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Aula 6 - NORMAS DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO - AULA 6
Turma: 8º Período
Professor: Leonardo Zanelato
1. NORMAS DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO:
A norma de Direito Internacional Privado indica qual o preceito, nacional ou estrangeiro, aplicável à solução de um conflito de leis no espaço.
É, portanto, uma regra meramente indicativa, que apenas aponta qual preceito que deve incidir sobre um caso concreto, sem apresentar a conduta a ser seguida, a qual constará na norma indicada.
Tem-se então que a norma de DIPr não resolve a questão jurídica concreta, mas, tão somente indica qual a legislação deverá ser aplicada.
Sendo assim, não seria a norma de DIPr uma própria norma de direito, mas de sobredireito, também conhecida como norma “indireta” ou “indicativa”. Isso porque não é uma norma em si, mas uma norma que indica outra norma.
A norma a ser aplicada em uma relação privada com conexão internacional deve ser apontada pela lex fori (lei do foro: é aquela do país ou do lugar da jurisdição perante a qual se intenta ou deve ser intentada a ação judicial).
As normas de DIPr dividem-se em duas partes:
1. O objeto de conexão;
2. O elemento de conexão
O objeto de conexão descreve a matéria à qual se refere a norma. Exemplos: a personalidade, capacidade, direitos de família, direito das sucessões, etc.
O elemento de conexão é o critério que determina o direito nacional aplicável à matéria. Exemplos: o domicílio, a nacionalidade, a lex fori, a lei da situação da coisa e a autonomia da vontade das partes.
O DIPr inclui ainda norma de caráter conceitual ou qualificador, que informam como uma regra indicativa deve ser interpretada e aplicada ou que podem proibir sua execução, como os preceitos referentes à ordem pública.
E por fim o DIPr também abrange normas diretas, referentes à nacionalidade e à condição jurídica do estrangeiro, caso se entenda que esses temas se incluem no objeto da matéria.
2. OBJETOS DE CONEXÃO E ELEMENTOS DE CONEXÃO:
O objeto de conexão refere-se à matéria tratada pela norma, como o casamento, o domicílio, a capacidade civil, personalidade, etc.
Já o elemento de conexão é o fator que determina qual a norma nacional aplicável a conflito de lei no espaço que envolva um determinado objeto de conexão.
O elemento de conexão é que indica a lei a ser aplicada.
Exemplo:
O caput do art. 7º da LINDB, dispõe que “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
Aqui os objetos de conexão são “o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”, e o elemento de conexão é o “domicílio”.
Importante recordar que a lei do Estado é que define quais os elementos de conexão. 
	OBJETO DE CONEXÃO
	ELEMENTO DE CONEXÃO
	· Matéria ou instituto jurídico ao qual se refere a norma
· Exemplo: direitos de família, obrigações, etc.
	· Critério que determina o direito aplicável à matéria (ao objeto de conexão)
· Exemplos: domicílio, nacionalidade, territorialidade, etc.
TIPOS DE ELEMENTOS DE CONEXÃO
Veremos em seguida os principais elementos de conexão conhecidos e empregados na prática.
Estatuto pessoal: o domicílio
É o principal elemento de conexão adotado no Brasil. 
Por esse critério, também conhecido como lex domicilii, aplica-se aos conflitos de leis no espaço a norma do domicílio de uma das partes.
O emprego do domicílio como elemento de conexão requer a definição de seu conceito, o qual pode variar entre os Estados. A determinação da noção de domicílio normalmente consta de tratados ou da lex fori.
No Brasil, apenas a lei interna civil fixa o conceito de domicílio. 
Então a definição de domicílio da pessoa natural está no Código Civil de 2002 em seu art. 70, utilizando o critério da residência com ânimo definitivo:
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
À luz do DIPr a pessoa só pode ter um domicílio, ainda que a lei permita que a pessoa tenha mais de um.
	
A Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro, adota o domicílio como elemento de estraneidade capaz de dirimir os conflitos envolvendo as famílias internacionais (art. 7º).
O elemento domicílio passou a ser a regra adotada no Brasil, na busca pela norma aplicável para resolver uma controvérsia acerca do estatuto pessoal, que possui ressonância internacional, como por exemplo: no casamento internacional e na sucessão internacional. 
Como bem esclarece Edgar Carlos de Amorim, na transcrição abaixo.
O Brasil adota hoje o domicílio como elemento de conexão. Anteriormente seguia a nacionalidade. Entretanto, veio a Segunda Guerra Mundial e os países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão – Tinham muito dos seus súditos domiciliados no Brasil.
Vários navios brasileiros foram torpedeados em nossas costas e isto concorreu não só para que o Brasil declarasse guerra àquelas nações, como também para que os ânimos dos brasileiros se exaltassem a ponto de serem ocasionados vários distúrbios internos com quebra-quebras de estabelecimentos comerciais pertencentes a italianos, alemães e japoneses.
Em razão disso, se o Brasil tomasse como base o elemento de conexão nacionalidade, teria de aplicar aqui leis italianas, alemães e japonesas nas demandas em que pessoas dessas nacionalidades fossem envolvidas
Pois bem, o domicílio encontra-se consagrado como elemento de conexão na legislação brasileiro no caput do art. 7º, da LINDB:
A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
A capacidade para casar também é regida pelo domicílio, tendo em vista o art. 7º, §1º, da LINDB: “Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”
De acordo com o § 4º, do art. 7, da LINDB, o regime de bens do casamento, legal ou convencional, obedece à Lei do país em que os nubentes tiverem domicílio, assim como nos casos de invalidade do matrimônio, desde que, em ambas as hipóteses o domicílio dos cônjuges seja o mesmo.
Entretanto, tendo domicílios diversos, regerá o caso de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal (LICC, art. 7º, § 3º).
Em caso de sucessão por morte ou ausência, há de ser observado também o elemento domicílio do defunto ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens (art. 10 da LICC).
Aplica-se a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou que se destinarem a transporte para outros lugares (LINDB, art. 8º, §1º).
O penhor também é regulado pela lei do domicílio da pessoa em cuja posse esteja empenhada a coisa (art. 8º, §2º, da LINDB).
É competente a autoridade judiciária brasileira quando o réu for domiciliado no Brasil (art. 12).
E quando o domicílio for diverso, o Brasil adota a lei do primeiro domicílio conjugal para regular os casos de invalidade do matrimônio e o regime de bens do casamento.
Estatuto pessoal: a nacionalidade
Por esse elemento de conexão, também chamado lex patriae (Lei da Pátria; Lei Nacional), aplica-se aos conflitos de leis a norma do Estado do qual a pessoa é nacional.
Antigamente a nacionalidade foi o critério predominante no mundo e principal elemento de conexão adotado pelo Brasil. 
Atualmente ainda é relevante, mas perdeu importância na medida em que muitas pessoas passaram a possuir mais de uma nacionalidade, aumentando a possibilidade de conflitos.
A nacionalidade então não é mais o elemento de conexão do ordenamento brasileiro.
Existem dois critérios que auxiliam a determinar a aplicação da nacionalidade: 
a) jus sanguinis; e b) jus soli. 
O primeiro prega que a nacionalidade é determinada pelos laços de sangue, já o segundo estabelece que a nacionalidade é fixada pelo local do nascimento
Conforme leciona o professor Edgar Carlos de Amorim, no trecho de sua obra:
Os países da Europa, com o propósito de serem conservados os laços consanguíneos da nacionalidadecom base na raça, sempre adotaram o jus sanguinis como fator determinante de nacionalidade, com exceção apenas do período medieval, conforme dissemos.
Enquanto isso, os das américas, principalmente o Brasil, em razão do despovoamento, foram forçados a adotar o jus soli.
Não cabe ao DIPr disciplinar as formas de nacionalidade e nem as hipóteses de sua aquisição ou perda, cabendo tais pontos ao Direito Constitucional.
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro adota como critério de conexão predominante o domicílio para tratar do estatuto pessoal. 
Porém, ainda possui no art. 10, §1º, um resquício do elemento nacionalidade, aplicável de modo subsidiário, quando da sucessão de bens de estrangeiros localizados no Brasil, se a lei pessoal do falecido for mais favorável ao cônjuge e aos herdeiros brasileiros.
Também esse critério ainda pode ser aplicado, conforme art. 18 da LINDB:
Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.     
Bem como no art. 7º, § 2º, que permite que o casamento de estrangeiros possa ser celebrado perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.
Registre-se que esses dois preceitos acima consistem em exceção à regra de que a formalidades do casamento se regem pela norma do local da celebração do casamento.
Caso a pessoa seja apátrida ou refugiado no Brasil, aplica-se a lei de seu domicílio, ou, em sua falta, a de sua residência, conforme art. 12, § 1º, da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, e o art. 12, § 1º, da Convenção relativa ao Estatuto do Refugiados.
Lex Fori – Lei do Foro – Lei do Estado
Fora os critérios vinculados ao estatuto pessoal, o elemento de conexão mais comum é o da lex fori, pelo qual é aplicável a lei do lugar do foro, ou seja, a norma onde se desenvolve a relação jurídica.
A Lei do foro é aquela do país ou do lugar da jurisdição perante a qual se intenta ou deve ser intentada a ação judiciária.
A lex fori é a regra referente à própria aplicação do DIPr, cujas normas são exatamente aquelas em vigor na legislação interna.
Este critério também deve ser aplicado quando direito estrangeiro não puder ser aplicado ou não for verificável. Ex: infringir a CF ou não se obter conhecimento da Lei estrangeira.
Lex rei sitae – Territorialidade
É a lei de onde está situada a coisa. Por esse critério incide a norma do lugar onde está situada a coisa.
A territorialidade é um elemento que se relaciona com as coisas. 
Também chamada de elemento de conexão real, a territorialidade é aplicada diante de temas concernentes à propriedade, aos bens móveis e imóveis.
A maior proximidade deste elemento de conexão está com aquelas relacionadas a bens imóveis. Isso porque muitos institutos domésticos disciplinam a forma como serão tratadas as situações que envolvam imóveis em seus territórios. 
No Brasil, é a territorialidade o elemento de conexão historicamente mais aplicado. Até mais que a nacionalidade. Um retrato disso é a LINDB; que do art. 7º ao 12, estabelece regras que tomam por referência parâmetros territoriais para a definição da competência.
 
Importa ressaltar que, quando a norma estabelece o critério territorial, isso abarca todos os lugares em que o estado competente exerce a sua soberania. Vejamos o exemplo apresentado por Valerio Mazzuoli:
Quando a LINDB diz no art. 7º, § 1º, que “realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”, não pode haver dúvida de que “no Brasil” significa mais que o território (geográfico) brasileiro, conotando também todos os lugares em que a República Federativa do Brasil exerce a sua soberania, a exemplo das embaixadas e consulados brasileiros, bem assim dos nossos navios e aeronaves militares.
O exemplo acima elucida bem a amplitude elemento de conexão territorialidade nas relações de direito internacional privado e remete à importância do território, que é elemento indispensável à existência do próprio Estado.
Vemos ainda que a territorialidade tem por objeto o regime dos bens e é, portanto, o parâmetro aplicável aos bens imóveis e aos bens móveis de situação permanente.
Assim, os conflitos de lei relativos aos direitos reais regem-se pelo princípio da territorialidade.
O art. 8º da LINDB menciona esse elemento da seguinte forma:
Art. 8o.  Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
Por fim, só a autoridade judiciária brasileira é competente para conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil, conforme art. 12, § 1°:
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.   
Lex loci delicti comissi 
Por esse elemento de conexão é aplicável a norma do lugar onde o ato ilícito foi cometido.
É o critério que se refere “às obrigações extracontratuais que induzem à responsabilidade civil pela prática de atos ilícitos”.
Secretaria Judiciária - Seju
6ª Turma Cível - TJDF
10ª AUDIÊNCIA DE PUBLICAÇÃO DE ACÓRDÃOS
Apelação
Número Processo 2013 07 1 009284-2 APC - 0009008-57.2013.8.07.0007
Acórdão 1001794
Relator Des. CARLOS RODRIGUES
Apelante: LOJAS RIPLEY
Advogado (s) MARCOS JOAQUIM GONCALVES ALVES (DF020389), MARICI GIANNICO (DF030983), FABIO TEIXEIRA OZI (SP172594)
Apelado (s): ERASMO DA SILVA NUNES E OUTROS
Advogado MARLUCIA FERNANDES DA SILVA (DF029882)
Origem 4ª VARA CÍVEL DE TAGUATINGA - 20130710092842 - Procedimento Comum, 2015.07.1.030105-4
Ementa
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUTORES RESIDENTES NO BRASIL. RÉ EMPRESA SEDIADA NO CHILE. AUSÊNCIA DE JURISDIÇÃO BRASILEIRA PARA O CASO CONCRETO. RESPONSABILIDADE CIVIL A SER APURADA NO CHILE. CRITÉRIO DA LEX LOCI DELICTI. ART. 12 DA LINDB. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CASO CONCRETO. ART. 168 DO CÓDIGO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO (CÓDIGO DE BUSTAMANTE, DECRETO N. 18.871/1929). ART. 9º DA LINDB. NÃO APLICABILIDADE DO CDC. REVOGAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA AOS AUTORES. NÃO DEMONSTRAÇÃO DA MISERABILIDADE ECONÔMICA. 
1. A despeito de a sentença ter sido proferida sob a égide do CPC/15, a demanda foi ajuizada na vigência do CPC/73. O que implica no reconhecimento da Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, ou seja, devem ser respeitados e observados todos os atos processuais já praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência do código revogado. 
2. Ajuízam os autores pedido de compensação por danos morais contra loja estabelecida em Santiago, no Chile, em razão de acidente ocorrido no interior da loja em que estilhaços de vidro lesionaram dois autores (pai e filho). Alcance internacional da autoridade judiciária brasileira: Insere-se no âmbito da “competência” (jurisdição) internacional da autoridade judiciária brasileira as situações dispostas nos arts. 88 a 90 do CPC/73. 
O art. 12 da LINDB prevê a competência da autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. Nesse sentido, compreende-se por meio dos dispositivos legais tanto do CPC/73 como da LINDB que o ordenamento jurídico pátrio adotou o critério da determinação direta da jurisdição, pelo qual a extensão da jurisdição de um Estado está prevista taxativamente, excluindo, por conseguinte, todas as demais. 
3. A defesa da taxatividade do delineamento da jurisdição brasileira foi analisada pelo STJ no RO 64/ SP em que é possível estender a jurisdição cível sob os seguintes parâmetros: 
i) existência de interesse da autoridade judiciária brasileira no julgamento da causa (princípio do interesse); 
ii) possibilidade de execução da respectiva sentença (princípioda efetividade); 
iii) anuência das partes envolvidas em submeter o litígio à jurisdição nacional (princípio da submissão). 
Contudo, o caso dos autos não se enquadra em nenhuma das hipóteses acima delineadas, razão pela qual não é possível flexibilizar a regra processual dos artigos 88 a 90 do CPC/73 e art. 12 da LINDB, o que impõe a competência da justiça chilena para processar e julgar a lide. 
4. A controvérsia deve ser dirimida à luz da legislação chilena, por expressa disposição dos artigos 167 e 168 do Código de Bustamante. O art. 167 prevê que as obrigações originadas de delitos ou faltas, se sujeitam ao mesmo direito que o delito ou a falta de que procedem. 
No artigo 168 segue o critério da lex loci delicti, prescrevendo que a lei aplicável será a do Estado onde se produziu o fato causador do dano. 
No mesmo sentido, o art. 9º da LINDB traz a previsão de que para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. O dispositivo legal em tela trata da norma que indica a lei a ser aplicada, pelo Juiz, para qualificar e reger as obrigações (contratuais e extracontratuais) firmadas entre presentes, qual seja, a lei do local em que se constituírem. 
5. A controvérsia apresentada, diversamente do que entendeu o magistrado sentenciante, não pode ser analisada sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor, por não existir entre as partes relação de consumo, subsumindo a questão à relação civil obrigacional de natureza extracontratual. O que, inclusive, inviabiliza o ajuizamento da demanda sob a égide do novo Código de Processo Civil, o qual confere à autoridade judiciária brasileira em concorrência com a autoridade judiciária estrangeira processar e julgar as demandas decorrentes da relação de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil (art. 22, II). 
6. A declaração de hipossuficiência deve ser acompanhada de elementos que comprovem a ausência de recursos financeiros dos autores para o pagamento das custas processuais, sem prejuízo próprio e dos familiares. 
7. Compulsando os autos, constata-se que o padrão de vida dos autores é superior à média das famílias brasileiras, pois possuem poupança no valor de R$ 10.000,00, os três filhos estudam em escola particular, com anuidade acima de sete mil reais, viajam no período de férias para o exterior e são proprietários de imóveis que alugam, o que demonstra a capacidade financeira para arcar com as despesas processuais. 
8. Apelação conhecida e provida. Reconhecimento da ausência jurisdição da autoridade brasileira para processar e julgar a demanda. Extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, III do novo CPC. Revogação dos benefícios da justiça gratuita concedida aos autores. Inversão do ônus da sucumbência.
Decisão CONHECIDO. PROVIDO. UNÂNIME.
Lex loci executionis/lex loci solucionis
Por esse elemento de conexão, aplica-se a norma do local de execução de um contrato ou de uma obrigação.
Exemplo:
No Brasil, prevalecia a orientação do Tribunal Superior do Trabalho, por meio de sua súmula 207, que consagrava o chamado princípio "lex loci execucionis", segundo o qual a lei que rege um contrato de trabalho é aquela do local da prestação de serviços e não do local de contratação. 
Esse dispositivo estabelecia que "a relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação".
No entanto, o TST cancelou a Súmula 207. Com o cancelamento da súmula, tende a tomar mais força o princípio de que um trabalhador que tenha sido contratado no Brasil para prestar serviços no exterior terá seu contrato de trabalho regido não pelo local de destino, mas pela própria lei brasileira.
Trata-se de alteração importante em um cenário de crescente internacionalização do mercado de trabalho brasileiro, pois agora o direito aplicável será sempre o brasileiro, em especial a CLT, independentemente do local da prestação de serviços, que predominava anteriormente. 
Essa mudança reduz o grau de incerteza jurisdicional e diminui a burocracia associada à prestação de serviços no exterior, pois não há mais necessidade de conhecer em profundidade o direito trabalhista estrangeiro, ainda que algum grau de conhecimento sempre seja necessário quando se tratar de transferência de empregados para o exterior.
ELEMENTOS DE CONEXÃO:
Autonomia da vontade – lex voluntatis
A autonomia da vontade refere-se à possibilidade de que as próprias partes escolham o Direito nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional.
Então as partes podem, por sua própria vontade, determinar que um ordenamento jurídico estrangeiro se aplique em sua relação, derrogando inclusive normas dos Estado onde se encontram.
A autonomia da vontade é um elemento antigo, empregado desde o século XVI.
Na atualidade, é utilizado de maneira cada vez mais frequente nos contratos internacionais, porque permite que as partes escolham a lei e o foro, nacional ou estrangeiro, que for mais conveniente para seus negócios.
Porém, nada assegura que as partes, ao escolherem o direito nacional aplicável a sua relação, não causarão prejuízos a si mesmos ou à ordem jurídica em geral.
Exemplo típico é o caso de contratos com cláusulas de eleição de foro desfavorável a um dos contratantes.
Por tal razão a autonomia da vontade é limitada ordem jurídica estatal e pode, inclusive, não ser admitida pela lex fori ou pelos tratados.
Desse modo, as partes somente podem escolher o direito aplicável a uma relação jurídica se o Estado permitir dentro das condições que o respectivo ordenamento estabelecer.
O emprego da autonomia da vontade é permitido principalmente nos contratos e, em alguns países, nas sucessões e no que se refere ao regime de bens.
Raramente é admitida no Direito de Família e das Coisas e no tocante aos direitos da pessoa.
A escolha do Direito normalmente é feita quando da celebração do contrato, embora alguns países admitam que essa indicação se processe posteriormente ou seja alterada.
A escolha poderá ser expressa ou tácita, o que, neste último caso, deve resultar claramente das circunstâncias da relação jurídica.
No Brasil, a autonomia da vontade das partes ainda não é expressamente reconhecida em lei como elemento de conexão juridicamente válido. 
Com efeito, a regra geral para as obrigações é a do artigo 9º, caput, da LINDB, que determina que 
“Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”.
Na prática, entretanto, a autonomia aparece em contratos internacionais que contam com a participação de empresas brasileiras. Além, disso, a própria Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem), admite que as partes têm a opção de escolher livremente as normas aplicáveis ao processo arbitral, determinando que
“Poderão as partes escolher, livremente, a regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.”
Cabe ressaltar que um limite claro à autonomia da vontade no Brasil consiste na proibição da aplicação de um Direito estrangeiro que viole a ordem pública ou os compromissos internacionais do país.
Por fim, a própria jurisprudência pátria já parece reconhecer a autonomia da vontade, embora limitando-a diante da ordem pública. 
Exemplo disso é o julgado do STJ que destacou que “A eleição de foro estrangeiro é válida, exceto quando a lide envolver interesses públicos” (STJ – Resp 242383/SP).
INSTITUTOS BÁSICOS DE DIPr
Sabemos que a regra geral do DIPr é a de que o juiz deverá aplicar a norma indicada pela lex fori.
Ainda assim, a complexidade da matéria requer o exame de outros institutos, que podem determinar a forma pela qual uma norma indicativa ou indireta incidirá ou não sobre um caso concreto de conflito de leis no espaço.
QUALIFICAÇÃO
Conhecida como “qualificação prévia”, por ser uma ação anterior à escolha da norma aplicável.
Não é, portanto, uma operação voltada ao exame de fatos, mas de questões jurídicas, que é necessária em vista da diversidadede tratamento das matérias de Direito nos diferentes Estado, marcada pela variação de conceitos entre os ordenamentos ou por institutos desconhecidos em certos países.
A qualificação requer, então, a conceituação e a classificação de um instituto jurídico.
Uma vez realizada, o juiz examinará a instituição qualificada à luz dos respectivos elementos de conexão para, enfim, determinar a norma nacional aplicável a um caso concreto de conflito de leis no espaço.
O Brasil adota, predominantemente a teoria das qualificações pela lex fori, optando porém pela lex causae nas hipóteses dos artigos 8 e 9 da LINDB, que determinam, respectivamente, que
“Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.”
E que
“Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.”
ORDEM PÚBLICA
Refere-se aos aspectos fundamentais de um ordenamento jurídico e da própria estrutura do Estado e da sociedade.
Neste sentido, abrange também as noções de soberania nacional e de bons costumes.
A incompatibilidade da norma estrangeira aplicável a um conflito de leis no espaço com a ordem pública impede sua incidência.
REENVIO
Ocorre quando o DIPr de um Estado remete às normas jurídicas de outro Estado, e as regras de DIPr deste indicam que uma situação deve ser regulada ou pelas normas de um terceiro Estado ou pelo próprio ordenamento do primeiro Estado.
Segundo Osíris Rocha, o reenvio seria o ato pelo qual “o juiz nacional ou volta ao seu Direito ou vai a um terceiro Direito, acompanhando a indicação feita pelo DIPr da jurisdição cuja legislação consultara de acordo com a norma de DIPr de seu país”.
O reenvio também é conhecido como retorno, remissão, devolução.
O Brasil não permite o reenvio, nos termos do artigo 16 da LINDB, que determina que
“Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”.
Entretanto, há ainda quem entenda que é possível o reenvio na hipótese do artigo 10, § 1º, da LINDB, quando diz que 
A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.   
DIREITO ADQUIRIDO
É aquele ao qual a pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a sua aquisição e que, uma vez obtido, não pode ser retirado.
O direito adquirido sob a égide de um ordenamento jurídico estatal acompanha a pessoa em outro Estado e é neste reconhecido, sem o que restaria desrespeitada a própria soberania do ente estatal onde o indivíduo obteve esse direito.
Ademais, a vida na sociedade internacional tornar-se-ia mais burocrática se fossem exigidos aos indivíduos procedimentos de novo reconhecimento de direitos que já possuem, para que pudessem se deslocar a outros países.
Porém, o direito adquirido não será acolhido se ofender a ordem pública, obedecendo, portanto, à regra geral de que o Direito estrangeiro não pode ser aplicado no território de outro ente estatal quando não estiver em consonância com os valores essenciais de sua ordem jurídica.
Exemplos típicos de direitos adquiridos que não poderiam ser reconhecidos no Brasil por ferirem a ordem pública seriam aqueles relacionados a um casamento poligâmico, que não existe no ordenamento brasileiro.
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