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06 - História da Educação

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História da Educação 
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Lista de Vídeos de História da Educação 
• Unidade de Estudo : A Educação Tradicionalista 
o Antiguidade Primeira Parte 
• Unidade de Estudo: A Educação Clássica - Grécia e Roma 
o Antiguidade Clássica 
o Antiguidade Roma 
• Unidade de Estudo: A educação na Idade Média 
o Cristianismo 
o Transição e Renascença 
Palavra do professor-autor 
Olá caros estudantes, 
Teremos a oportunidade de estudar as formas de educar desde a antiguidade até os dias 
atuais, com amplo destaque para as instituições, processos e costumes educativos. 
Sublinhamos, de um lado, o aspecto social da educação e, de outro, as descontinuidades 
e as rupturas dentro do processo histórico. 
Este material didático, uma síntese interpretativa da prática educativa ao longo do 
tempo, baseada em pesquisas originais, não deve servir apenas como instrumento de 
consulta e informação. Deve, fundamentalmente, estimular a reflexão e a consciência 
crítica sobre as formas de educar do passado e presente, permitindo a comparação e a 
percepção das permanências e mudanças. 
Conscientes dos propósitos de nossos estudos, convidamos para uma grande viagem 
pela história da educação, começando pelas civilizações do oriente próximo, na 
antiguidade, passando pela Grécia, Roma, até chegar aos dias atuais. 
Todos estão prontos? É hora, pois, de zarpar! 
Autor 
 
Antônio Vitorino Farias Filho, Possui graduação e bacharelado em História pela 
Universidade Federal Fluminense (2002), especialização em Teoria e Metodologia da 
História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sobral-Ceará,) e Mestrado em 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/antiguidade-primeira-parte
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/antiguidade-classica
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/antiguidade-roma
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/cristianismo
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/transicao-renascenca
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#autor
História e Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (2009). É doutor em História 
pela Universidade Federal de Pernambuco (2013). Atualmente é professor na Faculdade 
Princesa do Oeste, do Instituto Kairós (Ipu-Ce) e da rede estadual de ensino do Estado 
do Ceará. Ainda, é professor colaborador dos cursos de História do Instituto de 
Pesquisas Vale do Acaraú, Instituto de Formação e Educação Teológica e dos cursos de 
Pós-graduação em História ofertados pelas Faculdades INTA-Sobral. 
Ambientação 
A história da educação sofreu fortemente com as transformações econômicas, sociais e 
políticas de cada época. Tais transformações também influenciaram o cenário 
educacional brasileiro. Com resultado, a sociedade passou a ter certas necessidades no 
âmbito educacional, o que acabou por modificar o currículo. 
Visando esclarecer melhor sobre o currículo, indicamos a leitura do livro “Sociedade, 
educação e currículo no Brasil – dos jesuítas aos anos de 1980”. O livro traz um recorte 
sobre os currículos no Brasil, desde a educação jesuítica até a década de 80, falando das 
necessidades da sociedade que foram amparadas pelas políticas educacionais e se 
transformaram em normas a serem cumpridas pelas instituições escolares. 
Trocando ideias com os autores 
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores das obras indicadas. 
Propomos a leitura de algumas obras. 
História da Educação e da Pedagogia 
História da educação no Brasil 
Guia de Estudo 
Considerando as obras acima relacionadas faça uma reflexão sobre a educação, escolha 
uma delas e faça uma resenha. Desse modo você terá uma compreensão mais clara do 
desenvolvimento educacional brasileiro, podendo desenvolver competências para sua 
atuação profissional docente. 
(ARANHA, 2010) 
Caro estudante, convidamos você a ler o livro de Maria Lúcia de Arruda Aranha, 
História da Educação e da Pedagogia, o qual irá possibilitá-lo compreender as 
relações entre educação e seu desenvolvimento no Brasil. Trata-se de uma obra que 
auxilia na interpretação de fatos nos contextos histórico, educacional e pedagógico. 
Diante das dificuldades que são explícitas na educação, a autora reitera a esperança de 
que um mundo mais justo e menos violento depende de políticas voltadas para a 
democratização das oportunidades de acesso à escola e à cultura. 
http://books.google.com.br/books?id=9ZyCdrVMe30C&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed
http://books.google.com.br/books?id=9ZyCdrVMe30C&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/Bibliografia
(ROMANELLI, 2010) 
Sugerimos também a leitura da obra História da educação no Brasil, que faz um 
levantamento factual dos principais aspectos da educação brasileira, principalmente 
após 1930, e procura mostrar que a evolução do ensino brasileiro, tanto em relação à sua 
expansão quanto em seu modelo formal, respondeu a determinações de ordem 
econômica, social e política. 
Problematizando 
Ao focarmos na história da educação verificamos que esta vem passando por várias 
transformações, mas ainda falta muito para tornar-se adequada, haja vista nela 
implicarem fatores sociais, econômicos e políticos. 
Sabemos que o Brasil é um país detentor de muitas riquezas em se tratando de energia, 
alimentos, água potável, dentre outros recursos. Pensemos então: tendo o Brasil um 
enorme potencial e recursos suficientes, por que historicamente a nossa educação foi 
carente de investimentos? Suponhamos que você fosse o Ministro da Educação e tivesse 
poder de decisão, quais procedimentos tomariam para melhorá-la? Você acredita que o 
fato de a educação não ser considerada prioridade é intencional? Por quê? 
Após a leitura dos questionamentos, reflita e faça uma resenha crítica e comente com 
seus colegas. 
A Educação Tradicionalista 
1 
Conhecimentos 
• Compreender a prática educativa adotada entre os povos da Antiguidade oriental. 
Habilidades 
• Posicionar-se criticamente em relação às formas de educação adotadas pelos povos da 
Antiguidade oriental; 
• Identificar semelhanças e particularidades entre as práticas educativas adotadas pelas 
primeiras civilizações e suas relações com o contexto histórico. 
Atitudes 
• Ser capaz de analisar como a educação foi transformada em estratégia de dominação. 
Unidade 1 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#/Bibliografia
A Educação Tradicionalista 
A chamada Educação Tradicionalista corresponde à concepção de educação “elaborada” 
pelos povos da Antiguidade oriental, aqueles que antecederam os gregos e romanos do 
período clássico. Esses povos se desenvolveram num período marcado pelo crescimento 
da técnica e da especialização das funções, do incremento da agricultura, surgimento e 
desenvolvimento da pecuária e de excedentes comerciais. 
A sociedade tornou-se mais complexa em função de uma rígida divisão de classes e da 
religião organizada pelo Estado centralizador. As civilizações que se desenvolveram no 
norte da África e na Ásia (Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo Oriente) 
construíram as primeiras cidades com templos, palácios e monumentos, além de 
inventarem a escrita. 
O que há de semelhante entre todos esses povos, do ponto de vista daeducação, é o seu 
caráter estático, com mudanças muitos lentas. O seu forte componente religioso 
contribuiu decisivamente para isso. A educação exigiu a criação de escolas, mas estas 
não estavam abertas apenas a classe dominante. 
Cenário Histórico 
As primeiras civilizações 
O processo de hominização percorreu um longo período que vai desde o surgimento de 
nossos ancestrais até a chamada Revolução Neolítica, por volta de 10.000 a.C., 
momento que inaugura o domínio do homem sobre o meio ambiente. Colocando a 
natureza a seu serviço, o homem, através do trabalho, passou a produzir seus meios 
materiais de existência. O surgimento da economia produtora, que caracteriza o período, 
é chamado por Gordon Childe 1986) de Revolução Neolítica, cujas principais 
características foram o desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais. 
Além disso, o desenvolvimento da tecelagem e da cerâmica, juntamente com a 
agricultura e a pecuária, levou a uma nova divisão e especialização do trabalho que, por 
sua vez, deu origem a uma economia de troca, anunciando o aparecimento do comércio. 
Unidade 1 
A Revolução Neolítica levou à produção de excedentes alimentares, cujas 
consequências foram a normatização das condições de reprodução da vida humana e um 
significativo aumento demográfico. Ao lado disso, ocorreu também a transição do 
nomadismo para o sedentarismo, como consequência do desenvolvimento da 
agricultura. Data dessa época o surgimento de instituições como a família, a propriedade 
privada, as classes sociais e a religião. 
Por volta de 5.000 a.C., as transformações levaram ao surgimento de civilizações 
complexas nas regiões banhadas por rios. São os casos do Egito (rio Nilo), da 
Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates), da Índia (rios Indo e Ganges) e da China (rios 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-civilizacoes
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-hominizacao
Yangté e Hoang-Ho). Desta forma, as condições naturais favoreceram o aparecimento 
de civilizações agrícolas-sedentárias. 
A despeito das diferenças entre elas, todas desenvolveram Estados centralizados, 
assumindo a forma de governos teocráticos (cujo poder baseia-se na religião) e 
despóticos (o poder do governante sustentava-se na crença de sua origem divina). 
No que se refere à propriedade, as sociedades orientais se distinguiam tanto das 
comunidades tribais quanto das civilizações grega e romana, pois a terra não pertencia a 
todos, como nas tribos, nem a particulares, mas era propriedade estatal. 
O Estado, com seu corpo de funcionários, controlava a produção, arrecadava impostos, 
recrutava a mão de obra necessária à produção agrícola e às grandes construções como 
templos, palácios e monumentos. Com o crescimento do poder burocrático, centralizado 
e poderoso, crescia a importância de seus agentes (altos funcionários, sacerdotes e 
escribas, por exemplo). A essa minoria privilegiada, responsável pela administração 
“pública” e dos negócios, correspondia uma massa da população que se dedicava à 
produção, sustentava o Estado era formada por escravos, mercadores, artesãos, soldados 
e camponeses obrigados à servidão. 
Outros povos que formam as civilizações da Antiguidade oriental, como os hebreus, os 
persas e os fenícios, embora com suas especificidades próprias, assemelhavam-se em 
muitos pontos às “civilizações hidráulicas”, aquelas que se desenvolveram em torno dos 
rios e tinham na agricultura sua principal atividade econômica. 
 
Unidade 1 
Educação nas primeiras civilizações 
Vimos que, com as transformações a partir da chamada Revolução Neolítica, as 
sociedades humanas tornaram-se mais complexas. Houve uma divisão sexual do 
trabalho e as mulheres, confinadas ao lar, tornaram-se dependentes dos homens. Da 
mesma forma, os seguimentos sociais se especializaram entre governantes, sacerdotes, 
mercadores, produtores e escravos, estabelecendo-se uma hierarquia de riqueza e poder. 
Tais mudanças foram seguidas de uma transformação na educação. Esta deixou de ser 
“igualitária”, isto é, acessível a todos, como nas comunidades tribais. Alguns poucos 
grupos privilegiados tinham acesso à educação e aos cargos burocráticos. À grande 
maioria da população eram negados não apenas o acesso aos cargos, mas também, e 
principalmente, o saber e a educação “formal”. Teve início o dualismo escolar, que, 
segundo Maria Lúcia de A. Aranha(2006:45),“destinava um tipo de ensino para o povo 
e outro para os filhos dos nobres e altos funcionários”. Portanto, a grande massa que 
compunha a população era excluída da escola. 
Parece unânime entre os autores que estudam a educação numa perspectiva temporal 
defender que nas civilizações orientais não havia uma reflexão predominantemente 
pedagógica, restringindo-se a orientações de como educar, presentes nos escritos 
sagrados. 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-pedagogica
Estes ofereciam regras e modelos de conduta, seguindo valores religiosos e morais, com 
a finalidade, por um lado, de perpetuar os costumes e, portanto, as hierarquias de poder 
e sociais, e, por outro, evitar a transgressão das normas defendidas ou estabelecidas.O 
conhecimento da escrita era, por exemplo, bastante restrito em função de seu caráter 
sagrado e esotérico. 
Embora ao longo do tempo o número daqueles que procuravam a instrução tenha 
aumentado, apenas aqueles saídos da classe dominante chegavam aos graus superiores. 
 
Unidade 1 
Egito 
O rio Nilo foi o berço de uma das mais brilhantes civilizações do Oriente Antigo. Sob o 
governo teocrático dos faraós, o antigo Egito construiu sistemas de canais de irrigação, 
edificou templos, mumificou os mortos, desenvolveu a escrita hieroglífica, a 
astronomia, a medicina e a matemática, ainda que estas últimas tivessem um caráter 
prático. Desta forma, o desenvolvimento das ciências no Egito antigo estava 
relacionado, em grande parte, com a necessidade de aumentar o domínio da sociedade 
sobre a natureza. Devia solucionar problemas como o controle das inundações do rio 
Nilo, a construção de sistema hidráulico, a preparação da terra para a semeadura, o 
combate às doenças endêmicas e epidêmicas. 
As ciências que mais se desenvolveram foram a astronomia, a matemática e a medicina. 
As pesquisas no campo da astronomia procuravam estabelecer relações entre o 
movimento dos astros e o fluxo das águas do Nilo. Os egípcios desenvolveram um 
calendário solar que substituiu o calendário lunar, dividiram o ano em 365 dias e o dia 
em 24 horas. Na matemática, desenvolveram-se a aritmética e a geometria. 
O progresso desta última pode ser avaliado pela construção dos templos e pirâmides.Por 
fim, o estudo do corpo humano e o aperfeiçoamento das técnicas de mumificação 
impulsionaram o desenvolvimento da anatomia. 
O desenvolvimento da ciência e do conhecimento de um modo geral não eram 
acompanhados de uma reflexão teórica, nem de princípios ou leis científicas, algo que 
coube aos gregos. Estas atividades exigiam um esforço muito grande do Estado, o que 
explica, em parte, o fato do conhecimento estar restrito a poucos, como os sacerdotes, 
que submetiam os alunos a práticas de iniciação. 
As escolas, como demonstra Aranha (2006),eram frequentadas por pouco mais de vinte 
alunos cada uma. Embora já se perceba a institucionalização das escolas, elas não 
funcionavam em locais especializados, construídos com esta finalidade, mas em 
templos e em algumas casas. O professor sentava-se em uma esteira e ao redor dele 
ficavam os estudantes, geralmente ao ar livre. Os textos eram lidos em voz alta e em 
conjunto com o objetivo de que fossem memorizados. O ensino autoritário tinha por 
objetivo levar à obediência. Numa sociedade autocrática, a educação devia ensinar aos 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-autocratica
alunos o valor da obediência, da subordinação, haja vista a puniçãoter um papel 
pedagógico. 
A finalidade da educação, no entanto, não era apenas ensinar a obedecer. Era sua função 
também contribuir para que o estudante adquirisse a arte de falar bem e do 
convencimento, pelo menos para aqueles que faziam parte de conselhos ou deviam 
discursar para as multidões. Nesse sentido, os egípcios antecedem os sofistas, pelo 
menos, nestes dois pontos. 
Unidade 1 
A educação física não era negligenciada. Destinava-se aos nobres e guerreiros, 
centrando-se inicialmente na natação. Mais tarde, as atividades de tiro com arco, 
corrida, caça e pesca foram incorporadas ao ensino. 
Na educação dos escribas, enfatizava-se a arte de escrever bem, uma vez que eles eram 
os encarregados dos registros de atos oficiais e, em menor escala, dos registros 
comerciais. 
Além disso, a sua função era escrever, registrar dados numéricos, redigir leis, copiar e 
arquivar informações. No Egito eram funcionários reais e gozavam de condição 
privilegiada, sobretudo por volta do final do terceiro milênio a.C. e começo do segundo. 
Segundo Aranha (2006), o ensino formava não apenas funcionários que assumiriam 
postos na burocracia estatal, mas também preparava médicos, engenheiros e 
arquitetos.Havia ainda outro tipo de ensino voltado para os ofícios especializados, para 
formar artesãos e para o treinamento dos guerreiros, o que separava a escola nos seus 
objetivos “intelectuais” ou “práticos”. A despeito disso, a grande maioria da população 
estava excluída da escola “formal”. 
Mesopotâmia 
A estreita faixa de terra entre os rios Tigre e Eufrates foi chamada pelos gregos, na 
Antiguidade, de Mesopotâmia. A partir da segunda metade do quarto milênio a.C., a 
região foi invadida por diversos povos, entre os principais estão os sumérios, acádios, 
babilônios, assírios e caldeus. 
A cultura dos sumérios (religião, arte, leis e literatura) serviu de base para o 
desenvolvimento da civilização mesopotâmica e permaneceu por milênios com 
pequenas alterações. 
À semelhança do Egito antigo, desenvolveu-se ali uma civilização baseada na 
agricultura e no regadio. Essa atividade estava apoiada numa vasta rede de canais e 
aquedutos, utilizados para sanear os pântanos, fertilizar a terra e controlar a distribuição 
da água. 
Uma economia agrícola, apoiada num complexo sistema de drenagem e irrigação, 
serviu de base para o surgimento de uma sociedade de castas, extremamente 
hierarquizada, portanto, que se organizou em impérios teocráticos e desenvolveu uma 
brilhante cultura. A escrita cuneiforme, os templos e os palácios, o Código de Hamurabi 
e os Jardins Suspensos da Babilônia são exemplos das realizações dos povos 
mesopotâmicos. 
Como no Egito, as ciências eram dominadas pela religião. Muito tênue era a fronteira 
que separava a medicina da magia, a matemática da cabala e a astronomia da astrologia. 
A matemática foi desenvolvida pelos caldeus nos campos da álgebra e da geometria. 
A astronomia foi a ciência que alcançou maior progresso; praticada pelos sacerdotes, 
estes utilizavam as torres dos templos como observatórios. Em suas pesquisas chegaram 
a prever eclipses e estabelecer o movimento dos astros. 
Unidade 1 
No segundo milênio a.C., Hamurabi, rei do Primeiro Império Babilônico, foi o 
responsável pelo primeiro código de leis escrito na história do Oriente Antigo, 
considerado o maior legado mesopotâmico no plano das leis. Legislava sobre questões 
penais, direito de propriedade,relações familiares, religião e comércio. Segundo a 
tradição, considerava-se que as leis resultavam da autoridade divina e, como tal, não 
podiam ser transgredidas, o que supunha castigos severos. 
Dispondo de amplos conhecimentos, os mesopotâmios construíram bibliotecas e no 
campo da ciência tiveram progressos significativos. No entanto, como vimos, estes 
saberes não conseguiram se desvincular do misticismo. Para os estudiosos, por 
exemplo, as doenças seriam causadas por demônios e a posição dos astros revelava a 
vontade dos deuses. 
Quanto à educação, não dispomos de grandes informações. Sabe-se, no entanto, que 
predominava uma educação doméstica em que os conhecimentos, crenças e habilidades 
eram transmitidos de pai para filho. Com os assírios (1300-612 a.C.), os quais formam 
um imenso império que se estendeu para toda a Mesopotâmia e extrapolou os seus 
limites geográficos, foram criadas escolas públicas objetivando impor os valores dos 
conquistadores. 
Mais tarde, fundaram-se instâncias de educação superior (centro de estudos de história 
natural, astronomia e matemática) criadas nos palácios reais. Os assírios ergueram ricas 
bibliotecas no interior dos templos. 
A cultura dominante era formada por uma poderosa classe sacerdotal, detentora do 
saber e encarregada da educação. A escola formava os escribas, encarregados de ler e 
copiar os textos religiosos e, ainda, registrara transações comerciais. O aprendizado era 
longo, minucioso e voltado para a preservação da cultura. 
Índia 
Por volta do terceiro milênio a.C., começou a desenvolver-se, às margens dos rios Indo 
e Ganges, a civilização indiana. No decorrer do segundo milênio a.C., de forma lenta, 
com imigrações e invasões, o sul da Índia registra a chegada de povos seminômades 
indo-europeus, chamados de ário ou arianos. 
Ariano é a forma genérica pela qual são chamadas as pessoas de pele clara originárias 
de algumas das cerca de cinquenta tribos nômades que habitavam a região do Cáucaso – 
área que abrange parte dos territórios atuais de Rússia, Geórgia, Azerbaijão e 
Arménia.Dominando a escrita, os ários descreveram sangrentos conflitos por meio dos 
quais teriam se instalado no vale do rio Indo. Estes textos, que foram escritos em 
sânscrito, são conhecidos como vedas, que significa “conhecimento”. Por isso, a 
civilização que surge nesse momento é chamada de védica. Mais tarde, avançaram em 
direção ao vale do Ganges. 
Unidade 1 
A civilização védica está na base histórica da Índia como a conhecemos. Sua cultura foi 
compilada pelos diversos reinos que se formaram na região.Caracteriza-se pela religião 
– o hinduísmo e, posteriormente, o bramanismo – e pela forma de organização social – 
o sistema de castas. 
O hinduísmo fundamentava-se nas crenças descritas nos Vedas, com a adoração de 
várias divindades, e mesmo animais, e a crença na reencarnação. Seus seguidores 
tinham como objetivo principal a plena purificação (o chamado nirvana), que poria fim 
ao eterno ciclo do nascimento, a morte e a reencarnação. Com o passar do tempo, o 
hinduísmo sofreu transformações, incorporou novas divindades, dando origem a uma 
religião mais complexa, conhecida como bramanismo. Entre as principais divindades do 
bramanismo estão Brahma, criador do universo, Vishnu, deus da conservação e Shiva, 
deus da destruição. 
O domínio dos guerreiros (xátrias) e dos sacerdotes (brâmanes) sobre os demais grupos 
sociais indianos fundamenta o sistema de castas. Castas são grupos sociais fechados, 
compostos de pessoas que exercem a mesma posição. Nesse sistema não se pode passar 
de uma casta a outra. As mais importantes castas eram formadas pelos árias. Os 
sacerdotes ficavam no topo da hierarquia social, na casta dos bramares. 
Em seguida, estavam os xátrias (nobres, guerreiros e administradores), os vaixás, ou 
comerciantes, e os sudras, artesãos e trabalhadores manuais não arianos. Na base da 
hierarquia social estavam os párias, pessoas excluídas da sociedade, sem direito à 
instrução, ouvir os hinos védicos e viver nas cidades. 
Nessa sociedade a educação era privilégio das castas superiores, embora não fossem 
comuns as escolas. Geralmente os pais eram responsáveis pela educação dos filhos, 
como base nos textos Vedas, livro sagrado compostos por hinos e preces. 
Havia nesta sociedade hierarquizada,portanto, uma extrema discriminação. A educação, 
também discriminatória, privilegiava os brâmanes. Com a orientação dos professores, 
eram estudadosos textos sagrados dos Vedas e dos Upanishards; estes, textos mais 
recentes, datam do período entre 1500 e 500 a.C. 
As aulas ocorriam, geralmente, ao ar livre, sob árvores e dependiam da iniciativa 
privada. O mestre era muito respeitado e havia uma disciplina, mas que não abusava dos 
castigos. Predominava o ensino religioso com destaque para os preceitos morais. O 
aprendizado caracterizava-se pela memorização. Por isso, não havia grande interesse 
pela educação física. Inicialmente apenas os brâmanes atingiam os estudos superiores. 
Unidade 1 
Nestes, estudavam não apenas a religião, mas também gramática, literatura, astronomia, 
matemática, filosofia, 
direito e medicina. Com o tempo, outros grupos sociais passaram a ter acesso a esse tipo 
superior de educação, enquanto outros seguimentos apenas recebiam educação 
elementar, da qual estavam excluídos os sudras e os párias. 
China 
Por volta de 7000 a.C., surgiram as primeiras aldeias às margens dos rios na região que 
hoje forma a China. Foi no vale do rio Huang Ho (rio Amarelo), no norte da China, que 
a agricultura mais se desenvolveu, o que levou à formação de muitas comunidades. 
Com o passar do tempo, esses povoados se transformaram em pequenos Estados 
governados por chefes cujo poder era transmitido por meio de laços familiares. Estes 
pequenos Estados foram unificados formando um império, governado por várias 
dinastias. Após certo período, o império se expandiupor extensas áreas, tornando a 
sociedade e as relações econômicas e políticas mais complexas. 
Durante os sete séculos governados pela dinastia Shang, que reinou até o século XI a.C., 
a China viveu uma era de florescimento cultural, com a criação de uma escrita primitiva 
(Yinxu), que originou a atual escrita chinesa, feita com ideogramas, símbolos gráficos 
ou desenhos que representam ideias, sentimentos ou conceitos. 
Ainda durante a dinastia Shang, foi desenvolvido um calendário com 365 dias, o uso de 
conchas como dinheiro, a criação de instrumentos musicais, como tambores e sinos, e o 
descobrimento da técnica de fabricar tecidos de seda com base nos casulos do bicho-da-
seda. Durante esse período, os chineses acreditavam em vários deuses, consultavam 
oráculos e realizavam sacrifícios de humanos e animais em nome dos deuses. 
Com o fim da dinastia Shang, segue-se uma disputa pelo poder, dando início a um 
período de lutas que acabou levando a uma crise estrutural da sociedade. Essa crise 
provocou reflexões a respeito do papel do Estado, das leis e dos governantes. Da mesma 
forma, estimulou o nascimento de teorias filosóficas, como o taoísmo e o 
confucionismo. 
Unidade 1 
Esta última, ainda hoje influente na China, foi elaborada por Koung Fou Tseu (551-479 
a.C.), conhecido no ocidente como Confúcio, que se dedicou a pensar como o Estado, 
os governantes e os indivíduos poderiam viver em uma sociedade harmônica e feliz. O 
confucionismo sustenta os princípios de altruísmo, cortesia ritual, conhecimento ou 
sabedoria moral, integridade, fidelidade e justiça, retidão e honradez. 
O taoísmo, por sua vez, foi fundado por LaoTsé (cerca de 570-490 a.C.). Defendia o 
abandono das vaidades do mundo, o retiro da vida pública e a dedicação à meditação 
solitária, que seria o caminho (tao) para uma integração íntima com o universo. 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-taoismo
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-confucionismo
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-altruismo
Uma característica marcante da sociedade e da cultura chinesas é o tradicionalismo. Isso 
acabou refletindo na educação que reproduziu esse conservadorismo era voltada para a 
transmissão da sabedoria contida nos livros clássicos. 
Talvez o livro canônico, ou clássico, mais antigo seja o I Ching (Livro das mutações), 
cuja origem não é possível datar. Trata-se de um tipo de oráculo que até hoje é 
consultado pelos orientais. LaoTsé e Confúcio, que viveram no século VI a.C., 
buscaram inspiração nesse livro. 
Ao contrário de outras sociedades, cujo saber estava nas mãos da classe sacerdotal, na 
China o poder estava com os letrados, os mandarins, altos funcionários e responsáveis 
pela burocracia do Estado, da confiança do imperador. 
Havia um rigoroso sistema de seleção para o ensino superior, baseado em exames 
oficiais direcionados às diversas atividades administrativas. Os cursos restringiam-se à 
classe dominante, enquanto as oficinas eram reservadas para os artesãos e camponeses. 
De acordo com Aranha (2006),a educação elementar tinha por objetivo o ensino do 
cálculo e a alfabetização. Devido à complexidade da escrita chinesa, esse processo era 
difícil e demorado. A formação moral baseava-se na transmissão dos valores dos 
ancestrais. O ensino era caracterizado por ser rigoroso e dogmático, com ênfase na 
memorização. 
Hebreus 
No início do segundo milênio a.C., os hebreus estavam estabelecidos nas imediações da 
cidade de Ur, na Mesopotâmia. Vivendo do pastoreio, organizavam-se em clãs ou 
tribos, grupos familiares dirigidos pelos homens mais idosos, a quem chamavam 
patriarcas. 
Unidade 1 
Segundo a primeira parte da Bíblia, coube a Abraão, primeiro dos patriarcas, 
obedecendo a uma ordem divina, partir com o seu povo em direção à Terra Prometida, 
chamada depois de Canaã ou Palestina. 
Mais tarde, pressionados pela escassez de alimentos, deixaram a Palestina e migraram 
para o Egito, onde depois de viverem bem, foram escravizados. Tempos depois, 
conduzidos por um novo chefe, Moisés, eles fugiram do vale do Nilo e retornaram à 
Palestina (Êxodo). 
Os hebreus não se destacaram nos campos da arte ou da ciência e sim por suas 
realizações no direito e na literatura. No entanto, a sua mais importante e original 
realização foi no plano religioso ao elaborarem o judaísmo. Este se baseia na existência 
de um único Deus e no culto de Iavé (Jeová), Deus indivisível e incorpóreo, cuja 
imagem não deveria ser reproduzida em pinturas ou estátuas. Os hebreus, povo 
escolhido, não poderiam adorar outros deuses e deviam respeitar os Dez Mandamentos 
que Moisés gravou nas Tábuas da Lei. 
Os hebreus foram os primeiros povos a estabelecer um monoteísmo ético, isto é, a 
exigência de que os seguidores do judaísmo tivessem um comportamento moral baseado 
no respeito ao próximo. 
A educação era prerrogativa dos profetas que, acreditava-se, eram os mensageiros de 
Deus e os escolhidos para “educar o povo” com rigor e disciplina na interpretação da 
Lei e castigar repreendendo com violência aqueles que não seguirem os seus 
ensinamentos, estes organizados em torno da interpretação da Lei divina. 
De início, as sinagogas também se transformavam em escolas ou locais para a instrução 
religiosa e não apenas centros de oração e de vida religiosa e civil, pela qual se 
transmitiam as verdades bíblicas. 
A educação tinha um caráter religioso, voltada tanto para a “palavra” quanto para os 
costumes. Os conteúdos de ensinamentos eram trechos escolhidos da Torá, que significa 
“ensinamento” ou “instrução”, formada por cinco livros sagrados. 
Antiguidade Primeira Parte 
Neste vídeo de introdução são apresentados os primórdios da Educação e do 
desenvolvimento do homem enquanto agente histórico. O surgimento da escrita e as 
primeiras civilizações do dito Crescente Fértil, região onde o homem se tornou 
sedentário e pode desenvolver técnicas que tornaram possíveis a criação de caracteres 
que exprimiam suas ideias, dando-se assim, um suporte de aprendizado às futuras 
gerações. 
A Educação Clássica: Grécia e Roma 
2 
Conhecimentos 
• Compreender o modelo de formação humanística adotado pela civilização clássica 
(greco-romana) e seus desdobramentos. 
Habilidades 
• Reconhecer o desenvolvimento do modelo de educação nas sociedades da chamada 
Antiguidade clássica. 
Atitudes 
• Perceber e analisar como a educação, nas civilizações clássicas,passa a ser encarada 
como um problema essencial da humanidade. 
Unidade 2 
Educação Clássica: o caso da Grécia 
Antiga 
Chamamos de educação clássica o ensino desenvolvido no Ocidente, entre os gregos e 
romanos, durante o século V a.C e o século V d.C. 
Enquanto parte das civilizações da Antiguidade Oriental surgiram em torno de rios, as 
civilizações da Antiguidade Clássica surgiram nas penínsulas (balcânica e itálica) da 
bacia do Mediterrâneo. As primeiras foram agrícolas-sedentárias, enquanto as 
civilizações peninsular-mediterrânicas da Antiguidade Clássica foram mercantis-
escravistas. 
A civilização grega surgiu no extremo-sul da península balcânica (Hélade), cujos 
povoadores, os indo-europeus, deram origem aos gregos ou helenos.Estes se 
organizavam em Cidades-Estado (póleis, em grego), fundaram colônias no mediterrâneo 
e eram um povo de navegadores e comerciantes. A cultura clássica (helenismo) atingiu 
seu apogeu no chamado “Século de Péricles” (século V a.C.) e logo depois a Grécia foi 
dominada pelos Macedônios. Os principais legados da cultura grega para o ocidente 
foram a filosofia, a ciência e a democracia. 
Os valores gregos foram expandidos pelos macedônios para o mundo até então 
conhecido, conquistado por Felipe da Macedônia, no processo de helenização do 
Oriente. 
O declínio grego-macedônio coincidiu com a ascensão de Roma, cidade surgida na 
Itália central. Em sua evolução política, Roma conheceu, sucessivamente, a Monarquia, 
a República e o Império. Após a conquista da Itália, Roma realizou a conquista do 
Mediterrâneo e unificou o mundo de sua época. 
Em sua expansão para o Oriente, incorporou a cultura grega, que se fundiu com a latina 
e deu origem a cultura greco-latina. Além do papel de intermediária entre a Grécia e o 
Ocidente, Roma transmitiu-nos um legado cultural próprio, cujas contribuições mais 
importantes foram o Direito Romano, a literatura, a língua latina e o Cristianismo. 
 
Unidade 2 
Cenário Histórico 
O Período Homérico e a Civilização Micênica 
No segundo milênio a.C., a Grécia foi invadida por diversas tribos nômades-pastoris 
originárias das planícies da Europa Oriental (aqueus, jônios, eólios e dórios) e deram 
origem à civilização grega. Por volta de 1700 a.C., os aqueus fixaram-se na Península 
do Peloponeso, ao sul da Grécia. Conquistaram a cidade de Micenas, erguida ali pelos 
cretenses, e por meio do mar Egeu estabeleceram contato com a ilha de Creta. 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-helenizacao
Os contatos entre aqueus e cretenses levaram a formação da civilização micênica ou 
creto-micênica que, por sua vez, exerceu influência significativa sobre a civilização 
grega. A disputa pela supremacia no mediterrâneo levou a luta entre aqueus e cretenses, 
culminando com a destruição destes últimos. Por volta de 1200 a.C., os dórios 
invadiram a Grécia. A conquista do Peloponeso provocou a fuga de parte dos aqueus 
para as ilhas do mar Egeu e para as costas da Ásia Menor, cuja consequência foi a 
colonização dessas regiões pelos gregos. 
Iniciaram-se os tempos homéricos (século XII-VIII a.C.), assim chamados em função de 
ter supostamente vivido ali, naquela época, o poeta Homero, autor, acredita-se, da Ilíada 
e da Odisseia, poemas épicos. Estes poemas, obras primas da literatura grega, revelam 
aspectos fundamentais da vida da Grécia micênica e pós-micênica, cuja organização 
baseava-se na comunidade gentílica. 
Esta era formada por um grupo de pessoas aparentadas por laços consanguíneos e 
descendentes de um antepassado comum. A economia gentílica, agrícola e pastoril 
baseava-se na propriedade comunitária da terra. A sociedade era igualitária e se 
caracterizava pela inexistência de classes sociais. 
Ao fim do período homérico, o crescimento demográfico e a escassez de terras férteis 
levaram à desagregação da comunidade gentílica. Data dessa época o início da 
formação das Cidades-Estado. 
O Período Arcaico (Século XVIII-VI a.C.) 
Esse é um período marcado por grandes transformações econômicas e sociais e 
caracterizado pelo surgimento e desenvolvimento das Cidades-Estado (póleis). Com o 
processo de emigração do século VIII que marca o encerramento do Período Homérico, 
numerosas colônias foram fundadas. O mundo grego, até então restrito à Grécia, as ilhas 
do mar Egeu e ao litoral da Ásia Menor, estendeu-se para o Oriente e para o Ocidente. 
A colonização e as relações entre a Grécia continental e as novas colônias ocasionaram 
grandes transformações. Desenvolveram-se a indústria e a construção naval; o comércio 
marítimo assumiu dimensões internacionais. Como efeito, surgiu na sociedade grega, 
uma rica classe média de artesãos, armadores e comerciantes. 
Unidade 1 
No entanto, a concorrência dos produtos importados arruinou os pequenos agricultores e 
concentrou a propriedade da terra nas mãos da aristocracia. As cidades foram atingidas 
por uma forte crise social e política. Desencadeou-se uma luta entre o povo (demos) e a 
aristocracia. A situação acarretou o surgimento de tiranos e legisladores. Os primeiros 
buscaram a solução por meio de reformas e os segundos lideraram insurreições 
populares e conquistaram o poder pela violência. Nas póleis, onde a vitória coube à 
nobreza, consolidou-se o regime aristocrático. Naquelas em que o demos foi vitorioso, 
as reformas conduziram a democracia. 
As muitas transformações levaram ao desenvolvimento de reflexões que culminaram 
com o surgimento do pensamento racional. Além do surgimento e desenvolvimento da 
pólis, a introdução da escrita, a utilização da moeda e a lei escrita por legisladores 
também são realizações desse momento. 
Segundo Jean-Pierre Vernant (2008), a filosofia nasce com a pólis, esta uma criação 
humana e não divina. A filosofia surge no momento histórico em que se afirma a 
utilização da razão (logos), em substituição ao mito (alegoria) para resolver os 
problemas da vida, vinculada ao surgimento da cidade-Estado. A prática constante da 
discussão política em praça pública (ágora) pelos cidadãos, principalmente em Atenas a 
partir de Clístenes, teria contribuído para o raciocínio bem formulado e convincente. 
Com o tempo, teria se tornado o modo adotado para se refletir sobre as coisas. A 
filosofia, assim, é filha da pólis. 
Período Clássico 
O período clássico grego corresponde, tradicionalmente, aos séculos V e IV a.C. Neste 
período a Grécia atingiu, ao mesmo tempo, o seu apogeu e decadência. O primeiro caso 
coincide com o governo de Péricles, em Atenas, que aperfeiçoou a democracia. Péricles, 
no século V, contratou os melhores arquitetos e escultores da época. Estes ergueram 
tribunais,templos, teatros e ginásios. O Parthenon, templo dedicado à deusa Palas 
Atenas, protetora da cidade, é considerado uma das obras mais destacadas. 
O governante de Atenas também estimulou as artes. Foi no século V a.C. que surgiram 
os primeiros relatos históricos, com as obras de Heródoto e Tucídides que abordaram, 
respectivamente, as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso. A filosofia ganhou 
destaque com Sócrates, Platão e Aristóteles, e a medicina se desenvolveu com 
Hipócrates. 
Foi no “Século de Péricles”, como ficou conhecido o século V a.C., portanto, que a 
produção nas artes, literatura e filosofia delineou a herança cultural dos gregos para o 
mundo ocidental. 
O período clássico marca também a decadência da Grécia, assolada por conflitos 
internos. 
Unidade 2 
Período Helenístico 
Este período inicia-se com a conquista da Grécia pela Macedônia, no século IV a.C., e 
estende-se até o século II a.C. Inicialmente governados por Felipe II, os macedônios 
conquistaram a Grécia, enfraquecida pelas lutas internas, e logo partiram para a 
conquista do Oriente. Coube a Alexandre, o Grande, filho de Felipe II, conquistá-lo. 
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou a cultura grega e foi responsável pela 
conquista da ÁsiaMenor, a Pérsia, chegando às margens do rio Indo, na Índia. A sua 
grande obra, no entanto,deu-se no plano cultural que sobreviveu ao esfacelamento de 
seu império. A expansão de Alexandre acabou por difundir a cultura grega pelo Oriente. 
As cidades fundadas por eles (várias delas batizadas com o seu nome) tornaram-se 
verdadeiros centros de difusão da cultura grega. Denominamos de Helenismo ou cultura 
helenística a fusão da cultura grega com a cultura oriental. 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-polis
Educação Integral ou Paideia 
Segundo Gadotti (2006), a Grécia serviu de berço da cultura, da civilização e da 
educação ocidental. O desenvolvimento cultural dos gregos, com sua visão universal e 
reflexão sobre o mundo e a existência, produziu uma maneira original de lidar com a 
educação, cuja ênfase era dada na formação integral, que consistia na integração entre a 
cultura e a sociedade. 
Essa concepção gerou o conceito de paideia, palavra que teria surgido por volta do 
século V a.C., de difícil definição, mas que exprimia um ideal de formação integral, 
humanística. 
São os gregos que, pela primeira vez, colocam a educação como problema essencial da 
humanidade, produzindo uma reflexão filosófica sobre sua importância na formação 
humana. A partir dos sofistas, e com os filósofos socráticos e pós-socráticos, é que o 
conceito de educação alcança o estatuto de reflexão filosófica. 
Os gregos deram um valor desmedido à arte, à literatura, às ciências e à filosofia. A 
educação do homem integral deveria dar conta da formação física, do corpo (pela 
ginástica), da mente (pela filosofia e pelas ciências) e da moral e dos sentimentos (pela 
música e pelas artes). Portanto, os estudantes deveriam ser submetidos a um programa 
que atendesse a todos os aspectos da vida humana. Nesse tipo de educação os gregos 
estudavam literatura, história, geografia, gramática, retórica, ginástica, ciências, música 
e outros conhecimentos. 
No início, antes da escrita, a educação ficava a cargo da própria família, conforme a 
tradição religiosa. Com a constituição da aristocracia dos senhores de terra, os jovens da 
classe dominante eram confiados a preceptores. As escolas somente aparecem com as 
primeiras póleis, tendo como finalidade atender a procura por instrução. No período 
clássico a escola já se encontrava estabelecida, sobretudo em Atenas. 
Unidade 2 
O aumento de estabelecimentos escolares na Grécia não representa uma 
“democratização” do ensino, uma vez que a educação permanecia elitizada, atendendo 
principalmente aqueles jovens oriundos das famílias tradicionais da antiga nobreza ou 
das famílias de enriquecidos mercadores. 
A educação era reservada aos homens livres. Ser livre, como esclarece Gadotti (2006) 
significava não ter preocupações materiais, com o comércio ou com a guerra, atividades 
reservadas às classes inferiores. O chamado ócio digno significava dispor de tempo 
livre, prerrogativa daqueles que não precisavam se preocupar com a subsistência. 
Lembramos que a sociedade grega clássica era escravista e, dependendo do período, 
existiam dezessete escravos para cada homem livre. 
Para este mesmo autor, o caráter da educação grega aparecia na exigência de que o 
ensino estimulasse não apenas a competição e as virtudes guerreiras para manter a 
superioridade militar sobre as classes subalternas e submetidas, mas também ser capaz 
de permitir-lhes mandar e ser obedecido. 
A educação física, que no início teve um caráter predominantemente militar e guerreiro, 
passa a ser orientada para os esportes. Nas escolas onde a formação física teve papel 
destacado, o ensino das letras e cálculos demorou para se difundir, sendo, no entanto, 
uma realidade em quase todo lugar por volta do século VI a.C., ou mesmo depois, no 
século V a.C. Ao poucos, a formação espiritual suplantará, em quase toda a Grécia, com 
exceções, como é o caso de Esparta, a formação física. 
Modelos de educação: Esparta e Atenas 
A Grécia nunca formou um estado unificado, como vimos. A sua unidade era dada pela 
cultura. No entanto, no que diz respeito à educação, havia divergências para além dos 
pontos semelhantes que uniam os gregos. As Cidades-Estado eram politicamente 
autônomas e o modo de educar variou entre elas. Os exemplos sempre destacados 
apontam para os casos de Atenas e Esparta, cujas formas de educação singulares 
correspondem ao processo histórico particular de cada cidade e a forma como estas 
sociedades se organizaram. 
Esparta 
Esparta constituiu um caso excepcional entre as póleis gregas, cuja evolução se 
assemelhou mais à de Atenas. Fundada pelos dórios no interior do Peloponeso, 
organizou-se como uma fortaleza erguida em solo inimigo. Os espartanos (ou 
esparciatas, classe dominante, descendentes dos guerreiros dórios) eram educados como 
cidadãos-soldados, mobilizados permanentemente para a Guerra. A cidade-estado era 
militarista, aristocrática e conservadora. 
Unidade 2 
Em Esparta, ao contrário do que ocorreu em Atenas, a educação priorizou sempre a 
formação física e militar sobre a formação do espírito e do intelecto. A educação 
espartana submetia totalmente o indivíduo ao interesse do Estado, subordinando a vida 
familiar ao convívio coletivo e incutindo no cidadão-soldado um cego amor à pátria. A 
educação dada pelo Estado começava aos sete anos, quando as crianças eram tiradas de 
suas famílias e iam para comunidades constituídas por grupos de acordo com a idade. 
Eram supervisionadas por aqueles responsáveis pela instrução. 
Nesta fase, as crianças estudavam, como todo grego que tinha acesso à educação, 
música, canto e dança. Aos doze anos iam viver em acampamentos, dedicados ao 
treinamento físico e à formação militar. Os jovens aprendiam os segredos da luta 
corporal e do manejo das armas. Aprendiam a suportar a fome, o frio e a controlar seus 
sentimentos diante de castigos físicos, sobretudo a raiva, essencial na luta contra os 
inimigos. 
A educação moral valorizava a obediência, a aceitação dos castigos físicos, o respeito 
aos mais velhos e privilegiava a vida comunitária. Aos vinte anos, após se submeter ao 
teste da Krypteia, o indivíduo estava preparado para ingressar no exército. Em estado de 
mobilização permanente, o cidadão-soldado servia no exército até os sessenta anos 
quando, se pertencesse a uma família notável, poderia integrar as instituições políticas 
responsáveis pela administração da pólis. 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-dorios
Por valorizar a formação militar, os espartanos não eram dados aos refinamentos 
intelectuais, nem apreciavam os debates e os discursos longos, como em Atenas.No 
entanto, em Esparta se oferecia uma maior atenção às mulheres, cuja função essencial 
era gerar filhos robustos e saudáveis. Por isso, elas participavam das atividades físicas.É 
preciso esclarecer que apenas a classe dominante, formada por aqueles que acreditavam 
ser descendentes dos dórios, tinha o direito à educação estatal. 
Atenas 
A educação em Atenas pautava-se por outros valores. Em suas escolas, mesmo 
aristocráticas, ao lado da formação física, destacava-se a formação intelectual, 
necessária para participar dos destinos da cidade. Buscava-se o conhecimento da 
verdade, do belo e do bem. Com a ascensão da classe dos comerciantes e o crescimento 
da cidade, em oposição à aristocracia, que tradicionalmente teve o poder em suas mãos, 
impôs-se outra forma do exercício do poder e, por conseguinte, uma nova educação. 
Se no início a educação fora aristocrática, sob a tutela da família, com o passar do 
tempo surgiram as escolas, já no século VI a.C. Embora o Estado já perceba a 
importância da educação, ela não se tornou obrigatória nem gratuita, predominando pois 
a iniciativa particular. 
Unidade 2 
A educação começava aos sete anos. As meninas permaneciam em casa e se dedicavam 
aos afazeres domésticos, enquantoos meninos desligavam-se da autoridade da mãe para 
iniciar a alfabetização e a educação física e musical. 
O estudo primário, ou elementar, destinava-se a ensinar a leitura do alfabeto, escrita e 
cálculo, enquanto os estudos secundários compreendiam a educação física (corrida a pé, 
salto em distância, lançamento do disco e do dardo, luta, ginástica, etc.), a artística, que 
incluía o desenho, o domínio da lira, o canto e o coral, os estudos literários, 
compreendendo o estudo das obras clássicas, sobretudo, de Homero, a filologia (leitura, 
recitação e interpretação de textos) e científicos, que compreendiam o estudo da 
matemática, da geometria, da aritmética e da astronomia. 
De acordo com Gadotti (2006), no ensino superior prevalecia o estudo da retórica (a arte 
do bem falar) e da filosofia. Os estudos filosóficos compreendiam, geralmente, seis 
tratados: a lógica, a cosmologia (estudo dos astros), a metafísica, a ética, a política e a 
teodiceia. 
A educação elementar completava-se aos treze anos. Os mais pobres saíam em busca de 
um ofício, enquanto os jovens de família rica prosseguiam nos estudos. Dos dezesseis 
aos dezoito anos a educação assumiu uma dimensão cívica de preparação militar, 
instituição criada no século VI a.C., conhecida como efebia (efebo = jovem). Com a 
abolição do serviço militar em Atenas, a efebia passou a constituir a escola em que se 
ensinava filosofia e literatura. 
Somente no século V a.C., com os sofistas, é que teve início uma espécie de educação 
superior. Segundo alguns estudiosos, as lições dos sofistas tinham como principal 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-cosmologia
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-metafisica
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-teodiceia
objetivo o desenvolvimento do poder da argumentação, a habilidade retórica, bem como 
o conhecimento de doutrinas divergentes. 
Dessa forma, eles transmitiam todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções úteis 
para driblar as teses dos adversários e convencer as pessoas. A democracia ateniense 
proporcionou um número maior de habitantes na discussão sobre temas práticos e 
públicos, favorecendo também o desenvolvimento de uma cultura que valorizava o uso 
da palavra e da razão. As habilidades argumentativas e dialéticas dos cidadãos 
tornaram-se um bem cada vez mais apreciado. Foi nesse contexto que apareceram os 
sofistas. Seus ensinamentos foram valorizados, pois a política precisava de cidadãos que 
soubessem convencer pela palavra. 
Finalmente, é preciso esclarecer que a educação formal atendia aos interesses da classe 
dominante, excluindo assim a maior parte da população do saber ministrado nas escolas. 
Unidade 2 
A educação clássica - O caso de Roma: a humanitas 
Por intermédio do Império Romano, espalhou-se a língua latina, os seus costumes, 
transmitindo também a cultura grega, da qual era depositária. Em contato com os 
gregos, os romanos adotam o seu modelo de educação, apresentando, neste campo, 
algumas particularidades, como veremos adiante. 
Cenário Histórico 
A cidade de Roma surgiu de um pequeno povoado nas terras férteis do Lácio, no centro 
da Península Itálica, recebendo influência de diversos povos indo-europeus que se 
fixaram na região desde o século X a.C., como os latinos e sabinos. Desde a fundação 
de Roma, no século VIII a.C., os romanos conheceram a Monarquia, a República e o 
Império como formas de governo. 
Monarquia ou Realeza (753-509 a.C.) 
A Monarquia ou Realeza foi a primeira forma de governo adotada em Roma. Nesta 
época, com o desenvolvimento da agricultura, a economia deixou de basear-se no 
pastoreio. Mais tarde, Roma, com o desenvolvimento do comércio, transformou-se 
numa grande cidade para os padrões daquela época. Com a substituição da posse 
comum da terra pela propriedade privada, estabeleceu-se uma divisão de classe bem 
delineada, entre patrícios, que se consideravam descendentes dos fundadores de Roma 
e detentores do poder, formados pelos grandes proprietários de terra, plebeus, grupo 
composto de mercadores, artesãos e pequenos proprietários, sem acesso aos cargos 
públicos, clientes, geralmente ex-escravos ou filhos de escravos que tinham com os 
patrícios uma relação de completa dependência, e escravos, formados pelos prisioneiros 
de guerra ou por plebeus que não conseguiam pagar suas dívidas, em pequeno número 
antes e no início do período republicano. 
As lutas entre os patrícios e os últimos reis etruscos, povo que vivia ao norte de Roma e 
havia dominando-a, levou à formação da República, sob o domínio patrício. 
República 
Com a passagem da Monarquia para a República ocorreu a transferência do poder dos 
etruscos para os patrícios, que se transformaram na classe dominante de Roma. Criou-se 
um sistema político mais complexo, com inúmeras instituições sob seu domínio, cuja 
principal era o Senado, para onde iam os cidadãos mais destacados e as famílias mais 
influentes. 
Controlado pelos patrícios, o sistema político tinha um caráter oligárquico. Os plebeus, 
em número cada vez mais crescente, marginalizados e descontentes com sua situação, 
eram fonte de crescente tensão, e a Roma republicana vivia sempre a possibilidade de 
uma convulsão social. 
Unidade 2 
As lutas entre patrícios e plebeus foram uma característica marcante deste período que 
se estendeu por dois séculos. Data desse período uma série de conquistas plebeias, 
dentre elas destacam-se o direito de eleger seus próprios magistrados, os chamados 
Tribunos da Plebe, impondo aos patrícios a transformação das leis orais numa legislação 
escrita, a igualdade civil, ao autorizar o casamento entre patrícios e plebeus, antes 
proibido. 
Outras características marcantes deste período, a despeito das lutas entre patrícios e 
plebeus, foi, em primeiro lugar, a expansão territorial interna que, por meio de guerras e 
conquistas, culminou com o domínio romano sobre toda a Península Itálica e, em 
segundo lugar, a expansão externa, que levou ao domínio do mediterrâneo. Esta última 
provocou grandes transformações sociais e econômicas. 
Uma das consequências das guerras de expansão foi a redução de imensos contingentes 
de prisioneiros de guerra à condição de escravos e a sua utilização como mão de obra na 
economia romana. A transformação de uma economia baseada na pequena propriedade 
agrária e no trabalho livre em um sistema escravista de produção provocou a ruína dos 
camponeses, concentração de terras nas mãos da aristocracia e na transformação de uma 
massa de desempregados que migrou dos campos para a cidade.As transformações 
desencadearam um novo período de lutas sociais que assinalaram a crise da República e 
o início do Império. 
Império 
Com o Império, chegaram ao fim as crises político-sociais que assinaram a passagem da 
República para o Império. Durante o Alto Império (séculos I a.C.– III d.C.), Roma 
atingiu o apogeu e a pax romana (período de estabilidade) foi estendida do Ocidente ao 
Oriente. O governo de Otávio Augusto (27 a.C. – 14 d.C.), oficialmente primeiro 
imperador romano, foi caracterizado pela ampliação do comércio entre as províncias, 
construção de grandes obras (estradas, pontes, aquedutos) e grandes realizações 
culturais. 
Com o incentivo dado às artes, a literatura floresceu, destacando-se a atuação do 
ministro Mecenas, que apoiou financeiramente artistas e escritores como os poetas 
Virgílio, Horácio e Ovídio. Esse período, considerado o mais rico da civilização romana 
em termos culturais, foi denominado de Século de Augusto. 
Um fato marcante do período foi o surgimento do cristianismo que, após sangrentas 
perseguições, transformou-se em religião do Estado na fase do Baixo Império Romano 
(Séculos III – V d.C.) e teria influência marcante na história ocidental. 
Unidade 2 
No chamado Alto Império, o Império Romano mergulhou em sucessivas crises. A 
expansãoterritorial, base de toda sua riqueza e estabilidade política e social, foi se 
esgotando. Mais importante que expandir o território era manter e fortalecer suas 
fronteiras. Sem novas conquistas não havia captura de escravos e a mão de obra 
começou a tornar-se escassa. A economia romana, baseada no braço escravo, entrou em 
crise. Os elevados custos para manter as estruturas imperiais, militares e administrativas 
abalaram o poder romano, reativando as disputas entre chefes militares. As dificuldades 
para resguardar as fronteiras facilitaram as invasões que, associadas a outros fatores, 
iriam pôr fim ao Império Romano. 
A Educação no Império Romano 
São características da civilização romana a sua expansão territorial e a construção de um 
império unificado, o que a diferenciava dos gregos; era formada por inúmeras Cidades-
Estado, politicamente autônomas. Apesar das diferenças entre os inúmeros povos que 
viveram dentro das fronteiras do Império Romano, não havia discriminação sobre os 
vencidos. 
Em troca do pagamento dos impostos, eram-lhes conferidos títulos de cidadania. Ao 
conquistar a Grécia, os romanos não lhe impuseram o latim, mas assimilaram seus 
padrões culturais. 
Os romanos, como os gregos, não valorizavam o trabalho manual. Seus estudos são 
essencialmente humanistas, algo equivalente à Paidéia grega, como aquela cultura geral 
que transcende os interesses locais e nacionais no sentido de educação, cultura do 
espírito. No entanto, a humanitas distingue-se da Paideia por se tratar de uma cultura 
predominantemente humanística e, principalmente, cosmopolita e universal, buscando 
aquilo que caracteriza o ser humano, em todos os tempos e lugares. 
Os romanos pretendiam universalizar, levar a todos os povos a sua humanitas, o que 
acabou conseguindo por meio do cristianismo. Segundo Aranha (2006), com o tempo 
essa maneira de entender a educação degenerou, restringindo-se ao estudo das letras e 
negligenciando as ciências. Para a autora, pode-se distinguir três fases na educação 
romana: a educação latina original, de natureza patriarcal; a influência do helenismo, 
criticada pelos defensores da tradição e, finalmente, a fusão entre a cultura romana e a 
helenística. 
Unidade 2 
A educação latina 
Desde o início, a civilização romana sofreu influência do helenismo. Mas não se fez 
sem resistência, tentando manter a tradição dos ancestrais. Na educação tradicional 
latina, o objetivo do ensino era prático, proporcionando à criança o saber necessário 
para o exercício de uma profissão e incutindo uma ética que subordinasse o indivíduo a 
um ideal superior. 
No século II a.C., era responsabilidade da mãe educar seus filhos durante a primeira 
infância, até os sete anos. Somente a partir dessa idade é que a educação passava a ser 
responsabilidade do pater famílias (o chefe da família) ou, na sua ausência, do tio. 
Cabia ao chefe da família a responsabilidade de proporcionar aos filhos a educação 
cívica e moral. As meninas permaneciam restritas ao lar, aprendendo, a partir dos sete 
anos, os serviços domésticos. 
A educação dos meninos passava pela aprendizagem de memorização de preceitos 
jurídicos e de conceitos com base nas Leis das Doze Tábuas, cujo objetivo era, em 
parte, desenvolver a consciência histórica e o patriotismo. A base dessa forma de 
educação era a preocupação natural em associar valores culturais ao ideal coletivo. 
Exaltava-se o respeito pelos antepassados (pietas) que, entre as famílias patrícias, 
representavam o orgulho dos modelos de comportamento, repetidos de geração a 
geração. 
Vivendo numa sociedade essencialmente agrícola, o jovem era iniciado na arte de 
cuidar da terra, colocando lado a lado o senhor e o escravo. De um lado, a criança 
aprendia a ler, escrever e contar e, de outro, desenvolvia a habilidade no manejo das 
armas, na natação e na equitação. Mais do que esportes desinteressados, os exercícios 
físicos tinham como finalidade principal preparar o guerreiro. 
Por volta dos quinze ou dezesseis anos tinha início a aprendizagem da vida pública. O 
jovem era iniciado na sociedade pelo pai ou por outro homem influente, amigo da 
família e bem posicionado no mundo social. Devia ser levado à praça central para 
conhecer o comércio e o local onde eram tratados os assuntos públicos e privados 
(fórum). Era em torno do fórum que se erguiam os principais monumentos da cidade, 
com destaque para o tribunal. Antes de atingir a idade militar, o jovem devia adquirir 
conhecimentos de Direito, traquejo social e a “arte de dizer”, concepção romana de 
eloquência. 
Logo depois, por volta ainda dos dezesseis anos, o jovem era encaminhado para a 
função militar ou política. A educação era mais voltada para a formação moral do que 
para as atividades intelectuais; era baseada em modelos de retidão que deveriam ser 
imitados. 
Unidade 2 
A influência grega e as primeiras escolas 
Como vimos, durante a República a sociedade romana tornou-se mais complexa. Isso se 
deveu ao processo de expansão territorial, ao desenvolvimento do comércio e ao 
enriquecimento de uma certa camada de plebeus. Tudo isso exigiria um modo diferente 
de educar. 
. 
Surge, dessa forma, já no século IV a.C., escolas particulares de ensino elementar que se 
disseminarão no século seguinte. Nelas, dos sete aos doze anos, aprendia-se a ler, 
escrever e contar. Os professores eram mal pagos e usavam, para desempenhar sua 
tarefa, qualquer espaço: edifício público, uma tenda ou templo. 
A expansão do comércio e das incursões militares, por volta dos séculos III e II a.C., 
colocaram os romanos em contato direto com os povos de cultura helênica. A cultura 
grega exercerá uma influência marcante entre os romanos que adotarão sua cultura e a 
forma de educar. 
A partir de então, muitos preceptores gregos passaram a apoiar a educação familiar dos 
jovens romanos. Atraídos pela rica clientela romana, muitos gramáticos, mestres da 
retórica e filósofos dirigiram-se para Roma. Eles seriam responsáveis pelo ensino de 
jovens e adultos. 
Muito cedo os políticos romanos descobriram a importância dos conhecimentos de 
retórica e que seriam necessários para melhorar a oratória e a eloquência dos discursos 
públicos. 
Datam dessa época as escolas dos gramáticos, na quais os jovens entre doze e dezesseis 
anos entravam em contato com os clássicos gregos, ampliando seus conhecimentos em 
literatura, geografia, aritmética, geometria e astronomia. Nessas escolas estudava-se 
também a retórica. 
Dessa forma, os romanos adotam o modelo de educação grega que proporcionava aos 
estudantes uma ampla gama de conhecimentos necessários para a formação integral da 
pessoa culta. Paralelamente, no seio das grandes famílias, surge o ensino público da 
língua grega, ministrado em escolas, seja por escravos gregos, que assumem o papel de 
mestres, ou por mestres gregos qualificados. O modelo de educação grega passa a ser 
perseguido a ponto de muitos jovens romanos se deslocarem para a Grécia com a 
intenção de completarem os seus estudos. A influência grega sobre a educação romana, 
e em particular no desenvolvimento do ensino, pode ser atestada pelo fato de Roma 
buscar no helenismo o termo Paedagougo para designar o escravo incumbido de 
acompanhar a criança na escola. 
Unidade 2 
Apesar da influência grega, o ensino em Roma apresenta algumas diferenças 
significativas em relação ao modelo helênico e novidades na institucionalização de um 
sistema de ensino. O ensino da música, do canto e da dança, por exemplo, foram 
combatidos por setores mais tradicionais da sociedade romana. O mesmo repúdio se dá 
com o atletismo, elemento fundamental da paideia. Os romanos ficavam chocados com 
a nudez do atleta e condenavam a pederastia. Portanto, a educação romana privilegiava 
a aprendizagem, sobretudo literária, em detrimento da ciência, da educação musical e do 
atletismo. 
No entanto, devemos aos romanos oprimeiro sistema de ensino de que se tem 
conhecimento, formado por um organismo centralizado que coordena uma série de 
instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. Constitui uma 
novidade importante o caráter oficial das escolas e sua estreita dependência ao Estado. 
Deve-se notar que essa crescente intervenção do Estado nos assuntos educacionais era 
levada a cabo porque a administração do Império necessitava de uma bem montada 
máquina burocrática com funcionários que deveriam ter um mínimo de instrução. 
É bem verdade que no início, embora o Estado se interessasse pela educação, pouco 
interferia, colocando-se apenas como inspetor, algo que muda ao longo do tempo. 
Primeiro, passou a subvencioná-la, depois a exercer seu controle por meio de uma 
legislação e, por último, tomou para si a inteira responsabilidade. 
Pouco antes do advento do Império, o Estado já estimulava a criação de escolas 
municipais em todo o território sob sua jurisdição. 
Ao contrário do que possa parecer, esse sistema privilegiava apenas uma minoria, que 
se consolidava como elite e com uma elevada formação literária e retórica. Mesmo 
assim, havia uma preocupação em fornecer à imensidão de escravos, sobretudo aos mais 
jovens, ensinamentos necessários à prática de seus serviços. Em muitas casas de 
senhores reuniam-se escravos entregues a um ou mais pedagogos que lhes ensinavam as 
boas maneiras e, em alguns casos, iniciavam-lhes na leitura, escrita e aritmética. Sabe-se 
que as casas dos grandes senhores dispunham de um ou mais escravos letrados que 
desempenhavam funções de secretários ou leitores. 
Na Roma imperial os professores gregos são protegidos por Otávio Augusto, a exemplo 
do que havia feito Júlio César. Otávio desenvolveu uma política imperial de cultura 
responsável pela criação de bibliotecas como a do Templo de Apolo, no Paladino, e a do 
Pórtico de Otávio. Delineia-se no Estado romano um conjunto de políticas escolares 
inovadoras, cuja primeira iniciativa é da autoria de Vespasiano, que intervém a favor 
dos professores, reconhecendo-lhes uma utilidade social. 
Unidade 2 
Com ele inicia-se uma extensa série de retribuições e de imunidades fiscais, atribuídas a 
gramáticos e retóricos. Segue-se a criação de cátedras de retórica nas grandes cidades, 
bem como o favorecimento e promoção de escolas públicas municipais de gramática e 
de retórica nas províncias. 
As escolas romanas, inspiradas na educação grega, como vimos, passaram a ser 
organizadas em três graus distintos e crescentes: instrução primária ou ludi-magister, 
que ministrava a educação elementar, secundária ou do gramático, e superior, que 
iniciava com o estudo da retórica e seguia com os estudos do Direito e da Filosofia, 
constituindo-se numa espécie de universidade. Vale lembrar que as universidades 
somente surgiram na Idade Média. As primeiras datam dos séculos VII e VI a.C., as 
secundárias do século III a.C., mas somente adquiriram forma definitiva no século I a.C, 
no tempo de Otávio Augusto, e as de ensino superior datam, pelo que sabemos hoje, do 
século I a.C., com um ensino predominantemente retórico. 
Antiguidade Clássica 
Nesta etapa do vídeo, consideramos uma abordagem fundamental ao desenvolvimento 
de uma educação, até mesmo ao que convencionamos chamar na atualidade de escola. 
A Paideia, a forma de educação tradicional grega evoluída em relação aos demais 
povos, devido ao uso de uma razão em que o Estado é forte, e a pólis (Cidade-Estado) 
se torna o coração pulsante dessas relações que culminaram na ascensão grega, bem 
como, na participação das artes e da política na formação do cidadão grego. 
Antiguidade Roma 
Este vídeo está relacionado ao império mais influente no Ocidente e, sua capacidade de 
desenvolver uma educação que perpassa de uma simples etapa acurada da educação 
adicionalista grega e se torna, ainda mais, observadora das questões da educação do 
homem enquanto ser que reflete suas próprias ações: criam-se perspectivas de 
humanidade (Humanitas) e, um aprimoramento no discurso e na retórica, enquanto 
forma que parte da arte de falar bem para um ato de cidadania (Eloquência). 
A Educação Clássica: Grécia e Roma 
3 
Conhecimentos 
• Compreender os diversos modelos de educação adotados durante o período medieval, 
permitindo a comparação. 
Habilidades 
• Identificar as permanências e mudanças nas práticas educativas adotadas em diversos 
lugares e momentos distintos. 
Atitudes 
• Perceber as relações entre contexto histórico e práticas educativas. 
Unidade 3 
Educação no Período Medieval 
Pela tradicional divisão histórica, a Idade Média compreende um período de quase mil 
anos, cujos marcos definidores são a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e 
a tomada da capital do Império Bizantino, em 1453, pelos turcos otamanos. Esse longo 
período não apresenta as mesmas características, variando segundo as transformações 
operadas em locais diversos. Da mesma forma, não houve, em todo lugar e em todo o 
período, um mesmo e único modelo de educação. Estes variaram muito. 
https://md.uninta.edu.br/geral/historiaeducacao/#definicao-otomanos
Num determinado momento, no Império Bizantino, assim como no Ocidente Medieval, 
dava-se ênfase à vida religiosa. Cristã, a civilização bizantina manteve a tradição do 
humanismo antigo. Na educação islâmica, havia um nítido interesse pela pesquisa e 
experimentação, em contraste com as restrições que a Igreja cristã ocidental fazia a essa 
orientação intelectual, contribuindo para o avanço em muitas áreas da ciência. 
Na Europa cristã, da mesma forma, não se pode apontar um modelo de educação. Ela 
variou conforme o período, o lugar e o grupo social aos quais se destinava. No entanto, 
não seria exagero defender que a busca pelo monopólio do saber por parte da Igreja 
Católica se fez sentir na educação dispensada aos jovens durante boa parte da Idade 
Média, mais acentuada em determinado lugar e tempo singulares, imprimindo nela um 
caráter eminentemente religioso. 
A Educação Bizantina 
A civilização bizantina espalhou em torno de si a herança cultural greco-romana. 
Embora cristã ortodoxa, legou-nos não apenas os valores da cultura clássica, da qual foi 
depositária, mas também uma boa quantidade de obras. Isso se fez refletir na educação 
dispensada aos estudiosos, de caráter humanista, seguindo a meta estabelecida pela 
educação greco-romana. 
 
Unidade 3 
Cenário Histórico 
Como vimos, a partir do século II da era cristã, o Império Romano foi abalado por 
guerras civis, disputas internas pelo poder e invasões estrangeiras. Tentando controlar a 
crise, em 395 o imperador Teodósio dividiu o Império em dois: Império Romano do 
Ocidente, com capital em Milão, e Império Romano do Oriente, com capital em 
Constantinopla, onde outrora existira a colônia grega de Bizâncio. Esta cidade foi 
construída por ordem do imperador Constantino, no estreito de Bósforo, a meio 
caminho entre o Oriente e o Ocidente, no cruzamento entre importantes rotas 
comerciais, e inaugurada em 330. Constantinopla logo se transformou numa cidade 
cosmopolita devido ao grande número de pessoas que nela se instalaram, vindas de 
diversos locais. 
Enquanto o Império Romano do Ocidente se esfacelava com as inúmeras invasões 
germânicas, dando origem à formação de inúmeros “Reinos Bárbaros”, o Império do 
Oriente manteve-se de pé e consolidou-se como uma das principais potências da Ásia e 
do mundo mediterrâneo. 
No decorrer da Idade Média, o Império Bizantino procurou manter-se herdeiro e 
depositário da tradição romana, cujo fundamento era a existência de um império 
universal e cristão, o que não impediu que a cultura bizantina fosse muito mais oriental 
do que a Europa latina. 
No início, o Império Bizantino manteve nítidas influências romanas. O latim foi 
preservado como língua oficial do Estado e as instituições político-administrativas 
romanasforam conservadas em sua estrutura e denominações. Somente a partir do 
século VII é que começariam a prevalecer a cultura e as características étnicas gregas e 
asiáticas. A língua grega passa a predominar, enquanto as tradições literárias, artísticas e 
científicas helenísticas passaram a ser determinantes. 
Isso pode explicar, em parte, porque o Cristianismo ali diferenciou-se daquele que 
empolgara a Europa Ocidental, apresentando caracteres mais místicos, abstratos e 
pessimistas, sujeitando-se, por completo, ao controle político. 
Quanto à organização política, o Império Bizantino assumiu a forma de autocracia 
absoluta. O imperador, considerado sagrado, tinha amplos poderes: podia nomear ou 
demitir quem quisesse e era o comandante das forças militares. Era ainda, o chefe da 
Igreja, sustentáculo do poder, e como tal convocava concílios, nomeava bispos e 
promulgava regras e disposições religiosas. 
A sociedade era fortemente hierarquizada, tendo no seu topo o imperador e sua família 
e, envolta deste, a nobreza urbana - composta de comerciantes, donos de oficina, 
banqueiros, altos funcionários públicos - e rural, constituída pelos grandes proprietários 
de terra. Na base da sociedade ficavam os trabalhadores livres, abaixo dos quais 
estavam os servos presos à terra e os escravos. 
Unidade 3 
Uma das grandes contribuições bizantinas, talvez a de maior destaque, esteja no campo 
do Direito, quando o imperador Justiniano determinou a sistematização do Direito 
Romano, realizada por seus juristas na elaboração do Corpus Juris Civilis, cuja 
influência é ainda hoje sentida no Ocidente. 
Depois disso, podemos dizer que outra grande contribuição bizantina está na 
compilação e conservação das grandes obras dos gregos e romanos. Graças a essa 
preocupação, hoje o mundo conhece boa parte dessas obras. 
A Educação no Império Bizantino 
Segundo Marrou (1973), no Império Bizantino, assim como no Ocidente Medieval, 
dava-se ênfase à vida religiosa. Profundamente cristã, a civilização bizantina continuou 
obstinadamente fiel às tradições do humanismo antigo. 
Nos ensinos primário e secundário, ainda que pouco conhecidos em função da escassez 
de fontes, pode-se dizer que nas escolas não predominava o ensino religioso e os livros 
clássicos pagãos eram estudados sem restrições. 
O objetivo da educação permanecia o mesmo do estabelecido na Antiguidade Clássica, 
centrado, portanto, na formação humanista e na preparação de pessoal qualificado para 
assumir funções na burocracia estatal. 
Se há uma escassez de informações que nos permitam conhecer mais sobre a educação 
elementar e secundária, o mesmo não pode ser dito para o ensino superior. Nesse campo 
dispomos de informações mais detalhadas e abundantes, com destaque para a 
Universidade de Constantinopla, importante centro cultural desde sua fundação em 425, 
no século V, até o fim da Idade Média, marco estabelecido convencionalmente no 
século XV (1453). A sua importância central reside no fato de ter acolhido as obras 
antigas, orientando os estudos de filosofia e ciência, e ter ainda preservado o Direito 
Romano, compilado e sistematizado, como vimos, por iniciativa do imperador 
Justiniano. 
O estudo religioso cabia à escola monástica, onde predominava o interesse espiritual e 
ascético, hostil ao humanismo pagão. Na escola patriarcal o ensino não ficava restrito à 
formação religiosa, apesar de ser vigorosa, mas também valorizava a tradição clássica, 
centrando-se no humanismo cristão. 
Com o declínio do Império Bizantino, este passou a ser alvo de ataques. As disputas 
religiosas e as constantes ameaças de invasão fizeram com que as crises se instalassem 
de maneira irreversível. Acelerou-se o empobrecimento das cidades, a produção e o 
comércio se enfraqueceram e o Império perdeu pouco a pouco alguns de seus mercados 
em regiões distantes. Finalmente, em 1453, Constantinopla foi tomada pelos turcos 
otomanos e o Império entrou em colapso. 
Unidade 3 
Educação Islâmica 
Os árabes não se descuidaram da educação e ergueram muitas escolas primárias e de 
ensino superior. No primeiro caso, ministrava-se uma educação religiosa baseada nos 
ensinamentos do alcorão, o que não impedia o estudo das ciências. No segundo caso, as 
instituições contaram com certa autonomia e deram vazão a um ensino que englobava 
os diversos ramos do saber da época. 
Cenário Histórico 
No início do século VII os habitantes da Península Arábica encontravam-se divididos 
em várias tribos e clãs, adeptos de uma religião politeísta e sem um poder político 
centralizado. Em meio a circunstâncias propícias, o profeta Maomé difundiu uma nova 
fé que, em pouco tempo, unificou o povo árabe em torno de um poder central. 
Baseado na vontade de Deus, justificou sua expansão por grande parte do “mundo 
civilizado” de então e deixou uma influência que até hoje é marcante em várias regiões 
do mundo. 
Cem anos após a morte de Maomé, o domínio muçulmano ultrapassou os limites da 
Arábia e se estendeu por três continentes, controlando quase metade do mundo 
conhecido. Em torno do Islã, Maomé realizou a unidade política e religiosa dos Árabes, 
criando as condições internas para uma política de expansão. 
O Estado teocrático, isto é, baseado na religião e na autoridade divina, forneceu a base 
política e a força ideológica para a expansão muçulmana. 
A doutrina defendida por Maomé encontra-se exposta no Corão ou Alcorão, reunião de 
notas tomadas por seus discípulos enquanto Maomé falava. O Islamismo é uma religião 
sincrética, isto é, resulta da transposição de princípios extraídos do Judaísmo, do 
Cristianismo e, segundo alguns, do Zoroastrismo. O Corão afirma a existência de um 
único deus, Alá, e prega o combate aos infiéis por meio da Guerra Santa. 
A civilização islâmica assimilou e reelaborou o patrimônio cultural das civilizações com 
que entrou em contato, enriquecendo-a com contribuições originais, o que se deu com 
as culturas bizantina, hindu ou chinesa. Muitos desses conhecimentos foram 
transmitidos para a cultura cristã medieval. Os árabes fizeram grandes progressos no 
campo científico, sobretudo na astronomia, matemática, química e medicina, legando-os 
para o Ocidente. Nas artes, desenvolveram a literatura e nos deixaram a mais famosa 
coleção de contos escrita entre os séculos VIII e IX, As mil e uma noites, que reúne 
fábulas, anedotas, contos eróticos e aventuras. 
Foi na arquitetura, no campo das artes, no entanto, que mais se destacaram, combinando 
os estilos bizantino e persa, produzindo grandes obras (palácios, mesquitas e 
bibliotecas). 
Unidade 3 
A decadência do império começou a partir do século VIII, quando se esfacelou em 
diversos califados independentes, em virtude de conflitos políticos e religiosos. As 
pressões externas também tiveram início. No século IX a Guerra de Reconquista da 
Península Ibérica teve início, de onde, lentamente, os árabes seriam expulsos. No século 
XI os europeus desencadearam, contra os muçulmanos, as Cruzadas, com o objetivo 
inicial de tomar regiões que estavam sob o controle árabe. No século XIII foram 
atacados no Oriente pelos mongóis e, no século XIV, os turcos otomanos conquistaram 
o que ainda restava do outrora imenso império árabe. 
A educação na cultura islâmica 
Já a partir de Maomé e do papel assumido pelo alcorão, o islã teve um cuidado 
constante com a educação, a instrução e a formação do homem. Pela tradição xiita, era o 
imã, autoridade religiosa, quem devia conduzir a formação e o ensino com base na 
leitura do alcorão, interpretado em vários níveis conforme o grau de iniciação. Mas, pela 
tradição sunita, devia-se seguir, com rigor, o princípio da autoridade, atendendo-se às 
interpretações mais antigas e autorizadas, sem assumir nenhuma liberdade crítica. 
Os árabes ergueram escolas de ensino elementar e superior. Na primeira, ensinava-se a 
leitura e a escrita tendo por base o alcorão, que traz

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