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MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 1 AULA 1 – FARMACOLOGIA EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE 1. Revisão A função do eixo hipotálamo- hipófise é a regulação hormonal através da estimulação por um hormônio liberador hipotalâmico, que estimula um hormônio estimulador hipofisário e um hormônio efetor excretado por uma glândula endócrina. A regulação desse eixo é feita pela concentração do hormônio efetor circulante. Quando a concentração está elevada, por feedback negativo, o eixo é inibido, tanto o hormônio regulador, quanto o estimulador. O oposto também é verdadeiro, ou seja, quando a concentração está diminuída, por feedback positivo, ocorre a estimulação de todo o eixo. Isso é necessário para um controle preciso sobre os níveis de hormônios circulantes. a. Hormônios do eixo hipotalâmico hipofisário – Hipófise Anterior Hormônios tiroidianos: o TRH (hormônio liberador de tireotropina), estimula a hipófise a secretar TSH e o TSH estimula a secreção de T3 e T4 pela tiroide. Cortisol: o CRH (hormônio liberador de corticotropina), estimula a hipófise a secretar ACTH e o ACTH estimula a liberação de cortisol pelo córtex adrenal. Hormônios sexuais: o GnRH (hormônio liberador de gonadotropina), estimula a hipófise a secretar FSH e LH, que estimulam as gônadas a secretar testosterona, estrogênio e progesterona. Hormônio do Crescimento: O GHRH (hormônio liberador do hormônio do crescimento), estimula a hipófise a liberar o GH, que se liga a receptores de membrana nos ossos, liberando um segundo mensageiro o IGF-1, que é quem realiza a ação do GH. Além disso, a liberação hipotalâmica de somatostatina inibe a liberação de GH. Prolactina: não tem liberador hipotalâmico, apenas um inibidor que é a dopamina. Na presença de dopamina a liberação de prolactina é inibida e na ausência é estimulada. E a prolactina só tem função durante a lactação. b. Hormônios do eixo hipotalâmico hipofisário – Hipófise Posterior Os hormônios são apenas armazenados na hipófise posterior, uma vez que são produzidos diretamente pelo hipotálamo ADH (vasopressina): tem função de reter água, através da expressão de aquaporinas no tubos coletores renais e no porção distal dos tubos contorcidos distais e uma importante ação de vasoconstrição. Por isso a vasopressina (ADH sintético) é o fármaco com maior poder de vasoconstrição, maior que todas as aminas vasoativas (adrenalina, noradrenalina, dopamina e dobutamina). Ocitocina: é o hormônio responsável por ejetar o leite e contrair o músculo liso do útero, determinando o fim da gestação HORMÔNIOS SOMATOTRÓPICOS: GH E PROLACTINA Os dois são considerados somatotrópicos por que são provenientes de uma mesma linhagem de células hipofisária. Prolactina: Atua predominantemente em mulheres durante a gravidez e amamentação. Ligeira elevação em ciclos menstruais normais. Estímulo da sucção ou manipulação mamária. Singularidade em relação aos outros hormônios: Regulação hipotalâmica predominante inibitória pela Dopamina. Efeitos da prolactina: Interação com receptor de membrana. Não há síntese de segundo hormônio. Receptores limitados aos tecidos de ação (glândula mamária). Há receptores em outros órgãos sem papel definido (hipotálamo, fígado, suprarrenais, testículos, ovários, próstata e sistema imune). O EXCESSO DE PROLACTINA INIBE O LH E O FSH CAUSANDO INFERTILIDADE. Agonistas do receptor de dopamina: realizam o feedback negativo diminuindo a secreção de prolactina. Sendo usados no tratamento tanto de macros, como de micro adenomas de hipófise. Esses adenomas são bem comuns, geralmente são benignos, não sendo indicações cirúrgicas, o tratamento sendo apenas dos sintomas, como a galactorréia, que é tratada com os agonistas do receptor do tipo 2 de dopamina (cabergolina e bromocriptina). NÃO EXISTE AGONISTAS DA PROLACTINA HIPOTÁLAMO HIPÓFISE ANTERIOR TECIDO OUTRO TECIDO MAMA SUCÇÃO MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 2 2. GH O GH é o hormônio do crescimento, mas não é a única função, por isso ele não deixa de ser secretado nos adultos, diariamente temos liberação de GH O GH tem importante função metabólica, como contrarregulador da insulina (o glucagon, as catecolaminas e o cortisol também realizam contrarregulação insulínica), para manter a glicemia na ausência de alimentação. Por isso, em pacientes com excesso de GH (acromegálico) cursam com diabetes Mellitus tipo II, em decorrência da hiperglicemia pela maior mobilização da glicose. a. Secreção do GH A secreção diária ocorre durante toda a vida, há variação apenas na quantidade. Temos uma secreção elevada em crianças e o pico ocorre na puberdade (pico do crescimento). É um hormônio metabólico, sendo um contrarregulador da insulina. Secreção em pulsos irregulares, com pico, ou seja, maior amplitude dos pulsos à noite (após início do sono profundo – primeiro ciclo de sono). O sono é dividido em ciclos, cada ciclo completo gira em torno de 3 horas e são realizados em torno de 7/8 ciclos por sono. É regulado pelo hipotálamo: GHRH (estimula) e Somatostatina (inibe). Efetor principal: IGF-1 – o GH propriamente dito não é efetivo, ele atua no órgão efetor (fígado, ossos, adipócitos, músculos) se ligando a um receptor e, consequentemente, produzindo esse segundo mensageiro. O IGF-1 promove a síntese proteica relacionada ao crescimento. O IGF-1 Inibe a liberação de GH hipofisário e de GHRH hipotalâmico. Além disso, o próprio GH é capaz de inibir a secreção de GHRH. A grelina (hormônio do TGI) inibe a somatostatina, estimulando a síntese de GH. Além disso, é muito pesquisado como hormônio da saciedade, reduzido em pacientes obesos. É possível atuar em 4 locais desse eixo, com 4 classes de fármacos. Se há falta de GH é possível administrar o (1) próprio GH, recombinante ou sintético (análogos de GH). (2) O IGF-1 também pode ser administrado (análogos de IGF- 1). No excesso de GH é possível administrar (3) análogos da somatostatina ou (4) bloquear o receptor de GH (antagonista do receptor de GH). O nanismo pode ocorrer por falta de GH ou por doença no receptor de GH, impedindo a formação do segundo mensageiro (no segundo caso é preciso repor IGF-1 e não GH). O excesso do GH pode causar 2 doenças: se esse excesso for na infância, a clínica será de gigantismo, se for no adulto cursará com acromegalia. b. Fatores que afetam a secreção Sono: pico de secreção durante o sono Estresse: excesso de catecolaminas liberadas pelo estresse reduzem a secreção de GH. Exercício: aumenta a secreção de GH, é um hormônio catabólicos, aumentando a massa magra e diminuindo a massa gorda. O excesso do exercício de alto impacto na infância, pode causar uma diminuição no crescimento, mas não por inibição do GH, mas sim por um fechamento precoce das epífises. Hipoglicemia: estimula a secreção de GH, enquanto a hiperglicemia inibe. Excitação emocional: aumenta a secreção de GH. Ingestão de refeições ricas em proteínas: há maior substrato para o crescimento, estimulando a secreção de GH; populações com baixa ingesta proteica, geralmente apresentam baixa estatura c. Efeitos do GH GH FÍGADO OSSO ADIPÓCITO MÚSCULO GRELINA ESTÔMAGO HIPOTÂLAMO HIPÓFISE ANTERIOR ACROMEGALIA GIGANTISMO MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 3 Interação com o receptor de membrana (receptor de GH) para síntese intracelular de um segundo hormônio, o IGF-1, que gera os efeitos como: Crescimento longitudinal dos ossos, aumento da densidade mineral óssea, aumento da massa muscular, aumento da filtração glomerular e diferenciação dos pré-adipócitos. Ações anti-insulínicas: a diminuição da utilização de glicose, portanto, o nível de glicemia aumenta visto que houve diminuição da captação de glicose pelas células. Aumento da lipólise (pode causar aumento dos triglicerídeos), há quebra de gordurapara fonte energética Desenvolvimento e na função imunológica (maturação linfocitária) d. Excesso de GH Patologias: Gigantismo (infância, quando as epífises ósseas ainda estão abertas) e acromegalia (após a fase de crescimento). Os adenomas hipofisários (tumores benignos da hipófise produtores de GH), são causadores importantes dessas condições. Dosagem de GH: não pode ser aleatória, pois sua secreção é em picos irregulares. Por isso, tenho que provocar a liberação do GH (teste provocativo) ou testar a capacidade do nosso organismo de baixar o GH (teste de tolerância a glicose. Teste de tolerância à glicose: por ser um contrarregulador insulínico, suplementação oral de glicose (dextrosol diluído em água) é administrada e espera-se que o GH diminua; caso ele se mantenha elevado, significa que há excesso de GH. Teste provocativo (hipoglicemia): espera-se que o GH aumente, se isso não ocorrer significa que há deficiência de GH (0,1 UI/kg de insulina). Fármacos: Análogos de somatostatina (contrarregulador hipotalâmico): Octreotide e Lanreotida. Além da indicação para controle da liberação do GH, a somatostatina também atua no TGI, inibindo a secreção glandular (bliar, gástrica, pancreática) e a fazendo vasoconstricção da circulação mesentérica, sendo indicada também para o tratamento da hemorragia digestiva alta (vasoconstrição diminui o sangramento) e para fístula digestiva (diminui a quantidade da secreção na fístula). A ação dos análogos de somatostatina sobre o GH, é de antagonista fisiológico. Octreotida Lanreotida Via subcutânea (Hemorragia e Fístula do TGI) Dose: 100 mg, 3 x ao dia Meia-vida 90 min Duração: 12h Via intramuscular (Acromegalia e Gigantismo) Dose: 20 ou 30 mg, 1x a cada 4 semanas Liberação lenta, por microesferas de polímero biodegradável Via Intramuscular (30 mg): 1x a cada 10 a 14 dias. Subcutânea (60, 90 ou 120 mg): 1 x a cada 4 semanas Autogel Antagonista competitivo reversível do receptor de GH: pegvisomanto. Liga-se ao receptor de GH mas não ativa a sinalização e não estimula a secreção de IGF-1. Via subcutânea: Dose de ataque 40 mg + Manutenção 10 mg/dia diária. Efeitos locais: atrofia, é preciso fazer rodízio dos locais de aplicação, Indução de anticorpos e pode causar distúrbios digestivos. e. Deficiência de GH GH recombinante: Somatotropina, usado quando há uma deficiência na secreção de GH IGF-1 recombinante: Mecasermina, usado quando o defeito está no receptor de GH GH sintético: Sermorrelina, usado quando há uma deficiência na secreção de GH HORMÔNIOS GLICOPROTEICOS: TSH E GONADOTROPINAS 3. Gonadotropinas: LH, FSH e hCG Síntese nos gonadotropos (LH e FSH) Síntese no sinciciotrofoblasto (hCG): diagnóstico de gestação, produzido pelo complexo feto-placentário Secreção estimulada pelo GnRH: GnRH é de liberação necessariamente intermitente pela hipófise, uma vez que a liberação contínua de GnRH dessensibiliza e infrarregula os receptores nas gônadas e hipófise. Por isso, a mesma MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 4 droga que é usada para estimular a produção dos esteroides sexuais em doses intermitentes ou em ciclos, é usado para inibir quando usado em depósito de liberação continua. Indicação para uso de doses cíclicas (para estimular a liberação dos hormônios sexuais): infertilidade e infantilismo sexual Indicação para uso em depósito com liberação contínua: puberdade precoce, câncer de próstata, endometriose e tumores de linhagem sexual A inibina, além de inibir a secreção de FSH inibe a contração uterina durante a gestação O anticoncepcional oral age nesse eixo, mantendo os níveis de progesterona e estrogênio circulantes inibindo por feedback negativo o eixo hipotálamo- hipófise, impedindo a ovulação Na gestação, a produção de esteroides sexuais faz feedback positivo no eixo hipotálamo-hipófise, ou seja, quando mais estrogênio e progesterona circulantes, mais LH e FSH são liberados. Para manter a gestação. a. Efeitos dos hormônios Gonadotrópicos Início do ciclo: aumento do FSH. Ovulação: Pico de LH. Menstruação: diminuição de todos os hormônios. b. Distúrbios Clínicos do Eixo Hopotálamo-Hipófise-Gônadas Hipogonadismo hipogonadotrópico: as gônadas não se desenvolveram, para estimular o crescimento das gônadas é necessário o tratamento com análogo de GnRH de forma CÍCLICA Puberdade precoce: para retardar a puberdade precoce, é necessário o tratamento com análogo do GnRH CONTÍNUO Infantilismo sexual: para estimular o desenvolvimento dos carácteres sexuais secundários, é necessário o tratamento com análogo de GnRH de forma CÍCLICA Infertilidade: para estimular a fertilidade, é necessário o tratamento com análogo de GnRH de forma CÍCLICA c. Fármacos Análogos do GnRH: Glosserelina e a Leuprolida (sintéticos) ou GnRH recombinante Gonadotropinas Naturais e Recombinantes: FSH, hCG (teste de gravidez ou para manter a gestação) e LH recombinante (estimular a ovulação no tratamento de infertilidade ou para coleta de óvulos para fertilização in vitro) Usos diagnósticos: Teste de gravidez, determinação do momento da ovulação e localização da doença endócrina (excesso de hormônio periférico = LH e FSH baixos, Falta de hormônio periférico = LH e FSH altos). HORMÔNIOS DA NEURO-HIPÓFISE: ADH E OCITOCINA 4. Ocitocina Estimula a frequência e a força das contrações uterinas, mas no final da gestação, por que apenas depois da metade da gestação que o estrogênio aumenta a expressão dos receptores para a ocitocina, tendo o seu pico na hora do parto, ou seja, temo um aumento da sensibilidade da ocitocina com a progressão da gestação. Por isso, que para induzir o parto prematura na primeira metade da gravidez eu uso o misoprostol (cytotec), e na segunda metade eu uso ocitocina. Antagonizada pela progesterona, uma vez que a progesterona tem um grande poder de dilatar a musculatura lisa uterina, para inibir o parto prematuro eu uso suplementação de progesterona. Por isso, em gestantes são comuns sintomas como constipação intestinal, litíase biliar por cálculo, refluxo e hipotensão pelo excesso de progesterona. Induz a ejeção do leite. Não tem regulação no SNC, sendo produzida diretamente pelo hipotálamo e armazena na hipófise posterior. LH FSH HOMENS: Estimula células de Leydig a sintetizar androgênios (Testosterona) HOMENS: Estimula células de Sertoli a produzi proteínas e nutrientes para manutenção dos espermatozoides MULHERES: Estimula células da teca a sintetizar androstenediona, ruptura do folículo dominante (pico do LH = ovulação) e síntese de progesterona pelo corpo lúteo MULHERES: Estimula desenvolvimento folículos ovarianos, induz expressão receptores LH e estimula células da granulosa a sintetizar estradiol HIPOTÁLAMO HIPÓFISE ANTERIOR TECIDO ALVO TECIDO ALVO PRODUZ TECIDO ALVO SECUNDÁRIO MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 5 5. Vasopressina Age no túbulo contornado distal, expressando os canais de aquaporinas que reabsorvem água Vasopressina ou ADH, duas formas sintéticas: Vasopressina: SC, IM, Intranasal (tratamento de diabetes insipidus) e IV-Profunda (principal vasoconstrictor do musculo liso vascular, mantendo o seu efeito mesmo em pH ácido, diferentemente da noradrenalina, que diminui o seu efeito em pH ácidos e o choque séptico, geralmente, cursa com acidose metabólica) No diabetes insipidus, o paciente tem um defeito no receptor de ADH, perdendo a capacidade de reter água, não conseguindo concentrar a urina Desmopressina (IV, SC, Intranasal, oral) Contração do músculo liso: Vascular e gastrointestinal. Redução do fluxo sanguíneo portal Retenção de água Vasopressina é superior à noradrenalina no tratamento do choque. Principal efeito colateral: Intoxicação pela água, laboratorialmente diagnosticada pela hiponatremia (diminuição dosódio sérico). Sintomas: edema cerebral por diminuição da osmolaridade do plasma, atáxia, letargia, diminuição do nível de consciência ... Antagonistas do Receptor da Vasopressina: Aquaréticos É diferente dos diuréticos, que estimulam a perda de água junto com eletrólito Indicações: Hiponatremia e SIADH (secreção inapropriada de hormônio anti-diurético) Fármacos: Mozavaptana, Tolvaptana e Conivaptana (podem ser importados, não são acessíveis)
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