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DOR ABDOMINAL 1 ✅ DOR ABDOMINAL Aluna STHEFANY MOREIRA Data criação Disciplina INICIAÇÃO AO EXAME CLÍNICO CONSIDERAÇÕES INICIAIS Queixa mais comum na gastroenterologia Associada a agressão tecidual de um ou mais órgãos da cavidade abdominal, parede abdominal ou distúrbios funcionais do aparelho digestivo A sensação de dor decorre da interação de fatores objetivos (fisiopatológicos) e fatores subjetivos (psicossocial) → importante identificar tanto os fatores objetivos quanto os subjetivos! Os determinantes fisiopatológicos guardam relação com o tipo de órgão atingido, intensidade do estímulo, com as vias neurológicas e com a integridade das áreas cerebrais envolvidas na interpretação da mensagem dolorosa CAUSAS Aumento da tensão da mm lisa da parede dos órgãos ocos (espasmo ou distensão) → exemplos: estômago, vias biliares, intestino Aumento da tensão produzido pelo edema e congestão vascular secundária a reação inflamatória da parede da víscera Rápida distensão da cápsula de órgãos sólidos ou parenquimatosos → exemplos: fígado, baço, rins Isquemia do intestino Sangue ou urina livre em cavidade (causado por rupturas) TIPOS DE DOR DOR VISCERAL Acometimento do peritônio visceral Os neurônios viscerais não são mielinizados produzindo "dor lenta" de localização imprecisa. O córtex recebe a informação de ambos os lados e com isso tem dificuldade de localizar a dor precisamente Características: June 17, 2021 839 AM DOR ABDOMINAL 2 Insidiosa; Mal definida (cólica, queimação, roedura = paciente não consegue definir muito bem como é a dor); Localiza-se na linha mediana (epi, meso e/ou hipogástro), pois os órgãos abd. recebem invervação aferentes de ambos os lados da medula espinhal; Paciente inquieto e movimentando-se; Acompanhamento de sintomas secundários autonômicos = sudorese, náuseas, vômitos, palidez; Exemplo: dor de barriga, cólica menstrual, cólica nefrética, DOR PARIETAL Acometimento do peritônio parietal (irritação peritoneal) Transmissão dos impulsos por fibras mielinizadas produzindo dor de resposta rápida e bem circunscrita Mostra que é URGENTE! OBS No abd. agudo inflamatório, a dor normalmente se inicia como visceral e evolui para parietal Abdome agudo = patologias intracavitárias que geram dor aguda; são divididos em traumáticos e não traumáticos, estes são subdividos em inflamatório, perfurativo, obstrutivo, vascular e hemorrágico Dor aguda = iniciada em até 7 dias Abdome crônico - dor crônica = mais de 7 dias, dor do tipo visceral, tanto contínuas quanto recorrentes OBS No abd. agudo perfurativo, já abre como uma dor do tipo parietal (importante tirar a história antes da dor, pois o paciente trará queixa de dor ulcerosa) Características: Localizada (consegue localizar e definir bem a dor) Aguda e intensa Piora com a palpação e descompressão brusca, mudança de decúbito, tosse e deambulação → Tanto a parietal quanto a visceral tem dor na palpação, mas na visceral quando se comprime e descomprime bruscamente se aumenta a irritação peritoneal → Exemplo da apendicite: Terminações nervosas inervam toda a parede abdominal. Na fase inicial da inflamação, ocorre aumento do fluxo no apêndice e edema, gerando dor naquela região, no peritônio visceral (dor não localizada). DOR ABDOMINAL 3 Com a evolução da inflamação, ocorre um extravasamento da secreção para a região periapendicular e, então, o peritônio parietal inflamado e edemaciado (peritonite) estimula as terminações nervosas abdominais (dor localizada) Atitude imóvel no leito Contratura muscular ANAMNESE Início Localização Irradiação Características Intensidade Fator desencadeante (aquilo que faz a dor aparecer) → "eu tomo café e a dor aparece" Fatores de melhora e piora Evolução ("ah, essa dor começou há 8 horas e desde então a dor mudou?") Sintomas associados Antecedentes pessoais e familiares → algumas doenças podem trazer fatores de complicação, tanto comorbidades quanto doenças genéticas EXAME FÍSICO Importante diferenciar a dor para se entender o caráter de urgência. Faz-se um exame geral e um exame de abdome Exame geral: Dor aguda: atitude no leito, FR, FC, espressão facial, hidratação, febre, sudorese, PA Dor crônica: avaliação nutricional, presença de edema, anemia e emagrecimento "Será que esse paciente está perdendo peso?" "será que está provocando edema?" "será que ele está com anemia?" DOR ABDOMINAL 4 DIAGNÓSTICOS APENDICITE AGUDA Clássico exemplo de dor visceral com evolução para dor parietal Processo inflamatório agudo e purulento decorrente da dificuldade de drenagem do conteúdo aprendicular Fase visceral (distensão, inflamação e edema das paredes) Dor epigástrica e/ou periumbilical não intensa (não consegue identificar bem) Paciente inquieto Acompanhada: náuseas, anorexia, febre e vômitos Fase parietal (comprometimento peritoneal) Após 6 a 8 horas de evolução Dor em FID fossa ilíaca direita (ponto de MacBurney), piora com mov. bruscos, tossir ou respirar Acompanhada: febre, diarreia Epidemiologia: mais comum em homens, faixa etária escolar; adulto jovem, 20 anos; Exame de abdome: Inspeção sem alteração Ruídos hidroaéreos: fase visceral = sem alteração; fase parietal = diminuídos paciente pode migrar de uma dor para outra DOR ABDOMINAL 5 Fase parietal → inflamação diminui peristaltismo → diminui ruídos hidroaéreos Palpação: fase visceral = dor abdominal difusa com DB negativo; fase parietal = dor localizada FID, presença ou não de curvatura involuntária, presença ou não de plastrão (massa palpável), Sinal Blumberg DB positivo Plastrão ou massa palpável: o corpo migra órgãos próximos para tentar restringir inflamação do peritônio criando um bloqueio físico, evitando uma peritonite generalizada Ponto de MacBurney: linha unindo a cicatriz umbilical até a crista ilíaca antero posterior, divide em 3 partes e pega a intercessão dos dois terços proximais com um terço distal → compressão → piora da dor Sinal de Blumberg: descompressão brusca dolorosa em Ponto de MacBurney Sinal de Blumberg não é patognomônico de apendicite. Diagnóstico diferencial adulto: pielonefrite (exemplo); Diagnóstico diferencial infância: adenite mesentérica. Sinal de Rovsing: palpação profunda na fossa ilíaca esquerda e o paciente refere dor na direita Sinal de psoa: alteração anatômica na qual o apêndice repousa no músculo psoas. Extensão do MMII em decúbito lateral esquerdo. Quando positivo, paciente refere dor em FID. Sinal obturador: apêndice repousado no músculo obturador, flexão da perna direta e rotação externa → dor na FID COLELITÍASE A bile (água, sais biliares, bilirrubina, colesterol) fica armazenada e melhorada na vesícula. Quando nos alimentamos, a colecistocnase é liberada, causando contração da vesícula que libera a bile. O desequilíbrio entre os componentes da bile (ex: colesterol alto, dislipidemias) pode gerar um cálculo (litíase), icterícia. Popularmente chamados de pedras na vesícula e tecnicamente chamado de colelitíase Epidemiologia: Hereditariedade, mais comum no sexo feminino Idade fértil: uso de contraceptivos: estrógeno altera motilidade da vesícula biliar Mulheres na pós-menopausa que usam estrógenos também) Gravidez: hiperlipoproteinemia e alteração motora Multíparas: efeito hormonal, alteração na composição da bile) Obesidade: 2535% obesos mórbidos DOR ABDOMINAL 6 Dietas hipercalóricas e jejum prolongado Estados hemolíticos: microesferocitose, anemia falciforme, talassemia História Natural da Doença: Assintomático ou oligoassintomático: 80% Sintomático: se obstrução parcial ou rápida Discreta dor epigástrica ou no QSD quadrante superior direito geralmente intermitente Cólica biliar: dor intensa, contínua, em cólica ou não; localizada em epigástro e/ou HD hipocôndrio direito de início súbito → geralmente a noite, devido ao decúbito → após 1° crise, 70% dos pacientes terão um episódio recorrente → duração da dor: 3horas Fator desencadeantecomum: ingerir alimentos muito gordurosos Sintomas associados: náuseas e vômitos Exame Físico: Inspeção e RHA ⇒ sem alterações; Palpação ⇒ abdome plano, flácido, indolor à palpação - A pedra, contudo, pode, em algum momento ficar presa ⇒ edema, processo inflamatório COLESCISTITE AGUDA Sintomas: início com "cólica biliar", duração + 3h. dor localizada HD, intensa e contínua com irradiação para região dorsal, escapular ou interescapular Acompanhada de náuseas, vômitos e febre 38,5 Exame físico: inspeção sem alterações; RHA diminuídos ou não; palpação c/ abdômen doloroso em HD Sinal de Murphy → positivo pra colescistite PANCREATITE AGUDA OBS O pâncreas é um órgão retroperitonial que possui dupla função: endócrina e digestiva. As enzimas pancreáticas (amilase, lipase) são liberadas pelo ducto pancreático de forma inativa e só se ativam quando chegam ao intestino Pancreatite → autodigestão do próprio órgão → cascatas inflamatórias Causas: cálculo biliar 4070%, álcool 30%, hipertrigliceridemia, trauma Quadro clínico: Dor em faixa, contínua (branda → até muito intensa) e de longa duração DOR ABDOMINAL 7 Região epigástrica e HE Irradiação para o dorso Piora com alimentação, diminui com inclinação pra frente Vômitos contínuos Exame físico: Geral: fáceis de sofrimento, hipotensão arterial, taquicardia, sudorese, palidez cutânea formas hemorrágicas Palpação: órgão de difícil acesso abd. doloroso branco → muito intenso e flácido Formas agudas graves: pancreatite necro hemorrágica = Sinais de Gray Turner e Cullen PANCREATITE CRÔNICA Causas: álcool 90%, autoimune, hereditária, metabólicas Depois de tantos surtos de pancreatite aguda, o paciente começa a possui um quadro crônico → pancreatite biliar não tem perfil de evolução para pancreatite crônica, porque após Epidemiologia: Sexo masculino jovem 3545 anos) Quadro clínico: Dor em abdômen superior (ingesta de álcool ou alimentar), intermitente, acompanhada de náuseas e vômitos (menos frequente que a aguda) Esteatorreia → diarréia com gordura → síndrome má absorção Desnutrição Diabetes ÚLCERA PÉPTICA FERDURADA Complicações de úlceras: estenose, hemorragia, perfuração Definição: lesão ulcerada atravessa toda a parede do órgão, suco gástrico entra em contato com o abdomen Sintomas: dor súbita epigástrico de forte intensidade seguido de abd agudo dor difusa e rigidez de parede abd. acompanhada de taquicardia hipotensão Exame físico: Ausculta: íleo adinâmico - RHD diminuídos Percussão: Sinal de Jobert → para qualquer abd. agudo perfurativo DOR ABDOMINAL 8 Presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular direita onde normalmente se encontra a macicez hepática → pneumoperitônio DIVERTICULITE AGUDA → complicação da doença diverticular dos cólons → incidência: > 50 anos, mulheres, aqueles que possuem constipação Doença diverticular dos cólons: herniação ou protusão da mucosa do intestino grosso, em forma de saculações, através das fibras musculares, em geral onde penetram os vasos sanguíneos Quadro clínico: dor geralmente FIE moderada → intensa contínua, com ou não alteração no hábito intestinal. Febre baixa, anorexia, náuseas e vômitos Exame físico: RHA diminuídos Palpação: presença de DB, presença de dor localizada com ou sem plastrão Na perfuração em cavidade livre presença de peritonite com sinais de abd. agudo perfurativo (pneumoperitônio) OBSTRUÇÃO INTESTINAL Abdômen agudo obstrutivo pode ser oriundo da porção alta (intestino delgado) ou baixa (cólon) Obstrução intestinal alta - Delgado Crianças: invaginações e defeitos congênitos Adulto: hérnias encarceradas; bridas e aderências → toda hérnia inguinal é cirúrgica → hérnia encarcerada pode evoluir para um estrangulamento (compressão vascular com sofrimento vascular dessa alça intestinal, provocando isquemia) Obstrução intestinal baixa - Cólon Neoplasias Volvo sigmoide: ocorre quando uma alça cheia de ar se torce sobre seu próprio mesentério. Quando a torção ultrapassa 180o ocorre obstrução intestinal Doenças de chagas Quadro clínico: parada da evacuação (normal: 24h); continua eliminando gases ou não; dor em cólica de instalação rápida, intermitente; vômitos Parou de eliminar fezes e gases = oclusão total Parou de eliminar fezes, mas não gases = oclusão parcial Dor pode evoluir para intensa, exacerbada pela tosse ou mudança de decúbito DOR ABDOMINAL 9 Vômitos podem ser precoces com eliminação de alimentos na obstrução alta e tardios podendo ser fecalóides na obstrução baixa Exame físico: Distensão abdominal podendo apresentar peristaltismo visível Abdômen fálico, doloroso de uma forma mais difusa Presença de cicatriz em parede abdominal saber se o paciente já fez alguma cirurgia (possibilidade de bridas e aderências) RHA aumentado e de luta com timbre metálico Exame de imagem: empilhamentos de moedas comum em abdômen obstrutivo alto; níveis hidroaéreos presentes tanto em AO alto quanto baixo TROMBOSE MESENTÉRICA Abdômen agudo vascular, podendo ser venosa ou aguda e arterial (mais comum) Epidemiologia: pacientes geralmente idosos com alguma complicação cardíaca, por exemplo, um IAM, fibrilação atrial, doença arteriosclerótica avançada Acima da 6º década, história de IC, IAM recente, FA, hipotensão prolongada Quadro clínico: dor súbita e intensa Possível estar presente na HDA vômitos, diarreia e sangue nas fezes Desproporção sintomas - exame físico: praticamente nenhum achado ao exame físico Possível evolução da isquemia ocorre com piora do quadro com sinais de irritação peritoneal → abdômen agudo perfurativo ESQUEMA TABELA DOR ABDOMINAL 10
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