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ANDRESSA MARQUES - MEDICINA EXAME DO ESTADO MENTAL – PSICOPATOLOGIA →Busca acesso ao psiquismo; →O diagnóstico psiquiátrico é de exclusão, ou seja, deve-se lançar mão de exames complementares que excluam a existência de uma base orgânica que justifique os sintomas observados; →Existem 3 maneiras de observar o psiquismo humano em psicopatologia: 1. Psicopatologia Descritiva -Definida como a realização de uma descrição precisa das experiências psíquicas tal qual relatadas pelo paciente ou observadas pelo psiquiatra, seguida pela categorização de tais experiências. 2. Psicopatologia Clínica -É o que mais se aproxima da observação nosológica em psiquiatria. Está interessada em explicitar os fenômenos psíquicos anormais que ajudam o clínico a estabelecer um diagnóstico confiável, sendo este o modelo de observação mais utilizado pelos psiquiatras. 3. Psicopatologia Estrutural FUNÇÕES PSÍQUICAS Situação da entrevista Aparência Consciência Orientação Atenção Memória Pensamento e linguagem Inteligência Sensopercepção Juízo e crítica de realidade Humor e afeto Psicomotricidade Volição Sentimentos despertados e impressões subjetivas SITUAÇÃO DA ENTREVISTA →Onde e como a anamnese é colhida terá total influência sobre o desenrolar da consulta e sobre as informações a serem obtidas. APARÊNCIA →A sua observação se inicia antes da consulta, quando o paciente ainda está na sala de espera; →A descrição deve conter a imagem do paciente (física, expressões, aspecto geral, odores) →Aqui também se descreve a atitude do paciente em relação a entrevista/consulta; →Psicomotricidade também é avaliada neste momento (tiques; alterações motoras, como a lentificação da marcha, parkinsonismo, coreias e balismos) etc. →Deve-se também descrever a atitude do paciente frente à entrevista. CONSCIÊNCIA →Estado de consciência geral do paciente. →Pode estar plenamente consciente ou vígil, mas, também pode passar por estados de redução quantitativa ou rebaixamento do nível de consciência, até o extremo de um estado comatoso; ANDRESSA MARQUES - MEDICINA →Em todo estado alterado de consciência, deve-se pensar que há alguma causa organometabólica para justificar; ORIENTAÇÃO →Com relação a tempo, lugar e espaço e também a situações e pessoas; ATENÇÃO →Capacidade do indivíduo de direcionar e manter o foco de sua consciência em determinado objetivo na presença de estímulos externos ou internos, filtrando, assim, as informações mais relevantes. →Avaliar a atenção voluntária e a involuntária e desatenção voluntária. MEMÓRIA →Sistema de armazenamento múltiplo e com formas distintas de processamento. →O miniexame do estado mental (MEEM) e a avaliação cognitiva Montreal (MoCA) são 2 testes que podem avaliar perdas de memoria ligadas à retenção. PENSAMENTO E LINGUAGEM FORMA E CONTEÚDO →Forma – como o paciente expressa o conteúdo do seu pensamento. →Conteúdo – atentar-se ao conteúdo da fala – dessa forma que se tem acesso a interesses, desejos, medos, angústias, aflições, alegrias etc. INTELIGÊNCIA →Conjunto de habilidades cognitivas do indivíduo, cuja operação resulta em uma atividade dotada de sentido e dirigida para um determinado fim. →Também pode-se dizer que se trata de uma aptidão para a aquisição correta do conhecimento sobre as coisas e as inter- relações entre elas; →A escala de inteligência Weschsler e a variedade de subtestes nos quais os valores de QI são resumidos ajudam na avaliação. →Observa-se a inteligência do indivíduo por meio do vocabulário mobilizado por ele, ANDRESSA MARQUES - MEDICINA da capacidade do sujeito de articular conceitos, de abstrair e fazer generalizações; →O retardo mental expressa alterações psicopatológicas relacionadas à inteligência. Trata-se de uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto das capacidades mentais, na qual as alterações psicopatológicas surgem e se manifestam desde a infância, comprometendo a linguagem, o intelecto e as habilidades sociais do indivíduo. SENSOPERCEPÇÃO →Pode ser definida como a apreensão e o reconhecimento dos dados sensoriais provenientes dos meios externo e interno. →As sensações decorrem de estímulos físico- químicos dos órgãos correspondentes e dos sistemas sensoriais, enquanto as percepções se dão quando esses estímulos chegam à consciência e adquirem qualidades subjetivas, como afetos, memória, raciocínio. →Alterações qualitativas de sensopercepção: ilusão, alucinação e alucinose. →Também existem alterações qualitativas de sensopercepção que se referem à consciência do eu, como a desrealização e a despersonalização. (desrealização – o indivíduo percebe o ambiente ou o fluxo temporal como transformados e irreais, perdendo a familiaridade com o ambiente e distanciando- se das cosias ao redor; despersonalização – trata-se de uma percepção de estranhamento e distanciamento em relação a si próprio). →Alterações quantitativas de sensopercepção: hiperestesia, hipoestesia. JUÍZO E CRÍTICA DA REALIDADE (DELÍRIOS) →Juízo sobre a realidade – capacidade de discernir a verdade do erro, ou seja, a capacidade de concluir que uma dada percepção de mundo é falsa o irreal. →Esse juízo depende da elaboração do pensamento, que se detém sobre as experiências, julga o que nelas se mantem constante e é, enfim, partilhado com os outros indivíduos. →A realidade é fixada, assim, em um contexto; ela é relativa a ele e, se o contexto mudar, a realidade também pode ser alterada. →A realidade é influenciada, por exemplo, pela religião, por superstições, por preconceitos, cujos conteúdos são compartilhados por uma comunidade, por ex. →Todavia, quando o indivíduo apresenta ideias que são tidas como convicções inabaláveis, cuja certeza é subjetiva e absoluta, impassíveis de modificação a partir da experiência ou de argumentos lógicos, dotadas as vezes de conteúdo impossível e associal, trata-se de um DELÍRIO. “uma “verdade” mais sólida do que a verdade” HUMOR E AFETO →HUMOR – entendido como estado emocional fundamental que permearia o contato entre o sujeito e o mundo em momentos determinados. #metáfora: o mundo visto através de lentes – se o humor estiver expansivo, a tonalidade das dores aumentaria; se deprimido, a tonalidade tenderia ao cinza. →EMOÇÃO – reação afetiva aguda, instantânea, intensa e de curta duração, produzida a partir de estímulos internos, como uma memória específica, ou de estímulos externos, como uma discussão. →A intensidade do estado afetivo pode ser tal que o afeto domina o psiquismo do indivíduo como um todo. ANDRESSA MARQUES - MEDICINA →Se esse estado afetivo estiver direcionado a um único objeto, que detém o foco da atenção, do interesse e do desejo do sujeito, trata-se da paixão – nesse caso, a capacidade de raciocínio lógico e de fazer julgamentos pode ser afetada, inclinada em favor do objeto apaixonante. PSICOMOTRICIDADE →Pode ser percebido um aumento da psicomotricidade – movimentos rápidos e rítmicos dos pés e das mãos, por exemplo. →Essa agitação motora pode indicar agressividade do paciente contra si (autoagressividade) ou contra outras pessoas (heteroagressividade). →Essa hiperatividade motora pode ser observada em condições de elevada excitação emocional ou confusão, como em episódios de mania, psicose, estados depressivos agitados ou ansiosos. →Em contrapartida, há casos em que será observada a diminuição da psicomotricidade – lentificação da marcha, acinesias, bradicinesias. VOLIÇÃO →Se caracteriza pela intenção de se realizar uma determinada ação. Para isso é necessário vontade, ou seja, um esforço dirigido para um objetivo ou intençãobaseada em motivação planejada cognitivamente. É necessário um interesse em direção a um determinado objeto ou ação que é experienciada como uma necessidade. →Alterações de volição são observadas quando a capacidade de fazer escolhas, expressar preferências ou experimentar prazer e liberdade ao fazer tais escolhas é afetada. SENTIMENTOS DESPERTADOS E IMPRESSÕES SUBJETIVAS →Observar e avaliar, no próprio profissional, os sentimentos despertados durante a entrevista: compaixão, tristeza, raiva, angústia, medo etc. CASO CLÍNICO →Você atende pela primeira vez um paciente em seu consultório, e ele diz que está deprimido. Quais são as alterações do exame psíquico de um paciente tipicamente deprimido? QUESTÕES 1. Psicopatologia é uma ciência que: a. Não tem nenhuma relevância na atualidade em virtude dos recentes avanços dos exames complementares diagnósticos. b. Estuda as experiências mentais e não se limita ao patológico. c. Não tem rigor científico. ANDRESSA MARQUES - MEDICINA d. É fácil de ser compreendida, visto a simplicidade do funcionamento mental. 2. A empatia: a. É constituída por uma experiência intencional na qual a nossa percepção do outro nos possibilita entender ou sentir a experiência pessoal desse outro. b. Não precisa ser trabalhada, visto que nascemos naturalmente com ela, e a terapia pessoal não ajuda no processo de autoconhecimento. c. Não é uma qualidade boa do médico, visto que ele deve se preocupar apenas com os sintomas do paciente. d. Por ser um tema muito subjetivo, não é possível de ser estudado. 3. A aparência do paciente: a. Não diz nada sobre sua situação psíquica. b. Não deve ser analisada, pois trata-se de uma situação preconceituosa por parte do psiquiatra. c. Pode revelar muitas informações antes mesmo de se ter conversado com o paciente. d. Só deve ser descrita se for observado algo que chame demais a atenção. 4. Estado de consciência: a. Pode ser observado a qualquer momento do exame psíquico, visto que sua alteração não modifica o restante do exame. b. Só pode ser analisado de uma única maneira, o que deve ser feito apenas por um anestesista. c. Se estiver comprometido, o psiquiatra deve analisar todo o restante em busca de um diagnóstico psiquiátrico. d. Vem logo após a aparência, visto que sua alteração leva a uma alteração global do exame psíquico, sendo difícil, então, qualquer diagnóstico psiquiátrico puro. 5. Assinale a alternativa correta: a. Os aspectos alopsíquicos referem-se a orientação quanto a situações e pessoas. b. É difícil saber se o paciente está ou não orientado dentro de um ambiente hospitalar. c. Se o paciente estiver desorientado espacialmente, fornece informações incorretas sobre onde está (bairro, cidade, hospital, sala de consultório ou enfermaria). d. É muito raro observar desorientação temporal em UTI. 6. Assinale a alternativa correta: a. Atenção é a capacidade do indivíduo de direcionar e manter o foco de sua consciência em determinado objetivo na presença de estímulos externos ou internos, filtrando, assim, as informações mais relevantes e organizando para si essas informações de modo eficiente. b. Só há uma maneira de observar a atenção do paciente. c. A memória do paciente só pode ser testada por meio do minimental. d. Se o paciente for desatento, trata-se, com certeza, de um quadro de etiologia orgânica. 7. Assinale a alternativa correta: a. As alterações formais do pensamento são raras em psiquiatria. Deve-se observar apenas o que o paciente diz para chegar ao diagnóstico. b. Alterações formais do pensamento, muitas vezes, dão as informações mais preciosas em relação ao exame psíquico do paciente. c. Nunca se deve duvidar do conteúdo do pensamento que o paciente está contando. d. O conteúdo do pensamento não é importante, visto que o diagnóstico é feito pela observação das alterações formais. 8. Sobre as alterações de sensopercepção: a. O paciente tem alucinações quando tem uma sensopercepção sentida como real. b. A ilusão sempre representa uma alteração preocupante sob o ponto de vista psicopatológico. c. Durante a alucinose, o paciente não tem crítica do que está acontecendo. d. Fenômenos sensoperceptivos somente estão alterados em estados psicóticos. 9. Assinale a alternativa correta: a. A realidade é algo concreto, em que não há nenhuma dúvida sobre o que ocorre enquanto vivida. b. Delírios são passíveis de convencimento, desde que se tenha boa argumentação. ANDRESSA MARQUES - MEDICINA c. Ideias que se apresentam como convicções inabaláveis, cuja certeza subjetiva é absoluta, impassíveis de modificação, são típicas de um delírio. d. Insight normalmente é ruim ao paciente, pois ele se percebe doente e não consegue se ajudar a tratar. 10. Assinale a alternativa correta: a. No humor hipotímico, percebe-se um estado de espírito cuja tonalidade é negativa, abatida e desanimada. Ocorrem ideias de desesperança, pensamentos pessimistas, catastróficos e de morte. b. A volição tende a estar preservada nas alterações de humor. c. Pacientes impulsivos tendem a deliberar muito bem sobre os seus atos. d. Aumentos de energia são somente observados em estado de mania. Gabarito: 1-b; 2-a; 3-c; 4-d; 5-c; 6-a; 7-b; 8-a; 9- c; 10-a . Referência Bibliográfica Clínica psiquiátrica: consulta rápida / Eduardo de Castro Humes ... [et al.]. ‐ 1. ed. ‐ Barueri [SP]: Manole, USP, 2019.
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