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Por que a anemia falciforme é mais comum em populações africanas? A distribuição populacional da anemia falciforme e especialmente a sua maior prevalência em indivíduos negros não tem nada a ver com raça, mas sim com geografia. Para melhor entendimento, deve-se fazer uma relação entre a anemia falciforme e a malária. Em 1954, o médico inglês Anthony C. Allison publicou resultados de sua pesquisa sobre malária e anemia falciforme em Uganda. Ele observou que, em crianças pequenas com malária, as densidades do parasita Plasmodium falciparum no sangue eram quatro vezes menores em heterozigotos AS do que em homozigotos normais AA. Ele calculou que as crianças AS tenham uma chance 76% maior de sobreviver ao primeiro ataque de malária do que crianças AA. Mais tarde a hipótese da malária foi sacramentada pela óbvia correspondência geográfica entre a prevalência da malária causada pelo Plasmodium falciparum e a frequência do gene falciforme na África. O gene da anemia falciforme não é visto nas populações de regiões geográficas da África nas quais a malária não é endêmica. Estudos de marcadores genéticos que flanqueiam o gene da beta-globina mostraram que, na verdade, aconteceram várias mutações independentes que se estabeleceram em populações expostas à malária falciparum. Quatro das mutações ocorreram na África e receberam os nomes das respectivas regiões geográficas em que se fixaram: tipo Senegal, tipo Camarões, tipo Benin e tipo República Centro-africana. Deve ficar bem claro, então, que a anemia falciforme não é uma “doença de negros” nem uma “doença africana”, mas sim uma doença eminentemente geográfica, produto de uma estratégia evolucionária humana para lidar com a malária causada pelo Plasmodium falciparum, pois a anemia falciforme é caracterizada pelas hemácias em forma de foice (células que o protozoário causador da malária, invade). Portanto, com hemácias menores e mais delgadas, seria mais difícil a implantação do parasita. REFERÊNCIAS Revista Ciência hoje; Anemia Falciforme: uma doença geográfica. 2008 NAOUM, Paulo C. Interferentes eritrocitários e ambientais na anemia falciforme. Revista Brasileira de hematologia e hemoterapia, p. 5-22, 2000.
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