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Física Geral e Experimental I Luis Ricardo Arruda de Andrade C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ANDRADE, Luis Ricardo Arruda. Física Geral e Experimental I. Luis Ricardo Arruda de Andrade. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 360 p. “Graduação - EAD”. 1. Física. 2. Geral. 3. Experimental. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1812-7 CDD - 22 ed. 621 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Galan e Fábio Augusto Gentilin. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e Yasminn Talyta Tavares Zagonel. Revisão Textual Érica Fernanda Ortega e Cíntia Prezoto Ferreira. Editoração Bruna Stefane Martins Marconato. Ilustração Bruno Pardinho e Mateus Calmon. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. PALAVRA DO REITOR WILSON DE MATOS SILVA REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! WILLIAM DE MATOS SILVA PRÓ-REITOR DE EAD Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Janes Fidélis Tomelin PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. Débora Leite DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL Kátia Coelho DIRETORIA DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO Leonardo Spaine DIRETORIA DE PERMANÊNCIA APRESENTAÇÃO A disciplina de FÍSICA GERAL EXPERIMENTAL tem como finalidade apresentar os conceitos básicos da Física de modo a fornecer ao estudante a base necessária para a especialização no seu campo de conhecimento. Procurando manter uma linguagem simples, sem preciosismos, mas sem perder a precisão, nas Unidades 1 e 2 começamos por apresentar conceitos de velocidade e aceleração e como descrever os movimentossobre traje- tórias conhecidas, leitura e interpretação de gráficos, conceitos esses úteis até mesmo em situações do dia a dia. Na Unidade 3, são apresentadas as grandezas físicas escalares e vetoriais, introduzindo o aluno em uma nova álgebra que segue diferentes processos de operação. Uma ideia que não abandonamos nunca é o do rigor a serviço da compreen- são. Quando detalhamos, por exemplo, o conceito de inércia na Unidade 3, estamos dando a base para que o leitor empregue este conceito dentro do rigor da ciência para que as conclusões a que tenha de chegar com um respaldo científico não seja apenas a repetição de um discurso. Ainda nessa unidade, apresentamos o Princípio Fundamental da Dinâmica para o movimento retilíneo, deixando o estudo do Princípio Fundamental da Dinâmica nos movimentos curvilíneos para uma outra oportunidade. Aqui cabe uma justificativa deste procedimento, que difere da maioria das obras desta natureza: os pré-requisitos para a Dinâmica do movimento circular exigem a construção de uma nova Cinemática. A Unidade 4 é dedicada ao movimento de rotação, à Cinemática e à Dinâmica do Movi- mento Circular Uniforme. A seguir, vem o conceito de energia, cuja importância perpassa todas as áreas da Física e grande parte das outras ciências, e que se constitui em elemento fundamental para a vida. Daí a necessidade de começar a uni- dade apresentando, ainda que de maneira informal, as diferentes formas de energia, destacando a possibilidade de se transformar de uma forma em outra, de se transferir de um corpo para outro, mas que no todo se conserva. Por fim, mais um ponto importante: a energia como processo de resolver problemas de Dinâmica, tema que é discutido na Unidade 5 e parte da 6. A seguir, vem a Ondulatória. Nessa unidade, apresentamos oscilador harmônico, as características do oscilador harmônico e as grandezas a ele relacionadas: período, frequência e pulsação; o conceito de onda e as grandezas a ela relacionadas: comprimento de onda e velocidade de propagação; e encerramos com uma discussão das ondas sonoras. Até este ponto, estudamos movimentos de corpos isolados. Se retomar- mos todas as situações discutidas até aqui, descrevemos movimentos de corpos sob ação de forças aplicadas por outros corpos. Pretendemos, agora, entender o que acontece não apenas do corpo que sofre a força como também com aquele que a aplica. A finalidade do Princípio da Ação-Reação é estudar a ação mútua dos corpos. Vamos estudar duas situações. Na primeira, todos os corpos que cons- tituem o sistema estão interligados. Na segunda, os corpos apresentam movimentos independentes, o que acontece, por exemplo, em uma ex- plosão. Para estudar esta segunda parte, são apresentados os conceitos de quantidade de movimento e de Impulso de uma força e os Teoremas do Impulso e dos Sistemas Isolados. A seguir, passamos para os movimentos de corpos sob ação exclusiva de seu peso, e este estudo é dividido em dois capítulos: Balística e Gravitação. Encerramos o curso estudando as condições de equilíbrio de corpos nos estados sólido, líquido e gasoso. CURRÍCULO DOS PROFESSORES Luis Ricardo Arruda de Andrade Engenheiro eletricista, modalidade Eletrotécnica, formado pela Escola Politécnica da Univer- sidade de São Paulo, em 1970. Descrição do Movimento 13 Descrição de dois Movimentos Importantes da Física 41 Forças e o Princípio Fundamental da Dinâmica para o Movimento Retilíneo 65 Rotação, Cinemática e Dinâmica do Movimento Circular Uniforme Conceito, Classificação e Descrição dos Diferentes Tipos de Energia 101 131 Aplicações da Teoria de Trabalho e Energia 169 Sistema de Corpos Interagindo Estática e Hidrostática 271 Movimentos Balísticos 317 211 21 Conceito de velocidade 47 Conceito de aceleração 77 Forças opostas 107 Velocidades escalares Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Luis Ricardo Arruda de Andrade • Apresentar as unidades de comprimento e tempo do Sis- tema Internacional de Unidades (SI). • Conceituar trajetória, orientação de trajetória, origem e como descrever o movimento de um corpo que percorre uma trajetória conhecida. • Definir velocidade escalar média e instantânea, unidade de velocidade no Sistema Internacional e sua relação com a unidade usual. • Analisar o gráfico da velocidade em função do tempo para casos de movimentos com velocidade constante e variável; • Determinar a propriedade da área como método de obter o deslocamento. • Compreender como ocorre a aceleração escalar; • Demonstrar como obter a aceleração a partir do gráfico da velocidade. Sistema de Unidades Movimento em uma Trajetória Conhecida Gráfico da velocidade Aceleração Escalar Velocidade escalar média x velocidade escalar instantânea Descrição do Movimento 14 Descrição do Movimento Sistema de Unidades A Física, assim como a Química e a Biologia, é uma ciência natural, ou seja, estuda a natureza e distingue-se das outras duas pelo objeto do es- tudo: a Física se concentra nas grandezas físicas. Grandeza Física é tudo que pode ser medido por um instrumento ou por um processo. Comprimento, massa, tempo e velocidade são grandezas físicas, pois podem ser medidos com réguas, balanças, relógios e velocímetros. Medir é comparar com a unidade. Portanto, tanto para transações comerciais como para os traba- lhos científicos, as unidades têm de seguir um pa- drão, e exatamente com esse propósito, foi criado o Sistema Internacional de Unidades (SI). 15UNIDADE 1 Sistema Internacional de Unidades O Sistema Internacional de Unidades (SI) baseia-se em sete unidades fundamentais: Quadro 1 - Unidades fundamentais da física Grandeza Unidade Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Corrente elétrica ampere A Temperatura termodinâmica kelvin K Quantidade de matéria mol mol Intensidade luminosa candela cd Fonte: Rozemberg (1998). Todas as demais unidades são derivadas das fundamentais. Por exemplo, a unidade de área é o metro quadrado (m2), de velocidade é m/s, e assim por diante. Muitas das unidades derivadas recebem nomes, como a unidade de potência que é o watt (W), mas todas elas derivam das fundamentais, como será mostrado à medida que são apresentadas. Frequentemente, são empregados múltiplos e submúltiplos das unidades, iden- tificados por prefixos. Por exemplo, o quilômetro (km), que vale 1.000 metros. O quadro, a seguir, mostra os nomes desses prefixos. Para evitar enganos e facilitar as operações aritméticas, é comum, na Física, o emprego das potências de dez. Em vez de dizer que um giga vale 1.000 milhões, ou escrever 1 G = 1 000 000 000, prefere-se 1 G = 109 m. Quadro 2 - Prefixos indicativos de múltiplos da unidades Nome Símbolo Relação com o Metro tera T 1012 giga G 109 mega M 106 quilo k 103 hecto h 10² deca da 10 Fonte: Rozemberg (1998). https://pt.wikipedia.org/wiki/Grandeza https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_de_medida https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolo https://pt.wikipedia.org/wiki/Comprimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Metro https://pt.wikipedia.org/wiki/M https://pt.wikipedia.org/wiki/Massa https://pt.wikipedia.org/wiki/Quilograma https://pt.wikipedia.org/wiki/Kg https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo https://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo https://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_el%C3%A9trica https://pt.wikipedia.org/wiki/Amp%C3%A8re https://pt.wikipedia.org/wiki/Amp%C3%A8re https://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura_termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Kelvin https://pt.wikipedia.org/wiki/Kelvin https://pt.wikipedia.org/wiki/Quantidade_de_mat%C3%A9ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Mol https://pt.wikipedia.org/wiki/Mol https://pt.wikipedia.org/wiki/Intensidade_luminosa https://pt.wikipedia.org/wiki/Candela https://pt.wikipedia.org/wiki/Candela 16 Descriçãodo Movimento Existem, também, símbolos para os submúltiplos. O milímetro (mm), por exemplo, vale um milési- mo do metro. Ao ler o quadro que segue, vamos encontrar um expoente negativo. O expoente negativo 10-x deve ser entendido como 1 10x .Por exemplo: 1 n (nano) = 10- 9 = 1 109 = 0,000000001 Quadro 3 - Prefixos indicativos de submúltiplos da unidades Nome Símbolo Relação com o Metro deci d 10-1 centi c 10-2 mili m 10-3 micro µ 10-6 nano n 10-9 Fonte: Rozemberg (1998). 17UNIDADE 1 A Física estuda os vários fenômenos naturais, e muitos deles estão relacionados a algum tipo de movimento. A temperatura de um corpo está relacionada ao movimento dos átomos que o constituem; a corrente elétrica é o movimento organizado das cargas elétricas em um condutor; o som e a luz são ondas que se propagam. A Mecânica é a parte da Física que estuda o movimento e as condições de equilíbrio dos cor- pos. Nela, vamos estudar importantes conceitos, como velocidade, força, massa, peso, energia, pres- são e muitos outros que serão úteis em diferentes capítulos da Física. Muitas vezes, ao estudarmos um movimento de um corpo, sabemos previamente a trajetória que ele vai percorrer. Por exemplo, um corpo em queda livre percorre uma trajetória retilínea ver- tical; durante uma viagem, a trajetória do carro é a estrada que ele percorre, e é exatamente pelo estudo do movimento sobre uma trajetória co- nhecida que começamos o nosso estudo. Movimento em uma Trajetória Conhecida 18 Descrição do Movimento Posição Na linguagem da física, indicar a posição de um corpo é informar o lugar em que ele se encontra. A posição é sempre em relação a um outro corpo tomado como re- ferencial. A posição de um veículo, de um acidente, de uma curva ou de uma pessoa em uma estrada pode ser determinada pelo marco quilométrico, que é a distância medida sobre a estrada até um ponto preestabelecido, chamado marco zero. Observe, na Figura 1, que estar na posição 340 km não indica que o homem percorreu 340 km. Assim, a posição de um corpo em uma estrada também pode ser indicada por uma única medida expressa em quilômetros. km 340 Figura 1 - O marco quilométrico de uma estrada é um indicador de posição Fonte: o autor. A escolha do modo de indicar a posição de um corpo deve ser adequada a cada situação particular. O modo de localizar um ponto da estrada não é conveniente para localizar um barco no mar. No entanto, em todos os casos, há algo em comum. Um corpo só pode ser localizado em relação a outro, o qual denomina-se referencial. 19UNIDADE 1 Trajetória O que caracteriza um movimento é a mudança de posição. Como já vimos, um corpo só pode ser localizado em relação a outro, denominado referencial. Portanto, só pode- mos determinar se há ou não movimento, tomando um outro corpo como referencial. A ideia de trajetória é a de percurso, o caminho que o corpo percorre, o trajeto de um corpo. A estrada na qual o carro se movimenta é a trajetória dele. A trajetória de um corpo caindo é uma reta vertical. Trajetória é a linha sobre a qual o corpo se movimenta. A Posição de um Corpo que Percorre uma Trajetória Conhecida Tomando como base o exemplo do marco quilométrico, podemos concluir que a posição de um corpo que percorre uma trajetória conhecida pode ser determinada, em cada instante, por uma única medida, sendo, na física, denominada espaço ou abscissa (S), que é a distância, medida sobre a trajetória desde a origem adotada (O) até posição do corpo (P) no instante considerado: O S P Figura 2 - Determinação da posição de um corpo que percorre uma trajetória conhecida Fonte: o autor. 20 Descrição do Movimento Vamos iniciar este tópico com uma reflexão: su- ponha que uma pessoa esteja planejando uma viagem de 180 km, percorrendo uma estrada que seja cheia de curvas em um determinado trecho, esteja em obras em outro, seja livre e desimpedida em outro. Digamos que, por tudo isto, ele calcule gastar 3 h na viagem. Perguntamos: 1. Qual a velocidade média do viajante no per- curso todo? 2. A indicação do velocímetro foi sempre igual à velocidade média obtida na pergunta anterior? Respostas: 1. Se ele percorreu 180 km em 3 h, sua veloci- dade média foi: Vm = 180/3 = 60 km/h 2. Durante a viagem, a indicação do velocímetro vai variar de acordo com as condições de trá- fego, ficando as vezes abaixo, as vezes acima de 60 km/h. Velocidade Escalar Média X Velocidade Escalar Instantânea 21UNIDADE 1 Se você entendeu o exemplo, vai compreender os dois itens que seguem, que tratam da velocidade escalar média e da velocidade escalar instantânea. Velocidade Escalar Média Um corpo percorre uma trajetória qualquer, pas- sando pelo ponto P no instante t e pelo ponto P’ no instante t’ como indicado na figura. No intervalo de t a t’, seu deslocamento é: S S S= −′∆ E o tempo decorrido entre os instantes t e t’ é: t t t= −′∆ Define-se velocidade escalar média no intervalo ∆t pelo quociente: Vm S t = ∆ ∆ O S S’ ∆S P’ (t’)P (t) Figura 3 - Velocidade escalar média no intervalo t a t’ Fonte: o autor. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Conceito de velocidade 22 Descrição do Movimento É imediato verificar que a unidade de velocidade no SI é m/s. No entanto, a unidade utilizada comumente é o km/h. Para transformar uma unidade em outra, vamos imaginar um veículo a uma velocidade de 36 km/h e determinar sua velocidade em m/s. Para isso, basta lembrar que 1 km = 1000 m e 1h = 3600 s. Logo: 36 km h m s = 361000 3600 � � � = 10 m/s Generalizando, para transformar uma velocidade expressa em km/h para m/s, basta dividir o valor por 3,6. Velocidade média NÃO é média das velocidades. Acompanhe o exemplo a seguir: Um corpo percorre a primeira metade de um percurso de 60 m, mantendo velocidade constante de 3 m/s, e a segunda metade com velocidade de 15 m/s. Qual será sua velocidade média no percurso total? Muitos podem ficar tentados a achar que a velocidade média seria a média das ve- locidades, ou seja, 3 15 2 9 +( ) = m s . Mas isso não é verdade. Vamos aplicar a definição de velocidade escalar média em cada um dos trechos e determinar os tempos gastos em cada metade do percurso. Sendo ∆t1 (10 s)o tempo gasto para percorrer a primeira metade e ∆t2 (2 s) , então: a velocidade média (V) no percurso total será o quociente do percurso total de 60 m, pelo tempo total, portanto V m t m s= + = = 60 60 12 5 1∆ ∆ t2 Concluindo: a não ser em casos particulares, velocidade média não é média das velocidades. Velocidade Escalar Instantânea A velocidade escalar instantânea, ou, simplesmente, velocidade escalar, é a leitura do velocímetro – ou outro instrumento de medida de velocidade – em cada instante. No caso de a velocidade escalar ser constante, o valor da velocidade escalar média coincide com a velocidade escalar instantânea. No caso de ser variável, seu valor oscila acima e abaixo do valor médio. 23UNIDADE 1 As variações de velocidade de um corpo em mo- vimento podem ser representadas em um gráfico, denominado gráfico da velocidade. O gráfico da Figura 4 é apenas um exemplo. A velocidade inicial do corpo é 4 m/s, aumenta até atingir o valor 6 m/s, depois, permanece constante por 2 s, diminui até atingir o valor 2 m/s no ins- tante 8 s e mantém constante esse valor por 3 s. 0 0 2 4 6 2 4 6 8 10 V ( m/s ) t (s) Figura 4 - Exemplo de gráfico da velocidade em função do tempo Fonte: o autor. Gráfico da Velocidade 24 Descrição do Movimento Com um pouco de cálculo, podemos determinar o deslocamento do corpo no inter- valo 0 a 11 s e a velocidade média nesse intervalo de tempo. A área sob o gráfico (veja figuras) é o deslocamento do corpo no intervalo de tempo considerado. A Figura 5, que é um trapézio, mostra o comportamento da velocidade no intervalo 0 a 2 s. Lembrando que a área de um trapézio é dada pela expressão 1 2 basemaior basemenor altura+(). , obtemos: 4 2 6∆S Figura 5 - Comportamento da velocidade no intervalo 0 a 2 s Fonte: o autor. Deslocamento no intervalo 2 s a 4 s: a figura sob o gráfico da Figura 5 é um retângulo. Lembrando que a área de um retângulo é dada pela expressão base altura× �, obtemos: 2 66 ∆S S m2 2 6 12= =∆ . Figura 6 - Comportamento da velocidade no intervalo 2 s a 4 s Fonte: o autor. Deslocamento no intervalo 4 s a 8 s: a figura sob o gráfico da Figura 7 é um trapézio. Lembrando que a área de um trapézio é dada pela equação 1 2 basemaior basemenor altura+( ). , obtemos: 2 6 4 ∆S S3 1 2 6 2 4 16 = +( ) = m·∆ Figura 7 - Comportamento da velocidade no intervalo 4 s a 8 s. A área representa o deslocamento nesse intervalo de tempo Fonte: o autor. 25UNIDADE 1 Deslocamento no intervalo 8 s a 11 s: a figura sob o gráfico da Figura 8 é um retângulo. Lembrando que a área do retângulo é a dada pela expressão base altura× , obtemos: 22 3 ∆S S m4 2 3 6= =∆ . Figura 8 - Comportamento da velocidade no intervalo 8 s a 11 s. Fonte: o autor. O deslocamento total, ou seja, no intervalo 0 a 11s será: 10m + 12m + 16m + 6m 44m A velocidade média, que está representada na Figura 9, será: V S t m sm = = = 44 11 4∆ ∆ 0 0 2 4 6 2 4 6 8 10 V ( m/s ) t(s) Vmédia Figura 9 - Velocidade média no intervalo 0 a 11 s Fonte: o autor. 26 Descrição do Movimento Como poderíamos descrever o gráfico da veloci- dade em função do tempo a seguir? Observe que, no intervalo 0 a t1, a velocidade é crescente. No intervalo de t1 � a t2 , a velocidade também é cres- cente, porém, o crescimento é menor. No interva- lo de t2 � a t3 , a velocidade é constante e no inter- valo t3 � a t4 é decrescente. Velocidade t1 2 3 4t t t t Figura 10 - Gráfico da velocidade em função do tempo Fonte: o autor. Aceleração Escalar 27UNIDADE 1 Uma possibilidade é descrever o comportamento da velocidade pela taxa de variação, que é o quociente da variação da velocidade pelo tempo gasto para haver a variação. Tanto no intervalo 0 a t1 como no intervalo t1 � a t2 , a taxa de variação é positiva, in- dicando aumento de velocidade. Quanto mais rápida é a variação, maior é a taxa de variação. No intervalo t3 �a t4 , há uma diminuição da velocidade e, neste caso, a taxa de variação é negativa. No intervalo de tempo t2 � a t3 em velocidade constante, a taxa de variação é nula. Essa taxa de variação é denominada aceleração escalar. Conceito de aceleração escalar A aceleração escalar é a taxa de variação da velocidade escalar. Se a velocidade esca- lar passa de um valor V em um dado instante t para um valor V '� em um instante t ' posterior a t , a aceleração escalar a vale: a V t V V t t � � � � � ' � � A unidade de velocidade é m/s. Logo, a unidade de aceleração será m s s m s/ /= 2 Observe que V '� pode ser maior ou menor que V . No primeiro caso, ∆V será positi- vo e no segundo caso será negativo. A conclusão é que se V V' > , a aceleração será positiva. No caso de V '� menor que V , a aceleração será negativa. Nesta unidade, apresentamos dois diferentes temas: o primeiro refere-se ao Sistema Internacional de Unidades. A primeira vista, pode parecer sem importância, afinal, que diferença faz se meço o comprimento em metros ou em polegadas ou em milhas? A diferença é que, na Física e na Engenharia, as grandezas vão sendo relacionadas. Se não estabelecêssemos padrões internacionais, teríamos de estabelecer múltiplas tabelas para compararmos as unidades das diferentes grandezas. Nos dias atuais, apenas Myanmar, a Libéria e os Estados Unidos não o utilizam. Por enquanto, você só precisa saber o metro (m), o quilograma (kg) e o se- gundo (s) e seus derivados m/s e m/s2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Myanmar https://pt.wikipedia.org/wiki/Lib%C3%A9ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos O outro tema é o movimento sobre trajetória conhecida, que se aplica a inúmeros casos, como um veículo percorrendo uma estrada, um corpo em queda livre, um planeta em órbita e muitos outros, e que terá uma continuidade na Unidade 2. Para estudar o movimento de um corpo em trajetória conhecida, precisamos saber como localizar o corpo ao longo dessa trajetória, o que nos leva ao conceito de espaço (S). Além disso, precisamos caracterizar a rapidez com que o corpo se movimenta. Essa grandeza é a velocidade escalar. Quando estudamos a rapidez com que o cor- po se movimenta em um dado intervalo de tempo, utilizamos a velocidade escalar média; quando estamos interessados na velocidade a cada instante, empregamos a velocidade escalar instantânea. Por fim, definimos a aceleração que é a taxa da variação da velocidade escalar. 29 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Denominamos Grandeza Física a tudo que puder ser medido por um instrumen- to ou por um processo. O Sistema Internacional de Unidades foi criado para padronizar os resultados de medidas de modo que os possam ser compreen- didos independentemente da língua utilizada pelo interlocutor. No quadro que segue, utilizada em uma escola chinesa, podemos verificar que os símbolos das unidades são exatamente os mesmos que os utilizados no Brasil. 量度 國際制度單位SI 名稱 符號 長度 米 m 質量 公斤 kg 時間 秒 s 電流強度 安培 A 熱力的溫度 開氏 K 物質的數量 分子 mol 光度 燭光 cd O fato de existir um padrão para as unidades de medida não impede que, por diferentes razões, outras unidades existam. Um exemplo é a unidade usual para velocidade, o km/h. Se a indicação de um velocímetro de um carro é 90 km/h, essa velocidade no Sistema Internacional de Unidades é: a) 90 m/s. b) 9,0 m/s. c) 25 m/s. d) 2,5 m/s. e) 250 m/s. 30 2. Em uma experiência realizada em um laboratório de uma escola, um carrinho foi abandonado do repouso, ele desce uma pista inclinada, a qual foi adaptada uma régua graduada em cm e a posição do carrinho é mostrada a cada 0,2 s. Com relação à velocidade média, calculadas para cada intervalo de 0,2 segundos, desse carrinho, podemos afirmar que: a) É constante. b) É decrescente. c) É crescente e, no intervalo de 0,4 s a 0,6 s, vale 20 m/s. d) É crescente e, no intervalo de 0,4 s a 0,6 s, vale 2,0 m/s. e) É crescente e, no intervalo de 0,4 s a 0,6 s, vale 12 cm/s. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 3. Muitos veículos comerciais são equipados com um aparelho, denominado tacógrafo, que registra a velocidade a cada instante e as informações são apresentadas em um disco, como o mos- trado na figura. Vamos imaginar que uma versão simplificada de um tacógrafo seja utilizada em um veículo que percorre uma trajetória retilínea e que a velocidade dele, no intervalo 0 a 10 s, seja registrada em um gráfico. 31 Analise o gráfico e assinale a alternativa correta. V (m/s) 12 0 3 8 10 t (s) a) O veículo se desloca 120 m em 10 s. b) O deslocamento do veículo é nulo no intervalo 0 a 10 s, pois ele volta à posição inicial. c) A velocidade do veículo é constante. d) O veículo se deslocou em um sentido por 3 segundos, parou e voltou, gastando 2 s na volta. e) A velocidade do veículo é crescente nos três primeiros segundos, constante no intervalo de 3 s a 8 s e decrescente no intervalo 8 s a 10 s. 4. Ainda sobre a questão anterior. A velocidade média do veículo no intervalo 0 a 10 s é em m/s: a) 9. b) 10. c) 11. d) 12. e) 15. 32 5. Dois veículos, A e B, que percorrem uma mesma estrada e estão, em um dado instante, lado a lado, com a mesma velocidade, quando, por conta de um peri- go a frente acionam os freios. O gráfico da figura mostra o comportamento da velocidade deles desde o instante em que os freios são acionados até o instante em que cada um dos veículos para. V (m/s) t (s) 18 0 3 B A 4 Gráfico da velocidade em função do tempo dos veículos a e b freando Desde o instante em que os freios são acionados até a paralização total deles: a) Os deslocamentos dos veículos foram iguais. b) O veículo A se desloca 9 m a mais do que o veículo B. c) O veículo Bse desloca 18 m a mais do que o veículo A. d) O veículo B se desloca 72 m. e) O veículo A se desloca 54 m. 33 6. Três amigos viajando de carro resolvem rever o conceito de aceleração. Enquan- to um deles guia, outro anota o valor de velocidade em diferentes instantes, enquanto o terceiro, com auxílio de um cronômetro, anota o tempo. Na tabela a seguir, constam alguns valores anotados pela dupla: Velocidade do Veículo em Diferentes Instantes t(s) V(km/h) 0 18 4 54 8 72 13 27 Com relação às acelerações médias, de cada intervalo, pode ser afirmado que: a) É variável, sendo que o intervalo 0 a 4 s vale 9 m/s2. b) É variável, sendo que, no intervalo 0 a 8 s, vale 2,5 m/s2. c) É variável, sendo que, no intervalo 4 s a 8 s, vale 4,5 m/s2. d) É constante. e) É variável, sendo que no intervalo, 8 s a 13 s vale – 2,5 m/s2. 34 As Faces da Física Autor: Wilson Carron e Osvaldo Guimarães Editora: Ed. Moderna Sinopse: elaborada em volume único, essa obra relaciona a teoria às principais descobertas e à evolução científica no campo da Física. As referências à atualida- de e a linguagem acessível tornam a disciplina mais interessante de aprender e de ensinar. A obra está organizada em 51 capítulos, distribuídos em seis partes: Mecânica, Física Térmica, Óptica Geométrica, Ondulatória, Eletromagnetismo e Física Moderna. Há, ainda, um capítulo suplementar sobre Análise Dimensional e Teoria dos Erros. Comentário: o capítulo 2 do livro indicado é denominado “Cinemática escalar: conceitos básicos”. Nesse capítulo, encontram-se os mesmos conceitos aqui apresentados e é adequado para uma revisão ou aprofundamento. Está em uma linguagem simples e direta e permite fechar os conceitos de movimento em uma trajetória conhecida. LIVRO Há inúmeras videoaulas acerca de velocidade escalar média e aceleração escalar média. A indicação a seguir é umas dentre muitas. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/182 35 GUIMARÃES. O.; CARRON, W. As faces da Física. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Volume 1 - Mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. ROZEMBERG, I. M. O sistema internacional de unidades – SI. São Paulo: Instituto Mauá de tecnologia, 1998. SERWAY, R. A.; JEWETT, J. W. Física para Cientistas e Engenheiros. Volume I - Mecânica. São Paulo: Cen- gage Larning, 2012. TIPLER, P. A. Física Conceitual. Bookman; Porto Alegre: LTC, 2016. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenheiros. Volume I - Mecânica e Ondas, Termodi- nâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2016. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009. 36 1. C. 2. D. 3. E. 4. A. 5. B. 6. E. 37 38 39 40 Button 7: Botão 4: