Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Camila Carminate - MEDCEL Afecções Pulmonares Derrame Pleural DEFINIÇÃO Acúmulo anormal de líquido na cavidade pleural Doença pleural primária Manifestação pleural de doença sistêmica FISIOPATOLOGIA Aumento da formação ↑ líquido intersticial pulmonar ↑ pressão intravascular ↑ permeabilidade capilar ↓ pressão oncótica Diminuição da absorção Obstrução dos linfáticos da pleura parietal ↑ permeabilidade vascular sistêmica Combinação dos dois fatores Passagem de líquido do espaço peritoneal QUADRO CLÍNICO Assintomático Dor Tosse Dispneia EXAME FÍSICO Inspeção: expansibilidade diminuída Palpação: diminuição do frêmito toracovocal Percussão: macicez ou submacicez; delimitação do nível líquido Ausculta: murmúrio reduzido ou abolido, egofonia, atrito pleural; limite do derrame DIAGNÓSTICO RADIOLOGIA POSTEROANTERIOR Líquido pleural: detectável - Entre 100 e 150 mL TOMOGRAFIA Distinção entre derrame, espessamento e lesões sólidas da pleura Avaliar parênquima pulmonar TORACOCENTESE CRITERIOS DE LIGHT CRITERIO EXSUDATO TRANSUDATO Prot pleural/prot sérica >0,5 <0,5 LDH pleural / LDH sérico >0,6 <0,6 LDH pleural (em relação ao sérico) >2/3 <2/3 SITUAÇÃO ESPECIAL – USO DE FUROSEMIDA CRITÉRIO EXSUDATO TRANSUDATO Alb serica – Alb pleural <1,2g/dL >1,2g/dL TRANSUDADO – TRATAR! – ICC, insuficiência hepática – cirrose, síndrome nefrotica, hipoalbuminemia EXSUDATO – INVESTIGAR – Infecções, neoplasias, digestivas, ginecopatias, colagenopatias, drogas, hemotórax, quilotorax ASPECTO DO LÍQUIDO PLEURAL Amarelo citrino - inespecífico: ICC, hepatopatia, tuberculose, neoplasia, colagenoses Hemático - neoplasia, TEP, trauma (pós-operatório) Quiloso - Quilotórax 2 Camila Carminate - MEDCEL Purulento - Empiema Bioquímica - pH, proteínas totais, DHL, glicose, ADA, amilase, triglicérides Citologia - Leucometria - Citologia oncótica (S ~ 90% para células neoplásicas) - Células leveduriformes Microbiologia - Bacterioscopia, cultura geral - Baciloscopia, micológico direto e cultura p/BAAR e fungos CITOLOGIA LEUCOMETRIA Predominância de neutrófilos → processo agudo - Derrame parapneumônico - Colagenoses/Tb fase aguda - Pós-manipulação Predominância de linfócitos → processo crônico - Tuberculose - Neoplasia - Colagenoses Predominância de eosinófilos → pós-hemotórax - TEP ADA denosina deaminase → conversão de adenosina em inosina em linfócitos ativados tuberculose, empiema, linfomas Considerar idade, perfil citológico e quadro clínico > 35 - sensibilidade 82 a 100% para Tb - especificidade 89 a 100% DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EMPIEMA Presença de pus no espaço pleural Exsudato neutrofílico Bacterioscopia ou cultura + ADA > 40 Indicação de drenagem pleural EXSUDATOS: OUTRAS CAUSAS Tromboembolia pulmonar Pós-operatório cirurgia cardíaca Doenças gastrintestinais - Pancreatite/abscessos/perfuração de esôfago Colagenoses Drogas Hemotórax Quilotórax TRATAMENTO NÃO INVASIVO Específico Sintomáticos Nutrição Oxigenoterapia Fisioterapia INVASIVO Toracocentese Drenagem Pleurodese Toracoscopia Decorticação Pleurostomia DERRAME PLEURAL NEOPLÁSICO Primário - mesotelioma - raro 3 Camila Carminate - MEDCEL Secundário - neoplasias: pulmão, mama, ovário, linfoproliferações - frequente TRATAMENTO: Toracocentese Quimioterapia Pleurodese Derivação (toracostomia com drenagem fechada) Pleurectomia Terapias intrapleurais PLEURODESE INDICAÇÃO Derrame pleural maligno recidivante sintomático em paciente com pulmão expansível e com Karnofsky > 70 Malignidade pleural diagnosticada durante VATS BACTERIOLOGIA LÍQUIDO PLEURAL APESAR CONFIRM. BIOQUÍMICA: CULTURA LPL NEGATIVA ≈ 40% (PCR NÃO É ROTINA) ADQUIRIDOS NA COMUNIDADE Streptococcus spp. (~ 52%) - S. milleri / S. pneumoniae / S. intermedius Staphylococcus aureus (11%) Aeróbios Gram negativos (9%) - Enterobacterias / E. Coli Anaeróbios (20%) - Fusobacterium spp. / Bacteroides spp. / Peptostreptococcus spp. INTRA-HOSPITALARES Staphylococcus - MRSA (25%) / MSSA (10%) Aeróbios Gram negativos (17%) - E. Coli / P. Aeruginosa / Klebsiella spp. Anaeróbios (8%) DRENAGEM EM INFECÇÃO PELURAL Purulento / organismos (Gram e/ou cultura +) pH Lpl < 7,2 / evolução clínica desfavorável Glicose < 40 / DHL > 1000 Coleção septada → abordagem precoce ANTIBIÓTICOS Todos → direcionados PERFIL local/padrões resistência Macrolídeos não indicados de rotina Penicilinas (+inib B-lact), cefalosporinas e metronidazol - boa penetração pleural Aminoglicosídeos → evitados Culturas NEG → cobrir comuns e anaeróbicos Empírico (nosocomial) → MRSA e bactérias anaeróbias Melhora SEPSE → ATB IV para VO ATB prolongada pode ser necessária Ambulatorial pós-alta 4 Camila Carminate - MEDCEL QUILOTÓRAX linfa: TGL > 110 mg/Dl Composição: gorduras, proteínas, glicose, eletrólitos, vitaminas, linfócitos, imunoglobulinas Traumático Não traumático - obstrução (neoplasias, congênito, infecções, trombose venosa, idiopático) TRATAMENTO Clínica - jejum oral, dieta com triglicérides de cadeia média, alimentação parenteral, somatostatina Quimioterapia - nas doenças neoplásicas Radioterapia - quando indicada para tratamento da doença de base Cirurgia - drenagem do espaço pleural - ligadura do ducto torácico - convencional, videoassistida, pleurodese, shunt, pleuroperitoneal, pleurectomia, cola de fibrina LIGHT USG SINTOMAS TRANSUDATO RECIDIVANTE EXSUDATO Neoplasias Pulmonares + Frequente e com > nº óbitos Estimativa de 2,2 milhões casos novos/ano 1,79 milhões de mortes/ano Principal causa de mortes relacionadas ao câncer em todo o mundo INCA (2018) → 31 mil casos/ano 27 mil óbitos/ano FATORES DE RISCO TABAGISMO 90% dos homens e 80% das mulheres Carcinógenos → células pulmonares → tumorais Nicotina: inibição da apoptose de células tumorais Idade de início, tempo, cigarros/dia, profundidade de fumaça inalada Alto risco: 20 anos/maço 15 - 20 anos após cessação: risco diminui Carga tabágica: n° de maços/dia x n° de anos de fumo ASBESTO 4 - 5x risco (exposição isolada) Asbesto + tabaco → risco 80 vezes maior OUTRAS EXPOSIÇÕES Sílica, metais, radiação ionizante Radioterapia torácica prévia DPOC/intersticiopatia fibrosante/sarcoidose Infecção pelo HIV Histórico familiar de carcinoma broncogênico TIPOS HISTOLÓGICOS 90% → carcinoma broncogênico - pequenas células - não pequenas células (epidermoide, adenocarcinoma e grandes células anaplásicas) ADENOCARCINOMA + COMUM → 35 - 40% Periférico (inicial nódulo ou massa isolados) Invasão pleuras visceral e parietal Menor relação com tabagismo (80 - 85% casos) Mulheres e indivíduos < 40 anos 5 Camila Carminate - MEDCEL Padrão lepídico Disseminação por vias aéreas Óbito por IRpA por asfixia (atapetamento) CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS 25 - 30% Central (metaplasia do epitélio colunar) relação com tabagismo (95%) Massa pulmonar central Hemoptise, atelectasia, pneumonias obstrutivas, hipercalcemia e necrose tumoral central (cavitação) Diagnóstico por broncoscopia CARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS 15 - 20% Central com maior relação tabagismo Maior velocidade de duplicação Maior potencial metástase (LN e à distância) + ASSOCIADO A SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS Endócrinas (SIADH / síndrome de Cushing) / exceção Ca+2 (CEC) Osteoartropatia hipertrófica (adeno e CEC) CARCINOMA DE GRANDES CÉLULAS Ou anaplásico (5 - 10%) Vias aéreas periféricas Altamente proliferativo (agressivo) Necrose e invasão de estruturas por contiguidade Localização periférica Grandes massastumorais com potencial de cavitação ACHADOS CLÍNICOS Tosse, perda de peso, dispneia, dor toracia, hemoptiase, dor óssea, febre, fraqueza, SVC superior, disfagia, sibilos e estridor 1. SINTOMAS DO TUMOR 2. INVASÃO INTRATORÁCICA 3. METÁSTASES À DISTÂNCIA 4. ASSINTOMÁTICO TOSSE (75%) Invasão da mucosa brônquica Pneumonite pós-obstrutiva ou atelectasia HEMOPTISE (35%) Necrose do tumor Ulceração da mucosa Erosão dos vasos Tromboembolismo pulmonar CHIADO LOCALIZADO (5%) Invasão do tumor na via aérea DOR TORÁCICA (30%) Invasão da pleura parietal Parede torácica ou mediastino DISPNEIA (40%) Obstrução das grandes vias aéreas pela massa tumoral Derrame pleural Disseminação tumoral ROUQUIDÃO (15%) Comprometimento do trajeto intratorácico do nervo laríngeo recorrente Invasão da pleura parietal Parede torácica ou mediastino SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR (5%) Sinais e sintomas de congestão: ingurgitamento de face, edema de MMSS, circulação colateral, dispneia e tosse SÍNDROME DE PANCOAST-TOBIAS (5%) Tumor no lobo superior do pulmão. Há dor no ombro e/ou escápula ipsilateral, com parestesia e dor na distribuição do nervo ulnar, por compressão do plexo braquial SÍNDROME DE CLAUDE BERNARD-HORNER (5%) Miose, enoftalmia, ptose palpebral e anidrose facial ipsilateral, por compressão do simpático cervical por tumor no ápice pulmonar (sulco da passagem da artéria subclávia) 6 Camila Carminate - MEDCEL DOR ÓSSEA Metástases ósseas osteolíticas Comprometem costelas, corpos vertebrais e ossos longos CEFALEIA, NÁUSEAS E VÔMITOS, DÉFIC IT NEUROLÓGICO FOCAL Metástase em SNC: hemisférios cerebrais, cerebelo e meninges, incluindo metástase óssea comprometendo medula espinhal DOR EM HIPOCÔNDRIO DIREITO, ICTERÍC IA Metástase hepática SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS Distúrbios causados pelo tumor Efeito à distância, e não por proximidade Não indicam metástases + comuns → pequenas células OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA Baqueteamento digital, confundido com artrite reumatoide Mais comum: adenocarcinoma HIPERCALCEMIA Mais comuns – epidermoide Substância com o mesmo efeito do PTH SIADH Pequenas células; ADH produzido pelo tumor Retenção de água livre → hiponatremia grave Afastar outras causas SÍNDROME DE CUSHING Pequenas células – mau prognóstico Produção de ACTH, hipercortisolismo crônico Tumor de pulmão é a causa mais comum EXAMES COMPLEMENTARES Testes para avaliar a função pulmonar Tolerabilidade da cirurgia Espirometria Medida da difusão Método menos invasivo → apresentação do paciente Metástase? → biópsia local + avançado Derrame pleural - toracocentese (+ biópsia pleural) - guiada por USG (> sucesso e menos complicações) BIÓPSIA PULMONAR Broncoscopia Biópsia transtorácica Biópsia cirúrgica CINTILOGRAFIA ÓSSEA Método “padrão” para metástases ósseas INVASIVOS Necessários em: - qualquer suspeita de N2,3 a TC ou PET - T > 3 cm, tumor central, N1+, mesmo se N2,3- - começar sempre pelo menos invasivo/mórbido - direcionar para N3 → N2 EBUS Visualiza - LNs 2R/2L, 4R/4L e 7 - LNs hilares 10, 11 e 12 Sensibilidade 89% Especificidade 95-100% VPN 91% EUS - cadeias 8, 9, retrotraqueal (3P) 7 Camila Carminate - MEDCEL EBUS+EUS - sensibilidade 91%, especificidade 100%; VPN 96% ESTADIAMENTO CP PEQUENAS CÉLULAS Doença limitada (um hemitórax) – 30% Doença extensa (bilateral ou metástase) – 70% Metástases contralaterais Linfonodos contralaterais Infiltração da parede torácica Derrame pleural neoplásico Síndrome da veia cava superior Linfagite Metástases ESTADIAMENTO – CP NÃO PEQUENAS CÉLULAS T1: TUMOR ≤ 3 CM (NÓDULO) T1 a: ≤ 1 cm T1 b: > 1 cm e ≤ 2 cm T1 c: > 2 cm e 3 cm Tumor envolto por pulmão, ou pleura visceral, sem invasão Tumor endobrônquico que não ultrapassa brônquio lobar T2: > 3 CM E ≤5 CM T2 a : > 3 cm ≤4 cm T2 b: > 4 cm ≤ 5 cm Pode invadir pleura visceral Chega ao brônquio principal (independentemente da distância da carina, mas sem envolvê-la) Pode apresentar atelectasia subtotal ou pneumonia obstrutiva T3 > 5 CM E < 7 CM Invasão Parede torácica Nervo frênico Pericárdio parietal Pleura mediastinal Nódulo tumoral no mesmo lobo T4: > 7 CM OU QUALQUER TAMANHO Invade Mediastino Coração Grandes vasos Esôfago Traqueia Carina Corpo vertebral Nervo laríngeo recorrente Diafragma T4: NÓDULO TUMORAL NO MESMO PULMÃO, EM LOBO DIFERENTE N: LINFONODO N1 – ipsilaterais, hilar ou peribrônquicos N2 – ipsilateral mediastinal/subcarinal N3 – contralateral, hilar, mediastinal, escaleno, supraclavicular M: METÁSTASE M0 – NÃO TEM METÁSTASE M1a – nódulos tumorais no lobo contralateral; Tu + nódulos pleurais ou pericárdicos; derrame pleural ou derrame pericárdico M1b – metástase extratorácica única M1c – múltiplas metástases extratorácicas em um ou mais órgãos RASTREAMENTO 55-74 anos Fumantes (ou ex-fumantes até há 15 anos) > 30 a/m Tomografia Computadorizada de Baixa Dose (TCBD) Manter TC anual até 74 anos ou ex-fumante há mais de 15 anos TRATAMENTO Tipo de tumor Tamanho Localização/extensão Estado geral 8 Camila Carminate - MEDCEL QUIMIOTERAPIA Adjuvante Neoadjuvante Paliativa (impacto em sintomas) RADIOTERAPIA Antes ou depois cirurgia Combinada com QT Diminuição de sintomas CP NÃO PEQUENAS CÉLULAS ESTÁDIO IA Cirurgia ESTÁDIO IB* IIA, IIB Cirurgia ± quimioterapia adjuvante (base em platina) RT → comprometimento de margens da lesão ESTÁDIO IIIA Cirurgia considerada se N2 no intraoperatório Necessárias terapias adjuvantes (quimiorradioterapia) ESTÁDIO IIIB Quimiorradioterapia definitiva ESTÁDIO IV Terapia sistêmica (tratamento paliativo) TRATAMENTO – CP PEQUENAS CÉLULAS Quimio + radioterapia (cirurgia se muito precoce → T1-2N0) Resposta a QT 80-100% → doença limitada (50-70% resposta completa) 60-80% → doença extensa (15-40% resposta completa) Sobrevida após recidiva → 2-4 meses Nódulo Pulmonar Solitário Lesão < 3 cm diâmetro aos raios X Circundado por pulmão normal Ausência de infiltrados, atelectasia ou linfonodomegalias ETIOLOGIAS BENIGNAS: Infecciosas; Inflamatórias; Tumor benigno; Alterações congênitas MALIGNAS: Carcinoma pulmonar; Metástases; Tumor carcinoide; Linfoma CARACTERISTICAS BENIGNOS X MALIGNOS CARACTERÍSTICAS Benigno Maligno TAMANHO <0,8cm >1,5cm BORDA Regular Espiculado CAVITAÇÃO Não Sim LESÃO SATELITE Sim Não TEMPO DE DUPLICAÇÃO <30dias ou >1,5 ano 30 dias e 1,5 ano PADROES DE CALCIFICAÇÕES NÓDULOS SÓLIDOS TIPO TAMANHO <6mm 6-8mm >8mm ÚNICO BAIXO RISCO Sem follow-up TC 6-12m, após considerar entre 18-24m Considerar TC em 3 meses, PET-CT ou amostragem ALTO RISCO TC opcional em 12meses TC em 6-12m, após entre 18- 24m Considerar TC em 3 meses, PET CT ou amostragem Nódulos, 6 mm não requerem acompanhamento de rotina, mas alguns pacientes com alto risco com suspeita de morfologia dos nódulos, localização do lobo superior, ou ambos podem justificar 12 meses de follow-up (recomendação 1A) TIPO TAMANHO <6mm 6-8mm >8mm MÚLTIPLO BAIXO RISCO Sem follow-up TC 3-6m, após considerar entre 18-42m TC 3-6M, após considerar entre 18- 24m ALTO RISCO TC opcional em 12meses TC 3-6m, após entre 18-24m TC 3-6m, após entre 18-24m Usar o nódulo mais suspeito como guia para gestão. Os intervalos de acompanhamento podem variar de acordo com o tamanho e risco (recomendação 2A)
Compartilhar