Buscar

Genital Masculino

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Raphaela Faria 
 SISTEMA GENITAL MASCULINO 
01. Cite os principais aspectos do exame físico genital masculino completo normal. 
O exame físico dos órgãos genitais masculinos 
externos é realizado por inspeção e palpação, 
devendo o paciente ficar em decúbito dorsal 
ou de pé. Os órgãos genitais internos são 
examinados pelo toque retal. O exame deve 
incluir sempre a inspeção e a palpação das 
regiões inguinais, porque aí se encontram os 
linfonodos que drenam os vasos linfáticos das 
redes pélvica e perineal . A inspeção da 
genitália masculina deve ser antecedida de 
uma avaliação geral do corpo, porque 
inúmeras afecções sistêmicas, principalmente 
endócrinas, repercutem na genitália, 
produzindo alterações morfológicas 
facilmente visíveis. Em contrapartida, 
distúrbios gonádicos - hipo ou 
hipergonadismo- podem imprimir marcas 
indeléveis na estrutura orgânica geral, 
sobretudo quando eclodem na fase pré-
puberal. 
Pênis. A inspeção do pênis, complementada pela palpação, possibilita diagnosticar a maioria das 
enfermidades que acometem esse órgão. As anomalias congênitas (agenesia, duplicação, macro e 
micropênis, hipospadia, epispádia, fimose) são facilmente detectadas pela simples inspeção. No 
exame do pênis é indispensável retrair completamente o prepúcio, única maneira de obter uma 
boa visualização da glande e do sulco balanoprepucial, expondo-se, dessa maneira, lesões que 
poderiam passar despercebidas (lesões ulceradas, neoplasias, balanopostites, condilomas). E 
importante investigar o diâmetro, o aspecto e a posição do meato uretral externo. Seu diâmetro 
normal é de 8 mm. Para verificar se o meato tem calibre adequado, é necessário fazer uma 
compressão anteroposterior da glande, tomando-a entre os dedos indicador e polegar. Com essa 
manobra, os lábios meatais se afastam, possibilitando boa visualização do orifício. O tamanho do 
pênis é um motivo comum de consulta. Nos meninos obesos, o órgão se esconde no panículo 
adiposo excessivo, simulando desenvolvimento insuficiente. Pênis de tamanho maior que o 
habitual para a idade pode fazer parte da síndrome de virilização precoce (hiperplasia congênita da 
glândula suprarrenal), decorrer de terapêutica hormonal, da presença de litíase primária da bexiga 
ou ser constitucional. A palpação do pênis pode revelar áreas de endurecimento ao longo do corpo 
esponjoso, reflexo de processo inflamatório periuretral secundário ou mesmo consequência de 
cálculo impactado ao longo da uretra. Placas fibrosas endurecidas no trajeto dos corpos cavernosos 
podem ser palpadas com relativa facilidade na doença de Peyronie. As artérias dorsais são 
facilmente palpáveis. Para palpar a artéria dorsal esquerda, coloca -se o dedo indicador esquerdo 
na base do pênis e, com o dedo polegar na base do corpo cavernoso esquerdo, pressiona-se para 
cima, o que põe a artéria dorsal esquerda em contato com o dedo indicador. Para palpar a artéria 
dorsal direita, segue-se a mesma técnica, utilizando a mão direita. 
Bolsas escrotais. No exame da bolsa escrotal, investigam-se o formato, o tamanho, as 
características da pele e os aspectos vasculares. A pele escrotal é enrugada, mas apresenta-se lisa 
na criança e no adulto com insuficiência hormonal. As massas escrotais podem ser duras ou moles, 
 
Raphaela Faria 
e são múltiplas as causas: epididimite, orquite, torção testicular, hematocele, neoplasias do cordão 
espermático e dos testículos, hidrocele, espermatocele, varicocele, hérnias inguinais indiretas, 
lipomas e gomas do cordão espermático. O comprometimento da drenagem linfática por 
microfilárias pode ser responsável pelo chamado linfoescroto; a pele do escroto apresenta-se 
espessada, edemaciada, com múltiplas formações bolhosas, que fazem minar líquido linfático 
quase continuamente. Os processos inflamatórios, neoplásicos ou traumáticos, alteram a 
configuração e o tamanho da bolsa escrotal. A hidrocele pode aumentar de maneira gigantesca o 
volume do escroto. Sinais flogísticos na pele escrotal são observados nos abscessos. Coloração 
avermelhada da pele escrotal é vista nos processos inflamatórios agudos e nos acidentes 
vasculares deste órgão. A presença de equimose difusa, que se estende ao corpo peniano e ao 
períneo, é comum nas lesões traumáticas do escroto. Flacidez, atrofia, perda dos movimentos de 
contração e apagamento das pregas horizontais do escroto são constantes na criptorquia e no 
hipogonadismo, e formações cirsoides - semelhantes a uma variz ou veia dilatada- delineiam-se nas 
varicoceles avançadas. Nos indivíduos com câncer da próstata, tratados com estrogênios, nota-se 
uma pigmentação acentuada da rafe mediana com discromias penianas. Fístulas de aparecimento 
súbito são sugestivas de processos epididimários inespecíficos, enquanto as que surgem 
lentamente indicam processo tuberculoso. Ulcerações sifilíticas, neoplásicas ou tuberculosas, cisto 
sebáceo, angioqueratomas, hemangiomas ou neoplasias malignas são facilmente perceptíveis ao 
exame físico. 
Testículos. Em condições normais, o testículo esquerdo situa-se mais baixo que o direito. Se a 
inspeção mostrar alterações na pele escrotal, a doença encontra-se em fase avançada. A palpação 
é o método de maior valor na análise dos testículos. Deve ser feita com extrema delicadeza, não 
apenas por despertar dor intensa nos processos inflamatórios agudos, como também pelo risco de 
disseminação venosa nos casos de neoplasia maligna. Palpa-se um dos testículos, comparando-o 
com o do lado oposto, avaliando-lhe a consistência, o formato, os contornos e o tamanho, tendo 
sempre em mente a relação dos testículos com a túnica vaginal que os reveste anteriormente. Em 
seguida, palpam-se os epidídimos, situados acima e posteriormente aos testículos, procurando-se 
reconhecer as partes que os constituem: cabeça, corpo e cauda Depois, palpam-se os cordões 
espermáticos até o anel inguinal externo; por fim, procura-se determinar a existência de hérnia 
inguinal. Nesta fase do exame, pede-se ao paciente que contraia a musculatura abdominal ou que 
tussa repetidas vezes. O exame é concluído com a pesquisa do reflexo cremastérico. Os testículos 
normais apresentam superfície lisa, consistência elástica - a mesma do globo ocular - e formato 
ovoide. Áreas endurecidas ou nodulares devem ser consideradas suspeitas de lesão maligna. 
Aumento da consistência, irregularidades na superfície ou aumento do tamanho dos testículos 
podem ser encontrados nas paquivaginalites, nas periorquites e nas hematoceles que acarretam 
espessamento da túnica albugínea, a qual adquire aspecto e consistência de porcelana. No adulto, 
cada testículo mede em torno de 25 mf de volume. O testículo pode apresentar-se uniformemente 
aumentado, nos processos inflamatórios agudos, ou irregularmente nas neoplasias e nas lesões 
sifilíticas gomosas. Atrofia testicular é observada após os processos inflamatórios, bacterianos ou 
virais, em condições isquêmicas que se seguem às torções e nos hipogonadismos. 
 
Raphaela Faria 
Epidídimos. Os epidídimos situam-se 
sobre a borda posterossuperior dos 
testículos e são facilmente perceptíveis 
entre os dedos indicador e polegar, 
fazendo-os deslizar de baixo para cima e 
de diante para trás, ao longo de ambas 
as faces dos testículos (manobra de 
Chevassu). Aumento regular e difuso é 
observado nas epididimites agudas, 
enquanto o aumento irregular e 
multinodular sugere processo 
tuberculoso. Aumento de volume 
localizado na cabeça ou no corpo do 
epidídimo é comum nas lesões císticas. 
Na cauda, quase sempre é consequência 
de epididimite inespecífica. A 
sensibilidade epididimária é maior nos 
processos inflamatórios agudos e nas 
lesões microcísticas - causas frequentes 
das chamadas neuralgias testiculares 
essenciais. 
 
Canais deferentes. os canais 
deferentes intraescrotais são 
palpados com facilidade em 
condições normais, desde seu 
ponto de junção na cauda 
epididimária até o orifícioexterno do anel inguinal. Esse 
segmento do canal deferente 
pode ser identificado pela 
sensação toda especial que se 
tem de "corda de chicote". 
Agenesia deferencial, lesões 
císticas ou granulomatosas 
podem ser detectadas por 
simples manobras palpatórias, 
que devem ser simultâneas e 
comparativas. Quando 
acometido de processo 
tuberculoso, o deferente pode 
tomar a forma característica de 
"contas de rosário': 
Cordões espermáticos. Lesões 
dos cordões espermáticos são 
percebidas por palpação. Na funiculite, o cordão se encontra espessado e doloroso. A hidrocele do 
cordão e as lesões císticas são diagnosticadas por palpação e transiluminação. Uma causa comum 
da funiculite recidivante nas regiões endêmicas é a filariose, quando se palpam tumefação difusa e 
certo grau de espessamento do cordão espermático. 
 
Raphaela Faria 
Toque retal – exame da próstata 
 Por condicionamento sociocultural, ainda existe uma espécie de inibição ou vergonha quando se 
fala em exame anorretal. Contudo, se for explicado ao paciente com clareza a importância e a 
necessidade do exame, as barreiras se desfazem. A exploração digital do reto constitui, 
isoladamente, um dos mais valiosos recursos propedêuticos de que dispõe o médico. Um exame 
físico só pode ser considerado completo quando dele consta um toque retal. O posicionamento 
correto do paciente, lubrificação abundante e introdução digital suave são as condições 
fundamentais para o toque retal. As posições do paciente para este exame são as seguintes: 
• Posição de Sims ou lateral esquerda, mantendo-se o membro inferior em semiextensão e o 
superior flexionado 
• Posição genupeitoral: é a mais adequada, preferida pela maioria dos examinadores 
• Posição de decúbito supino, na qual o paciente fica semissentado com as pernas flexionadas. 
O examinador passa o antebraço por baixo da coxa do paciente; esta posição é indicada em 
especial nos enfermos em condições gerais precárias. Deve-se usar dedeira ou luva, comuns ou 
descartáveis. Antes do exame, solicita-se ao paciente urinar, esvaziando a bexiga o máximo que 
puder. Se possível, o médico observa o jato urinário. Logo em seguida, palpa-se e percute-se a 
bexiga para verificar se existe urina residual aumentada. Antes de realizar o toque retal, é 
necessário inspecionar cuidadosamente a região anoperineal, examinando-se a pele em volta do 
ânus em busca de sinais inflamatórios, alterações provocadas pelo ato de coçar, fissuras, pertuitos 
fistulosos, condilomas e abscessos. A inspeção do orifício anal pode revelar a presença de mamilos 
hemorroidários. O paciente deve ser devidamente esclarecido sobre o que será feito, devendo-se 
dizer a ele que, durante o exame, poderá ter a sensação de estar evacuando. O médico coloca-se 
ao seu lado esquerdo e pede-lhe que relaxe o máximo possível. Expõe-se o ânus com o dedo 
indicador e polegar da mão esquerda, coloca-se a polpa do indicador direito sobre a margem anal e 
faz-se uma compressão continuada e firme para baixo, com o intuito de relaxar o esfíncter externo. 
Em seguida, introduz-se o dedo, lenta e suavemente, por meio de movimentos rotatórios. A 
introdução digital tem que ser feita com delicadeza e suavidade para que não haja dor. Quando 
não se consegue introduzir o dedo devido a dor intensa ou espasticidade esfincteriana, é 
necessário considerar a possibilidade de criptite ou fissura anal. Observa-se o tônus esfincteriano 
anal. Um esfíncter anal relaxado, principalmente quando associado a redundância e relaxamento 
retal, é encontrado nas enfermidades do sistema nervoso central com disfunção neurológica da 
bexiga, ou quando o paciente realiza coito anal. 
As estruturas a serem examinadas durante o toque retal são: 
• Parede anterior, pela qual se avaliam a próstata, as vesículas seminais e o fundo de saco 
vesicorretal 
• Parede lateral esquerda 
• Parede lateral direita 
• Parede posterior (sacro e cóccix) 
• Para cima (até onde alcançar o dedo). 
As seguintes afecções podem ser diagnosticadas pelo toque retal: fissura anal, fístula anorretal, 
cisto e fístula pilonidal, hemorroidas internas, relaxamento esfincteriano (senilidade, tabes dorsalis, 
lesões medulares), estenoses retais (congênita, linfogranulomatosa, inguinal, senil), abscesso 
anorretal, pólipos, neoplasias benignas, neoplasias malignas, ânus imperfurado, extensão de 
 
Raphaela Faria 
neoplasias malignas da uretra bulbomembranosa, enfermidades prostáticas, enfermidades das 
vesículas seminais e enfermidades das glândulas de Cowper. 
Exame da próstata. As características semiológicas a analisar são o tamanho, a consistência, a 
superfície, os contornos, o sulco mediano e a mobilidade da próstata. A próstata normal é palpável 
na parede anterior do reto como uma estrutura em formato de coração (pirâmide invertida, maçã, 
pera), com a base voltada para cima e o vértice para baixo. Seus lobos laterais são separados por 
um sulco mediano (encaixe, septo vertical ou sulco interlobular). Em condições normais, a próstata 
tem o tamanho de uma castanha grande, é regular, simétrica, depressível, apresenta superfície lisa, 
consistência elástica, lembrando borracha, contornos precisos e é discretamente móvel. As 
vesículas seminais não costumam ser acessíveis ao exame palpatório. Para avaliá-las, deve-se 
recorrer ao método de Picker. 
02. Cite os principais dados que devem ser colhidos na anamnese dirigida ao aparelho genital 
masculino. 
 No diagnóstico das doenças dos órgãos genitais masculinos, dentre os elementos de identificação, 
sobressaem a idade e a profissão. Nos recém-nascidos, são importantes os problemas de 
ambiguidade sexual, a hidrocele, o edema escrotal, as criptorquias e as dismorfias penianas. Na 
infância, ocorrem com pouca frequência quadros clínicos infecciosos da genitália - exceto as 
balanopostites, não raros associados às fimoses -, sendo mais comuns as afecções que interferem 
com o fluxo sanguíneo testicular (p. ex., torção do cordão espermático). Na puberdade e no adulto 
jovem, predominam os processos infecciosos, de modo particular as doenças sexualmente 
transmissíveis. Mais tarde, passados os 40 anos de idade, começa a diminuir a incidência de câncer 
testicular, o que deixa espaço para o aparecimento de priapismo, hidrocele secundária, 
prostatovesiculite, câncer peniano e doença de Peyronie. Após os 60 anos, os homens se deparam 
com as obstruções urinárias de origem prostática, principalmente a hiperplasia nodular benigna. 
Nos septuagenários e octogenários, é alta a incidência do carcinoma da próstata. Identificar a 
profissão do paciente pode ajudar no raciocínio diagnóstico. O carcinoma escrotal, por exemplo, 
ocorre com mais frequência nos indivíduos que lidam com piche e alcatrão (“câncer dos limpadores 
de chaminés"). As pessoas que trabalham em ambientes de temperatura elevada (forneiros, 
padeiros) e as que se expõem a radiações ionizantes ( técnicos de raios X, radiologistas) são mais 
propensas aos distúrbios espermatogênicos. 
03. A partir das principais doenças do aparelho genital masculino: 
Citar principais sinais e sintomas 
Convém ressaltar que o fato de os órgãos genitais masculinos terem uma dupla função - sexual e 
urinária - possibilita o surgimento de distúrbios miccionais e sexuais, isoladamente ou de maneira 
associada. Os principais sintomas das afecções dos órgãos genitais masculinos são: dor, hematúria, 
alterações miccionais, retenção urinária, priapismo, hemospermia, corrimento uretral e 
ejaculação precoce, impotência sexual e esterilidade. 
Dor pode ter origem no próprio órgão genital ou em suas adjacências. A dor referida nasce em 
outro órgão, mas é sentida na genitália. A dor à micção, chamada disúria, frequentemente descrita 
como ardência'' ou "queimação é indicativa de inflamação do trato urinário inferior, de estenose 
uretral ou do meato externo. A dor testicular de origem local ocorre na orquite traumática ou 
infecciosa; a dor referida, na litíase ureteral, provocada porcálculo localizado em seu terço 
superior. Neste caso, a dor sentida no testículo deve-se à inervação comum destas 2 estruturas. 
Um cálculo localizado no terço inferior do ureter pode acompanhar-se de dor na bolsa escrotal. As 
neoplasias malignas do testículo podem ser indolores ou provocar dor discreta com sensação de 
peso. Se ocorrer hemorragia espontânea no interior da neoplasia, a dor torna-se intensa e pode 
causar confusão diagnóstica com a epididimite aguda ou com torção do cordão espermático . 
 
Raphaela Faria 
Hematúria significa presença de hemácias na urina. Micro-hematúria é diagnosticada somente 
pelo exame microscópico da urina; macro-hematúria ou hematúria maciça pode ser detectada a 
olho nu pelo aspecto escuro da urina, que adquire tonalidade marrom (cor de Coca-Cola), na urina 
muito ácida, e rósea na urina alcalina ou levemente ácida. A hematúria inicial tem origem 
prostática ou uretral; o sangue acumulado na uretra é levado pelo primeiro jato de urina. Na 
estenose do meato uretral, pode ocorrer hematúria inicial. Hematúria terminal dolorosa é, às 
vezes, encontrada na hiperplasia benigna da próstata em consequência da ruptura de veias 
telangiectásicas no colo vesical ou na mucosa prostática, quando o paciente faz esforço para urinar. 
A hematúria decorrente do câncer de próstata é rara e ocorre apenas quando o processo 
neoplásico invade a mucosa da bexiga ou da uretra. A hematúria terminal pode também ter origem 
na bexiga, quando um processo neoplásico, ou a mucosa inflamada, é espremido pela contração 
das fibras musculares do detrusor, na fase final da micção, ou quando cálculos vesicais lesam a 
mucosa, provocando sangramento da bexiga no fim do ato miccional. A hematúria total 
geralmente depende de lesões situadas acima do colo da bexiga, no ureter ou no rim, havendo 
tempo para que se misturem o sangue e a urina . A litíase e as infecções do trato urinário, 
associadas ou não, representam as causas mais frequentes de hematúria. Existem situações em 
que não se chega a uma conclusão quanto à etiologia do sangramento. Nesses casos, dá-se a 
denominação de "hematúria idiopática''. 
Alterações miccionais. A micção normal resulta de um mecanismo sincronizado dos músculos lisos 
da bexiga e da musculatura estriada que circunda a uretra posterior. Quando a bexiga começa a se 
contrair, ocorre relaxamento do músculo estriado periuretral, reflexa ou voluntariamente, que 
produz diminuição do comprimento da uretra e aumento no seu calibre, possibilitando a saída da 
urina. 
Retenção urinária. é a incapacidade de esvaziar, parcial ou completamente, a bexiga. 
Obs: É diferente de anúria, ausência de micção. 
Na retenção urinária, a bexiga distendida é palpável na região suprapúbica. A passagem de um 
cateter provoca o desaparecimento do "globo vesical". As retenções urinárias são divididas em 
completas e incompletas; quando completa, o indivíduo é incapaz de eliminar sequer quantidades 
mínimas de urina. Pode ser aguda ou crônica e a retenção completa aguda é geralmente dolorosa - 
o paciente se mostra ansioso, impaciente, pálido, com sudorese, e relata um intenso desejo de 
urinar que se acentua a cada contração da bexiga. Ao exame físico, encontra-se massa suprapúbica, 
infraumbilical, mediana, regular, arredondada, tensa, que origina som maciço à percussão, 
contrastando com o ruído timpânico em torno do globo vesical. A palpação da massa hipogástrica 
acentua o desejo de urinar. A retenção urinária incompleta, quase sempre crônica, caracteriza-se 
pela permanência na bexiga de determinada quantidade de urina depois de terminado o ato 
miccional. Se a quantidade de urina retida for menor que a capacidade vesical, diz-se que há uma 
retenção urinária incompleta sem distensão. Se, após a micção, a urina que permanece na bexiga 
for maior que a capacidade vesical, tem-se um quadro de retenção urinária incompleta com 
distensão. Nos casos de evacuação incompleta da bexiga, o principal sintoma é a polaciúria. 
Quando a urina residual se toma significativa, a urina passa a ser eliminada quase continuamente, 
configurando o quadro de incontinência paradoxal, ou seja, o paciente urina sem parar, perdendo 
algumas gotas à semelhança de uma banheira cujo ralo está entupido, na qual a água ultrapassa a 
borda, sem jamais se esvaziar. Nos casos avançados, pode haver comprometimento da função 
renal, devido ao aumento da pressão retrógrada, com graus variáveis de uremia. O diagnóstico da 
retenção urinária é feito, basicamente, por anamnese e exame físico, sendo importante tentar 
definir o tipo de retenção e seu agente causal. A faixa etária do paciente é um dado importante na 
avaliação diagnóstica. Em crianças, por exemplo, a retenção de urina pode ser ocasionada por 
cálculo vesical na uretra, estenose do meato uretral externo, fimose cerrada acompanhada de 
balanopostite, estenose da uretra, válvula da uretra posterior ou por disfunção neurovesical. Em 
 
Raphaela Faria 
adolescentes, as causas mais comuns são cowperite (inflamação das glândulas bulbouretrais [de 
Cowper]) blenorrágica, prostatite, abscesso prostático, polirradiculoneurite, traumatismos uretrais 
ou da medula espinal. Nos indivíduos mais idosos, é necessário pensar na possibilidade de 
crescimento prostático, benigno ou maligno, esclerose múltipla, tabes dorsalis, pós-operatório ou 
uso de medicamentos anticolinérgicos, anti-histamínicos, tranquilizantes ou relaxantes da 
musculatura lisa. 
 Priapismo. O priapismo é definido como uma ereção persistente, prolongada e dolorosa, sem 
desejo sexual. O termo priapismo deriva da palavra grega Priapos, deus mitológico, cuja 
característica principal era um pênis de proporções exageradas, sempre ereto. O pênis apresenta-
se ereto, doloroso e aumentado de volume. Os corpos cavernosos ficam túrgidos e endurecidos, 
mas o corpo esponjoso mantém sua consistência normal, o que explica a pouca importância das 
alterações da micção. O mecanismo básico do priapismo é essencialmente vascular, mas as causas 
são várias - neurogênicas, infecciosas, traumáticas, hematológicas (leucemia e anemia falciforme), 
uso de injeções intracavernosas de papaverina e prostaglandina. 
Hemospermia. presença de sangue no esperma, podendo resultar de diferentes causas, entre as 
quais se encontram a tuberculose, a esquistossomose, o carcinoma das vesículas seminais e da 
próstata, a cirrose hepática com hipertensão porta, as discrasias sanguíneas (escorbuto, púrpura, 
leucemia), o papiloma ou lesão cística do veromontano, a inflamação da próstata e das vesículas 
seminais, a litíase prostática e a hiperplasia benigna da próstata. O sangramento pode ser discreto, 
deixando apenas manchas avermelhadas na cueca, ou mais intenso, o que amedronta o paciente, 
levando-o a procurar o médico imediatamente. Hemospermia pode ocorrer em paciente com 
aparelho geniturinário normal após coito prolongado, sem apresentar significado patológico. 
Corrimento uretral. significa a presença de uma secreção que sai pelo meato da uretra; é uma 
queixa frequente nos pacientes adultos do sexo masculino. As principais causas são uretrite e 
prostatite. O primeiro sintoma de blenorragia é corrimento purulento, profuso, amarelo ou pardo e 
costuma aparecer 3 a 5 dias após o contágio. Corrimento uretral esbranquiçado que ocorre 
somente pela manhã ("gota matinal") é encontrado na prostatite, na uretrite não gonocócica, na 
uretrite traumática - indivíduos neuróticos ou hipocondríacos que vivem comprimindo a uretra em 
busca de secreção - e nos primeiros dias ou semanas que se seguem ao tratamento das uretrites 
agudas; isso por que as glândulas de Littré ficam hipersensíveis e secretam em excesso substâncias 
mucoides. Corrimento uretral serossanguinolento sugere a possibilidade de estreitamento uretral, 
câncer da uretra ou corpo estranho na uretra. 
Distúrbios sexuais. Os principais distúrbios sexuais são a disfunção erétil ou impotência sexual, a 
ejaculação precoce, a ausência de ejaculação, dispareunia,a diminuição da libido e a anorgasmia. 
A ejaculação precoce é definida como a incapacidade de controlar o processo de ejaculação, 
durante a permanência do pênis na vagina, sem que tenha havido tempo suficiente para satisfazer 
a parceira. Em geral, é de causa psíquica. A ausência de ejaculação pode ser em razão de falha na 
emissão do esperma por obstrução dos canalículos ejaculatórios por processos inflamatórios ou 
após simpactectomia lombar. 
Tipos de disfunção sexual masculina: 
Ejaculatória: • Ejaculação precoce • Ausência de ejaculação • Ejaculação retrógrada 
Orgásmica: • Anorgasmia libídica: • Diminuição da libido • Ausência da libido 
Disfunção erétil (impotência sexual): • primária ou secundária • psicogênica ou orgânica 
 
Raphaela Faria 
Dispa reunia ou decorrente da ejaculação retrógrada - fenômeno que se observa nas lesões do colo 
da bexiga após prostatectomia, na neuropatia diabética e pós-linfadenectomia retroperitoneal. 
Para diferenciar as duas condições, o paciente deve esvaziar a bexiga e masturbar-se, colhendo, 
logo em seguida, uma amostra da urina. A presença ou ausência de espermatozoides na urina 
examinada dirá qual é o tipo de alteração ejaculatória. Anorgasmia é a incapacidade de chegar ao 
orgasmo durante o coito. É uma condição rara, quase sempre de origem psicogênica. A libido, ou 
desejo sexual, é uma atividade psíquica que sofre a influência de múltiplos fatores- que envolvem a 
fantasia, a imaginação e a memória - e de estímulos originados nos órgãos sensoriais. A diminuição 
ou ausência da libido pode ser motivada por um processo orgânico ou por fatores psicossociais. 
Inibição da libido costuma acompanhar os estados depressivos. Dispareunia é caracterizada por dor 
durante a relação sexual, com sensação de laceração e perda da ereção. 
Citar alterações do exame físico 
DOENÇAS DO PÊNIS 
Fimose (congênita ou adquirida). uma afecção na qual o orifício prepucial é tão pequeno que não 
se consegue expor a glande. Pode ser congênita ou adquirida; o tipo congênito é o mais comum e, 
quando adquirida, origina-se, em geral, de um processo inflamatório acompanhado de edema e 
formação de tecido cicatricial. Não se deve confundir a fimose com a exuberância ou hipertrofia 
prepucial, condição em que o prepúcio é longo, mas não impede que se exponha com facilidade a 
glande. No recém-nascido e durante os primeiros anos de vida, a glande e o prepúcio não se 
encontram inteiramente separados. Aliás, cumpre salientar que este recobrimento da glande 
funciona como mecanismo protetor contra a deposição de urina. As aderências entre as camadas 
epiteliais do prepúcio e da glande desfazem-se espontaneamente na idade pré-escolar, não 
havendo necessidade de rompê-las por meios cruentos e intempestivos. Antigamente, 
aconselhava-se às mães que, durante o banho do bebê, puxassem a pele prepucial para trás com a 
finalidade de limpar os tecidos recobertos por ela. Pensava-se que tal procedimento pudesse tomar 
dispensável a circuncisão; trata-se de uma falácia médica ainda seguida até por especialistas que 
deve ser abandonada. Aliás, se o prepúcio e a glande não estiverem completamente separados, 
tentativas de retrair a pele provocam lesões traumáticas e inflamação, tais como balanite 
(inflamação da glande), postite (inflamação do prepúcio) ou balanopostite. Com a persistência das 
aderências balanoprepuciais, normais apenas na primeira infância, criam-se condições (retenção de 
esmegma, balanopostite) para o surgimento de fimose adquirida, decorrente da formação de um 
anel cicatricial que impede a retração do prepúcio - postite seca ou viral. Uma vez instalada a 
fimose, é possível observar surtos de infecções balanoprepuciais, aumento do esforço miccional, 
abaulamento do saco prepucial durante a micção, depósito esbranquiçado de esmegma, 
estreitamento progressivo do meato uretral e, às vezes, formações subprepuciais de cálculos. 
estenose do orifício prepucial pode resultar de retração extemporânea do prepúcio, de 
balanopostite recidivante ou de circuncisão incompleta. Cumpre salientar que as fimoses 
adquiridas, consecutivas a processos inflamatórios balanoprepuciais, devem sugerir a coexistência 
de diabetes. Fimose que aparece subitamente em adultos jovens com corrimento uretra! profuso 
obriga-nos a pensar em cancro intrauretral; no entanto, quando ela se desenvolve lentamente em 
pessoas idosas, levanta a possibilidade de câncer peniano. A fimose pode constituir-se em um fator 
de irritação crônica que conduz ao aparecimento do carcinoma do pênis. 
Parafimose. É o estrangulamento do pênis por um anel fibrótico, provocando dor de intensidade 
progressiva. Se a pele for retraída à força, o anel constritivo pode estrangular a glande, tornando 
difícil ou impossível o retorno à situação primitiva. A glande ingurgitada edemacia, fica túrgida e 
torna-se cianótica. Lesões isquêmicas prolongadas podem redundar em gangrena seca da glande. 
Nessas condições, em geral, é necessário o tratamento de urgência. 
 
Raphaela Faria 
Balanopostite é a inflamação aguda ou crônica da glande; postite, a do prepúcio. Em geral, 
apresentam-se juntas (balanopostite). Balanite isolada pode ser observada em pacientes 
circuncidados. As principais causas são: reação alérgica ou irritação química (preservativo de látex, 
geleia contraceptiva); infecções fúngicas (Candida albicans), bacterianas (estafilococos, 
estreptococos, Borrelia vicentii), afecções mucocutâneas (líquen plano, psoríase, eritema fixo, 
doença de Behçet), reação medicamentosa (sulfas, tetraciclinas, barbitúricos). Na maioria dos 
casos de balanopostite, constatam-se condições higiênicas precárias, sobretudo quando o paciente 
sofre de fimose ou apresenta exuberância prepucial, as quais dificultam a retração da pele. A 
balanopostite costuma causar distúrbios miccionais e até corrimento uretral profuso; adenopatia 
inguinal dolorosa pode estar presente. Às vezes, por detrás de uma balanopostite recidivante, 
esconde-se um processo diabético. A balanite erosiva e gangrenosa é uma lesão peniana rara, 
provocada por microrganismos anaeróbios. A hipertrofia prepucial quase sempre é pré-requisito 
para seu aparecimento. O paciente queixa-se de dor local, corrimento profuso e fétido. Quando é 
possível retrair o prepúcio exuberante, nota-se a presença de uma lesão ulcerada na glande. A 
doença é progressiva e, se não for tratada correta e oportunamente, pode causar gangrena parcial 
ou total do pênis. A balanite xerótica obliterante é considerada uma lesão pré-cancerosa, não 
existindo, contudo, qualquer fato que comprove tal hipótese. Acredita-se que represente o tipo 
peniano do líquen plano, enfermidade dermatológica de caráter benigno encontrada em outras 
áreas do corpo. Apresenta-se como uma placa esbranquiçada que, frequentemente, com promete 
e estenosa o meato uretral externo . 
 
Hipospádia e epispádia. Na hipospádia, o meato uretral externo localiza-se na face ventral ou 
inferior do pênis, ou mesmo no períneo . É a anomalia congênita mais comum da uretra. Admite-se 
que seja causada por insuficiente produção androgênica pelos testículos fetais, que resultaria na 
fusão incompleta das pregas ou dobras uretrais. O pênis hipospádico apresenta excesso de 
prepúcio na superfície dorsal - "pênis encapuçado" - e acúmulo de tecido fibroso na superfície 
ventral, distalmente ao meato uretral. 
O grau de encurvamento do pênis para baixo é diretamente proporcional ao acúmulo de tecido 
fibroso ventral. As hipospadias masculinas classificam-se, conforme a posição do meato, em 
balânica, peniana, penoescrotal, escrotal e perineal. Nos casos extremos de hipospadia - tipos 
escrotal e perineal-, a genitália externa pode apresentar características morfológicas ambíguas, 
com o pênis acentuadamente reduzido de tamanho, simulando um clitóris hipertrofiado, bifidez 
escrotal com aspecto de grandes lábios do meato uretral assemelhando-se a uma abertura vaginal 
(pseudovagina). A incidência elevada de criptorquidiabilateral nestes pacientes (em torno de 30%) 
contribui para confundir o quadro clínico. Nos casos duvidosos, deve-se estabelecer o sexo 
cromatínico (genético) por meio de esfregaço bucal e cariótipo. A genitografia possibilita investigar 
as estruturas sexuais internas, definindo-se as características anatômicas do paciente. Na 
epispádia, o meato uretral externo localiza-se na face dorsal ou superior do pênis. As epispádias 
masculinas classificam-se em balânica, peniana, penopúbica e completa. As características da 
epispádia masculina são pênis reduzido de tamanho, encurvado para cima e com excesso de 
 
Raphaela Faria 
prepúcio em sua face ventral ou inferior. 
 
Agenesia ou duplicação do pênis. ausência completa do pênis, ou agenesia do pênis, é uma 
anomalia extremamente rara, resultante de falha no desenvolvimento do tubérculo genital. A 
maioria dessas crianças morre na primeira infância, em consequência de graves lesões renais 
concomitantes. A agenesia total do pênis é suspeitada à inspeção, mas, para sua comprovação, é 
necessário demonstrar que os corpos cavernosos e esponjosos estão inteiramente ausentes. 
 
Raphaela Faria 
Alterações do tamanho (macro ou micro). O aumento do tamanho do pênis (macropenissomia ou 
megalopênis) pode ser observado em crianças que apresentam neoplasia ou hiperplasia das células 
de Leydig ("virilização precoce") ou hiperplasia congênita das suprarrenais ("pequeno Hércules"). 
Na litíase vesical primária, a criança sente dor ao 
urinar, podendo desenvolver o hábito de puxar o 
pênis para baixo com a finalidade de aliviá-lo da 
dor. Estes movimentos- "sinal da mão" - provocam 
o aumento do tamanho do pênis. A diminuição do 
tamanho do pênis (micropenissomia ou 
micropênis) é observada nos estados intersexuais 
que exibem traços feminilizantes, no infantilismo e 
no hipogenitalismo. Contudo, é importante 
ressaltar que uma questão frequente é a avaliação 
do tamanho do pênis de crianças obesas. Os pais 
se preocupam com tal fato, cabendo ao urologista 
a avaliação correta . 
 
Estenose do meato uretral externo. A estenose do meato uretral externo, comum em crianças, 
pode ter repercussões graves sobre o aparelho urinário, pois, tal como em um sistema de vasos 
comunicantes, a estenose do orifício uretral externo altera as características hidrodinâmicas ao 
longo de todo o sistema formado pelas vias urinárias, levando a dilatação da uretra, bexiga de 
esforço, trabeculação vesical, divertículos vesicais, ureteropielocaliectasia, culminando com 
hidronefrose. A estenose do meato uretral externo pode ser congênita ou adquirida; a adquirida é 
observada após circuncisão ou em consequência de lesões meatais por fraldas ásperas. Os sinais 
mais encontrados são a presença de sangue e/ou formação de uma crosta sanguinolenta no 
meato. No quadro clínico, as principais características são: dificuldade para iniciar a micção (a 
criança faz força e chora ao urinar) e um jato urinário fraco e fino. Eventualmente, distensão vesical 
e história de infecções urinárias recidivantes fazem parte do quadro clínico . 
Tumores. incluem-se lesões neoplásicas e não neoplásicas. As lesões benignas incluem os cistos, os 
angiomas, os nevos, os condilomas acuminados e os papilomas hirsutos. Os cistos penianos podem 
ser congênitos ou adquiridos. Os congênitos aparecem na rafe penoescrotal-perineal em 
consequência de seu fechamento incompleto. O tipo dermoide é o mais frequente. Os cistos 
epiteliais originam-se de traumatismo ou após postectomia, podendo ser isolados ou múltiplos. Os 
angiomas são lesões vasculares superficiais, puntiformes ou de aspecto macular, ocorrendo 
principalmente no sulco coronal. São frequentes e não têm importância clínica. Os nevos são 
encontrados com relativa frequência e assumem significado clínico por se confundirem, às vezes, 
com os melanomas. Podem ser pigmentados ou não pigmentados e assemelham-se aos nevos 
cutâneos encontrados em outras partes do corpo. Quando houver dúvida ao definir um nevo ou 
um melanoma, a biopsia é o único recurso para firmar um diagnóstico de certeza A papilomavirose 
humana, provocada por alguns tipos de Papilomavírus humano (HPV), apresenta-se mais 
comumente de maneira vegetante, denominada condiloma acuminado ("crista de galo"); no 
entanto, pode aparecer de outras maneiras, com crescimento plano (não vegetante) ou invertido 
(endofítico). Está relacionada com a neoplasia intraepitelial peniana. Não obstante ser sexualmente 
transmissível, sabe-se hoje que existe transmissão não sexual, até mesmo transplacentária. Este 
fato explica, por exemplo, o encontro do vírus no produto de circuncisão de recém-nascidos . Os 
papilomas hirsutos (papilomas coronais ou pápulas penianas peroladas) são diminutas pá pulas de 
coloração cinza-avermelhada ou branco-esverdeada, que se dispõem em fileiras irregulares ao 
longo da corona da glande. Em geral, são assintomáticos e acometem preferencialmente adultos 
jovens. Os papilomas hirsutos penianos são desprovidos de importância clínica, considerados 
hipertrofia das glândulas de Tyson. As lesões pré-cancerosas compreendem a eritroplasia de 
 
Raphaela Faria 
Queyrat e a doença de Bowen. Apesar de serem raras, é de suma importância saber reconhecê-las 
ao exame clínico, para que o paciente possa ter um diagnóstico precoce, fator primordial para 
realizar tratamento eficaz. A leucoplasia peniana, comumente resultante de irritação crônica do 
prepúcio, muitas vezes por falta de cuidados higiênicos, pode ser assintomática ou acompanhar-se 
de sintomas de irritação local. Apresenta-se como uma lesão elevada, em placa, escamosa, 
esbranquiçada e com certo grau de espessamento da pele. A eritroplasia de Queyrat é uma lesão 
que se caracteriza pela grande incidência de transformação maligna. É dolorosa, localiza-se no 
dorso da glande, ocorre em forma de placa endurecida, vermelha, de aspecto aveludado, de 
bordas imprecisas e pode ulcerar-se. É encontrada quase sempre nos pacientes com fimose. A 
doença de Bowen, ou carcinoma intraepitelial ("carcinoma in situ'), pode ser encontrada em 
qualquer superfície cutânea e, diferindo da eritroplasia de Queyrat, associa-se, em 25% dos casos, 
a neoplasias de outros órgãos. Clínica e histologicamente, pode confundir-se com a eritroplasia de 
Queyrat. Devem ser consideradas como pré-cancerosas as lesões penianas de natureza irritativa, 
refratárias aos esquemas terapêuticos habituais e que se arrastam ao longo de semanas ou meses. 
Das neoplasias malignas do pênis, a mais frequente é o carcinoma escamoso ou de células 
epidermóides, cujo pico de incidência está em torno dos 60 anos de idade. Embora a causa do 
carcinoma do pênis permaneça desconhecida, acredita-se que o esmegma possa ter efeito 
cancerígeno. A maioria dos pacientes apresenta história de fimose. A manifestação inicial mais 
comum é uma ulceração ou uma tumoração dolorosa que sangra com facilidade. Inflamação 
prepucial secundária pode determinar o aparecimento de fimose; daí o fato de alguns pacientes 
apresentarem como queixa principal "uma fimose que surgiu recentemente” 
O paciente pode notar a presença de uma lesão verrucosa de crescimento progressivo ou de uma 
lesão ulcerada que se estende sobre a glande ou o prepúcio. Pode haver corrimento 
serossanguinolento, fétido, que se origina sob a capa prepucial. Caso não seja possível arregaçar o 
prepúcio nos pacientes com dor local, justifica-se inclusive incisá-lo dorsalmente para melhor 
investigação. Gânglios inguinais aumentados de volume são palpáveis, quando há metástases, 
devido à hiper plasia reacional. Havendo comprometimento do meato uretral, disúria, polaciúria 
ou hematúria, podem assumir relevância clínica. Comprometimento mais extenso da uretra 
(estados avançados da doença) provoca sintomas urinários obstrutivos. Contudo, o aparecimento 
de fístula é mais frequente que a obstrução uretral. 
Doenças da bolsa escrotaI 
As afecções escrotais mais comuns são: edema, gangrena, elefantíase, abscessos,fístulas e 
neoplasias. 
Edema escrotal. Em recém-nascidos, o edema escrotal é comumente observado nos partos com 
apresentação de nádegas. Desaparece espontaneamente após alguns dias de vida. Edema escrotal 
congênito é encontrado em prematuros durante os 2 primeiros meses de vida, acreditando-se que 
decorra da atividade dos estrogênios que ultrapassam a barreira placentária. Edema unilateral ou 
bilateral, acometendo às vezes o pênis e o períneo, não é raro em crianças, sendo quase sempre de 
origem alérgica. Um edema mole, que deixa marca quando comprimido, aparece na 
glomerulonefrite crônica, na síndrome nefrótica, na insuficiência cardíaca congestiva, na cirrose 
hepática e na desnutrição grave. Edema escrotal transitório pode ser visto no pós-operatório 
imediato das prostatectomias retropúbicas. Nos pacientes com cirrose hepática, submetidos à 
paracentese para retirada de líquido ascítico, pode haver formação de fístula entre o peritônio e o 
tecido subcutâneo, que origina edema escrotal. 
Gangrena da bolsa escrotal. pode ocorrer em diferentes condições, sendo relativamente comum 
nos extravasamentos urinários (flegmões urinários). Agressões químicas ou térmicas, 
traumatismos, estados distróficos que acompanham o diabetes, alcoolismo, acidentes vasculares 
(embolia das artérias hipogástricas internas) e até lesões parasitárias (Entamoeba histolytica) têm 
 
Raphaela Faria 
sido relatados como causas de gangrena escrotal. Existe um tipo especial de gangrena, conhecido 
como gangrena de Fournier ou idiopático. Acredita-se, hoje, tratar-se de uma fascite superficial 
causada por estreptococos hemolíticos, clostrídios produtores de gás, estafilococos ou bacteroides. 
Tem início súbito e evolução rápida e grave, levando o paciente a um estado toxêmico com febre 
alta, calafrios, náuseas, vômitos e prostração em poucas horas. Acomete, em geral, adultos jovens. 
Ao exame físico, nota-se, na maioria dos casos, a presença de crepitação na bolsa escrotal. 
Elefantíase escrotaI. Na elefantíase escrotal, a bolsa apresenta-se aumentada, em consequência da 
obstrução dos condutos linfáticos. Pode ser de origem parasitária - elefantíase tropical, provocada 
pela obstrução de vasos linfáticos por microfilárias - ou não parasitária, que é a elefantíase nostra 
ou pseudo elefantíase, em consequência de linfadenectomia extensa, lesões metastáticas ou 
fibrose pós-inflamatória. 
Abscessos escrotais. Os abscessos escrotais dividem-se em primários (infecção dos folículos pilosos 
ou das glândulas sudoríparas) e secundários aos flegmões periuretrais, os quais surgem após 
instrumentação de uretra infectada, após epidídimo-orquite supurativa, epididimite tuberculosa ou 
como extensão de abscessos anorretais. Ao exame físico, o escroto apresenta-se doloroso, quente, 
avermelhado, edematoso e com flutuação. 
Fístulas escrotais. As fístulas escrotais podem ser de origem sifilítica, tuberculosa, actinomicótica 
ou traumática. Nas estenoses uretrais infectadas que se abscedam periuretralmente, pode haver 
formação de fístulas múltiplas ("períneo em regador"). 
Neoplasias. Os cistos sebáceos escrotais, 
encontrados com frequência, quase 
sempre são lesões pequenas e múltiplas, 
apresentando-se como nódulos 
circunscritos, arredondados, contendo em 
seu interior massa esbranquiçada ou 
amarelada. Os angioqueratomas são 
comuns e se mostram como nódulos 
diminutos, avermelhados, medindo menos 
de 2 mm de diâmetro e que, 
eventualmente, sangram quando sofrem 
pequenos traumatismos. Os hemangiomas 
são malformações vasculares encontradas 
bem mais raramente que os 
angioqueratomas (Figura 139.4). A 
principal lesão pré-cancerosa da bolsa 
escrotal é a doença de Paget, que é 
extremamente rara. Acredita-se que sua 
origem seja nas glândulas sudoríparas 
escrotais, manifestando-se como uma 
lesão avermelhada, úmida, pruriginosa, 
que produz uma secreção serosa, além de 
sangrar com facilidade. A evolução é lenta 
e prolongada, sendo clinicamente indistinguível das reações eczematoides. Por isso, é aconselhável 
que toda lesão eczematoide escrotal, rebelde aos esquemas terapêuticos habituais, seja submetida 
à biopsia, pois somente pelas características histopatológicas é possível estabelecer com segurança 
o diagnóstico diferencial entre a doença de Paget e as reações eczematoides. A neoplasia maligna 
da bolsa escrotal mais comum é o carcinoma escamocelular. Aproximadamente 50% dos 
carcinomas escrotais manifestam-se em trabalhadores que lidam com piche e alcatrão, nos quais 
 
Raphaela Faria 
ocorra contato de óleos betuminosos com a bolsa escrotal. A neoplasia, geralmente isolada, tem 
localização anterolateral e é mais frequente na sexta década da vida. 
Doenças dos testículos 
As afecções testiculares compreendem a anorquia, a poliorquia, as distopias (criptorquidia e 
ectopia), a hidrocele, a hematocele, a quilocele, a torção do testículo, a orquite e as neoplasias. 
Anorquia. é a ausência congênita dos testículos. Embora as crianças anórquicas não apresentem 
estigmas de am iguidade sexual, elas desenvolvem, em consequência da falta de secreção 
testicular, traços eunucoides, com ausência dos caracteres sexuais secundários e alterações da 
estrutura esquelética, representadas por aumento da estatura e da envergadura, além de 
alongamento desproporcional das extremidades inferiores em relação ao tronco. A investigação 
laboratorial evidencia elevação das gonadotrofinas e diminuição da testosterona (urinária e 
plasmática) e níveis de testosterona inalterados após estímulo com gonadotrofina coriônica 
humana. 
Poliorquia. é a presença de mais de 2 testículos no mesmo indivíduo. É uma anomalia congênita 
extremamente rara. Não há alterações funcionais . 
Distopias testiculares (criptorquidia e ectopia). No início do desenvolvimento fetal, os testículos 
têm localização lombar. Por volta do terceiro mês da vida intrauterina, deslocam-se para a fossa 
ilíaca, em consequência, sobretudo, de um rearranjo corporal. No quinto mês, situam-se no nível 
do anel inguinal interno. A partir do sétimo mês, migram ao longo do canal inguinal para se fixarem 
no fundo da bolsa escrotal. A migração dos testículos depende do estímulo provocado pelas 
gonadotrofinas placentárias e da integridade anatômica do trajeto a ser percorrido. O papel 
orientador do gubernáculo é discutível. Em alguns casos, sobretudo nas criptorquidias unilaterais, a 
anomalia na migração dependeria de um defeito gonádico congênito (disgenesia), que torna o 
testículo insensível ao estímulo das gonadotrofinas (defeito testicular intrínseco). Esta hipótese é 
apoiada pela maior incidência de doença neoplásica no testículo distópico. A temperatura 
intraescrotal é de 1 a 2°C abaixo da temperatura corporal. As células espermatogênicas são 
extremamente sensíveis às elevações térmicas. Alterações histológicas expressivas - redução dos 
túbulos seminíferos, diminuição do número de espermatogônias e acentuada fibrose intersticial - 
foram identificadas em pacientes com distopias testiculares, principalmente após os 5 anos de 
idade. Felizmente, as células de Leydig resistem à elevação da temperatura, daí a razão de ser rara 
a impotência sexual de origem endócrina nestes pacientes. As distopias testiculares compreendem 
a criptorquidia e a ectopia. A criptorquidia ou criptorquia é um defeito de desenvolvimento, no 
qual o testículo fica retido em alguma parte de seu trajeto normal. Em outras palavras, o testículo 
encontra-se na sua via anatômica, mas sem chegar à bolsa escrotal. Conforme o local da parada, a 
criptorquidia pode ser lombar, ilíaca ou inguinal. É possível classificá-la, também, em intra-
abdominal e intracanalicular. Na ectopia testicular, condição que não deve ser confundida com a 
criptorquidia, a gônada localiza-se fora de seu trajeto normal. Testículo ectópico, portanto, é 
aquele que migrou para uma posição anatômica anormal. As apresentações mais comuns de 
ectopia testicular são: inguinal, superficial, perineal, pubiana,crural, peniana e no hilo esplênico. 
Na ectopia inguinal superficial, a mais comum, após ultra passar o anel inguinal externo, o 
testículo migra superolateralmente até uma posição superficial à aponeurose do músculo oblíquo 
 
Raphaela Faria 
externo. Na perineal, o testículo situa-se logo adiante do ânus, em um dos lados da linha mediana. 
 
Na crural, ou femoral, o testículo posiciona-se no triângulo de Scarpa, superficialmente aos vasos 
femorais. Na peniana, o testículo localiza-se subcutaneamente, na raiz do dorso do pênis. Nas 
distopias testiculares, a inspeção revela diminuição do volume de um dos lados da bolsa escrota! - 
distopia unilateral -, ou de ambos os lados - distopia bilateral. Ao contrário do testículo retrátil, 
quando acessível à palpação, não é possível levar o testículo criptorquídico para o interior da bolsa 
escrotal. O testículo apresenta-se menor e menos compacto que o normal. Os testículos ectópicos 
localizados nas regiões crural, pubiana ou perineal não oferecem dificuldade diagnóstica por serem 
facilmente detectáveis ao exame palpatório. Na localização femoral, a gônada é palpável sem 
dificuldade, mas pode ser confundida com hérnia ou linfonodo. Quando situado na base do pênis, o 
testículo pode ser palpado com relativa facilidade de encontro ao osso pubiano. Embora os 
testículos ectópicos inguinais possam ser percebidos à palpação do tecido subcutâneo 
imediatamente acima e do lado da crista do púbis e do tubérculo pubiano, não é fácil diferenciá-los 
das criptorquidias intracanaliculares. Para isso, lança-se mão da seguinte manobra: com o paciente 
em decúbito dorsal, solicita-se que ele levante a cabeça e os ombros, contraindo a musculatura do 
abdome: nas ectopias gonádicas, o testículo permanece móvel e livre; enquanto, nas criptorquidias 
intracanaliculares, o testículo fica encoberto e fixo. Quando se comprova a ausência de massa 
testicular na bolsa escrotal, ao mesmo tempo que se consegue palpar uma neoplasia em um dos 
locais descritos, deve-se suspeitar de testículo ectópico. Para confirmação diagnóstica, levam-se 
em conta as características do testículo ao exame palpatório: forma ovoide, superfície lisa, 
consistência elástica - semelhante ao globo ocular -, móvel no interior dos tecidos subcutâneos e 
ligeiramente doloroso. Se o testículo estiver aumentado de volume, de maneira irregular, 
contornos imprecisos e fixos, deve-se pensar na possibilidade de neoplasia maligna. Testículos 
retráteis ou migratórios (pseudocriptorquidia ou criptorquidia fisiológica) ascendem ao conduto 
inguinal pela contração intermitente do músculo cremaster. Em razão do pequeno tamanho do 
testículo pré-puberal e do poder de contratilidade do cremaster, os testículos tendem a fugir da 
bolsa escrotal quando o tempo está frio ou em resposta a estímulos mecânicos. É um fenômeno 
normal que não necessita de tratamento. 
Hidrocele. Hidrocele é o acúmulo do líquido seroso no interior da túnica vaginal do testículo ou nas 
bainhas do funículo espermático por hiperprodução (inflamação do testículo e seus apêndices) ou 
reabsorção diminuída (obstrução linfática ou venosa do cordão espermático). 
Pode ser primária (mais frequentes nos indivíduos acima de 40 anos e desenvolvem-se 
vagarosamente, tornando-se, com o passar do tempo, grandes e tensas) ou secundária (mais 
comuns nos indivíduos entre 20 e 40 anos de idade, são quase sempre de aparecimento súbito, 
 
Raphaela Faria 
com sintomas e sinais que denunciam sua causa). Nos recém-nascidos, cujos processos vaginais se 
acham fechados, observam-se, com frequência, resquícios de líquido peritoneal no interior da 
túnica vaginal do testículo. Este é o tipo comum de hidrocele, chamada não comunicante ou 
infantil, a qual se manifesta clinicamente como tumefação ovoide, translúcida e flutuante. O 
líquido é absorvido espontaneamente de modo gradual durante os 2 primeiros anos de vida, não 
havendo, em geral, necessidade de tratamento cirúrgico. Quando uma hidrocele aparece pela 
primeira vez em crianças com mais de 2 anos de idade, é possível notar que ela apresenta variação 
volumétrica ao longo do dia, estando ausente ou diminuta pela manhã e maior à tarde. Essas 
variações de tamanho ocorrem em razão da perviedade e da tortuosidade da conexão tubular 
entre o peritônio e o testículo, que tornam possível o retorno do líquido ao interior da cavidade 
peritoneal durante a noite, enquanto a criança permanece deitada. É chamada hidrocele 
comunicante ou congênita. Apesar dessa comunicação entre o peritônio e a vagina, nunca se 
consegue expulsar o líquido vaginal para o peritônio por meio de procedimentos manuais. Este tipo 
de hidrocele raramente apresenta regressão espontânea; pelo contrário, tende a crescer 
progressivamente. Por isso, quase sempre é necessário tratamento cirúrgico. Na hidrocele do 
cordão, há acúmulo de líquido em um saco encistado no nível do cordão espermático. Não se 
comunica com a túnica vaginal abaixo, nem com a cavidade peritoneal . a c una. O líquido da 
hidrocele envolve os testículos e impede sua palpação. 
Regra prática: quando é possível palpar um testículo isolado da tumoração, provavelmente não 
se trata de hidrocele. Uma das características palpatórias da hidrocele é a possibilidade d e 
delinear seu polo superior, ou seja, os dedos que palpam o testículo conseguem passar por cima da 
hidrocele. A hidrocele vaginal situa-se acima e adiante do corpo testicular. Se a tumoração 
translúcida se encontra por trás do testículo, o diagnóstico mais provável é de cisto epididimário. O 
aparecimento de hidrocele irredutível no nível do anel inguinal externo não pode ser diferenciado 
de uma hérnia inguinal estrangulada, mesmo que a transiluminação seja positiva. A 
ultrassonografia torna possível o diagnóstico das hidroceles com exatidão e precocidade . 
 
Raphaela Faria 
 
Hematocele. é o acúmulo de sangue no interior da túnica vaginal, em geral em decorrência de 
lesão dos vasos espermáticos. A hemorragia pode ser de origem cirúrgica, traumática ou 
neoplásica. Em pacientes com escorbuto, pode ocorrer espontaneamente diabetes, sífilis, 
discrasias sanguíneas, orquites e epididimites. Hematocele transitória, consequente a traumatismo 
de parto, com escurecimento da bolsa escrotal, é comum em recém-nascidos. Na hematocele 
aguda, a tumoração apresenta características semiológicas idênticas às da hidrocele, salvo que não 
é transparente à transiluminação e pode ser dolorosa. Passado algum tempo, o sangue coagula, 
dando origem a uma pequena tumoração endurecida que pode suscitar dúvidas diagnósticas. Aliás, 
não é possível diferenciar, ao exame físico, uma hematocele crônica de uma neoplasia testicular, 
de uma goma sifilítica, de processo filariótico ou orquite granulomatosa. Dificulta mais ainda o 
diagnóstico a inexistência de história de traumatismo ou de dor testicular. A ultrassonografia 
representou grande avanço no diagnóstico destes casos. 
Quilocele é o depósito de quilo - cujo aspecto é o de emulsão branca, leitosa, contendo glóbulos de 
gordura- na cavidade da túnica vaginal do testículo. Nas regiões tropicais, a quilocele é ocasionada 
principalmente pela obstrução dos vasos linfáticos do escroto, especialmente da túnica vaginal, por 
microfilárias. Pode ser também de origem inflamatória ou congênita. A quilocele assemelha-se, 
clinicamente, à hidrocele, sendo a única diferença apenas o fato de não ser transparente. Quando 
 
Raphaela Faria 
se punciona o escroto, obtém-se um líquido leitoso, rico em gotículas gordurosas, que sela o 
diagnóstico de quilocele. 
Torção do testículo. A torção do testículo - rotação axial, torção ou vólvulo do cordão espermático 
- é um acidente vascular que pode produzir isquemia, atrofia e gangrena da gônada. Em geral, a 
túnica vaginal reveste os lados e a superfície anterior do testículo e parte dos epidídimos. Em 
contrapartida, o dorso do epidídimo e a superfície posterior do testículo - coberto pelo epidídimo - 
não são revestidospela túnica vaginal. Por isso, em condições normais, o testículo encontra-se 
fixado no interior da túnica e não pode sofrer rotação. Em contrapartida, quando a túnica vaginal 
reveste todo o testículo, este fica suspenso como se fosse um "badalo de sino", podendo, então, 
torcer com certa facilidade. A torção testicular pode ser intra ou extravaginal. Na torção 
extravaginal, ou torção do cordão espermático propriamente dita, o testículo e sua túnica ficam 
torcidos no nível do anel inguinal externo. É o tipo de torção menos comum, ocorrendo 
preferencialmente na primeira infância. A torção testicular intravaginal, ou torção testicular 
propriamente dita, aparece com mais frequência entre 10 e 15 anos de idade, ou seja, em tomo da 
puberdade; raramente ocorre acima dos 35 anos. A torção testicular surge após traumatismo, 
durante esforço exagerado ou, mais raramente, durante atividades normais e até mesmo durante 
o sono. Manifesta-se clinicamente por dor lancinante, de aparecimento súbito, podendo às vezes 
ser precedida de dor abdominal, imprecisa, que se irradia para a virilha. 
Crises dolorosas anteriores que desapareceram espontaneamente ou após apalpação e/ou 
manipulação do testículo ("torção intermitente") ou uma crise dolorosa do outro lado que 
necessitou de tratamento ou seguiu-se de atrofia testicular. 
 Ao exame físico, a pele escrotal pode ser normal ou avermelhada, quente e edemaciada. A 
tumefação é confinada ao escroto; todo o testículo apresenta-se tumefato, extremamente 
doloroso, com superfície lisa, não sendo possível palpar o epidídimo em sua posição habitual. O 
testículo comprometido acha-se caracteristicamente mais elevado que o oposto, devido ao 
encurtamento do cordão espermático e ao espasmo dos músculos cremastéricos (sinal de Brunzel). 
Este dado semiológico é mais significativo quando percebido à esquerda, pois, como se sabe, a 
gônada esquerda tem uma posição mais baixa. A hiperestesia testicular toma difícil a palpação e 
impede que se procurem os sinais indicativos da natureza da tumefação intraescrotal. O testículo e 
o epidídimo aumentam de tamanho rapidamente, constituindo, no prazo de poucas horas, uma 
volumosa e única tumefação, não sendo possível distinguir as diferentes estruturas. Dentre as 
enfermidades agudas que necessitam de tratamento de urgência, a torção testicular é a que mais 
suscita erros diagnósticos. A torção testicular pode ser indistinguível da epididimite ou da orquite 
aguda. Em caso de dúvida, é melhor firmar o diagnóstico de torção e indicar o tratamento cirúrgico 
imediato. 
A torção do testículo de localização inguinal, muitas vezes, é impossível de ser diferenciada de uma 
hérnia inguinal estrangulada. Na torção testicular, o exame simples de urina e o leucograma quase 
sempre são normais. A dopplerimetria pode ser útil para avaliar o suprimento sanguíneo do 
testículo. 
Orquite. é a inflamação aguda ou crônica do testículo . Orquite aguda, envolvendo apenas o 
testículo, constitui uma entidade rara. Quase sempre ela é consequência da extensão de um 
processo inflamatório epididimário, o que caracteriza a epidídimo-orquite. Na orquite piogênica, 
pode haver formação de abscesso, o qual, quando roto, dá origem à chamada piocele. A orquite 
aguda aparece de modo súbito e, na maioria das vezes, é acompanhada de febre alta, náuseas e 
vômitos. A dor testicular é intensa e irradia-se para a virilha; a pele escrotal apresenta-se 
avermelhada e edemaciada. O testículo comprometido aumenta de volume e fica doloroso à 
palpação; a elevação manual do testículo reduz a dor. Cumpre salientar, entretanto, que este sinal 
não é infalível - nota-se frequentemente hidrocele aguda concomitante. Muitas vezes, não é fácil 
 
Raphaela Faria 
distinguir a epidídimo-orquite aguda da torção testicular. Na orquite traumática, que pode 
aparecer após vasectomia, traumatismo, manipulação cirúrgica sem história prévia de infecção, 
verifica-se uma reação granulomatosa testicular provavelmente resultante do extravasamento de 
proteínas e espermatozoides destruídos. Os testículos apresentam-se aumentados de volume e 
dolorosos. Não se deve esquecer que o aparecimento de um "caroço" no testículo após 
traumatismo, por mínimo que seja, pode ser manifestação de neoplasia maligna preexistente. A 
orquite que acompanha a caxumba reveste-se de maior significado pela frequência com que é 
observada e devido aos efeitos nocivos e irreversíveis que provoca. Cumpre salientar que 15 a 20% 
dos pacientes que sofrem parotidite infecciosa após a puberdade desenvolvem orquite. Durante a 
infância, isso acontece muito raramente. O vírus acomete os testículos por via hematogênica ou 
por via descendente (o vírus é excretado na urina). A orquite aparece do 42 ao 62 dia da doença, 
sendo unilateral em 70% dos pacientes. A fase aguda dura em tomo de 1 semana. O testículo 
apresenta-se aumentado e hipersensível em consequência do edema intersticial. Pode haver 
fibrose dos túbulos seminíferos, com lesões irreversíveis das células germinativas e consequente 
esterilidade; contudo, as células intersticiais de Leydig, responsáveis pela produção de 
testosterona, são preservadas. A orquite luética, como a sífilis de um modo geral, é caprichosa e 
variável em suas manifestações clínicas. Pode ser congênita ou adquirida; como congênita, 
encontram-se com frequência outros estigmas de sífilis. É difícil diferenciar a orquite gomosa 
ulcerada da neoplasia testicular fagedênica que também úlcera a pele do escroto. Nestes casos, a 
biopsia é indispensável. 
Neoplasias testiculares. constituem 1% de todas as lesões malignas do sexo masculino. A maioria 
ocorre no grupo etário mais jovem, entre 20 e 40 anos. 
 
Podem ser classificadas, em conformidade com a origem das células neoplásicas, em germinativas 
e não germinativas. As neoplasias germinativas (seminoma, carcinoma embrionário, 
teratocarcinoma e coriocarcinoma) representam 97% dos casos e têm malignidade variável. O 
seminoma é o menos maligno e o mais frequente ( 40 a 60%), enquanto o coriocarcinoma puro é o 
de pior prognóstico, porém o menos comum (1 %). O coriocarcinoma puro é a neoplasia mais 
maligna que afeta o homem. As neoplasias não germinativas (neoplasias de células intersticiais ou 
de Leydig e neoplasias de células de Sertoli) são responsáveis por apenas 3% das neoplasias 
testiculares primárias e, em geral, são benignas. As neoplasias de células intersticiais, quando 
surgem antes da puberdade, provocam precocidade sexual com megalopênis; se aparecem após a 
puberdade, determinam impotência sexual e esterilidade. As neoplasias das células de Sertoli 
apresentam secreção estrogênica de tamanha magnitude que a ginecomastia passa a constituir o 
dado clínico primordial. Os sinais e sintomas iniciais das neoplasias testiculares malignas podem 
 
Raphaela Faria 
estar no próprio escroto ou se relacionarem com as lesões metastáticas. Dor surda, persistente, 
sem irradiação e localizada no flanco pode ser a única manifestação de uma neoplasia testicular, 
sendo, nestes casos, causada por hidronefrose secundária à compressão ureteral por linfonodos 
hiperplásicos. Podem manifestar-se também por dor abdominal devido à obstrução intestinal ou 
com sintomas respiratórios decorrentes de metástases pulmonares; além de determinar edema 
dos membros inferiores em consequência de obstrução de vasos linfáticos ou venosos. O mais 
frequente, entretanto, é o paciente queixar-se de dor escrotal e/ou sensação de peso ou 
desconforto testicular. Cumpre ressaltar, por fim, que toda massa testicular indolor, de 
consistência endurecida e irregular que não se transilumina, deve ser considerada neoplasia 
maligna até prova em contrário. É importante reiterar as seguintes observações: os testículos 
criptorquídicos são mais propensos às neoplasias malignas; muitas vezes, um leve traumatismo que 
chama atenção do paciente para a neoplasia preexistente; a hidrocele associada pode dificultar o 
diagnóstico. 
Principais examescomplementares: marcadores tumorais (alfafetoproteína, fosfatase alcalina 
placentária), dosagens hormonais (gonadotrofina coriônica humana), exames radiológicos e 
ultrassonográficos. As gonadotrofinas coriônicas encontram-se elevadas na urina e no plasma nos 
casos de coriocarcinoma, tomando positivos os testes para gravidez. Podem estar presentes no 
soro os marcadores tumorais - substâncias produzidas pelos tecidos neoplásicos -, sendo mais 
usadas as alfafetoproteínas para o carcinoma embrionário e a subunidade beta da gonadotrofina 
coriônica humana para o coriocarcinoma e o seminoma com células sinciciotrofoblásticas. Exames 
radiológicos que incluem tomografia computado rizada, ultrassonografia abdominal e 
mapeamento radioisotópico podem ser necessários na pesquisa de lesões extratesticulares. 
Doenças do epidídimo. 
As principais são as epididimites, a espermatocele e as neoplasias epididimárias. 
Epididimite é a mais comum das afecções intraescrotais, podendo afetar todos os grupos etários, 
sendo mais comum no jovem e no homem de meia-idade. Os germes chegam ao epidídimo pelos 
vasos deferentes, a partir de infecções urinárias, uretrais, prostáticas ou vesicoseminais. As 
epididimites, quase sempre, são piogênicas. Surgem na vigência de estenose da uretra, cistite, 
uretrite, prostatite e vesiculite. As epididimites específicas podem ser de origem gonocócica, 
tuberculosa, sifilítica, blastomicótica, brucelótica ou esquistossomótica. Com o advento dos 
antibióticos, a epididimite blenorrágica tornou-se menos comum, bem como a luética. Na 
epididimite aguda, o paciente apresenta dor intensa, de aparecimento súbito, em um ou em ambos 
os testículos, com ou sem febre. Sintomas de infecção urinária podem também ocorrer, incluindo 
polaciúria, disúria, nictúria e ardor à micção. Pode haver sintomas sistêmicos indicativos de 
processo infeccioso, tais como astenia, anorexia, sudorese e mal-estar. A pele escrotal torna-se 
quente, avermelhada e brilhante. Como o epidídimo situa-se por trás do testículo, a epididimite 
compromete a pele dorsal do escroto. Daí a necessidade de examinar sempre a superfície posterior 
da bolsa escrotal. Transcorridos alguns dias, a pele adquire coloração bronzeada e as camadas 
cutâneas mais superficiais passam a descamar. Ao fazer uma palpação cuidadosa- e delicada-, é 
possível individualizar o epidídimo, que se encontra extremamente doloroso e aumentado de 
volume 2 a 3 vezes. Quando não se consegue distinguir o epidídimo do testículo, provavelmente é 
pelo desenvolvimento de uma hidrocele secundária. Na epididimite tuberculosa, o 
comprometimento do órgão é lento, o que a diferencia da epididimite aguda. A maioria dos 
pacientes queixa-se de tumefação intraescrotal, dor surda e imprecisa. A principal característica 
semiológica da epididimite tuberculosa é a ausência de hiperestesia ou de dor aguda. O epidídimo 
apresenta-se com consistência endurecida, nodular, aumentado de tamanho de 2 a 3 vezes, opaco 
à transiluminação e fixo. Havendo hidrocele secundária, torna-se flutuante, embora não seja 
transparente ao teste de transiluminação. O canal deferente torna-se irregular, espessado, 
assemelhando-se a um rosário ou anel de contas. Este dado é altamente sugestivo de tuberculose. 
 
Raphaela Faria 
É necessário examinar cuidadosamente o tórax e o pescoço em busca de sinais de tuberculose 
pulmonar ou ganglionar. O toque retal é indispensável para estabelecer as características das 
vesículas seminais, as quais podem estar aumentadas de volume e endurecidas. 
Espermatocele é uma formação cística intraescrotal resultante da obstrução dos túbulos 
epididimário responsáveis pelo transporte dos espermatozoides. Ocorre apenas na fase pós-
puberal, com maior frequência entre 40 e 50 anos de idade, e tem evolução lenta. Geralmente, 
localiza-se acima e atrás do testículo, deslocando-o para baixo e para frente. A espermatocele 
encontra-se separada do testículo, possibilitando a individualização da gônada à palpação. As 
espermatoceles são indolores, irredutíveis, de consistência mole, flutuantes, translúcidas e de 
superfície lisa. 
Neoplasias epididimárias. As primárias são extremamente raras, quando comparadas aos 
processos inflamatórios. A neoplasia adenomatoide - encontrada com maior frequência- 
apresenta-se como massa intraescrotal quase sempre indolor, de tamanho diminuto e opaca à 
transiluminação.

Outros materiais