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A Geografia do Pará em Múltiplas Perspectivas: Natureza, Urbano, Rural e Cultura

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0 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
‘ 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 1 
Coordenadores 
Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol 
Everaldo Santos Melazzo 
 
Organizadores 
Antonio Cezar Leal 
Carlos Alexandre Leão Bordalo 
João Osvaldo Rodrigues Nunes 
 
Colaboradora 
Leonice Seolin Dias 
 
A geografia do Pará em 
múltiplas perspectivas 
Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
 
1a edição 
 
 
 
 
TUPÃ-SP 
ANAP 
2017 
2 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Editora 
 
 
ANAP - Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista 
Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos 
Fundada em 14 de setembro de 2003 
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, 
Cidade de Tupã, Estado de São Paulo. 
CEP 17.605-310 
www.editoraanap.org.br 
www.amigosdanatureza.org.br 
editora@amigosdanatureza.org.br 
 
Revisor ortográfico - Maurício Dias Marques 
Editoração e diagramação - Leonice Seolin Dias; Sandra Medina Benini 
Capa: Porto Fluvial Marudá-Algodoal, Belém-PA. Autor: José Queiroz Miranda Neto (2008). 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
G298 A geografia do Pará em múltiplas perspectivas: natureza, urbano, rural e 
cultura [recurso eletrônico]/ coordenadores Rosângela Aparecida de Medeiros 
Hespanhol, Everaldo Santos Melazzo; organizadores Antonio Cezar Leal, Carlos 
Alexandre Leão Bordalo, João Osvaldo Rodrigues Nunes; colaboradora Leonice 
Seolin Dias. - Tupã: ANAP, 2017 
 
 212 p; il.; 14.8x21cm 
 ISBN: 978-85-68242-62-9 
 
 
 1. Natureza. 2. Urbano. 3. Rural. 4. Cultura. 5. Estado do Pará. I. Hespanhol, 
Rosângela Aparecida de Medeiros. II. Melazzo, Everaldo Santos. III. Leal, 
Antonio Cezar. IV. Bordalo, Carlos Alexandre Leão. V. Nunes, João Osvaldo 
Rodrigues. VI. Dias, Leonice Seolin. VII. Título. 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e 
Tratamento da Informação - Diretoria Técnica de Biblioteca e 
Documentação - UNESP, Campus de Presidente Prudente 
Alessandra Kuba Oshiro Assunção - CRB-8/9013 
 
Índice para catálogo sistemático 
Brasil: Geografia 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 3 
 Coordenadores e Organizadores 
 
 
Coordenadores 
 
Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol 
Docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP, Campus de Presidente Prudente; coordenadora 
do GEDRA e bolsista produtividade (PQ) do CNPq. Possui mestrado e doutorado em Geografia pela UNESP 
de Rio Claro e pós-doutorado pelo Centre de Recherche sur le Brèsil Contemporain (CRBC) da Ècole des 
Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris – França. Atua nas áreas de Geografia Humana e 
Agrária. Endereço eletrônico para contato: rosangel@fct.unesp.br 
 
Everaldo Santos Melazzo 
Economista pela Universidade Federal de Uberlândia - MG. Doutor em Geografia pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho e Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do 
Rio de Janeiro. Bolsista Produtividade do CNPq -2. É professor da Universidade Estadual Paulista - Unesp em 
Presidente Prudente- SP, junto ao Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente e docente do 
Programa de Pós-Graduação em Geografia. Membro do Conselho Fiscal da Associação Nacional de Pesquisa 
e Pós-Graduação em Geografia. Atualmente coordena o Programa de Pós-Graduação em Geografia 
acadêmico da FCT/Unesp. 
 
 
Organizadores 
 
Antonio Cezar Leal 
Geógrafo, com especialização em Ensino de Geociências, Mestre em Geociências e Meio ambiente e Doutor 
em Geociências. Professor nos cursos de graduação em Geografia, Engenharia Ambiental e Arquitetura e 
Urbanismo e dos Programas de Pós-Graduação em Geografia (Acadêmico e Mestrado Profissional) da 
Faculdade de Ciências e Tecnologia/Universidade Estadual Paulista - Campus de Presidente Prudente. 
Coordenador do Grupo de Pesquisa Gestão ambiental e Dinâmica Socioespacial - GADIS, com projetos de 
pesquisa e de extensão universitária sobre gerenciamento de recursos hídricos e gerenciamento integrado 
de resíduos sólidos urbanos, realizados com apoio do CNPq, CAPES, FEHIDRO e FAPESP. Pesquisador do 
CNPq e representante da UNESP em colegiados do sistema de gerenciamento de recursos hídricos. 
 
Carlos Alexandre Leão Bordalo 
Geógrafo pela Universidade Federal do Pará, bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Pará, 
especialização em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Pará, mestrado em Geografia pela 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, e doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico 
Úmido pela Universidade Federal do Pará. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Pará, 
diretor da Faculdade de Geografia e Cartografia - FGC/UFPA, professor adjunto do Programa de Pós-Graduação 
em Geografia - PPGEO/UFPA, professor colaborador da pós-graduação do Núcleo de Meio Ambiente - 
NUMA/UFPA, professor colaborador da pós-graduação da Faculdade Integrada Brasil Amazônia 0 FIBRA 
 
Joao Osvaldo Rodrigues Nunes 
Geógrafo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990), doutorado em Geografia pela Universidade 
Estadual Júlio de Mesquita Filho (2002), Pós-doutorado pela Universidade de Alicante, Espanha (2008-2009) e 
Livre Docência em Geografia Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2014). 
Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/FCT), sendo Bolsista de Produtividade em 
Pesquisa 2 do CNPq. Orientador de mestrado e doutorado no Programa de Pós-graduação em Geografia da 
UNESP/FCT (CAPES-nota 7). Tem experiência na área de Geografia Física, com ênfase em Geomorfologia, 
atuando principalmente nos seguintes temas: Geomorfologia, mapeamento geomorfológico, erosão, depósitos 
tcnogênicos e Ambiente. 
4 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 5 
Conselho Editorial Interdisciplinar 
 
 
 
Profª Drª Alba Regina Azevedo Arana – UNOESTE 
Prof. Dr. Alexandre Carneiro da Silva 
Prof. Dr. Alexandre França Tetto – UFPR 
Prof. Dr. Alexandre Sylvio Vieira da Costa – UFVJM 
Prof. Dr. Alfredo Zenen Dominguez González – UNEMAT 
Profª Drª Alina Gonçalves Santiago – UFSC – UFV 
Profª Drª Aline Werneck Barbosa de Carvalho 
Profª Drª Ana Klaudia de Almeida Viana Perdigão – UFPA 
Profª Drª Ana Lúcia Reis Melo Fernandes da Costa – IFAC 
Profª Drª Ana Paula Santos de Melo Fiori – IFAL 
Prof. Dr. André de Souza Silva – UNISINOS 
Profª Drª Andrea Holz Pfutzenreuter – UFSC 
Prof. Dr. Antonio Fábio Sabbá Guimarães Vieira – UFAM 
Prof. Dr. Antonio Marcos dos Santos – UPE 
Profª Drª Arlete Maria Francisco – FCT/UNP 
Profª Drª Beatriz Ribeiro Soares – UFU 
Prof. Dr. Carlos Andrés Hernández Arriagada – 
Prof. Dr. Carlos de Castro Neves Neto –UNESP/PP 
Profª Drª Carmem Silvia Maluf – Uniube 
Profª Drª Célia Regina Moretti Meirelles – UPM 
Prof. Dr. Cesar Fabiano Fioriti – FCT/UNESP 
Prof. Dr. Cledimar Rogério Lourenzi – UFSC 
Prof. Dr. Crescencio L. Calva Alejo – Pesquisador/México 
Profª Drª Cristiane Miranda Martins – IFTO 
Profª Drª Daniela de Souza Onça – FAED/UESC 
Profª Drª Denise Antonucci – UPM 
Profª Drª Diana da Cruz Fagundes Bueno – UNITAU 
Prof. Dr. Edson L. Ribeiro – Unieuro –Ministério das Cidades- BR 
Profª Drª Eliana Corrêa Aguirre de Mattos – UNICAMP 
Profª Drª Eloisa Carvalho de Araujo – UFF 
Profª Drª Eneida de Almeida – USJT 
Prof. Dr. Erich Kellner – UFSCar 
Profª Drª Fátima Aparecida da SIlva Iocca – UNEMAT 
Prof. Dr. Felippe Pessoa de Melo – Centro Universitário AGES 
Profª Drª Fernanda Silva Graciani – UFGD 
Profª Drª Flávia Akemi Ikuta – UMS 
Profª Drª Flávia Maria de Moura Santos – UFMT 
Prof. Dr. Francisco Fransualdo de Azevedo – UFRN 
Prof. Dr. Francisco Marques Cardozo Júnior – UESPI 
Prof. Dr. Frederico Braida Rodrigues de Paula – UFJF 
Prof. Dr. Frederico Canuto – UFMG 
Prof. Dr. Frederico Yuri Hanai – UFSCar 
Profª Drª GelzeSerrat de Souza Campos Rodrigues – UFU 
Prof. Dr. Generoso De Angelis Neto – UEM 
Prof. Dr. Geraldino Carneiro de Araújo – UFMS 
Prof. Dr. Gerardo Bernache Pérez – CIESAS – México 
Prof. Dr. Glauco de Paula Cocozza – UFU 
Profª Drª Isabel Cristina Moroz Caccia Gouveia – FCT/UNESP 
Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA 
Prof. Dr. João Carlos Nucci – UFPR 
Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria – FAAC/UNESP 
Prof. Dr. José Aparecido dos Santos – FAI 
Prof. Dr. José M. Mateo Rodriguez – Univ. de Havana – Cuba 
Prof. Dr. José Sobreiro Flho – UFPA 
Prof. Dr. Josep Muntañola Thornberg – UPC/Barcelona, Espanha 
Profª Drª Josinês Barbosa Rabelo – UFPE 
Profª Drª Jovanka Baracuhy Cavalcanti Scocuglia – UFPB 
Profª Drª Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro – FEA 
Prof. Dr. Júnior Ruiz Garcia – UFPR 
Profª Drª Karin Schwabe Meneguetti – UEM 
Profª Drª Leda Correia Pedro Miyazaki – UFU 
Profª Drª Lidia Maria de Almeida Plicas – IBILCE/UNESP 
Profª Drª Lisiane Ilha Librelotto – UFS 
Profª Drª Luciana Ferreira Leal – FACCAT 
Profª Drª Luciana Márcia Gonçalves – UFSCar 
Prof. Dr. Marcelo Campos – FCE/UNESP 
Prof. Dr. Marcelo Real Prado – UTFPR 
Profª Drª Maria José Martinelli Silva Calixto – UFGD 
Profª Drª Márcia Eliane Silva Carvalho – UFS 
Profª Drª Marcia Aparecida da Silva Pimentel – UFPA 
Prof. Dr. Márcio José Catelan –UNESP/PP 
Prof. Dr.Marcio Douglas Brito Amaral – UFPA 
Profª Drª Margareth de Castro Afeche Pimenta – UFSC 
Profª Drª Maria Ângela Dias – UFRJ 
Profª Drª Maria Ângela Pereira de Castro e Silva Bortolucci – IAU 
Profª Drª Maria José M. Silva Calixto – UFGD 
Profª Drª Maria Augusta Justi Pisani – UPM 
Profª Drª Maria Betânia M. Amador – UPE – Campus Garanhuns 
Profª Drª María Glória Fabregat Rodríguez – IEA/Cienfuegos – Cuba 
Profª Drª Maria Helena Pereira Mirante – UNOESTE 
Profª Drª Maria José Neto – UFMS 
Profª Drª Maristela Gonçalves Giassi – UNESC 
Profª Drª Marta Cristina de Jesus Albuquerque Nogueira – UFMT 
Profª Drª Martha Priscila Bezerra Pereira – UFCG 
Prof. Dr. Maurício Lamano Ferreira – UNINOVE 
Profª Drª Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA 
Prof. Dr. Natalino Perovano Filho – UESB 
Prof. Dr. Nilton Ricoy Torres – FAU/USP 
Profª Drª Olivia de Campos Maia Pereira – EESC – USP 
Profª Drª Onilda Gomes Bezerra – UFPE 
Prof. Dr. Paulo Cesar Rocha – FCT/UNESP 
Prof. Dr. Renan Antônio da Silva – UNESP – IBRC 
6 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Profª Drª Gianna Melo Barbirato – UFAL 
Prof. Dr. Ricardo Toshio Fujihara – UFSCar 
Profª Drª Risete Maria Queiroz Leao Braga – UFPA 
Prof. Dr. Rodrigo Simão Camacho – UFGD 
Prof. Dr. Rodrigo Barchi – UNISO 
Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves dos Santos – UFSC 
Prof. Dr. Rodrigo José Pisani – UNIFAL-MG 
Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Araujo – UFMA 
Prof. Dr. Salvador Carpi Júnior – UNICAMP 
Prof. Dr. Sérgio Augusto Mello da Silva – FEIS/UNESP 
 
Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UNICAMP 
Prof. Dr. Sergio Luis de Carvalho – FEIS/UNESP 
Profª Drª Sílvia Carla da Silva André – UFSCar 
Profª Drª Silvia Mikami G. Pina – Unicamp 
Profª Drª Simone Valaski – UFPR 
Profª Drª Tânia Paula da Silva – UNEMAT 
Prof. Dr. Vilmar Alves Pereira – FURG 
Prof. Dr. Vitor Corrêa de Mattos Barretto – FCAE/UNESP 
Prof. Dr. Xisto Serafim de Santana de Souza Júnior – UFCG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 7 
Sumário 
 
 
 
 
Prefácio 
 
 
09 
Apresentação 
 
13 
Capítulo 1 
ANÁLISE DA TEMPERATURA DOS ALVOS NA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE BELÉM-PA UTILIZANDO 
BANDAS TERMAIS 
José Edilson Cardoso Rodrigues; Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim 
 
17 
Capítulo 2 
DINÂMICA DE INUNDAÇÕES E EXPANSÃO URBANA EM ALTAMIRA-PA NO CONTEXTO DE INSTALAÇÃO 
DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE: uma análise a partir da complexidade. 
Rita Denize de Oliveira; Paulo Cesar Rocha 
 
45 
Capítulo 3 
CARACTERÍSTICAS E DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAÇÕES DE MAURITIA FLEXUOSA L. F. NA MICRORREGIÃO 
DO SALGADO PARAENSE 
Paulo Alves de Melo; Messias Modesto dos Passos 
 
75 
Capítulo 4 
CASTANHAL (PA) - CIDADE MÉDIA DE ENTORNO METROPOLITANO: situação espacial, centralidade 
regional e interações espaciais 
Willame de Oliveira Ribeiro; Everaldo Santos Mellazzo 
 
89 
Capítulo 5 
A EMERGÊNCIA DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS NO RURAL CONTEMPORÂNEO: rendas de monopólio e 
desenvolvimento territorial 
Benedito Ely Valente da Cruz; Rosangela Aparecida Medeiros Hespanhol 
 
 
115 
Capítulo 6 
TRABALHO DOMÉSTICO REMUNERADO NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DE DIARIZAÇÃO E SEUS REFLEXOS 
SOBRE A PROTEÇÃO SOCIAL 
Francilene Soares de Medeiros Costa; Marcelo Dornelis Carvalhal 
 
 
146 
 
 
 
 
Capítulo 7 
CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE TEÓRICO E METODOLÓGICO ACERCA DA ABORDAGEM GEOGRÁFICA NOS 
ESTUDOS DE HOMICÍDIOS 
Tiago Barreto de Andrade Costa; Raul Borges Guimarães 
 
165 
Capítulo 8 
TERRITORIALIDADE FESTIVA E IDIOMA DO SAGRADO NA AMAZÔNIA: o Divino na Festa do Sairé de 
Alter do Chão-Pará 
Maria Augusta Freitas Costa Canal; Eda Maria Góes 
 
 
 
 
 
 
 
189 
8 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 9 
Prefácio 
 
 
Clay Anderson Nunes Chagas1 
 
 
O livro A Geografia do Pará em Múltiplas Perspectivas: Natureza, Urbano, Rural e 
Cultura, coordenado e organizado por Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol, 
Everaldo Santos Melazzo, Antônio Cezar Leal, Carlos Alexandre Leão Bordalo e João 
Osvaldo Rodrigues Nunes, fruto da parceira entre a Universidade Estadual Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP-Presidente Prudente), Universidade Federal do Pará – UFPA e 
Universidade do Estado do Pará - UEPA, através dos seus programas de Pós-Graduação em 
Geografia e as Faculdades de Geografia, é resultado de uma exitosa cooperação 
institucional, que culminou na realização de um DINTER e os capitulos aqui apresentados 
são oriundos de algumas teses defendidas nos anos de 2016 e 2017. 
A materialização dessa parceira institucional é fruto de um esforço contínuo, 
realizado ao longo dos últimos anos, entre a Faculdade de Geografia e Cartografia da 
Universidade Federal do Pará e o Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP - Presidente Prudente. Os capítulos aqui 
presentes representam uma parte dos esforços realizados pelos professores/alunos do DINTER 
com seus respectivos orientadores. Dessa forma o livro está organizado em oito capítulos. 
O primeiro capítulo, de autoria de José Edilson Cardoso Rodrigues e Margarete 
Cristiane de Costa Trindade Amorim, denominado: “Análise da temperatura dos alvos na 
área central da cidade de Belém utilizando bandas termais”, consiste em analisar uma série 
histórica de temperatura dos alvos na área central de Belém, no período de 1987 a 2013, 
através da utilização de sensoriamento remoto e dados meteorológicos, assim como a 
correlação com as mudanças dos padrões de uso e ocupação do solo urbano. 
Na sequência das análises voltadas para as questões ambientais, Rita Denize de Oliveira 
e Paulo Cesar Rocha nos apresentam o capítulo “Uma proposta teórica e metodológica para 
compreensão das inundações graduais e rápidas em Altamira, Pará”. Os autores partem da 
 
1 Possui graduação em Geografia Licenciatura e Bacharelado pela Universidade Federal do Pará, mestrado em 
Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido e doutorado em Desenvolvimento Socioambiental pela Universidade Federal 
do Pará. Atualmente é Vice Reitor da Universidade Federal do Pará, participa como professor do Programa de Pós 
Graduação em Geografia e do Programa de Pós Graduação em Segurança Pública pela Universidade Federal do Pará. 
 
10 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
problemática das inundações localizadas na cidade de Altamira, e, dessa forma, investigam,quais as possíveis causas que explicariam as duas formas de inundações, graduais e rápidas, 
utilizando a teoria da complexidade em sua dimensão dinâmica e metodológica. 
O capítulo “Características e distribuição das formações de Mauritia Flexuosa L. F. 
na Microrregião do Salgado Paraense”, dos autores Paulo Alves de Melo e Messias Modesto 
dos Passos, apresenta a distribuição das paisagens de várzeas, especialmente, o buruti, açaí, 
tucumã, marajá, murumuru e ubim, na Microrregião do Salgado paraense. O objetivo central 
desse artigo consiste em um levantamento cartográfico da distribuição das paisagens de 
várzea, a fim de entender o potencial geoecológico das mesmas para a proteção das 
nascentes e local de abrigo e reprodução de fauna. 
O capítulo quatro, em uma perspectiva mais da Geografia Urbana, nos brinda com uma 
análise das discussões sobre cidade média, em especial a cidade de Castanhal, sendo que os 
autores Willame de Oliveira Ribeiro e Everaldo Santos Melezzo, apresentam: “Castanhal (PA) – 
cidade média de entorno metropolitano: situação espacial, centralidade regional e interações 
espaciais”. A discussão central diz respeito à função que a cidade de Castanhal exerce no âmbito 
da rede urbana regional. Para tanto, os autores fizeram uma análise levando em consideração a 
situação espacial, centralidade regional e as interações espaciais vivenciadas em Castanhal. 
O próximo capítulo é “Emergência das indicações geográficas no rural 
contemporâneo: rendas de monopólio e desenvolvimento territorial”, dos autores 
Benedito Ely Valente da Cruz e Rosangela Aparecida Medeiros Hespanhol. Os autores trazem 
para a discussão a emergência das indicações geográficas no rural contemporâneo e as 
transformações que afetam o setor de agroalimentos no século XXI. A principal questão 
levantada nesse artigo diz respeito à transição de uma economia de escala para uma 
(re)valorização da dimensão espaço–territorial-local na lógica da reprodução do capital. 
O capítulo seis, denominado de “Trabalho doméstico remunerado no Brasil: a 
experiência de diarização e seus reflexos sobre a proteção social”, de Francilene Soares 
Medeiros e Marcelo Dornelis Carvalhal, apresenta os aspectos que caracterizam o trabalho 
doméstico renumerado feito por diaristas, especialmente nos municípios de Belém e São Paulo. 
Os autores trabalham a partir da percepção das próprias diaristas. Assim, foi possível fazer uma 
reflexão sobre os dilemas e paradoxos desse fenômeno nos municípios pesquisados. 
Os autores Tiago Barreto de Andrade Costa e Raul Borges Guimarães, no capítulo 
“Contribuição ao debate teórico e metodológico acerca da abordagem geográfica nos 
estudos de homicídios”, apresentam uma relevante discussão sobre os principais estudos de 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 11 
análise espacial referente à mortalidade por agressão. Dessa maneira abordam um 
panorama da realidade urbana, em especial na cidade de Belém, sob a perspectiva do 
fenômeno crescente da taxa de homicídio, demonstrando dessa forma a necessidade de 
aprofundamento da análise dessa temática a partir de uma abordagem geográfica. 
O último capítulo do livro, intitulado de “Territorialidade festiva e idioma do sagrado 
na Amazônia: o Divino na festa do Sairé de Alter do Chão/Pará”, tem como autoras Maria 
Augusta Freitas Costa Canal e Eda Maria Góes. As autoras analisam as relações entre a 
instanciação do Sairé e a produção da linguagem sobre o Divino na Amazônia como entidade co-
evolutiva e informação simbólica em uma das principais manifestações culturais no estado do 
Pará no Distrito de Alter do Chão, município de Santarém. 
Este livro apresenta capítulos referentes a um novo momento das relações 
institucionais entre duas universidades paraenses e a UNESP – Presidente Prudente, no 
campo da Geografia. Os capítulos aqui apresentados demonstram a maturidade intelectual e 
acadêmica dos autores em abordar a temática da Geografia Amazônica. 
Espero que tenham uma excelente leitura e que a mesma possa ajudar a aprofundar 
a análise das questões amazônicas, no âmbito do entendimento da ciência geográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 13 
Apresentação 
 
 
 
 
Os textos que compõem o livro “A Geografia do Pará em Múltiplas Perspectivas: 
Natureza, Urbano, Rural e Cultura” são resultantes do Doutorado Interinstitucional – DINTER, 
realizado entre a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de 
Presidente Prudente, a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Estadual do Pará 
(UEPA), com financiamento da CAPES. 
Os DINTERs visam qualificar os docentes de regiões distantes dos "centros de 
excelência", a partir da sua participação e titulação nos Programas de Pós-Graduação stricto-
sensu em nível de doutorado já consolidados no país. No Estado do Pará, tal necessidade era 
ainda maior, já que, até 2013, não havia na Região Norte, nenhum curso de pós-graduação em 
Geografia, em nível de doutorado. Porém, havia na região uma significativa demanda para a 
qualificação dos docentes que atuavam, sobretudo, nos cursos de Graduação em Geografia da 
Universidade Federal do Pará e da Universidade Estadual do Pará. Tal demanda tornou-se ainda 
mais relevante em decorrência da realização de concursos públicos pelas duas instituições nos 
últimos anos, tendo sido contratado um corpo docente jovem e que atua nas diversas unidades 
das duas instituições, as quais estão distribuídas em todo o território paraense. 
A realização deste DINTER em Geografia também se justificou: 
a) pela afinidade entre os temas das pesquisas dos docentes das duas instituições 
paraenses com as Linhas de Pesquisa do Programa de Doutorado da instituição promotora, no 
caso o Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNESP, Campus de Presidente Prudente; 
b) pelo intercâmbio já existente entre alguns docentes que compõem o corpo 
docente da UFPA, que foram alunos do Programa de Mestrado e Doutorado em Geografia 
na FCT-UNESP/Presidente Prudente; 
c) pelos vínculos já existentes entre essas instituições a partir dos Grupos de 
Pesquisa, sediados na UNESP, que contam com a participação de docentes da instituição 
receptora, e de Grupos de Pesquisa da UFPA, que contam com a participação de docentes da 
instituição promotora; 
d) pelos laços constituídos por meio de eventos, em que docentes da UNESP de 
Presidente Prudente participaram e colaboraram com as atividades da UFPA e vice-versa. 
14 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
A realização do DINTER poderá contribuir para o fortalecimento e consolidação do 
Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPA, com novas oportunidades de formação 
acadêmica para os estudantes e profissionais da região norte do país, seja no mestrado ou 
com a implantação do curso de doutorado, tendo em vista a titulação dos professores da 
UFPA e da UEPA. 
A titulação dos docentes, possibilitada pelo DINTER, certamente reforçará a 
capacidade de intervenção desses profissionais na realidade regional do Pará e favorecerá o 
estreitamento dos vínculos das Universidades participantes com a sociedade civil e com os 
poderes públicos nos níveis municipal, estadual e federal, ampliando ainda mais a 
importância das instituições por meio das suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. 
Para o Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP, esse DINTER 
também se revestiu de especial importância, em decorrência de ter propiciado a sua atuação 
mais direta na região amazônica, em especial no Estado do Pará, o que gerou novos temas e 
reforçou as linhas de pesquisa do programa. 
Nesse contexto, o DINTER teve como objetivos principais: 
- Qualificar parte do corpo docente dos cursos de Geografia da UFPA e da UEPA, da 
capital edo interior do Estado do Pará, contribuindo para o fortalecimento das atividades de 
pesquisa e para a formação de recursos humanos visando aprimorar o ensino em seus 
diferentes níveis; 
- Fortalecer as relações interinstitucionais já existentes entre a Faculdade de Ciências e 
Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/UNESP), Campus de Presidente Prudente, 
como promotora, e as Universidades Federal e Estadual do Pará, como receptoras; 
- Contribuir para a consolidação dos Grupos de Pesquisa, qualificando a formação docente; 
- Favorecer para a consolidação do Programa de Pós-Graduação em Geografia (Mestrado) 
na UFPA junto à CAPES; 
- Consolidar a interiorização dos cursos de licenciatura e bacharelado em Geografia 
nos municípios paraenses, tais como Altamira, Marabá, Cametá, entre outros, oferecidos 
pela UFPA e UEPA; 
- Aprofundar as pesquisas e reflexões sobre a dinâmica territorial da Região Norte 
com vistas a verticalizar as análises sobre o desenvolvimento regional sustentável no campo 
e na cidade, com respeito e valorização da diversidade sociocultural e dos diversos 
ecossistemas amazônicos; 
- Fortalecer a relação entre a UFPA e a UEPA, com vista a ampliação das atividades 
desenvolvidas em parceria, no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão universitária. 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 15 
A realização do DINTER em Geografia consolidou a parceria entre os Programas de 
Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP, Campus de Presidente Prudente, e da UFPA, e 
possibilitou a construção de novos vínculos com a UEPA. 
O Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT-UNESP, dado o caráter 
abrangente de sua área de concentração (Produção do Espaço Geográfico), pode acolher 
uma diversidade de temas e problemáticas que estão expressos nos oito (8) textos que 
compõem este livro. 
Realizado entre os anos de 2013 e 2017, o referido DINTER envolveu 
docentes/doutorandos da UFPA e da UEPA e professores do Programa de Pós-graduação em 
Geografia da UNESP – Campus de Presidente Prudente, muitos dos quais ministraram 
disciplinas no Estado do Pará e/ou na UNESP, Campus de Presidente Prudente. Além disso, 
muitos docentes realizaram trabalhos de campo com os docentes/doutorandos sob sua 
orientação em diversas localidades do Estado do Pará que se constituíam nos recortes 
territoriais das pesquisas. Os docentes/doutorandos, por sua vez, permaneceram na UNESP, 
Campus de Presidente Prudente, em diferentes etapas do curso de doutorado para cursar 
disciplinas e participar dos Seminários de Doutorado oferecidos pelo programa, bem como 
para se integrarem aos grupos de pesquisa que estruturam o Programa de Pós-Graduação 
em Geografia, vivenciando, assim, a Universidade e suas atividades acadêmicas. 
Os textos publicados no livro enfocam, sob diferentes perspectivas teórico-
metodológicas, diversos temas realizados à realidade do espaço geográfico amazônico e, em 
particular, do espaço geográfico paraense que se vinculam a diferentes processos que 
ocorrem em diversas escalas. Desvendar essa realidade, a partir das contribuições dos 
autores, é uma das possibilidades proporcionadas pelo DINTER. Esperamos que essa parceria 
tenha continuidade e seja fortalecida ao longo do tempo para que resulte em novos frutos 
de boa qualidade, como é o caso desta obra. 
 
 
Os Coordenadores e Organizadores 
Tupã-SP, 2017. 
 
 
 
16 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 17 
Capítulo 1 
 
 
ANÁLISE DA TEMPERATURA DOS ALVOS NA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE BELÉM-PA 
UTILIZANDO BANDAS TERMAIS 
 
José Edilson Cardoso Rodrigues2; Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Tendo consciência da complexidade e das dimensões dos estudos sobre o clima 
urbano na sociedade contemporânea é fundamental assegurar a reflexão da interação entre 
fenômenos climáticos e a paisagem, urbana a partir de um contexto do ambiente urbano. 
Na dimensão climática, fenômenos como ilhas de calor e mudanças de temperatura, 
passam a fazer parte do cotidiano da paisagem urbana. Esse processo é intensificado devido à 
grande concentração da população em áreas urbanas que resulta na alteração da ecologia das 
cidades. A urbanização, considerada em termos de espaço físico construído, altera 
significativamente a atmosfera próxima da superfície, proporcionando o aumento das 
superfícies de absorção térmica, impermeabilização do solo, alterações na cobertura vegetal, 
interferência nos efeitos dos ventos pelas concentrações de edifícios que interferem nos efeitos 
dos ventos, contaminação da atmosfera através da emissão de gases (LOMBARDO, 1985). 
Para Lombardo op cit, as atividades humanas nos espaços internos diferenciados, como 
parques, ruas, casas, indústrias e a configuração física da cidade contribuem para as alterações 
dos elementos do clima, sendo os mais evidentes a temperatura, a umidade e o vento. O 
desenho urbano pode ter fortes repercussões nas condições climáticas locais, levando em 
consideração a configuração dos edifícios, a extensão e densidade da área construída, as 
condições de sombra nas ruas, a distribuição de áreas verdes e espaços livres. Por meio dessa 
análise, pode-se obter uma correlação entre área construída e índices de temperatura. 
Por tudo isso, entender que a cidade modifica o clima, produz um aumento de calor, 
modifica a ventilação e a umidade em função de alterações processadas em sua superfície, 
requer a análise por meio de um referencial teórico como o Sistema Clima Urbano (SCU) que 
propicia o entendimento das relações entre os constituintes naturais com as ações antrópicas. 
 
2
 Professor, Doutor em Geografia da Faculdade de Geografia e Cartografia – FGCIFCH/UFPA, Brasil. Email: 
jecrodrigues@ufpa.br. 
3 Professora, Doutora em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia- FCT/UNESP. Email: mccta@fct.unesp.br 
18 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Contudo, dentro dessa discussão do clima urbano, a cobertura vegetal constitui-se 
em importante indicador de regulação do clima das cidades, porque exerce diversas funções 
geoambientais, amenizando as modificações de temperaturas ocasionadas pela 
impermeabilização do solo, poluentes lançados por veículos e indústrias, e pelos diversos 
usos já que as áreas urbanas encontram-se, também, em estágios variados de organização 
(SANT’ANNA NETO, 2011). 
O uso de técnicas de sensoriamento remoto, como ferramenta de apoio aos 
estudos do clima, principalmente pela utilização de imagens do infravermelho termal, 
permite o mapeamento da temperatura das superfícies urbanas considerado como ponto de 
partida para a análise de outros fenômenos do clima urbano. Além de imagens termais, 
outras de alta resolução são muito úteis para a elaboração de cartas de uso da terra, 
contribuindo assim, para a análise da estrutura e funcionalidade urbana para a identificação 
de áreas com maiores registros de temperaturas. 
É muito claro que as cidades têm causado uma indesejável alteração do clima local, 
onde a forma de ocupação e uso dos espaços urbanos pela sociedade substituem as formas 
naturais e superficiais em unidades artificiais, alterando os processos físicos e químicos da 
interface entre a litosfera e a atmosfera. Essas alterações foram observadas por Chandler: 
 
Através da substituição de campos por atividades agrícolas e áreas florestadas por 
construções de concreto, vidro e asfalto, o homem tem afetado os processos 
aerodinâmicos, térmicos, hidrológicos e a troca de massa que ocorrem na camada 
limite da atmosfera. Em consequência, as propriedades meteorológicas do ar 
dentro e imediatamente acima das áreas urbanas são profundamente alteradas 
para criar um tipo de distintivo climático local, o clima urbano. (CHANDLER,1976. 
p. 3 tradução nossa). 
 
Partindo do pressuposto de que o meio urbano causa alterações ou até mesmo cria 
tipos climáticos locais pela artificialidade da paisagem, então se pode considerar que o clima 
urbano é produto de um conjunto complexo constituído de inter-relações da atividade 
ecológica natural, associada aos fenômenos urbanos (HACK, 2002). 
Considerando que a composição da cidade modifica o clima em escala local, 
afetando outros elementos geográficos, os estudos clássicos de clima urbano focavam 
principalmente nas alterações que ocorriam na temperatura, na umidade do ar, na 
precipitação e no movimento do ar, observados no meio urbano. 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 19 
Para uma melhor compreensão, o conceito de clima urbano é construído em uma 
relação de alterações e modificações dos elementos do clima observados entre o meio 
urbano e o meio rural, sustentados pelo conceito de clima que segundo Chandler (1976), é 
uma consequência da profunda alteração das propriedades meteorológicas do ar 
imediatamente acima das cidades. Essas alterações relacionam-se com as características 
térmicas da superfície, a circulação de ar e a poluição atmosférica. 
Para Monteiro (1976), o clima urbano é também considerado uma síntese que 
compreende o clima de um determinado espaço terrestre e sua urbanização. É um 
mesoclima que está inserido no macroclima e que sofre, ao nível do solo, influências 
microclimáticas, provenientes dos espaços urbanos. 
Lombardo (1985) considera que o clima urbano é uma produção da ação ecológica 
natural, associada aos fenômenos urbanos, constituindo um conjunto bastante complexo. 
Para Sorre (2006), esta particularidade climática é, por sua vez, apenas um 
elemento das características geográficas, as quais compreendem, ainda, a forma do terreno, 
as águas, o mundo vivo. 
A preocupação com os estudos do clima urbano passou a ser relevante devido ao 
crescimento da população mundial nas áreas urbanas. Segundo o relatório da ONU (World 
Urbanization Prospects, 2014), há uma previsão de que 66% da população habitará os 
centros urbanos em 2050. 
 
Em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado de hoje, mais da 
metade da população mundial (54%) vive em áreas urbanas, embora ainda haja 
uma variabilidade substancial nos níveis de urbanização entre os países. As 
próximas décadas vão trazer ainda profundas alterações no tamanho e distribuição 
espacial da população global. A contínua urbanização e crescimento global da 
população são projetados para adicionar 2,5 bilhões de pessoas à população 
urbana em 2050. Ao mesmo tempo, a proporção da população mundial que vive 
em áreas urbanas deverá aumentar, atingindo 66 % em 2050. (World Urbanization 
Prospects, 2014, p. 2, tradução nossa). 
 
Esse crescimento da população no meio urbano provoca intensas e irreversíveis 
modificações na paisagem, alterando toda a ecologia das cidades, em especial onde o 
crescimento foi mais acelerado e sem planejamento adequado (Lombardo, 1985). Ainda 
segundo a autora além do adensamento populacional, essas grandes concentrações de 
áreas construídas, parques industriais, pavimentação asfáltica, associadas à 
concentração de poluentes, criaram condições para alterar modificações na baixa 
troposfera em ambiente urbano. 
20 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
As alterações no clima urbano são marcadas pelo alto índice de construções que 
substituem áreas arborizadas por espaços artificializados, produzindo grandes 
concentrações de poluentes e aumento de temperatura alterando toda a composição 
química da atmosfera, como considera Hobbs: 
 
Sempre que qualquer área de florestas ou campos é substituída por áreas 
construídas, as propriedades físicas e químicas da camada limite atmosféricas são 
alteradas, de modo que elementos como o fluxo de ar, a temperatura, precipitação, 
umidade diferem em áreas urbanas, em comparação com as áreas rurais. Não é só o 
ar poluído acima das cidades com uma mistura de sólidos, líquidos e gasosos, mas as 
temperaturas são geralmente mais elevadas do que no campo circundante, a 
precipitação tende a ser aumentada, pelo menos, na frequência e, por vezes, em 
quantidades, fortes ventos de ventilação são desacelerados e ventos fracos são 
acelerados. (HOBBS, 1980, p. 136, tradução nossa). 
 
A alta densidade de construções nas áreas urbanas com diversos tipos de 
materiais leva a mudanças nas superfícies, modificando claramente os saldos de radiação 
e, portanto, alterando o clima local. Para Barry e Chorley (1972); Lockwood (1974), os 
efeitos de estruturas urbanas são responsáveis por algumas categorias principais: 1. A 
produção de calor por mudanças no albedo da superfície da cidade e pela queima de 
combustíveis fósseis; 2. A modificação da composição atmosférica; 3. Alteração da 
configuração da superfície e rugosidade. 
Landsberg, (2006) considera que: 
 
A primeira, a produção de calor, é causada pela própria cidade, indo desde aquele 
proveniente do metabolismo da massa de seres humanos e animais ao calor liberado 
por tipos de residências e indústrias, ampliados nos anos recentes por milhões de 
motores de combustão interna em função do grande aumento de veículos 
motorizados. A segunda maior influência da cidade sobre o clima, frequentemente 
chegando muito longe das áreas densamente povoadas, é a alteração da composição 
da atmosfera, ocasionada pela a adição de material sólido inerte, gases e substâncias 
químicas ativas que são lançados na atmosfera. E a terceira, alteração na superfície, 
no caso extremo, uma floresta densa substituída por um complexo de substâncias 
rochosas, como pedra, tijolo e concreto; naturalmente, locais úmidos, como charcos 
e pântanos, são drenados e a rugosidade aerodinâmica é aumentada por obstáculos 
de variados tamanhos. (LANDSBERG, 2006, p. 96). 
 
 
O impacto resultante dessas mudanças sobre as condições climáticas das cidades 
tem causado transtornos em muitos casos. Na maior parte dos casos as mudanças afetam 
a temperatura, a circulação de ventos, a precipitação e a umidade. Essas alterações foram 
estudadas de forma separada por diversos autores (CHANDLER, 1965; OKE, 1979; 
LANDSBERG, 1981; HENDERSON-SELLER; ROBINSON, 1986; ESCOURROU, 1991), que 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 21 
apontaram, independente do tamanho, para o fato de que as cidades tendem a ser mais 
quentes do que os seus arredores afetando as trocas de radiação de onda curta e onda 
longa por poluição do ar, desencadeando diversas alterações nos outros elementos do 
clima que vão desde a microescala à mesoescala. 
Os estudos de Barry e Chorley (1972) apontam que as altas concentrações de 
misturas de gases antropogênicos na atmosfera das cidades reduzem a radiação de onda curta 
recebida e diminui a perda de radiação de ondas longas. Também, alteram a velocidade do 
vento, onde a média anual dentro das cidades é cerca de 20 a 30% menos do que a observada 
em áreas rurais. O resultado dessas mudanças no equilíbrio de calor e vento faz com que as 
cidades tendam a ser mais quentes do que as zonas rurais circundantes. 
O ambiente urbano apresenta uma mistura de prédios em vidro e concreto, 
residências, indústrias, ruas asfaltadas e calçadas que alteram o balanço de radiação solar. 
Todo corpo disposto sobre a superfície terrestre apresenta uma característica física 
denominada de albedo. O albedo expressa o poder refletor de um objeto ou superfície e é 
obtido pela relação entre a energia refletida e o total incidente, variando de zero (corpo 
negro) a um (espelho). A variabilidade do albedo pode ser explicada pelo uso da terra ou pela 
composição das superfícies. Isso faz com que ambientes urbanos sejam muito desconfortáveis 
termicamente devido a várias reflexões e emissividades entre as ruas e edifícios. 
A ação antrópica tem influência direta nos índices de albedo, retirando a vegetação, 
edificandocidades, pavimentando ruas e estradas. Essas intervenções causam possíveis 
acréscimos da temperatura no meio urbano. Estima-se que as grandes cidades que 
apresentam população com mais de um milhão de habitantes e com redução de áreas 
verdes e superfícies construídas, tendem a apresentar as temperaturas mais elevadas. A 
Cidade do México (México) e São Paulo (Brasil), cidades de países da América Latina, que 
apresentam grande incremento populacional, registraram 9°C e 12°C de temperatura, 
respectivamente, na década de 1980 (ESCORROU, 1991). 
Segundo Oke (1979), o calor antropogênico provocado pelo adensamento e 
verticalização das áreas urbanas é capaz de provocar alterações sobre o clima urbano local 
gerando camadas atmosféricas urbanas denominadas de urban canopy layer e urban 
boundary layer, termos usados para distinguir as camadas que podem apresentar dimensão 
altamente variável e também variação térmica (Figura 1). 
22 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
A camada atmosférica delimitada por Oke como “urban canopy layer” é considerada a 
mais quente de uma aglomeração urbana. A “urban boundary layer” ocupa um volume maior e 
é mais espessa, formando uma espécie de cúpula de calor que se desenvolve com o vento. 
 
Figura 1 - Representação esquemática da estrutura da atmosfera urbana que ilustra uma classificação de duas 
camadas de modificação térmica. 
 
Fonte: Oke, (1979, 2010). 
 
Esta representação de Oke busca sintetizar a estrutura da atmosfera acima da cidade, 
onde o vigor dessa mistura sobre a área urbana cria uma perturbação em forma de cúpula na 
inversão sobreposta. A causa exata do excesso de calor na atmosfera urbana é mostrada no 
Quadro 01, e resume os processos mais prováveis que podem alterar o balanço de energia, 
favorecendo a formação do fenômeno conhecido como ilhas de calor (OKE, 1979; 2010). 
 
Quadro 1 - Hipóteses das causas da ocorrência de ilha de calor urbano no âmbito do urban canopy layer e 
urban boundary layer. 
 
Urban Canopy Layer - Copa Ou Dossel Urbano Urban Boundary Layer- Camada Limite 
Calor antropogênico proveniente dos edifícios Calor antropogênico dos telhados e da 
aglomeração 
Maior absorção da radiação de ondas curtas devido ao efeito da 
geometria do canyon no albedo 
Entrada de ar quente resultante da ilha de calor 
na camada de cobertura urbana 
Redução da perda de radiação de ondas longas dos canyons devido 
à redução do seu sky view factor 
Queda do fluxo de calor sensível da camada 
estável de cobertura pela convecção de 
penetração 
Maior estocagem de calor diurno e liberação noturna, devido a 
propriedades térmicas dos materiais urbanos. 
Convergência do fluxo radiativo de ondas curtas 
no ar poluído 
Redução da evaporação devido à remoção da vegetação e à 
impermeabilização da superfície da cidade 
 
Redução da perda de calor sensível devido à queda da velocidade do 
vento na camada urbana 
 
 
Fonte: Oke (1979). 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 23 
Segundo Lombardo (1985); Oke (1987); Huang et al. (2008); Nóbrega e Vital (2010), 
as “ilhas de calor”, caracterizam-se pelo aumento da temperatura do ar nas cidades em 
relação às zonas menos urbanizadas ou circunvizinhas, podendo influenciar na saúde e no 
desconforto térmico que ultrapassa o limite tolerável pelos habitantes da cidade. 
Normalmente, ocorrem no centro das cidades, onde há uma grande concentração de 
construções de concreto, asfalto, pobres em vegetação, grande concentração de poluição do 
ar e o calor desprendido no processo de combustão, e de equipamentos elétricos 
considerados as principais variáveis envolvidas na alteração do balanço energético local. 
Os efeitos reais ou potenciais das elevadas temperaturas sobre a saúde da 
população são bastante preocupantes. Oke (1987) considera que o funcionamento bem 
sucedido de um organismo vivo depende da relação entre si e seu ambiente circundante. No 
caso de mudança de temperatura do ambiente de forma significativa, há tendência de baixar 
ou elevar a temperatura corporal, o que pode ser prejudicial para a saúde humana. 
Observar-se que os estudos sobre o clima urbano, com destaque para as ilhas de 
calor, abriram caminhos para discussões mais aprofundadas não só pela necessidade de 
adquirir conhecimento sobre os efeitos da urbanização no clima da cidade, mas para 
permitir também um entendimento prático e sistêmico. 
Segundo Monteiro (1976), a cidade é entendida como um sistema aberto por apresentar 
componentes urbanos que interagem fortemente uns com os outros e com a atmosfera. 
Essa interação ocorre principalmente com os componentes do sistema que são: a 
radiação solar, o meio físico e antrópico e elementos químicos, que estão conectados e 
agindo uns sobre os outros. 
O fluxo de energia emitida pelo sol, ao entrar em contato com o meio físico (água, 
solo, ar) e antrópico (prédios, concreto, asfalto, etc.), entendido também como subsistemas, 
será absorvida, transmitida e refletida (comprimentos de onda do infravermelho), definido-se 
como processos superficiais. O componente químico do sistema estará relacionado com as 
mudanças da quantidade de carbono e a entrada de outros gases que irão contribuir para o 
perfil da temperatura da atmosfera urbana. Esses componentes estarão interagindo tanto 
num período de tempo como em um determinado espaço geográfico urbano, caracterizando 
um fluxo de matéria e energia e nas transformações ocorridas nos subsistemas. 
24 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Dos canais de percepção sugeridos por Monteiro (1976), o conforto térmico é o 
Subsistema Termodinâmico, que associa a topografia do sítio urbano a diversos usos da terra, 
estrutura urbana (morfologia), funções e atividades urbanas (crescimento populacional, 
automotiva, industrial), efeito térmico (reflexão absorção, efeito estufa) e ausência de cobertura 
vegetal, condicionando o aumento de energia térmica espacial urbana. 
A modificação da temperatura pode causar interferência na precipitação, ventilação, 
umidade e ilha ou arquipélago de calor, que por sua vez propiciam efeitos diretos no conforto 
térmico, causando problemas no desempenho fisiológico, psicológico do indivíduo afetado. 
Uma das formas de observar as modificações na temperatura em ambiente urbano 
é através do uso de técnicas de sensoriamento remoto, principalmente pela utilização de 
imagens do infravermelho termal, dando grande contribuição ao mapeamento da 
temperatura das superfícies urbanas considerado como ponto de partida para a análise de 
outros fenômenos do clima urbano. 
De acordo com Jensen (2009), as paisagens urbanas são compostas por um 
conjunto de materiais como concreto, asfalto, metal, plástico, telhas, vidro, água, grama, 
vegetação, solo, entre outros dispostos de maneira bastante complexa pela sociedade. Esses 
atributos urbanos e periurbanos podem ser observados praticamente em qualquer banda na 
região do visível (verde, azul e vermelho) ou infravermelho. 
Usualmente os comprimentos de onda do visível são mais utilizados em 
sensoriamento remoto devido à possibilidade de distinguir os objetos da superfície terrestre, 
pela energia que emitem que variam do branco (quando refletem mais energia) ao preto 
(quando refletem pouca energia). Entretanto, a razão pela qual usamos instrumentos de 
sensoriamento para detectar a energia do infravermelho nessas regiões é porque a 
atmosfera permite que uma porção da energia infravermelha (Thermal InfraRed - TIR) seja 
transmitida do terreno para os sensores (SCHMUGGE et al., 2002 citado por JENSEN 2009). 
O comprimento de onda do infravermelho são ondas que estão fora do alcance da 
visão do ser humano e por meio do sensor remoto pode-se obter um conhecimento além da 
percepção visual humana onde a banda termal pode permitir medir espacialmente e de 
forma contínua a temperatura da superfície urbana, sendo muito útil para registrar-se o 
calor urbanoe efeitos de ilhas de calor (YANG, 2011). 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 25 
Rao (1972, citado por WENG 2009) foi o primeiro a avaliar a possibilidade de 
detecção de temperatura em áreas urbanas por meio de dados na faixa do infravermelho 
termal. Desde então, uma ampla gama de sensores TIR tem sido empregados para estudar a 
termodinâmica das cidades. 
Segundo Voogt e Oke (2003), a banda termal do sensoriamento remoto vem sendo 
usada em estudos de clima urbano para avaliar a ilha de calor através do tempo, 
classificação de cobertura da terra e troca de energia entre superfície urbana e a atmosfera. 
Entretanto, segundo os autores, o uso de bandas termais no estudo de climas urbanos, 
concentra-se principalmente sobre o efeito da ilha de calor urbana. 
Para Barbosa e Vecchia (2006), a utilização de dados de sensoriamento remoto 
captados na região do infravermelho termal permite a realização de estudos da característica 
térmica das diferentes tipologias de cobertura da terra pelo fornecimento de informações 
relativas à temperatura aparente da superfície (Land Surface Temperature – LST). 
O incremento nos valores de temperatura deve-se às condições particulares do 
meio ambiente urbano, seja por sua rugosidade, ocupação da terra, permeabilidade ou pelas 
propriedades físicas dos materiais constituintes (OKE, 1987). 
Informações de temperatura da superfície de distintos materiais urbanos como o 
concreto, o asfalto e o telhado, apresentam alta refletância na banda termal, por serem 
alvos com características físico-químicas diversificadas, constituindo uma assinatura 
espectral de acordo com a energia incidente. O concreto e o asfalto, materiais que compõem 
grande parte das áreas edificadas em ambientes urbanos, apresentam uma complexa 
mistura de diferentes elementos com propriedades químicas e físicas diferentes. Logo, toda 
a energia incidente é refletida ou absorvida, a qual, na região do infravermelho varia entre 
0,6 a 1,3 µm, por apresentar alta refletância, e a temperatura é um dos principais produtos 
resultantes da análise de bandas termais. 
Dos materiais urbanos, a vegetação proporciona uma interação onde o 
comportamento espectral está associado aos processos de reflectância, tramitância e 
absortância espectrais. Contudo a reflectância é o fenômeno mais analisando no infravermelho. 
Segundo Oke (1987), a estrutura celular tende a causar dispersão quase totalmente difusa. Isso 
resulta em partes quase iguais de radiação refletida e transmitida através da folha. 
26 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
A vegetação reflete o infravermelho porque a radiação de calor é muito alta e esse 
comprimento de onda não é útil para a fotossíntese, portanto, a sua rejeição é útil para 
compensar a carga de calor na folha. A alta emissividade em comprimentos de onda mais 
longa também ajuda a folha a lançar calor para o ambiente e manter as temperaturas das 
folhas moderada (OKE, 1987). 
Dentro do contexto da urbanização, a vegetação mediante a aplicação de técnicas de 
sensoriamento remoto inclui diferentes abordagens que se estendem desde o monitoramento 
da vegetação até o inventário da arborização por desempenhar um papel importante na 
moderna gestão de dados espacial urbana. A importância desses estudos está associada a 
muitos benefícios e aplicações que essa fonte de informação de dados pode detalhar, como o 
monitoramento de funções que a vegetação urbana apresenta, por exemplo, função climática, 
amenizando as temperaturas. 
Portanto, o sensoriamento remoto vem sendo considerado uma técnica que pode 
ter a função de agregar uma análise climática e ambiental em ambiente urbano. Proporciona 
também um levantamento minucioso promovendo análises e estudos de propriedade termal 
dos objetos e mapeamento da temperatura de superfície urbana. Contudo, pode ser 
utilizada, inclusive, para estudos de ilhas de calor em ambiente urbano, pois percebe-se que 
a urbanização, tanto em termos quantitativos como qualitativos, representa um importante 
indicador na mensuração da qualidade ambiental e da vida urbana. 
 
A relevância da pesquisa e localização da área de estudos. 
 
As mudanças nos padrões de temperaturas médias ou máximas na cidade Belém do 
Pará vêm aumentando significativamente nos últimos trinta anos. Lugares pobres em vegetação 
alcançam temperaturas superiores àquelas áreas com maior cobertura da vegetação. 
As variações de temperatura entre os distritos e os bairros da Primeira Légua estão 
relacionadas não só com a presença ou ausência de cobertura vegetal, mas também pela 
diferenciação da urbanização e dos padrões de uso da terra que cada setor da cidade apresenta. 
A paisagem urbana de Belém não reflete apenas a segregação espacial ou social, mas 
expressa áreas com diferenciações climáticas. As intervenções no meio físico pela expansão 
da mancha urbana e pela crescente concentração da população eleva o grau de situações 
como o aumento da temperatura do ar que é prejudicial à sociedade. 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 27 
Neste sentido, analisou-se a série histórica da temperatura dos alvos na área 
Central da cidade de Belém durante o período de 1987 a 2013, utilizando-se produtos do 
sensoriamento remoto e dados meteorológicos, correlacionando-os com as mudanças nos 
padrões de cobertura vegetal. 
A área central, que forma a Primeira Légua Patrimonial, onde esta pesquisa foi 
realizada, é formada por três distritos: o Distrito Administrativo de Belém (DABEL), o 
Distrito Administrativo da Sacramenta (DASAC) e o Distrito Administrativo do Guamá 
(DAGUA). Além deles, também fazem parte do estudo o bairro Universitário onde está 
localiza Universidade Federal do Pará (UFPA) que pertence ao Distrito Administrativo do 
Entroncamento (DAENTE) (Figura 2) e 21 bairros (A Primeira Légua Patrimonial é formada 
pelos bairros Cidade Velha, Campina, Reduto, Umarizal Telégrafo, Sacramenta, Pedreira, 
Marco, Fátima, Nazaré, São Brás, Canudos, Montese (Terra Firme), Batista Campos, 
Cremação, Jurunas, Condor, Guamá, Universitário, Barreiro e Miramar). A área da Primeira 
Légua Patrimonial está delimitada pelas coordenadas de 1º 24’ 26” e 1º 28’ 46” de latitude 
sul e 48º 26’ 38” e 48º 30’ 26” de longitude oeste (Figura 2). 
 
Figura 2 - Mapa da Primeira Légua Patrimonial de Belém e seus respectivos Distritos Administrativos e bairros. 
 
 
Fonte: Base Cartográfica Imagem IKONOS (2006), projeção UTM, Datum SAD69. (Org.) RODRIGUES, J. E. C. (2015). 
Localização da Légua no 
município de Belém 
28 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
MATERIAL E MÉTODO 
 
Além da revisão de parte da literatura que trata da geração do clima urbano, 
particularmente no que se refere às ilhas de calor, realizou-se um conjunto de procedimento 
que serão aqui apresentados. 
Para a elaboração de uma série de cartas das temperaturas intraurbanas da 
superfície da área de estudo, foram utilizados produtos de sensoriamento remoto como 
imagens de satélites do Landsat 5 (canal do infravermelho termal que correspondem a 
banda 6) dos anos de 1987, 1990, 1995, 2000 e 2006) e a banda 10 infravermelho termal do 
satélite Landsat-8 (ano 2013). Isso com a finalidade de observar-se a variação de 
temperatura dos alvos a partir do recorte temporal de 1987 a 2013. 
A coleta de dados climáticos foi feita a partir da Estação Meteorológica oficial de 
monitoramento do clima regional do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a fim de 
comparar com os resultados das temperaturas dos alvos 
Para a elaboração dos mapas temáticos de uso da terra foi realizado levantamento 
da base cartográfica e produtos de sensoriamento remoto como imagens de satélites do 
IKONOS (2006) e Fotografias Aéreas (2013). 
 
Obtenção da temperatura dos alvos da Primeira Légua Patrimonial de Belém 
 
As cartas de temperaturas da superfície da Primeira Légua da cidade de Belém 
foram obtidas pormeio de sensoriamento remoto, com a utilização das bandas 6 termal do 
sensor Thematic Mapper (TM), resolução espacial de 120m, da série de satélites Landsat 5 e 
banda 10 no Landsat 8 com resolução espacial de 100m, tratada e disponibilizada com 30m. 
Os procedimentos para a obtenção das temperaturas em Celsius (°C), a partir das 
imagens termais, foram realizados no aplicativo IDRISI versão Taiga, com a utilização de 
parâmetros fixos de conversão de níveis de cinza da imagem (NC) para radiância, depois para 
temperatura Kelvin e finalmente para Celsius. Esse procedimento de conversão dos níveis de 
cinza para radiância ocorre com a utilização da equação 01 como demonstra Lima e Amorim 
(2011), executada no programa IDRISI: 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 29 
Equação 01 – Fórmula aritmética para obter conversão dos níveis de cinza para radiância no 
programa IDRISI. 
 
L λ = ((lmax λ - λ Lmin) / (QCALMAX QCALMIN)) * (QCALMIN-QCAL) + Lmin λ 
 
L λ - Radiância espectral em sensor de abertura de em Watts 
QCAL - Valor quantizado calibrado pixel em DN 
Lmin λ - Radiância espectral, que é dimensionado para QCALMIN em Watts = 0.000 
LMax λ - Radiância espectral, que é dimensionado para QCALMAX = 15.303-L5 / 22.001-L8 
QCALMIN - O mínimo valor quantizado calibrado pixel (correspondente a Lmin λ), em DN = 1 
QCALMAX - Máximo valor quantizado calibrado pixel (correspondente a LMax λ) no DN = 255 
 
Após a conversão dos níveis de cinza em radiância, foi aplicada a equação de 
conversão dos valores em temperatura Kelvin (Equação 02). O Cálculo de radiância espectral 
é o passo fundamental na conversão de dados de imagem de vários sensores em uma escala 
radiométrica comum fisicamente significativa (CHANDER et al., 2009). 
 
Equação 02 - Fórmula aritmética para obter conversão da radiância para temperatura Kelvin 
no programa IDRISI. 
 
 
 
 
 
T = Temperatura efetiva no satélite em Kelvin; 
K2 = Constante de calibração 2, (1.260,56 – L5 / 1.321,08 - L8). 
K1 = Constante de calibração de 1, (607,76 - L5 / 774,89 - L8). 
L = Radiância espectral, em Watts. 
 
Os valores utilizados nas equações 01 (Lmin λ, LMax λ, QCALMIN, QCALMAX) e 02 
(K1, K2) são disponibilizados pelo arquivo metadados de cada imagem Landsat que podem 
se alterar em função do tipo de sensor. 
Para a geração da grade de temperatura da superfície em Celsius (°C), os valores de 
temperatura Kelvin gerados a partir da equação 3, foram subtraídos do valor 273,15. Valor 
utilizado na conversão de temperatura de Kelvin para Celsius. 
T = 
In 
K2 
K1 
L λ 
+1 
30 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Elaborada a imagem em Celsius (°C), o último passo foi gerar imagem de diferença 
de temperatura dos alvos, que consistiu em subtrair a menor temperatura registrada na 
imagem pela própria imagem. 
A série temporal foi tomada no mesmo período de transição da estação mais 
chuvoso para o período menos chuvoso (maio, junho, julho e agosto) dos anos analisados e 
sobre o mesmo local e hora (Quadro 2) e em dias sem nebulosidade, pois as nuvens 
interferem no reconhecimento e na interpretação da temperatura dos alvos. 
 
Quadro 2 - Dados temporais das imagens Landsat utilizadas na interpretação da temperatura dos alvos. 
 
Ano Satélite Banda Data da Imagem Hora local de aquisição 
Dia Mês Ano 
1987 Landsat 5 Banda 6 Termal 17 05 1987 12hs 47min. 
1990 Landsat 5 Banda 6 Termal 25 05 1990 12hs 43min. 
1995 Landsat 5 Banda 6 Termal 10 07 1995 12hs 28min. 
2000 Landsat 5 Banda 6 Termal 05 06 2000 12hs 59min. 
2006 Landsat 5 Banda 6 Termal 09 08 2006 13hs 16min. 
2013 Landsat 8 Banda 10 Termal 27 07 2013 13hs 24min. 
 
Fonte: produção do próprio autor, 2016. 
 
A coleta de dados climáticos foi feita também a partir da Estação Meteorológica 
oficial de monitoramento do clima regional do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), 
utilizados para comparar com as temperaturas dos alvos. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
A Primeira Légua Patrimonial concentra a metade da população da cidade de 
Belém. A ausência de uma rede fixa de monitoramento e de coleta de dados meteorológicos 
dificulta algumas análises principalmente na escala do clima intraurbano. A série temporal e 
espacial de temperatura dos alvos pode ser adquirida por meio das imagens do satélite 
Landsat. Assim, foi possível obter um diagnóstico das características da temperatura em 
alguns episódios da área central da Primeira Légua Patrimonial por um período 1987 a 2013. 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 31 
Breve caracterização do clima da cidade de Belém-PA 
 
A cidade de Belém apresenta clima quente e úmido, com precipitação média anual 
alcançando os 2.500 a 3.000 mm. A temperatura média gira em torno de 25ºC, entre 
fevereiro e março e acima de 26ºC, entre outubro e novembro. Devido aos altos valores de 
energia que incidem na superfície, as características da temperatura do ar mostram uma 
pequena variação ao longo do ano na cidade de Belém (PA), marcada por duas estações bem 
definidas: um período mais chuvoso, com temperaturas amenas; e um período menos 
chuvoso, com temperaturas mais elevadas. 
Segundo a classificação do IBGE, Belém está em uma Zona Climática Equatorial 
quente superúmido, sem seca, e que se caracteriza por elevadas temperaturas, umidade, 
nebulosidade e precipitação o ano todo. 
Os índices térmicos anuais resultam do fato de que durante todo o ano as 
temperaturas se mantêm mais ou menos elevadas, destacando–se os meses de setembro, 
outubro e novembro, períodos nos quais as médias mensais elevam-se acima dos 26ºC. 
Porém, a partir de dezembro, a temperatura apresenta leve queda, tendo seu menor índice 
entre os meses de fevereiro e março. Então, os meses de setembro a novembro (tendo 
novembro seu ápice) são os meses mais quentes e janeiro a março constituem os meses com 
temperaturas mais amenas. 
Essa característica anual da temperatura está relacionada com a alta umidade que a 
região apresenta (em torno de 80% durante todo o ano) e da intensa nebulosidade que 
deixa o céu encoberto parcial e totalmente a partir de meados de dezembro, estendendo-se 
até o final de abril e início de maio. Nesses meses, não se registram máximas diárias 
excessivas (NIMER, 1977). 
Essa alta nebulosidade reduz a radiação direta e consequentemente ameniza a 
temperatura. Além da alta nebulosidade, tem-se também, atuando na redução da 
temperatura nos meses janeiro a maio, os altos índices pluviométricos. Segundo Nimer 
(1977), Belém apresenta o domínio climático mais chuvoso do Brasil, ou seja, o maior total 
pluviométrico anual com excedente que pode atingir os 3.000mm anuais (Gráfico 1). 
 
32 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
24,8
25
25,2
25,4
25,6
25,8
26
26,2
26,4
26,6
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Te
m
p
er
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u
ra
 o
C
 
P
re
ci
p
it
aç
ão
 (
m
m
) 
Meses 
Precipitação (mm)
1961 a 1990
Temp. Média (°C)
1961 a 1990
Gráfico 1 - Normais climáticas (1961-1990) da precipitação e temperatura da cidade de Belém-Pará. 
 
 
Fonte: INMET, 2016. 
 
 
Nos períodos de primavera-verão, a fraca nebulosidade permite o aquecimento solar 
da superfície, elevando a temperatura como já demonstrado no gráfico 01. 
Além da nebulosidade e precipitação, outro elemento local que governa o curso 
diurno da temperatura é o vento, por meio da direção e velocidade, assim como o relevo, a 
altitude e a natureza do solo. Quanto mais seco e calmo forem os ventos predominantes, 
quanto mais plana for a topografia, quanto mais baixa for a altitude do lugar, quanto mais 
construído, impermeável for o solo, quanto menor for a cobertura por vegetação arbórea, 
maior será a amplitude térmica diária (NIMER, 1977). 
No caso da área central da cidade de Belém, o relevo plano e a altitude baixa, a 
natureza do solo densamente construído, áreascom pouca cobertura vegetal, favorecem o 
aumento da amplitude térmica diurna e a intensa radiação noturna. Entretanto, os sistemas 
de baías (Guajará) e rios (Guamá) que margeiam a cidade, os ventos alísios, a forte 
nebulosidade durante grande parte do ano e algumas áreas vegetadas agem em sentido 
contrário, porém não é o suficiente para amenizar a temperatura do ar da cidade de Belém, 
uma vez que, nas últimas décadas, vem registrando gradual elevação. 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 33 
 Análise temporal da temperatura do ar para a cidade de Belém-PA 
 
Belém apresenta uma temperatura média mensal mínima de 25,4ºC, entre os meses 
de fevereiro e março, e máxima de 26,5ºC, em novembro, segundo Costa e Mattos (2000). 
Analisando a temperatura média da cidade de Belém, a partir do final das décadas 
de 1970 até 2015, constatou-se que a temperatura média vem apresentando uma tendência 
de crescimento ao longo das décadas, como demonstra o gráfico de evolução de 
temperatura média da cidade de Belém (Gráfico 2). 
 
Gráfico 2 - Evolução da temperatura média anual da cidade de Belém-Pa. 
 
 
Fonte: INMET, 2016 
 
 
Analisando a série histórica da temperatura média, a partir de 1978 até 2015, 
observou-se que, em 1978, registrava-se 26,9ºC. A partir do ano de 1979, foi acima dos 
27ºC, e, em 1982, registrou queda para 26,9ºC. Em 1983, subiu novamente acima dos 27ºC. 
Entre os anos de 1984 a 1986, a temperatura média ficou em torno de 26ºC, contudo, a 
partir de 1987, a cidade de Belém passou a registrar alta que atingiu os 27ºC. 
Em 1998, observou-se que a temperatura média passou a ter registro acima dos 
28ºC, e até 2015 oscilou entre 27ºC e 28ºC. Do menor registro de 26,4ºC, feito em 1985, 
para o maior registro médio de 28,4ºC, feito em 2010, houve uma amplitude térmica média 
anual de 2°C na temperatura em um período de quase 40 anos, para a cidade de Belém-PA. 
25,0
25,5
26,0
26,5
27,0
27,5
28,0
28,5
29,0
1
97
8
1
98
0
1
98
2
1
98
4
1
98
6
1
98
8
1
99
0
1
99
2
1
99
4
1
99
6
1
99
8
2
00
0
2
00
2
2
00
4
2
00
6
2
00
8
2
01
0
2
01
2
2
01
4
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u
ra
 °
C
 
Ano 
Temperatura Média
34 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
As temperaturas médias ao longo dos meses vêm apresentando um ritmo nas 
variações, evidenciando uma sazonalidade dividida em dois períodos muito bem definidos, 
como já citados anteriormente, sendo um período muito chuvoso (janeiro a maio) e um 
período menos chuvoso (julho a novembro). Entre os meses mais chuvosos até 1986, 
registravam-se temperaturas mínimas de 25ºC, principalmente nos meses de fevereiro e 
máximas de 28ºC, em novembro, considerado o mês menos chuvoso do período de estiagem. 
A partir de 1987, não houve mais registros de temperatura mínima de 25ºC. Passou 
a ser registrada 26ºC (janeiro, fevereiro e março). No entanto, em novembro desse mesmo 
ano os primeiros registros de temperatura máxima foram de 29ºC (novembro). Portanto, a 
cidade de Belém começou a apresentar modificações em suas temperaturas médias, tanto 
na mínima quanto na máxima. 
Entre os anos de 1988 até 1994, as temperaturas médias oscilaram entre mínima de 
26ºC e máxima de 28ºC, tendo essas médias alteradas a partir de 1995, quando apareceram 
os registros de temperatura máxima de 29ºC, diminuindo os registros de temperatura 
mínima de 26ºC. 
A partir de 2013 até 2015, não se tem mais registros de temperatura mínima abaixo 
de 26ºC. Atualmente, a temperatura mínima em média é de 27ºC, registrada em fevereiro e 
máxima, com registro em novembro de 2014, marcando os 30ºC. Valor este repetido em 
outubro de 2015 (Tabela 01). 
Portanto, o que se observa é que gradativamente as temperaturas mínimas e máximas 
vêm sofrendo modificações ao longo dos anos. Na tabela 01, são indicados os anos em que as 
temperaturas mudaram. Assim, a partir de 1995 Belém começou a apresentar registros de 
evolução crescente da temperatura, equivalente a 29ºC, sendo que em 2010, foram sete meses 
com registro de temperatura de 29ºC, entre os meses de maio e novembro. 
As temperaturas médias, máximas e mínimas permitem observar que, dentro de 
um ciclo sazonal, os meses que apresentam as temperaturas mais baixas na cidade de Belém 
são os meses de fevereiro e março; e as mais altas ocorrem nos meses de outubro e 
novembro (Tabela 1). 
 
 
 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 35 
Tabela 1 - Temperatura média mensal da cidade de Belém (1978 – 2015). 
 
 
Ano/ 
Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 
Média 
anual 
1978 27 26 26 27 27 27 27 27 27 28 27 26,9 
1979 26 26 26 27 27 27 27 27 28 28 28 27 27,0 
1980 26 25 26 27 28 27 27 27 28 28 28 28 27,1 
1981 26 27 27 28 27 27 27 28 28 28 28 27 27,3 
1982 26 26 26 26 27 27 27 27 27 28 28 28 26,9 
1983 28 27 27 28 28 28 27 28 28 28 28 27 27,7 
1984 26 25 26 26 26 27 27 27 27 28 28 27 26,7 
1985 25 25 26 26 26 27 27 27 27 28 27 26 26,4 
1986 26 25 26 26 27 27 27 28 27 28 28 27 26,8 
1987 26 26 26 27 28 28 28 28 28 28 29 28 27,5 
1988 26 27 26 26 27 28 28 28 28 28 27 27 27,2 
1989 27 26 26 26 27 27 28 28 28 28 28 27 27,2 
1990 27 26 27 27 28 28 27 28 28 28 28 28 27,5 
1991 26 26 26 26 27 28 28 28 28 27 28 28 27,2 
1992 27 26 26 27 28 28 27 27 28 28 28 28 27,3 
1993 26 26 26 26 28 28 27 27 28 27 28 28 27,1 
1994 27 26 26 27 27 28 28 28 28 28 28 28 27,4 
1995 27 26 27 27 27 28 28 29 29 28 28 27 27,6 
1996 26 26 26 27 27 28 28 28 28 28 28 28 27,3 
1997 27 27 27 27 28 28 28 28 29 29 29 28 27,9 
1998 27 28 28 29 29 28 28 29 29 29 28 28 28,3 
1999 27 27 27 27 27 28 28 29 28 28 29 28 27,8 
2000 27 26 26 27 28 28 28 28 28 28 29 27 27,5 
2001 26 26 26 27 28 28 28 28 28 29 29 29 27,7 
2002 27 27 27 27 28 28 28 29 29 28 28 28 27,8 
2003 27 26 27 27 28 29 29 29 29 29 29 28 28,1 
2004 27 26 27 28 29 28 28 28 28 29 29 28 27,9 
2005 28 27 27 28 28 29 29 29 29 29 29 28 28,3 
2006 28 27 27 27 27 28 29 29 29 29 28 28 28,0 
2007 28 26 27 27 28 28 28 28 29 28 28 27 27,7 
2008 26 26 26 27 27 28 28 29 29 29 29 29 27,8 
2009 27 26 27 27 27 28 29 28 29 29 29 28 27,8 
2010 27 28 28 27 29 29 29 29 29 29 29 28 28,4 
2011 26 26 27 27 28 28 28 29 29 29 29 28 27,8 
2012 27 26 27 27 28 28 28 29 29 29 29 28 27,9 
2013 28 27 28 28 28 29 28 29 29 28 28 28 28,2 
2014 27 27 27 28 28 28 28 29 29 29 30 29 28,3 
2015 28 28 27 27 28 28 28 29 29 30 29 28 28,3 
 Período mais chuvoso Período menos chuvoso 
Min. 25,0 25,0 26,0 26,0 26,0 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 27,0 26,0 
Med. 26,7 26,3 26,6 27,0 27,6 27,9 27,8 28,1 28,3 28,3 28,4 27,7 
Max. 28,0 28,0 28,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 30,0 29,0 
 
Fonte: INMET, 2016. 
 
 
 
36 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Análise temporal da temperatura na cidade de Belém-PA utilizando bandas termais 
 
Uma das formas de se investigar alterações na temperatura da cidade de Belém ao 
longo de vários anos é com o emprego de técnicas de sensoriamento remoto, por meio do uso 
de imagens do infravermelho termal. Uma das vantagens dessa técnica é a possibilidade de 
detectar e visualizar as características térmicas dos objetos que constituem o meio urbano. 
Segundo Jardim (2010), Lima e Amorim (2011), as imagens de satélites produzidas 
na faixa termal são sensíveis à radiação, sendo possível monitorar as características das 
temperaturas dos alvos superficiais da paisagem, o que auxilia na compreensão da 
produção de seu clima urbano. 
Para a obtenção e verificação das características da temperatura dos alvos da área 
central da cidade de Belém, foram analisadas imagens na faixa do infravermelho termal dos 
satélites Landsat 5 e 8, entre os anos de 1987, 1990, 1995, 2000, 2006 e 2013. A série 
temporal foi tomada no mesmo período de transição da estação mais chuvosa para a menos 
chuvosa (maio, junho, julho e agosto), dos anos analisados, sobre o mesmo local e hora 
(Quadro 3), em dias sem nebulosidade, pois asnuvens interferem no reconhecimento e na 
interpretação da temperatura dos alvos. 
 
Quadro 3 - Dados temporais das imagens Landsat utilizadas na interpretação da temperatura dos alvos. 
 
Ano Satélite Banda Data da Imagem Hora local de aquisição 
Dia Mês Ano 
1987 Landsat 5 Banda 6 Termal 17 05 1987 12hs 47min. 
1990 Landsat 5 Banda 6 Termal 25 05 1990 12hs 43min. 
1995 Landsat 5 Banda 6 Termal 10 07 1995 12hs 28min. 
2000 Landsat 5 Banda 6 Termal 05 06 2000 12hs 59min. 
2006 Landsat 5 Banda 6 Termal 09 08 2006 13hs 16min. 
2013 Landsat 8 Banda 10 Termal 27 07 2013 13hs 24min. 
 
Fonte: produção do próprio autor. 
 
Os mapas desenvolvidos a partir das imagens termais, primeiramente, 
possibilitaram averiguar e interpretar a diferença da temperatura dos alvos a partir dos 
pontos mais quentes e dos pontos mais frios, dentro dos limites da Primeira Légua 
Patrimonial. Isso, posteriormente, contribuiu para uma análise temporal das características 
da temperatura dos alvos (Figura 3). 
 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 37 
Figura 3 – Diferença das temperaturas dos alvos da Primeira Légua Patrimonial nos anos de 1987, 1990, 
1995, 2000, 2006 e 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Imagens Landsat 5 banda 6 (1987, 1990,1995, 2000 e 2006) e Landsat 8 banda 10 (2013). 
Sistema de Projeção UTM Datum SAD 69. 
Organização: Rodrigues, 2016 – Laboratório Geocartografia/UNESP. 
38 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Considera-se o ponto mais frio como sendo o “0” (zero), definido como ponto de 
referência, representado por áreas bastante florestadas, como o “cinturão verde”, 
estendendo-se de Norte a Sudeste, acompanhando os limites da Primeira Légua, formados 
por Áreas Institucionais (Federais, Estaduais, Militares) e rios que margeiam a área central da 
cidade ao sul e oeste. 
Em todas as datas estudadas, observa-se que, para a maior parte da área sob 
análise, tomando como ponto de referência as áreas vegetadas, que indicam os pontos mais 
frios, nota-se, nitidamente, que as temperaturas dos alvos sofreram oscilações. 
No ano de 1987, áreas como os bairros do Reduto e da Campina, apresentavam uma 
diferença de 8°C de temperatura em relação às áreas com pontos mais frios (áreas arborizadas); 
seguidos dos bairros do Jurunas, Cidade Velha, Cremação, Umarizal, Canudos e Marco com 
diferença de 7°C em relação aos pontos mais frios. Nos bairros mais arborizados como Nazaré, 
Batista Campos, São Brás, Barreiro, Montese, Universitário e Miramar, a diferença era de 5°C em 
relação aos pontos mais frios. Os demais bairros Condor, Guamá, Fátima, Telégrafo, Sacramenta 
e Pedreira apresentaram diferença de 6°C em relação aos pontos considerados zero. 
Assim, a diferença de temperatura dos alvos dos bairros com maior arborização 
(Nazaré, Batista Campos, São Brás, Barreiro, Montese, Universitário e Miramar) foi de 3°C 
menor que os alvos dos bairros do Reduto e Campina; 2°C que a temperatura dos alvos dos 
bairros do Jurunas, Cidade Velha, Cremação, Umarizal, Canudos e Marco; e 1°C, em relação 
aos alvos dos bairros Condor, Guamá, Fátima, Telégrafo, Sacramenta e Pedreira. 
Em 1990, as temperaturas dos alvos apresentaram modificações em virtude de ter 
sido um ano de influência do El Niño de forte intensidade, que ocasionou a diminuição da 
precipitação, sendo, portanto, o responsável pelo aumento das temperaturas dos alvos. O 
bairro do Reduto apresentou alguns pontos com 9ºC, porém grande parte dos alvos do 
bairro, assim como Cidade Velha, Campina, Pedreira, Marco e Canudos apresentaram 8ºC de 
diferença em relação às áreas com pontos mais frios. 
Os bairros do Jurunas, Condor, Cremação, Fátima, Umarizal, Telégrafo e Sacramenta 
apresentaram 7ºC de diferença. Guamá e Batista Campos, parte dos alvos, apresentaram 
entre 7ºC e 6ºC de diferença. São Brás e Montese apresentaram, em parte de suas 
superfícies, diferenças de temperatura entre 7ºC e 5ºC em relação aos pontos mais frios. 
Os bairros de Nazaré e Barreiro apresentaram uma diferença de 6ºC em relação aos 
pontos mais frios, porém Nazaré, mais arborizado, apresentou 1ºC a mais do que no ano de 1987. 
A geografia do Pará em múltiplas perspectivas - 39 
Por fim os bairros de Miramar e Universitário mantiveram 5ºC, sendo esta a menor 
diferença entre os pontos mais frios em relação aos demais bairros. 
Em 1995, as temperaturas dos alvos oscilaram entre 2ºC e 7ºC de diferença em 
relação aos pontos mais frios da imagem. A diferença de 2ºC foi registrada no bairro de 
Miramar, e o valor 7ºC foi registrado no bairro do Reduto. Os bairros de Nazaré, Barreiro, 
Universitário, Parte de Batista Campos e São Brás, apresentaram uma diferença de 4ºC. 
Condor, Cremação, Fátima, Umarizal, Telégrafo, Guamá, Canudos, Montese, Marco, 
Pedreira, Sacramenta, registraram 5ºC de diferença. Enquanto Campina, Cidade Velha e 
Jurunas apresentaram 6ºC de diferença em relação aos pontos mais frios. 
Para o ano de 2000, as diferenças de temperatura dos alvos ficaram entre 4ºC, 
registrado nos bairros de Miramar e Universitário; e 10ºC no Reduto e Campina. Apenas o 
bairro de Nazaré registrou 6ºC de diferença. Nos demais bairros, como Condor, Cremação, 
Fátima, Umarizal, Telégrafo, Guamá, Canudos, Montese, Marco, Pedreira, Sacramenta, 
Cidade Velha, Jurunas, Barreiro, Batista Campos, São Brás, a diferença ficou entre 7ºC e 8ºC. 
O ano de 2006 foi um dos anos analisados que apresentou maiores diferenças de 
temperatura dos alvos da área central, também sob influência de El Niño, porém, de 
intensidade fraca, mas que proporcionou diminuição da precipitação, contribuindo para o 
amento da temperatura dos alvos. Nesse ano, quase todos os bairros, como Barreiro, 
Sacramenta, Telégrafo, Pedreira, Marco, Umarizal Fátima, São Brás, Canudos, Montese, 
Guamá, Cremação, Condor, Jurunas, Cidade Velha e Campina apresentaram diferenças 
entre 10ºC e 11ºC em relação aos pontos mais frios. O bairro de Nazaré apresentou 
diferença de 7º. Apenas os bairros Universitário e Miramar apresentaram 5ºC de diferença 
em relação aos pontos mais frios. 
Ao contrário de 2006, em 2013 os alvos apresentaram diferenças de temperatura 
baixas. Quase todos os bairros apresentaram diferenças de 5ºC. Nazaré, Batista Campos e 
São Brás apresentaram diferença de 3ºC e 4ºC. Universitário e Miramar registraram 2ºC e 
1ºC, respectivamente. Apenas os bairros da Pedreira e Reduto apresentaram 6ºC e 7ºC, 
respectivamente de diferença em relação aos pontos mais frios. 
Na análise temporal das imagens termais, verificou-se que, apenas os bairros de 
Nazaré, Miramar, Universitário, parte de Batista Campos e de São Brás sempre 
apresentaram temperaturas dos alvos abaixo dos demais bairros, motivado pela presença de 
vias arborizadas (Nazaré, Batista Campos e São Brás) (Figura 4), parques como o Museu 
Paraense Emilio Goeldi e Parque da Residência (São Brás), áreas de reservas (Miramar) e de 
preservação como APA de Belém (Universitário), que se encontram nos respectivos bairros. 
40 – Natureza, Urbano, Rural e Cultura 
 
Figura 4 - (A) Praça Batista Campos; (B) Avenida Nazaré (Bairro Nazaré). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Acervo do autor. 
 
Por outro lado, os b airros do Reduto e da Campina foram os que apresentaram os 
maiores valores de temperatura dos alvos, por apresentarem pouca arborização e pela sua 
localização a sudoeste da cidade, estando a sotavento da verticalização que se impõe como 
barreira artificial em relação à circulação e direção dos ventos de nordeste. 
Alguns bairros como Marco e Guamá, que sempre apresentaram alvos com 
temperaturas mais elevadas, também apresentaram pontos mais frios, estando este fator 
relacionado às áreas vegetadas, como o bosque Rodrigues Alves, localizado mais ao norte do 
bairro do Marco, e o cemitério Santa Isabel, localizado a noroeste do bairro do Guamá (Figura

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