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Metodologias para Aprendizagem Ativa

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METODOLOGIAS PARA 
APRENDIZAGEM ATIVA
Ingrid Gayer Pessi
Aprendizagem baseada em 
projetos e em problemas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir as metodologias pautadas em resolução de problemas e sua 
relevância para o contexto social vigente.
 � Identificar os diferentes modos de se elaborar a questão norteadora.
 � Descrever os modos de aplicação das estratégias pedagógicas basea- 
das em problemas, projetos e o aprendizado em times, bem como 
possibilidades de avaliação.
Introdução
A aprendizagem baseada em projetos e em problemas é uma metodo-
logia que coloca os alunos na posição de investigadores, separando-os 
em pequenos grupos, tendo o professor como orientador. Essa moda-
lidade de aprendizagem permite a construção coletiva e colaborativa 
do conhecimento. 
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos e as características prin-
cipais da aprendizagem baseada em projetos e em problemas (ABP), en-
tendendo como o professor pode transformar suas aulas em momentos 
de reflexão e de interação, a partir da construção de bons problemas. 
Você também conhecerá as estratégias que podem ser utilizadas no 
desenvolvimento dessa metodologia e como construir uma avaliação 
significativa. Por fim, você aprenderá aspectos importantes do planeja-
mento de projetos e a refletir sobre o uso da ABP na prática educativa.
Metodologias pautadas em resolução de 
problemas
No final da década de 1960, professores da faculdade de Medicina da Uni-
versidade MacMaster, no Canadá, introduziram uma abordagem específica 
educacional, com o objetivo de mudar a forma de ensino da medicina, de-
nominada aprendizagem baseada em problemas (ABP). O intuito da equipe 
de professores era formar médicos que soubessem aplicar, na prática, todo o 
conhecimento obtido de forma teórica. Para tanto, essa proposta era introdu-
zida nos últimos anos do curso, em que os alunos já possuíam conhecimento 
teórico suficiente para resolver determinados problemas. 
Conhecida como aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem ba-
seada em problemas ou aprendizagem por descoberta, a abordagem é sem-
pre a mesma: colocar o aluno em contato com problemas ou situações que 
se aproximem de sua realidade, para que possa resolvê-los utilizando seus 
conhecimentos. 
A maior diferença entre a aprendizagem baseada em projetos e a aprendi-
zagem baseada em problemas está na necessidade de integração das diferentes 
áreas do conhecimento, na capacidade de solução da questão em forma de um 
produto e na cooperação para resolução da proposta de trabalho.
Na aprendizagem baseada em projetos, o resultado está no produto ou no artefato, 
e ela exige maior participação dos alunos, envolvendo-os ao longo de todo o processo 
de construção do conhecimento. Já na aprendizagem baseada em problemas, o 
foco está na busca pela solução do problema.
A ABP, originalmente denominada project based learning (PBL), representa 
uma estratégia de ensino ativa e inovadora, em que o aluno irá construir o 
conhecimento de forma coletiva e interdisciplinar, por meio de atividades de 
Aprendizagem baseada em projetos e em problemas2
projeto. Em linhas gerais, a ABP é a solução de um ou mais problemas que 
podem se desenvolver durante o ensino de projeto.
Trata-se de uma abordagem pedagógica na qual os estudantes iniciam 
sua atividade partindo de um problema que pode ser real ou uma situação 
simulada de qualquer área do conhecimento, desde que atenda aos objetivos 
de aprendizagem de um curso ou disciplina. É importante considerar que os 
problemas são situações contextualizadas e apresentadas pelo professor em 
forma de questões, casos e cenários que necessitam de uma solução/resposta 
por meio de um processo investigativo realizado pelos discentes.
Apesar de ter sua origem na década de 1960, foi a partir de 1990 que a 
ABP passou a ser aplicada nos Estados Unidos. É uma metodologia que tem 
ganhado cada vez mais espaço, por ser “[…] um formato de ensino empolgante 
e inovador, no qual os alunos selecionam muitos aspectos de sua tarefa e são 
motivados por problemas do mundo real que podem, e em muitos casos, irão 
contribuir para a sua comunidade” (BENDER, 2014, p. 15).
Diferentes universidades passaram a introduzir a metodologia em seus 
cursos de Medicina, inclusive o Brasil, que em 1993, implantou a ABP pela 
primeira vez na Escola de Saúde Pública do Ceará. Em seguida, a prática 
começou a ser empregada em diferentes universidades e áreas que não fossem 
somente da saúde, como administração, pedagogia, engenharias, entre outras.
Analisando o modelo educacional tradicional, baseado demasiadamente 
em aulas expositivas e na memorização de conteúdos, entendemos a impor-
tância de repensarmos sobre metodologias inovadoras, que possibilitem maior 
participação do aluno em seu processo de aprendizagem.
A ABP entende que o problema é apresentado para ajudar os alunos a 
identificarem suas próprias necessidades de aprendizagem, à medida que 
tentam entendê-lo, reunir, sintetizar e aplicar informações sobre o problema 
e começar a trabalhar efetivamente para aprender com os membros do grupo 
e com o tutor (professor). Os fundamentos da aprendizagem baseada em 
problemas estão descritos a seguir.
 � Aprendizagem em grupos pequenos: a aprendizagem baseada em 
projetos e em problemas ocorre em uma configuração de tutoria, em 
grupos de sete a oito alunos. Um aluno é designado para um grupo 
tutorial e há um facilitador diferente em cada uma das cinco áreas de 
fundamentação. Os tutoriais ocorrem duas vezes por semana.
 � Facilitação por parte dos professores: o tutor procura estabelecer um 
equilíbrio entre guiar a conversa do tutorial e solicitar ativamente o 
3Aprendizagem baseada em projetos e em problemas
feedback dos alunos, para garantir que suas lacunas de conhecimento 
sejam abordadas e resolvidas.
 � Uso de casos reais: os alunos são apresentados a casos reais durante o 
primeiro tutorial da semana. Espera-se que os alunos estudem, inves-
tiguem o caso e apresentem seus resultados durante o segundo tutorial 
dessa semana.
 � Objetivos de aprendizagem: simplesmente propor aos alunos um caso 
não garante que eles entenderão os conceitos apropriados. Cada caso/
tutorial é fundamentado em um conjunto de objetivos de aprendizagem 
definidos, essenciais para garantir que os alunos abordem o conteúdo 
correto e identifiquem seus pontos fortes e fracos naquela área em 
particular.
Para Bruner (1976), o processo de aprendizagem ocorre a partir da aquisição 
e da transformação de uma nova informação, adaptando novas ideias e ava-
liando a aquisição dessa informação. Entendendo o processo de aprendizagem 
e considerando os fundamentos da ABP, é importante destacar que, para o 
sucesso desse processo e para que o aprendizado realmente aconteça, é neces-
sário o envolvimento do aluno, seu interesse e sua curiosidade em aprender. 
Para que esse interesse desperte no aluno, os problemas trazidos para 
sala de aula não podem ser rotineiros: devem ser construídos, privilegiando 
problemas reais, que desenvolvam as habilidades dos alunos, instiguem a 
busca criativa de soluções e o pensamento crítico. 
O papel do professor é fundamental, uma vez que ele é o mediador entre o 
aluno e o conteúdo a ser estudado (Figura 1), estimulando-o em suas descober-
tas. É ele quem cria as situações de aprendizagem e seu papel na construção 
dos problemas é fundamental, uma vez que ao formulá-los, ele precisa fazer 
conexões entre a teoria e a prática, buscando as relações entre o que ensina e 
as habilidades necessárias aos futuros profissionais, de forma que estimule 
os alunos a tomarem suas próprias decisões. 
Quando bem aplicada, a ABP pode produzir efeitos positivos na prática 
educativa, levando os alunos a interagir com a realidade e a desenvolverem o 
senso crítico. Ao analisar as constantes mudanças sociais, é de suma impor-
tância repensar os métodos adotados pelo professor em sala deaula, para que 
estes também atendam às necessidades da sociedade.
Aprendizagem baseada em projetos e em problemas4
Figura 1. Na ABP, o professor é o mediador entre o aluno e 
o conteúdo.
Professor
Aluno Conteúdo
Entendendo que a aprendizagem não é um processo passivo, em que um 
obrigatoriamente ensina e outro aprende, a ABP coloca professor e aluno como 
parceiros na construção do conhecimento. Para Mamede e Penaforte (2001), 
a ABP possibilita que o aluno, autodirigindo sua aprendizagem, construa o 
conhecimento de forma ativa e colaborativa, aprendendo de forma contextu-
alizada e dando um significado pessoal ao saber.
Nesse sentido, para construir um bom problema, o professor deve pensar 
em atrair a atenção e o interesse de seus alunos, a fim de motivá-los a bus-
carem respostas para a questão, não esquecendo que este (o problema) venha 
ao encontro dos objetivos da disciplina para que os educandos percebam a 
correspondência entre o conteúdo e a proposta apresentada. Outro aspecto 
importante é propor um problema desafiante, porém não muito extenso, que 
contenha informações claras e contemple os conhecimentos prévios dos alunos 
para que tenham interesse em pesquisar e descobrir mais. 
5Aprendizagem baseada em projetos e em problemas
A aprendizagem baseada em projetos e em problemas se diferencia em muitos as-
pectos da problematização. Primeiramente, por quem a executa: enquanto a ABP 
envolve todos na gestão educacional, fazendo necessária a preparação do ambiente 
educacional, a problematização é uma decisão do professor que não requer grandes 
mudanças na estrutura e nos materiais. Trata-se de uma mudança comportamental 
do professor e dos estudantes. Na problematização, o indicado é que os estudantes 
possam identificar os problemas a partir da primeira fase da metodologia, que é a 
observação da realidade, enquanto na ABP usualmente quem introduz o problema 
é o professor e os estudantes devem resolvê-lo, pois este problema é elaborado de 
acordo com o objetivo da aula/conteúdo ou da disciplina na qual será desenvolvida a 
ABP. Em comum, ambas as metodologias oferecem a possibilidade de os estudantes 
formularem hipóteses, incluem trabalho em grupo e partem de uma pergunta focal 
como padrão para gerar novas informações, mediante processos de análise e de síntese.
Estratégias para o desenvolvimento e 
para a avaliação das atividades
A aplicação da ABP em sala de aula requer profunda reflexão sobre o(s) 
objetivo(s) que se pretende atingir, para que a partir disso seja elaborada a 
questão que norteará a aprendizagem. No desenvolvimento da atividade, o 
professor deve estar ciente de que não se trata de mera obtenção de conceitos 
por parte dos alunos, mas do desenvolvimento de habilidades cognitivas como 
compreensão, raciocínio e estratégia.
Para a aplicação da ABP, Souza e Dourado (2015) apresentam uma estrutura 
básica de passos que podem ser adaptados e aplicados em diferentes níveis 
de ensino.
 � Elaboração do cenário ou contexto problemático: deve ser de acordo 
com o objetivo que se pretende atingir e chamar a atenção do aluno 
para que este identifique o tema do objeto de estudo. Além disso, deve 
haver relação com o conteúdo, ser funcional e de um tamanho ideal.
Aprendizagem baseada em projetos e em problemas6
 � Questões-problema: ao receber as questões-problema, os grupos devem 
organizar as informações, dividir as tarefas, esclarecer as dúvidas com 
o professor/tutor para então decidirem como vão aprofundá-las.
 � Resolução dos problemas: é a fase em que os alunos colocam em 
prática todas as ações planejadas anteriormente.
 � Apresentação do resultado e autoavaliação: o grupo deve elaborar 
uma síntese com as reflexões e os debates realizados. Todos deverão 
apresentar a solução encontrada para o grupo. No final, é importante 
que o grupo e que cada aluno realizem uma autoavaliação junto ao 
professor, que irá verificar se o objetivo foi ou não atingido, realizando, 
assim, a avaliação da aprendizagem.
A construção de conhecimentos por meio da ABP se caracteriza não só 
por ser uma oportunidade rica e significativa para que o aluno confronte suas 
ideias com as de outros colegas, mas também propicia uma visão concreta e 
prática do aprendizado. 
Ao trabalhar em grupo, os alunos percebem a importância da troca de 
saberes e da colaboração, apoiam-se mutuamente, significando a importância 
de atingirem os objetivos que lhes são comuns, acordados pelo coletivo, o que, 
por sua vez, exige o estabelecimento de relações que prezem pela liderança 
compartilhada, pela confiança mútua e a corresponsabilidade para a condução 
das tarefas.
A aprendizagem em grupo na ABP se configura como uma estratégia de 
ensino na qual os sujeitos, de diferentes níveis de desempenho, trabalham 
juntos e em pequenos grupos a fim de atingir uma meta — a partir da qual 
entram em expressiva e significativa interatividade.
Uma das mais importantes mudanças que acontecem na prática docente 
da ABP começa pela concepção que se tem de avaliação, uma vez que esta 
deve vir carregada de significados e não ser apenas uma forma de mensurar 
quantitativamente o quanto o aluno sabe ou não. 
A ABP permite o feedback imediato para que o professor avalie o progresso 
da aprendizagem dos alunos, obtendo pistas da assimilação do conteúdo e 
das possíveis dificuldades encontradas. Já para o aluno, é a oportunidade de 
refletir, em tempo real, sobre as estratégias utilizadas e avaliar o caminho 
que percorreu.
Ao receber o feedback imediato, o aluno desmistifica a ideia negativa que 
se tem do erro na aprendizagem, uma vez que o percebe como parte natural 
do processo e isso o leva a experimentar diferentes formas de pensar.
7Aprendizagem baseada em projetos e em problemas
Como elaborar questões norteadoras
Ao planejar a questão norteadora, o professor deve privilegiar para que a 
avaliação ocorra durante todo o processo e na sua aplicação, estando atento 
às impressões dos alunos. 
Na elaboração de uma questão norteadora, deve-se considerar que:
 � as questões devem ser provocativas, ir além de superficialidades, ins-
tigando e despertando o interesse dos alunos;
 � devem ir além da obtenção por respostas fáceis, levando os alunos a um 
pensamento superior, exigindo que eles integrem, sintetizem e avaliem 
criticamente as informações;
 � não podem privilegiar apenas uma disciplina ou tópico; é importante 
que promovam conexões e quando possível, a interdisciplinaridade;
 � podem surgir a partir de dilemas da vida real dos alunos e responder 
às suas dúvidas ou curiosidades;
 � não se detenham a responder “o que é isso?” ou “quais são?”, mas sim, 
“por que isso acontece?” ou “como isso acontece?”.
Além dessas dicas, é importante que o professor tenha claro seu objetivo 
e evite “armadilhas”, pois a questão norteadora deve promover a reflexão por 
parte dos alunos.
Isso o possibilitará a melhora de possíveis futuros aspectos que acabaram não 
funcionando em determinada atividade. A avaliação contínua permite uma me-
lhor reflexão sobre as relações entre professor e aluno, professor e conhecimento, 
estudante e estudante, estudante e conhecimento (SOUZA; DOURADO, 2015).
A avaliação se caracteriza como um dos maiores desafios da ABP, uma 
vez que as instituições escolares ainda privilegiam avaliações formais. Nesta 
metodologia, a avaliação acontece de forma contínua e exige cuidados por parte 
do professor, uma vez que é baseada na observação direta, nos argumentos e 
nos registros realizados pelos alunos. 
O professor deve pensar em uma forma de avaliar por meio da APB, so-
licitando um produto final da solução encontrada pelo grupo, podendo ser: 
 � uma apresentação de slides;
 � a produção de um artigo científico;
 � um relatório escrito;
 � qualquer outra produção que evidencie a construção significativa do 
conhecimento.
Aprendizagem baseada em projetos e em problemas8
É preciso ter em mente que a ABP possibilita a integração de conhecimentos, 
uma vez que considerao conhecimento prévio do aluno para a construção 
de novos conhecimentos. Nesse sentido, é importante valorizar aquilo que 
o aluno já sabe, planejando questões que instiguem sua curiosidade e seu 
pensamento crítico.
A ABP pode ser implementada em um ambiente on-line, sem alterar sua filosofia 
fundamental. A riqueza de mídias que podem ser utilizadas no ambiente on-line 
acaba fundamentando a experiência. Apesar da curva de aprendizado ser íngreme, o 
treinamento e o planejamento podem ajudar estudantes e tutores a se adaptarem e a 
desenvolverem a alfabetização on-line para se utilizar a ABP em educação a distância. 
Apesar de seus desafios, a ABP on-line tem potencial para apoiar a aquisição e a 
aplicação de novos conhecimentos em diversos contextos, além de criar a possibilidade 
de aprendizagem interdisciplinar.
A aprendizagem baseada em projetos e em 
problemas na prática
A aprendizagem baseada em projetos e em problemas não tem como objetivo 
a mera transmissão e a aquisição de conteúdos, mas é caracterizada pela 
articulação entre teoria e prática, com a intenção de apresentar ao aluno um 
problema ou uma situação próxima da realidade, que resulte em uma solução e 
leve o aprendiz a tomar consciência da sua participação efetiva nesse processo. 
A aprendizagem baseada em projetos desenvolve nos educandos o senso de 
responsabilidade, amplia seus conhecimentos e desperta a atenção às diferenças 
individuais. Os resultados obtidos refletem a coletividade, favorecendo futuras 
discussões e o intercâmbio de ideias, permitindo uma comunicação direta em 
que todos percebam os problemas e as dificuldades durante a atividade. Esta 
interação possibilita o desenvolvimento de lideranças, o compartilhamento de 
expectativas, dificuldades e metas, promovendo o sentimento de coleguismo 
e, principalmente, de aprendizagem colaborativa.
Segundo Bender (2014), para se conceber o planejamento dos projetos de 
ABP são necessários alguns componentes essenciais, conforme descrito no 
Quadro 1.
9Aprendizagem baseada em projetos e em problemas
Fonte: Adaptado de Bender (2014).
Âncora do projeto Simples narrativas que descrevam o problema, 
podendo ser algo mais envolvente e que desperte 
o interesse dos alunos. É imprescindível que ela 
descreva um projeto real para os alunos.
Questão motriz Em conjunto com a âncora, a questão motriz 
deve tanto motivar os alunos quanto ajudá-los a 
delinear parâmetros que orientem seu trabalho.
Voz e escolha 
dos alunos
O professor deve envolver os alunos na escolha do 
projeto, considerando não apenas os tipos de escolhas 
de ABP significativas para eles, mas principalmente qual 
delas tem maior possibilidade de funcionar para eles. 
Processos 
específicos para 
investigação 
e pesquisa
Apenas algumas atividades e alguns processos de 
aprendizagem devem ser estipulados pela tarefa 
inicial, proporcionando experiências autênticas para 
que os grupos possam resolver o problema.
Investigação 
e inovação 
dos alunos
O professor deve usar meios que estimulem a investigação 
e o pensamento inovador dos alunos durante o 
processo de planejamento, pesquisa e desenvolvimento 
das atividades, por exercer o papel de facilitador.
Cooperação 
e trabalho 
em equipe
Ajudar os alunos a trabalharem juntos na 
resolução de um problema, desempenhando 
diferentes papéis e se ajudando mutuamente. 
É uma das principais contribuições da ABP.
Oportunidades 
para a reflexão
Estimulando e levando o aluno a usar o pensamento 
reflexivo, ele é capaz de encontrar soluções para 
o problema de forma criativa e inovadora. 
Feedback e revisão Quando o aluno recebe o feedback constante 
dos caminhos percorridos em cada etapa e tem 
a oportunidade de revisar seu trabalho, ele se 
sente mais motivado durante o processo.
Apresentações 
públicas dos 
resultados dos 
projetos
O professor pode dar como alternativa para os 
alunos publicarem os resultados do projeto em 
formato de vídeos, relatórios, websites, apresentação 
de slides, entre outros, a fim de divulgar para 
outras pessoas as soluções encontradas.
Quadro 1. Planejamento de projetos na ABP
Aprendizagem baseada em projetos e em problemas10
Analisando o Quadro 1, temos uma visão geral de como a ABP pode con-
tribuir para a formação de um aluno com habilidades necessárias para atuar 
em nossa atual sociedade por meio da comunicação, do raciocínio lógico, do 
desenvolvimento da criatividade e do pensamento inovador. 
A seguir, podemos analisar uma sequência didática de aplicação da me-
todologia da ABP.
a) O professor seleciona um problema, caso, cenário ou uma situação a 
partir das necessidades do conteúdo trabalhado.
b) Os estudantes realizam pesquisas ou a coleta de informações, indi-
vidualmente ou em grupo, ou seja, passam a investigar o assunto/
solução conforme as especificidades de cada situação, com o intuito 
de desvendar ou resolver o problema que receberam.
c) Para que os estudantes consigam solucionar o problema elencado, o pro-
fessor pode indicar as fontes ou autores de base para a investigação, mas 
nesta forma de trabalho também é possível utilizar outras referências 
como parte do processo de busca e de qualificação da resposta/solução. 
d) O professor deve indicar a forma de apresentação da resolução do 
problema, bem como critérios para sua solução, como a capacidade 
de execução, a viabilidade, entre outros.
Para enriquecer sua proposta, o professor pode organizar o projeto fazendo 
uso das tecnologias disponíveis para o ensino. Quando bem utilizadas, estas 
aumentam a eficácia da aprendizagem e o envolvimento dos alunos na ativi-
dade, abrindo oportunidade para integrar, enriquecer e expandir os materiais 
educacionais, apresentando novas maneiras de interação. É importante utilizar 
tecnologias nas metodologias adotadas pelo professor, pois ao mesmo tempo 
em que inovam a prática docente, elas também vão ao encontro da realidade 
dos alunos.
Quando aplicadas à ABP, as tecnologias se tornam ferramentas que pro-
porcionam possibilidades de aprendizagem que colaboram para o professor 
estreitar laços de fala e interação com os educandos. É possível planejar 
atividades que utilizem a internet, softwares, celulares, câmeras fotográficas 
e de vídeo, quadros interativos, aplicativos, jogos digitais, entre outros.
11Aprendizagem baseada em projetos e em problemas
Para conhecer um pouco mais sobre o uso de recursos tecnológicos na ABP, leia o 
artigo “Aprendizagem baseada em projetos: contribuições das tecnologias digitais”, 
que traz importantes reflexões sobre as possibilidades e os desafios para a prática 
educativa, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/gp3Yd
Tipos de projetos da ABP
Como mencionado anteriormente, o planejamento de um projeto deve vir ao 
encontro da necessidade de se possibilitar uma aprendizagem significativa, 
contemplando problemas contextualizados, que levem o aluno a fazer uso 
do pensamento reflexivo e crítico. Moura (1993) apresenta três categorias de 
projetos que podem ser adotadas no planejamento da ABP.
 � Projeto construtivo: tem o objetivo de construir algo novo, inovador 
ou uma nova solução para um problema.
 � Projeto investigativo: adotando o método científico, o aluno utiliza 
da pesquisa em diversas fontes para encontrar a solução do problema.
 � Projeto didático ou explicativo: com base nas questões: “Como?” e 
“Para quê?”, explica a funcionalidade do objeto de estudo.
A ABP pode ser planejada por um ou mais professores, contemplando 
diferentes disciplinas. O importante é que, em seu planejamento, o professor 
privilegie oportunidades de interação e de interiorização dos conhecimentos 
produzidos pelos alunos.
Para entender melhor como a ABP pode ser usada na prática pedagógica, vamos 
imaginar que o professor, após ter trabalhado o conteúdo de alimentação saudável, 
lança o seguinte desafio: como conscientizar as pessoas sobre a importância de uma 
alimentação saudável? Pode ser que um grupo crie uma campanha com panfletos 
Aprendizagembaseada em projetos e em problemas12
e cartazes que informem os benefícios dos alimentos funcionais; outro grupo pode 
criar um aplicativo com receitas saudáveis; enquanto o outro pode entrevistar um 
nutricionista para aprofundar a questão. Portanto, na ABP não há um único caminho 
para encontrar a solução de um problema: a aprendizagem é construída a partir da 
curiosidade, da criatividade e da autonomia.
BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século 
XXI. Porto Alegre: Penso, 2014. 156 p.
BRUNER, J. S. Uma nova teoria de aprendizagem. 4. ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1976. 162 p.
MAMEDE, S.; PENAFORTE, J. C. Aprendizagem baseada em problemas: características, 
processos e racionalidade. In: MAMEDE, S.; PENAFORTE, J. C. (org.). Aprendizagem 
baseada em problemas; anatomia de uma nova abordagem educacional. Fortaleza: 
Hucitec, 2001. p. 27–48.
MOURA, D. G. A dimensão lúdica no ensino de ciências: atividades práticas como elemento 
de realização lúdica. 1993. 311 f. Orientador: Ernst Wolfgang Hamburger. Tese (Doutorado 
em Educação) — Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.
SOUZA, S. C.; DOURADO, L. Aprendizagem baseada em problemas (ABP): um método 
de aprendizagem inovador para o ensino educativo. Holos, Natal, v. 5, p. 182–200, 2015. 
Disponível em: http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/2880/. 
Acesso em: 8 maio 2019.
Leituras recomendadas
BACICH, L.; MORAN, J. (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma 
abordagem teórico-prática. São Paulo: Penso, 2018. 260 p. (Série Desafios da Educação).
BERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: dife-
rentes termos ou diferentes caminhos? Interface — Comunicação, Saúde, Educação, 
Botucatu, v. 2, n. 2, p. 139–154, fev. 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S1414-32831998000100008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. 
Acesso em: 8 maio 2019.
BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia para pro-
fessores de ensino fundamental e médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 200 p.
13Aprendizagem baseada em projetos e em problemas
CYRINO, E. G.; TORALLES-PEREIRA, M. L. Trabalhando com estratégias de ensino-apren-
dizado por descoberta na área da saúde: a problematização e a aprendizagem baseada 
em problemas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 780–788, maio/jun. 
2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-
-311X2004000300015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 8 maio 2019.
PAULA, F. B. R. Da “Aprendizagem Baseada em Problemas” à “Aprendizagem Baseada em 
Projetos”: estratégias metodológicas para o ensino de projeto nos cursos de Design à luz 
dos paradigmas contemporâneos. Actas de Diseño, Buenos Aires, v. 9, n. 17, p. 142–146, 
jul. 2014. Disponível em: https://fido.palermo.edu/servicios_dyc/publicacionesdc/
vista/detalle_articulo.php?id_libro=485&id_articulo=10252. Acesso em: 8 maio 2019.
Aprendizagem baseada em projetos e em problemas14

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