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DISCIPLINA: PRÁTICA SIMULADA V 
 AV II
Marcos Carvalho, brasileiro, contador, residente no Rio de Janeiro, ingressa com Ação Indenizatória contra a empresa Max rede medicamentos Ltda, sociedade comercial com sede no Rio de Janeiro. A inicial pleiteia indenização por danos materiais e morais, uma vez que a empresa Ré comercializa produto  medicinal destinados a cura de doença malígna dentre elas o Câncer, segundo o Autor em 03.1999 comprou o produto “elixir do sol” no valor de R$ 540,00 (...),  sob  a alegação de produto eficaz contra o Câncer, na época o autor adquiriu o produto para seu filho  Lucas, protador de câncer no fígado em estado avançado vindo a falecer em 03/2002, ou seja 3 anos após a compra do medicamento. Alega o Autor que a empresa Ré o ludibriou por propaganda enganosa a respeito dos efeitos da referida medicação em ofensa ao direito do consumidor de  obter informações claras e precisas sobre o produto medicinal vendido, causando a hipervulnerabilidade do consumidor, prevista no art. 39,VI do CDC caracterizando um desequilíbrio entre as partes envolvidas, O pedido visa uma indenização no valor de R$ 540,00 (...) por danos materiais, o valor da medicação de R$ 30.000,00 (..) por danos morais em virtude do desconforto, aflição e dos desconforto sofridos pelo consumidor acreditou na propaganda enganosa do Réu. A Empresa Ré em contestação afirma que o produto teria resultado positivogarantindo a cura de doenças após a sua utilização, por no mínimo  6 meses, a sentença de mérito condena a empresa ao pagamento de danos materiais e morais sob a fundamentação que a empresa se prevaleceu da fraqueza ou ignorância do consumidor reconecendo a publicidade enganosa condenado ao pagamento de indenização pro danos materiais e morais. A Empresa Ré recorre da sentença proferida, 
O tribunal de Justiça do Rio de Janeiro reformou  a sentença prolatada  para retirar a condenação de danos morais , apesar de reconhecer a propaganda enganosa, tendo o acórdão proferido julgou procedente em parte o Recurso da empresa Ré. Na qualidade de advogado(a) de Marcos elabore a peça processual cabível para defesa dos interesses de seu cliente, frisa-se que os Tribunais do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul deram interpretação diferenciada a matéria entendendo que a publicidade enganosa gera indenização pro danos morais. Indique os requisitos e fundamentos nos termos da legislação vigente.Não deve ser considerada a hipótese de embargos de declaração. 
 
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Nº do processo/ recurso XXXXXXXXXXXX
Recorrente: MARCOS CARVALHO
Recorrido: MAX REDE MEDICAMENTOS LTDA
MARCOS CARVALHO, brasileiro, com estado civil xxx, contador, residente no endereço de XXX, no Rio de Janeiro- RJ, com CEP XXX, edereço eletrônico XXX@XXX, devidamente qualificado nos autos, conforme se observa em exordial, que move em face de MAX REDE MEDICAMENTOS LTD, pessoa jurídica de direito privado, devidamente qualificado nos autos, conforme se observa em exordial, vem respeitosamente e tempestivamente, por meio de seu advogado, com procuração apresentada em exordial, com endereço profissional em xxx, da cidade de XXX-XX, com endereço eletrônico à XXX, nos termos do artigo 105, III,a da CRFB/88 juntamente com artigo 1.029. e seguintes do CPC/15, apresentar RECURSO ESPECIAL, contra Acordão proferido nas folhas XXX, que julgou, equivocadamente, para retirar a condenação de danos morais, mantendo somente a condenação em danos materias, no qual o Recorrente promoveu contra o Recorrido, conforme se apresenta em exordial deflagradora da ação.
Requer o Recebimento e processamento do presente Recuros, intimando o Recorrido ao oferecimento de contrarrazões, dentro do prazo legal, após admitido o recurso, encaminhado, com as inclusas razões, ao Superior Tribunal de Justiça.
Seja dado provimento ao presente recurso especial, determinando-se a NULIDADE do acórdão por falta de fundamentação, não apreciação de todos os argumentos e erro na valoração das provas, reconhecendo-se a prescrição anual, tudo com base nos fundamentos acima aludidos, por ser matéria de DIREITO e JUSTIÇA. 
Termos a que 
Espera deferimento 
Local 
XX, de , de 
Adv
OAB/UF 
RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL 
RECORRENTE: MARCOS CARVALHO
RECORRIDO: MAX REDE MEDICAMENTOS LTDA
TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DEDO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RECURSO DE NÚMERO: _____________ 
Egrégio Tribunal 
Colenda Corte
Nobres Julgadores
I- DAS RAZOES DO RECURSO 
DO CABIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO: 
 O recorrente vem demonstrar que a questão discutida nos autos possui repercussão geral apta a ensejar a admissibilidade do apelo especial dessa corte. No caso em apreço é nítida a repercussão geral diante do interesse econômico e jurídico que ultrapassam questões subjetivas da causa, tendo em vista o não acolhimento da lei 6404/76 e seu entendimento equivocado da matéria em curso.
O artigo 105, inciso III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal explicitam que: 
“Compete ao Supremo Tribunal de Justiça: III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigências; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”.
	Bem como tende a ser observado o art 1.029 co CPC que explixtam:
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal , serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão
	DA TEMPESTIVIDADE:
Nos termos do art. 1003, § 5º do NCPC/2015, o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias. Dessa forma, considerando que a decisão fora publicada no Diário Oficial na data de XXX tendo sido o recorrente intimado da mesma nesta data, reconhecidamente o recurso é tempestivo e merece acolhimento.
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
DO PREQUESTIONAMENTO
Verifica-se que o venerando acórdão se manifestou expressamente sobre a questão constitucional em relação a lei federal debatida no recurso de apelação, diante do que se conclui que se encontra preenchido o requisito legal do prequestionamento.
DO PREPARO E RECOLHIMENTO DAS CUSTAS RECURSAIS:
Cumprindo uma das exigências para o recebimento do presente recursos, as custas referentes ao preparo já foram recolhidas, conforme demonstram as guias e comprovantes em anexo.
DA SÍNTESE DOS FATOS:
A recorrida, promoveu eventual recurso contra decisão de primeiro grau, que julgou procedentes os pedidos do autor à época, ora recorrente, de condenação em danos materias e morais, provenientes de publicidade enganosa, motivo que a recorrida então ingressou com eventual recurso. 
Foi parcialmente provido o recurso sendo então, parcialmente reformada a sentença onde o Tribunal manteve a condenação da recorrida de danos materias e realizou o a reformulação da condenação em Danos morais, pelo qual este ultimo, caiu por terra, ficando a recorrida afastada de realizar pagamento.
Assim, e diante de todo o exposto, viu-se a recorrente obrigada a interpor o presente Recurso Especial, tendo em vista tratar-se de questão de JUSTIÇA.
II – DO DIREITO.
Com o advento do Novo Código de Processo Civil, fica reforçada a importância distinção, pois já não basta a mera opinião do julgador, pois, enquanto opinião representar, não poderá ser considerada como suficiente para o desfecho da lide. Assim, a valoração jurídica da prova se coaduna com o dever do juiz ou tribunalfundamentar as suas decisões, não bastando escolher ao seu livre arbítrio uma delas e não aceitar outras sem a devida fundamentação.
DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL:
O acórdão recorrido acatou DANOS MORAIS, tendo baseado sua decisão em jurisprudência divergente da decisão paradigma apresentada pela recorrente em sua apelação, o que enseja o recurso especial com base no art. 105, III, alínea c da Constituição Federal.
Conforme está disposto o acórdão recorrido, o tribunal entendeu que por cabível manter os danos materias e excusar o réu, ora recorrido , ao não pagamento dos danos materias. Conforme apresentam-se folhas XXX, da Apelação citada nesse documento.
Conforme a inicial, pretende a recorrente, que a recorrida,venha ser condenada sao pagamento de Danos Morais, conforme entendimentos jurisprudências que incidem sobre fatos provenientes de publicidade enganosa.
Há divergência jurisprudencial quanto a matéria, tendo em vista que a TURMA DO TRIBUNAAL DO DISTRITO FEDERAL e do TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DO RIO GRANDE DO SUL ENTENDE DE MANEIRA DIFERENTE, aplicando matéria já pacificada conforme apontado pela recorrente, sendo esta a DECISÃO PARADIGMA: onde a matéria entendendo que a publicidade enganosa gera indenização por DANOS MORAIS, além dos materias caso venha ser advindos de danos.
DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA 
 Note-se, portanto, que restou comprovado a repercussão geral da matéria. Além disso, provou-se também que as decisões dos juízos a quo e ad quem negaram vigência à lei federal e deram à mesma lei interpretação divergente de outro tribunal. Esses requisitos admitem o recurso especial, a fim de reformar o decisum.
III - DA DOUTRINA 
	Em direito civil há um dever legal amplo de não lesar a que corresponde a obrigação de indenizar, configurável sempre que, de um comportamento contrário àquele dever de indenidade, surta algum prejuízo injusto para outrem, seja material, seja moral (CC, art. 186).
No convívio social, o homem conquista bens e valores que formam o acervo tutelado pela ordem jurídica. Alguns deles se referem ao patrimônio e outros à própria personalidade humana, como atributos essenciais e indisponíveis da pessoa. É direito seu, portanto, manter livre de ataques ou moléstias de outrem os bens que constituem seu patrimônio, assim como preservar a incolumidade de sua personalidade. É ato ilícito, por conseguinte, todo ato praticado por terceiro que venha refletir, danosamente, sobre o patrimônio da vítima ou sobre o aspecto peculiar do homem como ser moral. Materiais, em suma, são os prejuízos de natureza econômica, e, morais, os danos de natureza não econômica e que “se traduzem em turbações de ânimo, em reações desagradáveis, desconfortáveis, ou constrangedoras, ou outras desse nível, produzidas na esfera do lesado”. 1
Assim, há dano moral quando a vítima suporta, por exemplo, a desonra e a dor provocadas por atitudes injuriosas de terceiro, configurando lesões nas esferas interna e valorativa do ser como entidade individualizada.
De maneira mais ampla, pode-se afirmar que são danos morais os ocorridos na esfera da subjetividade, ou no plano valorativo da pessoa na sociedade, alcançando os aspectos mais íntimos da personalidade humana (“o da intimidade e da consideração pessoal”), ou o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (“o da reputação ou da consideração social”).
Derivam, portanto, de “práticas atentatórias à personalidade humana”. Traduzem-se em “um sentimento de pesar íntimo da pessoa ofendida” capaz de gerar “alterações psíquicas” ou “prejuízo à parte social ou afetiva do patrimônio moral” do ofendido. Se os valores íntimos da personalidade são tutelados pela ordem jurídica, haverá, necessariamente, de munir-se o titular de mecanismos adequados de defesa contra as agressões injustas que, eventualmente, possa sofrer no plano subjetivo ou moral. Quando se cuida de dano patrimonial, a sanção imposta ao culpado é aresponsabilidade pela recomposição do patrimônio, fazendo com que, à custa do agente do ato ilícito, seja indenizado o ofendido com o bem ou valor indevidamente desfalcado. A esfera íntima da personalidade, todavia, não admite esse tipo de recomposição. O mal causado à honra, à intimidade, ao nome, em princípio é irreversível. A reparação, destarte, assume o feitio apenas de sanção à conduta ilícita do causador da lesão moral. Atribui-se um valor à reparação, com o duplo objetivo de atenuar o sofrimento injusto do lesado e de coibir a reincidência do agente na prática de tal ofensa, mas não como eliminação mesma do dano moral. Pode-se, em suma, afirmar, com apoio em Mazeaud e Mazeaud, que o objetivo da teoria da responsabilidade civil pelos danos morais “não é apagar os efeitos da lesão, mas reparar os danos”.
A teoria sobre a sanção reparatória do dano moral, conquanto antiga, sofreu muitas contestações e evoluiu lentamente, até chegar aos termos da concepção atual.
A abordagem ao tema do dano moral, com efeito, já se fazia presente no Código de Hamurabi, na Babilônia, quase 2.000 anos antes de Cristo, onde ao lado da vingança (“olho por olho, dente por dente”), se admitia, também, a reparação da ofensa mediante pagamento de certo valor em dinheiro, permitindo aos estudiosos entrever, nisso, a presença embrionária da ideia que resultou, modernamente, na “teoria da compensação econômica, satisfatória dos danos extrapatrimoniais”. Também, no Código de Manu (Índia), havia pena pecuniária para certos danos extrapatrimoniais, como, por exemplo, a condenação penal injusta. Também em Roma se admitia a reparação por danos à honra, mas, a exemplo dos Códigos de Hamurabi e Manu, a sanção era aplicada a certos fatos, e não genericamente. A partir da Lei Aquilia (286 a.C.) e principalmente com a legislação de Justiniano, houve uma ampliação no campo da reparabilidade do dano moral. Há, contudo, enorme controvérsia entre os pesquisadores do Direito Romano acerca da extensão de tal ampliação, não sendo poucos os que, como Gabba, afirmam ter inexistido, em Roma, a regulamentação do dano moral, cuja reparabilidade teria surgido, de fato, como teoria moderna, nunca cogitada entre os antigos.
O certo, porém, é que, sem maior e mais profunda sistematização, O Direito Romano previa numerosas hipóteses em que dispensava proteção a interesses não patrimoniais por meio de reparação pecuniária. Parece, assim, “fora de dúvida que ele não condenou, não desconheceu o interesse moral e, bem ao contrário, o admitiu na proporção em que a época social era com ele compatível”.
Como pensam Mazeaud e Mazeaud, a jurisprudência romana chegou à ideia de que “na vida humana, a noção de valor não consiste apenas em dinheiro, ao contrário existem, além do dinheiro, outros bens aos quais ohomem civilizado atribui um valor e que devem ser protegidos pelo direito”. 10Ao longo da história do direito moderno, revelou-se penosa a elaboração da teoria de uma ampla reparabilidade do dano moral. A mais séria e insistente resistência era a daqueles que negavam a legitimidade moral da atribuição de um preço à dor. Com isso, somente se admitia indenização para lesões extrapatrimoniais quando, para certos e determinados eventos,houvesse prévia e expressa previsão de sanção civil pecuniária (numerus clausus). 
Após a descoberta dos chamados direitos de personalidade, avolumou-se a corrente dos defensores dos direitos essenciais da pessoa humana, em cujo seio assumiu posição de destaque a plena reparabilidade das lesões à pessoa, na esfera extrapatrimonial. Várias leis, em diversos países tomaram providências tutelares em defesa de direitos autorais, de imagens etc. Em 1942, finalmente, o tema veio a figurar no bojo do novo Código Civil Italiano.
IV- DA JURISPRUDÊNCIA
	O tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro entende que, ao caso concreto, poderá ser aplicada em sentença a condenação em Danos Materias e danos Morais, assim Julgou:
	0014425-82.2016.8.19.0061 – APELAÇÃO - 1ª Ementa Des(a). JOSÉ CARLOS PAES - Julgamento: 16/05/2018 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVELAPELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. NULIDADE DA SENTENÇA. PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA. CAUSA MADURA. JULGAMENTO EM GRAU RECURSAL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. GRADUAÇÃO. PROPAGANDA ENGANOSA. FALTA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. ATO ILÍCITO. DEVER DE INDENIZAR. JUROS E CORREÇÃO. HONORÁRIOS RECURSAIS. 1. A sentença afronta ao princípio da congruência, positivado no artigo 492 da Lei de Ritos, pois a fundamentação envolve idoso e risco a saúde, matéria diversa do pleito autoral. Nulidade reconhecida. 2. De todo modo, o julgamento será ultimado neste segundo grau de jurisdição, conforme autoriza o artigo 1.013, §3º, II do Novo Código de Processo Civil que referenda a Teoria da Causa Madura, uma vez que o processo se encontra pronto para julgamento 3. O caso em tela versa sobre relação de consumo, pois o autor enquadra-se no conceito de consumidor descrito no artigo 2º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor e a ré no de prestadora de serviços, nos termos do artigo 3º do mesmo diploma legal. Além disso, o demandante é o destinatário final dos serviços prestados pela demandada. 4. A causa de pedir versa sobre a entidade de ensino ré ter veiculado propaganda enganosaa respeito de curso superior, levando o autor a realizar matrícula e cursar as aulas durante um período do 1º semestre de 2016, quando descobriu que o curso não o qualificava para a profissão de esteticista. 5. A demandada, por sua vez, em momento algum rechaçou as alegações feitas na inicial, limitando-se a alegar a inexistência de dano moral, a impossibilidade de restituição do indébito e da inversão do ônus da prova. 6. Ora, não tendo havido impugnação específica às afirmações feitas na exordial, recai sobre elas presunção de veracidade, nos termos do artigo 341, caput, do Código de Processo Civil atual. Logo, restou incontroversa a relação jurídica havida entre as partes, bem como a falha na prestação do serviço, consubstanciada na propaganda enganosa pertinente a curso de graduação que não atende às pretensões da parte autora. 7. Nesse passo, nos termos do artigo 14 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, e não se verificando a presença de qualquer das excludentes de responsabilidade previstas no parágrafo terceiro desse dispositivo legal, deve a apelante responder pelo dano ocasionado ao autor. 8. Com efeito, deve a recorrente restituir à parte apelada o valor de todas as mensalidades pagas, já que desistira do curso por culpa da Universidade, que veiculou propaganda enganosa. 9. A correção monetária dos danos materiais flui a contar de cada pagamento realizado e os juros de mora incidem a razão de 1% a partir da citação, ocorrida em 11/10/2016. 10. Os danos morais decorrem da frustração da expectativa do apelado em receber o título de Bacharel para exercer a profissão de esteticista, curso para o qual prestou vestibular e frequentou por um semestre, até descobrir o engodo praticado pela apelante na veiculação da propaganda dos cursos disponíveis. 11. O valor arbitrado a título de compensação por danos extrapatrimoniais deve ser arbitrado em R$ 3.000,00, quantia que se mostra adequada face ao princípio da razoabilidade, ao caráter punitivo-pedagógico da condenação e às circunstâncias do caso concreto, notadamente no que tange ao período que a parte apelada frequentou o curso até o conhecimento da inutilidade da contratação. 12. A correção monetária para os danos morais incide a contar deste decisum, na forma da súmula 97 deste Tribunal, e, quanto os juros de mora, serão de 1% ao mês e fluem a partir da citação. 13. Vencida na demanda deve a parte ré ser condenada nos ônus sucumbenciais, de acordo com o artigo 85 do Código de Processo Civil. O valor arbitrado para os honorários deve observar o mínimo legal de 10% sobre o valor da condenação, na forma do § 2º do mencionado dispositivo, por se tratar de demanda sem qualquer complexidade. 14. Por fim, o artigo 85, §11 do atual Código de Processo Civil dispõe que o Tribunal, ao julgar o recurso interposto, majorará os honorários fixados anteriormente. Desse modo, arbitra-se os honorários sucumbenciais recursais no percentual de 2% (dois por cento), que deverá incidir sobre o valor da condenação, com fundamento no artigo 85, §§ 2º e 11 do Código de Processo Civil vigente. 15. Nulidade da sentença reconhecida de ofício. Prosseguimento do julgamento. Procedência parcial dos pedidos.
Neste mesmo entendimento o TRibunal de Justiça do Distrito Federal tem por sequência:
		AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITO DO CONSUMIDOR. TELEFONIA CELULAR. TIM. PLANO INFINITY. DERRUBADA DAS LIGAÇÕES. OCORRÊNCIA. AÇÃO CULPOSA E POSTERIORMENTE DOLOSA. DANO INDIVIDUAL. CONDENAÇÃO GENÉRICA. DANO MORAL COLETIVO. EXISTÊNCIA. CONDENAÇÃO. REDUÇÃO DO VALOR. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO MINISTERIAL PROVIDO. RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Carece interesse da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL a justificar o deslocamento do feito à Justiça Federal, vez que, no caso, o Ministério Público ajuizou a presente ação civil pública em desfavor de TIM CELULAR S/A sob o argumento de que referida concessionária de telefonia móvel teria praticado ato ilícito consistente na "derrubada" proposital de ligações com o intuito de obter lucro. Tal ilícito civil não se refere a nenhuma ação regulatória específica da ANATEL, mas de violação aos direitos dos consumidores, cuja competência deve ser da Justiça comum estadual. 2. Ainversão do ônus da prova opera-se a critério do juiz e constitui uma regra de instrução e não de julgamento, haja vista que as partes não podem ser surpreendidas com inversão do ônus probatório somente por ocasião do julgamento da causa, porquanto estar-se-ia vulnerando o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.3. No caso, em que pese o equívoco da sentença que inverteu somente em sentença o ônus da prova, tal situação jurídica não foi aplicada quanto à verificação da prática da má prestação de serviço por parte da ré-apelante, haja vista que o magistrado afirmou nesse capítulo da sentença que o ato ilícito estava provado por meio dos documentos acostados aos autos, fazendo inclusive referencia a especifica a eles, o que afasta qualquer nulidade quanto à questão probatória. 4. No PADO n. 53504.026837/2010, no qual foram realizadas mais de uma fiscalização, não se constatou a derrubada proposital das chamadas do plano Infinity, mas um defeito na qualidade do serviço decorrente do sistema de proteção às fraudes, o que impediu que a TIM entregasse aos consumidores o que foi por eles contratado nos termos da ampla campanha publicitária veiculada pela ré, consistente em ligações com duração ilimitadas com a cobrança apenas no primeiro minuto. A TIM, quanto a esse particular, apontou em sua defesa perante o agente regulador que tal aplicação foi cessada em 2010. Em razão dos danos aos consumidores, cuja amostragem se deu em 12.8.2010, a ré foi multada. No PADO n. 53500.006169/2011, iniciado a partir de demanda do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, que visava investigar as denúncias de "derrubada" proposital das ligações do plano Infinity no Distrito Federal, constatou-se que, de fato, no período de amostragem de 25.11.2010 a 18.3.2011, a ré derrubava de maneira proposital as chamadas com duração superior a 1 hora e 20 minutos dos planos Infinity, vez que tal prática se dava de maneira quase padronizada, dentro da mesma rede, sem que tivesse havido deslocamento do consumidor, a qual, em razão da queda da ligação, era forçado a efetuar nova chamada segundos depois, redundando em nova cobrança. Essa ação da ré, como se percebe pelo que foi decidido pelo órgão regulador, não se deu por culpa ou má qualidade de serviço, mas por ação deliberada, vez que não prosperaram nenhum de seus argumentos defensivos. Ademais, tal prática ocorreu após alegada cessão no ano de 2010, vez que a amostragem se deu entre novembro de 2010 e março de 2011, quando, segundo a ré, já havia cessado com a aplicação de derrubada de ligaçõesdentro do sistema de combate a fraudes. Destarte, o fato alegado na inicial, no sentido de que a ré derrubava intencionalmente as ligações dos planos Infinity, após 1 hora e 20 minutos de duração, está suficientemente provado, de sorte que está demonstrado o ato ilícito praticado pela ré, o qual, obviamente, violou os consumidores clientes que tiveram que efetuar nova ligação com o custo do primeiro minuto, bem como toda a coletividade que foi exposta às agressivas campanhas publicitárias que prometiam ligações com duração ilimitada, sem interrupções, com a cobrança apenas do primeiro minuto. Nota-se, portanto, que em agosto de 2010, quando da primeira amostragem, a interrupção das ligações após certo tempo de duração ocorreu por ação ao menos culposa da ré, que mantinha sistema de combate a fraudes que interrompia as chamadas. De novembro de 2010 a março de 2011, período de amostragem do segundo PADO acima referido, a descontinuidade do serviço se deu de maneira dolosa quanto aos planos Infinity após 1 hora e 20 minutos de duração da chamada, o que obviamente impõe responsabilidade à empresa ré fornecedora ante a sua prática abusiva e ilícita, tanto no plano individual como coletivo, que de culposa tornou-se dolosa e discriminatória, como se observa no período de amostragem no PADO n. 53500.006169/2011. Assim, de forma inicialmente culposa e posteriormente dolosa, a ré promoveu a descontinuidade de serviço essencial que é a telefonia, sobretudo aqueles relacionados aos planos Infinity, nos quais os usuários tiveram que fazer nova ligação em seguida para prosseguirem na comunicação anteriormente iniciada, com inequívoco prejuízo quanto a eles e, por sua vez, lucro, por parte da TIM. Ademais, tal proceder violou, como dito, a mais não poder também toda a coletividade alcançada pela publicidade enganosa difundida a quatro ventos pela ré, como se pode ver às fls. 74 e seguintes dos autos. Desse modo, a TIM violou os incisos IV e VI do artigo 6º, artigo 20, artigo 22 e artigo 37, todos do Código de Defesa do Consumidor, razão pela qual deve ser responsabilizada por sua conduta ilícita nos planos individual e coletivo. 5. No plano individual, é inequívoco o dano causado aos consumidores, além de serem vítimas da propaganda enganosa, tiveram que refazer a ligação para continuar a chamada em virtude da interrupção culposa e/ou dolosa do serviço, mormente àqueles integrantes dos planos Infinity, arcando novamente com o custo do primeiro minuto de ligação. Como já anotado, no Informe de fls. 942/953, a ANATEL apurou que, no período de seis horas no dia 12.8.2010, 26.277 (vinte e seis mil e duzentos e setenta e sete) usuários foram vítimas da ação da ré ao interromper a ligação. Ademais, no Informe de fls. 937/940, a ANATEL apurou que, no universo de amostragem de 48 usuários que tinham tempo superior a 4700 segundos de conexão, 8 (o que totaliza 19,89%) tiveram dolosamente interrompidas suas chamadas, o que releva, em termos percentuais, um número elevado, muito embora não tenha sido considerado para fins de aplicação da multa quando comparado com o total de usuários no Distrito Federal que no período de amostragem era de 4.467.488 (quatro milhões, quatrocentos e sessenta e sete mil e quatrocentos e oitenta e oito) (fls. 939-verso). Por outro lado, como não é possível identificar todos os consumidores lesados com a interrupção culposa e dolosa das ligações e que foram obrigados a efetuar nova ligação, pagando o custo o primeiro minuto, impõe-se, como postulado pelo Ministério Público, a condenação genérica da ré em pagar os danos materiais experimentados pelos consumidores com tal prática abusiva e ilegal, nos termos do artigo 95 do Código de Defesa do Consumidor. 6. De outra parte, o dano praticado pela ré por meio de sua conduta culposa e dolosa extrapolou a mera relação individual, alcançando toda a comunidade que foi vítima de sua publicidade enganosa e abusiva, já que havia a interrupção das ligações. Essa situação revela a ocorrência também de um dano moral coletivo, porquanto a sociedade consumidora de telefonia celular móvel, que é quase a totalidade dos habitantes de um país na atualidade, foi enganada, aviltada, ludibriada pela publicidade enganosa e por suas ações, o que fez romper a confiança necessária que a comunidade deve ter nos concessionários de serviços públicos, notadamente aqueles de caráter essencial como o de telecomunicações. 7. No caso dos autos, além da propaganda enganosa, houve ação culposa e dolosa da ré em interromper as ligações, ocasionando prejuízo aos usuários, por um lado, e lucro a ela, por outro, o que, inequivocamente, deve incrementar o valor do dano extrapatrimonial coletivo, em razão do agravamento da lesão à integridade moral da comunidade, cuja confiança em todas as prestações de serviço público restou severamente abalada. Diante disso, considerando a publicidade enganosa e a ação culposa e dolosa de interromper as ligações dos usuários do plano infinity, entendo razoável e cumpridor dos propósitos da reparação de danos extrapatrimoniais condenar a ré ao pagamento da quantia de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). 8. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que é descabida a condenação da parte contrária ao pagamento de honorários sucumbenciais quando o Ministério Público for o vencedor de ação civil pública por ele proposta.9. Recursos conhecidos. Preliminares rejeitadas. Recurso do Ministério Público provido. Recurso da ré parcialmente provido.
	Não obstante ao caso concreto O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, abarça o entendimento a andar par e passo aos anteriores, ora acostados acima, por isso segue o norte de condenação por danos morais em casos de propaganda enganosa, a saber:
			Apelação Cível. Dreito do Consumidor. Ação com pedido deressarcimento por danos moral e material. Sentença deimprocedência. Responsabilidade objetiva. Fornecedor deserviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de seus serviços, somentese eximindo do dever de indenizar se provar a ocorrência de uma das causas excludentes de responsabilidade: inexistência do defeito; fato exclusivo do consumidor ou de terceiro. Cabe ao consumidor provar a existência do dano, o ato lesivo e o nexo causal. Alegada propaganda enganosa que não restou configurada. Documentos acostados aos autos que demonstram a regularidade da conduta do réu, inexistindo qualquer dano a ser reparado. Manutenção da sentença. Recurso a que se nega provimento. A C O R D A M os Desembargadores da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do , em decisão unânime, em negar DCS2 provimento ao recurso, nos termos do voto do Excelentíssimo DesembargadorRelator. VOTO: Adota-se o relatório de fls. 314/316, como parte integrante dapresente decisão, na forma regimental. O recurso é adequado e tempestivo, ostentando os demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço nos seguintes termos: Não assiste razão a parte apelante. Trata-se de relação de consumo e, portanto, aplicável o disposto noartigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, que trata da responsabilidadeobjetiva dos fornecedores de serviços.Nos termos do citado artigo, o fornecedor de serviços responde,independentemente, da existência de culpa, pela reparação dos danoscausados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de seus serviços,somente se eximindo do dever de indenizar se provar a ocorrência de uma dascausas excludentes de responsabilidade: inexistência do defeito; fato exclusivodo consumidor ou de terceiro.Por outro lado, cabe ao consumidor provar a existência do dano, o atolesivo e o nexo causal. O dever de indenizar surge na medida em que existerelação direta entre o ato ilícito praticado pelo responsável e o dano ocasionadoà parte lesionada.DCS3No caso em tela, a parte autora sustenta que suportou danos moral ematerial em virtude de ter sido vítima de propaganda enganosa do réu, postoque adquiriu imóvel,que em seu memorial descritivo informava que nocondomínio teria espaço fitness, espaço kids, e que o imóvel estaria localizadoem Bangu e ao invés de Senador Camará.Da leitura do processo, verifica-se que a parte autora não logrou êxitoem comprovar a alegada falha na prestação de serviço da empresa ré, já o réutrouxe documentos aos autos que demonstram a licitude de sua conduta.Na espécie, percebe-se que no folder de vendas empreendimentoacostados aos autos pelo réu no index 000158, não consta que no condomíniohaveria os espaços kids e fitness, ora reclamados pela parte autora. Sendocerto que imagens plublicitárias são meramente ilustrativas, pois constaexpressamente nos folders anexados nos index 000048 e 000055 pela parteautora que as imagens são provisórias.Além disso, o órgão público competente concedeu o habite-se aoprojeto, index 000170, o que atesta a regularidade da edificação. Ressalta-seque no termo de vistoria (index 000251 e 000253) foi dada pelo sindico,ampla, geral, rasa e irrevogável quitação à construtora, pelo recebimento dasáreas comum do empreendimento.No instrumento particular de promessa de compra e venda do imóvelfirmado pelas partes, anexado pela autora no index 00026, em sua cláusula 2não consta que o imóvel estaria localizado no bairro de Bangu, bem como nodocumento no 000215, traz que que o endereço do imóvel é no bairro deSenador Camará, ou seja, ao adquirir o bem a parte apelante tinha plenaciência de seu localização. DCS4Pode-se concluir que, como os bairros são limítrofes e a definição daextensão territorial dos mesmos não é exata, é comum que haja confusão noendereço dos imóveis que ficam no limite destes, mormente, tendo em vistaque o habite-se foi emitido pela Coordenadoria Geral de Controle eParcelamento de Edificações de Bangu.Portanto, não restou demonstrada a prática de ato ilícito pelo réu,inexistindo qualquer dano a ser reparado. Observa-se, portanto, que asentença deu a correta solução à lide.Por tais fundamentos vota-se pelo desprovimento do recurso,mantendo-se a sentença na forma como foi lançada. Considerando asucumbência do recorrente, majoro os honorários advocatícios em favor dopatrono da parte ré, nos termos do §11º, do art. 85, do Código de ProcessoCivil, de 10% para 12% sobre o valor atualizado da causa, observado-se agratuidade de justiça já deferida.Rio Grande Do SUL , 15 de junho de 2021.CLÁUDIO BRANDÃO DE OLIVEIRADESEMBARGADOR RELATOR
V – DOS PEDIDOS:
Como se vê todos os dispositivos de lei federal e decisão paradigma acima transcritos, resta cabalmente demonstrada a violação de dispositivos de lei federal e a divergência jurisprudencial acerca da interpretação dos dispositivos legais violados.
Ante ao exposto, e tendo sido atendidos todos os requisitos de admissibilidade recursal, requer a recorrente:
a) seja recebido, processado e admitido o presente Recurso Especial;
b) seja intimada a recorrida, para, querendo, apresentar sua resposta, no prazo previsto em lei;
c) sejam juntados os comprovantes das custas do despacho de admissibilidade e da interposição de recurso em instância inferior;
d) sejam juntados os acórdãos e certidões em anexo, para fim de fazer prova da divergência/dissídio jurisprudencial na forma do art. 1029, § 1º do NCPC;
e) seja reconhecido o erro na reforma da decisão de primeiro grau, sendo o recorrido condenado ao pagamento dos danos morais;
e) seja dado provimento ao presente recurso especial, determinando-se a NULIDADE do acórdão por falta de fundamentação, não apreciação de todos os argumentos e erro na reforma da decisão de primeiro grau, reconhecendo-se a prescrição anual, tudo com base nos fundamentos acima aludidos, por ser matéria de DIREITO e JUSTIÇA.
Termos a que 
Espera deferimento 
Local 
XX, de , de 
Adv
OAB/UF

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