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Os cinco princípios da educação inclusiva são:
1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação
2. Toda pessoa aprende
3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular
4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos
5. A educação inclusiva diz respeito a todos
As pessoas com deficiência têm sido um dos principais focos da área porque foram historicamente privados da participação nas redes de ensino. Bem como por estarem associadas a um estigma de “anormalidade”, o que acentua o processo discriminatório e a exclusão. Por essas e outras razões, a legislação determina que o público-alvo da educação especial na perspectiva da educação inclusiva corresponde aos estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação.
O público-alvo da educação inclusiva, orientada pelo direito universal à educação, envolve todas as pessoas, independentemente de suas particularidades.
 Tem como objetivo garantir o direito de todos à educação. Ela pressupõe a igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças humanas, contemplando, assim, as diversidades étnicas, sociais, culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres humanos. Implica a transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na escola e nos sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de todos, sem exceção.
Mas é importante reforçar que a educação inclusiva diz respeito a todas as pessoas, sem exceção. Ou seja, todos os alunos, com ou sem deficiência, têm direito ao acesso (matrícula e presença), à participação em todas as atividades da escola e à aprendizagem, com equiparação de oportunidades para o pleno desenvolvimento de seu potencial.
Projetos de educação inclusivos se tornam consistentes e sustentáveis com ações contínuas relacionadas a cada uma das seguintes dimensões: políticas públicas, gestão escolar, estratégias pedagógicas, famílias e parcerias.
Políticas públicas: abrange as instâncias legislativa, executiva e judiciária, isto é, o conjunto de leis, diretrizes e decisões judiciais que buscam concretizar o direito à educação inclusiva em um determinado país ou território. No estudo sobre a realidade da qual fazemos parte, há que analisar qual é o conjunto de políticas públicas que organiza a proposta educacional. or exemplo: hoje no Brasil estão estabelecidos a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) Site externo e o Plano Nacional de Educação (2014) Site externo, além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) Site externo. Essa legislação, originária de diferentes órgãos, estabelece as diretrizes que cada educador deve conhecer.
Financiamento: isso envolve todos os tipos de investimentos financeiros voltados à formação de educadores, acessibilidade, serviços de apoio e demais fatores necessários ao atendimento de todo e qualquer estudante. A oferta desses recursos depende da criação de leis e políticas que destinem uma parcela do orçamento público especificamente para esse fim.
Intersetor alidade: representa uma estratégia de gestão baseada na articulação das diferentes áreas que compõem a administração pública. Isso significa planejar ações que integrem educação, saúde, assistência social, transporte, segurança etc. 
Estudantes com deficiência têm direito a transporte acessível?
Sim. A legislação brasileira garante transporte acessível para estudantes com deficiência, facilitando o acesso à escola em horário regular bem como ao atendimento educacional especializado (AEE) em dias e horários pré-determinados.
O que é uma rede de proteção e como ela pode apoiar a educação inclusiva?
As redes de proteção envolvem a ação direta de várias instituições e áreas ligadas ou não ao governo, que, juntas, definem estratégias para a prevenção, o atendimento e o fomento de políticas públicas e para a garantia dos direitos das crianças, adolescentes e adultos com deficiência.
O objetivo maior é avaliar e melhorar as condições de vida dessas pessoas por meio da disseminação de informações sobre a garantia de acesso aos serviços existentes em áreas como saúde, trabalho, acessibilidade, educação, direito etc. A atuação das redes de proteção fortalece e potencializa o processo de inclusão das pessoas com deficiência na escola e na sociedade, promovendo o desenvolvimento integral e conferindo dignidade para o pleno exercício da cidadania.
Serviços de apoio
• Equipes multidisciplinares dedicadas a identificar e eliminar barreiras existentes nas escolas, incluindo o atendimento educacional especializado (AEE);
• Profissionais voltados ao apoio de estudantes que demandam cuidados de alimentação, higiene e locomoção;
• Profissionais com especialização em recursos de acessibilidade, como instrutores e intérpretes de Língua brasileira de sinais (Libras), entre outros.
QUAIS SERVIÇOS DE APOIO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA SÃO GARANTIDOS POR LEI?
Gestão escolar 
Refere-se às diversas etapas de planejamento e desenvolvimento das atividades de direção de uma instituição de ensino. Abrange a construção dos projetos político-pedagógicos (PPPs), a elaboração dos planos de ação e a gestão dos processos internos da instituição.
A gestão escolar deve ser orientada por uma liderança baseada na escuta e por uma abordagem democrática.
Precisa ser o envolvimento e a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão. Ao mesmo tempo, o gestor exerce um papel fundamental na criação de uma cultura de valorização das diferenças humanas.
	
O projeto político-pedagógico (PPP) é um documento que define as diretrizes estratégicas e operacionais de uma instituição de ensino. Em outras palavras, pode ser entendido como a expressão da identidade da escola, traduzindo seu processo histórico, suas crenças, valores e as práticas pedagógicas que dimensionam suas ações.
No contexto da educação inclusiva, espera-se que o PPP expresse a igualdade de direitos e a valorização das diferenças como princípios fundamentais e inegociáveis da instituição, a serem respeitados em todas suas atividades.
Estratégias pedagógicas 
Correspondem aos diversos procedimentos planejados e implementados por educadores com a finalidade de atingir seus objetivos de ensino. Elas envolvem métodos, técnicas e práticas explorados como meios para acessar, produzir e expressar o conhecimento.
No contexto da educação inclusiva, recomenda-se que o ponto de partida seja as singularidades do sujeito, com foco em suas potencialidades. Se, por um lado, a proposta curricular deve ser uma só para todos os estudantes, por outro, é imprescindível que as estratégias pedagógicas sejam diversificadas, com base nos interesses, habilidades e necessidades de cada um. Só assim se torna viável a participação efetiva, em igualdade de oportunidades, para o pleno desenvolvimento de todos os alunos, com e sem deficiência.
No início do ano letivo, professores, diretores e coordenadores pedagógicos se preparam para acolher antigos e novos estudantes. Esse período do planejamento escolar marca o melhor momento para envolver todos os atores do processo educacional na definição de objetivos e estratégias para os próximos meses. Muito mais do que determinar os conteúdos das disciplinas, é hora de repensar a escola, seu papel e sua missão.
Nesse cenário, a chegada de novos alunos com deficiência – com ou sem um laudo médico fechado – acentua a importância e a urgência de reinventar as práticas pedagógicas. Confira alguns princípios e dicas que podem auxiliar educadores nessa tarefa.
A legislação brasileira garante aos alunos com deficiência o pleno acesso ao currículo e a participação em todas as atividades da escola em condições de igualdade. Ou seja, o modelo não precisa necessariamente ser o mesmo, mas estratégias de planejamento e acompanhamento individual do processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos público-alvo da educação especial são, sim, necessários.
O que você precisa saber
Planejamento escolar de início de ano marca o melhor momentopara envolver todos os atores do processo educacional. Mesmo que tenham um mesmo diagnóstico de deficiência, dois estudantes podem responder de modos distintos a uma mesma proposta. Isso porque a diferença é própria da condição humana. Ou seja, não há como saber antecipadamente o que fazer com uma criança tendo como base somente seu laudo.
Saiba mais sobre diferenças em sala de aula e sobre como se preparar para a inclusão:
No contexto da educação inclusiva, o planejamento pedagógico deve ser contínuo e colaborativo. Ao mesmo tempo, tem que valorizar os interesses e atender às necessidades de cada aluno. Trata-se de pensar em aulas desafiadoras para todos, com formas diversas de apresentar e explorar o currículo. 
Uma das discussões mais importantes sobre a educação inclusiva é que ela não pode ser uma prática repetitiva, na qual o planejamento é seguido rigidamente, sem variação, para todos os alunos. Ao contrário, a inclusão na sala de aula implica em oferecer uma proposta ao grupo como um todo, ao mesmo tempo em que atende às necessidades de cada um, em especial àqueles que correm risco de exclusão em termos de aprendizagem e participação na sala de aula.
É no planejamento que se determina o quê, quando e como ensinar. 
Para estruturar as flexibilizações, se faz necessário refletir sobre os possíveis ajustes nas formas de organização didática sem que se torne um plano paralelo, segregado ou exclusivo (que tem poder para excluir). As flexibilizações e/ou adequações inseridas na prática pedagógica devem estar a serviço de uma única premissa: diferenciar os meios para igualar os direitos. Principalmente o direito à participação, ao convívio.
As categorias de um planejamento flexível
Uma das abordagens para um planejamento flexível considera três importantes categorias a serem dimensionadas pelo professor:
1) Complexidade
Para que todos tenham acesso ao currículo, o professor poderá dimensionar a complexidade. O currículo não é outro, não está restrito ou selecionado. É preciso, no contexto coletivo, diferenciar atividades ou papéis individuais de modo que cada um encontre sentido, tenha oportunidade e sinta-se constantemente desafiado em seu processo de aprendizagem. Quando necessário, organizar atividades com diferentes formas de apoio: mediação individual, quantidade de tarefas diferenciada, inserção de recursos específicos às necessidades.
2) Quantidade;
3) Temporalidade: refere-se ao tempo que o aluno levará para construir competências e aprender conhecimentos. Também se refere à diferenciação de tempo quanto ao ritmo de trabalho, concentração, mobilidade, ou execução de atividades em diferentes situações na rotina escolar. As aulas são organizadas em abordagens didáticas que encorajam a participação diferenciada sobre um mesmo contexto (tema ou conteúdo curricular), se complementam e constroem um conhecimento coletivo.
Poderá ajustar os objetivos e os conteúdos para garantir a equidade de oportunidades no processo de ensino e aprendizagem. Tanto os objetivos como os conteúdos poderão ser priorizados, complementados ou reajustados desde que contemplem a temática oferecida ao grupo classe. Os mesmos princípios que orientaram a organização dos objetivos e conteúdos servirão para verificação e validação das aprendizagens.
A medida de um planejamento para a diversidade (necessidades comuns ao grupo) e para a educação inclusiva (necessidades específicas para alguns alunos) implica em fazer uma avaliação pedagógica cuidadosa, valorizar as potencialidades e não as limitações e dinamizar o currículo. Na prática pedagógica diferenciada, todos os alunos exercitam o enfrentamento dos desafios e a socialização dos conhecimentos com diferentes habilidades e/ou possibilidades.
Material pedagógico:  é todo e qualquer recurso utilizado em sala de aula com uma finalidade específica de ensino e aprendizagem.
A educação inclusiva prevê o uso de diferentes materiais pedagógicos para alcançar um mesmo objetivo de ensino. Nesse caso, a referência para a escolha ou desenvolvimento de atividades deve ser o próprio estudante, suas necessidades (baseadas em características físicas, sensoriais ou outras), seus interesses e habilidades, visando sempre a equiparação de oportunidades.
A inclusão implica em oferecer uma mesma proposta ao grupo como um todo e, ao mesmo tempo, atender às necessidades de cada um, em especial daqueles que correm risco de exclusão em termos de aprendizagem e participação. Ou seja, o que pode (e deve) diferir são as estratégias pedagógicas e aspectos como complexidade, quantidade e temporalidade para acessar um mesmo currículo
A dimensão famílias refere-se às relações estabelecidas entre a escola e as famílias dos educandos. Abrange o envolvimento da família com o planejamento e o desenvolvimento das atividades escolares e análise das relações estabelecidas. Se percebemos que as famílias não respondem a nossos chamados, por vezes precisamos entender quais são os pressupostos que estão na base desse não-diálogo para nos sentirmos mais seguros no sentido de propor alterações.
A dimensão parcerias refere-se às relações estabelecidas entre a escola e os atores externos à instituição que atuam para dar apoio aos processos de educação inclusiva. Tais atores podem ser pessoas físicas ou jurídicas e abrangem as áreas da educação especial, da saúde, da educação não-formal, da assistência social e outros. Entender essas alianças ou a falta delas é fundamental para que a escola de fato possa traçar estratégias na direção de se fortalecer como uma instituição que pertence ao território no qual ela está geograficamente localizada.
O que é uma pessoa com deficiência?
Esse é um conceito que vem se transformando ao longo da história. A definição mais atual foi estabelecida pela Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência da ONU em 2006 e diz que:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
Mas por que não usamos mais as expressões:
Deficiente? O termo é inadequado, já que uma pessoa não é definida por sua deficiência. Ela não é deficiente. Ela tem uma deficiência, além de outras tantas características. E é, antes de mais nada, uma pessoa.
Portador de deficiência? Uma pessoa não porta sua deficiência, ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o substantivo ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida. Por exemplo, não dizemos que alguém porta olhos verdes ou pele morena. Uma pessoa pode portar um guarda-chuva, se houver necessidade, e pode deixá-lo em algum lugar. Não se pode fazer isso com uma deficiência, é claro.
Especial ou pessoa com necessidades especiais? Somos todos diferentes. Ou seja, todos temos alguma necessidade particular, não só a pessoa com deficiência. Isso também se aplica aos estudantes em uma sala de aula. Hoje sabemos que todos os alunos, não somente aqueles com deficiência, precisam ser vistos por seus professores como únicos, “especiais”. Isso é pressuposto para que a prática pedagógica possa ser, de fato, inclusiva. Além disso, o argumento, em defesa dessa expressão, de que todos somos imperfeitos, esvazia a discussão sobre os direitos das pessoas com deficiência.
Aluno de inclusão? Apesar do termo ter se difundido no contexto educacional, ele é equivocado quando o usamos para nos referir aos estudantes com deficiência. Se partimos do pressuposto de que a educação inclusiva diz respeito a todos, todos deveriam ser chamados de “alunos de inclusão”.
Usar a expressão correta para se referir a pessoas com deficiência não tem somente a ver com preciosismo semântico ou com ser “politicamente correto”. Devemos sempre nos perguntar: qual é o impacto de algumas palavras e expressões sobre o bem-estar e a aprendizagem dos alunos e sobre as expectativas e ações de professores? A pessoa com deficiência, antesde ter deficiência é, simplesmente, uma pessoa. Assim, a expressão pessoa (s) com deficiência é a mais apropriada, pois valoriza as diferenças e não camufla a deficiência, sempre ressaltando a pessoa e o indivíduo, independentemente das condições sensoriais, intelectuais ou físicas.
A ideia de que a escola precisa estar preparada para receber pessoas com deficiência se baseia em uma expectativa ilusória de um saber pronto, capaz de prescrever como trabalhar com cada uma delas. No entanto, se o processo de aprendizagem de cada um é singular, o preparo do professor no contexto da educação inclusiva é o resultado da vivência e da interação cotidiana com cada um dos estudantes, com e sem deficiência, a partir de uma prática pedagógica dinâmica que reconhece e valoriza as diferenças. Não é, portanto, possível antever o que somente no dia a dia poderá ser revelado.
Além disso, o acesso à escola é um direito incondicional garantido a qualquer pessoa. Recusar matrícula é crime.
Pessoas que enfrentam casos de desrespeito à legislação brasileira – como, por exemplo, a negação da matrícula de um estudante com deficiência em uma escola regular – devem recorrer ao MP para terem seus direitos assegurados.
Muitas escolas e redes de ensino de todo o país ainda restringem o acesso (matrícula e presença) ou limitam a participação e o desenvolvimento das potencialidades de estudantes com deficiência. Diante dessas situações, a primeira alternativa sempre deve ser o diálogo.
Em caso de violação ou desrespeito dos direitos imanentes à garantia de educação para todos é preciso denunciar e buscar ajuda nos órgãos responsáveis pela fiscalização e defesa das pessoas com deficiência. O MP pode ser acionado pessoalmente, em uma de suas unidades físicas, como também pelo site www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/sac Site externo.
Avaliação
A avaliação na perspectiva inclusiva é um processo contínuo e contextualizado, no qual a referência deve ser a trajetória individual do estudante, sem que haja classificações ou comparações. Isso porque a educação inclusiva parte do pressuposto de que cada pessoa tem um modo singular de acessar, produzir e expressar o conhecimento. Por essa razão, a avaliação demanda a adoção de estratégias e ferramentas diversificadas, considerando as especificidades de cada aluno.
Na perspectiva inclusiva, a avaliação tem como referência o processo individual do estudante. Não há comparação com o outro. O parâmetro do aluno é ele mesmo. Por isso, o objetivo não é classificar nem selecionar.
Para desenvolver uma avaliação inclusiva, o ponto de partida deve ser o próprio estudante. Ou seja, é preciso, antes de qualquer coisa, “olhar” para ele – porém não pontualmente, nem descontextualizadamente. É preciso acompanhá-lo processualmente para conhecer sua trajetória individual e conhecê-lo profundamente para descobrir de que modo é capaz de expressar melhor o conhecimento.
Não há um padrão de avaliação para o grupo como um todo que é adaptado a alguns poucos “diferentes”. Partindo do pressuposto de que a diferença é uma característica humana, ou seja, de que todos são diferentes, é preciso pensar em estratégias de avaliação diversificadas para todos os alunos, não somente os com deficiência.
Os erros são bem-vindos, produções autorais são valorizadas e um mesmo problema suscita a oportunidade de explorar múltiplas respostas. Provas, testes ou outras estratégias pontuais de avaliação têm menor valor que os processos de aprendizagem, a partir dos quais é possível reconhecer a evolução em relação ao que o educando já sabia ou era capaz de fazer anteriormente.
A atribuição de nota emerge justamente dos fenômenos observados no cotidiano da aprendizagem, em contextos que tornam visíveis os novos conhecimentos e as novas execuções.
Quando aplicado numa perspectiva inclusiva, pode-se tornar uma importante ferramenta de apoio ao trabalho em sala de aula, principalmente na avaliação de estudantes público-alvo da educação especial.
Basta apresentar o registro de todas as habilidades e competências trabalhadas em sala de aula, bem como os recursos utilizados e o parecer sobre o grau de interação e compromisso com a tarefa prestados pelo aluno.
Plano educacional individualizado (PEI)
O plano educacional individualizado (PEI) é um instrumento de planejamento e acompanhamento do processo de aprendizagem e desenvolvimento de estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, cuja referência é a trajetória individual de cada um. O modelo mais comum, adotado por escolas e redes de ensino no Brasil e em outros países, baseia-se em seis áreas de habilidades: acadêmicas, da vida diária, motoras/atividade física, sociais, recreação/lazer e pré-profissionais/profissionais. 
O PEI pode ser usado na sala de aula regular? Sim. Usar o plano educacional individualizado na sala de aula regular não só recomendável como necessário.
Primeiro porque, considerando seus objetivos, o trabalho do atendimento educacional individualizado (AEE) perde o sentido se não for diretamente articulado com o realizado em sala de aula. Idealmente, o PEI deveria ser construído de forma colaborativa, a partir do estabelecimento de uma parceria efetiva entre o professor de sala e o de AEE. Além disso, considerando que a educação inclusiva diz respeito a todos os estudantes e que o processo de cada estudante é singular, estratégias de planejamento e acompanhamento individual do processo de aprendizagem e desenvolvimento como o PEI deveriam ser estendidas a todos, ao invés de ficarem restritas somente ao público-alvo da educação especial.
O uso do plano educacional individualizado é obrigatório?
Em alguns países, como em Portugal e nos Estados Unidos, a aplicação do instrumento é obrigatória para todos os estudantes com deficiência. No Brasil, essa obrigatoriedade não existe. Entretanto, algumas redes de ensino regulamentam o uso da ferramenta localmente.
Histórico dos marcos legais da educação inclusiva
Nas últimas décadas, muitos países têm passado por significativas transformações referentes a políticas e práticas voltadas à educação inclusiva. No Brasil, as principais mudanças foram decorrentes da publicação da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006.
A Convenção estabelece que “não é o limite individual que determina a deficiência, mas sim as barreiras existentes nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação, na comunicação e nos serviços”. No que diz respeito à educação, ela garante, além de acesso, participação efetiva, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades para o pleno desenvolvimento do potencial de qualquer estudante.
Inspirado nesse documento, o Ministério da Educação (MEC) lançou, em 2008, a Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Seu objetivo foi estabelecer diretrizes para a criação de políticas públicas e práticas pedagógicas voltadas à inclusão escolar. Uma das principais contribuições dessa medida foi reformular o papel da educação especial por meio do estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE).
Qual o impacto da Política nacional na educação inclusiva no Brasil?
A Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva é o primeiro marco regulatório na garantia da matrícula das pessoas com deficiência na escola comum em nosso país. Assim, um de seus principais impactos para o avanço da educação inclusiva no Brasil é o aumento no número de matrículas de pessoas com deficiência em contextos educacionais inclusivos.
Outro impacto determinante foi a mudança radical de paradigma quanto à atuação da educação especial nos sistemas de ensino do país. Antes substitutiva ao ensino regular, a educação especial assume caráter complementar, passando a integrar a proposta pedagógica da escola.
A Política define o público-alvo da educação especial os alunos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação– e institui o atendimento educacional individualizado (AEE) como seu principal serviço de apoio.
Em 2014, foi promulgado o Plano nacional de educação (PNE), que prevê a universalização do acesso à educação básica e ao AEE para o público-alvo da educação especial até 2024.
Em 2015, finalmente, foi aprovada a Lei brasileira de inclusão (LBI), que traz uma série de inovações, como a proibição da negação de matrícula e de cobrança de taxas adicionais em casos de estudantes com deficiência.
O que é atendimento educacional especializado (AEE)?
Segundo a Política nacional, a função do AEE é de identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade para a eliminação das barreiras para a plena participação dos estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, em prol da autonomia e independência na escola e fora dela.
O referido atendimento complementa e/ou suplementa o processo de escolarização desses alunos. Ou seja, não é substitutivo, devendo ocorrer no contraturno escolar, preferencialmente na mesma escola e em sala de recursos multifuncionais (SRM).
Trata-se de um serviço da educação especial, que deve ser realizado em articulação com as demais políticas públicas, integrar o projeto político-pedagógico (PPP) da escola e envolver toda a comunidade escolar.
Acessibilidade
A acessibilidade prevê a eliminação de barreiras presentes no ambiente físico e social que impedem ou dificultam a plena participação das pessoas com e sem deficiência em todos os aspectos da vida contemporânea. A acessibilidade é fundamental para a inclusão e deve estar presente em diferentes contextos, tais como: arquitetônico, comunicacional, metodológico, instrumental, atitudinal, programático, entre outros.
Quais são os contextos relacionados à acessibilidade?
• Acessibilidade arquitetônica: eliminação de barreiras ambientais físicas nas residências, nos edifícios, nos espaços e equipamentos urbanos, nos meios de transporte individuais ou coletivos;
• Acessibilidade comunicacional: eliminação de barreiras na comunicação interpessoal (oral, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braille e o uso de computador portátil) e virtual (acessibilidade digital);
• Acessibilidade metodológica: eliminação de barreiras nos métodos e técnicas de estudos (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social, cultural, artística etc.) e de educação familiar;
• Acessibilidade instrumental: eliminação de barreiras para o acesso e manuseio de instrumentos, utensílios e ferramentas de estudos (escolar), de trabalho (profissional), de lazer e recreação (comunitária, turística, esportiva etc.);
• Acessibilidade programática: eliminação de barreiras “invisíveis” embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias etc.), normas e regulamentos (institucionais, empresariais etc.);
• Acessibilidade atitudinal: eliminação de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações nas pessoas em geral.
O que são as salas de recursos multifuncionais (SRM)?
São espaços localizados em escolas de educação básica onde se realiza o atendimento educacional especializado (AEE) para os alunos identificados como público-alvo da educação especial. As SRM contam com equipamentos, recursos de acessibilidade e materiais pedagógicos capazes de potencializar o processo de escolarização desses estudantes. É importante ressaltar que tais dispositivos podem ser construídos pela própria equipe pedagógica, com o objetivo de eliminar as barreiras para a plena participação dos alunos no ambiente escolar e demais espaços de sociabilidade.
O papel da escola
Tarefa a transmissão e a veiculação de saberes e práticas para todos (qualidade social)
Por meio das relações de diálogo e da criação de vínculos e tendo a diversidade como valor, trabalha no sentido de romper com a lógica da exclusão e da homogeneização. Ou seja, seu papel principal é formar as crianças para a tarefa de renovar um mundo que está ainda repleto de situações de exclusão. Nessa perspectiva, são pressupostos que o processo de aprendizagem de cada criança é singular, que toda a criança aprende e que todas são importantes para o processo de construção de conhecimento no ambiente escolar. A educação inclusiva diz respeito a todas e todos!
Na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) Site externo, que não versa apenas sobre educação e sim sobre todos os direitos humanos, é apresentado um novo conceito de pessoa com deficiência. Ela diz que “são consideradas pessoas com deficiência aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.
Somos diferentes, temos os mesmos direitos e a escola é para todos. Sabemos e concordamos com esses princípios. Entretanto, quando estamos envolvidos nas tarefas cotidianas na escola, às vezes nos sentimos impelidos a repetir repertórios e ferramentas com os quais nos sentimos mais seguros, pois fomos forjados a partir deles. Nesse sentido, vale dizer que os estudantes público-alvo da modalidade de educação especial estão em desvantagem porque em nossa formação foram raros os momentos que pudemos conviver e estudar com pessoas com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades ou superdotação.
Se a educação tem como objetivos desenvolver as potencialidades e capacidades, preparar para o exercício laboral e para ser cidadã(o), é imprescindível romper com os preconceitos e compreender as diferentes características como valor e não como problemas a serem sanados. Os princípios não são negociáveis. As atitudes sim, são passiveis de mudança. Esse é o desafio.
Segregação ou integração.
No primeiro, o estudante com deficiência era atendido por uma instituição educacional apartada do ambiente da escola comum, denominada escola especial. No segundo, o aluno frequentava uma sala de aula inserida dentro de uma escola comum, porém, exclusivamente destinada a pessoas com deficiência. É o que chamamos de sala especial.
Como resultado, o estudante era privado do processo de aprendizagem em um ambiente de contato contínuo com os demais alunos, sob a alegação de que isso garantia um atendimento de maior qualidade.
Integração ou inclusão
O modelo da integração é baseado na busca pela “normalização”. Nega-se a questão da diferença. A integração admite exceções, uma vez que é baseada em padrões, requisitos, condições. os alunos têm que moldar-se a um padrão estabelecido pela escola.
á a educação inclusiva é incondicional. Uma escola inclusiva é uma escola que inclui a todos, sem discriminação, e a cada um, com suas diferenças, independentemente de sexo, idade, religião, origem étnica, raça, deficiência. Uma escola inclusiva é aquela com oportunidades iguais para todos e estratégias diferentes para cada um, de modo que todos possam desenvolver seu potencial. Uma escola que reconhece a educação como um direito humano básico e como alicerce de uma sociedade mais justa e igualitária.
A evolução do campo dos direitos humanos trouxe à tona o paradigma da inclusão. Essa proposta é orientada pelo direito que todos os estudantes têm de frequentar a sala de aula comum juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação.
Fazer a escola para todos é aceitar o desafio de reinventar cotidianamente o mundo em que vivemos!
Lei brasileira de inclusão (LBI)
Em vigor desde 2016, também conhecida como Estatuto da pessoa com deficiência, destina-se a assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e a cidadania. Essa determinação envolve todos os níveis de ensino da escola regular, seja ela pública ou privada.
A lei traz ainda uma série de inovações na área da educação, como: multa e reclusão a gestores que neguemou dificultem o acesso de estudantes com deficiência a uma vaga, proibição de cobrança de valor adicional nas mensalidades e anuidades para esse público e a oferta de um profissional de apoio quando necessário.
Representa crime:
• Recusar a matrícula ou até mesmo dificultar o acesso de estudantes com deficiência à escola comum;
• Cobrar valor adicional nas mensalidades e anuidades escolares devido à deficiência;
• Descumprir qualquer outra das determinações previstas na Lei brasileira de inclusão (LBI).
Quais serviços de apoio para alunos com deficiência são garantidos por lei?
Os estudantes público-alvo da educação especial têm direito ao atendimento educacional especializado (AEE) no contraturno escolar. Alunos surdos têm direito a intérpretes de Língua brasileira de sinais (Libras) e surdocegos, a guias-intérpretes. E, quando necessário, estudantes com deficiência ou transtorno do espectro autista (TEA) têm direito a um profissional de apoio em sala de aula.
Em caso de quais deficiências um estudante tem direito a um profissional de apoio?
 segundo a LBI, estudantes com deficiência auditiva, visual, física ou intelectual ou com transtorno do espectro autista tem direito a um profissional de apoio. TEA também são consideradas “com deficiência, para todos os efeitos legais”
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.
é tão importante avaliar se a presença desse profissional em sala de aula é mesmo necessária. E se for, é fundamental que o objetivo de sua atuação seja sempre a promoção da autonomia e da independência do estudante.
Desenvolver a autonomia de estudantes com deficiência é fundamental para construir uma educação inclusiva. 
nclusão não combina com generalização. Ela parte do pressuposto de que somos todos diferentes, singulares, únicos. Sendo assim, o processo de inclusão de cada estudante é único também. Por isso, torna-se fundamental avaliar cada situação especificamente a fim de constatar se o profissional de apoio é de fato necessário para garantir a inclusão efetiva de um determinado aluno. E é importante considerar que nesse esforço investigativo todos devem ser envolvidos: os próprios alunos, a família, os educadores e demais atores da comunidade escolar. Vale ressaltar a potencial relevância da participação do(a) profissional do atendimento educacional especializado (AEE) nesse processo.
a LBI indica a oferta de profissional de apoio para estudantes com deficiência:
Profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas.
 Terminologias 
No começo da história, durante séculos
Inválidos: significava “indivíduos sem valor”.
e foi utilizado até o século XX, embora já sem nenhum sentido pejorativo nesse período. Aquele que tinha deficiência era tido como socialmente inútil, um peso morto para a sociedade, um fardo para a família, alguém sem valor profissional.
Início do século XX até meados de 1960
Após a 1ª e 2ª guerras mundiais, a mídia passou a usar “os incapacitados”. O termo designava, de início, “indivíduos sem capacidade” e, mais tarde, passou a significar “pessoas com capacidade residual”. Durante várias décadas, era comum o uso dessa expressão para se referir a pessoas com deficiência de qualquer idade. Uma variação foi “os incapazes”, que significava “aqueles que não são capazes” de fazer determinada atividade por causa da deficiência.
Foi um avanço a sociedade reconhecer que a pessoa com deficiência poderia ter capacidade, mesmo que reduzida. Mas, ao mesmo tempo, considerava-se que a deficiência, qualquer que fosse o tipo, eliminava ou reduzia a capacidade da pessoa em todos os aspectos: físico, psicológico, social, profissional etc.
Incapacitados: significava “aqueles que não têm capacidade”;
• Incapazes: significava “aqueles que não são capazes” de fazer determinadas tarefas por conta da deficiência que tinham.
Entre 1960 e 1980
No final da década de 1950 foi fundada a Associação de assistência à criança defeituosa (AACD), hoje denominada Associação de assistência à criança deficiente. No mesmo período, também surgiram as primeiras unidades da Associação de pais e amigos dos excepcionais (Apae). A sociedade passou a utilizar esses três termos, que focalizam as deficiências em si.
• Defeituosos: significava “indivíduos com deformidade”, principalmente física;
• Deficientes: significava “indivíduos com deficiência” em geral. Fosse física, intelectual, auditiva, psicossocial, visual ou múltipla, a deficiência os levava a executar as funções básicas de vida (andar, sentar-se, correr, escrever, tomar banho etc.) de forma diferente do modo como as pessoas sem deficiência faziam. Nessa época, isso começou a ser aceito pela sociedade;
• Excepcionais: significava “indivíduos com deficiência intelectual”.
Simultaneamente, difundia-se o movimento em defesa dos direitos das “pessoas superdotadas”, expressão substituída posteriormente por “pessoas com altas habilidades” ou “pessoas com indícios de altas habilidades”. O movimento mostrou que a expressão “os excepcionais” não poderia referir-se exclusivamente àqueles com deficiência intelectual, pois as pessoas com altas habilidades/superdotação também seriam excepcionais por estarem na outra ponta da curva da inteligência humana.
A década de 1980
Por pressão das organizações de pessoas com deficiência, a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou 1981 como Ano internacional das pessoas deficientes. E o mundo achou difícil começar a dizer e escrever “pessoas deficientes”. O impacto dessa terminologia foi profundo e ajudou a melhorar a imagem desse segmento da sociedade. Foi atribuído o valor “pessoas” àqueles que tinham deficiência, igualando-os em direitos e dignidade a todos.
• Pessoas deficientes: o substantivo “deficientes” passou a ser utilizado como adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substantivo “pessoas”.
De 1988 a 1993
Líderes de organizações de pessoas com deficiência passaram a contestar a expressão “pessoa deficiente”, alegando que ela sinalizava que a pessoa inteira seria deficiente. Ganhou terreno o termo “pessoas portadoras de deficiência” nos países de língua portuguesa. Pela lei do menos esforço, logo foi reduzido para “portadores de deficiência”.
“Portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado à pessoa. Com isso, a deficiência passou a ser um detalhe da pessoa. O termo foi adotado na Constituição federal e em todas as leis e políticas públicas. Conselhos, coordenadorias e associações passaram a incluir a expressão em seus nomes formais.
• Pessoas portadoras de deficiência: foi proposto para substituir “pessoas deficientes”.
Ao longo da década de 1990
“Pessoas com necessidades especiais” surgiu, a priori, para substituir “deficiência”. Também apareceram expressões como “crianças especiais”, “alunos especiais”, “pacientes especiais”, em uma tentativa de amenizar a contundência da palavra “deficientes”. De início, “pessoas com necessidades especiais” representava apenas um novo termo. Depois, com a vigência da Resolução CNE/CEB nº 2 Site externo, “necessidades especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com deficiência quanto a outras pessoas.
• Necessidade especial: substituia “deficiência”;
• Especial: surgiu para amenizar “deficientes”.
A partir de 2000
O fim da década de 1990 e a primeira década do século XXI foram marcadas por eventos mundiais liderados por organizações de pessoas com deficiência. A Declaração de Salamanca preconiza a expressão “pessoas com deficiência”, com a qual o valor agregado às pessoas com deficiência passou a ser o do empoderamento (uso do poder pessoal para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de cada um) e o da responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ousem deficiência.
• Pessoas com deficiência: passa a ser o termo preferido por um número cada vez maior de adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com deficiência.
Os princípios básicos para os movimentos terem chegado a essa terminologia foram:
1. Não esconder ou camuflar a deficiência;
2. Não aceitar o consolo da falsa ideia de que todos têm deficiência;
3. Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;
4. Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
5. Combater eufemismos que tentam diluir as diferenças, tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas dEficientes”, “pessoas com disfunção funcional” etc.
6. Defender a igualdade entre pessoas com deficiência e sem deficiência em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência;
7. Identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).

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