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Anemia Falciforme

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POR QUE A ANEMIA FALCIFORME É MAIS COMUM EM POPULAÇÕES AFRICANAS?
A anemia falciforme, também conhecida como drepanocitose, é uma doença de origem genética, descrita pela primeira vez em 1910 por Herrick. É uma doença hereditária devida a uma deformação dos glóbulos vermelhos, que tomam uma forma de crescendo ou foice com picões. Isto ocorre sempre que os glóbulos vermelhos têm falta de oxigénio, porque a sua hemoglobina (Hb) é anormal. A patologia é de origem genética, e se o pai ou mãe possuírem traços falciformes, o filho pode herdar a doença. Possui predominância em áreas subtropicais ou tropicais dentro do cinturão da malária.
Cientistas acreditam que a doença falciforme teve origem na África e chegou ao continente americano em função do tráfico de pessoas negras escravizadas, durante o período colonial, havendo uma mutação genética em pessoas de uma população africana que morava numa região afetada pela malária. Foi nesse momento que os genes foram alterados e passaram a causar a anemia falciforme. Anualmente, sobretudo no Continente Africano, cerca de 500 mil a 300 milhões da população são infectados e, destes, cerca de um milhão morre em consequência da doença. Em Angola, a anemia falciforme é um problema de saúde pública, na medida em que 99% da população é de raça negra, e essa doença é predominante em indivíduos de raça negra. No campo da saúde pública, a ênfase na anemia falciforme como doença étnico-racial apoia-se em três aspectos relacionados a essa patologia que caracterizariam uma maior suscetibilidade da população negra e parda: origem geográfica, etiologia genética e as estatísticas de prevalência.
A relação entre as hemoglobinopatias e a malária, principalmente a falciforme, sempre foi alvo de especulações. Vários estudos correlacionam a alta incidência das alterações hemoglobínicas em determinadas áreas do mundo, como na África, com os locais endêmicos de malária, resultando num modelo evolutivo que indica a manutenção desses polimorfismos nas populações humanas. A malária pode ser o agente seletivo responsável que balanceia a perda dos genes para a talassemia e a anemia falciforme, por morte prematura dos homozigotos a partir do aumento do valor adaptativo de heterozigotos no ambiente com malária. A hipótese mais comum entre os geneticistas para o desenvolvimento do traço da anemia falciforme seria a de que se trata de um evento de seleção natural em seres humanos cuja forma heterozigótica oferece proteção parcial à malária. Disso decorre que a anemia falciforme pode ser encontrada primariamente naquelas populações cujos ancestrais são provenientes de regiões onde a malária apresenta ou apresentou um padrão endêmico, tais como a África Central e Ocidental.
 
REFERÊNCIAS:
Torres, Felipe R. e Bonini-Domingos, Claudia R. Hemoglobinas humanas: hipótese malária ou efeito materno?. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia [online]. 2005, v. 27, n. 1 [Acessado 22 Setembro 2021], pp. 53-60. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000100013>. Epub 12 Set 2005. ISSN 1806-0870.

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