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Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III → Diabetes mellitus (DM) é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, causada por uma ↓ na produção de insulina ou ↓ na sua ação, ou em ambos os mecanismos → Hiperglicemia persistente → complicações crônicas vasculares, aumento de morbidade, redução na qualidade de vida e elevação da taxa de mortalidade → A classificação baseia-se na etiologia → DM tipo 1 – doença autoimune, poligênica, decorrente da destruição das células beta pancreáticas, levando a uma deficiência completa na produção de insulina • Atinge, majoritariamente, crianças, adolescentes e adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres • DM tipo 1A: confirmada laboratorialmente pela presença de anticorpos − Envolve predisposição genética (alteração do gene HLA) e envolvimento de fatores ambientais como (infecções virais, dieta e composição da microbiota intestinal) que desencadeiam a resposta imune − Fase clinicamente manifestada: inicio abrupto, com a cetoacidose diabética como uma das primeiras manifestações • DM tipo 1B: idiopático, não se detecta os autoanticorpos na circulação → DM tipo 2 – maioria dos casos (90 a 95%) • Etiologia complexa e multifatorial – genética e fatores ambientais • Acomete, geralmente, indivíduos > 40 anos • Doença poligênica com forte herança familiar • Caracterizada principalmente pela resistência insulínica (↓ da ação) • O desenvolvimento e perpetuação da hiperglicemia ocorre concomitantemente com hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina, ↑ produção hepática de glicose, disfunção incretínica, ↑ da lipólise e consequente ↑ de ácidos graxos livres circulantes, ↑ absorção renal de glicose e graus variados de deficiência na síntese e na secreção de insulina pela célula beta pancreática • Assintomática ou oligossintomática por longos períodos → diagnostico por dosagem laboratorial de rotina ou manifestações das complicações crônicas → FATORES DE RISCO: • História familiar da doença • Idade > 45 anos • Obesidade (IMC maior ou igual a 25) • Sedentarismo, • Diagnostico prévio de pré-diabetes ou diabetes mellitus gestacional (DMG) • Presença de componentes da síndrome metabólica, tais como hipertensão arterial e dislipidemia • Doenças cardiovasculares, ovários policísticos; Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III • HDL < 35 ou TG > 250 • Sinal de resistência insulínica – acantose nigricans (lesão de pele hiperpigmentada decorrente de hiperinsulinemia – locais de dobras: axila, pescoço, virilha) → RASTREAMENTO DE GRUPOS ASSINTOMÁTICOS • Os assintomáticos com presença de fatores de risco devem realizar rastreamento para diagnóstico precoce • Avaliação laboratorial normal → repetição do rastreamento em intervalos de 3 anos ou de forma mais frequente • Na presença de pré-diabetes, recomenda-se reavaliação anual • Pacientes que tiverem resultados no limite superior do normal devem ser reavaliados em 3 a 6 meses • Questionário de risco da ADA – pontuação para cada fator de risco, sendo um score maior ou igual a 5 associado a risco aumentado para DM2 − Idade, sexo, história prévia de DMG ou HAS, história familiar de DM2 e nível de atividade física − Outro questionário FINDRISC − Rastreamento realizado sem utilização prévia de questionário devem ser feitos em indivíduos acima de 45 anos ou, em qualquer idade, pacientes com sobrepeso/obesidade, HAS ou histórico familiar de DM2 − IMC > 25 kg/m2; caso em asiáticos o risco já é aumentado em IMC > 23 kg/m2 → EXAMES COMPLEMENTARES • Glicemia em jejum – coleta de sangue periférico após jejum calórico de no min de 8h • Teste oral de tolerância à glicose (TOTG)– ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água, coleta- se uma amostra de sangue em jejum e outra após 2h da sobrecarga oral − Avaliação da glicemia após a sobrecarga pode ser a única alteração detectável no início da DM • Hemoglobina glicada (HbA1c) – análise do índice glicêmico nos últimos 3 a 4 meses − Medida indireta da glicemia, sofrendo interferência em casos de anemias, hemoglobinopatias e uremia • Confirmação do diagnostico requer a repetição dos exames alterados – o mesmo exame alterado com uma segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas de hiperglicemia Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III • Pacientes sintomáticos clássicos de hiperglicemia (poliuria, polidipsia, polifagia e emagrecimento) devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem, caso verifique glicemia aleatória maior ou igual a 200mg/dL • Orientações para exame: manter dieta habitual, não fazer uso de medicações e jejum de no mínimo 8 horas e máximo de 12 horas • INDICE ROMA → exame laboratorial para a relação de insulina e glicemia – detecta a resistência insulínica → Exames para avaliação do controle glicêmico • Hemoglobina glicada – utilizada para acompanhamento (icterícia, doença renal crônica, triglicérides, hemoglobinopatia → causam alteração no teste; não utilizada como diagnostico) • Glicemias capilares diárias – permitem o cálculo da glicemia média estimada − Utilizado mais em pacientes com uso de insulina; no caso da DM 2, pode ser feito com menor frequência a título de acompanhamento • Desvio-padrão da média da glicemia – variabilidade glicêmica • Tempo no alvo – período de tempo que o paciente esteve dentro da faixa recomendada de glicemia • A paciente foi diagnosticada pelo exame físico com hipertrofia de VE → solicitar ECG, ECO; hipertensos → fundoscopia anual; → METAS GLICÊMICAS → TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO → Terapia nutricional – tratamento de doença/condição por meio da mudança alimentar • Redução do risco de complicações microvasculares e da chance de doenças cardiovasculares (melhora do nível pressórico e de lipídeos) Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III • Individuo no centro do cuidado → manejo nutricional com caráter subjetivo; adaptações de acordo com as preferencias pessoais, com tomada de decisões de forma conjunta • Dieta mediterrânea – referência de padrão saudável, reduzindo a mortalidade por DCV − Prioriza consumo de azeite, legumes, vegetais, frutas, cereais integrais; consumo moderado a elevado de peixe e frango; moderado de laticínios e vinho; baixo consumo de carne vermelha e derivados • A orientação nutricional tem como alicerce uma alimentação variada e equilibrada, com foco em atender as necessidades nutricionais em todas as fases • Objetivo: peso saudável, alcance das metas de controle da glicemia, adequação de níveis pressóricos e lipídicos → • As recomendações nutricionais para a perda de peso, requerem a restrição de calorias ou de carboidratos − Dietas com baixo teor de carboidratos têm benefício no controle glicêmico, na perda de peso (mesmo sem focar na restrição calórica), na redução do uso de medicações e nos fatores de risco cardiovascular como aumento do HDL-colesterol, quando comparadas com dietas tradicionais. − Dietas com baixo índice glicêmico também apresentam benefício no controle glicêmico (redução de 0,43% na HbA1c) e níveis de HDL-colesterol. A ingestão de gordura saturada deve ser <7% do valor energético total (VET) e a de gordura trans deve ser mínima. Entretanto, perfil lipídico, função renal e consumo proteico no caso de nefropatias precisam ser monitorados • Carboidratos – a OMS desaconselha consumos inferiores a 130 g/dia (dietas low carb – falta de evidencias que garantam sua segurança e eficácia, e impacto na função renal, perfil lipídico, risco de hipoglicemia) − Deve ser dado preferencia às fibras, compostos bioativos, vitaminas, minerais e baixo teor de gordura − A recomendação diária é 50% – 60% do valor energético total (VET) idêntica à da população em geral Leticia S. Cordeiro| MED 18 | PIESC III − O consumo de 15g/dia de cereais integrais foi associado de forma positiva ao controle da DM2 − O índice glicêmico (IG) nos alimentos é o incremento sobre a curva glicêmica causado pela ingestão de uma porção de 50 g de um alimento fonte de CHO comparado a um alimento padrão. A carga glicêmica associa o índice glicêmico à quantidade de carboidratos ingeridos e está relacionada positivamente com o diabetes tipo 2. A utilização de DIETAS COM BAIXO IG pode servir como estratégia complementar no plano alimentar para o diabético, principalmente em períodos de hiperglicemias. A diminuição da carga glicêmica da dieta mostrou-se um método efetivo para perda de peso e melhoria do perfil lipídico. − Fatores que interferem na resposta glicêmica (tipo de preparação, processamento do alimento, nível de glicemia pré-prandial, etc) − Açucares livres – monossacarídeos (glicose, galactose e frutose) e dissacarídeos (sacarose ou açúcar de mesa) − A sacarose e alimentos contendo sacarose não são proibidos para indivíduos com DM, uma vez que não aumentam a glicemia mais do que outros carboidratos, quando ingeridos em quantidades equivalentes. Pode ser inserida na dieta saudável, mas caso adicionada à refeição, deve ser substituição de outra fonte de carboidrato e compensada com doses adicionais de insulina OMS recomenda, para a população em geral, que a ingesta de sacarose não seja maior que 5% do VET − Os carboidratos simples como açúcar, mel, açúcar mascavo, garapa, melado, rapadura, doces em geral e alimentos industrializados que contenham açúcar devem ser evitados ou substituídos por adoçantes não calóricos. − A ingestão eventual de açúcar comum poderá ser permitida em pequenas quantidades (10 g a 15 g) como sobremesas, já que nesta quantidade e nesta forma são minimizados os picos hiperglicêmicos decorrentes da sua ingestão. − 6 a 11 porções de CHO por dia. Deve-se levar em consideração o peso, sexo, idade e atividade do indivíduo ao determinar a quantidade de porções e fracioná-las ao longo do dia nas 5 a 6 refeições. − Preferencia por alimentos in natura, minimamente processados; moderado consumo de processados e ultraprocessados – população em geral • Alimentos dietéticos − Recomendados, desde que se conheça a composição nutricional − Produtos “diet” → isentos de sacarose, mas possuem alto teor calórico e presença de gorduas trans ou saturadas (chocolates, sorvetes, biscoitos) − Refrigerantes, sucos e gelatinas dietéticas → valor calórico próximo à zero, mas maior quantidade de sódio − Produtos “light” → valor calórico reduzido, mas podem conter açúcar − O uso moderado de adoçantes não calóricos ou edulcorantes pode ser recomendado, pois mostraram-se seguros quando consumidos em quantidades usuais. − No Brasil, são disponíveis aspartame, sacarina, ciclamato, acesulfame K, sucralose e estévia. − Recomenda-se alternar o tipo de adoçante. − A frutose, o mel e o açúcar mascavo têm o mesmo valor calórico do açúcar e não são recomendados para pessoas com DM. Se utilizados, a ingestão deverá ser eventual e em pequenas quantidades − RECOMEDA-SE: retirar o açúcar em todas as formas, não indicar a troca por adoçante, mas caso seja para doçar, utilizar 3 gotas por copo! Frutas adocicadas devem ser consumidas de forma Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III controlada, dando preferencia para frutas menos maduras e mais ricas em fibras (maçã, pera, laranja) frutas com alto índice de gordura (abacate). MÁXIMO DE 4 PORÇÕES/DIA → Atividade física • A prática regular de atividade física é fundamental na adoção de hábitos de vida mais saudáveis e no controle do DM. Tanto a atividade física, quanto o exercício físico aumentam a captação de glicose pelo tecido muscular por mecanismos independentes daqueles mediados pela insulina. • O exercício físico regular melhora o controle glicêmico, diminui os fatores de risco para doença coronariana, contribui para a perda de peso, melhora o bem-estar, além de prevenir DM tipo 2 em indivíduos de alto risco. • Exercícios aeróbicos e resistidos (de força/carga), reduzem de forma semelhante o nível da HbA1c • Antes de iniciar a prática de atividade física, é necessário avaliar as condições atuais do paciente, o controle metabólico, o potencial para o autocuidado e avaliar complicações • O teste de esforço, quando disponível, poderá ser um dos recursos utilizados na avaliação e acompanhamento do usuário para a prática da atividade física, principalmente quando apresenta história de complicações cardiovasculares. • As pessoas com DM tipo 1 ou DM tipo 2 que utilizam grandes doses de insulina e já não apresentam produção endógena devem ter um maior controle glicêmico, observando alimentação e atividade física. − Não é recomendado que a pessoa realize atividade física intensa em casos de cetoacidose. Nestes casos, a atividade física vigorosa pode piorar o quadro. − Se a pessoa estiver com a glicemia menor de 100 mg/dl, pode ser orientada a ingerir um alimento com carboidrato antes de iniciar as atividades. • Independente da modalidade, a atividade física deve ser iniciada de forma gradual. Por exemplo, iniciar com caminhadas rápidas por 5 a 10 minutos em terreno plano, aumentando em 30 a 60 minutos diários, 5 a 7 dias por semana, aumentando também a intensidade. Nesse processo, qualquer aumento de atividade física deve ser valorizado como um ganho de saúde e não como uma frustração de meta não alcançada. Cabe lembrar que essa orientação sempre deve vir acompanhada de orientação nutricional, tendo em vista que a orientação para aumentar atividade física isoladamente não resulta em redução significativa da HbA1c. → PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO • Entre as complicações crônicas do diabetes mellitus (DM), as úlceras de pés (também conhecido como pé diabético) e a amputação de extremidades são as mais graves e de maior impacto socioeconômico • A prevenção, por meio do exame frequente dos pés de pessoas com DM, realizado pelo médico ou pela enfermeira da Atenção Básica, é de vital importância para a redução das complicações. Há evidências sobre a importância do rastreamento em todas as pessoas com diabetes a fim de identificar aquelas com maior risco para ulceração nos pés, que podem se beneficiar das intervenções profiláticas, incluindo o estímulo ao autocuidado • A consulta de acompanhamento de pessoas com DM deverá incluir uma rotina sistemática de avaliação da sensibilidade protetora e da integridade dos pés com vistas a prevenir danos, durante Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III alguns aspectos da história são essenciais para a identificação das pessoas de maior risco para ulceração dos pés • Fatores de risco para úlceras nos pés: Neuropatia (evento inicial e mais importante), pressão plantar excessiva, trauma repetitivo, etc • Indica-se exame dos pés anual, identificando fatores de risco para úlcera e amputação • presença de sintomas neuropáticos positivos (dor em queimação ou em agulhada, sensação de choque) e negativos (dormência, sensação de pé morto), além da presença de sintomas vasculares (como claudicação intermitente), controle glicêmico e complicações → VACINAÇÃO DO DIABÉTICO • Pacientes com DM → maior risco de infecções pneumocócica grave e complicações decorrentes de influenza • Maior risco de infecção fúngica, viral e bacteriana • ADA recomenda que os pacientes com DM devem realizar o esquema vacinal básico proposto por idade, mas pede atenção especial para as vacinas INFLUENCA, PNEUMOCÓCICA (VPC13 e VPP23) e HEPATITE B • CDC (Center of Diseases Control) inclui ainda as vacinas: VACINA TRIPLICE BACTERIANA DO TIPO ADULTO (dTpa) e a VACINA HERPES-ZÓSTER Leticia S. Cordeiro | MED 18 | PIESC III
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