe durante a realização do projeto, pois nele são centralizadas informações sobre: escopo, cronograma, custos, qualidade, recursos necessários, comunicações, riscos e aquisições. Ao se fazer a estimativa de custos, 24 serão necessárias informações de planos secundários presentes no plano de gerenciamento do projeto, tais como: • Plano de gerenciamento de custos: produzido como saída no processo anterior, contém informações para execução, monitoramento e controle dos custos do projeto e tem como principal objetivo mostrar a direção em se tratando de como o gerenciamento de custos será realizado no projeto; • Plano de gerenciamento de qualidade: orienta quanto às ferramentas e padrões de qualidade que serão utilizados, identificando os indicadores relevantes ao projeto, determinando os procedimentos utilizados e que garantirão que as entregas estejam de acordo com os requisitos pré-estabelecidos, além de descrever como implementar os processos e procedimentos de controle e garantia de qualidade e de melhoria contínua; • Plano de gerenciamento de recursos humanos: identifica-se e documenta-se funções, responsabilidades, competências necessárias e as relações hierárquicas durante o projeto, mobilizando, desenvolvendo e gerenciando a equipe. Deve-se ressaltar que em todo o projeto stakeholders das mais diferentes origens podem ter participação ativa; • Linha de base do escopo: composta pelos elementos que orientam a equipe do projeto relacionadas às entregas, aos resultados esperado do projeto e aos requisitos de aceitação. Os documentos produzidos durante o planejamento do escopo norteiam essa base para o projeto; 2. Documentos dos projetos: registros realizados constantemente em cada etapa do projeto e que deverão ser atualizados de maneira que forneçam informações condizentes com o que de fato está sendo realizado. No momento em que se estimam os custos de um projeto, são utilizadas como entradas: • Registro das lições aprendidas: utilizada nesta etapa para verificar quais são os principais problemas e erros enfrentados em etapas anteriores e projetos similares, bem como as soluções que podem e devem ser adotadas para os mesmos, com a finalidade de que se repitam, servindo como base de aperfeiçoamento contínuo; • Cronograma do projeto: documenta-se as atividades do projeto, com suas respectivas datas de início e término, bem como suas fases, entregas, marcos, restrições e recursos necessários. 25 • Requisitos de recursos: determina quais os tipos de recursos serão utilizados para a execução do projeto, sejam eles humanos, materiais, monetários, estruturais e/ou tecnológicos, quais serão suas disponibilidades e em que quantidade serão utilizados/disponibilizados; • Registro de riscos: atualizado conforme são conduzidos os processos de gerenciamento de riscos, tem como principal função a identificação dos mesmos, listando as possíveis soluções; 3. Fatores ambientais da empresa: fatores tanto internos quanto externos à empresa, que poderão aumentar ou restringir as opções de gerenciamento, influenciando, assim, positiva ou negativamente o sucesso do processo. Pode-se citar como exemplo: a estimativa de custos referentes às condições do mercado e às informações comerciais publicadas; 4. Ativos de processo organizacional: inclui-se todos os ativos relacionados aos projetos que influenciam o sucesso do mesmo, além das bases de conhecimento, que no caso da estimativa de custos, refere-se às políticas e modelos de estimativa de custos, informações históricas e lições aprendidas. Com as informações desses elementos de entrada, pode-se executar a tarefa de Estimativa dos Custos, utilizando ferramentas e técnicas descritas no Guia PMBOK: 1. Opinião especializada: baseando-se em opinião de diversas fontes, sendo elas consultores, stakeholders, especialistas, entre outros, determina-se a combinação de métodos com o intuito de realizar estimativas de custos que sejam consistentes para o projeto em questão; 2. Estimativa análoga: utiliza-se de parâmetros de um projeto anterior similar como base para estimar o cálculo dos recursos do atual projeto. A estimativa análoga utiliza uma quantidade limitada de informações sobre o projeto, buscando como fonte informações históricas e opiniões especializadas e por isso, necessita de menos custos e consome menos tempo para ser aplicada, porém, é também menos precisa e se torna mais confiável quando as atividades anteriores são semelhantes; 3. Estimativa paramétrica: relação estatística entre os dados históricos e determinadas variáveis, a fim de realizar estimativas com parâmetros conhecidos 26 (custo, orçamento, duração), que resultarão em altos níveis de precisão, dependendo das informações inseridas no modelo; 4. Estimativas Bottom-up: utiliza-se quando uma atividade não pode ser estimada com razoável grau de confiança, devendo ser decomposto em mais detalhes. Além disso, as atividades podem ou não ter interdependência entre si, afetando a aplicação e o uso dos recursos. Sendo assim, se houver a dependência, a utilização do recurso será refletida e documentada na estimativa de recursos de atividade; 5. Estimativas de três pontos: originou-se da Técnica de Revisão e Avaliação de Programa (PERT), onde usa-se estimativas para definir e analisar o melhor cenário, o pior cenário e o cenário mais provável, determinado a partir das dependências e expectativas das atividades, considerando-se as incertezas das estimativas e riscos; 6. Análise de dados: utiliza-se técnicas e ferramentas que servirão para organizar, avaliar e estimar os dados e informações que serão relevantes no decurso do projeto, sendo que para a estimativa de custos serão realizadas: • Análise de alternativas: verifica-se quanto o projeto custaria baseado em cotações de fornecedores, adequando expectativas, custos necessários e valores agregados, o que levará ao resultado total da realização do projeto ou os valores das entregas parciais do mesmo, demonstrando quando os subprojetos deverão ser desenvolvidos independentemente; • Análise de reservas: utiliza-se uma reserva de contingência, que pode ser um percentual de duração estimada da atividade, um valor fixo de períodos de trabalho ou métodos de análise quantitativa. Nessa técnica, conforme os dados passam a ser mais precisos, as reservas podem também ser melhoradas, reduzidas ou até eliminadas; • Custo da qualidade: entende-se como custos de atendimento aos parâmetros de qualidade, de retrabalho ou de prevenção do não cumprimento de algum requisito. Em TI, pode-se considerar como exemplos para esta fase, respectivamente, testes de aceitação do sistema, falhas internas de programação ou de documentação de software o treinamento de usuários antes de colocar o sistema em operação; 27 7. Sistema de informações de gerenciamento de projetos: tem a capacidade de auxiliar no planejamento, na definição, no monitoramento e no controle de recursos para as atividades de projetos, bem como no desenvolvimento de estimativas dos mesmos. Segundo Lima (2014), “ferramentas de controle de custos normalmente disponibilizam toda a estrutura para controle dos recursos e tempo das atividades em questão”. 8. Técnicas de tomada de decisão em grupo: processo de avaliação de múltiplas alternativas para se alcançar a uma resolução de ação futura. Nessas técnicas, é de extrema importância o envolvimento da equipe de projeto nas estimativas, pois proporcionará maior comprometimento da mesma com os gastos previstos X realizados. De acordo com o que diz Fabiana Lima (2014) “nesse contexto, técnicas como Brainstorming ou o particionamento por pontuação de estórias do cliente, usados em metodologias ágeis, são boas formas de envolvimento da equipe nas estimativas”. Existem duas estimativas que podem ser utilizadas na área de Tecnologia da Informação para estimar custos, sendo elas: • Estimativa por Ponto de Caso de Uso: a análise de sistemas orientados à objetos utiliza os diagramas de casos de uso para descrever as funcionalidades do sistema de acordo com a forma de utilização por parte dos usuários, permitindo que seja possível com os próprios documentos gerados nesta fase de análise, estimar o tamanho do sistema como um todo, além de subsidiar o cálculo dimensional dos custos necessários para seu desenvolvimento (KOLB, 2014); • Estimativa por Ponto de Função: estima-se o custo ou esforços empreendidos ao projetar, codificar e testar um software, podendo prever desta forma quantos erros poderão ser encontrados durante o teste, bem como o número de componentes que serão projetadas para o sistema implementado. Após a captação das entradas, a utilização de ferramentas e técnicas, segundo o guia PMBOK, são produzidos como saídas para Estimativa dos Custos (PMI, 2017): 1. Estimativas de custos das atividades: avaliação quantitativa dos prováveis custos para a execução do projeto, que pode ser apresentada resumida ou 28 detalhadamente, de acordo com as necessidades. Sendo assim, as estimativas de custos das atividades devem conter todos os custos que serão necessários para se desenvolver o projeto; 2. Bases das estimativas: fornece um entendimento de como a estimativa de custos foi feita de forma clara e completa para que se possa verificar possíveis erros e com maior facilidade. As bases das estimativas devem conter como foram desenvolvidas, quais as premissas adotadas, as restrições conhecidas, as variações possíveis das estimativas e o nível de confiança da estimativa final; 3. Atualização de documentos do projeto: produzida de acordo com as modificações realizadas no planejamento de custos do projeto, podendo ser de melhoria ou adequação, que gerarão modificações em diversos documentos. Pode- se citar como exemplo, a mudança nos custos de um projeto, que poderá gerar mudança no cronograma de atividades, no planejamento de riscos e na escolha entre adquirir ou produzir certas ferramentas durante sua execução. Desta forma, deverá haver atualização dos registros de premissas, lições aprendidas e riscos, para que estas informações estejam de acordo com as necessidades do projeto; 2.2.3 Determinar o orçamento Determinar o orçamento é um processo pelo qual agrega-se os custos estimados de atividades consideradas individualmente ou pacotes de trabalhos para estabelecer-se uma base de custos autorizada, não esquecendo que nessa linha de base inclui-se apenas os orçamentos autorizados e não as reservas de gerenciamento. Sendo assim para se determinar o orçamento do projeto deve-se considerar, além das saídas dos processos anteriores do gerenciamento de custos, os produtos oferecidos por outros processos de gerenciamento, como o escopo e o tempo. A Figura 3, retirada do Guia PMBOK, ilustra o conjunto de entradas, de ferramentas e técnicas e de saídas que estão presentes no processo para determinar o orçamento. 29 Figura 3. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para a Determinação do Orçamento. Fonte: PMI, 2018, p. 248. A seguir serão apresentadas as entradas pertencentes ao processo para se determinar o orçamento de um processo, segundo PMI (2017): 1. Plano de gerenciamento do projeto: como visto anteriormente, tem como principal objetivo nortear todo o projeto com informações que serão utilizadas desde o início até o fim de sua execução. Para determinar o orçamento serão utilizados: • Plano de gerenciamento de custos: produzido como saída no processo inicial, descreve como os processos de custos serão gerenciados e controlados. Sendo assim, o plano deve ser atualizado, refletindo as alterações ocorridas tanto no processo quanto nas práticas motivadas pelas respostas a riscos; • Plano de gerenciamento de recursos: define as atividades relacionadas ao ciclo de vida do projeto, estimando quais serão os recursos necessários, bem como quais serão os recursos que deverão ser adquiridos, como serão geridos e utilizados e se necessário, como e quando serão descartados. Desta forma, há a possibilidade da determinação do orçamento necessário com os recursos utilizados durante a execução do projeto; 30 • Linha de base do escopo: componente do Plano de Gerenciamento do Projeto inclui a descrição do escopo do produto, quais são as principais entregas e quais são os requisitos de aceitação do usuário. Desta forma, os documentos produzidos durante o planejamento do escopo, servirão de base para a determinação do orçamento necessário; 2. Documentos do projeto: as informações obtidas dos processos do projeto deverão ser documentadas e serão usadas posteriormente, sendo que para determinar o orçamento necessário, serão necessárias: • Bases de estimativas: também obtidas do processo anterior, de estimativa de custos, oferecem suporte para elaboração do orçamento total do projeto; • Estimativas de Custo das atividades: obtidas como saída do processo de estimativa de custos, mostra a relação entre os custos e as atividades dos projetos; • Cronograma do projeto: produzido durante o processo de gerenciamento do tempo, contém as atividades com suas respectivas datas previstas de início e término, durações, metas, e recursos que serão utilizados e o encadeamento das atividades de acordo com as restrições empregadas. Estas informações também serão utilizadas determinar o cronograma do orçamento que seja condizente com a realidade da execução do projeto; • Registro de riscos: proveniente do processo de gerenciamento de riscos do projeto, torna-se eficiente para que fiquem claros quais são os riscos, ameaças ou oportunidades, que impactam tanto nas atividades quanto nos custos do projeto. Para tanto, deve ser revisto durante o processo em que se determina o orçamento para que assim sejam considerados os custos de mitigação de riscos; 3. Documentos de negócios: utilizado para garantir que haja o alinhamento estratégico entre o projeto e o negócio e demonstrar que de fato sua execução faz sentido para a empresa ou não, sendo composto pelo: • Business case: fornecedor de informações relevantes ao negócio, justificando a necessidade do investimento e devem especificar quem são os interessados, quais suas expectativas e quais serão os benefícios; • Plano de gerenciamento de benefícios: detalhamento dos benefícios dos negócios, demonstrando os processos que serão necessários e como serão criados, melhorados e mantidos antes, durante e depois do projeto; 31 4. Acordos: usados para definir as intenções relacionadas ao projeto e podem ser disponibilizados em formato de contratos, memorandos, cartas, acordos de níveis de serviços, entre outros. Segundo Lima (2014), as informações de contratos e os custos dos mesmos devem ser relatados para que esses valores façam parte do orçamento total do projeto. Um exemplo que pode ser citado é o contrato de serviço para fornecimento de Internet em projetos de desenvolvimento em TI; 5. Fatores ambientais da empresa: refere-se às condições fora do controle da equipe, mas que influenciam, restringem ou direcionam o mesmo e que poderão determinar o sucesso ou fracasso de um projeto e que serão imprescindíveis para a determinação do orçamento. Podem ser citados como exemplos: condições mercadológicas, padrões e normas estipulados pelo governo ou setor, infraestrutura necessária, estrutura da organização, reputação de fornecedores, entre outros. 6. Ativos de processo organizacional: refere-se a qualquer ativo relacionado aos processos ou de qualquer organização envolvida no projeto e que podem direcionar o gerenciamento eficaz de custos no projeto. Na etapa de se determinar o orçamento, diz respeito com as políticas, os procedimentos e as diretrizes relacionados com o orçamento, com os custos de ferramentas de orçamento e com os métodos que serão empregados; Com todos os elementos de entradas, é possível utilizar ferramentas e técnicas para determinar-se o orçamento, que segundo o guia PMBOK são: 1. Opinião especializada: trata-se de opinião técnica de stakeholders, consultores, especialistas, escritórios de projetos ou membros que participaram de projetos anteriores definindo e planejando custos destinados a atividades de projeto, com o intuito de aplicar experiência para determinar o melhor orçamento; 2. Agregação de custos: as estimativas dos custos são agregados de acordo com a estrutura hierárquica da Estrutura Analítica de Projetos (EAP), o que acarretará na totalização destes custos por pacote, que por sua vez somados os custos de todos os pacotes, chega-se ao custo total do projeto; 3. Análise de reservas: segundo Montes (2017), essa análise trata-se da avaliação das reservas de custos e prazos a serem alocadas para contingências, caso algum problema ocorra futuramente no projeto, considerando-se a análise quantitativa e qualitativa dos riscos; 32 4. Revisão de informações históricas: podem resultar em estimativas paramétricas ou análogas que serão, junto com os parâmetros, essenciais para desenvolver modelos matemáticos e prover os custos totais do projeto e por sua vez estimar o orçamento do mesmo; 5. Reconciliação dos limites de recursos financeiros: é a conciliação entre a utilização de fundos e os limites de recursos de fundos alocados no projeto, pois qualquer variação em ambos acarretará na necessidade de mudança no cronograma do trabalho, para tentar buscar o nivelamento dos gastos e que por sua vez colocará restrições de datas impostas para a execução do projeto. Com todas as ferramentas e técnicas determinadas para a Determinação do Orçamento, conforme PMI (2017), as seguintes saídas devem ser produzidas: 1. Linha de base de custos: versão aprovada do orçamento do projeto em fases, excluindo as reservas de gerenciamento, sendo utilizado para comparação com resultados reais, pois “relaciona-se ao orçamento total do projeto em função do tempo e de pequenos orçamentos intermediários de entregas e marcos particulares”, de acordo com Lima (2014). 2. Requisitos de recursos financeiros do projeto: os requisitos dos recursos financeiros totais e periódicos são derivados da linha de base de custos e que juntamente com as reservas de gerenciamentos, denotarão os custos totais do projeto. Fabiana Lima (2014) diz que desta forma os recursos necessários para o projeto serão adquiridos ao longo do desenvolvimento do mesmo, sem perda de poder de execução, antecipando sua aplicação no tempo devido. 3. Atualização de documentos do projeto: os documentos são atualizados conforme as modificações realizadas a partir da determinação do projeto, sejam elas de melhoria ou adequações. Durante o processo de determinar-se o orçamento, alguns documentos deverão ser atualizados principalmente o registro de riscos, a estimativa de custo das atividades e o cronograma; 2.2.4 Controlar os custos O Controle de Custos de um Projeto procura as fontes das variações tanto positivas quanto negativas no decorrer de sua execução, para que haja um controle 33 dos fatores que causam mudanças na linha de base dos custos, agindo para manter as oscilações nos custos esperados dentro dos limites aceitáveis, garantindo que não ultrapassem o financiamento periódico e/ou total autorizado para o projeto, monitorando e informando as mudanças aprovadas às partes interessadas, evitando, desta forma, que mudanças incorretas, inadequadas ou não aprovadas sejam incluídas nos custos ou na utilização de recursos do projeto. Sendo assim, faz-se necessário o Controle de custos do projeto durante a realização de todo o projeto. “Assim, possíveis distorções encontradas durante a execução do projeto podem ser minimizadas em fases posteriores e antes do término para que possam ser recuperadas” (LIMA, 2014). Através da Figura 4, retirada do Guia PMBOK, é possível verificar o conjunto de entradas, de ferramentas e técnicas e de saídas presentes nesse último processo de Controlar os Custos. Figura 4. Entradas, ferramentas e técnicas e saídas para o Controle dos Custos. Fonte: PMI, 2018, p. 257. A seguir serão descritas as entradas pertencentes a esse processo: 34 1. Plano de gerenciamento de projeto: integra e consolida todos os planos de gerenciamento auxiliares e as linhas de base dos processos de planejamento e por isso, contém todas as diretrizes iniciais para o projeto, bem como as principais definições que partiram da necessidade apresentada pelo cliente/usuário no momento de contratação do projeto. Conforme diz Fabiana Lima (2014), elementos como as formas adotadas para o trabalho, paradigmas de desenvolvimento, possibilidades de infraestrutura, participação do usuário no projeto, recursos disponíveis, stakeholders, são definidos nesse processo e documentados com maior precisão em suas respectivas áreas e por isso é utilizado como entrada no controle de custos; 2. Documentos do projeto: trata-se de qualquer informação documentada. Para que haja um controle de custos, faz-se necessário que se tenha como uma das entradas o registro das lições aprendidas, buscando a melhoria contínua, diminuindo os riscos e melhorando a performance financeira; 3. Requisitos de recursos financeiros do projeto: produzidos no processo de determinar-se o orçamento, tem como finalidade possibilitar que os recursos necessários para o desenvolvimento do projeto sejam adquiridos ao longo do desenvolvimento do mesmo, sem haver perda em sua execução, antecipando-os para suas aplicações no tempo devido; 4. Dados de performance do trabalho: tem o objetivo de gerar informações sobre o desempenho do trabalho como um todo, ou seja, “é a forma de medir o andamento das atividades verificando, por exemplo, o cumprimento de tarefas e os custos necessários para executá-las” (LIMA, 2014); 5. Ativos de processo organizacional: são os ativos envolvidos na realização do projeto que influenciam o sucesso do mesmo e que possam vir a direcionar melhor o gerenciamento de custos do projeto. Durante o processo de Controle de Custos são utilizadas como informações de entrada: as políticas, procedimentos e diretrizes relacionados com o controle de custos; o custo de ferramentas de orçamento e o monitoramento de métodos. Com os elementos de entrada, a tarefa de Controle dos Custos pode ser executada, utilizando as ferramentas e técnicas listadas a seguir, segundo PMI (2017): 35 1. Opinião especializada: aplicada a detalhes técnicos e de gerenciamento, seu principal objetivo é fornecer para a equipe informações necessárias para desenvolvimento de um controle de custos eficiente, com a finalidade de garantir que a equipe de projetos alcance as expectativas de desempenho do projeto, dentro dos custos estabelecidos no planejamento; 2. Análise de dados: ferramentas e técnicas que auxiliarão na organização, avaliação, estimativa e controle dos custos, podendo ser feita nesta etapa: • Análise de valor agregado: método aplicado para medição de desempenho, utilizando-se de medidas de escopo, custos e cronograma, que beneficiarão a equipe de gerenciamento de projetos para mensurar a performance do projeto; • Análise de variação: identifica quais as causas que levam à diferença entre o que foi planejado e o realizado, determinando os respectivos impactos, permitindo que haja uma melhor qualidade nas informações coletadas ao longo do projeto; • Análise de tendências: simulação de como o projeto se comportará futuramente, baseando-se na tendência atual; • Análise de reserva: neste instante é possível identificar um percentual para reserva de contingência, com o intuito de suprir incertezas do cronograma. Nessa técnica, conforme os dados sobre o projeto se tornam mais precisos e disponíveis, as reservas podem ser melhoradas, reduzidas ou até eliminadas. • Análise de desempenho: mede, compara e analisa o desempenho do cronograma com as datas reais e início e término, porcentagem completa e duração restante das atividades em andamento; • Previsão: conforme o projeto progride, a equipe pode elaborar previsões para a Estimativa no Término que poderá ser diferente do Orçamento no Término e que envolverá a execução de estimativas de eventos futuros, baseando-se em informações e conhecimentos disponíveis no momento da previsão; 3. Índice de desempenho para término: projeção calculada do desempenho de custos que deverá ser atingida durante a execução do projeto, com o intuito de alcançar um objetivo de gerenciamento específico. Desta forma, é possível prever melhorias no próprio orçamento definido previamente, bem como fazer revisões de performance; 4. Sistemas de Informação do Gerenciamento do Projeto: proporciona acesso a uma ferramenta com capacidade de auxiliar o planejamento, organização, 36 gerenciamento e desenvolvimento de estimativas dos recursos que serão necessários durante o projeto. Segundo Fabiana Lima (2014) as ferramentas de controle de custos normalmente disponibilizam toda a estrutura para controle dos recursos e tempo das atividades em questão; Após a identificação das entradas e das técnicas e ferramentas que serão utilizadas, restam as seguintes saídas devem ser produzidas: 1. Informação sobre o desempenho do trabalho: gerada a partir de dados de desempenho coletados em diversos processos de monitoramento e controle do projeto, inclui informação do progresso do projeto, como as entregas iniciadas e concluídas, bem como os progressos das mesmas, podendo também inserir os custos que foram autorizados e quais são as estimativas para concluir o trabalho do projeto. 2. Previsão de custos: trata-se de uma avaliação quantitativa dos prováveis custos que serão necessários para a execução do projeto e servirão de base para os orçamentos realizados e que deverão ser comunicados às partes interessadas e envolvidas; 3. Solicitações de mudanças: “com base na performance, na definição de orçamento e ainda em mudanças de escopo e tempo, possíveis solicitações de mudanças podem vir a ocorrer de forma a integrar novamente o projeto em suas áreas de gerenciamento” (LIMA, 2014). Essas mudanças deverão gerar ações corretivas e preventivas, além de reparos de defeitos e atualizações; 4. Atualização do plano de gerenciamento do projeto: o plano de gerenciamento do projeto deve ser atualizado para conter as definições necessárias que serão integradas à linha de base de custos e ao plano de gerenciamento dos custos, para assim haja um maior controle dos custos do projeto; 5. Atualização do documento de projeto: os documentos de projeto devem ser atualizados e deverão contar as informações pertinentes e estabelecidas durante o processo de gerenciamento de custos, como a estimativa de custos das atividades, assim como suas bases de estimativas. Os processos estabelecidos durante o gerenciamento de custos devem se relacionar com outras áreas de gerenciamento de projetos descritas no PMBOK, 37 pois como foi visto, poderão fornecer informações de entrada para outros processos ou receber como entrada elementos produzidos por eles e que serão necessários para o desenvolvimento do Gerenciamento dos Custos. 2.3 Gestão Financeira de Projetos de TI A gestão financeira de áreas ou empresas que necessitam trabalhar com projetos, envolve particularidades, visto que faz-se necessário saber o lucro por projeto e não somente o lucro do negócio. Um dos maiores desafios da gestão financeira de projetos é conseguir fazer com que haja um crescimento financeiro significativo, sem perder o controle de sua gestão. Segundo pesquisa realizada em 2013 pelo PMI (Project Management Institute), são listados os problemas mais frequentes em projetos. Verifica-se que alguns deles podem refletir diretamente na gestão financeira de projetos. Analisando as empresas entrevistas, 41,5% fazem estimativas incorretas e sem fundamentos, 39,6% não conseguem cumprir o orçamento, 19,5% não possuem ferramentas de apoio e 16,8% sentem falta em ter uma metodologia de apoio aos projetos, conforme mostra gráfico abaixo. Figura 5 - Problemas mais frequentes em projetos Fonte: PMSURVEY.ORG, 2013, p. 94. 38 Embora, sejam utilizados sistemas de gestão para ajudar neste quesito, isto não significa que os mesmos permitirão um gerenciamento de custos eficiente, pois cada projeto e/ou cliente tem suas peculiaridades, inclusive na gestão dos custos. Além disso, faz-se necessário identificar quais clientes e projetos são lucrativos, ou seja, fazer o detalhamento do lucro da empresa como um todo, como visto no capítulo 2.1, em Análise de Viabilidade de Projetos. Para obter-se a informação de lucro por projeto, deve-se levar em consideração tanto os lucros indiretos, ou seja, aqueles que estão diretamente ligados ao projeto, quanto os custos indiretos, que são incidentes na empresa toda e não apenas em um projeto específico. Vale lembrar que estas informações serão de extrema importância no Plano de Gerenciamento de Custos, como dito anteriormente. Além disso, a área de custos é vital em projetos, pois trata-se de um dos elementos do trio de restrições de projetos (escopo, prazo e custo) e que pode ser um dos fatores de seu sucesso ou decadência, tanto dos projetos quando da organização, necessitando ser analisado, planejado e controlado, a fim de gerar resultados positivos e auxiliar estrategicamente as tomadas de decisão. Além disso, para que haja um gerenciamento financeiro de projetos correto é preciso que os custos estejam relacionados aos projetos e/ou clientes, que por sua vez são únicos e possuem seus próprios objetivos e uma única mudança em seus requisitos pode alterar de forma significativa o produto e/ou serviço final. De acordo com Ordahy (2008), a utilização do banco de conhecimento, ou seja, lições aprendidas em projetos anteriores são de extrema valia para auxiliar a mensuração dos recursos, que em muitas vezes não são evidentes ou ainda não foram vislumbrados. Existem normas e metodologias que falam acerca dos custos, podendo neste caso ser citado o guia PMBOK que possui uma área de conhecimento específica de custos, com enfoque em seu planejamento, mostrando que se a princípio alguns custos não podem ser mensurados com muita precisão, no decorrer da execução do projeto, quando os valores vão sendo alinhados à realidade, a tendência é que, próximo ao término, os desvios padrões se tornem menores e , desta forma, seja possível demonstrar os custos efetivos do projeto, sempre buscando utilizar as informações como lições aprendidas, auxiliando assim o planejamento de custos. 39 Como citado anteriormente, no capítulo 2.2, o PMBOK expõe métodos que falam sobre orçamentação, controle e análise de desempenhos dos custos, indicando as ferramentas e técnicas para planejamento, desenvolvimento e controle de custos nos projetos. Os benefícios com um gerenciamento financeiro de projetos são diversos, pois fornecem subsídios para a direção na tomada de decisão. Além disso, conforme preconiza Ordahy (2008), durante uma avaliação de investimento dos projetos, os custos definem se vale à pena ou não seguir em frente com sua execução, sem se esquecer que isto dependerá da estratégia da empresa, pois muitos projetos estratégicos são avaliados não somente pela remuneração que irão trazer para a empresa, mas sim, imagem, captação de um cliente estratégico, aprendizado, entre outros. Com relação ao orçamento, pode-se dizer há a necessidade de desenvolvê-lo com base nas metas e objetivos do projeto, focando nas prioridades, para que haja assim uma previsão acerca do valor e momento em que o capital deverá ser aportado, o que ajudará na conclusão do projeto. Portanto, a gestão financeira de projetos torna-se extremamente estratégica para a organização e deve ser muito bem planejada e monitorada, pois deve-se considerar o orçamento, avaliar os investimentos, controlar os custos e avaliar o sucesso do projeto (ORDAHY, 2008). Por fim, trazendo todas estas informações e fazendo um paralelo com o que ocorre na área de Tecnologia da Informação é possível se pensar em uma Gestão Financeira de Projetos de TI, visto que, segundo Pelaquim (2010), a área de TI também exige condições para uma efetiva Gestão Financeira e para tanto precisa de uma análise específica, um planejamento adequado e estratégico, uma organização de suas ações, um controle de seus gastos e uma análise eficaz de seus resultados, para que deste modo haja um alinhamento da estratégia de TI ao Plano de Negócio da Empresa. Esta gestão específica para a área de TI buscará: reduzir os custos dos serviços; gerir de forma eficaz a demanda, reduzir os riscos operacionais e de tempo de atendimento; melhorar a qualidade dos serviços e conseguir dar suporte às áreas de negócio. Além disso, a TI passará a ter clientes ao invés de usuários, tendo que 40 satisfazê-los, independentemente se forem internos ou externos à organização, buscando sempre a excelência na prestação de serviços. Desta maneira, de acordo com Pelaquim (2010), será estabelecida uma sinergia entre TI e os clientes, tanto internos quanto externos à Organização, fazendo com que a área de TI seja vista pela sua real agregação de valor e não apenas como um centro de custos. 2.4 Implantação de um ERP (Enterprise Resource Planning) para a Gestão Financeira de Projetos de TI Para que haja uma Gestão Financeira de Projetos de Tecnologia da Informação, é necessária a utilização de um ERP que dê suporte ao negócio, isso porque, atualmente, para as empresas que desejam entrar, crescer ou se manter no mercado há a necessidade da utilização de sistemas que sejam integrados e que gerem informações que amparem o processo decisório. Deste modo, o gestor possuirá referências para sua tomada de decisão de forma mais assertiva, principalmente no que diz respeito à planejamento, organização, direção e controle de sua gestão. Com isso, muitas empresas, independente do porte, têm notado a importância da utilização de sistemas integrados de gestão, devido à redução de seus custos, padronização de dados e informações, tomadas de decisão mais rápidas e condizentes com a realidade e a possibilidade de criar uma cultura de melhoria contínua através das lições aprendidas. Segundo Cassarro (1999), a empresa que deseja atingir uma posição de destaque no mercado necessita de um sistema que integre suas informações, sendo necessária a criação de uma equipe de projetos para sua devida implementação. Isso porque, faz-se necessário a definição de um sistema que seja coerente com o negócio e a organização, para que assim os objetivos sejam devidamente atingidos. Os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), mais conhecidos no Brasil como Sistemas de Gestão Empresarial ou Sistemas de Gestão Integrados são softwares responsáveis pela integração de diversos setores de uma empresa (SOUZA e SACCOL, 2008). “Os sistemas ERP são formados basicamente por uma 41 base dados central que recebe e fornece os dados para os diversos módulos do aplicativo” (VIEIRA, 2008). Albertão (2001) afirma que o ERP é uma arquitetura em que a informação está disponível e circula por todos os departamentos de uma empresa. Sendo assim, são sistemas que produzem e disponibilizam as informações em tempo real. Teoricamente, um ERP deve se adaptar à empresa, porém como há um alto custo de adequação para sua implantação, por haver a necessidade de utilização de consultores especializados, o que se vê são empresas se adaptando ao sistema. Para que isso não ocorra, Mendes (2003) definiu um roteiro para que as organizações estudem em primeiro lugar a necessidade, para depois definir as etapas da implementação, conforme descreve quadro abaixo: PARTES ETAPAS A. Avaliação sobre necessidade do ERP 1. Análise da situação atual 2. Análise conceitual do ERP 3. Análise do ERP como solução B. Seleção e Adequação 4. Análise dos processos da empresa 5. Seleção do sistema 6. Adequação 7. Análise do custo C. Implantação do ERP 8. Definição da equipe de implantação 9. Planejamento de atividades de implantação 10. Implantação dos módulos do ERP D. Conscientização e treinamento 11. Programação de palestras e seminários 12. Treinamento gerencial 13. Treinamento operacional E. Utilização 14. Identificação de modificação no sistema 15. Feedback Tabela 1: Estrutura do roteiro de implantação de um sistema ERP Fonte: MENDES (2003, p.53). Sendo assim, o modelo de Mendes (2003) propõe a ideia de organizar a implementação de um ERP em cinco partes, subdivididas em quinze etapas, para um melhor acompanhamento de cada uma delas. Primeiramente há a necessidade de entender e analisar a viabilidade de implementação do sistema integrado (Parte A); depois é realizada uma análise das opções disponíveis, escolhendo pela melhor que se adequar à realidade da empresa (Parte B). Após esta etapa, é feito um planejamento das atividades de implantação e do gerenciamento de sua execução (Parte C). Em seguida, é efetuada a conscientização e o treinamento com o intuito de diminuir a resistência dos 42 funcionários com relação à utilização do novo sistema (Parte D). E, enfim, chegamos a utilização, onde há uma checagem da interação dos usuários com o sistema, buscando possíveis erros e melhorias (Parte E). Deste modo, com um estudo apropriado e a implantação de um sistema que realmente se adeque ás necessidades da organização, o sistema integrado pode ser estratégico para uma empresa, independente de seu porte. E, é a partir dele, que serão definidos os processos de negócios da companhia, ou seja, o conjunto de “[...] atividades relacionadas que geram produtos ou serviços que interessam às organizações, aos parceiros comerciais e/ou aos clientes. (RAINER JR. e CEGIELSKI, 2016). Portanto, para que haja uma eficaz gestão financeira de projetos de TI, deve- se pensar que, além do desenvolvimento de análises que possibilitem um estudo da viabilidade de projetos, para que seja escolhido o que traga maior benefício à empresa, como demonstrado no capítulo 2.1; o gerenciamento de custos e orçamento de sucesso de um projeto, baseado nas melhores práticas, desenvolvidas no Guia PMBOK, segundo capítulo 2.2; há a necessidade da estruturação de um sistema que atenda às necessidades da organização e esteja alinhado aos objetivos e metas do negócio e que “facilitem a comunicação e a coordenação entre diferentes áreas funcionais, e permitem a troca e acesso fácil aos dados entre processos” (RAINER JR. e CEGIELSKI, 2016), para que dessa forma seja possível colocar em prática o exposto nesta monografia. 43 3. RELAÇÃO DA TEORIA COM A PRÁTICA O atual capítulo aborda a gestão de custos em projetos na prática, já que apresenta um estudo de caso em uma empresa de eventos musicais. O objetivo da pesquisa de campo qualitativa foi entender como atualmente é feita a Gestão Financeira de Projetos de TI e fazer uma relação entre a teoria e prática. 3.1 Empresa “A” – Empresa de eventos musicais automatizados A empresa em estudo é uma Startup nova no mercado com dois meses de funcionamento e que tem como principal objetivo desenvolver produtos e serviços digitais, com a finalidade de auxiliar a contratação dos mais variados artistas de forma simples, rápida e prática. Atualmente, a empresa conta com poucos colaboradores, mas a projeção é que chegue a ter entre quarenta ou cinquenta funcionários até o final de 2019. Os produtos e serviços ofertados dependem exclusivamente de tecnologia para dar continuidade às suas operações. Devido a isso, a área de Tecnologia da Informação é a maior da organização, contando com 60% do quadro efetivo de funcionários. Além disso, todo o desenvolvimento de sistemas e plataformas para os clientes, sejam eles internos ou externos, é idealizado, planejado e desenvolvido pela equipe interna, não sendo utilizada nenhum tipo de consultoria externa ou terceirização de serviços e produtos. Desta forma, a área de TI é responsável por desenvolver sistemas e a infraestrutura necessárias que dão suporte para as demais áreas da companhia, bem como para os clientes que utilizarão seus produtos, buscando que haja um constante alinhamento com a proposta do negócio. Para uma melhor gestão de suas operações, a companhia é dividida em áreas de Tecnologia da Informação (TI), Finanças, Comercial, Marketing, Jurídico e Recursos Humanos. A área de TI é composta por desenvolvedores, gerentes de projetos, agile coaching, analistas de testes, analistas de qualidade, analistas de sistemas e todos os perfis necessários para compor o desenvolvimento de 44 softwares, podendo ser incorporados à organização poucos dependo do crescimento do negócio. 3.2 O entrevistado O gestor entrevistado tem um vasto conhecimento na área de Tecnologia da Informação, sendo por alguns anos, Diretor de Negócios de uma empresa que faz consultoria e desenvolvimento de sistemas corporativos para diversas organizações, dentre elas: Banco Original, CVC, Azul, Grupo Fleury, ConstruCap, Banco Crefisa, Banco Modal. Durante o período em que trabalhou na empresa, sua principal função era estudar o mercado em busca de novos clientes, firmar novos contratos e atender os contratos existentes. Sendo desta forma, o responsável pelo controle das principais contas da companhia. Na empresa de eventos analisada neste trabalho, o gestor entrevistado trabalha como Diretor de Tecnologia, desde quando o investimento para o projeto foi aprovado, ou seja, há dois meses. Sua função é diagnosticar, planejar e gerir os recursos e processos relacionados à Tecnologia da Informação, com a finalidade de atender as necessidades do negócio, estando sempre atento aos cronogramas, prioridades e orçamentos disponibilizados à área. Além disso, é responsável em coordenar e supervisionar os projetos de desenvolvimento e manutenção de sistemas, disponibilizando uma infraestrutura de tecnologia necessária à toda a organização, garantindo desta maneira, disponibilidade, qualidade e confiabilidade de produtos e serviços de tecnologia. 3.3 Os projetos implementados A empresa planeja trabalhar com projetos que atendam à sua demanda interna e externa. Sendo assim, uma das tarefas da área de Tecnologia da Informação, no que diz respeito às demandas internas, será desenvolver e implantar um ERP (Enterprise Resource Planning), ou seja, um sistema de gestão empresarial que dê suporte e integre as diversas áreas da empresa, sendo elas atualmente: Tecnologia da Informação, Finanças, Comercial, Marketing, Jurídico e Recursos Humanos. 45 O intuito é que um sistema de informação integrado elimine o retrabalho, as tarefas redundantes, processos manuais e diminua os custos das atividades desenvolvidas, os períodos de execução das tarefas e o tempo de resposta aos clientes, fornecedores e investidores. Desta maneira, haverá um aumento na qualidade e confiabilidade das informações e dados; trará agilidade nos processos e velocidade na execução das tarefas, além de padronizar procedimentos operacionais, otimizar o fluxo das informações, aumentar a produtividade dos colaboradores e tomar decisões mais certeiras devido à relatórios gerenciais mais completos e com informações condizentes com a realidade do negócio. Para atender à demanda externa, o principal projeto desenvolvido pela área de Tecnologia é produto/serviço de mentoria para artistas e usuários em geral. A ideia é que, no final deste ano, seja feito o lançamento de uma MVP (Minimum Viable Product) que mostrará como os clientes e o mercado reagirão ao produto/serviço, testando várias hipóteses formuladas previamente e determinados aspectos do negócio. A intenção é lançá-lo com o menor investimento possível e testá-lo antes de aportar grandes investimentos. O projeto será desenvolvido para que atenda o público em geral e será composto por um aplicativo desenvolvido em linguagem nativa – IOS e Android – e uma plataforma web com design similar ao do aplicativo. 3.4 O problema Os projetos são selecionados baseados na estratégia da empresa a médio e longo prazos. Para esta seleção há um Business Case do projeto avaliado, que demonstra o investimento no projeto e o ROI (Return On Investment), ou seja, o retorno deste investimento ao longo do tempo. Após a seleção do projeto, o gestor deverá ser responsável por manter o que foi estudado, analisado e acordado no Business Case apresentado. Apesar de existirem no mercado sistemas de gestão de projetos que apoiem na gestão financeira de projetos, ainda não é o caso da empresa, que faz sua gestão de custos baseada em planilhas, sem nenhuma automatização ou sistemas de apoio. Portanto, os custos são estimados de forma totalmente empírica, baseados na experiência dos envolvidos e no mercado de atuação, sem a utilização 46 de nenhuma ferramenta que auxilie na gestão de custos. Além disso, o controle dos custos é feito pela evolução dos KPI’s durante a execução do projeto, considerando o capital investido no decorrer do tempo de execução de determinado projeto. Desta forma, o controle é realizado em planilhas com projeções do projeto. O orçamento é determinado durante o planejamento do Business Case. Deste modo, ele é totalmente baseado e projetado no Business Case apresentado e aprovado no início da realização do projeto. A cada semana há uma reunião em o que gestor deve apresentar os custos realizados durante a execução do projeto, juntamente com a projeção do que foi orçado como ideal para aquele período, fazendo uma correlação entre planejado e executado. Observa-se portanto, que não há um método, modelo ou boas práticas específicas para gestão financeira dos projetos de TI dentro da Organização, além controles acima citados. Um problema que foi mencionado durante a entrevista é que o gestor acha que a devida aplicação financeira em projetos, principalmente aos relacionados à área de Tecnologia da Informação é muito complexa e geralmente não funciona, pois a grande maioria dos projetos de tecnologia estouram o orçamento, justamente por não existir uma framework ou uma proposta de gerenciamento financeiro que consolide de como fazer uma gestão que seja de fato eficiente. 3.5 A pesquisa No decorrer do trabalho foram descritas metodologias que deram suporte à fundamentação teórica. Em seguida, foi feita uma relação entre o que foi visto na teoria com a realidade aplicada dentro de uma organização, sendo importante
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