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Celso Furtado - Pequena Introdução ao Desenvolvimento Cap.11

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Pequena Introdução ao Desenvolvimento – Celso Furtado 
Capítulo 11 – Estado e empresas transacionais na industrialização periférica 
· A reversão das economias periféricas o processo de industrialização (substituição de importações) no Brasil foi um processo reativo que serviu para encher um vazio. O voltar-se para o mercado interno significaria diversificação na atividade produtiva, ou seja, essa reversão assumia a forma de industrialização. 
· Esse processo de reversão, na verdade, ocorria em economias que não possuíam qualquer autonomia tecnológica. Coma diversificação dos sistemas produtivos guiada pela demanda de bens finais de consumos, ficava ainda mais evidente a necessidade de importar equipamentos e tecnologia. 
· As economias que se tornaram em sistemas nacionais autônomos (escaparam do poder gravitacional da Inglaterra no fim do século XIX), a diversificação das atividades econômicas significou verticalização da estrutura produtiva (desenvolver indústrias de base e de equipamentos e ganhar autonomia tecnológica em setores relevantes). 
· Comércio exterior: aumento das exportações de produtos mais elaborados e nas importações ganhavam importância os produtos primários ou de baixo grau de elaboração. 
· Analisando o comércio exterior no caso da industrialização por substituição de importações o cenário era inverso: a diversificação do sistema produtivo quase não tinha efeito sobre a composição das exportações (ainda somente com produtos primários), afetando as importações (tornando-as mais sofisticadas). 
 “Com efeito, na medida em que avançava o processo substitutivo, as importações se tornavam mais “incompressíveis”, aumentando o peso relativo de matérias-primas que não podiam, ou ainda não podiam, ser produzidas localmente e de bens cuja produção requeria vultosos investimentos ou avançada tecnologia.”. 
· Esse processo de “fechamento” da economia periférica era um esforço de diversificação da estrutura produtiva demasiado grande para o nível de acumulação que podia ser alcançado. 
· As economias que avançaram pela via da industrialização substitutiva apresentavam duas características contraditórias: 
· Um coeficiente muito baixo de importações de produtos manufaturados finais (autonomia aparente no que respeita ao abastecimento interno de produtos manufaturados). 
· Apresentavam incapacidade para competir nos mercados internacionais desses produtos. 
· “Mais avançavam pelo caminho da diversificação, mais baixa era a produtividade.”. 
o Assim o fechamento também refletia a incapacidade para criar linhas de exportação a partir dos setores produtivos que estavam em expansão. 
 
· O impacto das empresas transacionais o Houve uma reconstrução do sistema capitalista, sob tutela dos EUA, no sentido de integração dos mercados nacionais dos países centrais. O processo de unificação do espaço econômico no centro seria o fator determinante da extraordinária acumulação que ocorreria no período referido. Essa nova orientação tomada pelo capitalismo resultou em duas coisas: 
· A tecnologia desenvolvida nos EUA foi privilegiada. 
· Acicatou a concentração de poder econômico favorecendo as empresas com capacidade de ação global. o “Do ponto de vista da periferia, essas modificações adquiriram uma grande significação, pois, enquanto o capitalismo dos sistemas nacionais, tutelados por estados rivais, era por definição nacionalista, voltado para integração interna, o capitalismo das grandes firmas é naturalmente cosmopolita, orientado para o livre-cambismo e a livre transferência de recursos entre países.”. 
· Impacto na periferia, duas fases: 
· As firmas centrais buscam participar da industrialização por substituições, consolidando posições já ocupadas anteriormente ou conquistando novas posições. 
· As firmas se empenharão em reabrir as economias periféricas, mediante a diversificação de suas exportações, no quadro de uma reconstrução sobre bases novas do sistema de divisão internacional do trabalho. 
· Dois traços característicos da industrialização periférica: 
· A primazia da tecnologia do produto. 
· Substituição de capacidade produtiva, ou deseconomias de escala. 
· Graças a esses dois traços, as empresas centrais assumiram um papel dominante na industrialização periférica, não obstante essa industrialização fosse acompanhada de redução do coeficiente de comércio exterior. 
· “Mais o desenvolvimento de uma economia é comandado pela dinâmica da demanda de produtos finais, mais importante é o papel desempenhado pela tecnologia do produto. Ora, é exatamente esta situação dos países periféricos, onde a demanda de produtos finais foi modelada por importações procedentes de economias muito mais avançadas no processo de acumulação e onde a industrialização tem sua origem num esforço para cobrir vazios deixados pela insuficiência dessas importações. Ora, a tecnologia do produto é a principal fonte de poder de mercado, razão pela qual aqueles que a controlam somente a cedam mediante condições muito restritivas.” 
· No momento em que no centro a tecnologia se orienta para a globalização, as economias periféricas tiveram que enfrentar problemas de estreiteza de mercado ou de substituição de capacidade produtiva em múltiplos setores. 
· “Para uma empresa local que devesse pagar a tecnologia ao preço 
de mercado e recuperar o capital investido nos prazos correntes, 
os custos de produção seriam demasiadamente elevados, o que agravaria a estreiteza do mercado.”. o Para entrar no mercado de um país periférico, uma empresa transacional não necessita mobilizar mais do que uma pequena fração de seus recursos, e a substituição de capacidade durante uma primeira fase não significa pera ela grande esforço financeiro. Agora, para a firma local, essa forma de mercado define-se claramente como um oligopólio, já que o maior obstáculo se apresenta sob a forma de barreira a entrada. 
· “No que respeita a produção de equipamentos, a sobrevivência das firmas locais depende essencialmente do apoio financeiro do Estado e também da reserva de mercado no setor público.”. o As empresas transacionais começam a penetrar no setor industrial das economias periféricas com mais intensidade a partir dos anos 50. A modernização traduzia-se em forte diversificação da demanda, vale dizer, em estreiteza do mercado. 
· Novo sistema de divisão internacional do trabalho? 
· As economias industriais que emergiram na periferia nas condições de substituição de importações são o fruto de um esforço para prosseguir com a modernização em face de condições externas adversas. 
· “Na fase de desorganização do sistema de divisão internacional do trabalho, elas continuarão a “fechar-se” no período subsequente, no qual as economias centrais se empenham em integrar os respectivos mercados em um espaço econômico unificado.” o Dadas as circunstâncias, mais uma vez caberá as empresas transacionais papel relevos na remoção dos obstáculos que se apresentam a industrialização periférica. 
· “Graças a manutenção dos baixos salários na periferia, as empresas transacionais estão tentando reconstruir o sistema de divisão internacional do trabalho mediante deslocação para a periferia de parte crescente da atividade industrial. Uma periferia semi-insdustrializada emerge assim sob forma de um espaço em que se localizam atividades industriais controladas crucial do centro e orientadas em boa parte para o mercado deste.” o A nova divisão internacional do trabalho os permite alcançar um duplo objetivo: 
· Abrir espaço para a industrialização periférica no quadro da modernização. 
· Reforçar a posição que ocupam no sistema capitalista, em particular a posição frente as poderosas organizações sindicais do centro. 
· Na economia periférica que se industrializa o processo é fundamentalmente diverso. No começo de tudo está a modernização, que define o perfil da demanda e pressiona no sentido de utilizar o excedente para ampliar a diversificar o consumo de uma minoria que se diferencia por seu estilo de vida. 
· A partir do momento que a industrialização passaa ser uma condição necessária da modernização, o problema da dimensão do mercado faz-se crucial. 
· Maior a pressão da modernização no sentido da diversificação da demanda, com mais frequência se apresentarão problemas de rendimentos decrescentes ou de capacidade ociosa. 
· “O controle das atividades industriais periféricas pelas transacionais conduz, portanto, de uma ou outra forma, ao reforçamento da estrutura de dominação centro-periférica. Não será por outra razão que os países periféricos se empenham de forma crescente em reconstruir a ordem econômica internacional.”.

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