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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Biópsia: A biopsia é um exame complementar que tem como finalidade a elucidação de determinada patologia após a remoção de um tecido vivo para estudo macro e microscópico. • Bios (vida) opsis (ver; observar); • Instrumento conclusivo no diagnóstico; • Todo fragmento de tecido retirado da boca do paciente deve ser enviado para a análise (não deve ser jogado fora). A discussão de se fazer ou não a biopsia não é tão importante, mas sim saber quando indicá-la e, uma vez indicada, realizá-la o mais rapidamente possível. • Erosões e úlceras que não apresentam tendências a cicatrização no período de 2 semanas; • Todo nódulo ou nódulos de crescimento rápido; • Manchas enegrecidas; • Placas brancas (que não destacam); • Manchas avermelhadas suspeitas de eritroplasia; • Vesículas e bolhas (quando não consegue fechar o diagnóstico a partir do exame clínico); • Lesões ósseas – deve realizar biópsia sempre; • Lesões suspeitas de cisto, para confirmar o tipo histológico e, consequentemente, propor o melhor tipo de tratamento para cada caso; • Lesões com resultado citológico classes III, IV ou V de Papanicolaou, para confirmar a presença de lesão maligna (essa classificação significa lesões com alterações indicativas de malignidade – lesões malignas/potencialmente malignas. Biópsia e cit. esfoliativa: (BORAKS, 2011) – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto (NEVILLE et al., 2009) (NEVILLE et al., 2009) (BORAKS, 2011) (NEVILLE et al., 2009) – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Estruturas normais, alterações leves de desenvolvimento e lesões traumáticas não devem ser biopsadas! • Grânulos de Fordyce; • Torus Mandibular/maxilar; • Língua fissurada e geográfica; • Ùlcera traumática e Aftas (UAR); Para diferenciar as úlceras traumáticas e aftas (que não necessitam de biópsia) das úlceras que não cicatrizam (precisam de biópsia), deve-se avaliar a localização da lesão (se está em uma região de possível traumatização), o tempo da lesão (há quanto tempo ela está presente) e se o paciente sente dor (as aftas são bastante dolorosas, já as úlceras com suspeita de lesão maligna não são dolorosas). Além disso, pode ser perguntado ao paciente se ocorreu algum trauma que possa ter causado aquela lesão. • O patologista pode não ter condições de fornecer diagnóstico definitivo (nos casos em que se trata de uma neoplasia maligna com alto grau de diferenciação). Nesses casos, deve-se recorrer a outras técnicas e consultar outros patologistas. • Representatividade do material obtido – pequenas amostras retiradas da lesão podem não ser suficientes para o patologista realizar a observação de forma adequada. • Localização e dimensão da lesão – fatores que podem dificultar o procedimento: algumas localizações dificultam a coleta correta da amostra. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Não existem contra-indicações absolutas, apenas temporárias: • Gerais: incluindo algumas doenças sistêmicas como diabetes descompensado, doenças hematológicas como hemofilia, hipertensão arterial sistêmica (HAS), paciente cardiopata que faz uso de derivados cumarínicos e ácido acetilsalicílico e encontra-se com relação normalizada internacional (RNI) alterada e pacientes imunossuprimidos, incluindo os transplantados. Nesses casos, é conveniente entrar em contato com o médico responsável para avaliar o melhor momento para a realização do exame. • Locais: lesões suspeitas de melanoma e hemangioma. ▪ Melanoma: quando essas lesões são manipuladas, se não forem totalmente removidas, tende a proliferar. Os melanócitos malignos caem na corrente sanguínea e ocorre metástases. Portanto, nesses casos, jamais deve-se realizar a biópsia incisional (coleta de fragmentos da lesão). É necessário realizar o encaminhamento para remover a lesão completa com margem de segurança (nos casos em que a lesão é muito grande). É arriscado fazer esse procedimento no consultório. Lesões pequenas podem ser retiradas no consultório com margem de segurança. Suspeita de melanoma - lesões enegrecidas. ▪ Hemangioma (neoplasia benigna de vasos sanguíneos): ao realizar uma biópsia pode ocorrer um sangramento excessivo de difícil contenção. O diagnóstico se dá através de manobras clínicas (diascopia). Nesses casos, deve ser considerado um tratamento conservador para tentar conter a lesão antes da biópsia – aplicar esclerosante para a lesão diminuir (obstruindo os vasos sanguíneos). Ocorre quando apenas parte da lesão é removida, ou seja, uma pequena porção da lesão é retirada para avaliação. Nestes casos, deve-se eleger a área mais representativa da lesão para auxiliar na elucidação diagnóstica. É indicado: • Quando há lesões extensas ( > 1 cm de diâmetro); • Quando as lesões são suspeitas de malignidade. (NEVILLE et al., 2009) (BORAKS, 2011) (NEVILLE et al., 2009) – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Remove-se a lesão como um todo. Em alguns casos, a lesão mostra características próprias ou sinais patognomônicos que justifiquem sua remoção por completo. • Para algumas lesões, a biópsia excisional é o próprio tratamento; • Diagnóstico e tratamento definitivos; • Não é indicada na suspeita de malignidade; • Deve ser realizada em lesões < 1 cm de diâmetro. Quando a lesão é muito grande, deve-se selecionar as áreas para realizar a coleta, pode-se remover mais de um fragmento (se a lesão for eritroleucoplásica, é necessário colher fragmentos das áreas brancas e das áreas vermelhas). Como facilitar a seleção da área: ▪ Utilizando Azul de toluidina a 1% - pode colorir as áreas com maior alteração – recurso que facilita a escolha da área a ser coletada. Pode ser utilizado nas lesões grandes. Deve-se evitar colher fragmentos de áreas de necrose e de hemorragia. 1. Preparação do campo cirúrgico: ▪ Antissepsia: A antissepsia extra e intrabucal é realizada com solução de clorexidina a 4% para a antissepsia extrabucal e a 0,12% para a antissepsia intrabucal, com a qual pede-se ao paciente que realize bochechos por 30 segundos. ▪ Assepsia: Deve-se tomar todo o cuidado na limpeza da sala e do equipamento odontológico, na esterilização correta do instrumental a ser utilizado, no uso correto dos campos cirúrgicos etc. 2. Anestesia local: ▪ Na maioria das lesões de tecido mole, utiliza-se a técnica infiltrativa regional.. ▪ Para lesões de tecido ósseo, são empregadas as técnicas infiltrativas regionais na maxila e de bloqueio do nervo alveolar inferior para as lesões mandibulares. ▪ De acordo com a localização e extensão da lesão, outras técnicas deverão ser empregadas. 3. Incisão: ▪ Incisões paralelas aos troncos vasculares e nervosos; ▪ Incisões ao longo das fibras musculares; ▪ Incisão profunda semilunar ou em cunha. 4. Sutura: ▪ Tem como finalidade aproximar as bordas da ferida cirúrgica, propiciando uma cicatrização por primeira intenção, mais rápida, e também para evitar que corpos estranhos e microrganismos entrem no interior da ferida, podendo levar a quadros infecciosos e atraso na cicatrização ou na reparação. • Evitar eletrocirurgia (com bisturi elétrico) –causa necrose aos tecidos; • Em lesões pediculadas, incluir o pedículo; • Não comprimir, não prender e não dilacerar a peça com instrumentos; • Remover sangue, coágulos e outros indutos com soro fisiológico; A biópsia excisional não deve ser realizada nas lesões com suspeita maligna, com exceção da suspeita de melanoma. Como o melanoma tende a se proliferar diante de um procedimento cirúrgico para biópsia incisional, deve ser realizada uma biópsia excisional. Quando a lesão suspeita de melanoma tiver menos de 1 cm – é feita a biópsia excisional com margem de segurança. Se a biópsia confirmar o melanoma, o paciente deve ser encaminhado para o tratamento. Se a lesão for grande, o paciente deve ser diretamente encaminhado – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Não secar a peça; • Identificação do frasco. O material removido pela técnica de biopsia deve ser colocado imediatamente na solução fixadora, pois o material uma vez removido e sem aporte sanguíneo para nutri-lo, se não for fixado imediatamente, começa a sofrer processo de autólise e a se deteriorar. Portanto, o material retirado deve ser colocado imediatamente em frasco com boca larga e com tampa e com solução de formol a 10%. • Informar sobre dor; • Medicação pós-cirúrgica; • Incômodo posterior; • Higiene oral criteriosa; • Remoção de sutura; • Resultado da biópsia. • Hemorragias; • Metástase; • Infecção; • Má-cicatrização. Deve conter: 1. Data da biópsia; 2. Registro dos dados do paciente; 3. Registro dos dados da lesão; 4. Dados do profissional. O patologista precisa receber esse registro contendo os dados da lesão para incrementar durante a análise na biópsia. • Falta de representatividade do material (amostra pequena, inviabilizando a observação); • Manipulação e fixação inadequadas da peça; • Informações deficientes; • Introdução de anestésico na lesão; • Troca de material. O cirurgião-dentista deve lembrar que mesmo o diagnóstico clínico mais especializado nunca será tão confiável quanto o laudo microscópico estabelecido através de uma biópsia. Citologia esfoliativa: O citodiagnóstico ou exame citológico corresponde a uma análise dos aspectos microscópicos individuais das células coletadas a partir de descamação natural ou de um raspado da mucosa ou pele, além de conteúdos líquidos ou semissólidos de lesões. • Exame complementar de diagnóstico que utiliza células epiteliais isoladas que se descamam naturalmente do epitélio da mucosa oral, normal ou patológica. • Baseada no fundamentado da renovação constante das células epiteliais. Em condições usuais de normalidade, as células profundas do epitélio são fortemente aderidas umas às outras, mas quando observa-se um elevado contingente de células com núcleo amplo e esférico, delimitado por um citoplasma escasso e que confere a estas um formato também arredondado, suspeita-se de um processo patológico no tecido analisado, principalmente de etiologia neoplásica ou autoimune, pois nessas condições os queratinócitos perdem adesividade. • Muito utilizada na área médica; • Pouco usada na Estomatologia; • Grande potencial de aplicação - devido a sua simplicidade de execução e fornecimento de informações importantes para a conduta terapêutica. • Citologia oncótica – exame de Papanicolau (sinônimos de citologia esfoliativa). ▪ Indicação principal: diagnóstico do câncer; ▪ Lesões ulceradas persistentes; ▪ Lesões extensas ou múltiplas; ▪ Controle de evolução de certas doenças; ▪ Áreas onde o teste de azul de toluidina foi positivo; ▪ Lesões aparentemente inócuas (que aparentemente não causam nenhum mal) e que não apresentam razão suficiente para realização de biópsia; ▪ Controle de lesões em pacientes que não podem ser submetidos à biópsia imediata. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto – O resultado do exame citológico é determinado pela análise da expressão de colorações especiais, por características morfológicas do citoplasma e do núcleo ou pela combinação de ambos os fatores anteriormente citados. Classificação de Papanicolaou: • Classe 0 – Material inadequado ou insuficiente para análise; • Classe 1 – Células dentro dos padrões de normalidade; • Classe II - Células com alterações decorrentes do processo inflamatório – normal com atipias para a região; • Classe III - Células com atipias sugestivas do processo de malignidade; • Classe IV - Células com atipias fortemente sugestivas do processo de malignidade; • Classe V - Células com atipias conclusivas do processo de malignidade. Classe 1 – (BORAKS, 2011) Classe II Classe III Classe IV Classe V A partir da classe III, é indicada fazer a biópsia para uma análise mais profunda. • Importância no diagnóstico de lesões não-tumorais; • Usada isoladamente ou em associação com outros exames. ▪ Pênfigo vulgar; ▪ Herpes; ▪ Blastomicose sul-americana; ▪ Sífilis; ▪ Candidíase; ▪ Lesões císticas; Pênfigo vulgar e herpes – lesões vesículo-bolhosas: a citologia identifica a presença de células tzank, presente nessas lesões. Lesões císticas – é feita a observação do conteúdo cístico. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Pênfigo vulgar Lesões herpéticas Candidíase Blastomicose • Lesões com superfície de mucosa intacta – Ex: Hiperplasia fibrosa: é o aumento do tecido conjuntivo (que fica depois do epitelial), nesse caso a citologia não será útil para o diagnóstico, pois a citologia abrange apenas o epitélio superficial; • Lesões hiperceratóticas resistentes – nessas lesões, a camada de ceratina é muito grande e a raspagem vai coletar apenas ceratina. Nesse caso, é necessário colher áreas menos ceratóticas, assim haverá maior probabilidade de observar essas células; • Lesões com necrose superficial acentuada. Leucoplasia – lesõa com áreas ceratóticas Hiperplasia fibrosa Vantagens: • Menor traumatismo – menos invasivo; • Menor índice de complicações; • Não necessita de anestesia local; • Maior superfície de amostragem; • Diagnóstico rápido; • Relação custo-benefício é ideal – materiais utilizados são simples; • Repetição sem risco para o paciente; • Aplicabilidade a grandes populações – com finalidade de exame de triagem de câncer bucal e outras doenças; • Alcance à lesões de difícil acesso por biopsia pelas diferentes técnicas de coleta citológica; • Fidelidade de diagnóstico. Limitações: • Classificação morfológica difícil – devido a alterações estruturais decorrentes da perda de adesão das células entre si; • Impossibilidade de avaliar infiltração e invasão vascular - pois os queratinócitos observados no exame citológico são superficiais; – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Dificuldade para diagnosticar neoplasias mistas ou de origem mesenquimal – A neoplasia mista envolve o tecido epitelial e vai além (90% dos casos de câncer de boca são de origem epitelial). Os de origem mesenquimal não podem ser investigados e analisados através da citologia. • Lâmina de vidro; • Espátula ou escova; • Fixador; • Clipes. (BORAKS, 2011) • Seleção da área: ▪ Área representativa da lesão; ▪ Não selecionar áreas de necrose e de sangramentos; • Bochecho com água – para eliminar os restos alimentares; • Identificação e limpeza da lâmina; • Raspagem firme; • Distribuição uniforme na lâmina; • Material é coletado e acondicionado em frascos com líquido fixador apropriado; • Fixação: ▪ Álcool 95% ou 97%; ▪ Solução álcool 97%/éter; ▪ Spray. É muito importante realizar uma fixação imediata e correta do material coletado, pois a secagemao ar ou a fixação após longo tempo de coleta não fornecem boa qualidade da coloração celular, promovendo distorções que dificultam a análise microscópica e contaminação por partículas externas. • Coloração. O material coletado deve ser encaminhado ao laboratório de análises microscópicas junto com uma requisição com os dados sobre o paciente, tais como: nome, idade, endereço, profissão, história da doença atual com informações sobre a evolução do quadro clínico, descrição da lesão abordando o aspecto da lesão fundamental, localização, sintomatologia, assim como informações a respeito dos fatores de risco, existência de outras doenças concomitantes que possam estar relacionadas com a lesão e hipótese diagnóstica. A identificação do cirurgião-dentista ou profissional de saúde com telefone para contato e data da coleta do material também são dados importantes. • A área de coleta do material para exame citológico deve ser criteriosamente escolhida para que a amostragem seja representativa da lesão. Áreas de necrose e hemorragia devem ser evitadas. Em caso de secreção mucopurulenta abundante, deve-se fazer a coleta antes e depois de lavar delicadamente o local da lesão, para possibilitar melhor obtenção de células. • Após coletado e fixado, o material deve ser corado para facilitar a análise das estruturas citoplasmáticas e nucleares das células descamadas. Limpeza da lâmina (BORAKS, 2011) Raspagem da lesão (BORAKS, 2011) – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Distribuição da amostra na lâmina (BORAKS, 2011) Armazenamento da lâmina em frascos especiais com fixador – frascos devem estar devidamente identificados (BORAKS, 2011). A citologia esfoliativa é uma técnica simples que, quando aplicada e interpretada com propriedade, se torna um meio auxiliar de valor em nosso arsenal diagnóstico. Referências: KIGNEL, Sergio. Estomatologia: bases do diagnóstico para o clínico geral. 3. ed. Rio de Janeiro: Santos Editora, 2020. Aula teórica de Clínica de Semiologia.Profesora Natália Guimarães Barbosa. Faculdade Maurício de Nassau, odontologia, 2021.
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