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Entamoeba histolytica: ➢ Classificação Taxonômica: • Reino: Protozoa • Filo: Sarcomastigophora (pseudópodes ou flagelos) o Emite pseudópodes nesse caso • Subfilo: Sarcodina (pseudópodes) • Ordem: Amoebida • Família: Entamoebidae • Espécie: Entamoeba histolytica • Doença: Amebíase o Doença produzida por um protozoário o Diferente da giardíase, tem potencial de conduzir indivíduo a óbito o Estima-se que 10% da população mundial esteja infectada com Entamoeba histolytica – 90% desses 10% são assimtomáticos, mas contribuem para a dispersão dos cistos (formas de resistência da ameba), e potencializam o espalhamento da amebíase para outros indivíduos o Entre os 10% que manifestam quadro clínico, são produzidos anualmente 40-100.000 óbitos o Caracterizada pela presença de trofozoítos de Entamoeba histolytica no intestino grosso humano; não é parasita de intestino delgado o Pode potencializar doenças fora do intestino grosso – amebíase extraintestinal, em que trofozoítos dessa ameba caem na corrente circulatória e migram para outros órgãos do corpo humano, trazendo transtornos mais severos que os produzidos no intestino grosos Gênero Entamoeba: • Existem Entamoebas parasitas e comensais: o Comensais – vive associada ao organismo de um hospedeiro, mas não trás transtornos a sua saúde, pois se alimenta de restos/sobras metabólicos/celulares (de bactérias da flora intestinal por ex) • 1) Entamoeba com cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli: E. coli (intestino grosso; homem; comensal; indivíduo não necessitará de tratamento; marcador da qualidade de água – ingestão de cistos presentes em alimentos/água contaminados com material fecal humano), E. muris (roedores). E. gallinarum (aves domésticas). o Esses 2 últimos não tem importância médica • 2) Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica: E. histolytica (homem), E. díspar (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras e répteis), E. moshkoviskii (vida livre). o Entamoeba hystolytica pode ter: comportamento parasitário (típico); e comportamento comensal – na dependência da cepa e condições do organismo do indivíduo; em geral é patogênica o E. díspar: comensal; morfologicamente, na forma de cisto ou trofozoíto, a díspar e a hystolytica são indistinguíveis; logo, ao fazer somente a amostra fecal em um método imunológico, e observar cistos ou trofozoítos, não pode-se afirmar que é de hystolytica, pois a díspar também é encontrada com frequencia no organismo humano o Vários autores atribuem quadros não patogênicos de Entamoeba hystolytica a presença de E. díspar; o Mas, independente disso, a hystolytica também pode se comportar como comensal no organismo humano o Logo, os quadros assintomáticos se relacionam com ciclo comensal da hystolytica e também a presença da díspar o E. moshkoviskii pode atuar como comensal no organismo humano; em geral tem vida livre; pouca patogenicidade • 3) Entamoeba de cisto com um núcleo: E. polecki (porco, macaco e, eventualmente, humanos), E. suis (porco, para alguns sinonímia de E. polecki). • 4) Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis (humanos e macacos). o Gingivalis: comensal da cavidade oral de seres humanos e de primatas; pode ser responsabilizada pela produção de afecções bucais, como por ex gengivites, estomatites, mas acredita-se que só aconteça quando está associada a quadros clínicos prévios (doenças bacterianas, etc) • Se um indivíduo tem registro, seja de hystolytica ou de díspar, recomenda-se que ele faça o tratamento; pois, mesmo não sendo patogênica no momento, pode se manifestar sintomatologicamente em dado momento Entamoeba histolytica: • Formas: Entamoeba histolytica • Trofozoíta – forma ativa/móvel/ que se alimenta/ se multiplica; uninucleado, e, em caso de disenteria, com eritrócitos fagocitados. Divisão binária. Mede 12 a 50 micra; formato irregular pois emite pseudópodes continuamente o Quando E. hystolytica produz quadro patogênico, ela costuma produzir disenterias amebianas (colite disentérica e colite não disentérica) o Em caso de colite disentérica, encontra-se no citoplasma da E. hystolytica eritrócitos fagocitados; ou seja, ela está entrando em contato com a corrente circulatória e está fagocitando eritrócitos, e isso serve para identifica-la como hystolytica, pois a díspar não faz isso o Trofozoíto no lúmen do intestino grosso, depois de alguns ciclos reprodutivos origina o pré-cisto • Pré-cisto – fase intermediária entre trofozoíta e cisto. o Uninucleado; o Sofre nucleotomia e forma cisto com 2 núcleos • Cisto – com até 4 núcleos. Mede 10 a 14 micra. o Cisto sofre nucleotomia originando cisto com 4 núcleos o Cisto com 4 núcleos = eliminado junto com fezes do hospedeiro (ser humano) – contaminarão ambiente e proporcionarão espalhamento da amebíase o Ingestão do cisto tetranucleado: no final do intestino delgado, esse cisto libera metacisto • Metacisto – forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado. Origina os trofozoítos. o Inicialmente tem 4 núcleos, e posteriormente passa a ter 8 núcleos; o Cada núcleo ganha uma porção de citoplasma, originando um trofozoíto • OBS.: E. hystolytica pode parasitar animais; cães e gatos podem ser fontes de infecção para ameba • OBS.: ingerir um cisto de giárdia = 2 trofozoítos; ingerir um cisto de E. hystolytica = 8 trofozoítos - garante multiplicação na fase pré-cística, cística e metacística • Pode-se encontrar nas fezes diarreicas metacisto eventualmente; pode-se encontrar pré-cistos, mas o mais visualizado é o cisto tetranucleado, e em fezes diarreicas o trofozoíto também • Trofozoíto pode viver 5 min fora do organismo humano • • Fagossomas no interior do citoplasma • Trofozoíto é tipicamente anaeróbico, mas consegue sobreviver em ambientes com oxigenação • Ciclo comensal: se alimentam de restos celulares, resíduos alimentares e bactérias componentes da flora intestinal; dependendo da flora intestinal, pode potencializar a E. hystolytica patogênica • ➢ Habitat: • Vivem na luz do intestino grosso (ceco, cólon, sigmoide e reto), podendo adentrar a mucosa e produzir ulcerações intestinais. o Mais encontrados no ceco, sigmoide e reto o Quando vivem simplesmente no lúmen do intestino grosso são consideradas comensais; na medida que lisam células epiteliais do intestino, a partir da produção de enzimas proteolíticas = quadro clinico de ulcerações intestinais • Podem invadir a corrente sanguínea e se instalar no fígado (abscesso hepático amebiano = amebíase extraintestinal), rins, pulmão, e, mais raramente, no cérebro e até na pele. • Quando migra do intestino grosso para outros órgãos = quadro clinico associado a amebíase extraintestinal, que pode ser grave e potencializar óbito ➢ Nutrição: • Ingestão de partículas sólidas, eritrócitos (indica forma patogênica, que produz ulcerações intestinais e potencial para migrar via corrente circulatória e atingir outros órgãos), bactérias e restos celulares no lúmen do intestino grosso o Há cepas patogênicas/ não patogênicas, e há condições que potencializam essa patogenicidade ➢ Ciclo: • Desencistamento começa no íleo • Metacisto inicialmente com 4 núcleos sofre nucleotomia = 8 trofozoítos metacísticos • Na dependência de condições e cepa da E. hystolytica colonizam intestino grosso como comensais – pré cistos = cistos nas fezes = CICLO NÃO PATOGENICO • Trofozoítos destroem células epiteliais do intestino, invadem mucosa e submucosa, e produzem doença intestinal ou caindo na corrente sanguínea podem se tornar hematófagos e originar a amebíase extraintestinal • Quando estão em outros órgãos que não o intestino não mais formarão cistos, eles apenas se multiplicarão como trofozoítose lisam os tecidos desses órgãos • Primeiro órgão afetado é o fígado, pois trofozoítos migram via sistema porta ➢ Epidemiologia da amebíase: • As principais fontes de infecção amebiana são os pacientes crônicos, os assintomáticos e os indivíduos portadores sãos. • Em uma evacuação de aspecto normal podem ser eliminados milhões de cistos de E. histolytica. • A transmissão ora é direta por mãos sujas, ora indireta por águas e alimentos contaminados. • Insetos, como moscas e baratas, podem transportar mecanicamente os cistos de amebas. • • Patogenia o Parasito lisa tecidos do hospedeiro e produz enzimas proteolítica o Escava mucosa intestinal, produzindo ulcerações o Invade vasos sanguíneos e passa a se nutrir de hemácias o Sangue nas fezes de indivíduo com amebíase? Sim o Se não for comensal, sangue é encontrado nas fezes, pois ao invadir mucosa lesiona vasos sanguíneos, e sangue extravasa, podendo haver quadro associado de anemia o Na giardíase, a anemia esta relacionada a má absorção intestinal; o Na amebíase, exerce ação traumática, ação espoliativa e ação inflamatória (amebas no conjuntivo determina reação inflamatória e potencial inflamação dos tecidos intestinais) • Vários fatores: o Cepa da Entamoeba – cepas geneticamente modificados dentro do grupo, que são mais agressivos • Idade do paciente o A faixa entre 20-50/60 anos é a mais afetada, principalmente por conta de tipos de trabalho (trabalhar com rede de esgoto, materiais adubados) • Estado imunológico o Imunodeprimidos sofrem mais, pois sistema imunológico não rechaçando multiplicação de protozoários na mucosa traz problemas a saúde o Indivíduos que fazem tratamento com corticoides podem ser grupo de risco para casos graves de amebíase; o Quimioterapia • Estado nutricional o Desnutrido = resposta imunológica pior o E. hystolytica é importante em países de clima tropical/subtropical, não só pelo clima, mas também por conta de condições socioeconômicas o Condições socioeconômicas mais precárias, com alimentação a base de carboidratos e fibras, que potencializa efeitos da E. hystolytica, permite seu crescimento populacional, permitindo maior patogenicidade o Dietas ricas em vitaminas, principalmente vitamina C, e ricas em ptns, diminuem o potencial de ação da E. hystolytica o Recomendação em indivíduo com amebíase: restrição de carboidratos e fibras • Raça o Indivíduos de raça branca sofrem mais o Diarreia dos viajantes – indivíduo sai de região e frequenta outra, onde pode ter esse potencial • Sexo: o Indivíduos de sexo masculino tem tendencia a desenvolver quadros clínicos mais graves, sobretudo amebíase intestinal, em detrimento de indivíduos de sexo feminino • Depende da flora bacteriana associada - E. coli, Shigela, Salmonella, Clostridium e Enterobacter podem potencializar a amebíase. – quadros clínicos associados a essas bactérias podem confundir-se com quadros clínicos da amebíase • Na mucosa intestinal: o úlceras conhecidas como “botões de camisa” ou “colo de garrafa” – no ceco (principalmente), mas podem estar presentes no cólon, sigmoide e reto – lesões redondas, circunscritas, aprofundadas o massas granulomatosas (pela presença das amebas na mucosa) chamadas amebomas (pouco comum) ▪ Amebomas são massas que lembram tumores ▪ Essas massas podem chegar a 4/5 cm de diâmetro, o que pode promover obstrução intestinal – ação inflamatória produzida pelo parasito o OBS.: E. hystolytica tem ação traumática, espoliativa, inflamatória e libera toxinas que podem potencializar crises diarreicas ➢ Sintomatologia: • Formas assintomáticas – comensal. • Formas sintomáticas: o amebíase intestinal (colite disentérica – 8 a 10 ou mais evacuações por dia, com sangue e muco, e eventualmente purulência; colites não disentéricas – 2 a 4 evacuações por dia, com sangue e muco, mas se purulência; amebomas; apendicite amebiana – pode gerar supuração o apêndice). Pode haver febre e tenesmo (vontade de defecar sem ter nada para ser eliminado) OBS.: Complicação (principalmente colite disentérica e amebomas) – perfuração intestinal, peritonites e hemorragia. grave o amebíase extra-intestinal: ▪ amebíase hepática. ▪ amebíase cutânea: lesões na pele – região anal ou períneo • Amebas vem via circulatória a partir da região do reto, e colonizam áreas de tecido cutâneo, produzindo ulceração na pele nesses locais ▪ amebíase em outros órgãos - pulmões, cérebro,etc. • Amebíase pulmonar: Pode haver derrame pleural, dor torácica, expectoração (odor que pode lembrar chocolate, molho de tomate, e gelatina), tosse constante • Amebíase hepática: abscesso hepático amebiano • • Métodos sorológicos são úteis para distinguir E. hystolytica da díspar; em geral se faz isso por PCR, mas por sorologia também • Métodos sorológicos são importantes para identificar amebíase extraintestinal • Amebíase hepática: pode haver icterícia ➢ A infecção pode ser: o assintomática o colite amebiana não-disentérica: alternância de diarreia/CI (constipação intestinal); dores abdominais; sangue e muco nas fezes o colite amebiana disentérica: febre, fezes mucopiosanguinolentas, cólica, tenesmo, perda de peso (modificação na taxa de absorção, sobretudo de líquidos = desidratação) o colite necrotizante: tecidos intestinais começam a necrosar pela ação traumática e processo inflamatório - febre elevada (38/39 graus), diarreia com sangue e muco e purulência, fezes com odor de ovo podre – quadro clinico muito grave e possibilidade de ruptura de alças intestinais – um dos principais dos fenômenos que leva a óbito na amebíase intestinal o infecções extra-intestinais: abscesso hepático e outros ➢ Contaminação: alimentos ou água ➢ Exames: Parasitológico de fezes (intestinal), PCR em abscesso hepático (extraintestinal); elisa, tomografia, ultra-sonografia, etc (extraintestinal) Lise das células intestinais, adentrando no conjuntivo amebas Lesões em botão de camisa, com purulência Ulcerações; fusão de lesões menores; pode levar a ruptura de alça intestinal Inicialmente parênquima hepático é afetado, depois a cápsula se rompe, e material líquido é recolhido (cor de calda de chocolate); pesquisa sorológico ou microscópica – trofozoítos encontrados; ultrassom e tomografia também se observa esse abscesso Amebomas crescem do conjuntivo em direção ao lúmen do intestino Crescimento de massa granulomatosa: obstrução do lúmen do intestino = possibilidade de constipação intestinal por fibrose pelas lesões e por essas massas ➢ Profilaxia: • Combate a moscas, baratas, formigas • Água, frutas – bem tratadas • Sanitização • Tratamento de água/esgoto • Orientar crianças a não levar mão a boca • Lavar mãos • Indivíduos parasitados prontamente tratados ➢ Diagnóstico: • Exame parasitológico de fezes - intestinal. • Extra-intestinal - sorologia ou biópsia.; Exames por imagem • Colonoscopia pode fazer diagnóstico da amebíase intestinal ➢ Tratamento: • Metronidazol (FLAGYL®)-30-40mg/Kg/dia por 7 dias • Tinidazol, • Ornidazol e • Nimorazol ou nitrimidazina • As formas graves requerem repouso no leito, dieta branda, rica em proteínas e vitaminas, mas pobre em carboidratos e fibras. Tomar líquidos em abundância. • Há dois tipos de amebicidas: • A. Amebicidas não absorvíveis, que atuam apenas na luz intestinal. São as dicloracetamidas: Teclosan, Furamida ou o furoato de diloxamida e Clefamida. • Agem sobre os trofozoítas por contato, destruindo-os e interrompendo o ciclo reprodutivo do parasito na luz intestinal. • Indicados para tratar infecções assintomáticas e os eliminadores de cistos. Mas, por não afetarem os parasitos que se encontrem nos tecidos, devem ser associadosaos amebicidas do 2º grupo. • B. Amebicidas teciduais que, sendo absorvidos pelo intestino, são capazes de destruir as formas invasivas do parasito em qualquer tecido onde se encontrem. • São os nitroimidazóis, utilizados especificamente para tratar a amebíase doença: Metronidazol (Flagil®), Tinidazol (Fasigyn ®) Ornidazol , Nimorazol (ou nitrimidazina ) Secnidazol e Nitazoxanida (Annita®). • Exigem associação com as dicloracetamidas para uma cura radical, visto serem rapidamente absorvidos no intestino delgado e não chegarem ao intestino grosso, onde as amebas colonizam. • Há 2 tipos de antiparasitários/ antiprotozoários: os de passagem, que passam pelo lúmen do intestino e destroem os parasitos presentes, e os absorvíveis, que ganham via sistêmica, ou chegam ao contato com mucosa do intestino; • Na E. hystolytica, pelo risco de estar fazendo amebíase extraintestinal, é fundamental utilizar 2 tipos de medicamentos • Amebíase: medicamento de passagem, para tratar amebíase do ciclo comensal (sem quadro clinico); e antiprotozoário absorvível, para tratar potencialmente os trofozoítos que estejam na mucosa ou estejam se espalhando pelo organismo do indivíduo • Anitta tem via de passagem e via absorvível – frequentemente recomendada; não necessariamente resolve – metronidazol pode complementar
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