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26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 1/30 Introdução Segundo o Vocabulário Jurídico de Plácido e Silva[1]: “Princípios jurídicos, sem dúvida, significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.” Dessa forma, os princípios constituem a base de sustentação do Direito. Eles dão sustentabilidade para as leis. São eles as pedras basilares dos sistemas político-jurídicos dos Estados civilizados. file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn1 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 2/30 Para Celso Antônio Bandeira de Mello[2], princípio é o: [...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. Neste Capítulo serão analisados oito princípios. Cabe salientar que os princípios aqui enfocados não constituem a totalidade dos princípios enfrentados pelos autores. Aliás, não há uma unanimidade dos autores ao elegerem os princípios do Direito Ambiental. Cada autor dá ênfase a certos princípios ou, até mesmo, reúne mais de um princípio sob a mesma nomenclatura. Dessa forma, esta análise limitar-se-á aos princípios a seguir arrolados, os quais são reputados como de grande importância no estudo e na compreensão do Direito Ambiental. 1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável 2. Princípio da Prevenção e da Precaução 3. Princípio do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador 4. Princípio da Participação e da Cooperação 5. Princípio da Informação 6. Princípio da Educação Ambiental [1] Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. São Paulo: Forense, 1973, p. 1220. [2] MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, São Paulo: Malheiros, 1993, pp.451/452. file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn2 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref1 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref2 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 3/30 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O Princípio do Desenvolvimento Sustentável pode ser resumido no direito que os seres humanos possuem de poder desenvolver-se e realizar suas potencialidades, sejam elas individuais ou coletivas, assegurando às futuras gerações uma vida saudável e um ambiente equilibrado. Para tanto, é necessário rever o modelo de desenvolvimento, erradicando o crescimento econômico a qualquer custo, isto é, aquele que não valoriza a proteção do meio ambiente. O núcleo da questão não reside em um modelo de desenvolvimento que contemple ou não o crescimento econômico. O que importa é a qualidade do crescimento. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento[1], ao tratar do desenvolvimento sustentável, assim se manifesta: [...] trata-se de um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/resources/cap2_6.mp4 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn1 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 4/30 Indiscutivelmente, para assegurar-se um desenvolvimento ecologicamente sustentável há necessidade de inserir-se a questão da proteção ambiental nas políticas públicas. Os administradores públicos ao realizarem o planejamento de obras públicas, seus respectivos projetos e sua execução, deverão contemplar a proteção ambiental. É inadmissível que a questão da proteção ambiental seja desprezada ou desvalorizada pelos agentes públicos. Relegá-la a um plano secundário implicará no desrespeito ao Princípio da Sustentabilidade Ambiental. Com o escopo de consolidar-se a idéia de desenvolvimento sustentável, veja-se o ensinamento dos doutrinadores, começando pela visão de Édis Milaré[2]: Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sócio-cultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço. Em outras palavras, isto implica dizer que a política ambiental não deve erigir-se em obstáculo ao desenvolvimento, mas sim em um de seus instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos recursos naturais, os quais constituem a sua base material. Veja-se, ainda, o enfoque que Paulo Affonso Leme Machado[3] dá ao Desenvolvimento Sustentável: file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn2 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn3 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 5/30 A defesa do meio ambiente passa a fazer parte do desenvolvimento nacional (arts. 170 e 3º. da CF). Pretende-se um desenvolvimento ambiental, um desenvolvimento econômico, um desenvolvimento social. É preciso integrá-los no que se passou a chamar de desenvolvimento sustentado. Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo[4]: [...] aspira-se uma coexistência harmônica entre economia e meio ambiente, permitindo o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem inócuos. Tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje a nossa disposição. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, estabeleceu vários princípios comuns que oferecem aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano. Destaca-se o Princípio 5, o qual trata da sustentabilidade ambiental: Os recursos não renováveis do Globo devem ser explorados de tal modo que não haja risco de serem exauridos e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam partilhadas a toda a humanidade. Com base nesse Princípio 5 da Declaração de Estocolmo, é possível concluir que a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico devem coexistir, de modo que este não acarrete a anulação daquela. file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn4 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 6/30 Por tudo isso, é necessário reconhecer-se que a sustentabilidade ambiental dá um novo contorno ao desenvolvimento econômico, fazendo com ele tenha por base o atendimento das necessidades do presente, sem comprometer as futuras gerações. O art. 225, da Constituição Federal estabelece: Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Cabe gizar, outrossim, que a o princípio 1 da Declaração de Estocolmo proclama que: O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambienteque o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver- se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 7/30 homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma. A Constituição Federal ao tratar dos Direitos e Garantias Fundamentais, estabelece nos incisos XXII e XXIII, do art. 5º a garantia do direito de propriedade, porém condicionada a observância da função social da propriedade. Veja-se bem: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; Reforçando a regra da garantia constitucional da propriedade, saliente- se que esta foi garantida, desde que ela atenda a sua função social. Exemplifique-se: se o proprietário de uma área rural valer-se do cultivo de plantas psicotrópicas ou do trabalho escravo, não estará atendendo a função social da propriedade (inciso XXIII, do art. 5º da CF), situação esta que poderá implicar na expropriação da propriedade. Da mesma forma, se o proprietário rural desrespeitar as limitações administrativas impostas pelo art. 2º do Código Florestal Federal (Lei n.º 4.771, de 15.09.65), estará indo de encontro à função social da propriedade, não lhe podendo ser garantida a propriedade. Da mesma forma, a Constituição Federal ao tratar dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, no Título VII Da Ordem Econômica e Financeira (art. 170 e seu parágrafo único), disciplinam: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 8/30 ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (grifado) Portanto o exercício de qualquer atividade econômica no Brasil é livre, desde que sejam respeitados os princípios estampados nos incisos do art. 170 da Constituição Federal. Entre eles, destaca-se a defesa do meio ambiente (inciso VI, do art. 170). Agregue-se, também, que o parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal estabelece que o livre exercício de qualquer atividade econômica independe de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Ora, em matéria de proteção ambiental há uma série de limitações fixadas em leis. Conforme será examinado oportunamente, ao abordar-se o licenciamento ambiental, poder-se-á evidenciar que a maioria das atividades e dos empreendimentos no Brasil estão condicionados a autorizações dos órgãos ambientais. Veja-se, portanto, que o mencionado dispositivo 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 9/30 constitucional cria uma exceção, condicionando-a aos casos previstos em lei. Veja-se bem: Art. 170 [...] Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorizaçãode órgão públicos, salvo nos casos previstos em lei. (grifado) Rompendo com uma tradição privatista brasileira de aproximadamente 86 anos, o novel Código Civil Brasileiro (Lei n.º 10.406, de 10.01.02), condiciona o exercício do direito de propriedade em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais, preservando o meio ambiente. Veja-se bem: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Diante do exposto, pode-se concluir a analise do Princípio do Desenvolvimento Sustentável citando o documento da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, intitulado “Nosso Futuro Comum”[5] em que o Desenvolvimento Sustentável é “[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn5 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 10/30 possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.” E, finalmente, no documento editado por várias instituições[6], entre elas a UICN, PNUMA e WWF, intitulado “Cuidando do Planeta Terra: uma estratégia para o futuro da vida”, o Desenvolvimento Sustentável é definido como aquele que busca “melhorar a qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas”. Por derradeiro e para arrematar a análise deste Princípio, apresentar- se-á um excerto extraído do voto do Ministro Celso de Mello[7], do Supremo Tribunal Federal: O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO Objetivando alcançar um melhor procedimento cognitivo, proceder-se-á na análise dos Princípios da Prevenção e da Precaução separadamente, embora alguns autores tratem de forma aglutinada os citados Princípios. file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn6 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn7 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 11/30 Prevenção é o ato ou efeito de prevenir. Prevenir significa antecipar, chegar antes, evitar, dispor de modo que se evite o dano ou o mal. O dano poderá ser detectado antecipadamente. De outra banda, a precaução é uma cautela antecipada. Há uma dupla fonte de incerteza: o perigo ele mesmo considerado e a ausência de conhecimentos científicos sobre o perigo. Princípio da Prevenção O escopo do Direito Ambiental é preventivo, pois toda a ação deve estar voltada para a não consumação do dano ambiental. Vale aqui relembrar o brocardo popular: mais vale prevenir do que remediar. É sabido quea reparação do dano nem sempre se viabiliza integralmente e, na maioria das vezes, é muito onerosa. Insista-se: corrigir o dano é mais oneroso e nem sempre possível. Imagine-se a destruição de uma espécie animal rara ou a destruição de um manguezal. A sociedade poderá ficar privada de um determinado bem ambiental por muitos anos ou até mesmo jamais recuperá-lo. As árvores centenárias existentes em uma determinada gleba de terras que forem abatidas para construção de um empreendimento imobiliário poderá implicar na aplicação de penalidades ao degradador ambiental, entre elas a obrigação de replantar centenas de novas árvores para tentar compensar o dano ambiental causado. Contudo, o certo é que a sociedade ficará privada por muitos anos daquelas espécies até que as novas árvores possam atingir a idade adulta. Esses exemplos demonstram que nem sempre é possível a repristinização, isto é, o retorno ao estado anterior. Aliás, esta situação é muito comum quando ocorre a contaminação ambiental por substâncias químicas, cujos efeitos nocivos causam lesões irreversíveis aos trabalhadores ou a comunidade. A necessidade imperiosa de evitar a consumação de danos ao meio ambiente tem merecido a atenção das convenções, declarações, leis e das sentenças dos tribunais. É o caso da o Tratado de Maastricht sobre a União Européia, da Convenção de Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 12/30 Depósito, de 1989; da Convenção da Diversidade Biológica; e do Acordo-Quadro sobre o Meio Ambiente do MERCOSUL. Para Maria Luiza Machado Granziera[8]: [...] o reflexo mais evidente do Princípio da Prevenção, no campo normativo brasileiro, é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental. O EPIA foi fixado na Lei n.º 6.938/81, como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e posteriormente alçado à categoria de norma constitucional, no art. 225, inciso IV, que dispõe sobre “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a que se dará publicidade. Princípio da Precaução No inicio desta unidade já se fez alusão ao Princípio da Precaução como sendo uma cautela antecipada, onde se visualiza uma dupla fonte de incerteza: o perigo ele mesmo considerado e a ausência de conhecimentos científicos sobre o perigo. Exemplificando, cabe lembrar a soja transgênica e o uso intensivo de aparelhos celulares. Ora, a ciência ainda não foi capaz de comprovar se eles poderão ou não trazer efeitos indesejados na saúde humana. Como há suspeitas de que os produtos transgênicos e de que a ondas emitidas pelos aparelhos celulares poderão interferir negativamente na saúde humana, recomenda-se evitar o seu uso ou, até mesmo, o uso moderado. Portanto, havendo uma incerteza científica sobre os seus efeitos na saúde e no ambiente, recomenda-se o não uso ou a redução do seu uso. Trata-se, sem sobra de dúvida, de uma medida de cautela, pois o file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn8 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 13/30 atual desconhecimento sobre os seus efeitos poderá, num futuro próximo, quando os estudos científicos forem conclusivos, demonstrar os seus efeitos malefícios para saúde humana. Nesse passo, deve-se reconhecer como o núcleo da precaução a incerteza dos seus efeitos. Abster-se do consumo de um alimento, do uso de um equipamento ou da construção de uma obra cujos efeitos sobre o ambiente e a saúde humana sejam desconhecidos. Insta acentuar-se, ainda, que o Princípio 15 da Conferência das Nações Unidas – Rio 92 estabelece: Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. E, durante a Rio+5, foi aprovada a Carta da Terra[9] de 1997, cujo Princípio 2 orienta: Princípio 2: Importar-se com a Terra, protegendo e restaurando a diversidade, a integridade e a beleza dos ecossistemas do planeta. Onde há risco de dano irreversível ou sério ao meio ambiente, deve ser tomada uma ação de precaução para prevenir prejuízos. Segundo Paulo de Bessa Antunes[10] o princípio da precaução é: [...] aquele que determina que não se produzam intervenções no meio ambiente antes de ter a certeza de que estas não serão adversas para o meio ambiente. É evidente, entretanto, que a qualificação de uma intervenção como adversa está vinculada a um file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn9 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn10 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 14/30 juízo de valor sobre a qualidade da mesma e a uma análise de custo/benefício do resultado da intervenção projetada. E, para arrematar cite-se o pensamento de Maria Luiza Machado Granziera[11]: O princípio da precaução tende para a necessidade de maiores prospecções sobre a atividade, com vistas a assegurar, o quanto possível, que a mesma não causará danos, no futuro. E antes de uma resposta consistente sobre os riscos, não se autoriza a sua implantação. Existindo dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao homem e ao meio ambiente, a solução deve ser favorável ao ambiente e não ao lucro imediato – por mais atraente que seja para as gerações presentes. Quando se examinam os Princípios da Prevenção e da Precaução, torna-se necessário o enfrentamento da distinção entre perigo e risco. Aquele é uma condição da essência do ser. Este é uma probabilidade de ocorrerem acidentes. Por exemplo, voar é perigoso, contudo se a aeronave sofrer uma perfeita manutenção técnica, se os tripulantes estiverem bem treinados para o uso do equipamento, se os aeródromos forem dotados da infra-estrutura e de recursos humanos tecnicamente adequados, poder-se-á reduzir o risco de acidentes. Da mesma forma, o transporte de cargas perigosas pode implicar em graves contaminações ambientais. Portanto, o transporte rodoviário de produtos químicos é perigoso para o meio ambiente e para a comunidade. Entretanto, se a transportadora utilizar-se de um equipamento tecnicamente adequado, motorista treinado para o transporte de cargas perigosas e rotas adequadas, poder-se-á evitar o risco de acidentes. PRINCÍPIO POLUIDOR-PAGADOR file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn11 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 15/30 A Declaração do Rio – Conferência das Nações Unidas de 1972, no Princípio 16, estabelece: As autoridades nacionais devem procurar garantir a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, considerando o critério de que, em princípio, quem contamina deve arcar com os custos da descontaminação e com a observância dos interesses públicos, sem perturbar o comércio e os investimentos internacionais. O Princípio Poluidor-Pagador prima pela internalização e não pela socialização dos custos da degradação ambiental. Em geral toda atividade que explora recursos ambientais pode ocasionar impactos ao meio ambiente, assim esse Princípio prevê que o infrator arque com os custos de sua atividade, absorvendo as chamadas externalidades negativas. Quando se fala em internalização das externalidades negativas, significa evitar que a coletividade suporte os prejuízos, enquanto o produtor somente perceba os lucros da atividade. Importante alertar que o fato dopoluidor pagar pelos danos ocasionados, não se trata de uma condição para poluir, ou seja “pago, então posso poluir”. Não, o objetivo do pagamento é desestimular as condutas poluidoras. Veja-se na dicção de Antônio Herman V. Benjamin[12]: O princípio do poluidor-pagador não é um princípio de compensação dos danos causados pela poluição. Seu alcance é mais amplo, incluídos todos os custos da proteção ambiental, quaisquer que eles sejam, abarcando, a nosso ver, os custos de prevenção, de reparação e de repressão do dano ambiental. Ensina Maria Luiza Machado Granziera[13] que: [...] o fundamento do princípio “usuário-pagador” é de que os recursos ambientais existem para o benefício file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn12 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn13 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 16/30 de todos. Assim, todos os usuários sujeitam-se à aplicação dos instrumentos econômicos estabelecidos para regular seu uso, para o bem comum da população. Seria o pagamento pelo uso privativo de bem público, em detrimento dos demais interesses. Ensina Édis Milaré[14] sobre o Principio Poluidor-Pagador: Assenta-se este princípio na vocação redistributiva do Direito Ambiental e se inspira na teoria econômica de que os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo (v.g., o custo resultante dos danos ambientais) devem ser internalizados, vale dizer, que os agentes econômicos devem levá-los em conta ao elaborar os custos de produção e, conseqüentemente, assumi-los [...]. A Constituição Federal, no § 3º do art. 225 contempla a responsabilização dos poluidores sob o plano da responsabilidade administrativa, penal e civil. É o que se depreende da expressão “independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, a qual reflete a responsabilização civil dos poluidores. Art. 225 [...] [...] § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. O art. 4º da Lei n.º 6.938, de 31.08.81, estabelece os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente. Veja-se bem: Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará: file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn14 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 17/30 VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. E o § 1º, do art. 14 da Lei 6.938, de 31.08.81 contempla a responsabilidade objetiva pelos danos ambientais, isto é, prescinde do elemento subjetivo. Dessa forma ao responsabilizar o poluidor não haverá a investigação dos aspectos subjetivos que levaram o agente poluidor a causar a degradação ambiental. Não, a responsabilidade é aferida pelo princípio da responsabilidade objetiva, ou seja, causou o dano responde. Art. 14 [...] § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. Saliente-se que o escopo do Princípio Poluidor-Pagador é impor as pessoas físicas ou jurídicas, jurídicas públicas ou privadas, uma sanção. Esta objetiva prevenir novas agressões, inibindo comportamentos atentatórios ao meio ambiente. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO E DA COOPERAÇÃO Todos devem atuar na defesa do meio ambiente. Não há só direitos ao ambiente sadio e equilibrado. Também há obrigações do povo em tutelar o meio ambiente. Basta verificar no caput do art. 225 da Constituição Federal. 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 18/30 Há diversas formas de garantir-se a participação da sociedade na tutela do meio ambiente, seja através da representação que os cidadãos levam aos órgãos ambientais, seja através das representações encaminhadas ao Ministério Público, seja através da judicialização das questões de natureza ambiental, ou, até mesmo, através da participação ativa da comunidade nas audiências públicas ambientais. Contudo, para que se possam assegurar a participação de todos os cidadãos, das entidades representativas da sociedade e, especialmente, das ONG ambientalistas na tomada das decisões ambientais há necessidade da divulgação das informações. Portanto, somente se legitimará a participação na medida em que os cidadãos forem devidamente informados sobre as matérias ambientais. A título ilustrativo cita-se uma representação do Presidente da Subsecção da OAB de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, na Curadoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual de São Paulo, contra a TRANSPETRO S/A, empresa do Grupo da PETROBRAS S/A, em decorrência de crimes ambientais ocorridos em APP (Área de Preservação Permanente). O presidente da Subsecção da OAB, alerta que houve o desvio de corpo d’água e assoreamento de afluente do Rio Guaecá, fatos estes que provocaram quatro autuações com multas contra a mencionada Empresa, pela Polícia Ambiental. Pode-se evidenciar neste fato a participação ativa da OAB participando ativamente na defesa do meio ambiente. 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 19/30 Foto: Marine Photobank Outra forma de participação se dá nas relações internacionais quando ocorrem acidentes com petroleiros como foi o caso do Navio Exxon Valdez, no Alasca e o acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia. Registre-se, também, os gravíssimos eventos provocados pela natureza como a tragédia ocorrida na Indonésia - Província de Aceh, na extremidade norte da ilha de Sumatra, região mais seriamente atingida pelo tsunami que eclodiu no dia 26 de dezembro de 2004. 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 20/30 Foto: Carl Montgomery/Wikipedia Infográfico: Gavin Potenza (2010) Situação igualmente preocupante é a dos denominados refugiados ambientais. A ONU calcula que mais de 50 milhões de pessoas podem 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 21/30 ser obrigadas a abandonar suas casas nos próximos anos por causas ambientais como elevação do nível do mar, desertificação, inundações e degradação da terra. Os dados da Cruz Vermelha são extremamente contundentes, tendo em vista que os refugiados devido a desastres naturais somam mais do que os refugiados de guerra, produzindo grandes correntes de migração permanente. Segundo Édis Milaré[15], o Princípio da Participação reflete a participação do cidadão no equacionamento e implementação da política ambiental, com a participação de todas as categorias da população e das forças sociais para atingir o objetivo desse princípio, qual seja, a contribuição, proteção e melhoria do meio ambiente. A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade está expressa no inciso IX do art. 4º da Constituição Federal. Ora é sabido que o meio ambiente não tem fronteiras, havendo uma interdependência entre as nações em favor da tutela ambiental. Da mesma forma não se desconhece que os efeitos da degradação ambiental em uma determinada região poderão trazer funestas conseqüências em outras regiões. Esta é a razão pela qual é necessário incentivara formalização de acordos e convenções internacionais, disciplinando o uso do meio ambiente em prol da preservação ambiental e da melhoria da qualidade de vida planetária. Por derradeiro, deve-se lembrar o item 1.3 do Preâmbulo da Agenda 21:[16] A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la são cruciais as estratégias, os file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn15 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn16 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 22/30 planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e completar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e subregionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não- governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO Para se possa assegurar a participação da sociedade na tomada das decisões ambientais, há necessidade de informar a comunidade. Aliás, quanto maior for a sadia cumplicidade entre a comunidade envolvida, o empreendedor e o órgão ambiental, tanto maior será a legitimidade da decisão tomada. Entretanto, para que a sociedade possa participar, reitere-se, há necessidade dela ser competentemente informada. Segundo Paulo Affonso Leme Machado[17]: [...] a declaração do Rio de Janeiro/92, em uma das frases do princípio 10, afirma que, no nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades. O direito de saber, portanto, é um direito dos cidadãos e uma obrigação do poder público. Aliás, os atos da administração devem por força do art. 37 da Constituição Federal se revestir de publicidade. Trata-se da indispensável transparência dos atos administrativos. Somente através da divulgação dos atos administrativos é que a file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn17 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 23/30 sociedade poderá aquilatar a legalidade ou não e o seu grau de eficiência. Destarte, deverão os atos que envolvam matérias ambientais receber a mais ampla publicidade, sendo publicados em veículos de imprensa oficial e em jornais de grande circulação ou afixados em locais das repartições públicas destinados para este fim, salvo nas raríssimas hipóteses em que se admite o sigilo das informações. Contudo, vale lembrar que a regra é a publicidade e o sigilo é a exceção. Sempre que o direito a informação não for assegurado pelos órgãos ambientais poderá ser reclamado através do direito de petição (art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição Federal) e por certidões (art. 5º, XXXIV, “b” da Constituição Federal). Negado o direito a informação, poderá o administrado valer-se de medidas judiciais, através do mandado de segurança (art. 5º, LXIX da Constituição Federal) e o habeas data (art. 5º, LXXII da Constituição Federal). Para arrematar, é preciso lembrar que a Lei n.º 10.650, de 16.04 de 2003, a qual dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes em órgãos e entidades integrantes do SISNAMA[18], estabelece em seu art. 2º a obrigação dos órgãos ambientais de permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob a sua guarda. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A Constituição Federal agasalhou a educação ambiental no inciso VI, § 1º do art. 225. O poder público está obrigado a promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino. Veja-se bem: Art. 225 [...] § 1º [...] [...] file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn18 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 24/30 VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; Ademais, a o inciso X, do art. 2º da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), alinhada com a disposição constitucional exige não somente a educação a todos os níveis de ensino mas também a capacitação da comunidade para participação ativa na defesa do meio ambiente. Veja-se bem: Art. 2º [...] [...] X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Contudo, foi a Lei n.º 9.795, de 27.04.99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. No seu art. 2º dispõem: Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Todos reconhecem que a educação é um fator de cabal importância na proteção do meio ambiente. Ninguém valoriza aquilo que desconhece. Há indivíduos que não estão suficiente informados sobre a necessidade de se mudar determinadas práticas de desperdício, sob pena de, num futuro próximo, carecermos de recursos básicos para a sadia qualidade de vida. Não é incomum visualizarmos praticas de desperdício de energia e de água. Nesse cenário surge a educação ambiental como um dos mais importantes instrumentos de reversão de 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 25/30 condutas desajustadas e quiçá de prevenção de futuras carências das necessidades básicas (água, alimentos, energia e etc.). Há basicamente duas formas de promoverem-se a educação ambiental. A primeira é denominada de educação formal (arts. 9º ao 12 da Lei n.º 9.795/99), isto é, aquela que é ministrada da pré-escola ao pós-doutoramento. O educando e a instituição educacional mantém um vinculo, possibilitando inclusive a avaliação dos níveis de aprendizagem. A segunda, ou seja, a educação não-formal (art. 13 da Lei n.º 9.795/99) é aquela em que as ações e práticas educacionais estão voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Normalmente o educando não mantém qualquer vinculo com a instituição que promove a educação não-formal. Esta é ministrada, por exemplo, pelos meios de comunicação, através dos jornais, dos programas de rádio e televisão, tendo uma maior penetração no contexto social e atingindo um maior numero de pessoas. Aquela poderá ser ministrada, por exemplo, em uma escola de primeiro grau, onde as crianças terão noções básicas de ecologia. Forçoso é reconhecer-se, portanto, que não basta o Estado dispor de instrumentos para proteção do meio ambiente se o cidadão comum desconhece seus direitos. Há necessidade de informá-lo, dotá-lo do indispensável conhecimento para o enfrentamento das questões ambientais, especialmente para que ele possa ter uma participação ativa nas audiências públicas e nos pleitos a serem dirigidos ao poder público. É oportuno relembrar o acidente radiológico de Goiânia[19]. Claro que ele foi fruto da irresponsabilidade do poder público e da curiosidade das pessoas. Entretanto, se aquelas pessoas que se expuseram a radiação tivessem noção dos riscos a queestavam se submetendo jamais teriam aberto equipamentos médicos que continham produtos radioativos. É o desconhecimento, a falta da informação e da educação. file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn19 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 26/30 Outro exemplo são os agrotóxicos usados de forma inadequada por pessoas de baixa instrução e desinformados. Não é incomum, nas áreas rurais, a intoxicação dos agricultores resultante da exposição a agente químicos. Há situações em que os agricultores reutilizam embalagens de agrotóxicos para guardar gêneros alimentícios, manipulam substancias químicas agressivas sem equipamentos de proteção individual. Por tudo isso não é incomum a ocorrência de casos de crianças que nascem com anincefalia, teratogênese e etc. [1] A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi criada na Organização das Nações Unidas com o objetivo de propor novas medidas tendentes a combater a degradação ambiental e a melhoria das condições de vida das populações carentes. file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref1 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 27/30 [2] MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 51. [3] MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005, p. [4] FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, São Paulo: Saraiva, 2002. [5] Fundação Getúlio Vargas. Nosso Futuro Comum, São Paulo, 1991, p. 46. 2. UICN – União Mundial para Natureza, foi criada em 1948, constituindo a maior aliança internacional, integrada por diversas organizações e indivíduos, cujo objetivo é trabalhar para assegurar o uso eqüitativo e sustentável dos recursos naturais em benefício de todos os povos do mundo. E um organismo de caráter internacional cujas operações são descentralizadas e levadas a cabo por uma rede crescente de oficinas regionais e nacionais ao redor do globo. PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, foi estabelecido em 1972 e é a agência do Sistema ONU responsável por catalisar a ação internacional e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento sustentável. Seu mandato é prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações. O WWF-Brasil (Word Wide Fund for Nature – traduzido como Fundo Mundial para a Natureza) é uma organização não governamental internacional com uma extensão brasileira dedicada à conservação da natureza com o objetivo de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. Criada em 1996 e sediada em Brasília, a instituição desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, uma das maiores redes independentes de conservação da natureza, com atuação em file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref2 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref3 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref4 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref5 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 28/30 mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários. [7] MELO, Min. Celso de. STF, Tribunal Pleno, ADI-MC n.º 3540 / DF, Rel., j. em 01.09.05, DJ 03.02.06, p. 14. [8] GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006, p.51.p. 52. [9] A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma sociedade global no século XXI que seja justa, sustentável e pacífica. O documento procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e do mundo em geral. É uma expressão de esperança e um chamado a contribuir para acriação de uma sociedade global num contexto crítico na História. A visão ética inclusiva do documento reconhece que a proteção ambiental, os direitos humanos, o desenvolvimento humano eqüitativo e a paz são interdependentes e inseparáveis. Isto fornece uma nova base de pensamento sobre estes temas e a forma de abordá-los. O resultado é um conceito novo e mais amplo sobre o que constitui uma comunidade sustentável e o próprio desenvolvimento sustentável. Por que a carta da terra é importante? Em um momento no qual grandes mudanças na nossa maneira de pensar e viver são urgentemente necessárias, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um caminho melhor. Além disso, nos faz um chamado para procurarmos um terreno comum no meio da nossa diversidade e para que acolhamos uma nova visão ética compartilhada por uma quantidade crescente de pessoas em muitas nações e culturas ao redor do mundo. Qual é o histórico da carta da terra? Em 1987, a Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento fez um chamado para a criação de uma nova carta que estabelecesse os princípios fundamentais para o desenvolvimento sustentável. A redação da Carta da Terra fez parte dos assuntos não- concluídos da Cúpula da Terra no Rio em 1992 e, em 1994, Maurice Strong, Secretário Geral da Cúpula da Terra e Presidente do Conselho file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref7 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref8 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref9 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 29/30 da Terra e Mikhail Gorbachev, Presidente da Cruz Verde Internacional, lançaram uma nova Iniciativa da Carta da Terra com o apoio do Governo da Holanda. A Comissão da Carta da Terra foi formada em 1997 para supervisionar o projeto e estabeleceu-se a Secretaria da Carta da Terra no Conselho da Terra na Costa Rica. Como foi criada a carta da terra? A Carta da Terra é o resultado de uma série de debates interculturais sobre objetivos comuns e valores compartilhados, realizados em todo o mundo por mais de uma década. A redação da Carta da Terra foi feita através de um processo de consulta aberto e participativo jamais realizado em relação a um documento internacional. Milhares de pessoas e centenas de organizações de todas as regiões do mundo, diferentes culturas e diversos setores da sociedade participaram. [...] <http://www.reviverde.org.br/CARTAdaTERRA.pdf> [10] ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental, Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2002, p. 35. [11] GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das águas doces, São Paulo: Atlas, 2006, p. 53. [12] Antonio Herman V. Benjamin. O princípio do poluidor-pagador e a reparação do dano ambiental. In Dano Ambiental: Prevenção, reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p.227. [13] GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006, p 59. [14] MILARE, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 100. [15] MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.141. [16] A agenda 21seundo a Marina Silva, ex Ministra do Meio Ambiente: A Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomendações sobre como as nações devem agir para alterar seu http://www.reviverde.org.br/CARTAdaTERRA.pdf file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref10 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref11 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref12file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref13 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref14 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref15 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref16 26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 30/30 vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentáveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade. Disponível em: www.mma.gov.br [17] MACHADO, Paulo Affonso Lem. Direito Ambiental Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 2003, p. 76. [18] SISNAMA significa Sistema Nacional do Meio Ambiente e está previsto na Lei n.º 6.938/81. [19]A contaminação em Goiânia (ocorreu em 13.09.87), originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido do radioisótopo 137 do elemento químico césio. http://www.mma.gov.br/ file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref17 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref18 file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref19 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cloreto_de_c%C3%A9sio http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sio
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