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ICT ALUNO(A): TURMA Instruções: 1. A prova será disponibilizada no dia 18/07/2020 e o(a) aluno(a) deverá fazer o upload das respostas na plataforma CUBOZ até as 19:00h do dia 20/07/2020. 2. O formato exigido é Word, caso contrário o documento não será conside- rado para fins de correção. 3. Todas as perguntas devem ser respondidas em no mínimo 1 (uma) e no máximo 3 (três) laudas e ter profundidade e coerência interna. 4. O tipo de fonte deve ser Arial ou Times New Roman, em tamanho 12, com espaçamento entre as linhas de 1,5 cm (sem espaçamentos extras antes e depois). O alinhamento do texto deve ser justificado, com recuo do iní- cio do parágrafo de 1,25 cm. 5. São permitidas citações apenas segundo as regras da ABNT, em fonte 10. ATENÇÃO: todas as provas serão submetidas ao farejador de plágios e caso haja citações em desacordo com as normas técnicas a avaliação não será aceita. Questões: ICT 1. Defina e diferencie, fundamentadamente, o que são isenções e imunidades. Comente sobre a possibilidade de revogação das isenções (art. 178 do CTN) considerando os conceitos de norma geral e abstrata e norma individual e con- creta. A isenção está prevista no art. 175, I, do Código Tributário Nacional como sendo um modo de exclusão do crédito tributário, devendo, ainda, conforme o art. 150, §6º da Carta Magna e art. 176, caput do CTN haver sempre lei prévia que a estabe- leça. A exclusão do crédito tributário através da isenção ocorre pois a obrigação tri- butária não se completa. Ou seja, através da isenção o crédito tributário sequer é gerado, já que um dos componentes que formam o fato gerador são excluídos da incidência de hipótese tributária. Ainda que o fato possa ser considerado, a rigor, pas- sível de tributação, por alguns fatores estabelecidos em lei, tal como recorte geográ- fico, critério temporal, pessoal, etc, o fato não se insere na regra-matriz, tornando-se isento. De acordo com a definição de isenção pelo jurista Paulo de Barros Carvalho, tem-se que se trata de pontuais ou sucessivas mutilações de componentes que inte- gram a regra-matriz de incidência tributária, impedindo que figure como uma hipótese passível de tributação1. A isenção também pode ser compreendida como a supressão de tributação de critério material consequente, a exemplo da redução da base de cál- culo a zero, ou da alíquota de determinado tributo, atingindo-lhe o critério material quantitativo, ou, ainda, quando a isenção se dá em função do sujeito, seja ativo ou passivo. Assim, torna nítido que a isenção se dá pela desconsideração de um compo- nente da regra-matriz de incidência tributária, e não pelo fato gerador ter ou não ocor- rido, pois ainda que o fato gerador tenha existido, passa a ser desconsiderado. Diferencia-se, pois, a isenção da imunidade por diversos fatores jurídicos em sua composição, ainda que a consequência prática seja a mesma, qual seja a dis- pensa de pagamento de tributo. 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 6. ed. São Paulo: Noeses, 2008, pág. 521 ICT Enquanto que a isenção, como dito alhures, deve decorrer de lei prévia que a estabeleça, isto é, lei ordinária ou complementar, vide art. 176, I do Código Tributário Nacional, e artigo 150, §6º da Carta Magna, a imunidade tem previsão constitucional, sendo tratada em diversos artigos da Constituição Federal, sendo os principais cons- tantes no rol do art. 150 e art. 197, §7º da Carta Magna, e a sua aplicação por norma infralegal é vedada. A dispensa de pagamento do tributo, no caso da isenção, ocorre pois a obriga- ção não se completa, sendo mutilada em parte a sua regra-matriz. Já na imunidade, a obrigação sequer existe na origem, não havendo o que ser mutilado, pois desde o início há uma exoneração constitucional2. Assim, por inexistir o crédito tributário desde a origem, a imunidade se diferencia também da isenção pois nesta há o crédito tribu- tário, porém é posteriormente excluído. A revogação de isenção outrora concedida não pressupõe a necessidade de publicação de nova regra tributária, pois a isenção não revoga a regra tributária geral, apenas tolhe parte de sua eficácia sobre aquele recorte que será isento – mutilação de componente(s) da regra-matriz. Destarte, não havendo isenção, a eficácia da norma tributante volta a ter plena eficácia àqueles beneficiários que eram isentos. Porém, a revogação de uma isenção concedida deve observar preceitos cons- titucionais sob pena de ferir a segurança jurídica. Neste ínterim, deve a revogação respeitar as anterioridades tributárias anual e nonagesimal, nos moldes do art. 150, III, “b” e “c” da Constituição Federal, já que equivale a aumento ou instituição de tri- buto, inaugurando a incidência tributária, conforme art. 104, III, do CTN. No entanto, devido às particularidades da isenção, que pode ser concedida sob condição onerosa ou não, a mera observância às anterioridades tributárias não são suficientes para que a revogação seja legal. Isto porque, as isenções são postas no mundo jurídico de modo geral e abs- trato, de modo que não é direcionada a um sujeito específico, mas a tantos quanto sujeitos indeterminados se encaixarem naquela regra. Ou seja, as normas gerais e abstratas descrevem uma hipótese, que ainda não ocorreu no mundo dos fatos, e 2 Idem, ibidem. P. 331. ICT podem atingir sujeitos diversos que se enquadrarem na regra-matriz de incidência. Para que a norma geral e abstrata passe a produzir efeitos no mundo dos fatos, esta tem que se vertir em norma individual e concreta, havendo, de fato, a subsunção do fato à norma3. O sujeito X (individual) realizando o fato gerador (concreta) através de linguagem competente, permitindo que de fato, a norma seja aplicada. Assim, havendo a norma individual e concreta em âmbito de isenção tributária esta pode se dar de modo oneroso ou não. Isto é, se o contribuinte, a fim de se en- quadrar na hipótese descrita no modo geral e abstrato, tornando a norma individual e concreta, tiver que se submeter a determinadas condições e por um prazo certo, nos moldes do art. 178 do CTN, esta isenção não pode ser revogada ou modificada por lei, independentemente de observância ao princípio da anterioridade tributária, posto gerar direito adquirido no caso de condição onerosa, nos termos do art. 179, §2º do Código Tributário Nacional4. Neste mesmo ínterim, o Supremo Tribunal Federal, sedimentou entendimento através da súmula 544, que as isenções sob condições onerosas não podem ser li- vremente suprimidas se o beneficiário não se enquadrar nas hipóteses de supressão da isenção, não satisfazendo mais os requisitos para a concessão do favor. Destarte, em sendo a norma instituidora da isenção geral e abstrata, pode ser revogada a qualquer tempo desde que respeitada a anterioridade tributária, mas se a isenção não for concedida em caráter geral, sendo norma individual e concreta, nos moldes do art. 179 do CTN, havendo requisitos para a sua concessão, esta isenção apenas não é passível de revogação antes de findado o prazo e/ou as condições. 3 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 428. 4 BRITTO, Lucas Galvão de. “Revogação de isenção, anterioridade e direito adquirido”. Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 114, 2011, p. 116. ICT 2. Considerando o processo de constituição do crédito tributário do IRPF, origina- riamente sujeito ao “lançamento por homologação”, como se dá sua extinção pela decadência e pela prescrição? Considerar para sua resposta as seguintes situações: (i) declaração integral do contribuinte, sem pagamento; (ii) declara- ção parcial do contribuinte, com pagamento do valor declarado; e (iii) ausência de declaração/pagamento.Em atenção à segurança jurídica, o ordenamento jurídico pátrio estabeleceu marcos temporais para que fossem constituídos e cobrados créditos tributários. O termo inicial para a decadência, no que tange aos tributos sujeitos ao lança- mento por homologação, ou seja, em que o contribuinte antecipa o pagamento para ulterior confirmação do fisco, conforme art. 150, §4º do Código Tributário Nacional é de 05 anos a partir da ocorrência do fato gerador, se a lei não estipular de modo diverso. Assim, ultrapassado este prazo, ocorre a homologação tácita, não podendo mais o fisco discutir sobre aquele lançamento. Passado o prazo decadencial, se o crédito for constituído, inicia-se o prazo quinquenal para que o Fisco possa cobrar do contribuinte os valores declarados, con- forme o art. 174 do Código Tributário Nacional. Entretanto, este dispositivo supracitado apenas é aplicado em caso de anteci- pação do pagamento de modo integral do tributo lançado por homologação, pois, ha- vendo pagamento parcial ou inexistente, aplica-se a regra do art. 173, I do CTN, sendo o marco inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de- veria ter sido efetuado. Insta destacar que há discussão acerca de tal marco inicial do imposto sobre a renda, posto existir modalidades de imposto de renda em que há a dedução mensal ou antecipada em sentido lato como antecipação na fonte, imposto exclusivo na fonte e imposto sobre ganho de capital na alienação de bens e direitos, sendo, pois enten- dido o fato gerador como “complexivo”. No entanto, o fato gerador ser complexivo não afasta o critério temporal da inci- dência do tributo. Isto porque, ainda que para se apurar a base de cálculo do Imposto de Renda seja necessário tecer uma série de operações, que ocorrem ao longo do ano através dos conceitos de ganho, rendimento e renda, é no último átimo do último ICT dia do exercício financeiro que tal operação se encerra, sendo, portanto, este o mo- mento em que o fato gerador ocorre, pois, o imposto sobre a renda das pessoas físicas é apurado no dia 31 de dezembro de cada exercício financeiro, sendo este o marco do fato gerador complexivo, em que durante todo o ano houve ganhos, rendimentos e rendas. O conceito de fato gerador complexivo e instantâneo não são desconexos. Isto porque, conforme Paulo de Barros Carvalho, nem mesmo uma gota d’água cai por acaso, sendo significado de um processo anterior à sua formação5. Do mesmo modo pode-se entender o Imposto de Renda, em que as sucessivas receitas e despesas são decorrentes de um fato gerador complexivo, mas para a regra matriz de incidência tributária, o fato gerador é delimitado no marco temporal do último instante do dia 31 de dezembro. Destarte, ainda que existam modalidades em que há a antecipação do tributo de forma mensal, o marco para a contagem do prazo decadencial segue a regra do imposto anual, devendo ser contado com base no art. 173, I, qual seja, 5 anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento deveria ter sido efetu- ado, ainda que, em tese, os impostos retidos/pagos antecipadamente sejam tipos de lançamento por homologação, pois a regra do art. 150, §4º não se aplica, afinal, é no último dia do exercício financeiro que o fato gerador se perfaz por inteiro, ainda que haja uma antecipação mensal. Neste ínterim, insta delinear hipóteses diversas, a fim de observar na prática como se dá a contagem prescricional e decadencial do imposto sobre a renda. Havendo a declaração integral do contribuinte, porém sem o pagamento, não há o que se falar em decadência, posto a declaração pelo contribuinte elidir a neces- sidade de ulterior procedimento administrativo, conforme súmula 436 do STJ. Já no que tange à prescrição, havendo a constituição definitiva do crédito pelo Fisco, esta é contada conforme art. 174 do Código Tributário Nacional, qual seja, 05 (cinco) anos contado da data da constituição da dívida, qual seja, a data que houve a declaração pelo contribuinte. De outro modo, havendo a declaração parcial do contribuinte, com pagamento 5 CARVALHO, Paulo de Barros. Op. Cit, 2008, pág. 673 ICT do valor declarado, a decadência tem como marco inicial do prazo quinquenal a ocor- rência do fato gerador, nos termos do art. 150, §4º do Código Tributário Nacional, posto ter sido declarado o débito, ainda que a menor, devendo, pois, o fisco lançar o valor remanescente para que se constitua o crédito de modo integral. Destarte, a partir da notificação do contribuinte se constitui o crédito, iniciando o prazo prescricional de 05 (cinco) anos para que o Fisco possa cobrar o contribuinte, conforme art. 174 do CTN. Ainda, em caso de ausência de declaração e de pagamento, o fisco terá o prazo decadencial de 05 (cinco) anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento deveria ter sido efetuado, nos moldes do art. 173, I do CTN, em consonância com a súmula 555 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, após o lança- mento pelo fisco, começa a correr o prazo prescricional quinquenal, conforme art. 174 do CTN. ICT REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITTO, Lucas Galvão de. “Revogação de isenção, anterioridade e direito adquirido”. Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 114, 2011. ________. Curso de direito tributário. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 6. ed. São Paulo: Noeses, 2008.
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