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A Importância da Literatura Infantil na Educação

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Prévia do material em texto

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ 
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ 
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
JULIANA DAROCESKI GUEDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LITERATURA INFANTIL NO COTIDIANO EDUCATIVO DAS CR IANÇAS 
PEQUENAS: 
A IMPORTÂNCIA DO CONTAR E VIVENCIAR HISTÓRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São José 
2011 
 
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ 
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ 
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
JULIANA DAROCESKI GUEDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LITERATURA INFANTIL NO COTIDIANO EDUCATIVO DAS CR IANÇAS 
PEQUENAS: 
A IMPORTÂNCIA DO CONTAR E VIVENCIAR HISTÓRIAS 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado 
como requisito parcial para a obtenção do 
grau de licenciatura em Pedagogia do Centro 
Universitário Municipal de São José – USJ. 
 
Orientadora: Profª MSc. Simone Ballmann de 
Campos. 
 
 
 
 
São José 
2011 
 
JULIANA DAROCESKI GUEDES 
 
 
 
 
 
 
A LITERATURA INFANTIL NO COTIDIANO EDUCATIVO DAS CR IANÇAS 
PEQUENAS: 
A IMPORTÂNCIA DO CONTAR E VIVENCIAR HISTÓRIAS 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para a obtenção 
do grau de licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Municipal de São José 
– USJ, avaliado pela seguinte banca examinadora: 
 
 
 
 _________________________________ 
Orientadora: Profª Simone Ballmann de Campos, MSc. 
 
 _________________________________ 
 Profª Marluci Guthiá Ferreira, MSc. 
 
 _________________________________ 
 Profº Abel da Silveira Viana, MSc. 
 
 
 
 
 
 
São José, 17 de junho de 2011. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Primeiramente agradeço a Deus, pelo dom da vida e por iluminar meus 
caminhos; a meus pais, por me trazerem ao mundo e pela boa formação que me 
proporcionaram; ao meu sobrinho/afilhado, por me fazer feliz sempre que sorri, 
falando “dinda”; à minha família de uma forma em geral e a meus amigos, que foram 
compreensivos nos momentos que tive que lhes deixar de lado para poder estudar e 
me dedicar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esse estudo buscou analisar a vivência da contação de histórias na Educação 
Infantil, propiciando, a partir da literatura infantil, a expressão da arte, da imaginação 
e da criatividade infantil em sala de aula, na qual foi possível verificar o incentivo às 
crianças ao hábito da leitura, identificando os motivos que levaram a professora 
contadora de histórias a utilizar a literatura infantil em sua rotina de classe. A coleta 
de dados foi realizada em duas instituições de Educação Infantil, da rede municipal 
de São José e Palhoça, nas quais observei o comportamento das crianças durante a 
contação de histórias, através da técnica de observação, durante doze encontros, 
sendo aplicado um questionário com a professora contadora de histórias. 
Inicialmente, a pesquisa foi desenvolvida através do estudo bibliográfico, sendo 
realizada uma pesquisa básica do ponto de vista da sua natureza e qualitativa 
quanto à abordagem do problema. Realizou-se uma pesquisa de campo, referente a 
observações e perguntas – questionário – para a professora contadora de histórias, 
acerca de informações sobre a literatura infantil e sua importância no 
desenvolvimento das crianças. Referente aos objetivos a pesquisa é explicativa 
observacional e de acordo com os procedimentos técnicos é participante. Fez-se a 
análise das observações, juntamente com o questionário, identificando-se o alcance 
dos objetivos. A realização deste trabalho contribuiu de maneira significativa para 
evidenciar a importância da literatura infantil na Educação Infantil, além de chamar a 
atenção dos professores no que se refere a estar atento e perceber que 
necessitamos de paixão e atualização constante em nosso fazer pedagógico. 
 
 
Palavras-chave: Contação de histórias. Literatura infantil. Criatividade infantil. Hábito 
da leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 7 
1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 8 
2 DESENVOLVIMENTO..................................................................................... 10 
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................. 10 
2.1.1 Infância............................................................................................................ 10 
2.1.2 Expressão da arte........................................................................................... 12 
2.1.3 Literatura infantil.............................................................................................. 14 
2.1.3.1 Muitas formas de contar histórias................................................................ 15 
2.1.4 A professora contadora de histórias............................................................... 19 
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................... 21 
2.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.................................................... 23 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................. ............................................... 34 
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 36 
APÊNDICE............................................................................................................... 39 
APÊNDICE 1 - DATA: 25/03/2010 - 1ª OBSERVAÇÃO.......................................... 40 
APÊNDICE 2 - DATA: 08/04/2010 - 2ª OBSERVAÇÃO.......................................... 41 
APÊNDICE 3 - DATA: 15/04/2010 - 3ª OBSERVAÇÃO.......................................... 42 
APÊNDICE 4 - DATA: 20/04/2010 - 4ª OBSERVAÇÃO.......................................... 44 
APÊNDICE 5 - DATA: 22/04/2010 - 5ª OBSERVAÇÃO.......................................... 45 
APÊNDICE 6 - DATA: 29/04/2010 - 6ª OBSERVAÇÃO.......................................... 49 
APÊNDICE 7 - DATA: 12/04/2011 - 7ª OBSERVAÇÃO.......................................... 51 
APÊNDICE 8 - DATA: 13/04/2011 - 8ª OBSERVAÇÃO.......................................... 52 
APÊNDICE 9 - DATA: 14/04/2011 - 9ª OBSERVAÇÃO.......................................... 52 
APÊNDICE 10 - DATA: 15/04/2011 - 10ª OBSERVAÇÃO...................................... 53 
APÊNDICE 11 - DATA: 18/04/2011 - 11ª OBSERVAÇÃO...................................... 53 
APÊNDICE 12 - DATA: 19/04/2011 - 12ª OBSERVAÇÃO..................................... 54 
APÊNDICE 13 - QUESTIONÁRIO........................................................................... 54 
 
 7
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Esta pesquisa introduz para o meio acadêmico a importância da Literatura 
Infantil no desenvolvimento das crianças da Educação Infantil. Mesmo havendo 
programas de incentivo à contação de histórias, é necessário obter informações para 
que esta prática seja integrada às escolas e instituições de Educação Infantil, 
contribuindo para a formação de futuros leitores. 
 A contação de histórias partiu do princípio de que a narração de fatos reais ou 
de ficção estimula a criatividade, a concentração e o autoconhecimento. O ouvir 
histórias pode proporcionar à criança o imaginar, o sonhar, a possibilidade de 
conhecer culturas diversas etc. Além disso, a narração de histórias pode incentivar e 
despertar o gosto pela leitura, embora isso nem sempre seja alcançado. 
 Este trabalho foi desenvolvido a partir das observações realizadas num 
campo de estágio, na Educação Infantil, onde foi possível identificar que as crianças 
ficavam atentas quando a professora contava uma história e a relacionava com 
algumas atividades. Diante de tais observações, percebeu-se a importânciade 
ampliar os momentos da contação de histórias da Literatura Infantil, já que eram 
momentos significativos para as crianças. 
 A contação pode complementar várias disciplinas e também utilizar outras 
artes como a música, a dança, a poesia, a declamação, a mímica, as artes plásticas, 
entre outras. Não existem regras fixas. Cada um determina a sua maneira de narrar. 
 Neste estudo, inicialmente será apresentada a justificativa, na qual serão 
evidenciados os diálogos e reflexões acerca da importância da contação de histórias 
na Educação Infantil, juntamente com os objetivos. 
 Em seguida está exposto o desenvolvimento, que traz no referencial teórico 
discussões e pesquisas realizadas sobre a infância, a expressão da arte, a literatura 
infantil, as muitas formas de contar histórias e a professora contadora de histórias 
em sala de aula, para demonstrar a importância da temática e dar subsídios à 
análise dos dados obtidos por meio deste estudo, que tem como questão 
norteadora: “Como ocorre a vivência da contação de histórias na Educação Infantil?” 
 Na sequência, apresentarei os procedimentos metodológicos, a apresentação 
e análise dos dados, finalizando com as considerações finais. 
 
 
 8
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
 
 Partindo das observações de estágio na Educação Infantil, percebi que as 
crianças permaneciam atentas quando a professora contava uma história e a 
relacionava com as atividades. Portanto, este foi o ponto de partida para a escolha 
do tema deste trabalho. 
A partir das observações vivenciei, juntamente com as crianças, experiências 
significativas por meio da contação de histórias infantis, com a finalidade de 
proporcionar a ludicidade, respeitando a infância. Contudo, percebi que a contação 
de histórias poderia ir além do lúdico, pois possibilita as mais diversas linguagens e 
formas de expressão, podendo ser narrada através da música, teatro, dança, 
filmes/desenhos animados, entre outros. Por isso, a importância da sua inserção em 
sala. 
 Durante uma das observações ficou perceptível tal importância: 
[...] V. com um livro na mão, se aproximou de mim: 
 V. (entregando-o) – Conta “pá” mim? 
 – Conto sim (respondi-lhe). 
Então, iniciei a contação de história, porém, de forma “diferente” da escrita. E 
algumas crianças, observando-me contar, se aproximaram e escutaram com 
atenção. Ao terminar, V. segurou o livro e disse que contaria também. De repente, 
se aproximou o menino L. que colocou um vestido por cima de sua roupa. Trajado, 
ele ficou próximo das outras crianças escutando a história. Terminando a mesma, 
elas pegaram vários livros e caminharam pela sala (DIÁRIO DE CAMPO – Estágio 
Curricular em Educação Infantil: 22/04/2010). 
Segundo Abramovich (1997, p. 17), “é através de uma história que se pode 
descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, 
outra ética, outra ótica [...]”. Nessa mesma perspectiva Vigotski (1998) afirma que a 
partir de uma história simples com objetos figurativos, as crianças podem lê-la 
facilmente, da sua maneira, através da familiaridade que possuem com estes 
objetos, que poderiam representar as personagens, por exemplo. 
Ao desenvolver a temática “Literatura Infantil: contando e vivenciando 
histórias”, pretendo fazer com que os leitores deste trabalho compreendam o papel 
da contação de histórias na Educação Infantil, na qual pode-se incentivar as 
crianças ao hábito da leitura, propiciando a expressão da arte, da imaginação e da 
 9
 
criatividade infantil em sala. Além disso, busquei identificar os motivos que levaram a 
professora contadora de histórias a utilizar a literatura infantil em sua rotina de 
classe. 
Pode-se observar que as crianças 
 
[...] vivem intensamente suas experiências, descobertas; que exploram os 
sentidos, os significados, as cores, a água, a terra, o fogo; que desejam 
tocar, mexer, desmanchar o que já estava feito; que fazem e refazem 
muitas e muitas vezes a mesma coisa; que significam e resignificam o 
mundo à sua moda; que correm, pulam, andam, sobem, descem, 
escorregam, se escondem embaixo da mesa, das cadeiras, contam e 
recontam a mesma história [...] vivem diferentes papéis: de mãe, pai, avô, 
avó, médico, aviador, motorista, professor; que criam e recriam um mundo 
de fantasia e imaginação, pintam a realidade, desenham o mundo, brincam 
de faz-de-conta [...] (BATISTA, 2008, p. 61-62). 
 
 Na Educação Infantil, a narração de histórias além de proporcionar à criança 
a possibilidade de aprender a escutar, pode fazer com que a mesma vivencie e 
participe desta, de forma ativa. Portanto, deve-se privilegiar a narrativa, as histórias 
e a conversação, apoiadas na diversificação do repertório literário e poético. 
 Dessa maneira, esse estudo teve os seguintes objetivos: 
 -Analisar a vivência da contação de histórias na Educação Infantil. 
 -Investigar como a professora oportuniza, a partir da literatura infantil e 
contação de histórias, a expressão da arte, da imaginação e da criatividade infantil 
em sala. 
 -Verificar se há e como ocorre o incentivo às crianças ao hábito da leitura. 
 -Identificar os motivos que levaram a professora contadora de histórias a 
utilizar a literatura infantil em sua rotina pedagógica. 
 Assim, ao observar o comportamento das crianças durante a contação de 
histórias, acredito cumprir o que trago como objetivos, analisando e destacando a 
vivência e o incentivo da literatura infantil no que se refere ao hábito da leitura, bem 
como os motivos que levam a professora contadora de histórias a utilizá-la em sua 
rotina de classe. 
Portanto, essa pesquisa torna-se relevante para que se evidencie a 
importância da brincadeira e da literatura na Educação Infantil. Além disso, para que 
os professores percebam que necessitam de paixão e atualização constante em seu 
fazer pedagógico. 
 
 10
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
 
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
2.1.1 Infância 
 
 É importante considerar a criança como um sujeito cultural de direitos e 
produtora de cultura, ou seja, que ressignifica a mesma. Sarmento (2004, p. 10) 
afirma, que 
 
[...] as crianças são também seres sociais e, como tais, distribuem-se pelos 
diversos modos de estratificação social: a classe social, a etnia a que 
pertencem, a raça, o gênero, a região do globo onde vivem. Os diferentes 
espaços estruturais diferenciam profundamente as crianças. 
 
 A cultura em si constitui-se pela diversidade de sentidos e significados de um 
povo, de acordo com a classe social, a religiosidade, a etnia, o gênero, entre outros 
fatores. Portanto, por haver diferentes culturas, cabe a cada cidadão compreender a 
cultura do outro, que por vezes é um desafio. Há também as culturas infantis que 
são diferenciadas por terem características muito próprias. 
 Coutinho (2002) afirma que ao observar as crianças é possível perceber que 
criam possibilidades de contatos, expressões e experimentações, nos quais se 
diferenciam dos adultos. E, além disso, para os pequenos a realidade e a fantasia – 
o mundo imaginário, o faz-de-conta – caminham juntos. 
 Com isso, identifica-se que as crianças não só imitam os adultos, mas a partir 
do contexto de vida em que estão inseridas e seus saberes, criam suas próprias 
culturas. Portanto, cabe salientar que não há infância, mas infâncias, pois esta não é 
homogênea, mas heterogênea. Sendo assim, observa-se uma diversidade cultural 
entre as crianças, transparecendo em suas atitudes, brincadeiras, diálogos, entre 
outros. 
 É importante ressaltar que a concepção de infância muda conforme a 
transformação da sociedade. Atualmente a criança é um sujeito de direitos e 
participa ativamente da sociedade em que vive, criando sua própria cultura. 
 11
 
 Outra questão pertinente à infância é a brincadeira. Portanto, torna-se 
extremamentenecessário considerá-la como importante para o desenvolvimento de 
qualquer criança, pois é parte integrante da infância. A partir da brincadeira, tanto o 
educador pode criar situações lúdicas na instituição de Educação Infantil, como 
também deixar meninas e meninos produzirem suas próprias brincadeiras e regras. 
 Para Cunha (2001, p. 14), “brincar desenvolve as habilidades da criança de 
forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças, 
desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim 
com prazer”. Ser criança é poder criar, (re)criar e viver no faz-de-conta. Na 
brincadeira, a criança aprende, mas também nos ensina seus modos de ser e de 
estar no mundo. 
 Vigotski (1998, p. 136), por sua vez, ressalta que 
 
[...] para uma criança com menos de três anos de idade o brinquedo é um 
jogo sério, assim como o é para um adolescente, embora, é claro, num 
sentido diferente da palavra; para uma criança muito pequena, brinquedo 
sério significa que ela brinca sem separar a situação imaginária da situação 
real. Para uma criança em idade escolar, o brinquedo torna-se uma forma 
de atividade mais limitada, predominantemente do tipo atlético, que 
preenche um papel específico em seu desenvolvimento, e que não tem o 
mesmo significado do brinquedo para uma criança em idade pré-escolar. Na 
idade escolar, o brinquedo não desaparece, mas permeia a atitude em 
relação à realidade. 
 
 Em consonância, Sarmento (1997, p. 12) afirma que 
 
A ludicidade constitui um traço fundamental das culturas infantis. Brincar 
não é exclusivo das crianças, é próprio do homem e uma das actividades 
sociais mais significativas. [...] Contrariamente aos adultos, entre brincar e 
fazer coisas sérias não há distinção, sendo o brincar muito do que as 
crianças fazem de mais sério. 
 
 Além disso, outras características da infância são: o faz-de-conta, a 
diversidade cultural e as múltiplas linguagens, que segundo Coutinho (2002) 
representam os modos de as crianças se relacionarem. Através das linguagens é 
possível que ocorra a troca de experiências, histórias de vida, desejos, sonhos e 
sentimentos, possibilitando diversas maneiras de expressão para as crianças. 
 
 
 
 12
 
 Nesse sentido, conforme Vigotski (1998, p. 146): 
 
[...] um objeto adquire uma função de signo, com uma história própria ao 
longo do desenvolvimento, tornando-se [...] independente dos gestos das 
crianças. Isso representa um simbolismo de segunda ordem e, como ele se 
desenvolve no brinquedo, consideramos a brincadeira do faz-de-conta como 
um dos grandes contribuidores para o desenvolvimento da linguagem 
escrita – que é um sistema de simbolismo de segunda ordem. 
 
 Não podemos considerar que os adultos não vivenciem a brincadeira, pois 
ocorre de forma diferente da criança. Como afirma Fantin (2000, p. 53), “quando 
brinca, a criança cria uma situação imaginária que surge a partir do conhecimento 
que possui do mundo em que os adultos agem e no qual precisa aprender a viver.” 
O brincar e o faz-de-conta podem acontecer em qualquer lugar e em diversas 
situações. 
 
 
2.1.2 Expressão da arte 
 
 Inicialmente, cabe salientar a importância de as crianças desenvolverem suas 
habilidades e potencialidades, através das atividades artísticas. Pois é uma forma 
delas terem o contato com a arte e poderem se expressar. Segundo Read (1986, p. 
29): 
 
Sabemos que uma criança absorvida num desenho ou em outra atividade 
criativa qualquer é uma criança feliz. Sabemos, pela simples experiência 
diária, que auto-expressão é autodesenvolvimento. Por essa razão é nosso 
dever reivindicar uma grande parcela do tempo da criança para as 
atividades artísticas [...]. 
 
As atividades artísticas, além de possibilitarem uma aproximação com a arte, 
e através desta se expressar, fazem com que a criança utilize sua imaginação e 
criatividade, por meio da qual cria, transforma, constrói e desconstrói, uma ou várias 
vezes, o quanto for necessário, um desenho, uma pintura, entre outros. 
 
 
 
 
 13
 
Como afirma Simões (2000, p. 24): 
 
Por suas atividades diárias, a criança tem contato com o real, com os 
outros. Ao mesmo tempo, sua imaginação se desenvolve, pois ela toma 
consciência de seus limites, vive conflitos, experimenta emoções 
contraditórias e tem muitas dúvidas que não consegue esclarecer. Para 
tentar resolvê-las e dominar suas angústias, impulsionada por sua 
curiosidade, ela procura sonhar, imaginar. E, se conseguir canalizar esse 
mundo imaginário em ações no mundo real, ela desenvolve a capacidade 
de criação. 
 
Portanto, não deve ser feito para uma criança aquilo que seja capaz de fazer 
sozinha. Por exemplo: se é proposto que se faça um desenho através de uma 
história que foi contada e um educando pede para o educador fazer, pois afirma que 
não sabe desenhar tal coisa, este último deve incentivá-lo, mas não realizar por ele. 
Em momentos como este é fundamental instigar a criança a tentar. E é 
exatamente nesse sentido que Camargo (2010) nos chama a atenção, pois a 
vivência deste processo é uma das fases mais importantes da arte, em que a 
criança expressa através do desenho sua criatividade e imaginação sobre o que lhe 
foi proposto. Ao longo do tempo, irá perceber que sua dedicação interfere no 
resultado, aprendendo a anteceder gratificações e também a suportar frustrações – 
já que nem tudo sai perfeitamente como planejamos. 
A expressão da arte pode ser desenvolvida através de diversas formas, 
como: música, dança, teatro, literatura, desenhos, pinturas etc. Através do espaço 
educativo formal, a escola, a maioria das crianças e adolescentes tem o acesso à 
arte. Por isso, como afirma Barbosa (1991, p. 6) “precisamos levar a arte que hoje 
está circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se 
patrimônio da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população”. 
Todavia, é necessário salientar que não é somente a escola que possibilita o 
acesso dos educandos à arte, ou seja, ela é a expressão da cultura popular, na qual 
as pessoas estão em constante contato. Porém, a ideia anteriormente desenvolvida 
quer mostrar a importância que a arte possui dentro do âmbito educacional. Por isso, 
é fundamental desenvolvê-la neste espaço de aprendizagem. 
 
 
 
 
 14
 
2.1.3 Literatura infantil 
 
 A primeira infância é um excelente momento para inserir a literatura infantil na 
vida das crianças, pois além de estarem em contato com as palavras e sons, as 
histórias despertam a curiosidade e a imaginação. Nos livros, a beleza dos contos 
não está somente no texto, mas também nas ilustrações que dão vida e movimento 
às histórias. 
 Segundo Pires (2009, p. 85-86): 
 
[...] as pessoas sempre manifestaram interesse em narrar. Apreciam filmes, 
novelas de televisão ou romances porque, fundamentalmente, esses 
gêneros contam uma história. [...] Várias condições podem propiciar esse 
interesse particular que possuímos pelas histórias. Em primeiro lugar, o fato 
de a própria vida poder ser entendida como uma história – sucessão de 
acontecimentos e emoções. Um outro motivo, que talvez justifique essa 
paixão, é a identificação com os sentimentos dos personagens. 
 
 A literatura infantil, além de interessar às crianças, torna o mundo e a vida 
compreensíveis. Revela novos e diferentes mundos e vidas, possibilitando 
alternativas de prazer, encantamentos, descobertas e sentimentos variados. Além 
disso, possui valores formativos para o desenvolvimento da criança, podendo 
contribuir para o amadurecimento emocional, já que as histórias possuem amplos 
gêneros textuais. 
 De acordo com Simões (2000, p. 23-24): 
 
Especialmente os contos de fada que tratam de assuntos existenciais, como 
morte de progenitores, perigos, o mal e o bem etc. Eles colocam dilemas 
existenciais de forma simples e categórica, o que possibilita à criança 
experienciar o problemade forma mais essencial e trabalhar suas angústias 
com mais nitidez. [...] Lidando com problemas humanos universais, 
particularmente os que preocupam o pensamento da criança, estas histórias 
[...] encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam as 
pressões. 
 
 As histórias literárias possibilitam também o acesso ao riquíssimo conjunto de 
diversificados contos que constituem a cultura de nossas sociedades. Desta forma, 
contribuem para o desenvolvimento linguístico através da compreensão, 
interpretação e construção de sentidos. 
 As crianças estão em constante contato com a fala, seja somente ouvindo as 
pessoas, ou participando das conversas. Por isso, de acordo com Simões (2000), é 
 15
 
através do meio cultural, social, de interação com o outro, que são despertados 
processos internos para o desenvolvimento linguístico. Ainda, é o contato, a 
participação da criança com o meio, que contribui para a construção do 
conhecimento e o desenvolvimento da linguagem. 
 As narrativas e dramatizações possibilitam que as crianças entrem no mundo 
do faz-de-conta, da fantasia, dos encantos e da criatividade, vivenciando e 
experimentando novas histórias e papéis sociais. Abramovich (1997, p. 23) afirma 
que “o ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, 
o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a 
mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!” 
 Ler um livro para uma criança é algo simples que pode despertar desde cedo 
o gosto pela leitura e pelo conhecimento. Porém, deve ser algo prazeroso que 
ensina a sonhar, a pensar, a refletir e até mesmo, um dia quem sabe, a ser capaz de 
escrever a sua própria história. Segundo Kramer (1993, p. 196) “[...] o saber abrange 
a dimensão científica, mas abrange igualmente a produção cultural, a literatura, a 
poesia, a arte em geral e a arte presente no cotidiano. O saber engloba a dimensão 
artística”. 
 Os contos proporcionam às crianças um novo mundo, em que tudo é 
possível. A imaginação e o sonho são as principais características, e fazem parte 
das vivências de novas histórias. Nesse sentido, Pires (2009) chama a atenção para 
as histórias, como essenciais da imaginação humana, pois na vida real os 
acontecimentos ocorrem de maneira habitual. Todavia, nas histórias tudo é possível, 
ou seja, não existem barreiras entre fantasia e realidade. 
 
 
2.1.3.1 Muitas formas de contar histórias 
 
 As histórias infantis nos permitem explorar outros modos de se contar uma 
história: narrada, cantada ou teatral, na qual uma mesma história pode ser 
(re)contada de várias maneiras, revivendo-a de outra forma. 
 
 
 
 
 16
 
 De acordo com Simões (2000, p. 24): 
 
Os desenhos, as narrativas, enfim, são maneiras de agir para dominar as 
emoções; as explosões de sonhos e imagens são dirigidas então para a 
criação. Portanto, a criança deve conseguir alimentar seu imaginário e 
expressá-lo. Desenvolver a função simbólica por meio de textos, imagens e 
sons é uma forma de sustentá-lo. 
 
 Deste modo, o desenho animado pode ser utilizado não só como uma forma 
diferente de se contar uma história, mas também com outras finalidades. Outra 
forma de se contar uma história, por exemplo, é através da música, que serve tanto 
para um momento de relaxamento, acalmando as crianças, como também para 
explorar a musicalidade infantil. Observa-se que, 
 
O caráter lúdico da música lhe é inerente; as crianças, historicamente, 
sempre se aproximaram da música. Da canção de ninar e do chocalho ao 
primeiro CD pedido de presente, a vida da criança, em diferentes contextos 
sociais, é marcada pela convivência com esta linguagem artística, talvez a 
mais presente delas. [...] Muitas vezes, essa música se materializa em uma 
brincadeira, isto é, deixa de ser pano de fundo sonoro e passa a ser parte 
integrante do brincar (NOGUEIRA, 2000, p. 1 apud OLIVEIRA, 2001, p. 69). 
 
 Por isso, as cantigas podem ser utilizadas não apenas como uma forma de 
explorar as múltiplas linguagens, mas também como algo significativo para as 
crianças, que muitas vezes as transformam em brincadeira. Além disso, há a 
possibilidade de elas terem um contato maior junto às histórias musicais, com as 
personagens da música em dedoche, fantoche, entre outras, ou confeccionando-as. 
 Vivenciar uma história é algo fantástico para qualquer criança. Portanto, cabe 
ao educador diversificar as formas de narrar um conto, possibilitando diferentes 
momentos e oportunizando a vivência das histórias infantis. Porém, como afirma 
Lucas; Caldin e Silva (2006, p. 401): 
 
O texto escrito permite, entretanto, certa flexibilidade [...]: pode ser lido, 
contado ou dramatizado. A leitura destaca o estilo do autor, concede 
primazia a uma linguagem mais elaborada, diferente da linguagem do 
cotidiano, permite [...] que o leitor sinta-se livre para inferir sentidos de 
acordo com a interpretação que lhe apraz. O narrar, mesmo baseando-se 
em um texto escrito, privilegia a memorização, a gestualidade, a 
performance, a modulação da voz, o ritmo e a autoridade da voz. [...] O 
dramatizar, isto é, a arte de representar, não prescinde do texto literário. O 
teatro traduz em palavras o que estava escrito. As personagens falam e 
agem conforme o texto que o autor montou, pois, para passarem a 
mensagem do poeta, necessitam do enredo. 
 
 17
 
 Sempre que possível, deve-se propiciar às crianças o contato com as 
personagens, seja de um livro, música, etc., tornando esses momentos mais 
prazerosos e significativos. Afinal, nada melhor do que poder tocá-los e senti-los. 
 Como afirma Simões (2000), a contação de histórias para os pequenos é 
comum, tanto no âmbito familiar como no escolar, ocorrendo de maneira habitual, já 
que a criança geralmente se interessa por elas. Além disso, as histórias contribuem 
no desempenho dos processos de aquisição e desenvolvimento linguístico, sendo 
utilizadas geralmente pelos contadores – pais e professores – como um meio de 
lazer e diversão, distração ou até mesmo pedagógico. 
 Desde muito cedo as crianças estão inseridas no mundo das mais 
diversificadas informações, tentando compreendê-las. Conforme Ferreiro (2010, p. 
96-97): 
 
a) a informações que recebem dos próprios textos, nos contextos em que 
aparecem (livros e jornais, [...] roupas, TV etc.); 
b) informação específica destinada a elas mesmas, como quando alguém 
lhes lê uma história [...]; 
c) informação obtida quando participa de atos sociais que envolvam o ato 
de ler ou de escrever. [...] Vejamos alguns exemplos: 
• alguém consulta o jornal [...] está informando à criança [...] que a escrita 
serve para transmitir informação; 
• alguém consulta uma agenda [...] indiretamente a criança inteira-se de 
outra das funções essenciais da escrita: [...] serve para expandir a 
memória, e que a leitura permite recuperar uma informação esquecida; 
• recebe-se uma carta de um familiar, lê-se e comenta-se [...] informa-se 
à criança que a escrita permite a comunicação a distância. 
 
 Analisando o papel da contação de histórias na Educação Infantil, constata-se 
que a literatura infantil está inserida em duas áreas: arte e pedagogia. A primeira, 
porque pode desenvolver o gosto pela leitura através da diversão, fantasia e 
imaginação expressas nos livros. E, a outra, porque faz parte da formação de 
leitores e futuros leitores. 
 Portanto, cabe aqui ressaltar que ambas precisam ser levadas em 
consideração, ou melhor, devem “andar” juntas. Porém, surge uma questão: o 
cuidado que se deve ter com as práticas escolarizantes, pois se trata da Educação 
Infantil. 
 
 
 
 18
 
 De acordo com Soares (2002, p. 1), observa-se que, 
 
O livro usado didaticamente em sala de aula – essa é uma expressão a 
respeito da qual convém pensar um pouco. Estamos falando do livro que é 
o livro que não é didático, que não foi feito paraa escola. É o livro que é 
usado fora das paredes da escola, que serve a uma prática social de leitura 
e que é levado para a sala de aula. Sem dúvida isso tem de ocorrer, deve 
ocorrer, apenas é necessário que estes livros sejam trabalhados de maneira 
adequada. [...] Então, esse livro não-didático, trazido para a sala de aula, é 
um livro que é escolarizado, mas o que se deseja é que seja bem 
escolarizado. Que essa escolarização não mate as características básicas 
da prática social de leitura. 
 
 Tendo como foco a literatura infantil na Educação Infantil e utilizando livros 
como recursos didáticos – conhecimento da leitura e da escrita – cabe planejar a 
utilização dos mesmos cautelosamente para não ser confundida ou vista como uma 
prática preparatória para o ensino fundamental, uma antecipação da escolarização. 
Porém, como afirma Ferreiro (2010, p. 98-99): 
 
A pré-escola deveria permitir a todas as crianças a liberdade de 
experimentar os sinais escritos, num ambiente rico em escritas diversas, ou 
seja: escutar alguém lendo em voz alta e ver os adultos escrevendo; tentar 
escrever (sem estar necessariamente copiando um modelo); tentar ler 
utilizando dados conceituais, assim como reconhecendo semelhanças e 
diferenças nas séries de letras; brincar com a linguagem para descobrir 
semelhanças e diferenças sonoras. [...] Um ato de leitura é um ato mágico. 
Alguém pode rir ou chorar enquanto lê em silêncio, e não está louco. 
Alguém vê formas esquisitas na página, e de sua boca “sai linguagem”: uma 
linguagem que não é a de todos os dias, uma linguagem que tem outras 
palavras e que se organiza de uma outra forma. [...] Em vez de nos 
perguntarmos se “devemos ou não devemos ensinar”, temos de nos 
preocupar em DAR ÀS CRIANÇAS OCASIÕES DE APRENDER. 
 
 Um dos objetivos deste trabalho se refere à contribuição da literatura infantil 
no incentivo ao hábito da leitura para as crianças, que tem como princípio a 
formação de futuros leitores podendo, sim, auxiliá-las quando iniciarem o Ensino 
Fundamental. Entretanto, este não é o foco, nem mesmo a questão a ser 
privilegiada. Porém, isso pode ocorrer de forma natural – a criança se interessa pelo 
livro para conhecer a leitura, mesmo através das imagens, e a escrita – sem ser 
forçada. E, neste último caso, não é considerado como antecipação da 
escolarização. 
 
 
 
 19
 
2.1.4 A professora contadora de histórias 
 
 Inicialmente, a criança ao ouvir uma história sente prazer, pois além de 
conhecer valores, modos de ser e viver, se encanta com um mundo em que tudo é 
possível. De uma cor faz o colorido, da alegria faz uma festa, e tudo aquilo que se 
possa imaginar. 
 Segundo Pires (2009, p. 87): 
 
Ao tomarmos um livro para leitura, por vezes, é de fácil percepção os efeitos 
de verdade que as representações contidas nele produzem. Tais 
significados se estabelecem por meio de relações sociais experimentadas 
no dia-a-dia e registradas na literatura, contribuindo desta forma para um 
constante ir e vir, reconhecendo que as histórias infantis produzem e são 
produzidas pela cultura. Nesse sentido, acredito que as narrativas e as 
histórias são formas de conhecermos pessoas, de nos localizarmos no 
tempo, de atribuirmos conceitos, de legitimarmos comportamentos; não são 
interpretáveis por si sós. Elas pertencem a um contexto e “carregam” 
consigo histórias anteriores. 
 
 Rubem Alves (2009, p. 62) consegue nos relatar e nos fazer pensar sobre a 
importância do professor contador de histórias, dialogando sobre sua experiência 
com a literatura quando era garoto: 
 
Aprendi a ler. Mas isso não bastava. Faltava-me o domínio da técnica que 
faz da leitura algo suave como o vôo de um urubu ou deslizante como um 
patim no gelo. Foi D. Iva – não sei se ela ainda vive – quem me ensinou que 
ler pode ser delicioso como voar ou como patinar. Ela lia para nós. Não era 
para aprender nada. Não havia provas sobre os livros lidos. Ela lia para que 
tivéssemos o prazer dos livros. Era pura alegria. [...] Ninguém faltava, 
ninguém piscava. A voz de D. Iva nos introduzia num mundo encantado. O 
tempo passava rápido demais. Era com tristeza que víamos a professora 
fechar o livro. 
 
 Cabe então, salientar o papel fundamental que o professor contador de 
histórias possui junto às histórias infantis, para que os ouvintes – neste caso, as 
crianças – tenham o contato com a leitura e a escrita de um livro. De acordo com 
Simões (2000, p. 26): 
 
 
 
 
 
 20
 
[...] nos momentos de leitura, o educador deve sempre procurar ser literal e 
dar certo caráter interpretativo à sua leitura, usando variações de entonação 
[...] de forma clara e agradável. [...] O educador deve procurar agir como 
elemento incentivador do interesse das crianças pelo enredo, comportando-
se não somente como leitor (mediador) das histórias mas, também, 
demonstrando entusiasmo e curiosidade, como mais um ouvinte – 
participante no mundo do imaginário. Essa postura deve ser reforçada 
particularmente quando escutar as posteriores “leituras” que as crianças 
fazem das histórias lidas. 
 
 Portanto, em momentos como esse, o adulto pode dramatizar a voz das 
personagens, lendo alguns trechos, contando outros e até mesmo inventando, 
chamando a atenção para as imagens. Assim, as crianças podem vivenciar a escuta 
das histórias juntamente com o leitor, que proporciona a interação através de jogos 
verbais como: “Cadê?”, “Quem é?”, “O quê?”, “Como?” etc., na medida em que a 
narrativa acontece. 
 Por esse e outros motivos, é necessário que cada vez mais os educadores 
sejam estimulados, conforme Rojas (2010, p. 3), por: 
 
[...] esse gosto pela descoberta dos livros e do mundo encantado que se 
esconde entre suas páginas, além de mostrar que ler não tem nada a ver 
com alfabetização precoce, mas sim com a descoberta de mundos e 
prazeres essenciais para o desenvolvimento saudável de ser humano. A 
ideia não é apresentar a leitura como ferramenta para aprender, mas como 
algo lúdico e capaz de encantar e divertir – a aprendizagem, nesse caso, 
passa a ser um delicioso efeito colateral! 
 
 Mas o trabalho do professor vai muito além do desenvolvimento e contação 
de histórias na Educação Infantil. Nesse sentido, ele precisa de formação constante 
para aprimorar o seu trabalho pedagógico. De acordo com Perrenoud (2000, p 14), o 
movimento da profissão requer as competências que seguem: 
 
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem. 
2. Administrar a progressão das aprendizagens. 
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação. 
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. 
5. Trabalhar em equipe. 
6. Participar da administração da escola. 
7. Informar e envolver os pais. 
8. Utilizar novas tecnologias. 
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. 
10. Administrar sua própria formação contínua. 
 
 Tais competências profissionais desenvolvem-se durante a formação no 
cotidiano, de uma experiência a outra. Entretanto, o planejamento das aulas não 
 21
 
está entre as competências escolhidas por duas razões, que de acordo com o autor 
(Ibid, p. 19) são: “o desejo de desarticular a representação comum do ensino como 
“sequência de lições”; a vontade de englobar as aulas em uma categoria mais vasta 
(organizar e dirigir situações de aprendizagem)”. 
Planejar tornou-se um hábito, uma rotina que requer do educador um olhar 
atento à sua prática pedagógica, aos objetivos traçados e, principalmente, às 
crianças e/ou alunos. 
 Na literatura infantil, como afirma Pires (2009), os livros carregam e 
possibilitam uma série de significados e diferentes interpretações. Além disso, ao 
mesmo tempo em que as obras justificam comportamentos, modos de agir, de vestir 
etc., também expõem variadas maneiras de o indivíduo se constituir, propiciando 
outras formas de representações. 
 Deste modo, é possível que as crianças passem do papel de meramente 
ouvintespara participantes, ou seja, o de leitores, sendo que aos poucos terão a 
capacidade de “ocupar” esse lugar, baseando-se nas ilustrações e no auxílio de uma 
pessoa mais experiente. E, com isso, são incentivadas e motivadas ao hábito da 
leitura. 
 O professor, ciente dos benefícios encontrados ao trabalhar com a literatura 
infantil, precisa utilizar as competências citadas por Perrenoud (2000), para junto 
com políticas públicas destinadas ao ensino, conseguir desenvolver um trabalho 
pedagógico que dê subsídios para a formação para cidadania de suas crianças e/ou 
alunos. 
 
 
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
 Inicialmente, a pesquisa foi desenvolvida através do estudo bibliográfico, que, 
segundo Severino (2007, p. 122), “[...] se realiza a partir do registro disponível, 
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, 
teses etc.” 
 O trabalho propôs a realização de uma pesquisa básica do ponto de vista da 
sua natureza, que “objetiva produzir conhecimentos novos, úteis para o avanço da 
ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais” 
(GIL, 1999 apud SILVA e KARKOTLI, 2011, p. 10). 
 22
 
 Quanto à abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa, que de acordo 
com os autores (Ibid, p. 10): 
 
considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto 
é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do 
sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos 
fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de 
pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O 
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o 
instrumento chave. 
 
 Realizou-se uma pesquisa de campo, referente à observações e perguntas – 
questionário – para a professora contadora de histórias, acerca de informações 
sobre a literatura infantil e sua importância no desenvolvimento das crianças. 
 Segundo Severino (2007, p. 123), na pesquisa de campo, 
 
[…] o objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta de 
dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo 
assim diretamente observados, sem intervenção e manuseio por parte do 
pesquisador. Abrange desde os levantamentos […] que são mais 
descritivos, até estudos mais analíticos. 
 
 Referente aos objetivos a pesquisa é explicativa observacional, que identifica: 
 
[...] os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos 
acontecimentos. Caracteriza-se pela utilização do método experimental (nas 
ciências físicas ou naturais) e observacional (nas ciências sociais). [...] 
Método adequado para pesquisas que procuram estudar a influência de 
determinados fatores na determinação de ocorrência de fatos ou situações 
(GIL, 1996; DENCKER, 2000 apud SILVA e KARKOTLI, 2011, p. 11). 
 
 De acordo com os procedimentos técnicos, esta pesquisa é participante, que 
segundo Severino (2007, p. 120): 
 
É aquela em que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, 
compartilha a vivência dos sujeitos pesquisados, participando, de forma 
sistemática e permanente, ao longo do tempo da pesquisa, das suas 
atividades. O pesquisador coloca-se numa postura de identificação com os 
pesquisados. Passa a interagir com eles em todas as situações, 
acompanhando todas as ações praticadas pelos sujeitos. Observando as 
manifestações dos sujeitos e as situações vividas, vai registrando 
descritivamente todos os elementos observados bem como as análises e 
considerações que fizer ao longo dessa participação. 
 
 A coleta de dados foi realizada durante os períodos de março e abril de 2010 
e abril de 2011, em duas instituições de Educação Infantil, da rede municipal de São 
 23
 
José e Palhoça, nas quais observei durante doze encontros, o comportamento das 
crianças durante a contação de histórias, através da técnica de observação. 
Terminadas as observações foi aplicado um questionário com a professora 
contadora de histórias. 
 O questionário é uma das técnicas de pesquisa, consistindo em um “conjunto 
de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações 
escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos 
mesmos sobre os assuntos em estudo” (Ibid, p. 125). 
 Fiz a análise das observações, juntamente com o questionário, identificando o 
alcance dos objetivos. 
 
 
2.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 
 
 As observações foram desenvolvidas na sala de aula de uma professora e 
uma auxiliar que trabalhavam juntas em duas instituições diferentes de Educação 
Infantil, da rede municipal de São José e Palhoça. 
 A prática da contação de histórias da professora foi acompanhada numa 
sequência de doze observações em dois períodos distintos: este ano, as seis 
observações foram feitas durante todos os dias da semana; já em 2010, ocorreram 
em mesmo número, uma vez por semana. Todas elas foram registradas para retirar 
destes documentos informações para o posterior relato da coleta de dados e análise. 
 Na fase de exploração dos registros das observações e do questionário fiz a 
codificação das unidades de registro. Este processo contou com a numeração, com 
dois algarismos, dos parágrafos das observações semanais, sendo o primeiro 
relativo ao número da observação e o segundo, ao parágrafo da determinada 
observação. 
 Para responder às questões de pesquisa foram encontrados 41 fragmentos 
nas unidades de registro. 
 Na sequência faço o relato dos fragmentos das doze observações e do 
questionário, registrados ao longo das semanas com as crianças e professora 
contadora de histórias: 
 24
 
(1.1) Quando cheguei, sentei no fundo da sala em cima de um colchão e logo 
se aproximou um garotinho – que vestia uma capa vermelha – então perguntei o seu 
nome e ele falou que se chamava Super-homem [...]. 
 (1.5) [...] Durante o filme, algumas crianças ficaram brincando, mostrando falta 
de interesse e outras imitaram os patinhos que voavam durante a história. 
 (1.6) Após, foi feita uma atividade no caderno de desenho com cola colorida, 
sendo que cada criança escolheu três cores diferentes. As professoras auxiliaram-
nas a fazerem os pingos na folha do caderno – que foi dobrada ao meio – e as 
crianças passaram a mão em cima para depois abrirem, sendo formada uma figura a 
que elas deram o nome [...]. 
 (2.3) Após, foi proposta uma atividade denominada “A Vaca no Telhado” – 
história contada no dia anterior – que é um desenho feito pelas professoras no papel 
pardo, que as crianças coloriram com tinta guache. Inclusive, a professora perguntou 
qual a cor com que queriam pintar a vaca, e todas escolheram rosa [...]. 
 (3.4) Às 8h55min a professora iniciou a história “Bem-te-vi” e perguntou se as 
crianças sabiam as cores daquele pássaro. Todas responderam conforme estava na 
ilustração do livro. Então, ela começou a cantar uma música, e P. cantou a sua, 
sendo aplaudido pelas outras crianças. 
 (3.5) [...] Três crianças pediram à auxiliar que fizesse pipas com sacolas 
plásticas e barbantes, para soltarem pelo parque. A pipa de F. tornou-se um bolo, 
pois ele encheu a sacola de areia. 
 (3.6) [...] Iniciou o clipe musical do Patati & Patatá com o tema árvore – em 
que apareceu muita natureza e passarinhos – e C. imitou os pássaros com as mãos; 
outra criança dançou o tempo todo. Terminando o clipe, a professora perguntou 
novamente: “o que está faltando na árvore?” e P. disse que é a terra. Então, ela 
perguntou: “e, além disso?” A mesma criança respondeu: “a graminha”. 
 (3.7) Ainda na sala de vídeo, começou outro clipe – sobre o banho – e R. 
encenou como se estivesse no chuveiro. As crianças continuaram assistindo esse 
mesmo DVD, e logo após foi colocado outro, que é da Turma da Mônica [...]. 
 (4.1) Quando cheguei, a professora conversou comigo e disse que as 
crianças iriam à escola deOleiros. Foi perceptível que elas estavam contentes e 
ansiosas para o passeio. Para acalmá-las, a auxiliar cantou uma música enquanto 
aguardavam o transporte e, logo em seguida, cada criança pegou um livro de 
história para se sentar. 
 25
 
 (4.4) Depois, mostrou-lhes também como trabalhava com a argila e, a pedido 
das crianças, fez dois vasos. Elas ficaram encantadas e com certeza a cena ficará 
na memória de cada uma. Além disso, conheceram outros ambientes da escola – 
mesmo esta sendo reduzida – e ainda tiveram a oportunidade de tocar na argila e 
produzir por alguns instantes objetos, animais, etc [...]. 
 (4.5) A visita à escola de Oleiros foi muito significativa: os olhos das crianças 
brilharam, as expressões faciais mostraram muita alegria por estarem lá. Foi incrível 
tudo o que vivenciaram neste dia, até porque por ser uma experiência nova e 
também pelo fato de que tudo o que é novo desperta o imaginário, o pensar, a 
criatividade. Enfim, foi um momento de prazer, de descobertas e, exatamente por 
isso, deve-se aproveitar ao máximo momentos como esse. 
 (5.5) Minutos depois, a professora sentou no colchão e pediu para todas se 
sentarem, pois havia iniciado a contação de uma história denominada “Silêncio”, que 
traz na capa do livro o desenho de um leão. No início da história foi perceptível que 
elas estavam atentas, entretanto, logo se dispersaram e começou a bagunça. Nesse 
instante, a professora parou e falou seriamente: “hora de brincadeira é hora de 
brincadeira e a hora de falar sério é hora de falar sério”. As crianças a escutaram 
com atenção, e logo pararam de bagunçar. 
(5.6) Terminando a história, a sala foi organizada e a professora conversou 
com elas, para explicar a atividade que seria feita com argila, sendo que mostrou 
novamente as imagens do livro [...]. 
(5.7) Inicialmente, todas bateram na argila em cima da mesa. Fizeram bichos, 
objetos, entre outros, no palito. Neste instante: 
 P. (falou alto) – Eu tenho um “lião”. 
 E, a menina V. aproveitou e falou também: 
 V. – Fiz uma cobra. 
 (5.8) Em seguida, a auxiliar colocou o nome de cada criança em suas 
respectivas produções. Terminando a atividade, foram lavar as mãos. Acostumadas 
a brincar com massinha, ao fazer a atividade com argila foi possível observar que 
elas se transformaram, até mesmo pelo fato de terem resgatado o dia em que foram 
à escola de Oleiros. Seus olhos brilhavam, sua imaginação e criatividade iam muito 
além. Produziram de tudo: tartaruga, tubarão, bonequinhos, vaso de flor, pizza, 
churrasquinho no palito, entre tantas outras fantasias. Com isso foi perceptível a 
expressão da arte. 
 26
 
 (5.10) A mesa grande continuou fora da sala, e por isso alguns meninos 
brincaram de carrinho em cima de dois bancos. Neste instante L., que estava 
“dentro” da casa, pegou um telefone e fez de conta que ligou para alguém, 
entretanto ela ligou e desligou o mesmo várias vezes. N. subiu no banco em que eu 
estava sentada e imitou o Tarzan (V. também brincou no banco, porém, antes de 
N.). Em seguida, V. com um livro na mão, se aproximou de mim: 
 V. (entregando-o) – Conta “pá” mim? 
 – Conto sim (respondi-lhe). 
(5.11) Então, iniciei a contação de história, porém, de forma “diferente” da 
escrita. E algumas crianças, observando-me contar, se aproximaram e escutaram 
com atenção. Ao terminar, V. segurou o livro e disse que contaria também. De 
repente, se aproximou o menino L., que colocou um vestido por cima de sua roupa. 
Trajado, ele ficou próximo das outras crianças escutando a história. Terminando a 
mesma, elas pegaram vários livros e caminharam pela sala. 
(5.12) Ao contar a história que uma das crianças me pediu, possibilitei que a 
mesma fosse (re)contada de forma diferente por uma delas, como ocorreu. A partir 
daí, percebi o quão importante é a relação ensino/aprendizagem, mesmo tratando-
se da educação infantil, pois a professora juntamente com as crianças deve 
estabelecer uma relação significativa, de cumplicidade, para instigá-las a participar 
das propostas oferecidas, tentar, desafiar e acreditar que tudo é possível. 
(5.13) A menina L. pegou uma cadeira juntamente com a tampa do lixeiro, e 
fez de conta que andou de trem – outras duas crianças pegaram mais duas cadeiras 
e colocaram uma atrás da outra, para brincar também. 
(5.14) Às 10h20min a professora solicitou que organizassem a sala e, após, 
pediu que se sentassem no colchão. Então, ela cantou a música “Tomatinho 
Vermelho”, e todas cantaram juntas. Ao terminar, pegou um microfone de brinquedo 
e perguntou-lhes quem queria cantar. Quatro crianças cantaram e foram aplaudidas 
pelas outras, sendo que três delas relacionaram suas músicas com a cantada 
anteriormente. Todavia, E. cantou “Atirei o Pau no Gato”. 
 (6.9) No momento em que a auxiliar colocou a música e me convidou a 
dançar foi incrível a reação das crianças. Penso que, a princípio, elas não 
esperavam que eu fosse dançar. Quando a música começou e também comecei a 
dançar, elas riram, deram muitas gargalhadas. A partir daí, percebi o quão 
importante é para elas que o educador participe das atividades propostas por ele 
 27
 
mesmo e das brincadeiras propostas pelas crianças. É uma relação que deve estar 
presente em todos os momentos da educação infantil. 
 (6.10) Além de ser muito divertido para as crianças, torna-se muito mais para 
quem participa, até porque sentimos que existe uma criança dentro de nós, que 
nunca morre, pois é só (re)vivermos lembranças, brincadeiras, entre outras, que nos 
tornamos criança novamente. É uma sensação prazerosa, rica, uma experiência 
única que a gente jamais esquece. 
 (7.1) Inicialmente, a professora e a auxiliar conversaram com as crianças 
sobre a minha presença naquela sala e apresentaram-me. Em seguida, foi servido o 
lanche da manhã e, após fazerem a higiene bucal, a professora iniciou a contação 
da história: “O Cachorro Peludo e a Terrível Coceira”. 
 (7.2) Algumas crianças sentaram nos pequenos sofás – que são seis – e as 
outras no tapete. Como havia me sentado em um cantinho da sala, três delas 
ficaram próximas a mim. Todas permaneceram em silêncio, ouvindo atentamente o 
enredo e apreciaram as ilustrações. 
 (7.3) Durante a história, a professora fez algumas perguntas sobre o que 
poderia acontecer, instigando a turma a participar e elaborar hipóteses do que 
aconteceria. Neste instante, a menina V. comentou sobre o que acha que 
acontecerá. Outra menina, L., que estava sentada próxima a mim, me chamou, e 
falou que a coceira do cachorro é por causa da pulga. 
 (8.1) Após o lanche e a higiene bucal, as crianças fizeram a atividade da 
pintura das máscaras de cachorro – da história “O Cachorro Peludo e a Terrível 
Coceira” – que havia sido proposta no dia anterior. Cada uma pintou 
individualmente, com cola colorida, sendo possível observar a criatividade e 
imaginação. Todas as máscaras ficaram coloridas e diversificadas. 
 (8.2) Além disso, foi perceptível o quanto gostam de máscaras e de pintarem 
com cola colorida. Algumas crianças dramatizaram o cachorro se queixando da 
coceira, como havia ocorrido na história. Terminando a atividade, as professoras 
recolhem-nas para secar. Ao final do dia, as crianças as levariam para suas casas. 
 (9.2) Ao retornarem para a sala e fazerem a higiene bucal, as crianças se 
sentaram para aguardar a contação. Durante a espera, elas ficaram encantadas ao 
observarem a caixa colorida, na qual foram despertadas a curiosidade e a 
imaginação, sobre o que teria dentro dela. 
 28
 
 (9.3) Iniciando a história “Cachinhos Dourados e os Três Ursos”, que foi 
narrada oralmente sem a presença de um livro, algumas crianças contaram o que 
poderia acontecer com as personagens. Com isso, a professora fez alguns jogos 
verbais como: “quem é?”, “O quê?”, e “Cadê?”, para que elas participassem dando 
palpites. Além disso, dramatizou a voz das personagens, propiciandogargalhadas, 
emoções, encantamentos e sorrisos. 
 (9.4) Foi perceptível o brilho nos olhos das crianças e expressões de 
felicidade. Após terminar a contação foi proposta uma atividade, na qual pintaram 
com tinta guache os desenhos das personagens – mãe ursa, pai urso, filho urso e a 
menina dos cachinhos dourados – da história contada. 
 (10.1) Inicialmente, as professoras organizaram o ambiente para a contação 
da história “Os Três Porquinhos”. As crianças sentaram e permaneceram em 
silêncio, atentas a tudo o que elas faziam. Então, instantes após iniciou-se a 
dramatização. 
 (10.2) A história foi contada com as personagens em dedoche. Havia uma 
caixa de sapato que representava o local – floresta – em que acontecia o enredo. 
Durante a contação, todas as crianças participaram e interagiram entre si. Além 
disso, opinaram muitas vezes sobre o que poderia acontecer. 
 (11.1) Neste dia, a auxiliar faltou, sendo que outra professora ficou no “seu 
lugar”. Primeiramente, ela contou a história “Na Fazenda”, em que apareceram 
vários animais. Com isso, foi possível perceber que as crianças foram despertadas, 
e a curiosidade e o conhecimento foram expressos através dos olhares e falas. 
 (11.2) Em seguida, a professora da sala contou outra história: “Cachinhos 
Dourados”. Durante a contação, as crianças ficaram o tempo todo fixadas nas 
ilustrações e na professora, que dramatizou a voz das personagens. Dois meninos, 
encantados com a história, não pararam de falar. Então, a professora conversou 
com eles, pedindo que falassem baixo para a turma poder prestar atenção na 
contação. No mesmo momento, silenciaram. 
 (11.3) Após o término, ela propôs uma atividade, sendo que a turma foi 
dividida em três equipes, com quatro integrantes, na qual as crianças desenharam e 
pintaram as personagens da história, em cartolinas. Circulando pelos grupos, 
percebi o quão estimuladas estavam pela história. Algumas falaram: “Fiz um urso”, 
“E eu fiz a família urso todinha”, “Ah! Olha a casinha que eu desenhei”, “Oh, a minha 
floresta”. 
 29
 
 (11.4) Com isso, foi possível identificar a imaginação, a criatividade e a 
expressão da arte. E, além disso, foi perceptível o prazer que elas possuem de 
poder se expressar através das falas e desenhos. 
 (12.1) Este foi o último encontro, de despedida, na qual a professora contou a 
história de uma galinha que perdeu os seus seis ovos. E, como estávamos na 
semana da páscoa, foi feito fondue com as crianças. 
 (12.3) Com isso, as crianças puderam vivenciar e observar de perto como é 
feito fondue. Elas se divertiram, se lambuzaram, se deliciaram e experimentaram as 
frutas com chocolate. Foi perceptível a admiração, a curiosidade e o encanto que 
ficaram com a nova experiência. 
 (13.1) Estimular a criatividade, desenvolver o gosto pela leitura e escrita; 
proporcionando momentos significativos. 
 (13.2) A literatura infantil enriquece o mundo imaginário da criança, 
estimulando a imaginação, a criatividade, o faz de conta, bem como a possibilidade 
de vivenciar situações inesperadas e surpreendentes. 
 (13.3) É possível que a criança inicie no mundo literário através da literatura 
infantil, principalmente quando esta é utilizada como instrumento para a 
sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade, para transformar e 
enriquecer seu potencial. 
 (13.4) Penso que a literatura infantil é parte fundamental na educação infantil, 
através dela a criança vivencia, experimenta situações diversas. 
 
 * Reorganização das Unidades de Registro: Nesta etapa busquei dar 
sentido às unidades de registro já relacionadas anteriormente, procurando responder 
às Questões de Pesquisa, referentes aos objetivos deste trabalho: 
 
 QUESTÃO 1: 
 Como ocorre a vivência da contação de histórias na Educação Infantil? 
 Ao proporcionar às crianças um mundo em que tudo é possível, as histórias 
despertam a imaginação e o sonho que são as principais características das 
vivências de novas histórias. Vivenciá-las é algo fascinante para qualquer criança 
(1.5, 3.4, 5.6). 
 30
 
 Neste sentido, Rubem Alves (2009, p. 62), citado anteriormente, consegue 
nos relatar e nos fazer pensar sobre a importância do professor contador de 
histórias, dialogando sobre sua experiência com a literatura quando era garoto: 
 
Aprendi a ler. Mas isso não bastava. Faltava-me o domínio da técnica que 
faz da leitura algo suave como o vôo de um urubu ou deslizante como um 
patim no gelo. Foi D. Iva – não sei se ela ainda vive – quem me ensinou que 
ler pode ser delicioso como voar ou como patinar. Ela lia para nós. Não era 
para aprender nada. Não havia provas sobre os livros lidos. Ela lia para que 
tivéssemos o prazer dos livros. Era pura alegria. [...] Ninguém faltava, 
ninguém piscava. A voz de D. Iva nos introduzia num mundo encantado. O 
tempo passava rápido demais. Era com tristeza que víamos a professora 
fechar o livro. 
 
 Cabe ao educador diversificar as formas de ler, possibilitando diferentes 
momentos e oportunizando a vivência das histórias infantis, que ocorrem de formas 
diversas, como: o contato com o livro, após uma contação de história, permite que a 
criança (re)conte a leitura da sua maneira, vivenciando-a, e entre em contato com as 
personagens da história, seja através de fantoche, dedoche ou até mesmo teatro. 
 Portanto, a vivência da contação de histórias acontece de diversificadas 
maneiras, dependendo do professor contador de histórias e da sua criatividade (1.1, 
8.2). 
 
 QUESTÃO 2: 
 Como propiciar a expressão da arte, da imaginação e da criatividade 
infantil em sala de aula a partir da literatura inf antil e contação de histórias? 
 A partir da contação de histórias da literatura infantil é possível propiciar a 
expressão da arte, da imaginação e da criatividade infantil em sala, propondo 
atividades relacionadas à história, como: desenhar as personagens do conto, pintá-
las e perguntar às crianças, após o término da contação, se alguma delas quer 
(re)contá-la. 
 Citado anteriormente, de acordo com Read (1986, p.29): 
 
Sabemos que uma criança absorvida num desenho ou em outra atividade 
criativa qualquer é uma criança feliz. Sabemos, pela simples experiência 
diária, que auto-expressão é autodesenvolvimento. Por essa razão é nosso 
dever reivindicar uma grande parcela do tempo da criança para as 
atividades artísticas [...]. 
 
 31
 
Essas atividades propiciam uma aproximação com a arte (5.8), sendo 
possível se expressar através desta, fazendo com que a criança utilize sua 
imaginação e criatividade, por meio da qual cria, transforma, constrói e desconstrói, 
uma ou várias vezes, o quanto for necessário, um desenho, uma pintura, entre 
outros (1.6, 2.3, 3.5, 3.6, 3.7). 
Como afirma Simões (2000, p. 24), já citada: 
 
Por suas atividades diárias, a criança tem contato com o real, com os 
outros. Ao mesmo tempo, sua imaginação se desenvolve, pois ela toma 
consciência de seus limites, vive conflitos, experimenta emoções 
contraditórias e tem muitas dúvidas que não consegue esclarecer. Para 
tentar resolvê-las e dominar suas angústias, impulsionada por sua 
curiosidade, ela procura sonhar, imaginar. E, se conseguir canalizar esse 
mundo imaginário em ações no mundo real, ela desenvolve a capacidade 
de criação. 
 
 Proporcionar uma conversação sobre o conto para saber se teve um 
significado para as crianças, possibilita a interação da turma e, através de jogos 
verbais, o professor contador de histórias desperta a imaginação, proporcionando a 
participação das crianças, que falam das suas interpretações. Cabe então ao 
educador instigá-las a participarem das atividades, sempre as motivando (4.5). 
 
 QUESTÃO 3: 
 Há o incentivo às crianças ao hábito da leitura? E de que maneira 
ocorre? 
 A contação de histórias é sempre um fato muito relevante e significativo para 
as crianças, em que é evidenciado o uso da linguagem oral (praticamentetodo o 
tempo). No momento em que a contadora vira cada página é possível notar que é 
despertada nelas a curiosidade, pedindo para ver as próximas imagens. 
 De acordo com Ferreiro (2010, p. 99), já citada: 
 
Um ato de leitura é um ato mágico. Alguém pode rir ou chorar enquanto lê 
em silêncio, e não está louco. Alguém vê formas esquisitas na página, e de 
sua boca “sai linguagem”: uma linguagem que não é a de todos os dias, 
uma linguagem que tem outras palavras e que se organiza de uma outra 
forma. [...] Em vez de nos perguntarmos se “devemos ou não devemos 
ensinar”, temos de nos preocupar em DAR ÀS CRIANÇAS OCASIÕES DE 
APRENDER. 
 
 32
 
 Após a contação de história, geralmente elas pedem para “ler”, usando 
criatividade e imaginação para recontá-la, sendo que as crianças que escutam ficam 
encantadas quando uma outra conta a história do seu modo. A partir daí, torna-se 
evidente o incentivo à leitura (5.11, 5.12, 13.3). 
 Assim, o gosto pela leitura ocorrerá quando a criança perceber que ler é 
fascinante, que é possível viajar para qualquer lugar que se possa imaginar, e que, 
além de todos os encantos, ela adquire novos conhecimentos. O aprendizado 
ocorrerá de forma natural, sem que ela se dê conta ou se preocupe com isso. 
 Conforme Rojas (2010, p.3), citada anteriormente, para as crianças: 
 
[...] ler não tem nada a ver com alfabetização precoce, mas sim com a 
descoberta de mundos e prazeres essenciais para o desenvolvimento 
saudável de ser humano. A ideia não é apresentar a leitura como 
ferramenta para aprender, mas como algo lúdico e capaz de encantar e 
divertir – a aprendizagem, nesse caso, passa a ser um delicioso efeito 
colateral! 
 
 Além disso, a companhia de um adulto, por exemplo, quase sempre as atrai 
para pegar um livro, folheá-lo, imaginar o que está escrito no texto. As cenas da 
história, através das ilustrações, desempenham encantamentos. As crianças 
costumam pedir para o adulto narrá-lo, prestando muita atenção, e/ou lêem para si 
mesmas, da sua maneira (5.10). 
 
 QUESTÃO 4: 
 Quais os motivos que levaram a professora contador a de histórias a 
utilizar a literatura infantil em sua rotina pedagó gica? 
 Inicialmente, pelo fato da contação de histórias na Educação Infantil estimular 
a criatividade, desenvolver o gosto pela leitura e escrita, proporcionando momentos 
significativos. A relação do contar histórias proporciona conhecimentos de largas 
abrangências, permitindo que a criança tenha momentos agradáveis e de prazer. 
 Citada anteriormente, Simões (2000) afirma que a contação de histórias para 
os pequenos é comum, tanto no âmbito familiar como no escolar, ocorrendo de 
maneira habitual, já que a criança geralmente se interessa por elas. Além disso, as 
histórias contribuem no desempenho dos processos de aquisição e desenvolvimento 
linguístico, sendo utilizadas geralmente pelos contadores – pais e professores – 
como um meio de lazer e diversão, distração ou até mesmo pedagógico. 
 33
 
 A literatura infantil enriquece o mundo imaginário delas, estimulando a 
criatividade, o faz de conta, bem como a possibilidade de vivenciar situações 
inesperadas e surpreendentes. Além disso, alimenta a imaginação, ajuda a resolver 
conflitos, emoções, levando à resolução deles. 
 Abramovich (1997, p. 23), já citada anteriormente, afirma que “o ouvir 
histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o 
imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma 
história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!” 
 Ao ser lido um conto, quando uma criança pede que contem novamente, 
repetidas vezes a mesma história, é provável que tenha encontrado nos fatos 
narrativos acontecimentos que se assemelham à sua vida, seus medos, angústias, 
desejos e sonhos. 
 É exatamente neste sentido que Simões (2000) chama a atenção para as 
histórias infantis, que contribuem para o encorajamento das crianças, de suas 
ansiedades e eventuais problemas. Por isso, a importância de ler para os pequenos, 
que passado algum tempo conseguirão distinguir o que faz parte do imaginário e da 
realidade, “desenvolvendo” a imaginação, o faz-de-conta – já que tudo é possível. 
 Através da contação de histórias é possível que a criança inicie no mundo 
literário da literatura infantil, principalmente quando esta é utilizada como 
instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade, 
para transformar e enriquecer o seu potencial. O gosto de ouvir é como o gosto de 
quem lê para alguém, que mais tarde poderá gostar de ler também. 
 O ouvir histórias não só despertará o gosto pela leitura: é o despertar para a 
imaginação. Ela proporcionará ao ouvinte descobrir soluções para os seus 
problemas, conflitos etc. E um dos principais motivos que levaram a professora 
contadora de histórias a utilizar a literatura infantil em sua rotina pedagógica é o fato 
de que ela a vê como parte integrante e fundamental na Educação Infantil, pois 
através dela a criança vivencia e experimenta situações diversas (7.3, 9.3, 10.2, 
13.1, 13.2). 
 O que lhe encanta é o brilho nos olhos das crianças, a alegria e a emoção 
que sentem, ao escutá-la contando histórias para divertir, estimular a imaginação, 
bem como educar e oportunizar momentos significativos e prazerosos aos meninos 
e meninas. Momentos como esse estão evidentes (7.2, 9.4, 11.1, 11.2, 13.4). 
 
 34
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A literatura infantil explorada com crianças da Educação Infantil é uma 
excelente forma de despertar o gosto pela leitura, além de estimular e facilitar a 
socialização em grupo. Proporciona momentos de prazer, descobertas, fantasias, 
imaginação, aprendizagem e conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento de 
suas habilidades e potencialidades. 
 Há algo mais contagiante que o sorriso de uma criança? Quando ela brinca e 
escuta uma história consegue entrar no mundo de fantasias e encantamentos, 
sendo que é visível em seu semblante tamanha felicidade. Brincar e ouvir histórias é 
sonhar, imaginar, fantasiar, é encantar-se com um mundo em que tudo é possível. 
 A motivação deste trabalho deu-se, inicialmente, pelo fato da literatura infantil, 
na Educação Infantil, contribuir para o desenvolvimento das crianças, tanto no 
aspecto linguístico, intelectual, sentimental, entre outros, nos quais é possível 
vivenciar as histórias de diferentes maneiras. Neste contexto, cabe ressaltar a 
importância da professora contadora de histórias diversificar as formas de se contar 
uma história: narrada, cantada ou teatral, podendo ser (re)contada de várias 
maneiras, revivendo-a de outra forma. 
 Os objetivos deste trabalho foram alcançados com êxito, como se pôde 
comprovar pela análise dos resultados. A vivência da contação de histórias ocorreu 
de forma prazerosa para as crianças, que em todos os momentos tiveram a 
oportunidade de se expressar através da imaginação e criatividade infantil, 
presentes em sala. Com isso, foi possível identificar os motivos que levaram a 
professora contadora de histórias a utilizar a literatura infantil em sua rotina 
pedagógica, incentivando as crianças ao hábito da leitura. 
 Por esse motivo, ressalta-se a importância da formação de profissionais 
qualificados nessa área, envolvidos em programas de leitura com finalidades 
específicas. Além disso, o próprio professor pode subsidiar esses programas, 
atuando significativamente com propostas coerentes de leitura. 
 No decorrer da presente pesquisa muito aprendi, a começar pelo fato de que 
o educador precisa ter humildade e amor pela profissão para entrar numa sala de 
aula. Que é necessário falar, mas, principalmente, escutar suas crianças e/ou seus 
alunos. Que o saber e o conhecimento não estão somente dentro da sala de aula, 
mas, que os sujeitos participantes dela carregam consigo uma bagagem de 
 35
 
aprendizagem que o cotidianolhes fez aprender, lhes fez conhecer. E que este 
saber deve ser ouvido e respeitado, havendo a possibilidade de trocas de 
conhecimentos. 
 Para finalizar, a realização deste trabalho contribuiu de maneira significativa 
para evidenciar a importância da brincadeira e da literatura infantil na Educação 
Infantil. Além de chamar a atenção dos professores, no que se refere a estar atento 
e perceber que necessitamos de paixão e atualização constante em nosso fazer 
pedagógico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36
 
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 39
 
APÊNDICE 
 
 40
 
OBSERVAÇÕES EM CAMPO 
 
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: 
 
- Turno: Matutino 
- Faixa Etária: 3 a 4 anos 
 
 
APÊNDICE 1- DATA: 25/03/2010 – 1ª OBSERVAÇÃO 
 
(1.1) Quando cheguei, sentei no fundo da sala em cima de um colchão e logo 
se aproximou um garotinho – que vestia uma capa vermelha – então perguntei o seu 
nome e ele falou que se chamava Super-homem. Nas paredes da sala havia 
produções das crianças, porém a decoração de um modo geral foi feita pelas 
professoras. A sala é aconchegante, os brinquedos são de fácil acesso, alguns ficam 
nas prateleiras de uma estante e outros no chão. Em uma das paredes havia dois 
desenhos, sendo um do elefante e o outro do jacaré. 
 (1.2) No início da manhã chegou uma criança chorando e a professora 
conversou com ela. Logo após, foi servido o lanche às 8h10min e durou 
aproximadamente dez minutos, sendo que depois fizeram a higiene bucal. As 
crianças retornaram a sala e ficaram brincando livremente. Duas meninas e um 
menino se aproximaram de mim e entregaram-me uma bonequinha. Então, 
perguntei para as crianças se era um menino ou uma menina, e uma delas disse 
que é um menininho, pois está de roupa azul. Com isso, perguntei o nome e uma 
criança respondeu que é bebezinho, porque é bem pequenininho. 
 (1.3) Uma das professoras colocou uma música de fundo na sala e algumas 
crianças começaram a dançar, enquanto outras brincavam. Depois ela solicitou que 
todas organizassem o ambiente, guardando os brinquedos em seus respectivos 
lugares para ensaiar a música de uma apresentação. Assim, perguntei às 
professoras sobre a apresentação, e consequentemente responderam-me: “Está 
sendo desenvolvido um projeto de artes no CEI, onde cada turma com suas 
respectivas professoras desenvolvem alguma oficina pedagógica. Nossa sala irá 
fazer uma apresentação de música na semana que vem, 4ª feira, dia 31/03. No dia 
29/03 será realizada uma visita no Lar de Zulma, onde serão entregues materiais 
 41
 
que estão faltando lá. Já na terça dia 30/03 será feito fondue, e as crianças irão 
participar diretamente.” Elas afirmaram que a programação não está relacionada à 
Páscoa, é somente algo diferente para sair da rotina. 
 (1.4) Hoje elas levariam as crianças na casa do coelho, mas como estava 
chovendo acabaram não indo. Então, fizeram um círculo onde ocorreu a chamada, e 
com isso mostraram imagens de rostos com reações diferentes: triste, feliz, 
chorando, entre outros. Em seguida, as crianças pegaram os seus crachás e 
colocaram-os em uma destas carinhas de acordo com o que estavam sentindo. 
Após, todas brincaram livremente, sendo que L.F. fez “comidinha” e a professora 
comeu de brincadeira. Esta mesma criança pegou um telefone de brinquedo e 
“fingiu” que ligou para o seu pai dizendo que estava na creche. 
 (1.5) Depois, a turma foi para o parque interno, porém estava sendo usado 
por outra turma, então foram assistir o desenho animado “A Casa do Mickey”. A sala 
de vídeo tem um espaço bastante reduzido, porém é aconchegante, contendo um 
tapete no centro e colchões

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