Buscar

My arquivo Aula_02 Princípios de Direito Ambiental (1)

Prévia do material em texto

26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 1/30
Introdução
Segundo o Vocabulário Jurídico de Plácido e Silva[1]: “Princípios
jurídicos, sem dúvida, significam os pontos básicos, que servem de
ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o
alicerce do Direito.” 
Dessa forma, os princípios constituem a base de sustentação do
Direito. Eles dão sustentabilidade para as leis. São eles as pedras
basilares dos sistemas político-jurídicos dos Estados civilizados.
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn1
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 2/30
Para Celso Antônio Bandeira de Mello[2], princípio é o:
[...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia
sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e
servindo de critério para sua exata compreensão e
inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere
a tônica e lhe dá sentido harmônico.
Neste Capítulo serão analisados oito princípios. Cabe salientar que os
princípios aqui enfocados não constituem a totalidade dos princípios
enfrentados pelos autores. Aliás, não há uma unanimidade dos autores
ao elegerem os princípios do Direito Ambiental. Cada autor dá ênfase a
certos princípios ou, até mesmo, reúne mais de um princípio sob a
mesma nomenclatura. Dessa forma, esta análise limitar-se-á aos
princípios a seguir arrolados, os quais são reputados como de grande
importância no estudo e na compreensão do Direito Ambiental.
1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável
2. Princípio da Prevenção e da Precaução
3. Princípio do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador
4. Princípio da Participação e da Cooperação
5. Princípio da Informação
6. Princípio da Educação Ambiental
[1] Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. São Paulo: Forense, 1973, p.
1220.
[2] MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo, São Paulo: Malheiros, 1993, pp.451/452.
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn2
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref1
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref2
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 3/30
 
PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O Princípio do Desenvolvimento Sustentável pode ser resumido no
direito que os seres humanos possuem de poder desenvolver-se e
realizar suas potencialidades, sejam elas individuais ou coletivas,
assegurando às futuras gerações uma vida saudável e um ambiente
equilibrado.
Para tanto, é necessário rever o modelo de desenvolvimento,
erradicando o crescimento econômico a qualquer custo, isto é, aquele
que não valoriza a proteção do meio ambiente.
O núcleo da questão não reside em um modelo de desenvolvimento
que contemple ou não o crescimento econômico. O que importa é a
qualidade do crescimento.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento[1], ao
tratar do desenvolvimento sustentável, assim se manifesta:
[...] trata-se de um processo de transformação no qual
a exploração dos recursos, a direção dos
investimentos, a orientação do desenvolvimento
tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro, a fim de
atender às necessidades e aspirações humanas.
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/resources/cap2_6.mp4
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn1
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 4/30
Indiscutivelmente, para assegurar-se um desenvolvimento
ecologicamente sustentável há necessidade de inserir-se a questão da
proteção ambiental nas políticas públicas. Os administradores públicos
ao realizarem o planejamento de obras públicas, seus respectivos
projetos e sua execução, deverão contemplar a proteção ambiental. É
inadmissível que a questão da proteção ambiental seja desprezada ou
desvalorizada pelos agentes públicos. Relegá-la a um plano
secundário implicará no desrespeito ao Princípio da Sustentabilidade
Ambiental.
Com o escopo de consolidar-se a idéia de desenvolvimento
sustentável, veja-se o ensinamento dos doutrinadores, começando
pela visão de Édis Milaré[2]:
Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento
significa considerar os problemas ambientais dentro de
um processo contínuo de planejamento, atendendo-se
adequadamente às exigências de ambos e
observando-se as suas inter-relações particulares a
cada contexto sócio-cultural, político, econômico e
ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço. Em
outras palavras, isto implica dizer que a política
ambiental não deve erigir-se em obstáculo ao
desenvolvimento, mas sim em um de seus
instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos
recursos naturais, os quais constituem a sua base
material.
Veja-se, ainda, o enfoque que Paulo Affonso Leme Machado[3] dá ao
Desenvolvimento Sustentável:
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn2
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn3
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 5/30
A defesa do meio ambiente passa a fazer parte do
desenvolvimento nacional (arts. 170 e 3º. da CF).
Pretende-se um desenvolvimento ambiental, um
desenvolvimento econômico, um desenvolvimento
social. É preciso integrá-los no que se passou a
chamar de desenvolvimento sustentado.
Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo[4]:
[...] aspira-se uma coexistência harmônica entre
economia e meio ambiente, permitindo o
desenvolvimento, mas de forma sustentável,
planejada, para que os recursos hoje existentes não se
esgotem ou tornem inócuos. Tem por conteúdo a
manutenção das bases vitais da produção e
reprodução do homem e de suas atividades,
garantindo igualmente uma relação satisfatória entre
os homens e destes com o seu ambiente, para que as
futuras gerações também tenham oportunidade de
desfrutar os mesmos recursos que temos hoje a nossa
disposição.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, estabeleceu vários
princípios comuns que oferecem aos povos do mundo inspiração e
guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano. Destaca-se o
Princípio 5, o qual trata da sustentabilidade ambiental:
Os recursos não renováveis do Globo devem ser
explorados de tal modo que não haja risco de serem
exauridos e que as vantagens extraídas de sua
utilização sejam partilhadas a toda a humanidade.
Com base nesse Princípio 5 da Declaração de Estocolmo, é possível
concluir que a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico
devem coexistir, de modo que este não acarrete a anulação daquela.
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn4
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 6/30
Por tudo isso, é necessário reconhecer-se que a sustentabilidade
ambiental dá um novo contorno ao desenvolvimento econômico,
fazendo com ele tenha por base o atendimento das necessidades do
presente, sem comprometer as futuras gerações. O art. 225, da
Constituição Federal estabelece: 
 
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. 
 
Cabe gizar, outrossim, que a o princípio 1 da Declaração de Estocolmo
proclama que:
O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do
meio ambienteque o cerca, o qual lhe dá sustento
material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-
se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga
e tortuosa evolução da raça humana neste planeta
chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida
aceleração da ciência e da tecnologia, o homem
adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras
e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca.
Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural
e o artificial, são essenciais para o bem-estar do
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 7/30
homem e para o gozo dos direitos humanos
fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
A Constituição Federal ao tratar dos Direitos e Garantias
Fundamentais, estabelece nos incisos XXII e XXIII, do art. 5º a garantia
do direito de propriedade, porém condicionada a observância da
função social da propriedade. Veja-se bem:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Reforçando a regra da garantia constitucional da propriedade, saliente-
se que esta foi garantida, desde que ela atenda a sua função social.
Exemplifique-se: se o proprietário de uma área rural valer-se do cultivo
de plantas psicotrópicas ou do trabalho escravo, não estará atendendo
a função social da propriedade (inciso XXIII, do art. 5º da CF), situação
esta que poderá implicar na expropriação da propriedade. Da mesma
forma, se o proprietário rural desrespeitar as limitações administrativas
impostas pelo art. 2º do Código Florestal Federal (Lei n.º 4.771, de
15.09.65), estará indo de encontro à função social da propriedade, não
lhe podendo ser garantida a propriedade.
Da mesma forma, a Constituição Federal ao tratar dos Princípios
Gerais da Atividade Econômica, no Título VII Da Ordem Econômica e
Financeira (art. 170 e seu parágrafo único), disciplinam:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 8/30
ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de
pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.
(grifado)
Portanto o exercício de qualquer atividade econômica no Brasil é livre,
desde que sejam respeitados os princípios estampados nos incisos do
art. 170 da Constituição Federal. Entre eles, destaca-se a defesa do
meio ambiente (inciso VI, do art. 170).
Agregue-se, também, que o parágrafo único do art. 170 da
Constituição Federal estabelece que o livre exercício de qualquer
atividade econômica independe de autorização de órgãos públicos,
salvo nos casos previstos em lei. Ora, em matéria de proteção
ambiental há uma série de limitações fixadas em leis. Conforme será
examinado oportunamente, ao abordar-se o licenciamento ambiental,
poder-se-á evidenciar que a maioria das atividades e dos
empreendimentos no Brasil estão condicionados a autorizações dos
órgãos ambientais. Veja-se, portanto, que o mencionado dispositivo
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 9/30
constitucional cria uma exceção, condicionando-a aos casos previstos
em lei. Veja-se bem:
Art. 170 [...]
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre
exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorizaçãode órgão públicos,
salvo nos casos previstos em lei.
(grifado)
Rompendo com uma tradição privatista brasileira de aproximadamente
86 anos, o novel Código Civil Brasileiro (Lei n.º 10.406, de 10.01.02),
condiciona o exercício do direito de propriedade em consonância com
as suas finalidades econômicas e sociais, preservando o meio
ambiente. Veja-se bem:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar,
gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em
consonância com as suas finalidades econômicas e
sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas.
Diante do exposto, pode-se concluir a analise do Princípio do
Desenvolvimento Sustentável citando o documento da Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, intitulado “Nosso
Futuro Comum”[5] em que o Desenvolvimento Sustentável é “[...]
aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn5
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 10/30
possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias
necessidades.”
E, finalmente, no documento editado por várias instituições[6], entre
elas a UICN, PNUMA e WWF, intitulado “Cuidando do Planeta Terra:
uma estratégia para o futuro da vida”, o Desenvolvimento Sustentável
é definido como aquele que busca “melhorar a qualidade de vida
humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos
ecossistemas”.
Por derradeiro e para arrematar a análise deste Princípio, apresentar-
se-á um excerto extraído do voto do Ministro Celso de Mello[7], do
Supremo Tribunal Federal:
O princípio do desenvolvimento sustentável, além de
impregnado de caráter eminentemente constitucional,
encontra suporte legitimador em compromissos
internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e
representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre
as exigências da economia e as da ecologia,
subordinada, no entanto, a invocação desse postulado,
quando ocorrente situação de conflito entre valores
constitucionais relevantes, a uma condição inafastável,
cuja observância não comprometa nem esvazie o
conteúdo essencial de um dos mais significativos
direitos fundamentais: o direito à preservação do meio
ambiente, que traduz bem de uso comum da
generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor
das presentes e futuras gerações.
PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO
Objetivando alcançar um melhor procedimento cognitivo, proceder-se-á
na análise dos Princípios da Prevenção e da Precaução
separadamente, embora alguns autores tratem de forma aglutinada os
citados Princípios.
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn6
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn7
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 11/30
Prevenção é o ato ou efeito de prevenir. Prevenir significa antecipar,
chegar antes, evitar, dispor de modo que se evite o dano ou o mal. O
dano poderá ser detectado antecipadamente. De outra banda, a
precaução é uma cautela antecipada. Há uma dupla fonte de incerteza:
o perigo ele mesmo considerado e a ausência de conhecimentos
científicos sobre o perigo.
Princípio da Prevenção
O escopo do Direito Ambiental é preventivo, pois toda a ação deve
estar voltada para a não consumação do dano ambiental. Vale aqui
relembrar o brocardo popular: mais vale prevenir do que remediar. É
sabido quea reparação do dano nem sempre se viabiliza
integralmente e, na maioria das vezes, é muito onerosa. Insista-se:
corrigir o dano é mais oneroso e nem sempre possível. Imagine-se a
destruição de uma espécie animal rara ou a destruição de um
manguezal. A sociedade poderá ficar privada de um determinado bem
ambiental por muitos anos ou até mesmo jamais recuperá-lo. As
árvores centenárias existentes em uma determinada gleba de terras
que forem abatidas para construção de um empreendimento imobiliário
poderá implicar na aplicação de penalidades ao degradador ambiental,
entre elas a obrigação de replantar centenas de novas árvores para
tentar compensar o dano ambiental causado. Contudo, o certo é que a
sociedade ficará privada por muitos anos daquelas espécies até que
as novas árvores possam atingir a idade adulta. Esses exemplos
demonstram que nem sempre é possível a repristinização, isto é, o
retorno ao estado anterior. Aliás, esta situação é muito comum quando
ocorre a contaminação ambiental por substâncias químicas, cujos
efeitos nocivos causam lesões irreversíveis aos trabalhadores ou a
comunidade.
A necessidade imperiosa de evitar a consumação de danos ao meio
ambiente tem merecido a atenção das convenções, declarações, leis e
das sentenças dos tribunais. É o caso da o Tratado de Maastricht
sobre a União Européia, da Convenção de Basiléia sobre o Controle
de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 12/30
Depósito, de 1989; da Convenção da Diversidade Biológica; e do
Acordo-Quadro sobre o Meio Ambiente do MERCOSUL.
Para Maria Luiza Machado Granziera[8]:
[...] o reflexo mais evidente do Princípio da Prevenção,
no campo normativo brasileiro, é o Estudo Prévio de
Impacto Ambiental. O EPIA foi fixado na Lei n.º
6.938/81, como um dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente e posteriormente alçado à
categoria de norma constitucional, no art. 225, inciso
IV, que dispõe sobre “exigir, na forma da lei, para
instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio
ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a que
se dará publicidade.
 
Princípio da Precaução
No inicio desta unidade já se fez alusão ao Princípio da Precaução
como sendo uma cautela antecipada, onde se visualiza uma dupla
fonte de incerteza: o perigo ele mesmo considerado e a ausência de
conhecimentos científicos sobre o perigo.
Exemplificando, cabe lembrar a soja transgênica e o uso intensivo de
aparelhos celulares. Ora, a ciência ainda não foi capaz de comprovar
se eles poderão ou não trazer efeitos indesejados na saúde humana.
Como há suspeitas de que os produtos transgênicos e de que a ondas
emitidas pelos aparelhos celulares poderão interferir negativamente na
saúde humana, recomenda-se evitar o seu uso ou, até mesmo, o uso
moderado.
Portanto, havendo uma incerteza científica sobre os seus efeitos na
saúde e no ambiente, recomenda-se o não uso ou a redução do seu
uso. Trata-se, sem sobra de dúvida, de uma medida de cautela, pois o
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn8
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 13/30
atual desconhecimento sobre os seus efeitos poderá, num futuro
próximo, quando os estudos científicos forem conclusivos, demonstrar
os seus efeitos malefícios para saúde humana. Nesse passo, deve-se
reconhecer como o núcleo da precaução a incerteza dos seus efeitos.
Abster-se do consumo de um alimento, do uso de um equipamento ou
da construção de uma obra cujos efeitos sobre o ambiente e a saúde
humana sejam desconhecidos.
Insta acentuar-se, ainda, que o Princípio 15 da Conferência das
Nações Unidas – Rio 92 estabelece:
Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o
princípio da precaução deverá ser amplamente
observado pelos Estados, de acordo com suas
capacidades. Quando houver ameaça de danos graves
ou irreversíveis, a ausência de certeza científica
absoluta não será utilizada como razão para o
adiamento de medidas economicamente viáveis para
prevenir a degradação ambiental.
E, durante a Rio+5, foi aprovada a Carta da Terra[9] de 1997, cujo 
Princípio 2 orienta:
Princípio 2: Importar-se com a Terra, protegendo e
restaurando a diversidade, a integridade e a beleza
dos ecossistemas do planeta. Onde há risco de dano
irreversível ou sério ao meio ambiente, deve ser
tomada uma ação de precaução para prevenir
prejuízos.
Segundo Paulo de Bessa Antunes[10] o princípio da precaução é:
[...] aquele que determina que não se produzam
intervenções no meio ambiente antes de ter a certeza
de que estas não serão adversas para o meio
ambiente. É evidente, entretanto, que a qualificação de
uma intervenção como adversa está vinculada a um
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn9
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn10
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 14/30
juízo de valor sobre a qualidade da mesma e a uma
análise de custo/benefício do resultado da intervenção
projetada.
E, para arrematar cite-se o pensamento de Maria Luiza Machado
Granziera[11]:
O princípio da precaução tende para a necessidade de
maiores prospecções sobre a atividade, com vistas a
assegurar, o quanto possível, que a mesma não
causará danos, no futuro. E antes de uma resposta
consistente sobre os riscos, não se autoriza a sua
implantação. Existindo dúvida sobre a possibilidade
futura de dano ao homem e ao meio ambiente, a
solução deve ser favorável ao ambiente e não ao lucro
imediato – por mais atraente que seja para as
gerações presentes.
Quando se examinam os Princípios da Prevenção e da Precaução,
torna-se necessário o enfrentamento da distinção entre perigo e risco.
Aquele é uma condição da essência do ser. Este é uma probabilidade
de ocorrerem acidentes. Por exemplo, voar é perigoso, contudo se a
aeronave sofrer uma perfeita manutenção técnica, se os tripulantes
estiverem bem treinados para o uso do equipamento, se os
aeródromos forem dotados da infra-estrutura e de recursos humanos
tecnicamente adequados, poder-se-á reduzir o risco de acidentes. Da
mesma forma, o transporte de cargas perigosas pode implicar em
graves contaminações ambientais. Portanto, o transporte rodoviário de
produtos químicos é perigoso para o meio ambiente e para a
comunidade. Entretanto, se a transportadora utilizar-se de um
equipamento tecnicamente adequado, motorista treinado para o
transporte de cargas perigosas e rotas adequadas, poder-se-á evitar o
risco de acidentes.
PRINCÍPIO POLUIDOR-PAGADOR
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn11
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 15/30
A Declaração do Rio – Conferência das Nações Unidas de 1972, no
Princípio 16, estabelece:
As autoridades nacionais devem procurar garantir a internalização dos
custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, considerando
o critério de que, em princípio, quem contamina deve arcar com os
custos da descontaminação e com a observância dos interesses
públicos, sem perturbar o comércio e os investimentos internacionais.
O Princípio Poluidor-Pagador prima pela internalização e não pela
socialização dos custos da degradação ambiental. Em geral toda
atividade que explora recursos ambientais pode ocasionar impactos ao
meio ambiente, assim esse Princípio prevê que o infrator arque com os
custos de sua atividade, absorvendo as chamadas externalidades
negativas.
Quando se fala em internalização das externalidades negativas,
significa evitar que a coletividade suporte os prejuízos, enquanto o
produtor somente perceba os lucros da atividade.
Importante alertar que o fato dopoluidor pagar pelos danos
ocasionados, não se trata de uma condição para poluir, ou seja “pago,
então posso poluir”. Não, o objetivo do pagamento é desestimular as
condutas poluidoras. Veja-se na dicção de Antônio Herman V.
Benjamin[12]:
O princípio do poluidor-pagador não é um princípio de
compensação dos danos causados pela poluição. Seu
alcance é mais amplo, incluídos todos os custos da
proteção ambiental, quaisquer que eles sejam,
abarcando, a nosso ver, os custos de prevenção, de
reparação e de repressão do dano ambiental.
Ensina Maria Luiza Machado Granziera[13] que:
[...] o fundamento do princípio “usuário-pagador” é de
que os recursos ambientais existem para o benefício
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn12
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn13
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 16/30
de todos. Assim, todos os usuários sujeitam-se à
aplicação dos instrumentos econômicos estabelecidos
para regular seu uso, para o bem comum da
população. Seria o pagamento pelo uso privativo de
bem público, em detrimento dos demais interesses.
 
Ensina Édis Milaré[14] sobre o Principio Poluidor-Pagador:
Assenta-se este princípio na vocação redistributiva do
Direito Ambiental e se inspira na teoria econômica de
que os custos sociais externos que acompanham o
processo produtivo (v.g., o custo resultante dos danos
ambientais) devem ser internalizados, vale dizer, que
os agentes econômicos devem levá-los em conta ao
elaborar os custos de produção e, conseqüentemente,
assumi-los [...].
A Constituição Federal, no § 3º do art. 225 contempla a
responsabilização dos poluidores sob o plano da responsabilidade
administrativa, penal e civil. É o que se depreende da expressão
“independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, a
qual reflete a responsabilização civil dos poluidores.
Art. 225 [...]
[...]
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
O art. 4º da Lei n.º 6.938, de 31.08.81, estabelece os objetivos da
Política Nacional do Meio Ambiente. Veja-se bem:
Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn14
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 17/30
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização
de recursos ambientais com fins econômicos.
E o § 1º, do art. 14 da Lei 6.938, de 31.08.81 contempla a
responsabilidade objetiva pelos danos ambientais, isto é, prescinde do
elemento subjetivo. Dessa forma ao responsabilizar o poluidor não
haverá a investigação dos aspectos subjetivos que levaram o agente
poluidor a causar a degradação ambiental. Não, a responsabilidade é
aferida pelo princípio da responsabilidade objetiva, ou seja, causou o
dano responde.
Art. 14 [...]
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente
da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados
ao meio ambiente.
Saliente-se que o escopo do Princípio Poluidor-Pagador é impor as
pessoas físicas ou jurídicas, jurídicas públicas ou privadas, uma
sanção. Esta objetiva prevenir novas agressões, inibindo
comportamentos atentatórios ao meio ambiente.
PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO E DA COOPERAÇÃO
Todos devem atuar na defesa do meio ambiente. Não há só direitos ao
ambiente sadio e equilibrado. Também há obrigações do povo em
tutelar o meio ambiente. Basta verificar no caput do art. 225 da
Constituição Federal.
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 18/30
Há diversas formas de garantir-se a participação da sociedade na
tutela do meio ambiente, seja através da representação que os
cidadãos levam aos órgãos ambientais, seja através das
representações encaminhadas ao Ministério Público, seja através da
judicialização das questões de natureza ambiental, ou, até mesmo,
através da participação ativa da comunidade nas audiências públicas
ambientais.
Contudo, para que se possam assegurar a participação de todos os
cidadãos, das entidades representativas da sociedade e,
especialmente, das ONG ambientalistas na tomada das decisões
ambientais há necessidade da divulgação das informações. Portanto,
somente se legitimará a participação na medida em que os cidadãos
forem devidamente informados sobre as matérias ambientais.
A título ilustrativo cita-se uma representação do Presidente da
Subsecção da OAB de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo,
na Curadoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual de São
Paulo, contra a TRANSPETRO S/A, empresa do Grupo da
PETROBRAS S/A, em decorrência de crimes ambientais ocorridos em
APP (Área de Preservação Permanente). O presidente da Subsecção
da OAB, alerta que houve o desvio de corpo d’água e assoreamento
de afluente do Rio Guaecá, fatos estes que provocaram quatro
autuações com multas contra a mencionada Empresa, pela Polícia
Ambiental. Pode-se evidenciar neste fato a participação ativa da OAB
participando ativamente na defesa do meio ambiente.
 
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 19/30
Foto: Marine Photobank 
Outra forma de participação se dá nas relações internacionais quando
ocorrem acidentes com petroleiros como foi o caso do Navio Exxon
Valdez, no Alasca e o acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia.
Registre-se, também, os gravíssimos eventos provocados pela
natureza como a tragédia ocorrida na Indonésia - Província de Aceh,
na extremidade norte da ilha de Sumatra, região mais seriamente
atingida pelo tsunami que eclodiu no dia 26 de dezembro de 2004.
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 20/30
Foto: Carl Montgomery/Wikipedia 
 
Infográfico: Gavin Potenza (2010) 
Situação igualmente preocupante é a dos denominados refugiados
ambientais. A ONU calcula que mais de 50 milhões de pessoas podem
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 21/30
ser obrigadas a abandonar suas casas nos próximos anos por causas
ambientais como elevação do nível do mar, desertificação, inundações
e degradação da terra. Os dados da Cruz Vermelha são extremamente
contundentes, tendo em vista que os refugiados devido a desastres
naturais somam mais do que os refugiados de guerra, produzindo
grandes correntes de migração permanente.
Segundo Édis Milaré[15], o Princípio da Participação reflete a
participação do cidadão no equacionamento e implementação da
política ambiental, com a participação de todas as categorias da
população e das forças sociais para atingir o objetivo desse princípio,
qual seja, a contribuição, proteção e melhoria do meio ambiente.
A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade está
expressa no inciso IX do art. 4º da Constituição Federal. Ora é sabido
que o meio ambiente não tem fronteiras, havendo uma
interdependência entre as nações em favor da tutela ambiental. Da
mesma forma não se desconhece que os efeitos da degradação
ambiental em uma determinada região poderão trazer funestas
conseqüências em outras regiões.
Esta é a razão pela qual é necessário incentivara formalização de
acordos e convenções internacionais, disciplinando o uso do meio
ambiente em prol da preservação ambiental e da melhoria da
qualidade de vida planetária.
Por derradeiro, deve-se lembrar o item 1.3 do Preâmbulo da Agenda
21:[16]
A Agenda 21 está voltada para os problemas
prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar
o mundo para os desafios do próximo século. Reflete
um consenso mundial e um compromisso político no
nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e
cooperação ambiental. O êxito de sua execução é
responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos.
Para concretizá-la são cruciais as estratégias, os
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn15
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn16
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 22/30
planos, as políticas e os processos nacionais. A
cooperação internacional deverá apoiar e completar
tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das
Nações Unidas tem um papel fundamental a
desempenhar. Outras organizações internacionais,
regionais e subregionais também são convidadas a
contribuir para tal esforço. A mais ampla participação
pública e o envolvimento ativo das organizações não-
governamentais e de outros grupos também devem ser
estimulados.
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
Para se possa assegurar a participação da sociedade na tomada das
decisões ambientais, há necessidade de informar a comunidade. Aliás,
quanto maior for a sadia cumplicidade entre a comunidade envolvida, o
empreendedor e o órgão ambiental, tanto maior será a legitimidade da
decisão tomada.
Entretanto, para que a sociedade possa participar, reitere-se, há
necessidade dela ser competentemente informada.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado[17]:
[...] a declaração do Rio de Janeiro/92, em uma das
frases do princípio 10, afirma que, no nível nacional,
cada indivíduo deve ter acesso adequado a
informações relativas ao meio ambiente de que
disponham as autoridades públicas, inclusive
informações sobre materiais e atividades perigosas em
suas comunidades.
O direito de saber, portanto, é um direito dos cidadãos e uma
obrigação do poder público. Aliás, os atos da administração devem por
força do art. 37 da Constituição Federal se revestir de publicidade.
Trata-se da indispensável transparência dos atos administrativos.
Somente através da divulgação dos atos administrativos é que a
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn17
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 23/30
sociedade poderá aquilatar a legalidade ou não e o seu grau de
eficiência.
Destarte, deverão os atos que envolvam matérias ambientais receber a
mais ampla publicidade, sendo publicados em veículos de imprensa
oficial e em jornais de grande circulação ou afixados em locais das
repartições públicas destinados para este fim, salvo nas raríssimas
hipóteses em que se admite o sigilo das informações. Contudo, vale
lembrar que a regra é a publicidade e o sigilo é a exceção.
Sempre que o direito a informação não for assegurado pelos órgãos
ambientais poderá ser reclamado através do direito de petição (art. 5º,
XXXIV, “a” da Constituição Federal) e por certidões (art. 5º, XXXIV, “b”
da Constituição Federal). Negado o direito a informação, poderá o
administrado valer-se de medidas judiciais, através do mandado de
segurança (art. 5º, LXIX da Constituição Federal) e o habeas data (art.
5º, LXXII da Constituição Federal).
Para arrematar, é preciso lembrar que a Lei n.º 10.650, de 16.04 de
2003, a qual dispõe sobre o acesso público aos dados e informações
existentes em órgãos e entidades integrantes do SISNAMA[18],
estabelece em seu art. 2º a obrigação dos órgãos ambientais de
permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos
administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as
informações ambientais que estejam sob a sua guarda.
PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Constituição Federal agasalhou a educação ambiental no inciso VI, §
1º do art. 225. O poder público está obrigado a promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino. Veja-se bem:
Art. 225 [...]
§ 1º [...]
[...]
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn18
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 24/30
VI - Promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
Ademais, a o inciso X, do art. 2º da Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei 6.938/81), alinhada com a disposição constitucional
exige não somente a educação a todos os níveis de ensino mas
também a capacitação da comunidade para participação ativa na
defesa do meio ambiente. Veja-se bem:
Art. 2º [...]
[...]
 X - educação ambiental a todos os níveis de ensino,
inclusive a educação da comunidade objetivando
capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.
Contudo, foi a Lei n.º 9.795, de 27.04.99 que instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental. No seu art. 2º dispõem:
Art. 2º A educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos
os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não-formal.
Todos reconhecem que a educação é um fator de cabal importância na
proteção do meio ambiente. Ninguém valoriza aquilo que desconhece.
Há indivíduos que não estão suficiente informados sobre a
necessidade de se mudar determinadas práticas de desperdício, sob
pena de, num futuro próximo, carecermos de recursos básicos para a
sadia qualidade de vida. Não é incomum visualizarmos praticas de
desperdício de energia e de água. Nesse cenário surge a educação
ambiental como um dos mais importantes instrumentos de reversão de
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 25/30
condutas desajustadas e quiçá de prevenção de futuras carências das
necessidades básicas (água, alimentos, energia e etc.).
Há basicamente duas formas de promoverem-se a educação
ambiental. A primeira é denominada de educação formal (arts. 9º ao
12 da Lei n.º 9.795/99), isto é, aquela que é ministrada da pré-escola
ao pós-doutoramento. O educando e a instituição educacional mantém
um vinculo, possibilitando inclusive a avaliação dos níveis de
aprendizagem. A segunda, ou seja, a educação não-formal (art. 13 da
Lei n.º 9.795/99) é aquela em que as ações e práticas educacionais
estão voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões
ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade
do meio ambiente. Normalmente o educando não mantém qualquer
vinculo com a instituição que promove a educação não-formal. Esta é
ministrada, por exemplo, pelos meios de comunicação, através dos
jornais, dos programas de rádio e televisão, tendo uma maior
penetração no contexto social e atingindo um maior numero de
pessoas. Aquela poderá ser ministrada, por exemplo, em uma escola
de primeiro grau, onde as crianças terão noções básicas de ecologia.
Forçoso é reconhecer-se, portanto, que não basta o Estado dispor de
instrumentos para proteção do meio ambiente se o cidadão comum
desconhece seus direitos. Há necessidade de informá-lo, dotá-lo do
indispensável conhecimento para o enfrentamento das questões
ambientais, especialmente para que ele possa ter uma participação
ativa nas audiências públicas e nos pleitos a serem dirigidos ao poder
público.
É oportuno relembrar o acidente radiológico de Goiânia[19]. Claro que
ele foi fruto da irresponsabilidade do poder público e da curiosidade
das pessoas. Entretanto, se aquelas pessoas que se expuseram a
radiação tivessem noção dos riscos a queestavam se submetendo
jamais teriam aberto equipamentos médicos que continham produtos
radioativos. É o desconhecimento, a falta da informação e da
educação.
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftn19
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 26/30
Outro exemplo são os agrotóxicos usados de forma inadequada por
pessoas de baixa instrução e desinformados. Não é incomum, nas
áreas rurais, a intoxicação dos agricultores resultante da exposição a
agente químicos. Há situações em que os agricultores reutilizam
embalagens de agrotóxicos para guardar gêneros alimentícios,
manipulam substancias químicas agressivas sem equipamentos de
proteção individual. Por tudo isso não é incomum a ocorrência de
casos de crianças que nascem com anincefalia, teratogênese e etc.
[1] A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi
criada na Organização das Nações Unidas com o objetivo de propor
novas medidas tendentes a combater a degradação ambiental e a
melhoria das condições de vida das populações carentes.
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref1
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 27/30
[2] MILARÉ, Édis.
Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 51.
[3] MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 2005, p.
[4] FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental
Brasileiro, São Paulo: Saraiva, 2002.
[5] Fundação Getúlio Vargas. Nosso Futuro Comum, São Paulo, 1991,
p. 46.
2. UICN – União Mundial para Natureza, foi criada em 1948,
constituindo a maior aliança internacional, integrada por diversas
organizações e indivíduos, cujo objetivo é trabalhar para assegurar o
uso eqüitativo e sustentável dos recursos naturais em benefício de
todos os povos do mundo. E um organismo de caráter internacional
cujas operações são descentralizadas e levadas a cabo por uma rede
crescente de oficinas regionais e nacionais ao redor do globo.
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, foi
estabelecido em 1972 e é a agência do Sistema ONU responsável por
catalisar a ação internacional e nacional para a proteção do meio
ambiente no contexto do desenvolvimento sustentável. Seu mandato é
prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao ambiente,
inspirando, informando e capacitando nações e povos a aumentar sua
qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.
O WWF-Brasil (Word Wide Fund for Nature – traduzido como Fundo
Mundial para a Natureza) é uma organização não governamental
internacional com uma extensão brasileira dedicada à conservação da
natureza com o objetivo de harmonizar a atividade humana com a
conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos
naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.
Criada em 1996 e sediada em Brasília, a instituição desenvolve
projetos em todo o país e integra a Rede WWF, uma das maiores
redes independentes de conservação da natureza, com atuação em
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref2
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref3
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref4
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref5
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 28/30
mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas,
incluindo associados e voluntários.
[7] MELO, Min. Celso de. STF, Tribunal Pleno, ADI-MC n.º 3540 / DF,
Rel., j. em 01.09.05, DJ 03.02.06, p. 14.
[8] GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina
jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006, p.51.p. 52.
[9] A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para
a construção de uma sociedade global no século XXI que seja justa,
sustentável e pacífica. O documento procura inspirar em todos os
povos um novo sentido de interdependência global e de
responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e
do mundo em geral. É uma expressão de esperança e um chamado a
contribuir para acriação de uma sociedade global num contexto crítico
na História. A visão ética inclusiva do documento reconhece que a
proteção ambiental, os direitos humanos, o desenvolvimento humano
eqüitativo e a paz são interdependentes e inseparáveis. Isto fornece
uma nova base de pensamento sobre estes temas e a forma de
abordá-los. O resultado é um conceito novo e mais amplo sobre o que
constitui uma comunidade sustentável e o próprio desenvolvimento
sustentável. Por que a carta da terra é importante? Em um momento
no qual grandes mudanças na nossa maneira de pensar e viver são
urgentemente necessárias, a Carta da Terra nos desafia a examinar
nossos valores e a escolher um caminho melhor. Além disso, nos faz
um chamado para procurarmos um terreno comum no meio da nossa
diversidade e para que acolhamos uma nova visão ética compartilhada
por uma quantidade crescente de pessoas em muitas nações e
culturas ao redor do mundo. Qual é o histórico da carta da terra? Em
1987, a Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento fez um chamado para a criação de uma nova carta
que estabelecesse os princípios fundamentais para o desenvolvimento
sustentável. A redação da Carta da Terra fez parte dos assuntos não-
concluídos da Cúpula da Terra no Rio em 1992 e, em 1994, Maurice
Strong, Secretário Geral da Cúpula da Terra e Presidente do Conselho
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref7
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref8
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref9
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 29/30
da Terra e Mikhail Gorbachev, Presidente da Cruz Verde Internacional,
lançaram uma nova Iniciativa da Carta da Terra com o apoio do
Governo da Holanda. A Comissão da Carta da Terra foi formada em
1997 para supervisionar o projeto e estabeleceu-se a Secretaria da
Carta da Terra no Conselho da Terra na Costa Rica. Como foi criada a
carta da terra? A Carta da Terra é o resultado de uma série de
debates interculturais sobre objetivos comuns e valores
compartilhados, realizados em todo o mundo por mais de uma década.
A redação da Carta da Terra foi feita através de um processo de
consulta aberto e participativo jamais realizado em relação a um
documento internacional. Milhares de pessoas e centenas de
organizações de todas as regiões do mundo, diferentes culturas e
diversos setores da sociedade participaram. [...]
<http://www.reviverde.org.br/CARTAdaTERRA.pdf>
[10] ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental, Rio de Janeiro:
Lúmen Juris, 2002, p. 35.
[11] GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina
jurídica das águas doces, São Paulo: Atlas, 2006, p. 53.
[12] Antonio Herman V. Benjamin. O princípio do poluidor-pagador e a
reparação do dano ambiental. In Dano Ambiental: Prevenção,
reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p.227.
[13] GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina
jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006, p 59.
[14] MILARE, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000, p. 100.
[15] MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004, p.141.
[16] A agenda 21seundo a Marina Silva, ex Ministra do Meio
Ambiente: A Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e
recomendações sobre como as nações devem agir para alterar seu
http://www.reviverde.org.br/CARTAdaTERRA.pdf
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref10
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref11
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref12file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref13
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref14
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref15
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref16
26/03/2019 02. Princípios de Direito Ambiental
file:///C:/Users/CARLOS~1/AppData/Local/Temp/Rar$EXa15348.2675/DIREITO_AMBIENTAL_506591/aula_2.html 30/30
vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentáveis e a
iniciarem seus programas de sustentabilidade.
Disponível em: www.mma.gov.br
[17] MACHADO, Paulo Affonso Lem. Direito Ambiental Brasileiro, São
Paulo: Malheiros, 2003, p. 76.
[18] SISNAMA significa Sistema Nacional do Meio Ambiente e está
previsto na Lei n.º 6.938/81.
[19]A contaminação em Goiânia (ocorreu em 13.09.87), originou-se de
uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido do
radioisótopo 137 do elemento químico césio.
http://www.mma.gov.br/
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref17
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref18
file:///E:/Ensino/EAD-DTO.AMB/Texto%20EAD-2014-2.doc#_ftnref19
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cloreto_de_c%C3%A9sio
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sio

Continue navegando