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Apostila HEMATOLOGIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE- UNINORTE 
ESTÁGIO BIOMEDICINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
HEMATOLOGIA 
 
Profº. Uziel Ferreira Suwa, Biomédico -Especialista em Docência, 
Imunologia e Microbiologia - Mestre em Saúde Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS 
2021 
Introdução à Hematologia 
 
A hematologia engloba o estudo das células sanguíneas e a coagulação. 
Abrange as análises de concentração, estrutura e função das células presentes no 
sangue, de seus precursores na medula óssea e dos constituintes bioquímicos do plasma 
ou soro que estão intimamente ligados à estrutura e função das células sanguíneas. 
 
Fundamentos da Hematopoese 
 
É o processo de formação das células sanguíneas. Sua principal função é manter 
os níveis fisiológicos das células maduras circulantes. 
As células que estão presentes no sangue têm como características principais a 
incapacidade de se dividir, as funções definidas e o tempo de vida média preestabelecido. 
 Os eritrócitos vivem na circulação por cerca de 110 a 120 dias; as plaquetas, em 
média, por 8 dias; os granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos), por 8 a 10hs; os 
monócitos, por cerca de 16 a 18hs; e os linfócitos, dependendo do subtipo e da função, 
podem circular por dias, meses ou anos. 
 Todas as células do sangue são formadas através das células-tronco pluripotentes 
(stem-cells/célula-mãe), que podem seguir a linhagem mielóide ou linfoide. Por meio dos 
fatores de crescimento, diferenciam-se em células progenitoras formadoras de colônias, 
que por sua vez, dão origem às unidades células precursoras. 
 
Sequência maturativa das linhagens celulares do sangue 
 
Série eritróide: proeritroblasto – eritroblasto basófilo – eritroblasto policromático – 
eritroblasto ortocromático – reticulócito – eritrócito maduro. 
Série granulocítica: 
Maturação Neutrófila: mieloblasto – promielócito – mielócito neutrófilo – 
metamielócito neutrófilo – bastão neutrófilo – segmentado neutrófilo. 
Maturação eosinófila: mieloblasto – promielócito – mielócito eosinófilo – metamielócito 
eosinófilo – bastão eosinófilo – segmentado eosinófilo. 
Maturação basófila: mieloblasto – promielócito – mielócito basófilo – metamielócito 
basófilo – bastão basófilo – segmentado basófilo. 
Série monocítica: monoblasto – promonócito – monócito. 
Série plaquetária: megacarioblasto – megacariócito – plaquetas. 
Série linfoide: linfoblasto – prolinfócito – linfócito. 
 
Princípios e procedimentos da hematologia 
 
Hemoglobina 
 
A hemoglobina (Hb), o principal componentes dos eritrócitos, é uma proteína 
conjugada que serve como veículo para o transporte do oxigênio (O2) e do dióxido de 
carbono (CO2). A molécula de hemoglobina consiste em dois pares de cadeias 
polipeptídicas (“globina”) e quatro grupos prostéticos heme, cada qual contendo um 
átomo de ferro ferroso. 
A principal função da hemoglobina é transportar oxigênio a partir dos pulmões 
para os tecidos, e o dióxido de carbono, dos tecidos, para os pulmões. 
Quando o grupo heme associa-se com uma molécula de oxigênio, a hemoglobina 
é referida como oxi-hemoglobina (HbO2). Quando o ferro é oxidado para o estado férrico, 
forma-se a metemoglobina e a molécula perde a capacidade de transportar oxigênio ou 
dióxido de carbono. 
 Anemia é a diminuição da concentração de hemoglobina e da contagem de 
eritrócitos (ou hematócrito) a valores abaixo do normal. Trata-se de uma condição muito 
comum e complicação frequente de outras doenças. 
 
Determinação da concentração da hemoglobina 
 
O método da cianometemoglobina é o mais utilizado. O sangue é diluído em uma 
solução de ferrocianeto de potássio e cianeto de potássio (reagente de Drabkin) e a 
absorbância da solução é quantificada por um espectrofotômetro. 
 
Valores de Referência 
 
Homens: 14 a 18g/dL 
Mulheres: 12 a 16g/dL 
Valores abaixo do intervalo de referência indicam anemia e volumes superiores 
são indicativos de policitemia. 
 
Hematócrito 
 
O hematócrito de uma amostra de sangue é a razão ou proporção entre o volume 
de eritrócitos em relação ao sangue total. É expresso tanto em porcentagem quanto em 
fração decimal. O hematócrito pode ser quantificado diretamente, por centrifugação como 
no micrométodo, ou indiretamente, como produto do volume corpuscular médio (VCM) 
vezes a contagem de eritrócitos, em instrumentos automatizados. 
 
Determinação do hematócrito pelo micrométodo 
 
Utiliza-se um tubo capilar para hematócrito e a coleta de sangue é feita, 
diretamente, a partir de uma punção cutânea. O tubo é preenchido por atração capilar, e a 
extremidade vazia é vedada com massa de modelagem ou selada pelo bico de Bunsen. O 
tubo preenchido é colocado no rotor da microcentrífuga, com a parte vedada afastada do 
centro. 
Uma centrifugação de 5minutos a 10.000 – 12.000g é satisfatória. A coluna de 
hemácias deve ser medida através de uma régua milimétrica. 
 
Valores de referência 
 
Homens: 40 a 50% 
Mulheres: 36 a 49% 
Valores abaixo do intervalo de referência indicam anemia e volumes superiores 
são indicativos de policitemia. 
 
Contagem manual de células sanguíneas 
 
As contagens de eritrócitos, leucócitos e plaquetas são expressas como 
concentrações – células por unidade de volume de sangue, ou seja, expressa em 
milímetros cúbicos (mm3), em decorrência das dimensões lineares da câmara de 
Neubauer ou hemocitômetro. 
Qualquer procedimento de contagem celular está dividido em três etapas: diluição 
do sangue, amostragem da suspensão diluída em determinado volume e contagem das 
células nesse volume. 
 
Eritrócitos 
 
As contagens manuais de eritrócitos quase nunca são realizadas. Consiste na 
determinação do número de eritrócitos por mm³ de sangue, em uma câmara de contagem 
(hemocitômetro ou Neubauer), sendo a contagem feita nos cinco quadrados do quadrante 
central da câmara. 
 
Valores de Referência 
 
Homens: 4,4 a 6,0 M/mm³ 
Mulheres: 3,9 a 5,4 M/mm³ 
 
Reticulócitos 
 
 São células vermelhas anucleadas imaturas que contêm ácido ribonucleico (RNA) 
e continuam a sintetizar hemoglobina mesmo após terem perdido o núcleo. Utiliza-se o 
reagente azul de metileno novo ou azul de cresil brilhante. O complexo aparece como 
uma rede (retículo ou fibras filamentosas) azul-escura que permitem a identificação e 
contagem de reticulócitos. 
Reticulócitos normais ou diminuídos em indivíduos anêmicos são sinais de baixa 
produção medular (anemia por diminuição de produção). 
Reticulocitose (valores acima do normal) é bom indicativo de resposta terapêutica 
nas anemias carenciais e de processos hemolíticos. 
Ou seja, a contagem fornece uma estimativa da taxa de produção de hemácias. 
 
Valores de Referência 
 Adultos normais apresentam contagens de reticulócitos de 0,5 a 1,5%. Em recém-
nascidos, o percentual de reticulócitos é de 2,5 a 6,5%. 
 
Leucócitos 
Contagem global ou total 
 
É realizada em hemocitômetro de Newbawer. O líquido de diluição, líquido de 
Turk, lisa os eritrócitos “anucleados” (diluição 1:20) e a contagem é feita nos quatro 
quadrados laterais da câmara de Newbawer e depois multiplicados por 50. 
 
Leucócitos/mm3 = (L1 + L2 + L3 + L4) x 50 
 
As células vermelhas sanguíneas nucleadas (eritroblastos) são contadas e não 
podem ser distinguidas dos leucócitos, no equipamento automatizado. Se estiverem 
presentes em um número muito alto, deve ser realizada uma correção de acordo com a 
seguinte fórmula: 
 
Contagem de leucócitos corrigida = 
 (Contagem total x 100) / (nº de eritroblastos + 100) 
 
 Em que o nº de eritroblastos = eritroblastos contados durante a enumeração de 100 
leucócitos na contagem diferencial. 
 
Valores de referência 
 
Na contagem de leucócitos total, nenhuma distinção é feita entre os tipos de 
leucócitos existentes. 
Adultos: 3.600 – 11.000/mm³. 
 
Plaquetas 
 
Consiste na determinação direta das plaquetas em hemocitômetrode Neubawer, 
após a diluição com oxalato de amônio a 1%, e contagem nos cinco quadrados do 
quadrante central (mesmo local que os eritrócitos). 
 
Valores de referência: 
 
140.000 – 400.000/mm³. 
 
Índices eritrocitários ou hematimétricos 
 
 Wintrobe introduziu cálculos para determinação do tamanho, conteúdo, e 
concentração de hemoglobina das hemácias. Esses índices eritrocitários têm sido úteis 
para a caracterização morfológica das anemias. 
 
Volume corpuscular médio (VCM) 
 
Corresponde ao volume médio dos eritrócitos, calculado a partir do hematócrito e 
do número de eritrócitos, expresso em fentolitros (fL). 
 
VCM = Ht x 10 
 E 
 
O VCM é a base para a classificação morfológica das anemias. 
 
Anemias normocíticas: VCM entre 80 e 100fL. 
Anemias microcíticas: VCM < 80fL 
Anemias macrocíticas: VCM > 100fL 
 
Valores de referência 
 
VCM = 80 a 96fL 
 
Hemoglobina corpuscular médio (HCM) 
 
A HCM é o conteúdo (peso) de hemoglobina de uma população de eritrócitos, é 
calculada a partir da concentração de hemoglobina e do número de eritrócitos, expresso 
em picogramas (pg). 
 
HCM = Hb x 10 
 E 
 
A diminuição da HCM ocorre na hipocromia e a elevação da HCM ocorre na 
“hipercromia”, porém nem sempre ocorre esta correlação, sendo o CHCM, o verdadeiro 
índice relacionado à hipocromia e “hipercromia”. 
Valores de referência 
 
HCM = 27 a 33 pg 
 
Concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM) 
 
A CHCM é a concentração de hemoglobina por unidade de eritrócitos, e é 
calculada a partir da hemoglobina e do hematócrito, expresso em g/dL. Tipicamente, a 
CHCM aumenta apenas na esferocitose. 
 
CHCM = Hb x 100 
Ht 
 
Valores de referência 
 
CHCM = 33 a 36 g/dL 
 
Taxa de sedimentação eritrocitária (Velocidade de hemossedimentação) 
 
É um marcador de inflamação subjacente útil, ainda que inespecífico. 
Ultimamente, a proteína C reativa de alta sensibilidade e outros marcadores inflamatórios 
têm sido utilizados para detectar ou monitorar doenças. 
Quando o sangue venoso bem homogeneizado é colocado em um tubo vertical, os 
eritrócitos tendem a sedimentar-se no fundo do tubo. O tempo para a descida desde a parte 
superior da coluna de eritrócitos até o fundo do tubo em um determinado intervalo de 
tempo é denominado de velocidade de hemossedimentação (VHS). 
Uma VHS acelerada é favorecida por concentrações elevadas de fibrinogênio e 
em menor grau, dos α²-, β- e γ- globulinas. 
A albumina e a lecitina retardam a sedimentação, enquanto o colesterol acelera a 
VHS. 
A anemia aumenta a VHS. A velocidade de sedimentação é diretamente 
proporcional ao peso do agregado celular e inversamente proporcional à área de 
superfície. 
Os micrócitos sedimentam de forma mais lenta que os macrócitos, cujas 
proporções de área superficial/volume são menores. O empilhamento também está 
associado a uma reduzida proporção de área superficial/volume e acelera a VHS. 
O método de Westergren é amplamente utilizado. 
 
Valores de referência: 
 
15mm/h em homens e 20mm/h em mulheres. 
 
Exame do esfregaço de sangue 
 
Colocar uma gota do sangue a cerca de 1cm da extremidade de uma lâmina de 
vidro limpa. Com o dedo polegar e o indicador segurar uma segunda lâmina contra a 
superfície da primeira em um ângulo de 30 a 45º e puxar para trás e depois empurrar para 
a frente com velocidade moderada. A extensão deve ter aspecto liso, uniforme e não deve 
apresentar ondulações ou buracos. 
O exame microscópico de um esfregaço de sangue em lâmina de vidro fornece 
informações úteis sobre todos os elementos formados no sangue. 
 
Colorações para o sangue 
 
Os corantes utilizados nas extensões sanguíneas pertencem a duas classes gerais: 
corantes básicos, como o azul de metileno e os corantes ácidos, como a eosina. Os núcleos 
e algumas outras estruturas no sangue são corados pelos corantes básicos, por isso são 
denominados basofílicos. As estruturas que incorporam os corantes ácidos são 
denominados acidofílicas ou eosinofílicas. Outros corados por uma combinação de ambos 
são neutrofílicas. 
A fixação é feita com metanol absoluto, por 1 a 2 minutos. Em seguida, o 
esfregaço é exposto à solução corante não diluída, por 2 minutos. O corante é removido 
com jato de água na parte de trás da lâmina. 
Além da coloração de Wright, as colorações do tipo Romanowsky incluem 
inúmeras outras: Giemsa, de Leishman, de Jenner, May Grunwald, etc; 
 
Problemas de coloração 
 
Coloração excessivamente azul 
Esfregaços espessos, tempo de coloração prolongado, lavagem inadequada ou um 
grau de alcalinidade muito alto do corante ou diluente são fatores que tendem a causar 
basofilia excessiva. 
 
Coloração excessivamente rosa 
 
 Coloração insuficiente, lavagem por tempo prolongado, lamínulas montadas antes 
de estarem secas ou acidez muito alta de um corante ou tampão são fatores que podem 
causar acidofilia excessiva. 
 
Eritrócitos 
 
Os eritrócitos presentes no sangue de um indivíduo sadio, quando não estão juntos 
e aglomerados, apresentam a forma de discos circulares e homogêneos, de tamanho quase 
uniforme, com diâmetro de 6 a 8µm. O centro de cada uma delas é mais pálido que a 
periferia. 
Na doença, os eritrócitos variam quanto ao conteúdo de hemoglobina, tamanho, 
formato, propriedades de coloração e estrutura. 
 
Cor 
 
A intensidade da coloração fornece uma orientação aproximada sobre a 
quantidade de hemoglobina nos eritrócitos e os termos normocrômicos, hipocrômicos e 
hipercrômicos são utilizados para descrever essa característica. (HCM/CHCM) 
Normocrômico é o termo que indica a intensidade normal de coloração. Quando a 
quantidade de hemoglobina se encontra reduzida, a área pálida central torna-se maior e 
mais clara. Isso é conhecido como hipocromia. Quando os eritrócitos estão mais espessos, 
estes são chamados de hipercrômicos (hipercromia). 
A presença de células hipocrômicas e normocrômicas, ou hipercrômicas na 
mesma extensão sanguínea é denominada anisocromia. 
O tom azul acinzentado dos eritrócitos (policromatofilia ou policromasia) é uma 
combinação da afinidade da hemoglobina pelos corantes ácidos e da afinidade do RNA 
pelos corantes básicos. Portanto, a policromasia aumentada implica reticulocitose e é 
muito marcante na hemólise e na perda sanguínea. 
 
Tamanho 
 
Os eritrócitos podem ser anormalmente pequenos ou microcíticos, anormalmente 
grandes ou macrocíticos (VCM), ou podem apresentar variação anormal em tamanho 
(anisocitose/ RDW). 
 
Formato 
 
A variação do formato é denominada poiquilocitose. Qualquer célula com formato 
anormal é um poiquilócito. 
Esferócitos: pequenos, hipersaturados (hipercorados) de Hb, elevam a CHCM. 
Eliptócitos ou ovalócitos: são eritrócitos alongados em forma elíptica ou oval 
(charuto). 
Dacriócitos: em forma de lágrima ou gota. 
Esquizócitos: são restos ou fragmentos de eritrócitos, sem forma definida. 
Eritrócitos em alvo ou leptócitos/codócitos: em forma de sino ou alvo. 
Acantócitos: eritrócitos com um pequeno número de projeções pontiagudas não-
simétricas. 
Equinócitos ou eritrócitos crenados: eritrócitos com inúmeras espículas de pontas 
finas e uniformemente distribuídas (florzinha). 
Drepanócitos: em forma de foice. 
Estomatócitos: eritrócitos com halo central em forma de fenda (boca). 
 
Estrutura 
 
Pontilhado basofílico (basofilia puntiforme) 
 
Caracteriza-se pela presença, nos eritrócitos, de grânulos basofílicos irregulares 
que variam de finos a grossos. São precipitados de ribossomos (RNA) e são corados de 
azul escuro. São visualizados na intoxicação por chumbo e anemia grave. 
 
Corpúsculos de Pappenheimer 
 
Eritrócitos com grânulos que contêm ferro inorgânico (Siderócitos/sideroblastos). 
Normalmente estão presentes nas anemias sideroblásticas. 
 
Corpúsculo de Howell-JollyEssas partículas são remanescentes redondos e lisos da cromatina nuclear (restos 
de DNA). Podem ser encontrados na anemia megaloblástica, na anemia hemolítica e após 
esplenectomia. 
 
Anéis de Cabot 
 
São estruturas em forma de anel, de oito ou de alça, ocasionalmente formadas por 
linhas duplas ou várias linhas concêntricas. Os anéis são provavelmente microtúbulos 
remanescentes de um fuso mitótico. Sua detecção é interpretada como evidência de 
eritropoese anômala. 
 
Pontilhado malárico 
 
Grânulos finos podem aparecer em eritrócitos que abrigam Plasmodium vivax. Os 
grânulos de Schuffner se coram de púrpura-avermelhado. Esses grânulos são tão 
numerosos que quase escondem os parasitas. Os eritrócitos que os contêm são maiores 
que o normal. 
 
Roleaux 
 
Isso indica o alinhamento dos eritrócitos, uns sobre os outros, de modo que eles 
se assemelham a pilhas de moedas. Fibrinogênio ou globulinas plasmáticas elevadas 
provocam a formação dos Rouleaux e também um aumento no VHS. A formação de 
Rouleaux é marcante na paraproteinemia (gamopatia monoclonal ou micloma múltiplo). 
Esse achado morfológico não é resultante da interação antígeno-anticorpo e 
desfaz-se com a lavagem em solução salina, o que não ocorre na verdadeira aglutinação 
de eritrócitos. 
 
Aglutinação de eritrócitos 
 
 São aglomerados irregulares de eritrócitos mediados por mecanismo imunológico. 
Podem ocorrer por auto-anticorpos a frio (Crioaglutininas) em casos de anemias 
hemolíticas auto-imunes, algumas neoplasias ou raramente em casos de hemoglobinúria 
paroxística. 
 
Leucócitos 
 
 Compreendem os Neutrófilos, Eosinófilos e Basófilos (granulócitos), Linfócitos 
e Monócitos (agranulócitos) 
 
Neutrófilos (Leucócito polimorfonuclear) 
 
Os neutrófilos têm aprox. 12mm de diâmetro. São menores que os monócitos e 
eosinófilos e discretamente maiores que os basófilos. O núcleo cora-se intensamente, é 
irregular e possui lobos separados por filamentos delicados. O número de lobos nos 
neutrófilos varia de dois a cinco, com uma média de três. Possui no citoplasma dois terços 
de grânulos específicos e um terço de grânulos azurófilos. Compreendem em média 56% 
dos leucócitos e os intervalos de referência são: 1.700-7800/mm³ ou 40% - 78%. 
 
Eosinófilos 
 
Possuem em média 13mm de diâmetro. Seus grânulos se coram em vermelho 
brilhante com eosina. O núcleo geralmente possui dois segmentos conectados (lobos). Os 
eosinófilos perfazem em média 3% dos leucócitos e os valores de referências são: 20-
500/mm³ ou 1-5%. 
 
Basófilos 
Em uma extensão sanguínea bem corada os grânulos são de cor púrpura, e o núcleo 
é ligeiramente mais claro e quase escondido pelos grânulos, de modo que sua forma não 
é facilmente distinguida. Os basófilos são os menos numerosos entre os leucócitos 
representando em média 0,5% e os valores de referência são: 0-200/mm³ ou 0-2%. 
 
Monócitos 
 
O monócito é a maior célula do sangue normal. O monócito possui um único 
núcleo, que é parcialmente lobulado ou na forma de ferradura. O citoplasma é abundante 
e é azul acinzentado. Os monócitos perfazem em média 4% dos leucócitos e os valores 
de referência são: 100-1000/mm³ ou 2-10%. 
 
Linfócitos 
 
Os linfócitos são as células mononucleares sem grânulos citoplasmáticos 
específicos. O linfócito típico tem um único núcleo, bem definido. Os linfócitos perfazem 
em média 34% de todos os leucócitos e os valores de referência são: 1000 – 4500/mm³ 
ou 20-50%. 
 
Fórmula leucocitária 
 
É o modelo que traduz o percentual relativo de cada tipo leucocitário (obtido pela 
contagem diferencial) em valor absoluto. 
 
Valor absoluto = % relativo x contagem global/100 
 
Plaquetas 
 
As plaquetas aparecem como estruturas redondas ou ovais, com 2 a 4 mm de 
diâmetro e separadas uma das outras. Em média, se o número de plaquetas estiver normal, 
apenas uma plaqueta será encontrada em cada 10 a 30 eritrócitos. As plaquetas variam em 
tamanho, podendo ser encontradas macroplaquetas ou plaquetas gigantes, e ainda podem 
estar presentes, agregados plaquetários. 
Distúrbios eritrocitários 
 
Considera-se a presença de anemia quando a concentração de hemoglobina ou o 
hematócrito encontram-se abaixo de limite de referência. 
 
Classificação da anemia: 
*Fisiopatológica: 
- anemia por produção insuficiente de eritrócitos. 
- anemia por destruição excessiva de eritrócitos ou perda excessiva da capacidade 
da medula em repor essas perdas. 
 
*Morfológica: 
- macrocítica 
- normocítica 
- microcítica 
 
Sinais Clínicos 
 
O paciente se queixa de fadiga fácil e dispneia ao esforço, desmaios, vertigem, 
palpitações e cefaleias. Além dos achados físicos como, palidez, batimentos acelerados 
do pulso, pressão sanguínea baixa, febre discreta e sopros sistólicos. 
 
Comprometimento da produção – metabolismo do ferro 
 
O ferro é um componente essencial da hemoglobina, da mioglobina (nas células 
musculares) e de determinadas enzimas. 
Dois terços ou mais do ferro corporal total encontram-se no eritrócito. O ferro de 
reserva está presente nos macrófagos e no sistema reticuloendotelial sob duas formas: 
Ferritina e hemossiderina. A maior parte do ferro utilizado na síntese da hemoglobina é 
aquela recém-liberada da Hb degradada. O ferro é transportado pela transferrina até os 
locais de utilização. 
 
Anemia ferropriva – deficiência de ferro 
 
 Quando a perda do ferro excede a incorporação por um período suficientemente 
longo para depletar as reservas corporais do ferro, uma quantidade insuficiente de ferro 
estará disponível para a produção normal de hemoglobina. A deficiência de ferro 
caracteriza-se por uma anemia microcítica hipocrômica. 
A ferritina plasmática diminui, a absorção do ferro aumenta e a capacidade de 
ligação do ferro (transferrina) aumenta. A concentração plasmática do ferro declina, a 
saturação da transferrina cai, a porcentagem de sideroblastos diminui na medula e a 
protoporfirrina eritrocitária aumenta. 
Os números de reticulócitos geralmente estão reduzidos exceto após a terapia com 
ferro. O volume corpuscular médio (VCM) é baixo e a Hb e Hct são baixos. 
 
Anemia Megaloblástica 
 
Nas anemias megaloblásticas encontram-se macro-ovalócitos e neutrófilos 
hipersegmentados gigantes no sangue. A anemia é macrocítica com um VCM elevado e 
caracteriza-se por macro-ovalócitos e graus extremos de anisocitose e poiquilocitose. A 
anemia megaloblástica quase sempre resulta da deficiência de cobalamina (vitamina B12) 
ou ácido fólico (folato). 
 
Anemia perniciosa 
 
É uma deficiência nutricional “condicionada” de cobalamina que é causada pela 
incapacidade da mucosa gástrica em secretar o fator intrínseco. 
 
Anemia de doença crônica 
 
É encontrada nas infecções crônicas, artrites reumatoides e doenças neoplásicas. 
Os eritrócitos normalmente são normocíticos e hipocrômicos no ínicio, mas 
ocasionalmente se tornam microcíticas e hipocrômicas. 
A concentração sérica de ferro está caracteristicamente reduzida, a CLFT pode 
estar reduzida ou normal (em contraste com a anemia ferropriva, na qual a CLFT está 
elevada), e o porcentual de saturação está reduzido. A protoporfirina eritrocitária e a 
ferritina sérica estão elevados. 
 
Anemia Aplásica 
 
Refere-se à pancitopenia associada com uma redução grave na quantidade de 
tecido hematopaiético que resulta na produção de células sanguíneas. O diagnóstico de 
anemia aplásica grave é firmado nos pacientes pancitopênicos com plaquetas, leucócitos 
e eritrócitos abaixo dos valores de referência. 
 
Anemia sideroblástica 
 
A anemia sideroblástica caracteriza-se por eritrócitos hipocrômicos, 
frequentemente microcíticos no sangue. A concentração sérica de ferro está aumentada, 
a CLFT está reduzida e a saturação da trasferrina está elevada. Existe aumento de grânulos 
sideróticos por célula (anéis de sideroblastos) os quaiscircundam o núcleo. 
 
Anemia por perda sanguínea 
 
Hemólise 
 
As anemias que resultam primariamente da destruição aumentada de eritrócitos 
são denominadas de anemia hemolíticas. 
 
Esferocitose hereditária 
 
Caracteriza- se pela presença de eritrócitos esferocíticos intrinsecamente 
defeituosos, esplenomegalia e ocorrência familiar. O VCM é normal e a CHCM 
frequentemente está aumentada. 
 
Eliptocitose hereditária 
 
Os casos estão associados enfraquecimento do esqueleto da membrana e defeito 
nas proteínas espectrina e 4.1, levando ao aparecimento de eliptócitos. 
 
Hemoglobinas normais 
 
Hb A(α²β²): A hemoglobina A é a principal hemoglobina do adulto normal. 
Hb F(α²γ²): A hemoglobina fetal é a principal hemoglobina do feto e do recém- nascido. 
HbA² (α²δ²): A hemoglobina A² contribui com 1,5% a 3,5% da hemoglobina adulta 
normal. 
 
Hemoglobinas anômalas 
 
Anemia falciforme (Hemoglobinopatia qualitativa ou estrutural) 
 
A hemoglobina HbS é uma anemia hemolítica crônica grave, onde o ácido 
glutâmico na sexta posição na cadeia β é substituído pela Valina. Os sintomas mais 
comuns decorrem das crises vaso-oclusivas que ocorrem por causa da polimerização da 
hemoglobina, deixando os eritrócitos em forma de foice. 
Teste da falcização: a adição de metabissulfito de sódio, uma substância redutora, 
ao sangue potencializada a desoxigenação da Hb e a falcização da HbS. 
Na eletroforese de Hb em acetato de celulose em pH 8,6, mais de 80% da 
hemoglobina serão HbS. 
O traço falciforme (Hb AS) é uma condição heterozigoto onde não há presença de 
nenhum sinal clínico, na eletroforese observa-se HbA 50% a 65% e HbS 35% a 45%. 
 
Talassemias (Hemoglobinopatia quantitativa) 
 
As talassemias compreendem um grupo heterogêneo de distúrbios hereditários da 
síntese da hemoglobina, que tem como característica comum a produção comprometida 
das cadeias polipeptídicas da hemoglobina, a taxa de síntese é reduzida mas a cadeia 
formada é estruturalmente normal. 
Nas β – talassemias, a produção das cadeias β está reduzida e nas α – talassemias, 
a produção das cadeias α está reduzida. 
Os termos talassemias maior, intermediária e menor referem- se à gravidade 
clínica e não são designações genéticas. Diferente da maioria das doenças hemolíticas, a 
anemia é hipocrômica e microcítica. 
 
Policitemia 
 
Policitemia (eritrocitose) é classicamente definida como um valor elevado do 
hematócrito, concentração elevada de hemoglobina ou do aumento de eritrócitos, acima 
do intervalo de referência. 
 
Distúrbios leucocitários 
 
Distúrbios não neoplásicos 
O estudo quantitativo dos leucócitos inclui a contagem de todas as células brancas, 
o número total de leucócitos e as contagens relativas e absolutas dos leucócitos. 
O estudo qualitativo dos leucócitos inclui alterações estruturais no citoplasma e 
no núcleo e alterações funcionais. 
Leucocitose: refere-se a um aumento no número total de leucócitos acima dos 
valores de referência. Leucopenia: traduz o número total de leucócitos abaixo do normal. 
 
Neutrofilia 
 
A Leucocitose neutrofílica ou a neutrofilia refere- se a uma contagem absoluta de 
neutrófilos no sangue acima dos valores de referência. As principais causas são: infecções 
por bactérias, fungos, espiroquetas e vírus; tóxica, como drogas; estímulo físico e 
emocional; destruição tecidual e necrose; hemorragia; hemólise; distúrbios 
hematológicos (mieloproliferativos). 
 
Neutropenia 
 
A neutropenia é uma redução do número absoluto de neutrófilos abaixo dos 
valores de referência. As causas principais incluem: hipoplasia mileóide, 
granulocitopoese ineficaz, sobrevivência reduzida. 
 
Eosinofilia 
 
São definidas pelos aumentos da contagem de eosinófilos acima dos valores de 
referência. As principais causas são: doenças alérgicas, distúrbios da pele, infecções 
parasitárias, doenças infecciosas, eosinofilias pulmonares, mieloproliferações. 
 
Eosinopenia 
 
As eosinopenias são definidas pelas diminuições da contagem de eosinófilos 
abaixo dos valores de referência. As causas incluem: estresse agudo, uso de 
glicocorticóides e epinefrina, nos estados inflamatórios agudos. 
 
Basofilia 
 
A basofilia corresponde à elevações dos valores de basófilos acima dos valores de 
referência. A basofilia é mais comumente encontrada nas reações alérgicas, na leucemia 
mielóide crônica, na metaplasia mielóide e na policitemia vera. 
 
Basopenia 
 
São definidas pelas diminuições da contagem de basófilos abaixo dos valores de 
referência. Ocorrem comumente nos quadros de infecções agudas com neutrofilias 
acentuadas, por uso de corticoides, hipertireoidismo, etc. 
 
Monocitose 
 
A monocitose é o aumento de monócitos acima dos valores de referência. As 
principais causas são: tuberculose, endocardite bacteriana subaguda, infecções por 
fungos, riquétsias, protozoários e vírus. 
 
Monocitopenia 
 
São definidas pelas diminuições da contagem de monócitos abaixo dos valores de 
referência. As principais causas são: leucemia de células cabeludas. 
 
Linfocitose 
 
As linfocitoses são os aumentos da contagem de linfócitos acima dos valores de 
referência. As causas mais comuns são: linfocitose infecciosa, coqueluche, linfocitose 
crônica, HTLV-1, mononucleose infecciosa, citomegalovírus, toxoplasmose, etc. 
 
Linfopenia ou linfocitopenia 
 
São as diminuições da contagem de linfócitos abaixo dos valores de referência. As 
causas mais comuns são: AIDS, radioterapia, terapia glicocorticoide, tuberculose e 
doença de Hodgkin. 
 
Alterações Morfológicas dos Neutrófilos 
 
Granulação Tóxica 
 
Os grânulos tóxicos são grânulos citoplasmáticos azul-escuros presentes nas fases 
de metamielócitos, bastonetes ou neutrófilos. Estas granulações são positivas para 
peroxidase. As granulações tóxicas são encontradas nas infecções graves ou em outras 
condições tóxicas. 
 
Corpúculos de inclusão de Dohle 
 
Estes são inclusões pequenas e ovais no citoplasma periférico dos neutrófilos 
polimorfonucleares, que se coram de azul-claro. Estes corpúsculos são remanescentes de 
ribossomos livres ou do retículo endoplasmático rugoso. 
 
Anomalia de May-Hegglin 
 
Esta é uma condição autossômica dominante rara caracterizada pela presença de 
inclusões de cor azul-clara, plaquetas gigantes e trombocitopenia. Aspectos destas 
inclusões sugerem alterações estruturais do RNA. 
 
Anomalia de Pelger-Huet 
 
Esta condição autossômica dominante envolve o insucesso da segmentação 
normal dos núcleos granulocíticos. A maioria dos núcleos tem a forma de bastonetes, com 
dois segmentos, mas não mais do que isso. 
 
Síndrome de Chediak-Higashi 
 
Este distúrbio, autossômico recessivo raro, caracteriza-se por albinismo parcial, 
fotofobia, grânulos anormalmente grandes nos neutrófilos e em outras células contendo 
grânulos e infecções piogênicas frequentes. 
 
Distúrbios neoplásicos 
 
As leucemias constituem uma proliferação neoplásica generalizada ou um 
acúmulo de leucócitos, com ou sem envolvimento do sangue periférico. 
As leucemias e os distúrbios relacionados têm sido tradicionalmente classificados 
conforme o curso natural da doença (aguda versus crônica) e a linhagem predominante 
dos leucócitos conforme determinado por características citológicas e citoquímicas. 
As leucemias agudas têm taxas elevadas de proliferação e geralmente apresentam 
uma medula saturada com células imaturas da série envolvida, com pelo menos uma 
proporção substancial de blastos. 
Os pacientes com leucemias crônicas geralmente apresentam as menores taxas 
proliferativas e maiores proporções de células maduras. 
 
Distúrbios Mielóides 
 
Leucemia Mielóide Aguda 
 
A leucemia mielóide aguda (LMA) é a forma mais comum de leucemia aguda nos 
primeiros meses de vida e o curso da doença é rapidamenteprogressivo. 
O grupo de cooperação Franco-Americano-Britânico (FAB) classificou as 
leucemias mielóides agudas com base na morfologia das células e colorações 
citoquímicas. Enquanto a classificação das LMA pela Organização Mundial da Saúde 
fundamenta- se em dados citogenéticos- moleculares específicos. 
O diagnóstico da maioria dos subtipos de LMA pelos critérios de FAB exigia que 
pelo menos 30% das células nucleadas fossem blastos. Isto foi reduzido pela OMS para 
20%. 
 
Classificação FAB da LMA 
 
M0: Leucemia mielóide aguda minimamente diferenciada. 
M1: Leucemia mielóide aguda sem maturação. 
M2: Leucemia mielóide aguda com maturação. 
M3: Leucemia promielocítica aguda. 
M4: Leucemia mielomonocítica aguda. 
M5: Leucemia monocítica aguda. 
M6: Eritroleucemia 
M7: Leucemia megacarioblástica aguda. 
 
Um achado útil no diagnóstico de LMA é a presença de bastonetes de Auer, que 
são inclusões vermelho-púrpura, lineares ou fusiformes, geralmente nos mieloblastos. O 
bastonete de Auer é derivado dos grânulos azurofilícos e coram positivamente para SBB, 
MPO e fosfatase ácida. 
 
Distúrbios Mieloproliferativos crônicos 
 
Os distúrbios mieloproliferativos crônicos são compostos de leucemia mielóide 
crônica (LMC), policitemia vera (PCV), mielofibrose com metaplasia mielóide (MMM) 
e trombocitemia essencial (TE). 
Estes quatro distúrbios compartilham características clínicas e laboratoriais, e são 
proliferações clonais de uma célula-tronco pluripotente que pode se diferenciar junto com 
as linhagens granulocítica, eritróide e megacariocítica. Além disso, estes distúrbios 
frequentemente terminam em leucemia aguda, mielofibrose e coagulopatia. 
 
Leucemia Mielóide Crônica (LMC) 
 
A leucemia mielóide crônica ocorre em adultos jovens ou de meia-idade. A 
manifestação é insidiosa. Os mieloblastos representam menos que 10% das células, a 
maioria são neutrófilos maduros. 
A fosfatase alcalina dos neutrófilos está, significamente, reduzida ou ausente. Em 
mais de 95% dos pacientes com LMC típica, as células possuem a anormalidade 
citogenética t (9;22) q (34;11) envolvendo o gene ABL1 no braço longo do cromossomo 
9 e o gene BCR no braço longo do cromossomo 22. Um cromossomo anormalmente 
pequeno formado por esta translocação é denominado de cromossomo Philadelphia (Ph). 
 
Policitemia Vera (Eritremia) 
 
A policitemia vera caracteriza-se por proliferação excessiva dos elementos 
eritróides, granulocíticos e megacariocíticos na medula (panmielose). Isto reflete no 
sangue como um aumento absoluto na massa eritrocitária, leucocitose e trombocitose. 
Porém, na maioria das vezes, é uma doença que dá origem a precursores eritroblásticos 
com alto poder proliferativo e aumento dos eritrócitos no sangue. 
 
Trombocitemia Essencial 
 
É uma doença mieloproliferativa clonal, caracterizada pelo aumento das células 
da linhagem megacariocítica na medula óssea e plaquetose em sangue periférico. 
 
Distúrbios linfoides 
 
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) 
 
A leucemia linfoblástica aguda é a malignidade mais comum da infância e 
adolescente. 
A classificação FAB descreveu três tipos morfológicos da LLA; L1, L2 e L3. L1 
geralmente apresenta blastos pequenos com nucléolos imperceptíveis e citoplasma 
escasso. L2 apresenta blastos maiores com núcleos proeminentes, citoplasma maior e 
núcleos irregulares. L3 representa a LLA do tipo Burkkit. Os blastos são negativos para 
SBB, peroxidase e esterases. 
 
Leucemia Linfóide Crônica (LLC) 
 
A leucemia linfocítica crônica é rara em indivíduos com menos de quarenta anos, 
a maioria dos casos ocorre acima dos sessenta anos de idade. O início é insidioso. 
 
Plaquetas Sanguíneas 
 
Atividades das Plaquetas na Hemostasia e suas Determinações laboratoriais 
 
Após lesão vascular, as plaquetas sanguíneas aderem rapidamente ao subendotélio 
exposto. A adesão provavelmente é iniciada pela ligação de VWF (fator de Von 
Willebrand) ao colágeno do subendotélio exposto, e este fator de VWF liga-se às 
plaquetas através do complexo receptor GP Ib/IXIV. 
Para que ocorra a formação de um botão plaquetário estável, também há 
necessidade de GP IIb/IIIa. O fibrinogênio atua como um adesivo ligante principal para 
GPIIb/IIIa e é importante para a agregação plaquetária (Hemostasia primária). 
A avaliação laboratorial inicial inclui a contagem de plaquetas e a avaliação do 
tamanho das plaquetas. 
Por muito tempo, o teste padrão de tempo de sangramento foi utilizado por muitos 
laboratórios como o teste para a avaliação da hemostasia primária. 
Neste exame, o manguito do esfigmomanômetro é colocado ao redor do braço 
inflado para manter uma pressão constante de 40mmHg. Um corte padrão então é 
realizado na superfície volar do antebraço, um cronômetro é ligado, e em intervalos de 30 
segundos as gotas resultantes do sangue são colocados em um papel de filtro. Quando o 
sangue não cora mais o papel de filtro, o cronômetro é desligado. 
As propriedades contráteis das plaquetas ativadas também resultam em contração 
(ou “retração”) dos coágulos formados. No tubo de ensaio a retração do coágulo pode ser 
avaliada quantitativamente. 
Na trombocitopenia a retração do coágulo é tardia ou incompleta. 
 
Distúrbios Quantitativos das Plaquetas 
 
Trombocitopenia: números reduzidos de plaquetas circulantes podem resultar de 
anemia aplásica, exposição à produtos químicos tóxicos e doenças virais, e uma das 
formas mais comumente encontradas e importante é a púrpura trombocitopênica 
imunológica (PTI). 
Trombocitose: números elevados de plaquetas podem ser encontrados como um 
processo benigno, reativo e como uma manifestação de um distúrbio mieloproliferativo. 
 
Coagulação, Fibrinólise e Hipercoagulação 
 
A hemostasia, normalmente, envolve a formação de coágulos de sangue, para 
estancar o sangramento a partir dos vasos sanguíneos lesados. 
 
Vias da Coagulação sanguínea Normal 
 
A fibrina pode ser formada por meio de duas vias da coagulação via intrínseca e 
extrínseca. 
A via intrínseca envolve os fatores VIII, IX e XII. A via extrínseca envolve o fator 
VII e o fator tecidual (fator III). Estas duas vias convergem em uma via comum, 
envolvendo os fatores I (fibrinogênio), II, V e X. 
O botão paquetário é subsequentemente solidificado pelo coágulo de fibrina, que 
permite a hemostasia a longo prazo. 
 
Vias da Fibrinólise Normal 
 
A fibrinólise é o processo de degradação do coágulo de fibrina quando este já não 
se faz mais necessário. Este processo é iniciado pelo ativador do plasminogênio que 
converte o plasminogênio em plasmina. 
A plasmina então degrada o coágulo de fibrina e o fibrinogênio intacto, formando 
fragmentos denominados de produtos de degradação da fibrina (PDF). 
 
Avaliação laboratorial das Vias da Coagulação Sanguínea 
 
O tempo da tromboplastina parcial ativada (TTPA) é utilizada como uma medida 
geral da integridade da via intrínseca e comum, e o tempo de protrombina (TP) é uma 
medida geral da integridade da via extrínseca e comum. 
O TTPA determina o tempo necessário para ocorrer a formação de um coágulo de 
fibrina, começando com a ativação do fator XII, até a etapa final quando o fibrinogênio é 
convertido em fibrina. 
O TP determina o tempo de formação do coágulo de fibrina iniciando com a 
ativação do fator VII, até a etapa final quando o fibrinogênio é convertido em fibrina. 
Alguns laboratórios determinam o tempo da trombina (TT), que é o tempo de 
coagulação da formação da fibrina induzida pela trombina. 
Os testes laboratoriais são indicados para períodos pré-operatórios, incluem TP, 
TTPA e contagem de plaquetas. 
 
Distúrbios Hereditários da Hemostasia 
 
Doença de Von Willebrand 
 
É o distúrbio hereditário mais comum. O fator de Von Willebrand exerce um papel 
importante, pois é responsável por mediar à adesão plaquetária aoendotélio lesado e 
exerce um papel indireto na formação do coágulo de fibrina. Assim, quando a quantidade 
ou qualidade do VWF é anômala, a hemostasia é comprometida, resultando em distúrbio 
do sangramento. 
 
Deficiências Hereditárias dos Fatores da Coagulação 
 
Deficiências do Fator VIII (Hemofilia A) ou do Fator IX (Hemofilia B). 
Geralmente, ocorre TTPA aumentado, com TP e contagem de plaquetas normais. 
 
Distúrbios Adquiridos da Coagulação 
 
A coagulação Intravascular Disseminada (CID) é um distúrbio com ativação 
excessiva do sistema de coagulação e apresenta TP e TTPA elevados. A disfunção 
hepática é outra causa comum de distúrbio adquirido, apresenta Fator VIII elevado e o 
TTPA mais prolongado que o TP. 
 
Provas da Coagulação 
 
Tempo de Sangramento (TS) 
 
Mede o tempo de duração de pequena hemorragia. 
Avalia a função plaquetária (resposta da parede vascular). 
Valores de referência: 1 a 3 minutos. 
Interpretação clínica: ↑ aumentado em PTI e PTT. 
 
Tempo de Coagulação (TC) 
 
Mede o tempo que o sangue demora para coagular “in vitro”. 
Avalia o sistema de coagulação – via intrínseca. 
Valores de referência: 5 a 10 minutos. 
Interpretação Clínica: TC ↑ sempre TTPA ↑. 
 
Retração de Coágulo (RC) 
 
Após a coagulação, o coágulo sofre retração, retendo-se os elementos figurados 
do sangue e liberando-se a parte líquida. A RC ocorre devido à presença de plaquetas 
íntegras nos pontos de interseção das malhas da rede de fibrina. Quanto > n° plaquetas > 
RC. 
Avalia a função plaquetária. 
Valores de referência: 48 a 60%. 
Interpretação Clínica: RC direta → proporcional ao n° de plaquetas. 
 RC indireta → proporcional ao n° de hemácias. 
 
Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) 
 
Recalcificação de plasma em presença de cefalina (funciona como fosfolipídeo de 
plaqueta e contém caolin – ativador de contato), promovendo as reações do sistema 
intrínseco da coagulação. 
Avalia o sistema de coagulação-via intrínseca – XII, XI, IX, VIII, X, V, II e I. 
Valores de referência: 30 a 45 segundos. 
Interpretação clínica: TTPA ↑ = deficiência de qualquer fator da coagulação, 
exceto VII e plaquetário. 
Anormal: Valores 10 segundos além da normalidade. 
 
Tempo de Protrombina (TP ou TAP) 
 
Ao plasma descalcificado adiciona-se tromboplastina cálcica (tromboplastina + 
CaCl²). 
Avalia o sistema de coagulação – via extrínseca – VII, V, X, II e I. 
Valores de referência: em tempo (11 a 13segundos) e em concentração (86 -
100%). 
Interpretação clínica: TP↑ = deficiência de fatores I, II,VII e X. Anticoagulantes 
circulantes, antitrombinas (PDF), doenças hepáticas, DHRN (falta vitamina K). 
 
 
Classificação ABO/RH 
 
Antígeno Anticorpo 
A Anti-B 
B Anti-A 
AB Sem 
anticorpos 
O 
 
 Anti-A e Anti-
B 
Fator Rh Anticorpo 
+ Sem anticorpo 
- Anti-D 
 
 
Teste de Coombs 
 
O teste de antiglobulina humana (AGT) também é comumente denominado de 
teste Coombs. Baseia-se no princípio de que anticorpos antiglobulina humana específicos 
atuam como uma ponte que induz a aglutinação dos eritrócitos sensibilizados com 
imunoglobulina humana ou complemento. 
O AGT tornou-se uma ferramenta poderosa para testar antígenos ou anticorpos 
indetectáveis por outros métodos. Quando AGT é utilizado para detectar anticorpos 
ligados nos eritrócitos in vivo, o teste denominado é teste de antiglobulina direto (TAD). 
Quando o AGT é utilizado para detectar a reação do anticorpo e dos eritrócitos in vivo 
após um período apropriado de incubação, ele recebe a designação de teste da 
antiglobulina indireto (TAI). 
 
 Aplicações do Teste da Antiglobulina Direta (Coombs direto) 
 
- Reações hemolíticas transfusionais. 
- Doença hemolítica do recém-nascido. 
- Investigação de auto-anticorpos. 
- Ligação do anticorpo ou do complemento induzido por drogas. 
 
Aplicações do Teste da Antiglobulina Indireta (Coombs indireto) 
 
- Detecção e identificação de anticorpos eritrocitários no soro. 
- Prova cruzada: Os eritrócitos do doador são incubados com o soro do paciente 
em temperatura de 37°C seguida da conversão para um teste de antiglobulina a fim de 
detectar anticorpos que podem não ter sido detectados pela triagem do anticorpo devido 
à ausência do antígeno correspondente ou da concentração reduzida de antígeno nas 
células de triagem. 
- Tipagem dos antígenos eritrocitários.

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