Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças do Espaço Pleural ESPAÇO PLEURAL: O espaço pleural é considerado um espaço virtual, pois é muito reduzido. Esse espaço pleural é dividido em pleura parietal e pleura visceral. A pleura parietal é aquela que reveste a parede torácica, enquanto a pleura visceral é a que reveste o pulmão e o mediastino. Entre essas pleuras existe um espaço com cerca de 15ml a 20ml de líquido, que serve para lubrificar essas pleuras, evitando o atrito. As doenças do espaço pleural podem ser um pneumotórax (ar no espaço pleural), um derrame pleural (acúmulo de líquido não fisiológico no espaço pleural) ou outras doenças como metástases e linfomas. PNEUMOTÓRAX: O pneumotórax é caracterizado como o acúmulo de ar no espaço pleural, sempre patológico. Ele pode ser classificado como espontâneo ou adquirido. O pneumotórax espontâneo é dividido em primário, quando não há uma doença pulmonar de base, ou secundário, quando há doença pulmonar de base. Já o pneumotórax adquirido pode ser latrogênico, que é em consequência de algum procedimento médico, ou traumático, quando há uma lesão por trauma do parênquima pulmonar ou da parede torácica. Os achados do pneumotórax na anamnese são tosse seca, dor torácica ventilatório dependente, dispneia súbita e, nos casos de pneumotórax hipertensivo, choque. Todos esses sintomas dependem do volume e do mecanismo desencadeador desse pneumotórax. Os achados no exame físico são: ¨ Expansibilidade Reduzida e Assimétrica: ocorre a falta de espaço para que os alvéolos possam se expandir, pois o espaço pleural está expandido com ar; ¨ Frêmito Abolido: não ocorre a transmissão de ruído no peito; ¨ Percussão Hipertimpânico: devido ao acúmulo de ar no espaço pleural; ¨ Murmúrio Vesicular Abolido: se encontra ausente pois os alvéolos não conseguem se expandir (que é o que gera o murmúrio) Em caso de pneumotórax muito expansivo, a pressão na caixa torácica pode aumentar e acabar desviando as estruturas do mediastino (traqueia, vasos da base e coração) para o lado contrário ao do pneumotórax. Nesses casos o quadro clínico se torna muito mais grave, dificultando o retorno venoso e com surgimento de turgência jugular, podendo caracterizar um pneumotórax hipertensivo com choque. O diagnóstico clínico do pneumotórax é de extrema dificuldade, por isso são solicitados exames de imagem. Na radiografia de tórax é possível visualizar uma linha um pouco mais branca na lateral da pleura visceral e, na região do pneumotórax não é possível visualizar o parênquima e os pequenos vasos. Também pode acontecer de aparecer uma pequena linha que segue até o final do diafragma, abaixo do coração, significando que tem ar presente. Um fator que auxilia no raio x é realizá-lo durante os movimentos de inspiração e expiração, onde não deve haver alteração pleural. Já na tomografia de tórax, a região anterior do coração apresenta um espaço com ar. Com a tomografia é possível visualizar volumes muito pequenos e é possível também pesquisar a etiologia do pneumotórax. O tratamento depende do volume do pneumotórax e pode ser: ¨ Toracocentese: punção e aspiração do ar na cavidade pleural; ¨ Drenagem de Tórax: inserção de um dreno no espaço pleural para drenagem do ar; PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO: Nos casos de pneumotórax hipertensivo, a pressão intrapleural é maior que a pressão atmosférica. Esse tipo de pneumotórax é uma emergência médica, com evolução rápida para choque e PCR. Os sintomas são taquicardia, dispneia, hipotensão arterial, cianose e desvio contralateral da traqueia, além de timpanismo. A intervenção nesses tipos de caso é mediada baseada nos exames de imagem. DERRAME PLEURAL: O derrame pleural é caracterizado como o acúmulo patológico de líquido no espaço pleural e, geralmente, esse líquido se deposita de acordo com a gravidade. Esse depósito de líquido resulta em um achado bem característico no raio x, que é uma parábola. Esse derrame pleural começa a acontecer quando se tem um aumento da produção de líquido e diminuição da absorção. Dessa forma, ocorre um aumento da pressão hidrostática e redução da pressão oncótica do plasma (diminuição dos solutos do sangue), o que gera também um aumento da permeabilidade capilar. E então ocorre um acúmulo de sangue ou de quilo no espaço pleural, com passagem de líquido da cavidade peritoneal e um aumento da pressão negativa da pleura. O derrame pleural pode ter etiologias diversas, podendo ser um empiema (acúmulo de pus como resultado de uma infecção), um hemotórax (acúmulo de sangue), um quilotórax (acúmulo de linfa) ou um urinotórax (acúmulo de urina). Na anamnese os achados são: ¨ Dor Torácica: é muito relativa e depende se é um quadro mais agudo ou inflamatório, o volume de líquido e se o paciente apresenta mais comorbidades; ¨ Dispneia; ¨ Tosse Seca; ¨ Trepopneia: dispneia ao se deitar do lado em que está o derrame pleural No exame físico, o paciente apresenta expansibilidade reduzida e assimétrica, com frêmito toracovocal reduzido, percussão maciça ou submaciça. Além disso, o murmúrio vesicular também é diminuído ou abolido, com atrito pleural em casos inflamatórios e infecciosos. DERRAME PLEURAL TRANSUDATO: O derrame pleural transudato ocorre quando há um aumento da pressão hidrostática em decorrência do aumento do líquido nesse vaso, que causa um extravasamento para o interstício, diminuindo a pressão osmótica. As causas podem ser: ¨ Insuficiência Cardíaca; ¨ Cirrose Hepática; ¨ Síndrome Nefrótica; ¨ Síndrome da Veia Cava Superior; ¨ Mixedema; ¨ Diálise Peritoneal; ¨ Embolia Pulmonar; ¨ Urinotórax; ¨ Hipoalbunemia Grave DERRAME PLEURAL EXSUDATO: O derrame pleural exsudato já ocorre mais acompanhado de infecções, inflamações e costuma ter mais proteínas. Nesses casos ocorre uma lesão endotelial no vaso e extravasa o líquido e proteína desse vaso. As causas podem ser: ¨ Pneumonia; ¨ Tuberculose; ¨ Neoplasia; ¨ Embolia Pulmonar; ¨ Colagenoses; ¨ Pancreatite; ¨ Uremia; ¨ Asbestose; ¨ Sarcoidose; ¨ Quilotórax Nesses casos de derrame é essencial retirar um pouco do líquido e verificar a quantidade de proteínas. EXAMES DE IMAGEM: O exame de imagem mais comumente solicitado é a radiografia de tórax PA e perfil e, dependendo da gravidade do derrame pleural, pode apresentar diferentes manifestações. ¨ Derrame Leve: velamento até o seio costofrênico; ¨ Derrame Moderado: velamento até o hilo pulmonar; ¨ Derrame Grave: velamento até acima do hilo pulmonar; ¨ Derrame Maciço: velamento pulmonar total O raio x em decúbito lateral é importante também para medir a coluna de líquido. Em um parênquima pulmonar normal tem um formato mais pontiagudo nas regiões dos seios costofrênicos. Na situação de um derrame pleural o líquido se acumula e essa ponta desaparece, pois está preenchida por líquido. Para análise dos exames utiliza-se os Critérios de Light: A presença de qualquer um dos três critérios de exsudato é suficiente para a sua caracterização, já a presença dos critérios de transudato é necessária para sua caracterização. A tomografia computadorizada tem a capacidade de mostrar pequenos volumes de líquido acumulados, permitindo a medição de suas densidades, além de avaliar a parede torácica e possíveis complicações. A ultrassonografia de tórax também permite a visualização de pequenos volumes, avaliando a ecogenicidade do líquido e septações. TRATAMENTO: O tratamento é definido a partir da avaliação e identificação da doença de base pois, talvez tratando-a o derrame possa se resolver sozinho. A toracocentese é um procedimento realizado para aliviar a quantidade de líquido que, normalmente, é alta. Quando ocorre esse acúmulo de líquido, ele costuma estar no 5º espaço intercostal, na linha axilar média.
Compartilhar