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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

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DEFINIÇÃO
Fenômenos tributários: incidência, não incidência, imunidades, isenção e alíquota zero.
Obrigações tributárias. Hipótese de incidência e fato gerador.
PROPÓSITO
Compreender os fenômenos associados à incidência tributária, a partir do cotejamento com as
formas desonerativas decorrentes da legislação tributária.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos ou de forma acessível uma versão da
Constituição Federal (especialmente os artigos 145 a 156) e o Código Tributário Nacional – Lei
n. 5.172, de 1966.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar as características da incidência e da não incidência dos tributos
MÓDULO 2
Diferenciar imunidade, isenção e alíquota zero
MÓDULO 3
Definir obrigação tributária, hipótese de incidência e fato gerador
INTRODUÇÃO
Para a coleta dos recursos públicos em favor do erário, será definido um vínculo obrigacional,
um dever fundamental para os integrantes da sociedade, para que se possa custear a
existência dos serviços públicos e entidades da administração pública.
Como um todo, devemos recordar que o Direito Tributário consiste em disciplinar as relações
jurídicas entre o Estado e o contribuinte no que se refere aos tributos. Isso significa disciplinar
as relações decorrentes de sua atividade financeira, cujo objetivo é obter recursos para
satisfazer, por meio do processo do serviço público, as necessidades coletivas.
Fonte: Racool_studio / Freepik
Dessa forma, o objetivo do Direito Tributário somente pode ser alcançado pela imposição feita
pelo Estado aos contribuintes para que paguem os tributos instituídos por lei. Resulta daí o fato
de a relação tributária ser de natureza obrigacional, que, entretanto, ao contrário da obrigação
de direito privado, só pode resultar da lei, tendo em vista o princípio da legalidade.
O fato de a relação jurídico-tributária decorrer do poder de império do Estado e ser efetivada
por meio de lei em sentido estrito não impede de considerá-la como obrigacional, porque a
obrigação tributária não cria apenas um dever para o contribuinte, mas também para o Estado,
que ficará limitado a cobrar o tributo dentro das condições estabelecidas em lei.
MÓDULO 1
Identificar as características da incidência e da não incidência dos tributos
O CONTEXTO DO FENÔMENO TRIBUTÁRIO
Antes de falarmos a respeito de cada uma das espécies tributárias, é importante reconhecer
como se dá a forma pela qual elas foram adotadas para que cada pessoa tenha o dever de
pagar. Isso é relevante porque não basta que se faça uma lei; é preciso que essa lei descreva
a situação hipotética que produz o tal dever de pagar. Será fundamental que, a partir das
autorizações constitucionais, o legislador descreva aquela situação hipotética. De tal assertiva
decorrem dois aspectos:
1
Necessidade de prévia e fundamental permissão constitucional com a estipulação dos termos
e limites do poder de tributar.
2
A partir de tal permissão, caberá ao legislador descrever detalhadamente a regra para as
definições da incidência tributária: a regra-matriz de cada tributo.
Portanto, para melhor compreender o fenômeno tributário, devemos passar por esse
contexto.
A regra-matriz de incidência tributária (RMIT) é a norma que contém a estrutura mínima
necessária para que se constitua um tributo. Na verdade, ela é uma fórmula que elimina
dúvidas relativas à instituição do tributo. Combinando os elementos existentes na Constituição
Federal (CF) com a lei que definiu os demais aspectos, teremos a regra-matriz que "desenha"
a situação hipotética que, uma vez realizada ou incorrida por cada um de nós, implicará o
dever de pagamento daquele tributo. Mas, pensando sobre a lei que definirá tal aspecto,
podemos reconhecer que a norma jurídica tributária é composta por duas partes:
ANTECEDENTE
A primeira, chamada de antecedente, descritor ou hipótese, descreve o fato que, se ocorrido
concretamente, dará ensejo à prescrição da segunda parte da norma.
CONSEQUENTE
A segunda parte da norma, o consequente, é a obrigação tributária, ou seja, o pagamento do
tributo.
O antecedente é composto pelos critérios material, temporal e espacial, e o consequente,
pelos critérios pessoal e quantitativo. O somatório do antecedente com o consequente resulta
no núcleo da norma, que é a definição da RMIT. Para montar a RMIT, o primeiro passo é ler
atentamente o comando da lei analisada, incluindo o tipo, o número da lei, quem a expediu (o
que consta do início de sua redação) e o artigo em questão propriamente dito.
Algumas vezes, informações como a data do pagamento e o local onde este deve ser realizado
são trazidas por regulamentos (normas secundárias), o que é correto e admitido pelo Código
Tributário Nacional, o CTN (BRASIL, 1966), uma vez que não estão criando obrigações,
apenas regulamentando-as. Após ter feito esta leitura, fica fácil preencher o quadrinho
correspondente a cada elemento que compõe a regra-matriz.
O ANTECEDENTE
O termo fato gerador é parte integrante do antecedente da norma e é utilizado pelo CTN de
forma ambígua, pois reflete duas realidades distintas. Vejamos quais são essas realidades:
1
A primeira realidade é o que modernamente denominamos hipótese de incidência, que é a
previsão abstrata na norma de certo evento.
2
A segunda é a que chamamos hoje fato imponível; é a ocorrência, na sociedade, do fato
hipoteticamente previsto em lei e que faz nascer a obrigação tributária.
Assim, é preciso saber que a previsão da lei é hipotética, geral e abstrata (hipótese de
incidência), diferente do fato que ocorre no dia a dia (mundo fenomênico, sociedade) e que se
encaixa perfeitamente nessa mesma previsão legal (fato imponível). Esquematicamente temos:
LEI QUE PRESCREVE O FATO
FATO REAL, IDÊNTICO AO PREVISTO PELA LEI
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
FATO IMPONÍVEL
No entanto, para que tudo isso se realize, devem ser identificados os critérios que compõem o
antecedente, ou seja, a parte que descreve a obrigação tributária. Veja a seguir quais são eles:
Fonte: photoroyalty / Freepik
CRITÉRIO MATERIAL
Descreve o comportamento, a conduta das pessoas físicas ou jurídicas. É, invariavelmente,
composto por um verbo, seguido de seu complemento. Exemplos: vender imóvel, auferir renda
etc.
Fonte: macrovector / Freepik
CRITÉRIO ESPACIAL
Local em que o fato deve ocorrer para que se complete a obrigação tributária (espaço físico).
Exemplos: território nacional, município de São Paulo, estado do Rio de Janeiro.
Fonte: macrovector / Freepik
CRITÉRIO TEMPORAL
O momento em que o fato descrito ocorre, fazendo nascer a obrigação tributária.
O CONSEQUENTE
Ainda na composição da estrutura tributária, haverá o consequente daquela regra-matriz que
regulará a conduta descrita no antecedente, prescrevendo obrigações e deveres dela
decorrentes. São chamados de consequentes porque derivam diretamente daqueles
elementos do antecedente e servirão para demonstrar, de modo inequívoco, os demais
aspectos necessários para completar o fenômeno. São dois os critérios que compõem o
consequente da RMIT, veja quais são eles:
Critério pessoal Critério quantitativo
Determina quem é o sujeito
ativo (aquele que tem, detém a
capacidade tributária ativa, o
direito de cobrar e receber o
tributo) e quem é o sujeito
passivo (o contribuinte, que
tem o dever de pagar o
tributo).
É responsável pela determinação do valor da
obrigação tributária. A combinação dos elementos
que a compõem informa o valor da obrigação. Fixa
a base de cálculo sobre a qual deverá ser aplicada
uma alíquota que resultará no valor do tributo. A
base de cálculo deve, sempre, confirmar o critério
material, guardando relação direta com ele,
conforme se verifica pela análise do modelo acima
exposto.
De tudo isso podemos identificar o que se pode chamar de incidência tributária. A incidência
tributária acontece quando ocorre na sociedade, e na vida de cada uma das pessoas que dela
fazem parte, um fato que corresponda integralmente à previsão hipotéticada norma e faça, por
isso, surtir todos os efeitos jurídicos previstos na lei. A esse fenômeno denominamos
subsunção do fato à norma jurídica, que vem a ser o encontro dos fatos normais da vida
cotidiana com aquelas situações prescritas em lei, identificando todos os aspectos descritos
acima. Essa é a essência do fenômeno tributário e existirá em toda e qualquer espécie
tributária.
Desse modo, podemos ainda compreender a situação e casos de não incidência tributária que
implicam a não consequência fiscal justamente por não produzirem aquela subsunção pela
falta de norma definidora da regra-matriz. Na essência, a não incidência é a simples situação
de inexistência de previsão legal de qualquer hipótese tributante. Entretanto, a não incidência
tributária pode se dar por três motivos e circunstâncias diferentes, a saber:
Não incidência constitucional, chamada de imunidade.
Não incidência pura e simples, por não existir lei prevendo a hipótese de incidência.
Não incidência legal, em que a lei diz que não incide.
Agora que já conhecemos quais são os três motivos que se decorre da não incidência
tributária, vamos detalhar cada um desses motivos ou hipóteses, acompanhe:
HIPÓTESE 1
A primeira hipótese de não incidência é a chamada imunidade. Na verdade, o fato gerador
não ocorre, visto que, mesmo que haja uma lei, ordinária ou complementar, a Constituição
Federal prevalece. Havendo imunidade, não haverá competência de qualquer dos entes diante
da vedação constitucionalmente estabelecida ao poder de tributar.
Sendo um fato, objeto ou pessoa imunizada, a norma constitucional proíbe a edição de
qualquer norma legal, instituindo o tributo sobre aquela exclusão. Esse é o conceito que
aparece nos casos em que a Carta Constitucional fixa as situações imunes. Logo, a lei
infraconstitucional não pode obrigar o pagamento do tributo, por expressa determinação do
poder constituinte.
HIPÓTESE 2
A segunda hipótese de não incidência é aquela que não decorre de proibição constitucional,
mas sim da circunstância de que o fato ocorrido está fora do alcance da regra jurídica, não
nascendo assim a obrigação de pagar o tributo. Por isso se menciona que o fato ocorrido é
atípico. Pode-se ainda ponderar que seria uma forma de desoneração tributária pela qual não
nascem nem a obrigação tributária, nem o respectivo crédito por força do não exercício da
competência a que tem direito o poder tributante. Essa situação não pode ser afirmada como
uma imunidade, já que nela a obrigação não surge por inexistência de competência.
Quando a desoneração é resultado da inexistência da obrigação, mas porque não foi exercida
a competência para tributar, isto significa dizer que alguém tinha sim competência para instituir,
mas simplesmente não fez a lei necessária. Nesse caso não se pode falar em imunidade,
tampouco em isenção, já que esta advém de lei que exclui o crédito e o consequente dever de
pagamento dos particulares. Portanto, será uma situação de não incidência por falta de lei
instituidora. É o caso atual do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) e de outras formas que,
ainda que autorizadas pela Constituição, não tenham sido efetivamente objeto da atividade
legislativa.
Situação curiosa nesse campo ocorre no caso do Imposto Sobre Serviços (ISS). A Constituição
exige, no art. 156, inciso III, que, mais do que termos a possibilidade de quaisquer serviços,
eles precisam estar listados taxativamente numa lei complementar nacional. Entendida a
necessidade de uma lei complementar exaustiva, qualquer outra hipótese ou serviço ali não
previsto será reconhecido como um caso de não incidência por clara omissão de norma legal.
E a história registra inúmeros exemplos nesse sentido.
HIPÓTESE 3
Além dessa, ainda temos uma última hipótese em que o próprio legislador competente, a partir
das permissões constitucionais e ao desenhar as situações que seriam tributáveis,
expressamente deixa de fora algumas situações e o faz de forma inequívoca e explícita. Trata-
se não mais, portanto, de uma omissão legislativa, mas sim de uma expressa, explícita e direta
determinação do legislador competente para aquele tributo. Novamente teremos uma situação
fora do campo da tributação, mas por um movimento disso.
Diferentemente das situações imunes, que representam uma não incidência
constitucionalmente determinada, estas duas últimas acabam sendo chamadas de não
incidência legal, seja por omissão ou mesmo por ação ou exclusão. Independentemente de
quaisquer das situações acima, em todos os casos teremos uma situação de impossibilidade
de tributação na medida em que aquela circunstância não foi atingida pela regra-matriz de
incidência. É a situação, por óbvio, do fenômeno da incidência.
Neste vídeo, iremos abordar a diferença entre isenção e não incidência, além de aprofundar a
questão da taxatividade da lista de serviços do ISS. Venha conferir, aperte o play!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERANDO A NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA, ANALISE
AS SEGUINTES AFIRMATIVAS:
I. O FATO OCORRIDO ESTÁ FORA DO ALCANCE DA REGRA JURÍDICA,
NÃO NASCENDO ASSIM A OBRIGAÇÃO DE PAGAR O TRIBUTO. O FATO
OCORRIDO É ATÍPICO.
II. O FATO GERADOR NÃO OCORRE, VISTO QUE, MESMO QUE HAJA
UMA LEI, ORDINÁRIA OU COMPLEMENTAR, A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
PREVALECE. LOGO, A LEI INFRACONSTITUCIONAL NÃO PODE
OBRIGAR O PAGAMENTO DO TRIBUTO.
III. O FATO GERADOR DESCRITO NA LEI NO MUNDO FÁTICO OU
FENOMÊNICO OCORRE CONCRETAMENTE.
TAIS SITUAÇÕES DIZEM RESPEITO, RESPECTIVAMENTE, A:
A) não incidência, isenção e incidência.
B) imunidade, isenção e fato imponível.
C) isenção, não incidência e incidência.
D) não incidência, imunidade e fato imponível.
2. CONSIDERE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR:
I. O LEGISLADOR NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA CRIAR O TRIBUTO EM
HIPÓTESES QUE SE ENCONTRAM FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA
DESCRITO NO TEXTO CONSTITUCIONAL.
II. A CONSTITUIÇÃO PROÍBE QUE O LEGISLADOR CRIE TRIBUTO
SOBRE DETERMINADAS SITUAÇÕES QUE, EM TESE, ESTARIAM
INCLUÍDAS NO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO TEXTO CONSTITUCIONAL.
III. FAVOR FISCAL POR MEIO DO QUAL HÁ DISPENSA LEGAL DO
PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO, COM O OBJETIVO DE
ATENDIMENTO DE POLÍTICAS VOLTADAS AO INTERESSE PÚBLICO.
OS CONCEITOS ACIMA SE REFEREM, RESPECTIVAMENTE, A:
A) não incidência, isenção e imunidade.
B) imunidade, isenção e não incidência.
C) isenção, não incidência e imunidade.
D) não incidência, imunidade e isenção.
GABARITO
1. Considerando a norma jurídica tributária, analise as seguintes afirmativas:
I. O fato ocorrido está fora do alcance da regra jurídica, não nascendo assim a obrigação
de pagar o tributo. O fato ocorrido é atípico.
II. O fato gerador não ocorre, visto que, mesmo que haja uma lei, ordinária ou
complementar, a Constituição Federal prevalece. Logo, a lei infraconstitucional não pode
obrigar o pagamento do tributo.
III. O fato gerador descrito na lei no mundo fático ou fenomênico ocorre concretamente.
Tais situações dizem respeito, respectivamente, a:
A alternativa "D " está correta.
A assertiva I trata do caso em que ainda não houve lei regulamentando o tributo, embora não
haja proibição constitucional. É o caso atual do Imposto sobre Grandes Fortunas, por exemplo.
Por outro lado, havendo imunidade, a Constituição veda que seja editada uma norma prevendo
a incidência do tributo. Esse é o conceito que aparece na assertiva II. Por último, a descritiva
do terceiro item determina o fato gerador efetivamente ocorrido com a consequência de
surgimento, in concreto, da obrigação tributária. Daí a sequência pretendida pela questão.
2. Considere as afirmativas a seguir:
I. O legislador não tem competência para criar o tributo em hipóteses que se encontram
fora do campo de incidência descrito no texto constitucional.
II. A constituição proíbe que o legislador crie tributo sobre determinadas situações que,
em tese, estariam incluídas no campo de incidência do texto constitucional.
III. Favor fiscal por meio do qual há dispensa legal do pagamento do tributo devido,com
o objetivo de atendimento de políticas voltadas ao interesse público.
Os conceitos acima se referem, respectivamente, a:
A alternativa "D " está correta.
Novamente, o examinador pondera sobre a verificação dos institutos e fenômenos tributários.
A assertiva I corresponde ao sentido genérico da não incidência. Sendo a circunstância
afastada do legislador, é a figura que falece competência para criar o tributo em hipóteses que
se encontram fora do campo de incidência descrito no texto constitucional. Ilustra-se com o
entendimento atual do STF sobre a impossibilidade de que a lei do ISS pretenda tributar a
locação de bens móveis. O encontrado na súmula vinculante n. 31 reflete essa falta de
competência. Já o item II irá refletir o sentido da imunidade. Existindo circunstância em que a
constituição proíbe que o legislador crie tributo sobre determinadas situações que, em tese,
estariam incluídas no campo de incidência do texto constitucional, depara-se, portanto, com a
norma de imunidade. Resta o item III como o sentido da isenção. Ainda que nem todas as
dispensas tenham por objetivo o atendimento de políticas voltadas ao interesse público, sendo
favor fiscal concedido por lei dispensando o pagamento do tributo devido, reconhece-se a
figura da isenção.
MÓDULO 2
Diferenciar imunidade, isenção e alíquota zero
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
A Constituição estabelece, como visto, vários limites aos poderes tributários; entretanto, não a
ponto de proibir a existência dos tributos. As limitações anteriores são dadas especialmente
para estabelecer algumas garantias que têm que ser preservadas no relacionamento com o
contribuinte. Veremos a seguir um panorama sobre o que diz a Constituição e o Direito de
tributar:
Fonte: Almanaque Lusofonista / Wikipedia
Surge na Constituição, a par daquelas, uma série de medidas que também são resultados de
um contexto histórico, mas que na verdade estabelecem vedações ao próprio poder de tributar.
De forma distinta das anteriores, tais determinações são de forma a produzir um impedimento
à tributação de algumas pessoas, bens ou sujeitos.
Então o que se tem nesse contexto é a existência de uma norma constitucional; não é um
mero limite ao exercício do poder de tributar, mas sim uma vedação a este.
Normalmente, tais interdições não são de "forma absoluta". Ou seja, não significa afastar a
totalidade das espécies dos tributos. No fundo, será absoluta diante daquele determinado caso
que está indicado na estipulação constitucional.
Recai nesse sentido a visão conceitual mínima das imunidades tributárias. Dessa forma,
reconhece a do Direito Tributário de que as imunidades são previsões que sequer permitem a
incidência de tributos devido a um comando expresso da Carta Magna, inexistindo a ocorrência
do fato gerador por vedação constitucional. Equivale a dizer que nessas hipóteses haverá uma
incompetência. Na verdade, por trás dos conceitos de imunidade tributária, o que na realidade
vai existir é toda uma preocupação quanto a determinadas pessoas, bens ou serviços ou
situações que estarão fora da tributação de algumas determinadas exações.
Ressalte-se que estamos diante de uma grande previsão constitucional, na qual essas
pessoas, bens ou serviços, ou situações, vão ter o benefício final se não se sujeitarem ao
tributo, independentemente da vontade do legislador ordinário. Para tanto, já está enraizado no
texto constitucional.
Por representar vedação constitucional, não haverá nem o nascimento da obrigação, nem o
consequente crédito, já que aquela substância fática está fora do campo de atuação do
legislador ordinário. Assim, os poderes tributantes dos entes políticos não podem trazer
aqueles fatos ao campo da tributação.
Explicitamente, a Constituição Federal não utiliza a expressão imunidade tributária, sendo esta
reconhecida na avaliação histórica da doutrina nacional para caracterizar os casos de não
incidência tributária determinada pela norma constitucional. Logo, imunidade tributária é o
obstáculo constitucional à incidência da regra jurídica de tributação, concorrendo no desenho
constitucional para delimitar a competência tributária.
Conceitualmente, a natureza jurídica é de uma limitação do poder de tributar. Mas, sempre que
tratarmos de imunidade isso significará a ausência de competência e, portanto, ausência de
poder de tributar, por determinação da própria Constituição Federal.
Ainda que com vários casos espalhados em todo o corpo constitucional, as grandes
imunidades são encontradas no art. 150, inciso VI da CF de 1988, veremos algumas delas a
seguir:
A
O patrimônio, a renda ou os serviços dos entes tributantes entre si, inclusive os de suas
autarquias e fundações (art. 150, § 2°, CF), desde que vinculados às suas finalidades
essenciais ou delas decorrentes (imunidade recíproca).
O patrimônio, a renda e os serviços das instituições religiosas (sem qualquer discriminação,
naturalmente) relacionados com suas finalidades essenciais.
B
C
O patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais de:
partidos políticos e suas fundações;
entidades sindicais dos trabalhadores (inclusive as centrais sindicais);
instituições de educação sem fins lucrativos;
instituições de assistência social sem fins lucrativos.
Os livros, jornais, periódicos e o papel com que são impressos, com clara intenção de
baratear a produção das obras, atingindo diretamente o Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de
comunicações (ICMS), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e os impostos de
importação e de exportação.
D
E
Imunidade do CD e DVD de música nacional. Incluído pela Emenda n. 75, de 15 de outubro
de 2013, a alínea "e" do art. 150, inciso VI, estabelece a não incidência de impostos sobre os
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil.
De todas essas imunidades, verifica-se que as três primeiras são subjetivas, daí porque
afastam os impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços daquelas pessoas jurídicas. Por
outro lado, essa imunidade dos livros e dos papéis destinados à sua impressão representa não
incidência objetiva, afastando apenas os impostos que recaiam sobre tais bens. O mesmo
pode-se concluir sobre a recente imunidade musical incluída em 2013 pela Emenda n. 75.
Nesse contexto, não serão afastados os tributos incidentes sobre as pessoas a tais produtos.
Daí porque o prédio onde se situa a empresa jornalística ou a livraria deverá pagar
normalmente o IPTU, os autores e empresas suportarão o IR etc.
Agora que já aprendemos acerca da imunidade, trataremos a partir daqui sobre os
conceitos de isenção e taxa zero, além de fazer um comparativo entre estes termos.
Vamos lá!
ISENÇÃO
Você sabe o que é Isenção no Direito Tributário?
Fonte: Raxpixel / Freepik
A isenção constitui o favor clássico do direito tributário, já que dispensa o sujeito passivo do
pagamento em relação a fatos geradores que ainda vão ocorrer. Trata-se de medida de política
fiscal, ora associada à capacidade contributiva ora a objetivos de uma finalidade extrafiscal.
A isenção é a concessão realizada por lei específica (art. 150, §6º da CF), pelo próprio ente
tributante, dispensando o pagamento de determinado tributo, com disciplina no Código
Tributário nos art. 176 a 179.
Por dispensar o pagamento de fato gerador futuro, fica excluído o crédito com a dispensa da
autoridade administrativa em realizar o lançamento correspondente. Naturalmente constitui
matéria de reserva legal ou, como explicita o art. 176, ainda que fruto de convenção ou
contrato, depende de lei para a sua materialização.
A necessidade de lei está também consignada no art. 176 do CTN, já que, ainda quando
prevista em contrato, é sempre decorrente de lei. Essa norma deverá especificar as condições
e os requisitos exigidos para a sua concessão e os tributos a que se aplica. Ainda no
cabimento dessa lei poderá, sendoo caso, definir o prazo de sua duração. No mesmo sentido,
a lei poderá determinar que a isenção seja restrita a determinada região do território da
entidade tributante, em função de condições a ela peculiares, tudo na forma do art. 176 do
CTN.
DIFERENÇA ENTRE IMUNIDADE E
ISENÇÃO
IMUNIDADE
Refere-se a uma limitação do poder de tributar que nenhuma lei tem atribuição para regular,
por se tratar de norma materialmente constitucional.
Representa uma inexistência de competência.
Por representar uma limitação do poder de tributar, a imunidade está descrita na CF.
ISENÇÃO
É apenas um favor legal, por ser fruto do exercício da competência tributária por parte da
entidade tributante.
Representa o exercício de competência tributária, uma vez que só pode conceder isenção
aquele que tem a competência tributária.
Já a isenção, por representar um favor legal, decorre da lei. Deve-se observar que a entidade
tributante exerce a sua competência tributária por intermédio de lei, o que reforça o fato de que
a isenção é descrita em lei. Justamente por essa qualidade, a isenção pode ser revogada a
critério da entidade tributante, enquanto a imunidade, não.
A corrente clássica que prevalece no STF defende que a isenção não afasta a hipótese de
incidência do fato gerador, mas tão somente o pagamento do tributo, enquanto a imunidade
afastaria a própria incidência. Assim, para sintetizar, veja os esquemas abaixo:
ESQUEMA I:
Imunidade
Vedação absoluta ao poder de tributar
“Previsão constitucional (ex.: art. 150, inciso VI, CF)."
Isenção
Existe o tributo, ela não o afasta; o que há é dispensa do pagamento, ou seja, exclusão de
crédito (art. 175-179, CTN).
ESQUEMA II:
Fonte: Freepik / Freepik
IMUNIDADE é sempre uma previsão constitucional, é sempre uma norma constitucional
estabelecendo na Constituição um afastamento do poder de tributar. Como não vai existir a lei
possibilitando a tributação, não vai existir o fato gerador. Isso porque a norma constitucional
proíbe o legislador ordinário de tratar determinados fatos como tributáveis.
Fonte: Freepik / Freepik
ISENÇÃO, na qual não há essa proibição – muito pelo contrário –, surge o tributo, surge lei, há
um fato tratado como fato gerador, mas o próprio legislador dispensa o pagamento da pessoa.
Na isenção há exclusão do crédito, e não de obrigação. O CTN separa bem o que é fato
gerador do crédito dele decorrente. As questões que afetam o crédito não afastam a existência
da obrigação, ou seja, o fato gerador ocorre.
ESQUEMA III:
Fonte: Autor
E A ALÍQUOTA ZERO?
Ela é diferente, apesar de parecida com a isenção, pelo caminho jurídico que percorre. Na
verdade, nesse caso, o tributo existe, foi legislado, tem seus elementos essenciais presentes,
mas terá o elemento nulo justamente na parte necessária ao cálculo. Existem determinados
tributos que têm suas alíquotas definidas por ato do Poder Executivo, vejamos:
Tributos cujas alíquotas são definidas pelo Poder Executivo
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
Imposto sobre Importação (II) de produtos estrangeiros
Imposto de Exportação (IE) para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados.
OBS.: Essas alíquotas são dadas por ato do Poder Executivo no curso do ano.
Cabe aqui, o seguinte questionamento:
Se transformarmos a alíquota do IPI em zero, trata-se de uma isenção?
O efeito parece o mesmo, não vai pagar, mas não é uma isenção. Primeiro porque não é por
lei e, segundo, a alíquota poderá ser restabelecida livremente, da mesma forma que foi
estabelecida, a qualquer momento.
Pode-se dizer, portanto, que quando se tem alíquota zero, há fato gerador, há tributação, mas
na hora que se vai calcular faz-se presente um elemento nulo agindo da seguinte forma: o
tributo se resume à expressão nenhuma, porque o problema é de cálculo, e não de um
benefício legal dispensando pagamento ou não.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE ISENÇÃO E
ALÍQUOTA ZERO?
Tomando como ponto de partida os conceitos já estudados de Isenção e Alíquota zero,
podemos destacar as seguintes diferenças:
Fonte: Rawppixel / Freepik
No caso da isenção, a sua lei ataca todos os elementos do fato gerador na sua integralidade, a
saber: subjetivo, objetivo, temporal, espacial e qualitativo (alíquota e base de cálculo). Por essa
razão é que se diz que a lei de isenção é uma lei bloqueadora da eficácia da norma tributária.
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A alíquota zero só ataca parte do elemento qualitativo do fato gerador integral. Logo, o instituto
de alíquota zero é uma forma de intervenção na economia. Em nada se assemelha ao instituto
da isenção, senão quanto ao seu efeito final de não implicar consequência de pagamento.
Em síntese, a alíquota zero é um instrumento de manipulação jurídica que atinge apenas um
dos elementos quantitativos do fato gerador, qual seja, a alíquota. Por esse motivo, a
Constituição, em alguns momentos, flexibiliza a alteração das alíquotas de alguns tributos
(extrafiscais) por decreto ou ato do Poder Executivo, daí a exceção ao Princípio da Legalidade,
o que não acontece com qualquer outro elemento do tributo.
Neste vídeo, compreenderemos mais profundamente o tema isenção e alíquota zero. Venha
conferir, aperte o play!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, É CORRETO AFIRMAR
QUE:
A) Só pode ser concedida por lei complementar.
B) Pode ser concedida pela União relativamente a impostos estaduais, desde que esta esteja
também regulando impostos federais.
C) Implica ausência de competência tributária para instituir tributo e está prevista apenas na
Constituição Federal.
D) É causa de exclusão do crédito tributário, ao lado da anistia e da isenção.
2. ASSINALE QUAL DAS OPÇÕES A SEGUIR É MODALIDADE DE
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO QUE IMPLICA UMA
DISPENSA DO DEVER DE PAGAR CONCEDIDO PELO
LEGISLADOR DO ENTE COMPETENTE PARA AQUELE TRIBUTO
EM QUESTÃO:
A) Moratória
B) Parcelamento
C) Imunidade
D) Isenção
GABARITO
1. Sobre a imunidade tributária, é correto afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
Como destacado, toda imunidade decorre sempre da Constituição e jamais pode ser entendida
como um benefício dado por lei ou qualquer outra norma infraconstitucional. Significará assim
uma proibição definida pela Constituição para que existam tributos no caso tratado pelo
legislador. Justamente por isso implicará a ausência de competência para que qualquer ente
naquele caso institua a espécie tributária proibida pela carta constitucional.
2. Assinale qual das opções a seguir é modalidade de exclusão do crédito
tributário que implica uma dispensa do dever de pagar concedido pelo
legislador do ente competente para aquele tributo em questão:
A alternativa "D " está correta.
Ainda nas distinções entre imunidade e isenção, é importante recordar que esta última será
sempre dada por lei e, segundo o Código Tributário, implicará uma exclusão do crédito
tributário.
MÓDULO 3
Definir obrigação tributária, hipótese de incidência e fato gerador
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Mais do que simples previsão legal, todo e qualquer tributo implica uma relação jurídico-
obrigacional. A relação jurídica significa a atribuição de um poder a uma determinada pessoa e
a correspondente imposição de um dever a outra. Surgem, naturalmente, um credor e um
devedor, sendo por este devida uma prestação em favor daquele.
A esse vínculo jurídico que obriga alguém a prestar algo (seja dar, fazer ou deixar de fazer),
atribui-se o nome de relação jurídica obrigacional.
RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL
A relação jurídico-tributária é, por excelência, uma relação obrigacional. Assim, ao nos
referirmos ao termo "obrigação", estamos diante de um poder jurídico pelo qual uma
pessoa (sujeito ativo), com base na lei (causa), pode exigir de outra ou de um grupo de
pessoas (sujeito passivo) o cumprimento de uma prestação possível, lícita, determinável
e que tenha expressão econômica (objeto). Nesse sentido, será considerada positiva a
obrigação quando o sujeito passivotem o dever de dar ou fazer alguma coisa, e negativa,
quando importa uma abstenção da prática de um ato.
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Tudo isso é presente no Direito como um todo e também é possível o reconhecimento desses
fatores em relação ao Direito Tributário. Neste nosso campo de estudo e conhecimento, não há
dúvidas de que teremos a disciplina das relações jurídicas entre o Estado e o contribuinte no
que se refere aos tributos, com a fixação de deveres em face do último.
Diante da inevitabilidade das relações decorrentes de atividade financeira do Estado, o Direito
Tributário traz a imposição feita, pelo Estado, aos contribuintes para que paguem os tributos
instituídos por lei, além de outras prestações que procuram garantir sua realização.
Em razão dos conceitos gerais das relações jurídicas, é possível afirmar que a obrigação
tributária é o poder jurídico pelo qual o Estado, com base na lei, pode exigir do particular uma
prestação positiva ou negativa. Fruto disso, é possível a discriminação dos seguintes
elementos da obrigação tributária:
SUJEITO ATIVO
A pessoa jurídica de direito público competente para exigir o cumprimento dos tributos; o
sujeito ativo da obrigação tributária é sempre o Estado.
SUJEITO PASSIVO
A pessoa obrigada ao cumprimento da prestação tributária.
CAUSA
De forma mediata, será a lei, em razão do princípio da legalidade tributária; de modo imediato,
será o fato gerador efetivamente ocorrido.
OBJETO
O cumprimento de uma prestação positiva ou negativa determinada pela lei.
O elemento constitutivo da obrigação principal é o fato gerador, pois somente com ele
concretamente nasce a obrigação tributária, conforme prescrito no art. 113, § 1º do CTN.
Naturalmente, nesse caso tudo isso deve ser antecedido pela previsão em lei daquela hipótese
de incidência, como já havia determinado o art. 97, inciso III, CTN.
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA
Explicitamente, o art. 113 do CTN classifica a obrigação tributária em principal e acessória. E
não satisfeito apenas em classificar, ainda esmiúça seus conteúdos. De pronto, afirma-se que
a obrigação principal é aquela de cunho econômico (dar dinheiro), pela qual o Estado vai
arrecadar, enquanto a acessória não tem significado pecuniário, existindo mais para
instrumentalizar a própria administração pública. Vamos aprofundar o conhecimento sobre o
que é obrigação principal e obrigação acessória:
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL
Na forma do art. 113, §1º do CTN, a obrigação principal é aquela em que o objeto da
prestação reflete o pagamento, seja quanto ao dever de recolher os tributos como ao de pagar
multas.
Sempre que o vínculo do sujeito passivo com o poder público tenha por objeto a entrega de
valores em dinheiro, será, portanto, considerada uma obrigação principal. Nesse ponto,
independe se tal imposição de pagamento pecuniário advém da ocorrência do fato imponível
do tributo ou de uma penalidade pecuniária decorrente da relação tributária.
Obviamente, isso não significa dizer que multa e tributo se confundem, mas, como ambos
representam valores pecuniários e serão satisfeitos com a entrega de numerário ao Estado,
são igualmente tratados como o dever principal. São distintos na origem, mas se equivalem na
forma de cumprimento. Na multa, o ilícito está sempre presente, inclusive na própria hipótese
do incidente, enquanto os tributos terão fatos geradores lícitos para a sua deflagração. São
deveres cuja satisfação será cumprida com o “dar coisa certa” em dinheiro.
Por outro lado, ainda que reconhecida essa possibilidade sobre a penalidade pecuniária, o
tratamento da obrigação principal é, por excelência, o estudo daquele resultante da ocorrência
do fato gerador tributário. Dessa feita, o conceito de obrigação tributária principal inicia-se com
a realização do pressuposto de fato gerador descrito na lei, mas que vai se concretizar com a
prática do fato gerador.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA
A obrigação acessória é decorrente da legislação tributária, impondo a realização de
condutas, positivas ou negativas, no interesse da fiscalização ou da arrecadação.
Se o dever principal exige do particular o pagamento, a obrigação acessória imporá aos
particulares deveres de fazer ou não fazer como instrumentos para a realização dos fins
tributários. Não se confundem com as assim chamadas obrigações principais, pois não
representarão pagamento, fixando apenas condutas positivas (fazer) ou negativas (não fazer),
sempre como instrumentos para o fim maior da arrecadação e fiscalização.
Nesse ponto, impõe observar que o termo acessório não traduz um sentido de dependência da
obrigação principal, significando sim a existência de deveres anexos ao objetivo básico da
arrecadação, podendo ser entendidos como obrigações instrumentais, anexas, correlatas,
derivadas ou acessórias.
Podemos citar como exemplos de obrigação acessória:
- Obrigação acessória positiva – emissão de notas fiscais, entrega de declaração (imposto
de renda ou outros), inscrição no cadastro de contribuintes etc.
- Obrigação acessória negativa – não rasurar, não transportar mercadoria sem nota fiscal ou
com documentação inidônea, não receber produtos cuja procedência não possa ser
comprovada, tolerar a ação da fiscalização no seu estabelecimento etc.
Apesar de a nomenclatura passar a impressão de que o dever acessório é dependente do
primeiro, tal conclusão não é necessariamente verdadeira. Na realidade, a obrigação tributária
principal não inibe a secundária ou acessória (exemplo: emissão de nota fiscal), porque é
preciso exigir da empresa uma contabilidade regular e que esta seja suportada por
documentos idôneos, de forma que o fisco consiga aferir a correção da obrigação tributária
principal.
Não há relação de subordinação da obrigação acessória em relação à obrigação principal,
como é comum no vocabulário jurídico tradicional. Na forma do Código Tributário, o acessório
não segue aqui a sorte do principal. Mesmo inexistindo a obrigação principal e existindo a
obrigação acessória. Existe, no fundo, certa autonomia entre as duas obrigações, não ficando
uma necessariamente dependente da outra.
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA E FATO
GERADOR
O art. 150, inciso I, da Constituição Federal, dispõe que, sem prejuízo de outras garantias
asseguradas aos contribuintes, é vedado aos entes tributantes exigir ou aumentar tributo sem
lei que o estabeleça. Tal afirmativa permite-nos concluir que a lei que veicula a norma tributária
impositiva deverá conter os aspectos indispensáveis para que se possa determinar o
surgimento e o conteúdo da obrigação tributária. Assim, temos consagradas
constitucionalmente não apenas as dimensões da legalidade, mas também a confirmação da
tipicidade tributária.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Daqueles sentidos dados, obrigação tributária principal é tratada no art. 114 do Código
Tributário Nacional como sendo a situação definida em lei como necessária e suficiente à
sua ocorrência.
TIPICIDADE TRIBUTÁRIA
Essa tipicidade encontra reforço nas determinações do Código Tributário Nacional, sendo
tal conceito reconhecido ainda como bastante fechado a partir das disposições do art. 97
c/c art. 114.
Fonte: Domínio público / Acervo Arquivo Nacional
Bem observando o tratamento legal, o primeiro destaque está na definição da situação a ser
tributada. Ou seja, a situação definida em lei significa a escolha, pelo legislador, de um ato,
fato, qualquer situação que demonstre alguma percepção de riqueza capaz de desencadear o
dever de pagar tributos, colocando os particulares na condição de devedores e o Estado na
qualidade de credor. Para alguns autores, teríamos o seguinte: a hipótese de incidência
representando o "fato gerador em abstrato" e o fato imponível representando o "fato gerador
em concreto".
Apesar dessas denominações doutrinárias, há de se perceber que o legislador do CTN só usa
a denominação fato gerador (FG), tanto para a situação em abstrato quanto para se referir ao
evento em concreto.
O fato gerador sedá quando o fato imponível se subsume na hipótese de incidência, ou seja, o
que a gente chama de fato gerador, na verdade, são dois momentos diferentes. Existe um fato
gerador em abstrato, que é aquela descrição hipotética prevista na lei. Agora, ele só vai ocorrer
quando alguém praticar o fato descrito na norma. Então, o FG ocorre quando o fato imponível,
que é o fato gerador em concreto, for enquadrado na descrição hipotética prevista na lei. Esse
é o sentido dado pelo art. 113, §1º do CTN ao determinar o surgimento da obrigação tributária.
ELEMENTOS DO FATO GERADOR NA
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL
Ao legislador não basta identificar a situação; ele deve cuidar de sua disciplina, como todos os
elementos necessários e suficientes. Ou seja, deve prever em norma todas as características
para que possa compreender o que vai ser tributado. Por outro lado, não precisa redundar em
elementos que já sejam naturais ou de amplo conhecimento. Daí porque o CTN afirma que os
elementos sejam:
Fonte: Freepik / Freepik
NECESSÁRIOS
Fonte: Freepik / Freepik
SUFICIENTES
Dessa forma, situação definida em lei significa a escolha, pelo legislador, de um ato, um fato,
ou de qualquer situação que possa desencadear todo um processo de relacionamento entre as
pessoas e o Estado, colocando aquelas na condição de devedoras e este na condição de
credor, tendo como objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. Além disso, a
descritiva há de conter todos os elementos necessários e suficientes.
EXEMPLO
No fato gerador do IPI, existem três situações necessárias (saída, produto industrializado, estabelecimento
industrial), sendo que nenhuma delas, sozinha, será suficiente para a caracterização de sua ocorrência. É
preciso que a situação, além de necessária, seja suficiente. No caso, somente serão suficientes as três
necessárias ocorridas em uma mesma situação, como a saída de um bem da indústria.
A descrição legal do fato gerador faz-se pelo seu núcleo, o seu aspecto mais importante.
Indicações como "prestação de serviços", "saída de mercadorias", "aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza" são
núcleos de fatos geradores. Dá-se o nome de aspecto material do fato gerador à descrição
deste. Todavia, nessa descritiva, é necessário que se verifique os demais elementos da
hipótese de incidência, consolidando todos os aspectos anteriormente mencionados. Veremos
a seguir os demais elementos:
ASPECTO MATERIAL
Núcleo do fato gerador é o que a lei chama propriamente de fato gerador. É a conduta descrita
na norma e comum à vida social que vai ser suficiente para surgimento do fato gerador, ou
seja, para originar a obrigação tributária, como possuir propriedade, auferir disponibilidade de
renda, dar saída a mercadorias etc.
ASPECTO SUBJETIVO
Trata de investigar quem pratica o fato gerador. É o contribuinte. A descritiva da incidência
permite indicar aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador. Na verificação do
aspecto subjetivo será determinada a pessoa que "pratica" o fato demonstrativo de riqueza a
ser tributado. Com isso, da hipótese de incidência será associado o sujeito que se relaciona
com a base material tributada.
ASPECTO ESPACIAL
Responde à questão "onde ocorre o fato gerador?". Como a hipótese de incidência será dada
pela ocorrência de um fato jurídico, é possível (e fundamental) determinar o ponto físico de seu
acontecimento. Salienta-se que, em nossa federação, é necessário indagar onde ocorre o fato
gerador até para saber qual legislação aplicar, qual o ente competente para a arrecadação,
entre outras consequências.
ASPECTO TEMPORAL
Trata-se da identificação da ocasião ou de quando ocorre um fato gerador. Importante imputar
o momento em que surge, efetivamente, o dever jurídico do sujeito passivo, além de definir a
legislação aplicada do ponto de vista do direito no aspecto temporal.
ASPECTO QUANTITATIVO
Da perfeita identificação do fato gerador deduz-se a extração dos elementos que compõem o
valor a pagar, notadamente quanto ao preço, valor ou renda que servirá para o cálculo do
montante devido.
O aspecto quantitativo de qualquer tributo é composto por dois elementos: base de cálculo e
alíquota.
É evidente que a alíquota será dada pela norma aplicável ao tempo da ocorrência do fato. Mas,
além disso, é fundamental determinar a quantidade de riqueza que se possa extrair do fato
ocorrido, servindo esse valor como base para o cálculo do montante devido. Todos esses
elementos fazem parte do fato gerador. Quando a lei fala em fato gerador, base de cálculo e
alíquota, ela está falando em núcleo do fato gerador, base de cálculo e alíquota. Assim, do fato
gerador é extraído o sentido do que é a base de cálculo. Nesta existirá a representação
numérica desse fato gerador. Não basta dizer que possuir propriedade vai gerar o pagamento
de IPTU. Inexorável extrair o valor numérico decorrente dessa riqueza. Então, a base de
cálculo é a expressão numérica do fato gerador.
Sem prejuízo de todas as informações sobre a ocorrência do fato gerador, o art. 118 do CTN
ainda define a forma de sua interpretação, com a seguinte redação:
“ART. 118. A DEFINIÇÃO LEGAL DO FATO
GERADOR É INTERPRETADA ABSTRAINDO-SE:
I - DA VALIDADE JURÍDICA DOS ATOS
EFETIVAMENTE PRATICADOS PELOS
CONTRIBUINTES, RESPONSÁVEIS, OU
TERCEIROS, BEM COMO DA NATUREZA DO SEU
OBJETO OU DOS SEUS EFEITOS;
II - DOS EFEITOS DOS FATOS EFETIVAMENTE
OCORRIDOS.”
A partir daí, verifica-se que a validade ou a invalidade para os outros ramos do Direito não é
relevante na compreensão do fato gerador e sua dimensão tributária. Mais do que isso, a
nulidade, anulabilidade ou mesmo a anulação já decretada do ato jurídico são ainda
desimportantes para a repercussão no Direito Tributário.
Se a obrigação tributária é ex lege, se afastam todos os vícios do direito civil. Por essa razão
diz-se no CTN que a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade
jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes e que a capacidade tributária
passiva independe da capacidade civil das pessoas naturais.
A verdade é que, praticado o ato jurídico ou celebrado o negócio que a lei tributária prescreve
como fato gerador, ali nasceu a obrigação tributária. A obrigação existirá independentemente
da validade ou invalidade do ato ou de suas consequências nos demais ramos da ciência
jurídica. Tal determinação consagra um grande princípio de interpretação do fato gerador
tributário, normalmente associado ao sentido da expressão pecunia non olet (o dinheiro não
tem cheiro).
EX LEGE
Expressão latina que significa "por força da lei" ou "dentro da lei".
Fonte: macrovector / Freepik
Neste vídeo, abordaremos sobre negócios jurídicos privados e exemplos de tributação. Venha
conferir, aperte o play!
E nem se diga que tal conduta importaria em legalizar os atos inválidos, mas sim da efetividade
ao Princípio da Igualdade, uma vez que quem realizou os atos de maneira a seguir toda a
disciplina jurídica paga os tributos, e não isonômico seria deixar de tributar aquele que não
respeitou as regras.
Como se dá a aplicação disso?
Sobre essa aplicação , o cenário atual permite vários exemplos. Na seara do IR, podemos
ilustrar:
Fonte: Freepik / Freepik
Renda auferida por tráfico de entorpecentes; prostituição; jogos de azar; clínicas de aborto;
exploração de lenocínio etc. Todas essas rendas de origem ilícita estão sujeitas à tributação,
sendo irrelevante sua origem.
JOGO DO BICHO
Possibilidade jurídica de tributação sobre valores oriundos de prática ou atividade ilícita.
Princípio do Direito Tributário do non olet. (...) A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118
do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser possível a tributação de
renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é
interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bemcomo
da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. (BRASIL, 2011)
Fonte: welcomia / Freepik
Na esfera do ICMS: apreensão de cargas roubadas; ligação telefônica ou aquisições de
mercadorias levadas a cabo por organizações criminosas na prática dos ilícitos; transporte de
mercadorias para serem empregadas em clínicas de aborto ou outras atividades ilícitas; venda
de mercadorias sob coação ou fraude; clonagem de serviços de telefonia móvel por terceiros
que não os contratantes etc.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O FATO GERADOR DO TRIBUTO DEVE SER IDENTIFICADO
COM:
A) Aquela situação prevista em lei com todos os elementos necessários e suficientes.
B) Qualquer situação que revele capacidade contributiva.
C) Qualquer situação que revele riqueza em negócios sociais.
D) As situações identificadas pelas autoridades fiscais.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UM ELEMENTO
QUE NÃO DEVE SER IDENTIFICADO NA TIPICIDADE DA
PREVISÃO DO FATO GERADOR EM LEI:
A) Elemento material
B) Elemento espacial
C) Elemento temporal
D) Elemento vinculante
GABARITO
1. O fato gerador do tributo deve ser identificado com:
A alternativa "A " está correta.
Na forma do art. 114 do CTN, é fundamental que o fenômeno da tributação seja dado por lei.
Mas, além disso, a lei tem que prever adequadamente todos os elementos essenciais para sua
correta identificação. Daí porque o CTN exige que o legislador traga todos os elementos
necessários e suficientes.
2. Assinale a alternativa que apresenta um elemento que NÃO deve ser
identificado na tipicidade da previsão do fato gerador em lei:
A alternativa "D " está correta.
Não há um elemento vinculante na identificação da tipicidade do fato gerador. Na verdade, a lei
define os elementos, vinculando os intérpretes.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como você percebeu neste tema, a existência do poder de tributar não se limita às previsões
constitucionais, ainda que estas sejam fundamentais para a compreensão do fenômeno fiscal.
A partir da estrutura definida pelo constituinte, será sempre necessária a elaboração de uma lei
para definir os elementos essenciais dos tributos, desenhando aquilo que a doutrina nacional
costumou chamar de regra-matriz de incidência tributária.
Daí se verifica toda uma série de fenômenos que possam ser identificados no mundo da
tributação. Ainda que se entenda a mais óbvia situação decorrente da incidência, temos em
paralelo os casos de imunidade, não incidência, isenção e até mesmo os casos com as
alíquotas zeradas. Esses diversos formatos acabam implicando alguma forma de desoneração
tributária, mesmo que por aspectos e fundamentos técnicos distintos.
Relevante compreender todos esses fenômenos, sobretudo para identificar as eventuais
obrigações tributárias. Por isso também é importante reconhecer, na forma do art. 113 do CTN,
os tipos de deveres tributários existentes que, como visto, se separam pelo objeto a ser
cumprido.
A combinação desses elementos mostra-se fundamental para a compreensão da atividade
tributária e consistiu em nosso objeto de estudo neste tema.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1966.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Congresso Nacional, 1988.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Habeas Corpus nº 94240/SP – São Paulo, Relator:
Ministro Dias Toffoli, Pesquisa de Jurisprudência. Acórdão de 23 de agosto de 2011.
EXPLORE+
Para continuar estudando os fenômenos tributários, recomenda-se a leitura do artigo
“Isenção, não incidência e imunidade”, de Hugo de Brito Machado, disponível na
plataforma do GenJurídico.
Já sobre as consequências da legalidade, seria interessante a leitura do artigo
“Planejamento tributário entre os princípios da tipicidade e capacidade contributiva”,
escrito por João Ricardo Dias Pinho, disponível no portal Tributário.
CONTEUDISTA
Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão
CURRÍCULO LATTES

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