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28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO AULA 4 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18 Prof.ª Dayse Mendes CONVERSA INICIAL A atuação do engenheiro de produção acontece nos mais diferentes tipos de organização, e nos mais diversos de ramos de atividade econômica. Para entender como atuar nesses mais diversos locais e situações, você precisa conhecê-los. Assim, nesta aula, você vai aprender sobre indústria, serviços, consultoria, auditoria e empreendedorismo. TEMA 1 – INDÚSTRIA Sob uma ótica econômica, a indústria é um conjunto de atividades de transformação para a obtenção de produtos. Esse conjunto de atividades envolve desde a tradicional produção artesanal até a fabricação de produtos utilizando tecnologia de ponta. Vale ressaltar que não se deve confundir a indústria com a fábrica, que é o local físico onde essas transformações acontecem. Figura 1 – A indústria 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/18 Crédito: Macrovector/Shuttertock. Nossa sociedade é completamente condicionada ao uso de produtos industrializados. Assim, não há como imaginar viver nossa vida cotidiana sem depender da indústria e de seus métodos de produção. No entanto, nem sempre foi assim. A industrialização inicia-se em países europeus ao longo do século XVIII, mais especificamente na Inglaterra, em especial com o desenvolvimento de novas tecnologias, que proporcionam a possibilidade até então praticamente inexistente de se manufaturar produtos padronizados em grandes quantidades. Esse movimento foi chamado de Revolução Industrial. Esse foi o momento propício para o surgimento do trabalho do engenheiro, caracterizado pela resolução de problemas nas fábricas e outros locais industriais. Engenhar novas formas de se produzir parece ser de extremo interesse nessa nova sociedade, que surgia junto com novas máquinas e novas tecnologias. Cabia ao engenheiro planejar e organizar todos os recursos necessários ao sistema produtivo, e racionalizar situações não vivenciadas antes, nas quais se tinha grandes galpões com centenas e até milhares de pessoas fazendo várias atividades ao mesmo tempo, que deveriam resultar nos produtos que seriam disponibilizados a quem quisesse e pudesse comprar. Figura 2 – Revolução Industrial Crédito: Everett Historical/Shuttertock. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/18 Cem anos depois, a Revolução Industrial se desenvolve nos Estados Unidos. A partir de então, para que uma nação fosse considerada desenvolvida, teria de se apresentar como uma nação industrializada. Assim, a indústria tornou-se o setor predominante na economia dessa nação. 1.1 TIPOS DE INDÚSTRIAS A transformação de matérias-primas em produtos abarca uma imensa quantidade de possibilidades de produção. Assim, para um melhor entendimento e, consequentemente, uma melhor gestão, foram criadas tipologias para as indústrias. Uma dessas tipologias, a mais conhecida, divide a indústria de acordo com o produto entregue para a sociedade, distinguindo-se três tipos: as indústrias de base; as indústrias intermediárias; e as indústrias de bens de consumo. As indústrias de base são aquelas que transformam matéria-prima bruta em matéria-prima processada. São chamadas de base por manterem abastecidas as demais indústrias de recursos necessários. São indústrias de base, por exemplo, “as que operam a extração de minérios e sua transformação em matéria-prima para outros setores industriais, e também as indústrias de produção de energia elétrica” (Sandroni, 1999). A indústria extrativa tem por função extrair, retirar matéria-prima mineral, vegetal ou animal da natureza, para que seja reaproveitada em outras indústrias. Figura 3 – Indústria extrativista Crédito: Mark Agnor/Shuttertock. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/18 Quanto às indústrias intermediárias, pode-se entender que seu papel é fornecer produtos beneficiados que serão usados nos parques fabris de outras indústrias. É o caso, por exemplo, das indústrias de equipamentos, que fornecem máquinas industriais. Finalmente, as indústrias de bens de consumo incluem os produtos que serão consumidos pela população em geral. Nesse caso, pode-se subdividi-la em dois tipos: as indústrias de bens duráveis e as indústrias de bens não duráveis. Os bens de consumo duráveis são aqueles que proporcionam ao seu dono durabilidade ao longo do tempo, como um automóvel. Já os bens de consumo não-duráveis são perecíveis, normalmente de primeira necessidade, como alimentos, roupas ou remédios. Figura 4 – Indústria de bens de consumo Crédito: Roman Zaeits/Shuttertock. TEMA 2 – SERVIÇO Embora no imaginário popular o engenheiro esteja atrelado à indústria, é expressivo o crescimento do setor econômico de serviços e, por consequência, a atuação do engenheiro nesse setor. Na verdade, há que se observar que a visão que a sociedade tem acerca da importância dos serviços para a 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/18 economia vem se modificando significativamente, pois hoje os serviços respondem pela maior parcela do Produto Interno Bruto – PIB de várias nações (IBGE, 2017). Pode-se definir serviço como um conjunto de atividades que é realizado para atender às necessidades de um cliente. Assim, ele é um produto, mas um produto que traz uma maior dificuldade de análise, planejamento e produção, pois é imaterial, intangível e o consumo acontece de forma simultânea com a produção. Figura 5 – Serviços Crédito: Trueffelpix/Shuttertock. Essas duas características, a intangibilidade e a simultaneidade, distinguem a produção de um serviço da produção de um bem. Assim, é importante entender esses dois conceitos. Quanto à simultaneidade, pode-se explicar essa característica observando que os serviços não podem ser estocados, pois são produzidos e consumidos ao mesmo tempo. O mais próximo que se chega da ideia de estoque em serviços é a espera do cliente, ou seja, a fila. Desse modo, em um serviço, a operação acontece como um sistema produtivo aberto, em que se sofre todo o impacto das variações de demanda (Fitzsimmons; Fitzsimmons, 2014). Quanto à intangibilidade, diz respeito ao fato de o consumidor não poder tocar o produto adquirido, pois o serviço é imaterial. Outras características que podem ser citadas quanto aos serviços são a heterogeneidade, ou seja, dois serviços nunca serão iguais, pois cada consumidor terá uma experiência diferente, mesmo que o serviço, em tese, seja o mesmo; a perecibilidade, pois já que um serviço não pode ser estocado, ele precisa ser consumido no momento da produção; e a não propriedade do serviço pelo consumidor, pois quando se adquire um serviço, tem-se somente o direito de recebê-lo (Fitzsimmons; Fitzsimmons, 2014). 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/18 2.1 CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇOS Para se entender melhor os serviços e como tratá-los, é possível utilizar de uma matriz em que os serviços são classificados a partir de duas dimensões: o grau de intensidade de trabalho e o grau de interação com o cliente e de customização. Figura 6 – Matriz de processo de serviços Fonte: Fitzsimmons; Fitzsimmons, 2014, p. 25. Conforme Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 25), cada uma das denominações dispostas na matriz esclarece a natureza do serviço oferecido: As fábricas de serviços oferecem um serviço padronizado, com alto investimento de capital, de maneira semelhante a uma linha de montagem. As lojas de serviços permitem maior customização doserviço, mas o fazem em um ambiente de alto capital. Os clientes de um serviço de massa receberão um serviço indiferenciado em um ambiente com grande força de trabalho, mas os que buscam um serviço profissional serão atendidos individualmente por especialistas treinados. Outra forma de abranger os serviços encontra-se na matriz da Figura 7, que auxilia na compreensão de como os serviços são disponibilizados aos clientes. Nesse sentido, as dimensões que compõem essa matriz são: quem se beneficia com o serviço e a natureza do serviço. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/18 Figura 7 – Natureza do ato de prestação de serviços Fonte: Fitzsimmons; Fitzsimmons, 2014, p. 27. Essas matrizes auxiliam não só a entender o quanto os serviços podem ser diferenciados entre si, como também oferecem informações para uma série de tomadas de decisão em relação à produção do serviço em si. É importante ressaltar que, pelas suas características diferenciadas em relação aos bens, a forma de produzir um serviço não deve ser elaborada como o planejamento da produção de um bem. Assim, os itens de planejamento de produção, como previsão de demanda e de capacidade, instalações e sua localização, filas, utilização de tecnologias, verificação da qualidade, fornecimento e cadeia de suprimentos, e até mesmo o projeto dos serviços, não devem ser elaborados da mesma forma como se elabora o planejamento de um bem. É necessário usar de ferramentas próprias para o planejamento de serviços, para que o sistema produtivo funcione de maneira eficaz. Figura 8 – Fila em serviços 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/18 Crédito: Macrovector / Shuttertock. TEMA 3 – CONSULTORIA Um serviço específico que pode ser prestado pelo engenheiro de produção é a consultoria. Atualmente, o conhecimento parece fugir de nossas mãos, tendo em vista a velocidade das mudanças a que estamos submetidos. Parece ser uma boa ideia buscar um especialista que tenha domínio sobre um determinado tema, que nós, em nosso dia a dia, não temos condição de obter. Então, as empresas passam a contratar esse especialista para resolver determinados problemas que, normalmente, não estão no rol de problemas cotidianos da organização. Mas também podem ser problemas crônicos, com os quais a organização convive, e que não consegue solucionar. Crocco e Guttmann (2017, p.7) trazem um conceito de consultoria, desenvolvido pelo Institute of Management Consultants: Serviço prestado por uma pessoa ou grupo de pessoas, independentes e qualificadas para a identificação e investigação de problemas que digam respeito a política, organização, procedimentos e métodos, de forma a recomendarem a ação adequada e proporcionarem auxílio na implementação dessas recomendações. Nesse sentido, um engenheiro que seja contratado para prestar serviços a uma organização, emprestando seu conhecimento técnico por um determinado período, de forma a analisar, propor soluções e, em algumas situações, auxiliar a organização a implantar essas soluções, estará atuando como consultor. Figura 9 – Consultoria 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/18 Crédito: EtiAmmos / Shuttertock. 3.1 O ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO COMO CONSULTOR Vários são os conhecimentos especializados que o engenheiro de produção detém, e que podem ser utilizados em consultorias às organizações. A seguir, vamos apresentar algumas situações em que o engenheiro de produção pode atuar como consultor. O engenheiro de produção pode atuar nos problemas de produtividade de um sistema produtivo. Se ele elemento não estiver adequada, uma empresa pode perder vantagem competitiva, pois não consegue entregar os produtos já negociados na quantidade ou no tempo certos. Assim, o engenheiro pode estudar e mapear os processos produtivos, identificando gargalos e outros problemas que estejam causando paradas indevidas, perda de tempo, fluxo indevido de matéria-prima e de produto em processo, entre outras situações. A partir do mapeamento, é possível elaborar propostas de melhoria que otimizem os processos e melhorem os métodos de produção, bem como a interação das pessoas com os métodos. Outro problema ligado ao engenheiro de produção é a falta de qualidade no sistema produtivo e no produto obtido após a produção. O estudo das falhas no sistema produtivo e a implementação de ferramentas de controle e acompanhamento que sejam de fácil compreensão e de uso constante são tarefas facilmente realizadas pelo engenheiro de produção. Além disso, ele pode estudar a implementação de um sistema de gestão da qualidade, por meio do uso e certificação da NBR ISO 9001, que além de auxiliar a resolver os problemas operacionais, trará à organização uma cultura de melhoria contínua. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/18 Mais uma situação que pode ser estudada por um consultor engenheiro de produção é a dos estoques. Encontrar um equilíbrio nos estoques é fundamental para qualquer organização. Assim, deve- se buscar ações de forma a não ter estoque a mais, pois essa prática gera custos com espaço físico, obsolescência dos materiais estocados, gestão dos estoques, entre outros. Mas também é necessário cuidar para que não haja estoque a menos, o que geraria problemas com o prazo de entrega dos produtos ao cliente, gargalos, entre outros. Otimizar o controle dos estoques é um serviço de consultoria que pode ser prestado para que a organização minimize perdas e mantenha a produtividade e a eficiência do sistema produtivo. Na verdade, o engenheiro de produção pode usar de seus conhecimentos e habilidades para analisar e propor soluções como consultor nos mais diversos problemas de um sistema produtivo. TEMA 4 – AUDITORIA Nas empresas que apresentam Sistemas de Gestão, tais como o sistema de gestão da qualidade, sistema de gestão ambiental, sistema de gestão de saúde e segurança do trabalhador, sistema de gestão social, entre outros, a auditoria se torna um processo rotineiro e necessário para a obtenção e a manutenção de certificados, e de um funcionamento adequado desses sistemas. O engenheiro de produção pode atuar como auditor nesses processos, de forma a garantir que a empresa em que trabalha passe pelos processos de certificação, e de manutenção da certificação, sem grandes percalços. Também pode atuar em empresas de auditoria, na outra ponta do processo, analisando se as empresas que buscam uma certificação estão conformes e fazem jus a ela. Nesse sentido, existem três tipos distintos de auditorias: a auditoria de primeira parte, a auditoria de segunda parte e a auditoria de terceira parte. Auditoria de primeira parte: esta auditoria é interna. Ocorre quando a própria empresa realiza auditoria sobre seu sistema de gestão da qualidade. Constitui uma função contínua, completa e independente para auxiliar no alcance dos objetivos organizacionais. Auditoria de segunda parte: esta auditoria é externa, realizada pela organização cliente em uma organização fornecedora da empresa. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/18 Auditoria de terceira parte: esta auditoria é externa. Acontece quando um organismo independente observa se os padrões estão atendidos, e concede certificação à empresa (Chiroli, 2016). Figura 10 – Auditoria Crédito: chase4concept/Shuttertock. Conforme Chiroli (2016, p. 199-200), a auditoria atua no alcance de alguns objetivos organizacionais, tais como a determinação da conformidade dos elementos dos sistemas de gestão; a determinação da eficácia dos sistemas de gestão implementados quanto ao cumprimento dos objetivos especificados; a identificação de oportunidades para melhorar os sistemas de gestão da empresa; a identificação de pontospara tomada de decisão; e a identificação de treinamentos específicos necessários para se manter os sistemas de gestão adequados. A auditoria de sistemas de gestão é padronizada por meio da norma NBR ISO 19011. A norma diz que a auditoria é um processo sistemático, documentado e independente para que se obtenha a evidência de auditoria e para que se possa verificar até que ponto os critérios da auditoria são atendidos. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/18 4.1 CARACTERÍSTICAS DE UM AUDITOR O auditor, de um modo geral, não agrada os funcionários de uma empresa. Pela característica de seu trabalho, que é observar se as pessoas estão realizando as tarefas sob sua responsabilidade, ele passa a ser visto como inimigo. Assim, é necessário que o profissional apresente algumas características, inclusive de personalidade, bastante específicas, para poder ser um bom auditor, interno ou externo à organização. Figura 11 – Reconhecimento profissional Crédito: Alewka/Shuttertock. Dentre elas, pode-se apontar que o auditor deve ser reconhecido profissionalmente, já que, assim, as pessoas auditadas terão a percepção de que estão passando por um processo que é da competência do auditor. Ao demonstrar conhecimento, o auditor passa credibilidade e facilita a compreensão de que a auditoria tem por objetivo melhorar o trabalho das pessoas. O auditor também deve se mostrar organizado, visto que o planejamento e a execução da auditoria não devem nunca atrapalhar a rotina de trabalho das pessoas que serão auditadas. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/18 Ser flexível é mais uma característica importante que o auditor deve apresentar, pois ele deve ouvir os auditados e entender o seu ponto de vista. Mesmo porque, nem sempre o padrão proposto para um determinado processo é o melhor ou o mais produtivo naquela situação. Mas, ao mesmo tempo, o auditor deve ser capaz de resistir às pressões que os auditados vão exercer, fazendo prevalecer sua posição quando o auditado estiver incorreto. Nesse sentido, ser hábil em tratar com pessoas é outra característica relevante para que a auditoria aconteça a contento, em especial porque as pessoas de um modo geral se sentem nervosas ao serem auditadas. Tranquilizar as pessoas, comunicando de forma adequada, faz parte do processo de auditoria. Finalmente, a característica mais importante é atitudinal: ser ético. Além de apresentar as características necessárias, o auditor também deve seguir algumas regras básicas ao realizar a auditoria, tais como não ser tendencioso, manter a mente aberta, ser imparcial, ser paciente, lembrar ao participante que a auditoria é importante para a melhoria contínua, sempre indicar os fatos, nunca corrigir a pessoa no local em que ela trabalha, fazer relatórios com precisão e clareza, e estar familiarizado com os procedimentos a serem auditados (Chiroli, 2016). TEMA 5 – EMPREENDEDORISMO Embora a palavra empreendedorismo possa ser entendida como uma capacidade que as pessoas têm de observar e colocar em prática novas soluções, não importando se estamos falando de um empregado ou um empresário, aqui trabalharemos a noção de empreendedorismo como o projeto de um novo negócio capaz de atender a uma necessidade social. Nesse sentido, o engenheiro de produção pode atuar como um empreendedor e oferecer os mais diferentes tipos de bens e serviços para a sociedade, de acordo com suas competências. Então, o conceito aqui utilizado para empreendedorismo é o disponibilizado por Dornelas (2016), que diz que esse termo “[...] pode ser definido como o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades”. Tais ideias, quando implantadas de forma correta, levam o empreendedor a ter um negócio de sucesso. Dornelas (2016) complementa o conceito, dizendo que, portanto, “o empreendedor do próprio negócio é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/18 riscos calculados”. Chama-se essa situação de empreendedorismo de oportunidade. Mas há uma outra situação que faz nascer um empreendedor: a necessidade. Em especial no Brasil dos últimos anos, em que as tentativas de estabilização e crescimento econômico têm se mostrado frustradas, muitas pessoas perderam seus empregos. A alternativa para essas pessoas foi empreender, mesmo sem ter experiência no ramo escolhido, para suprir sua necessidade de sobrevivência. Nesse sentido, a ideia de empreendedorismo se consolida no Brasil a partir dos anos 2000, como forma de entender melhor os processos da criação de um novo negócio, e evitar a mortalidade dessas novas empresas, que surgiram ao longo desse período. Figura 12 – Canvas Crédito: Fluke Cha/Shuttertock. Por outro lado, em termos de oportunidades, há condições favoráveis para a criação de novos empreendimentos. O auxílio das tecnologias de informação e a abertura do mercado mundial às novas empresas auxiliam na condição de empreender. Ao se perceber patrão, o empreendedor deve entender que o domínio de ferramentas para o planejamento e a manutenção do novo negócio é muito importante. Assim, faz parte da rotina do empreendedor saber desenvolver um plano de negócio, utilizar um Canvas Business, acompanhar o desempenho de sua empresa, planejar processos produtivos e processos econômico-financeiros, prospectar novas oportunidades de negócios, além de gerir pessoas e negociar com empresas e clientes. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/18 Nesse sentido, o engenheiro de produção tem vantagem, pois é preparado para conhecer e utilizar todas essas ferramentas. Como empreendedor, está preparado tanto para criar uma empresa de ramo econômico tradicional, como para criar uma startup. 5.1 STARTUPS Um capítulo especial na questão do empreendedorismo diz respeito às startups. Primeiro é preciso estabelecer que nem todo novo empreendimento é uma startup. Na verdade, de acordo com Ries (2012), uma startup é “uma instituição humana projetada para criar novos produtos sob condições de extrema incerteza”. Quando se pensa em novos produtos não existentes no mercado, que trazem a solução de problemas que a sociedade nem sabia que existiam, aí sim estamos falando de startups. Figura 13 – Startup Crédito: Who is Danny/Shuttertock. Nesse sentido, a operação de uma startup não pode seguir os padrões de uma empresa tradicional, visto que, na maioria das vezes, ela não conhece seus clientes; não conhece seu mercado de atuação, pois ela pode estar lançando um novo mercado; não tem muito dinheiro e, portanto, precisa de gente interessada em investir; além do fato de os riscos serem grandes. Para ser um “startupeiro”, é necessário ter algumas características. Compreender que a realidade das startups não tem nada de glamoroso, e que você não ficará milionário da noite para o dia, é uma das 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18 primeiras questões a serem consideradas. Na verdade, a mortalidade das startups é ainda maior do que as de empreendimentos tradicionais. Assim, a possibilidade de suas primeiras ideias não terem sucesso é muito alta. Não adianta somente ter ideias criativas, é necessário construir protótipos para poder validar a ideia na prática com seus possíveis clientes. O cliente não gostou de seu produto. Então é o momento de pivotar, ou seja, de recomeçar o desenvolvimento do produto. Essas ações devem ser feitas de forma iterativa, por partes, para se construir um empreendimento mais sólido. Com o produto criado e validado pelos clientes, pode-se lançá-lo no mercado. Nesse momento, o produto deve estar disponível para toda equalquer pessoa que se interessar por ele, não importa a quantidade. Tendo em vista a necessidade de desenvolver todas essas fases e, possivelmente, repeti-las várias vezes, é necessário ter resiliência, paciência e responsabilidade, já que esse é um mercado por definição instável, mas que pode gerar bons frutos. FINALIZANDO Nessa aula, estudamos o campo de atuação de um engenheiro de produção formado. Embora muitas pessoas pensem que o engenheiro só pode atuar em uma fábrica, há muito mais espaços de atuação, em especial pelas competências que você terá ao final de seus estudos. Então, você pôde conhecer sobre a indústria, mas também sobre os serviços. Há a possibilidade de você vir a atuar como consultor ou como auditor. Então, agora você tem uma ideia de como trabalham esses profissionais. E, finalmente, é possível que se torne dono de seu próprio negócio, e por isso teve acesso a informações sobre empreendedorismo. REFERÊNCIAS CHIROLI, D. M. G. Avaliação de sistemas de qualidade. Curitiba: InterSaberes, 2016. CROCCO, L.; GUTTMANN, E. Consultoria empresarial. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 28/02/2021 UNINTER - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A PROFISSÃO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/18 DORNELAS, J. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2016. FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia de informação. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. IBGE – Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Anual de Serviços 2017. Disponível em <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/150/pas_2017_v19_informativo.pdf>. Acesso em: 13 dez. 2019. RIES, E. A startup enxuta: como empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Lua de Papel, 2012. SANDRONI, P. (Org.). Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
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