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/ DEFINIÇÃO Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) na experiência do adulto. Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV). Metodologia AuCoPre no processo de ensino-aprendizagem online de adultos. PROPÓSITO Abordar adequadamente temas da andragogia por meio da identificação das metodologias ativas aplicadas ao ensino e à aprendizagem de adultos, reconhecendo seus diferenciais de finalidade de aprendizagem e contextos de aplicação. OBJETIVOS / MÓDULO 1 Identificar a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) como metodologia ativa para adultos MÓDULO 2 Descrever o Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) MÓDULO 3 / Reconhecer a Metodologia AuCoPre como recurso no ensino online INTRODUÇÃO VOCÊ JÁ PERCEBEU QUE A MANEIRA DE VER O MUNDO E A COMPREENSÃO DO QUE ACONTECE EM NOSSA VIDA MUDAM À MEDIDA QUE OS ANOS PASSAM? Isso também acontece com a nossa experiência de estudar e de aprender. Se for verdade que as pessoas aprendem de forma diferente e em ritmos distintos, essa característica é ainda mais notável no adulto. Por isso, quem está envolvido com ensino-aprendizagem de adultos deve conhecer metodologias que trabalhem positivamente os diferenciais de aprendizagem desse público-alvo. Neste tema, você será apresentado a algumas metodologias que contribuem para o protagonismo do aluno adulto em seus estudos. Essas metodologias são denominadas metodologias ativas, isto é, estão centradas nos alunos e favorecem a maior participação deles no processo de aprendizagem, em vez de vivenciar uma experiência passiva de aprendizado. As metodologias ativas partem da compreensão de como o adulto aprende, valorizando sua condição individual, sua autonomia, curiosidade, seu senso de responsabilidade e sua criatividade. / PODEMOS APRENDER COM OS PROBLEMAS? QUANTAS VEZES VOCÊ FALOU OU OUVIU A PALAVRA PROBLEMA NA SUA VIDA? Esse é um termo comum e tem sido empregado em diferentes contextos. Você pode ter um problema na sua vida: seu carro pode apresentar defeito no motor, sua experiência em resolver problemas nas aulas de Matemática pode ter sido mal sucedida. / Em todas essas situações, a palavra problema aponta para algo que precisa ser superado, resolvido ou trabalhado. Embora, em alguns casos, a palavra possa estar carregada de um sentido negativo, queremos destacar problema como uma função desafiadora, como uma meta a ser atingida, um obstáculo a ser superado. Assim, é a partir de um tema desafiador, de algo a ser transposto, que você deve entender o problema como elemento importante de uma metodologia de aprendizagem. Isso mesmo, podemos ensinar e aprender por meio de problemas. METODOLOGIA Metodologia vem do grego methodos (meta: finalidade + hodos: caminho) combinado com logia (conhecimento), ou seja, corresponde à aplicação de um caminho para atingir determinada meta, que pode ser a construção de algum conhecimento, respaldando-se de uma visão de mundo, de um ou vários princípios teóricos. A metodologia poderia também ser entendida como o estudo da base teórica dos métodos. javascript:void(0) / ATENÇÃO A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) é uma das metodologias ativas que resgata a importância de aprender construindo uma solução. A construção de soluções é fundamental para essa metodologia, pois corresponde a um processo que implica pesquisas, refinamento de informações, tomadas de decisão, reflexão e proposta ou elaboração de solução. Podemos adiantar um importante benefício dessa metodologia, pois ela reflete os esforços e o envolvimento que o adulto tem no seu cotidiano ao usar as experiências e o conhecimento na busca de solução de problemas voltados ao âmbito educacional. ASSIM, NO CONTEXTO EDUCACIONAL, A APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS PODE AMPLIAR O INTERESSE DO ALUNO E SUA MOTIVAÇÃO, FAVORECER SUA AUTONOMIA E ESTIMULAR A AUTOAPRENDIZAGEM E A CRIATIVIDADE (MARTINS, 2002). APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (ABP) A metodologia de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), do inglês Problem-Based Learning (PBL), surgiu na década de 1960 a partir do trabalho de um grupo de professores de Medicina da McMaster University, no Canadá. Esses professores buscavam expor os alunos a uma situação- problema a fim de que eles utilizassem diferentes recursos para superar um obstáculo e realizar a aprendizagem, estabelecendo, assim, uma relação entre prática e teoria. Já faz algum tempo que a ABP foi além dos cursos de Medicina e passou a atuar em diferentes áreas de conhecimento. Na experiência do adulto, essa metodologia se / mostra relevante, pois permite valorizar características do perfil desse aprendiz. Para que a aprendizagem do adulto ocorra, ela precisa ser transformacional, “exigindo do professor compreensão de novos significados, relacionando-os às experiências prévias e às vivências dos alunos, permitindo a formulação de problemas que estimulem, desafiem e incentivem novas aprendizagens”. Fonte: Shutterstock A aprendizagem baseada em problemas pode favorecer essa situação ao ajudar o aluno adulto no aprendizado do conteúdo teórico, ao desenvolver sua capacidade de resolver problemas e ao envolver o aluno ativamente no aprendizado (PEREIRA, 1998, apud BOROCHOVICIUS; TORTELLA, 2014, p. 266). A ABP é inspirada nos princípios das teorias de perspectiva construtivista e cognitiva. Ela deve ser considerada uma forma de aprendizagem baseada na colaboração, construção e contextualização do conhecimento. TEORIAS DE PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA E COGNITIVA Essas teorias abordam o conhecimento e o aprendizado a partir da interação entre o sujeito e o objeto (mundo ou realidade) por meio de um processo permanente de construção e reconstrução que resulta no conhecimento. Assim, as pessoas aprendem explorando ativamente o mundo que as rodeia, recebendo a avaliação de suas ações e formulando conclusões. O ambiente social e o javascript:void(0) / diálogo com colegas e professores também contribuem para o desenvolvimento de uma compreensão compartilhada das tarefas ou atividades de aprendizagem (FILATRO, 2009). NO QUE CONSISTE O ATO DE APLICAR UMA METODOLOGIA ATIVA, EM QUE O ALUNO SOLUCIONA PROBLEMAS? Para responder a esse questionamento, em primeiro lugar, deve-se acreditar na capacidade positiva do aluno em se desafiar a resolver problemas. Esses desafios, em termos andragógicos, são valorizados pelo aluno adulto na medida em que ele enxerga alguma finalidade na resolução de determinado problema, que poderá auxiliá-lo, de modo prático, no seu mundo profissional. Seu esforço de resolução tem a ver com o reconhecimento de sua aplicação na realidade. Sob tal perspectiva, entende-se que a linha metodológica tem de usar elementos que já fazem parte do universo desse aluno para que ele não encontre dificuldade de perceber o seu propósito. Por exemplo, é importante mencionar estudos de casos de sucesso e de insucesso, bem como dar exemplos claros e objetivos para que o aluno adulto possa acompanhar. Fonte: Shutterstock Essa metodologia pode ser descrita, então, por meio das seguintes características (BRIDGES, 1992, p. 5-6 apud BOROCHOVICIUS; TORTELLA, 2014): / 1. O problema é o ponto de partida da aprendizagem, ou seja, é um estímulo que não encontra no aluno uma resposta pronta ou imediata. 2. O problema deve preparar os alunos, como futuros profissionais, para os desafios do mercado. 3. O conhecimento para a formação profissional é organizado em torno de problemas, em vez de disciplinas ou aulas tradicionais. 4. Os alunos, individual e coletivamente, assumem responsabilidade pelas suas próprias instruções e aprendizagens. 5. O aprendizado ocorre preferencialmente dentro do contexto de pequenos grupos, e não por meio de exposições orais para toda a turma. ESSA DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA É TAMBÉM UM CONJUNTO DE AÇÕES QUE PODE CONTRIBUIR PARA BONS RESULTADOS NO TRABALHO COM A METODOLOGIA DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS. TRABALHANDO A ABP SOB O FOCO DO ALUNO Para trabalhar coma metodologia ABP, é recomendável que o aluno tenha algum domínio prévio em termos de aprendizagem, como organização e capacidade para reconhecer os recursos e desenvolver diferentes e novas habilidades. Essas habilidades e os domínios podem ser de ordem cognitiva ou / relacionados à comunicação interpessoal, ao engajamento e ao envolvimento nas atividades propostas. Confira alguns exemplos dessas habilidades: Ter foco para definir o problema a ser solucionado. Entender a sua finalidade de aplicação após chegar à chave de solução. Desenvolver técnicas para pesquisar e estar imbuído do espírito investigativo. Buscar e selecionar informações. Saber citar as fontes utilizadas. Trabalhar bem em coautoria. Construir sua própria abordagem de solução de problemas. Saber usar mecanismos de comunicação de forma colaborativa. Saber discutir conceitos com os demais participantes. Ter clareza para apresentar a solução. Enxergar os limites da solução alcançada. Fonte: Shutterstock / SE O ALUNO FOR BEM ORIENTADO NO DESENVOLVIMENTO DESSAS HABILIDADES, USANDO A METODOLOGIA DE ABP, ELE TERÁ MAIS POSSIBILIDADES DE RESOLVER ADEQUADAMENTE OS PROBLEMAS DA VIDA REAL OU DA FUTURA ATIVIDADE PROFISSIONAL (DELISLE, 1997). TRABALHANDO A ABP SOB O FOCO DO PROFESSOR/FACILITADOR Existem alguns procedimentos que podem ser sugeridos ao professor que aplica a metodologia ABP. Entre eles, destacam-se: Favorecer sempre o trabalho de participação e de colaboração do aluno nos grupos. Discutir com os alunos as temáticas que mais fazem sentido eles aprenderem ou aprofundarem seus conhecimentos. Apresentar um tópico para discussão e pedir embasamento de pesquisa para a formulação de bons argumentos e boas referências. Trabalhar tarefas que são desempenhadas individualmente e também em pequenos grupos, garantindo que todos possam acompanhá-las. Fonte: Shutterstock / Trabalhar problemas reais ou simulados; neste último caso, o mais próximo possível da realidade. Dar espaço para o exercício de soluções criativas. Valorizar a experiência e o conhecimento prévio na relação com o novo conhecimento pesquisado. Indicar formas de como pesquisar. A APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS, DESSE MODO, CARACTERIZA-SE COMO A CONSTRUÇÃO DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS A PARTIR DE QUESTIONAMENTOS DOS ALUNOS, QUE BUSCAM CONHECER DIVERSOS CENÁRIOS E ALTERNATIVAS PARA DAR SUBSÍDIO À FORMULAÇÃO DE UMA OU MAIS SOLUÇÕES (FILATRO ET AL., 2019). O RESULTADO, NO ENTANTO, NÃO PODE SER PREVISTO, POIS EXISTE UMA COMBINAÇÃO DE COMPETÊNCIAS, ALIADAS AO IMPULSO EMPREENDEDOR DOS ALUNOS E A UMA DOSE DE CRIATIVIDADE. / CRIATIVIDADE PARA A METODOLOGIA ABP A criatividade é, indiscutivelmente, uma estratégia necessária para a metodologia ABP. Essa característica se mostra relevante para o aprendizado quando, por exemplo, pensa-se na demanda do mercado de trabalho por profissionais criativos que elaborem soluções para velhos e novos problemas. Esses profissionais devem saber analisar e selecionar os melhores recursos, ao mesmo tempo em que podem dar mais agilidade ao processo de solução de problemas. FILATRO ET AL. (2019) DESTACAM O CONCEITO DE METODOLOGIAS CRI(ATIVAS), ENGLOBANDO A CRI(ATIVIDADE) NO CONTEXTO ANDRAGÓGICO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. Tal conceito, segundo esses autores, já é bastante disseminado no ambiente corporativo e fundamentado em três princípios básicos: / PROTAGONISMO DO ALUNO: entendido como foco das ações educativas. COLABORAÇÃO: com ênfase na abordagem da aprendizagem social e na participação em comunidades e grupos. / AÇÃO-REFLEXÃO: processo que transforma a experiência individual em conhecimento que se relaciona com uma experiência prática. No ambiente educacional, a valorização da criatividade deve estar relacionada à busca de algo novo na construção do saber, já que se pretende transformar o potencial criativo dos alunos. Por isso, é preciso um esforço para romper com o conformismo, a passividade e a estereotipia que, muitas vezes, impedem no meio escolar as... [...] CONDIÇÕES QUE FAVORECEM A MANIFESTAÇÃO DA CRIATIVIDADE, COMO A INTUIÇÃO, A ABERTURA AOS SENTIMENTOS E ÀS EMOÇÕES” / MARTINS, 2002, p. 75 ATENÇÃO A criatividade, assim, será importante para que professores e alunos planejem, elaborem e apliquem atividades a partir da metodologia ABP. A Aprendizagem Baseada em Problemas poderá, dessa forma, ser um fator de motivação para os alunos adultos, levando-os a se sentirem participantes ativos de seu próprio processo de aprendizagem. No vídeo a seguir, a Professora Marilene Garcia aborda os assuntos até aqui trabalhados, exemplificando-os. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (ABP) PODE SER IDENTIFICADA COMO UMA METODOLOGIA ATIVA RECOMENDÁVEL PARA ADULTOS PORQUE: A) Permite valorizar características do perfil desse aprendiz. B) Não relaciona o aprendizado às experiências prévias e às vivências do aluno. C) O aluno adulto aprende melhor quando não precisa compreender novos significados. / D) O aprendizado teórico não precisa ser realizado por meio da colaboração, construção e contextualização do conhecimento. 2. A PALAVRA PROBLEMA, NO SENSO COMUM, NORMALMENTE É CARREGADA DE UM SIGNIFICADO NEGATIVO. NA METODOLOGIA ABP, PODE- SE ENTENDER O “PROBLEMA” A PARTIR DE OUTRA IDEIA. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA ESSA IDEIA OU ESSE SENTIDO PARA O TERMO PROBLEMA. A) A possibilidade de desenvolver novos obstáculos para a aprendizagem adulta. B) A aplicação de um método que tem como pressuposto apresentar dificuldades para o raciocínio de quem aprende. C) A transformação da visão do problema em um desafio que pode ser vencido e a indicação de uma solução. D) Transformar o problema em algo prazeroso, sem precisar refletir sobre as dificuldades. GABARITO 1. A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) pode ser identificada como uma metodologia ativa recomendável para adultos porque: A alternativa "A " está correta. A metodologia ABP está relacionada ao perfil do aluno adulto porque valoriza suas experiências, seu conhecimento prévio e sua necessidade de aprender a teoria por meio de práticas colaborativas e que contextualizem o conhecimento, tornando o que se aprende mais próximo das situações reais em que os problemas devem ser enfrentados e resolvidos. 2. A palavra problema, no senso comum, normalmente é carregada de um significado negativo. Na metodologia ABP, pode-se entender o “problema” a partir de outra ideia. Assinale a alternativa que apresenta essa ideia ou esse sentido para o termo problema. A alternativa "C " está correta. / A transformação da visão do problema em um desafio pode ocorrer por meio da busca de uma solução pautada em diferentes capacidades e recursos. CICLO DE APRENDIZAGEM VIVENCIAL (CAV) O CICLO DE APRENDIZAGEM VIVENCIAL (CAV) PODE SER DESCRITO COMO UMA METODOLOGIA DE ENSINO QUE ENTENDE A APRENDIZAGEM COMO A CAPACIDADE DE O ALUNO ADULTO TRANSFERIR AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES CONQUISTADAS AO FINAL DO CICLO PARA SITUAÇÕES IMEDIATAS. O CAV FOI PROPOSTO PELO PROFESSOR E PESQUISADOR DAVID KOLB EM SUA TEORIA DA APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL. javascript:void(0) / As experiências individuais e colaborativas pelas quais os aprendizes passam são consideradas parte muito relevante do ciclo de aprendizagem vivencial. No entanto, somente vivenciar experiências individuais e colaborativas não chega a ser suficiente, pois o aluno precisa saber fazer as transferências para práticas, propostas ou soluções. DAVID KOLB Psicólogo e teórico norte-americano com doutorado em Educação pela Universidade de Harvard. Kolb é um estudioso dos estilos de aprendizagem, da educação corporativa e profissional. O conceito de aprendizagem experiencial também pode ser entendido como “aprender fazendo”, uma metodologia de ensino que foi proposta inicialmente pelo educador e filósofo John Dewey (FILATRO et al., 2019). Fonte: Wikipédia JOHN DEWEY (1859-1952) Filósofo norte-americano, professornas universidades de Michigan, Minnesota, Chicago e de Columbia. As ideias de John Dewey inspiraram, no Brasil, o surgimento do movimento Escola Nova, liderado pelo educador Anísio Teixeira. javascript:void(0) / A aprendizagem experiencial ou o “aprender fazendo” abrange cinco condições essenciais (FILATRO et al., 2019): Fonte: Shutterstock Quando se pensa em um ciclo, a partir do que Kolb (1984) propôs no CAV, logo se imagina um percurso educacional que atende a alguma demanda de aprendizagem. O ciclo deve envolver um diferencial, uma vivência ou uma experimentação, o que pode ser chamado de “sentir na pele” uma situação. Depois disso, é preciso fazer uma reflexão, considerando o que se depreendeu da vivência, analisar os prós e contras, a fim de encontrar alguma proposta de realização de algo que seja condizente com a realidade do aprendiz. Fonte: Wikipédia Entenda isso melhor, na imagem a seguir: / Fonte: : Potencialize – desenvolvimento de pessoas/Shutterstock Esse ciclo deve ser percorrido em diferentes fases. Nesse caso, o aprendiz interage com um grupo de participantes, que é estimulado por um professor ou facilitador. Com a aplicação do CAV, há a expectativa da aquisição de um domínio, que pode ser uma capacidade ou uma competência a ser expandida no contexto de vida e de trabalho real do aprendiz. EXEMPLO Pode-se levar o aprendiz a entender, por meio da vivência, os danos que o mau uso de ferramentas de comunicação pode causar, provocando desinformação, descrença nos membros das equipes, retrabalho, confusão etc. / Fonte: Shutterstock A partir dessa vivência, com a reflexão e sensibilização do aprendiz adulto, verificando a sua realidade, o aluno pode traçar um plano de comunicação ou de um treinamento mais adequado às necessidades do ambiente de sua empresa ou de um ambiente de trabalho hipotético. Assim, é possível estabelecer protocolos de interação na comunicação em grupos virtuais, como estabelecer objetivos de comunicação e lidar com questões de ética. O ciclo envolve a ideia de que algo é percorrido, com início, desenvolvimento e conclusão. Além disso, em cada uma dessas fases, são oferecidos subsídios para avançar a outra fase. Esse ciclo, então, parte da vivência ou de uma experiência, possibilitando qualificar o aprendiz para as próximas fases. Isso pressupõe uma ordem necessária, que leva a um ponto de desfecho. Assim, passando por essas fases, espera-se que o aprendiz esteja mais bem preparado em função do que conseguiu aprender para poder aplicar o conhecimento à sua realidade. FUNDAMENTO DO CICLO DE APRENDIZAGEM VIVENCIAL (CAV) O ciclo de aprendizagem vivencial de Kolb (1984) parte de duas importantes dimensões: / Compreensão da realidade – aquilo que se dispõe a sentir e pensar. Transformação da realidade – aquilo que se dispõe a observar e fazer. Para que este ciclo entre em movimento, é importante pautar-se em alguns fundamentos que estruturam a sua dinâmica. Assim, o CAV envolve fundamentalmente a aquisição de quatro capacidades: EXPERIÊNCIA CONCRETA (EC) – fase de sentir Este estilo de aprendizagem é próprio de pessoas que gostam de enfrentar situações reais a partir de diferentes pontos de vista. Elas demonstram interesse genuíno pelas outras pessoas e são também bastante emocionais. OBSERVAÇÃO REFLEXIVA (OR) – fase de observar / Envolve observação e reflexão sobre a experiência concreta pela qual se passou na fase anterior e a realização de um relato. Fonte: Shutterstock CONCEPÇÃO ABSTRATA (CA) – fase de pensar Envolve a construção de uma formulação abstrata, um pensamento sobre o que passou, usando a lógica, a razão e criação de uma concepção abstrata. EXPERIMENTAÇÃO ATIVA (EA) – fase de experimentar Envolve a construção de uma proposta de aplicação, de modo a reunir o que se aprendeu na vivência, na reflexão e na organização do relato, incorporando as opiniões dos demais participantes. javascript:void(0) / PROPOSTA DE APLICAÇÃO Tal proposta pode vir em diferentes formatos, tais como: treinamentos, desenvolvimento de diretrizes, planos de metas e de melhorias, implantação de novas formas de gestão, aquisição de novos equipamentos para alterar o processo de produção, alteração de layout, entre outros formatos. ATENÇÃO Essas capacidades permeiam o CAV de forma que o aprendiz, passando por cada uma dessas fases, vai se preparando, subindo e conquistando uma nova condição, na qual também é testado. É importante salientar o trajeto de melhoria da condição inicial para a final, bem como o fortalecimento da autoestima. Segundo Kolb (1984), tratando-se de processo dinâmico relacionado à vivência, à experiência e à integração de conceitos para o alcance da aprendizagem, o ciclo pode ser descrito na forma de uma espiral. Existem também quatro estilos de aprendizagem que podem ser levados em conta ao operar as fases do CAV, conforme você pode conferir a seguir. DIVERGENTES Este estilo de aprendizagem é próprio de pessoas que gostam de enfrentar situações reais a partir de diferentes pontos de vista. Elas demonstram interesse genuíno pelas outras pessoas e são também bastante emocionais. CONVERGENTES / Este estilo de aprendizagem é predominante em pessoas que têm inclinações por realizar tarefas mais técnicas, gostam de aplicações práticas das ideias, ao mesmo tempo em que precisam ser desafiadas a tomar decisões. Fonte: Shutterstock ASSIMILADORES Este estilo de aprendizagem é decorrente de pessoas com capacidades para a organização de ideias, reunião de fatos e informações, com uso de uma coerência baseada na lógica e no pensamento abstrato. Seria um estilo contrário ao dos convergentes. ACOMODADORES Este estilo de aprendizagem é próprio de pessoas que gostam de novos desafios, experiências práticas, que não fogem de correr riscos e são inclinadas naturalmente a encarar mudanças de vida. Elas não se importam muito com dados lógicos ou provenientes de uma análise técnica. / Estilos de aprendizagem operantes no CAV. Adaptado de Kolb (1984) e Filatro et al. (2019). NATURALMENTE, AO PENSAR NA POSSIBILIDADE DE CONDUZIR UMA APRENDIZAGEM MAIS PROFUNDA, SEGUNDO ESSAS ORIENTAÇÕES DE KOLB, DEVE-SE ENTENDER QUE OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM SÃO TRATADOS DE FORMA EQUILIBRADA, NÃO PRIVILEGIANDO QUALQUER UM DELES. APLICAÇÃO DO CAV EM AMBIENTE DE SALA DE AULA A aplicação do CAV em sala de aula consiste em uma série de preparações que poderão ordenar diferentes ações. Uma sugestão é seguir esses quatro passos: O QUE IREMOS FAZER? Quais são os recursos necessários? Quais capacidades os aprendizes deverão demonstrar ao final dessa fase? Como fazer a autoavaliação? / Confira em seguida as quatro fases do CAV e, em cada uma delas, os quatro passos ou ações. FASE 1 - EXPERIÊNCIA CONCRETA (EC) – VIVÊNCIA I. O que iremos fazer? Realizar uma atividade que tem a aplicação de uma vivência em seu pressuposto, algo que se possa experimentar. Ela poderá ser o resultado de uma cultura maker: fabricar alguma coisa, participar de uma dinâmica, participar de um jogo, fazer uma dramatização. II. Quais são os recursos necessários? Isso depende da atividade escolhida, que demandará um tipo de recurso (cartolinas e lápis coloridos para escrever ideias ou resultados; um aplicativo específico; uso de mobile etc.). III. Quais capacidades os aprendizes deverão demonstrar ao final dessa fase? Capacidade de vivenciar situações diversificadas, fazer comparações, ser levado a fazer descobertas, dar uma solução a um problema comum, negociar uma solução. IV. Como fazer a autoavaliação? Perguntar ao grupo os sentimentos, os achados, como se viu ao realizar a vivência, o que poderia melhorar o desempenho de cada um e do grupo. Isso pode ser realizado em duplas, em trios ou em grupos maiores. FASE 2 - OBSERVAÇÃO REFLEXIVA (OR) – RELATO I. O que iremos fazer? Como resultado da observação reflexiva, sugere-se fazer um relato, que tem o objetivo de compartilharas impressões levantadas na vivência da fase anterior. II. Quais são os recursos necessários? Para fazer os relatos, no decorrer da dinâmica, deve ser dado espaço para escrever ou falar livremente sobre o que foi vivenciado anteriormente. O aluno pode utilizar dispositivos móveis, ou mesmo papel e caneta. O importante é que ele se sinta em um ambiente favorável e acolhedor para expressar o que sente e ter a audiência dos demais participantes, entendendo que uma atmosfera de troca é importante para todos. III. Quais capacidades os aprendizes deverão demonstrar ao final dessa fase? Nesse caso, eles deverão trabalhar a memória, com o resgate das situações vivenciadas, ter pensamento crítico, associado a trabalhar coerentemente as ideias, saber o início, meio e fim do relato. Deve-se também trabalhar a autoconfiança para se expressar em público. / IV. Como fazer a autoavaliação? Solicitar que alguns membros do grupo, espontaneamente, exponham o que acharam dessa fase. É importante a troca de informações. FASE 3 - CONCEPÇÃO ABSTRATA (CA) – PENSAMENTO/ REFLEXÃO I. O que iremos fazer? Depois do relato, que traz dados concretos sobre a evolução da dinâmica, agora é necessário fazer uma reflexão, entendendo como isso se torna conhecimento a partir da prática. II. Quais são os recursos necessários? Os aprendizes poderão usar os recursos da fase anterior. No entanto, deverão aproveitar o tempo para relacionar as informações, raciocinar, entender as lógicas, a fim de que produzam conhecimentos. III. Quais capacidades os aprendizes deverão demonstrar ao final dessa fase? Capacidade de trabalhar o pensamento lógico, refinar informações, formar conceitos abstratos e fazer generalizações. IV. Como fazer a autoavaliação? Perguntar ao grupo sobre os sentimentos e as sensações experimentadas para produzir esse tipo de conhecimento. Os alunos também podem expressar suas sugestões de melhoria, o que poderia ser corrigido, por exemplo. FASE 4 - EXPERIMENTAÇÃO ATIVA (EA) – EXPERIÊNCIA I. O que iremos fazer? Os aprendizes serão orientados a fazer uma aplicação prática do que foi aprendido em todas essas fases. II. Quais são os recursos necessários? Dar elementos para os aprendizes fazerem planejamento, levantar o que foi trabalhado anteriormente e estruturar um plano de aplicação à realidade. III. Quais capacidades os aprendizes deverão demonstrar ao final dessa fase? Capacidade de fazer planejamentos, usar criatividade, ter clareza sobre os objetivos, a fim de viabilizar a aplicação dos conceitos na sua própria realidade. Os alunos usarão a capacidade de levantar dados, entender processos, tomar decisões para buscar solução de problemas. Devem ter conhecimentos / sobre como formatar uma proposta, fazer uma planilha, como comunicar o plano aos envolvidos, como acompanhar, validar e avaliar os resultados. IV. Como fazer a autoavaliação? Perguntar ao grupo as estratégias utilizadas para fazer a aplicação dos conhecimentos conquistados ao longo do CAV. Aqui, a opinião dos participantes deverá focar na troca de informações sobre o plano de aplicação na realidade. O pensamento crítico deve ser incentivado. É IMPORTANTE COMPREENDER QUE O CAV TRABALHA COM UMA LINHA DE VERBOS QUE AUXILIAM A REALIZAÇÃO DE CADA UMA DAS FASES. Confira a tabela a seguir para que esses verbos fiquem bastante reforçados: FASES VERBOS PARA ATUAÇÃO NO CAV Fase I – Experiência Concreta Sentir – a partir da imersão nas vivências propostas. Fase II – Observação Reflexiva Observar – a partir de diferentes perspectivas de observação. Fase III – Conceituação Abstrata Pensar – encontrar uma forma de como integrar a vivência com a realidade. Fase IV – Experimentação Ativa Fazer – usar conhecimento de conceitos / pesquisas para a solução prática. Fases do CAV e verbos. Baseado em Filatro et al. (2019). / Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal No vídeo a seguir, as professoras Marilene Garcia e Marta Amaral compartilham experiências de metodologias ativas nos moldes do CAV. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE DESCREVE ADEQUADAMENTE O CICLO DE APRENDIZAGEM VIVENCIAL (CAV). A) O CAV é uma metodologia de ensino centrada nos diferentes ciclos de vida do aluno e, como em cada ciclo, o professor deve escolher abordar os conteúdos. B) No CAV, os diferentes ciclos de aprendizagem preparam o aluno para melhor se adaptar à realidade escolar, constituindo-se em fases nas quais o sentir, o observar, o pensar e o experimentar não interferem na autoestima do aluno. C) O CAV consiste em fases de compreensão e transformação da realidade do aluno independentemente de atividades de avaliação e de autoavaliação. D) A compreensão e a transformação da realidade são importantes no CAV, uma metodologia de ensino que envolve a experiência concreta (sentir), a observação reflexiva (observar), a concepção abstrata (pensar) e a experimentação ativa (experimentar). / 2. ENTRE OS QUATRO ESTILOS DE APRENDIZAGEM DO CAV, ENCONTRAMOS O ESTILO DOS “ACOMODADORES”. MARQUE A ALTERNATIVA QUE DESCREVE ADEQUADAMENTE ESSE ESTILO DE APRENDIZAGEM: A) Os aprendizes com o perfil de acomodadores gostam de enfrentar desafios, correr riscos e também podem se adaptar mais facilmente a mudanças. B) Os aprendizes com o perfil de acomodadores gostam de discutir, sob diferentes pontos de vista, uma solução e são bastante assertivos. C) Os aprendizes com o perfil de acomodadores gostam de trabalhar com o raciocínio lógico e buscam uma coerência para aquilo que estudam. D) Os aprendizes com o perfil de acomodadores gostam de tarefas que tenham algum diferencial mais técnico. GABARITO 1. Assinale a alternativa que descreve adequadamente o Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV). A alternativa "D " está correta. O Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) implica em um trabalho de sentir, pensar, observar e atuar a partir da realidade, levando o aluno a compreender e transformar a realidade. Assim, para que o ciclo de aprendizagem aconteça, é preciso a aquisição ou o desenvolvimento de fases como a da experiência concreta, da observação reflexiva, da concepção abstrata e da experimentação ativa. 2. Entre os quatro estilos de aprendizagem do CAV, encontramos o estilo dos “acomodadores”. Marque a alternativa que descreve adequadamente esse estilo de aprendizagem: A alternativa "A " está correta. Os aprendizes com o perfil de acomodadores têm a inclinação para enfrentar desafios, gostam de correr riscos e, ao mesmo tempo, não temem imprevistos nem mudanças. As demais estão erradas. A letra B apresenta o estilo dos divergentes. A opção C descreve os assimiladores. Já a alternativa D traz o estilo dos convergentes. / METODOLOGIA AUCOPRE A metodologia AuCoPre é formada por três elementos principais: AU (autoria) CO (colaboração) PRE (presença) Essa metodologia foi desenvolvida pela educadora e professora Marta Amaral Montes, a partir de pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Originalmente, a metodologia AuCoPre foi proposta para estudantes de Ensino Superior em cursos online, integrando as categorias da autoria do estudante, da colaboração do grupo e da presença social do aluno em atividades do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) (MONTES, 2017). Fonte: Marta Amaral Montes / Assim, tal metodologia é trabalhada considerando um aluno que se envolve em atividades educacionais de EaD – em ambientes digitais – a partir de suas capacidades já instauradas, decorrentes da experiência profissional, de vida e com outras formas de aprendizagens, como também ampliando tais capacidades de domínio. O aluno, nesse contexto de aprendizagem online, apresenta-se como um sujeito que transita num ambiente virtual com ferramentas, como os fóruns para a exposição de opiniões, a realização de debate, o uso de argumentações, caracterizando uma aprendizagem ativa. CONTEXTUALIZANDO A METODOLOGIA AUCOPRE A convivênciacom o excesso de informação é desafiadora, pois nos impõe a necessidade de avaliação, de escolha e de atualização constante. Vivemos num contexto de informações desorganizadas, fragmentadas, o que não torna fácil a tarefa de selecionar o que é relevante e articular a nova informação com aquilo que já se domina. ESSES SÃO SINAIS DE UM TEMPO QUE DESTITUI VERDADES A TODA HORA E NOS SOBRECARREGA DE NOVAS RESPONSABILIDADES: COMO ENCARAR MUDANÇAS CONTÍNUAS, FILTRAR O QUE É PERTINENTE E FORMAR PESSOAS PARA O / FUTURO PROFISSIONAL COM O CONHECIMENTO E OS MÉTODOS QUE NOS TROUXERAM ATÉ ESTE MOMENTO. O FUTURO TORNOU-SE MUITO INCERTO PARA SE ENCAIXAR NAS FORMAS TRADICIONAIS DE ENSINO. Por isso, são necessárias metodologias que respondam a esse desafio. Nesse sentido, a AuCoPre pode ser uma das propostas, pois reconhece dois elementos que contribuem para a formação a partir de uma aprendizagem mais ativa: Preparar profissionais ativos, mas, ao mesmo tempo, reflexivos, criativos e críticos. Explorar as experiências desses aprendizes adultos em suas novas demandas de estudos e de atualização profissional. O mundo do trabalho deve ser considerado. É necessário refletir sobre as mudanças no ambiente de trabalho, levando em conta a realidade do passado, integrando esse conhecimento ao presente e projetando o futuro. No quadro a seguir, você confere uma síntese dessas mudanças no ambiente do trabalho. PASSADO PRESENTE/FUTURO Falta de informação Excesso de informação Funções do trabalho mais estáveis e previsíveis Funções de trabalho desconhecidas e imprevisíveis / Qualidades relevantes: disciplina; obediência; diligência Qualidades relevantes: criatividade, criticidade; tomada de decisão Execução do trabalho em um local fixo Execução do trabalho em um local diversificado – a qualquer hora e em qualquer espaço, desde que mediado por tecnologias Primeiro ter uma formação e depois iniciar o trabalho Aprender enquanto trabalha Processos educacionais concluídos, com conteúdos estáveis Processos educacionais ao longo da vida, absorvendo as mudanças e novas demandas Projeções de mudanças no ambiente de trabalho. Adaptado de Filatro et al. (2019) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Esses movimentos ou essas tendências no mundo do trabalho ao longo do tempo devem ser considerados no desenvolvimento e na utilização de metodologias de ensino e aprendizagem a fim de garantir uma experiência educacional relevante para os alunos adultos. Por isso, os processos educacionais devem abranger as habilidades e as capacidades emergentes, além de preparar os aprendizes para demandas que ainda não são conhecidas no presente. Um caminho para essa formação pertinente aos desafios do mundo do trabalho é o desenvolvimento e uso de metodologias que tenham como inspiração teórica a integração entre reflexão e ação, teoria e prática. METODOLOGIA AUCOPRE / Ao destacar a autoria do aluno, a colaboração entre seus colegas e a presença ativa num ambiente de aprendizado, essa metodologia torna-se relevante para a formação de profissionais que vão atuar num contexto profissional que exige habilidades como comunicação, trabalho em equipe, iniciativa, espírito crítico e criatividade. METODOLOGIA AUCOPRE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No contexto da Educação a Distância, a metodologia AuCoPre está estreitamente relacionada ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), às suas ferramentas e funcionalidades. Entre os recursos do AVA, a ferramenta do fórum permite melhor exemplificação do uso da metodologia AuCoPre, pois possibilita a participação individual e coletiva dos alunos que atuam em coautoria, por meio da colaboração na construção dos textos, em torno da discussão de um tema e da presença ativa nessa discussão (MONTES, 2017). O fórum é capaz de criar laços sociais, tornando-se importante ferramenta para as interações e a construção de um conjunto de recursos compartilhados por um grupo virtual a partir da reciprocidade dos membros desse grupo, o que configura um capital social (RECUERO, 2009, apud MONTES, 2017). Os recursos baseados na reciprocidade e na confiança, dos quais desfrutam os membros do grupo virtual, podem ser classificados da seguinte forma: (MONTES, 2017) RELACIONAIS Referem-se aos laços sociais que se pode criar no ambiente virtual. NORMATIVOS Sustentam-se pelas normas e regras estabelecidas para o ambiente, a partir de valores morais a serem trabalhados no grupo. COGNITIVOS Relacionam-se aos conhecimentos produzidos e compartilhados socialmente. DE CONFIANÇA Refere-se à confiança no comportamento dos membros do grupo, permitindo que o aluno perceba o ambiente como confiável e possa se expressar ou se expor. INSTITUCIONAIS / Correspondem às instituições ou à estrutura formal ou mesmo informal de veiculação de um curso ou atividades de aprendizagem. Para participar do fórum na metodologia AuCoPre, o aluno deve realizar as seguintes tarefas: Pensar; Se expor; Registrar as ideias; Julgar; Integrar assuntos; Filtrar informações; Decidir sintetizar; Tirar suas próprias conclusões; Identificar suas posições; Ser coautor; Colaborar e Alinhar valores como ética, respeito e responsabilidade (MONTES, 2017). Fonte: Shutterstock O fórum, sendo uma ferramenta assíncrona, em que a interação se dá em tempos diferentes, e não simultaneamente, apresenta características apropriadas para o uso da metodologia AuCoPre: Clique em cada item para ver suas características. / CARACTERÍSTICAS 1 Apresenta uma orientação do professor ou tutor para a participação do aluno nas discussões e interações. CARACTERÍSTICAS 2 Procura motivar os participantes por meio de temas ou tarefas que despertem o interesse e produzam engajamento. CARACTERÍSTICAS 3 Oferece espaço para a expressão de resultados de pesquisas autônomas e colaborativas entre os demais participantes. CARACTERÍSTICAS 4 Permite a aprendizagem responsiva, ou seja, aquela que depende de engajamentos para que haja o retorno participativo dos alunos. CARACTERÍSTICAS 5 Parte de uma abordagem de aprendizagem intersubjetiva, em que os sujeitos da aprendizagem interagem por meio da colaboração na reflexão sobre questões comuns. CARACTERÍSTICAS 6 Demanda dos aprendizes capacidades para expor opiniões, pesquisar e se expressar de forma assertiva. AUTORIA, COLABORAÇÃO E PRESENÇA Agora, vamos analisar como a autoria, a colaboração e a presença são atuações que se evidenciam nos fóruns, viabilizando uma metodologia ativa e mais coerente para alcançar resultados na aprendizagem de alunos adultos. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) / AUTORIA Representa a assinatura do aluno, seu modo de se apresentar e a identificação da sua personalidade como aluno online. Ela também revela sua marca individual e a qual grupo pertence. Como não há presença física no ambiente online, a autoria é uma forma de demarcar quem é esse sujeito aprendiz, principalmente pela maneira como ele atua nas interações. COLABORAÇÃO Impulsiona a autoria, ou as coautorias, podendo ter sua origem em uma estrutura de atividades produzida em pares, em trios ou em grupos maiores. Ela é a contrapartida do aluno a uma questão desencadeada pelo professor/tutor do curso. Se o aluno não identificar um elemento motivador que impulsione a colaboração, que gere engajamento, ele pode ficar desestimulado e se recusar a colaborar com a proposta no fórum, tornando esse recurso irrelevante para sua aprendizagem (MONTES, 2017). Por isso, é importante reconhecer que a participação no fórum é uma forma de expressão que indica o grau de envolvimento do aluno no curso e em suas atividades. PRESENÇA Em um curso EaD, ocorre de modo virtual, por meio da interação em atividades, como o fórum. No planejamento de um curso online, o cuidado com a forma de organizar e apresentar as atividades, por meio de um eficaz ecriativo trabalho de design instrucional, deve favorecer a participação dos alunos. A presença ativa do aluno, que se dá pelas diferentes formas de interação, deve ser caracterizada pela autoconfiança do aprendiz e pela orientação encorajadora do professor ou tutor. O tutor deve atuar como agente das colaborações, reforçando o senso de comunidade de aprendizagem e evitando a omissão ou a evasão do aluno. / No contexto da aprendizagem em ambientes virtuais, podemos identificar, pelo menos, duas formas de interação: MÚTUA A interação mútua é aquela que dá mais liberdade para o aluno interagir de forma criativa e colaborativa com todos os participantes, afetando o grupo de forma mais desafiadora. Nesse caso, temos o que se pode denominar de modelo interacional “de todos para todos”, no qual os participantes, a relação e o contexto são valorizados. REATIVA A interação reativa é, na verdade, uma relação limitadora da própria interação, pois é baseada em atividades e roteiros fechados que valorizam apenas o contexto, sem incluir os participantes e a relação (PRIMO, 2003, apud MONTES, 2017). Para que a presença social do aluno seja de qualidade e contribua para a construção coletiva do conhecimento, é necessário que o fórum e as demais atividades desenvolvidas nos ambientes virtuais de aprendizagem não se limitem a temáticas pouco provocativas e com propostas que não facilitem a interação entre os participantes. EXEMPLO O fórum, por exemplo, não é uma ferramenta para simples exibição de uma pergunta que os participantes, de forma individual e isolada, respondem com textos copiados de uma fonte qualquer, / muitas vezes configurando plágio, ou por meio de respostas que não demandam reflexão e debate. ASSIM, A METODOLOGIA AUCOPRE DEVE SER ENTENDIDA COMO UM RECURSO PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM DE ADULTOS POR MEIO DAS FUNCIONALIDADES E POSSIBILIDADES DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM, GARANTINDO A PARTICIPAÇÃO AUTORAL DOS ALUNOS, A CONSTRUÇÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO E A PRESENÇA ATIVA NA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM, TUDO ISSO GRAÇAS AO USO CRIATIVO, ÉTICO E CRÍTICO DAS FERRAMENTAS DE INTERAÇÃO. No vídeo a seguir, a Professora Marta Amaral Montes comenta sobre o desenvolvimento da teoria AuCoPre. VERIFICANDO O APRENDIZADO / 1. A METODOLOGIA AUCOPRE DEVE SER RECONHECIDA COMO UM RECURSO NA EDUCAÇÃO ONLINE DE ADULTOS PORQUE: A) Incentiva o uso de novas tecnologias na participação isolada do aluno em ambientes virtuais. B) Possibilita a participação individual e coletiva dos alunos, que atuam com coautoria, por meio da colaboração na construção dos textos em torno da discussão de um tema e da presença ativa nessa discussão em fóruns, por exemplo. C) Estabelece vínculos entre o tutor e o aluno para que este possa resolver problemas de listas de exercícios e responder a questionários presentes no material didático, por exemplo. D) Favorece a atuação do aluno a partir do envio de dúvidas e perguntas ao tutor, usando serviço ou canal de mensagens virtuais, por exemplo. 2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA AFIRMAÇÃO PERTINENTE À ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA AUCOPRE À PREPARAÇÃO DO ADULTO PARA O AMBIENTE DE TRABALHO. A) AuCoPre é uma metodologia centrada na relação entre teoria e reflexão, pois o ambiente de trabalho exige cada vez mais profissionais com sólida formação teórica. B) A metodologia AuCoPre é adequada à formação para o ambiente profissional, pois é inspirada na integração entre escola e trabalho por meio da realização de estágios e atividades práticas em simuladores virtuais. C) As habilidades valorizadas pelo mundo do trabalho, como capacidade de trabalho em equipe e comunicação, estão presentes na metodologia AuCoPre apenas quando alunos e tutores utilizam ferramentas síncronas, como o chat e as videoconferências. D) A metodologia AuCoPre promove a autoria do aluno, a colaboração entre seus colegas e a presença ativa num ambiente de aprendizado, o que favorece habilidades como comunicação, trabalho em equipe, iniciativa, espírito crítico e criatividade. GABARITO / 1. A metodologia AuCoPre deve ser reconhecida como um recurso na educação online de adultos porque: A alternativa "B " está correta. A metodologia AuCoPre pode ser exemplificada na educação de adultos por meio do uso do fórum online, pois essa ferramenta permite que o aluno tenha uma atuação individual e coletiva na qual manifesta sua autoria, participa colaborativamente da construção de textos e do próprio conhecimento, além de experimentar uma convivência social no grupo de discussão. 2. Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação pertinente à adequação da metodologia AuCoPre à preparação do adulto para o ambiente de trabalho. A alternativa "D " está correta. A metodologia AuCoPre ajuda o aluno adulto a se preparar para o ambiente profissional e a desenvolver habilidades valorizadas pelo mercado de trabalho por meio de atividades em que o aluno atua como autor, colabora com seus colegas e se torna ativamente presente no grupo social do ambiente de aprendizado virtual. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, você aprendeu que as metodologias ativas são a abordagem de ensino mais adequada para alunos adultos, pois valorizam a autonomia, a experiência e o conhecimento prévio dos alunos, além de atenderem à necessidade de preparação para o ambiente de trabalho. Essas metodologias são inspiradas em pressupostos teóricos que destacam a integração entre reflexão e ação, a teoria e a prática, além de estarem baseadas em atitudes responsáveis, adequadas e orientadas por professores/tutores, a fim de que a relação com os alunos e a interação entre os próprios estudantes promovam novas e desafiadoras condições de aprendizagem. Tudo isso demanda do professor, facilitador ou tutor um esforço criativo e crítico para se reinventar no tratamento dos recursos didáticos e das ferramentas digitais em ambientes presenciais e virtuais, / atentando para a promoção de diferentes estilos de aprendizagem e enfatizando a criação de comunidades de engajamento e de colaboração. REFERÊNCIAS BOROCHOVICIUS, E.; TORTELLA, J. C. B. Aprendizagem baseada em problemas: um método de ensino-aprendizagem e suas práticas educativas. In: Ensaio: avaliação, políticas públicas educacionais. Rio de Janeiro, v.22, n. 83, p. 263-294, abr./jun. 2014. DELISLE, R. How to use problem-based learning in the classroom. Virginia: Association for Supervision & Curriculum Deve, 1997. FILATRO, A. As teorias pedagógicas fundamentais em EaD. In: LITTO, F. M; FORMIGA, M. M. Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. FILATRO, A. et al. DI 4.0: inovação na educação corporativa. São Paulo: Saraiva, 2019. KOLB, D. A. Experimental learning: experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1984. MARTINS, J. G. Aprendizagem baseada em problemas aplicada a um ambiente virtual de aprendizagem. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. MONTES, M. T. A. AuCoPre: uma metodologia para o trabalho didático nos fóruns de discussão. Curitiba: Appris, 2017. / EXPLORE+ Leia sobre a metodologia ABP e conheça orientações para sua aplicação no artigo Aprendizado baseado em problemas, dos professores Marcos Borges, Silvana Chachá, Silvana Quintana, Luiz Carlos C. Freitas e Maria Rodrigues. Você pode aprender mais sobre metodologias ativas no contexto da andragogia com a leitura do artigo Metodologia ativa de aprendizagem para o ensino em administração: relatos da experiência como o peer instruction em uma instituição de Ensino Superior, de Alexandre Godói e Jeferson Ferreira. No artigo O processo autoral discente utilizado como estratégia ético-didática na educação a distância, de Marta Montes e Jadir dos Montes, você encontrará mais explicações sobre a metodologia AuCoPre. CONTEUDISTA Marilene Santana dos Santos Garcia CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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