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Educação das Relações Étnicos Raciais unidade 3

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Livro 
Didático 
Digital
Unidade 03
Glória Freitas
Educação 
das Relações 
Étnico-Raciais
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
GLÓRIA FREITAS
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
GLÓRIA FREITAS
Olá. Meu nome é Glória Freitas. Sou graduada em Pedagogia, com 
mestrado e doutorado na área de educação, com diversas experiências 
técnico-profissionais, na área de Educação, desde 1984, percorrendo 
inicialmente pela Educação Básica (na Educação Infantil e no Ensino 
Fundamental I) em Escolas, posteriormente lecionando em formações 
docentes em Organizações Governamentais e Não Governamentais 
(ONG’s e OSCIPs), e a partir de 1990, lecionando os fundamentos e 
metodologias de ensino, na Formação Docente Inicial e Pós-Graduação, 
no Ensino Superior, em Universidades Públicas e Particulares, em São 
Paulo, Paraná, Ceará, Rondônia e Maranhão. Sou apaixonada pelo que 
faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão 
iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
A AUTORA
INTRODUÇÃO: 
para o início do desen-
volvimento de uma 
nova competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações es-
critas tiveram que ser 
priorizadas para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e inda-
gações lúdicas sobre 
o tema em estudo, se 
forem necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamento 
do seu conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoaprendi-
zagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRAFIA
SUMÁRIO
Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito 
às diferenças.....................................................................10
Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às 
diferenças: questões iniciais e essências sobre diversidade e 
diferenças nas práticas pedagógicas ...................................10
Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças, 
nas práticas pedagógicas: diferenças ambiental-ecológica, 
étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, 
religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre 
outras.................................................................................13
Aplicando a Diversidade Cultural Brasileira na Prática 
Docente ............................................................................24
Aplicando a Diversidade Cultural Brasileira na Prática 
Docente: Histórias, pensamentos e conquistas ..................24
Aplicando a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente: 
Refletindo sobre o futuro do respeito às diferenças.....................33
Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o 
Outro e suas Semelhanças e Diferenças...........................40
Avaliando a Necessidade de Repensar o Papel do Educador 
diante da Diversidade Cultural .......................................48
Educação das Relações Étnico-Raciais 7
UNIDADE
03
Educação das Relações Étnico-Raciais8
A diversidade é inerente ao ser humano e é uma importante 
discussão a ser considerada no trabalho escolar. Nesse sentido, é 
necessário discutir inovações nas ações pedagógicas para que a escola 
pare de reproduzir sujeitos fragmentados e assuma uma proposta 
pluricultural para melhor atender as necessidades dos sujeitos e da 
sociedade que ele está inserido.
Você estudará na Unidade 3 sobre a Prática Pedagógica que 
contemple o Outro em suas semelhanças e diferenças, levando em conta 
a Diversidade Cultural. 
preparado? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar 
neste universo!
INTRODUÇÃO
Educação das Relações Étnico-Raciais 9
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
 • Refletir sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às diferenças 
ambiental ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes 
sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras.
 • Entender a Diversidade Cultural Brasileira na Prática Docente.
 • Desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e 
suas Semelhanças e Diferenças.
 • Compreender a Necessidade de Repensar o Papel do Educador 
diante da Diversidade Cultural.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
OBJETIVOS
Educação das Relações Étnico-Raciais10
Refletindo sobre a Diversidade Cultural 
e sobre o respeito às diferenças 
INTRODUÇÃO
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
o desenvolvimento de uma Prática Pedagógica que 
contemple o Outro em suas semelhanças e diferenças, 
levando em conta a Diversidade Cultural. Inicialmente 
você irá refletir sobre a Diversidade Cultural e sobre o 
respeito às relevantes diferenças, como as diferenças 
ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, entre as 
faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades 
especiais, escolhas sexuais, entre outras. Em seguida, você 
pensará sobre a necessária tarefa de aplicar a Diversidade 
Cultural Brasileira na Prática Docente, percorrendo 
Histórias, pensamentos, conquistas e refletindo sobre o 
futuro do respeito às diferenças. Ainda refletindo sobre a 
prática pedagógica, você focará em reflexões sobre como 
desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o 
Outro e suas Semelhanças e Diferenças. E, por fim, você 
vai avaliar a necessidade de repensar o papel do Educador 
diante da Diversidade Cultural. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Refletindo sobre a Diversidade Cultural 
e sobre o respeito às diferenças: questões 
iniciais e essências sobre diversidade e 
diferenças nas práticas pedagógicas 
Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre o respeito às 
diferenças, você tomará contato com as questões iniciais e essências 
sobre diversidade e diferenças, e, tais aprendizagens farão enorme 
diferença nas suas futuras práticas pedagógicas, além de fornecer 
elementos para refletir sobre erros de algumas atuais práticas 
pedagógicas que não levam em conta nem as diversidades culturais e 
nem as diferenças entre as pessoas.
Educação das Relações Étnico-Raciais 11
Você vai começar esta leitura com uma reflexão sobre a Diversidade 
Cultural e sobre o respeito às diferenças, tomando consciência de 
questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças, dentro das 
(e nas) práticas pedagógicas. Isso significa que você vai refletir sobre 
a Diversidade Cultural e as Diferenças, juntas e dentro das escolas. A 
Diversidade Cultural precisa ser vista como a expressão de opostos.
Sobre este tema é possível afirmar que a Diversidade Cultural é 
diversa, 
[...] ou seja, não se constitui como um mosaico harmônico, 
mas um conjunto de opostos, divergentes e contraditórios. 
A Diversidade Cultural é cultural e não natural, ou 
seja, resulta das trocas entre sujeitos, grupos sociaise 
instituições a partir de suas diferenças, mas também de 
suas desigualdades, tensões e conflitos. (BARROS, 2008, 
p.18)
E, é possível ainda afirmar que a Diversidade Cultural surge como 
uma resposta a algo que já era uma indagação, além de significar a 
procura decidida de um sujeito, e não exclusivamente uma constatação 
antropológica. É o resultado de uma construção deliberada, e não 
apenas um pressuposto, um ponto de partida. Um projeto, e não apenas 
um inventário (BARROS, 2008, p.19).
Na busca de entender pelo ponto de vista cultural, o que é a 
diversidade, os caminhos poderão levar ao entendimento da diversidade 
como a construção ao mesmo tempo, histórica, cultural e social das 
diferenças. Algo é incontestável: A Diversidade Cultural se realiza no 
humano, ao longo da História. E é nesse contexto que as relações raciais 
se configuram, constroem e reconstroem.
E o que afirmar sobre as diferenças? Existe um encontro entre o 
tema da diversidade cultural e das diferenças. E ficará evidente que por 
mais que cada comunidade seja distinta da outra, e que seus membros 
compartilhem idênticos ou semelhantes atos, festas, comemorações 
e modos de sentir e pensar, cada um de seus membros aprenderá 
socialmente a pertencer a uma determinada diversidade cultural, e, 
assim, carregar suas diferenças. 
Educação das Relações Étnico-Raciais12
As mais novas gerações aprendem de mãos dadas com as 
mais antigas, seus mestres e com os legados deixados pelos seus 
antepassados, chamados de ancestrais. E como estas pessoas, em 
seus grupos, com as suas diversidades culturais, agem nas e com as 
diferenças?
O Antropólogo Claude Lévi-Strauss, já em 1950, naquele cenário 
posterior aos horrores da 2.ª grande guerra, no discurso sobre Raça e 
História, para a UNESCO, já havia proposto três principais marcações 
conceituais para a compreensão e atuação com a diversidade cultural. 
Lévi-Strauss afirmou com relação a diversidade cultural que era 
imprescindível que ela fosse realizada de tais formas a permitir diálogos 
generosos entre as distintas diversidades culturais (KAUARK; BARROS; 
TORREÃO; MIGUEZ, 2015). 
Segundo o entendimento do importante estudioso francês e 
que morou em São Paulo, na juventude, deu aulas na Universidade 
de São Paulo e visitou alguns dos nossos povos indígenas, no Brasil, 
ele considerou que era importante uma reflexão sobre a compreensão 
da inexistência de uma relação de causa e efeito entre as diferenças 
culturais e as diferenças no plano biológico. O que isso quer dizer? 
Que não podemos acreditar em inatismo de nossas diferenças que 
são culturais. As nossas diferenças biológicas nem as causam e nem 
produzem efeitos sobre elas. As diferenças não se limitam a biologia. 
Existe desde 2007 uma convenção que trata da garantia da 
soberania, relacionada ao respeito às políticas culturais. É a Convenção 
da Unesco sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das 
Expressões Culturais. E que em sua história vem sendo utilizada como um 
instrumento para pressionar diversos governos, na busca da construção 
e manutenção de poderosas políticas públicas, capazes de promover 
e proteger a diversidade cultural. E neste documento da UNESCO, a 
diversidade cultural é vista como um valor universal, repassando uma 
ideia que os bens e serviços culturais possuem valores e sentidos 
que demandam tratamentos diferenciados, incidindo sobre os nossos 
direitos a diversidade cultural.
Quando um Governo, Técnicos Educacionais de uma Secretária 
Estadual ou Municipal de Educação, seus conscientes coordenadores 
Educação das Relações Étnico-Raciais 13
pedagógicos, e ainda, os seus professores reflexivos tomam a iniciativa 
de cumprir as legislações relacionadas à educação e que zelam pela 
existência de um planejamento de atividades educacionais, que levem 
em conta a diversidade cultural e as diferenças, é necessário louvar 
todos estes esforços! O fato é que as existências das legislações, nas 
instâncias federal, estadual e municipal não determinam que as práticas 
pedagógicas serão profundamente tocadas e focadas, na Diversidade 
Cultural e no respeito às diferenças.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo - 
Brasil: DNA África. Trata da origem dos afrodescendentes 
e a importância dos africanos na construção do Brasil. O 
projeto está baseado em três eixos: o histórico, o cultural e 
o científico. 
Acessível pelo link: http://bit.ly/2tVkt29
Refletindo sobre a Diversidade Cultural 
e sobre às diferenças, nas práticas 
pedagógicas: diferenças ambiental-
ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas 
geracionais, classes sociais, religiões, 
necessidades especiais, escolhas sexuais, 
entre outras 
Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças, nas 
práticas pedagógicas faz-se necessário lançar mão de reflexões sobre 
as diferenças ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas 
geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas 
sexuais, entre outras.
É necessário comemorar tais práticas pedagógicas e tais políticas 
públicas que as amparam, bem como os legisladores que constituíram 
http://bit.ly/2tVkt29
Educação das Relações Étnico-Raciais14
estes relevantes marcos legais. É importante que as políticas 
educacionais de integração democrática das diversidades, contemplem 
problemas comuns à questão do negro e à questão do índio, outras 
deverão contemplar especificidades próprias de cada grupo. E, que, 
ainda, nossas políticas educacionais oportunizem uma educação de 
cultura, através de campanhas massivas e intensivas de ‘fabricação’ 
contra-hegemônica de identidades de negros e índios como atores 
sociais partícipes do processo de construção do País. 
E isso é possível acontecer se existirem, no seio da sociedade, 
políticas Públicas inúmeras e potentes, não somente as políticas 
públicas educacionais, mas também as políticas afirmativas ostensivas 
de presença negra e presença índia nas mídias, de assunção às esferas 
decisórias, de cotas de vagas em escolas e, no caso dos negros, de 
quotas de empregos nas diversas atividades econômicas.
Assim, antes de pensar nas Práticas pedagógicas é necessário a 
luta ou a preservação, a depender do momento histórico que passa o país, 
de algumas políticas educacionais, que contemple as especificidades 
das populações afro-brasileiras e das populações indígenas. No caso 
das populações indígenas, a questão do bilinguismo continua sendo 
uma questão crucial. Isso significa manter a língua materna!
Não podemos falar em contemplar a diversidade cultural e as 
diferenças étnico-raciais brasileiras, sem pensar em manter as línguas 
maternas indígenas. Muitos povos indígenas conservam sua língua, mas 
a tendência de perda é cada vez mais acentuada. Isso para falar em um 
único seguimento de nossas diferenças, no recorte étnico-racial, com 
foco nas línguas. Mas existem muitos outros!
Gersem dos Santos Luciano (2006), Gersem Baniwa, indígena 
brasileiro, do Povo Indígena Baniwa, da Amazônia Brasileira, Doutor em 
Antropologia, é escritor e professor universitário. Deu e continua dando 
grande contribuição ao nosso país nos tempos em que atuou como 
Conselheiro no Conselho Nacional de Educação (2006/2008 e 2016 
a 2020). É possível aprender com Gersem Baniwa sobre diversidade 
cultural e diferença étnico-racial indígena, ou mais apropriadamente 
diferenças. 
Educação das Relações Étnico-Raciais 15
Gersem Luciano, do Povo Indígena Baniwa (2008), fala sobre 
ser falante de outras línguas, em um país que a maioria só fala uma 
única língua, o português do Brasil. Declarando que os povos indígenas 
enfrentam a imposição de padrões, que vão da alimentação à língua. 
Somos obrigados a aprender e a falar uma outra língua, muitas vezes 
abdicando de nossas línguas, de nossas tradições e assim por diante 
(LUCIANO, 2008,p. 69).
Neste sentido, refletir sobre as diferenças e a diversidade cultural 
visíveis e coexistindo com as intenções educativas dos professores, passa 
por mudanças nas mentalidades dos educadores e pela instauração de 
novas posturas, tolerantes as diferenças dos alunos. E, caminhar um 
pouco mais além, saindo da leve aceitação, desta aparente situação de 
tolerância para uma convivência mais partilhada da diversidade. Porque 
uma coisa é tolerar alguém; outra coisa é conseguir compartilhar modos 
de pensar, valores, conhecimentos e assim por diante.
As diferenças indígenas são representativas das diferentes 
culturas dos povos que habitam e constituem o nosso país: olhar 
a diferença não como um problema, mas como um valor, um 
enriquecimento da sociedade brasileira (um patrimônio nacional).
Tratando das diferenças indígenas, Luciano (2006) defende que 
a escola, que foi exaustivamente usada como um dos fundamentais 
instrumentos durante a história do contato para descaracterizar e 
destruir as culturas indígenas, possa vir a ser um instrumental decisivo 
na reconstrução e na afirmação das identidades e dos projetos coletivos 
de vida.
Como distinguir os Povos Indígenas e suas grandes diferenças? 
São povos que representam culturas, línguas, 
conhecimentos e crenças únicas, e sua contribuição ao 
patrimônio mundial – na arte, na música, nas tecnologias, nas 
medicinas e em outras riquezas culturais – é incalculável. 
Eles configuram uma enorme diversidade cultural, uma 
vez que vivem em espaços geográficos, sociais e políticos 
sumamente diferentes. (LUCIANO, 2006, p. 47)
Educação das Relações Étnico-Raciais16
Figura 3: Povos Indigenas
Fonte: Freepik
O escritor e indígena Gersem Luciano explica que a diversidade 
cultural de cada povo indígena, bem como a história de cada um deles e 
os contextos e que vivem desenvolvem dificuldades para reduzi-los ou 
enquadrá-los com uma só definição. Talvez exista no imaginário popular, 
fruto do preconceito de que índio é tudo igual, servindo para diminuir o 
valor e a riqueza da diversidade cultural dos povos nativos e originários 
da América continental (LUCIANO, 2006, p. 40).
Este autor, Gersem Luciano, do Povo Indígena Baniwa, reflete 
sobre a realidade brasileira, com relação a diversidade cultural. 
Isso explica a diversidade cultural e a diferença de uma das 
matrizes do povo brasileiro, que são os Povos Indígenas, além da 
necessidade de ouvir deles mesmos sobre eles mesmos e suas 
diversidades e diferenças. A seguinte definição deles pode ser até uma 
lição que podemos usar para definir a diversidade dos alunos: Eles 
mesmos, em geral, não aceitam as tentativas exteriores de retratá-
los e defendem como um princípio fundamental o direito de se auto 
definirem.
Somente depois da promulgação da Constituição Cidadã, de 1988, 
é que um novo tempo foi instituído no Brasil, com relação as garantias e 
Educação das Relações Étnico-Raciais 17
respeitos as diversidades culturais indígenas. Assim, inicia-se o terceiro 
período, do Indigenismo Governamental Contemporâneo – pós 1988 
(LUCIANO, 1988). Sendo que o fato acentuado de tal período teria sido, 
segundo Luciano, a superação teórico-jurídica do princípio da tutela 
dos povos indígenas por parte do Estado brasileiro (entendida como 
incapacidade indígena) e o reconhecimento da diversidade cultural e da 
organização política dos índio.
Os Povos Indígenas são sujeitos com direitos às diferenças. Mas 
nem sempre isso é perceptível. Apesar de existirem 223 povos indígenas 
no Brasil. Estes 223 diferentes povos não são idênticos, são povos 
diferentes um do outro. Por que é diferente? Porque cada povo tem sua 
língua própria, têm suas tradições próprias, sua mitologia própria, sua 
cosmologia própria, que se distinguem das demais.
Já desde a largada dos portugueses e espanhóis dos portos 
europeus, os planos não constituíam o respeito as diferenças e nem 
muito menos à diversidade cultural. O projeto passava pela unificação e 
domínio. Constitui-se um:
[...]projeto ambicioso de dominação cultural, econômica, 
política e militar do mundo, ou seja, um projeto político 
dos europeus, que os povos indígenas não conheciam e 
não podiam adivinhar qual fosse. Eles não eram capazes 
de entender a lógica das disputas territoriais como parte 
de um projeto político civilizatório, de caráter mundial e 
centralizador, uma vez que só conheciam as experiências 
dos conflitos territoriais intertribais e interlocais. (LUCIANO, 
2006, p. 17)
O que aponta ainda, em pleno século XXI, com relação aos povos 
indígenas, é que toda a história da colonização e até os dias atuais, 
persiste uma danosa prática histórica, que permanece agindo para 
manter a invisibilidade e o preconceito, contestando até os direitos 
dessas coletividades indígenas. 
Com relação a Diversidade Cultural, as diferenças e os 
afrodescendentes, o povo negro brasileiros, os descendentes dos 
africanos que viveram no Brasil na condição indigna de escravizados, é 
impossível tocar nas suas singularidades sem tratar das relações racistas 
Educação das Relações Étnico-Raciais18
produzidas no Brasil, nas quais o povo negro foi duramente atingido em 
suas diferenças e identidades.
Este racismo foi sendo alimentado pela reafirmação da 
ambiguidade do ser e não-ser, insistentemente presente nas mentes 
dos que tratam desta questão, ou seja, da imprecisão de alguns quando 
tratam sobre a realidade de racismo que o povo negro vive, no Brasil, 
entre outros povos do Brasil que estão imersos na nossa realidade de 
pluralidade étnica.
Não há como falar sobre a participação do povo negro no 
Brasil, a sua presença no complexo leque da Diversidade 
Cultural brasileira, as diversas formas por meio das quais 
esse grupo étnico-racial constrói sua identidade sem 
considerar o contexto do racismo na sociedade brasileira. 
(GOMES, 2008, p. 135)
Isso levará você a reflexão sobre as desigualdades que enfrentam 
os afrodescendentes no Brasil, neste imenso país construído com os 
esforços de seus ancestrais. O fato é que, a população negra do Brasil, 
precisa lidar com suas diversidades culturais, com suas diferenças, e 
com a persistência do racismo, a não-integração ou integração marginal 
do negro na nossa sociedade, a cidadania precária e subalterna que 
permeia a vida e a conquista dos direitos. São desigualdades históricas 
que caminham lado a lado com a desigualdade socioeconômica, mas 
cada uma tem a sua forma de operar na cultura, na política, na educação, 
nos contextos das relações de poder, na vida dos sujeitos sociais.
Algumas pessoas, não negras ou não identificadas com as 
lutas em prol de igualdades de oportunidades, de parcela significativa 
do povo negro e empobrecido, costumam maldizer as políticas 
afirmativas, como as políticas de cotas raciais das universidades. Um 
dado estatístico, revelado por pesquisas do IPEA, no fim do século XX, 
determina reflexões: No ano de 1999, 98% deles não tinham ingressado 
na Universidade. 
Isso demanda um olhar mais apurado. Com as políticas de Cotas 
nas Universidades Públicas brasileiras, o quadro foi amenizado, passando 
a ser de 12,8% a presença de jovens negros (pretos e pardos), na faixa 
etária entre 18 e 24 anos, entre os que são estudantes matriculados em 
Educação das Relações Étnico-Raciais 19
instituições de ensino superior no Brasil. Pode representar um número 
ainda ínfimo, mas mudanças ocorreram, graças às políticas afirmativas 
de cotas. 
A presença de estudantes negros, na totalidade da população 
brasileira, foi ampliada de negros nas universidades, segundo dados do 
ano de 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso 
comprova que a presença nula mudou com a política de cotas, mas 
poderá melhor ainda mais. É significativo revelar que, em 2018, no Brasil 
mais de 19 milhões de pessoas se declaram pretas, segundodados de 
2019, divulgados pelo IBGE. Somando aos não declarados representam 
grande contingente populacional.
É necessário refletir sobre os dados todos acima. Eles revelam 
que é necessário investimento em políticas Públicas educacionais 
que tragam um contingente cada vez maior de crianças, adolescentes 
e jovens negros para dentro das escolas, nos mais diversos níveis da 
Educação Básica e para a Universidade. Muitos avanços aconteceram 
e gigantescos passos precisarão ser dados para superar todos estes 
séculos de desigualdade. O país desafia com seus quadros acentuados 
de desigualdades, de desníveis e com as suas precariedades nas 
políticas educacionais de caráter universal. 
Elas não conseguem atingir de forma igualitária alguns 
grupos específicos da nossa população. Essa situação 
desvela uma das falácias do mito da democracia racial 
brasileiro, ou seja, a crença de que negros e brancos 
encontram-se em situação de harmonia e igualdade no 
Brasil. Que harmonia? Que igualdade? O que os dados 
estão dizendo? (GOMES, 2008, p. 137)
Educação das Relações Étnico-Raciais20
Figura 2: Diversidade
Fonte: Freepik
Sendo assim é muito importante garantir as necessárias e justas 
mudanças educacionais e epistemológicas, ou seja, operando nas 
formas como construímos o conhecimento ou que práticas educativas 
fazemos para as crianças construírem, e serem suficientemente capazes 
de entender, considerar e afirmar, dentro das instituições educacionais, 
que as ações dos negros como sujeitos políticos ao longo da História 
poderá ser dar visibilidade às práticas culturais, políticas, educacionais e 
organizativas do segmento negro da população brasileira.
Refletindo sobre a Diversidade Cultural e sobre às diferenças, nas 
práticas pedagógicas, com os olhos nas diferenças étnico-raciais, do 
Povo Negro Brasileiro, focando sobre a situação de gênero, pensando na 
mulher negra professora, e nos negros que enfrentam suas diferenças 
relacionadas as faixas geracionais, ligando com as realidades de suas 
classes sociais, e não discriminando aqueles negros que são de 
religiões afrodescendentes ou religiões de matriz africana, é necessário 
promover seus direitos todos a diversidade cultural e suas diferenças. A 
escola brasileira precisará avançar na sua intolerância com as diferenças 
religiosas. As crianças sofrem e ainda são obrigadas a assistir aulas que 
desconhecem seus cultos sagrados:
[...] Mais do que ‘tolerância religiosa’, o que se reivindica é 
o reconhecimento, a aceitação e o respeito da diversidade 
religiosa brasileira. As religiões de matriz africana têm 
Educação das Relações Étnico-Raciais 21
sofrido muitas pressões e discriminações. No entanto, a 
organização dos praticantes dos cultos afro-brasileiros 
tem ampliado e alcançado algumas vitórias políticas em 
diferentes lugares do País. (GOMES, 2008, p. 143).
Sobre as relações entre a diversidade cultural e as diferenças 
ambiental-ecológica, apontando como uma estratégia para tempos 
difíceis de acentuadas mudanças climáticas, aquecimento global 
com relevantes danos para a população mundial, com perspectivas 
de agravamento nas próximas décadas, segundo dados de cientistas 
do clima, são necessárias reflexões. Qual seria o papel das práticas 
pedagógicas, nas escolas brasileiras?
O mundo já vê estarrecido episódios que demandam novas 
significações e novos contatos com a preservação ambiental-ecológica, 
em uma aliança com a diversidade cultural e as diferenças dos diversos 
povos que habitam o território brasileiro e que necessitam da terra para 
produzir, além de alimentos, suas diversidades culturais. É o caso de 
indígenas, quilombolas e demais pessoas e comunidades tradicionais 
que vivem no Campo.
Recentemente chamou a atenção nos lamentáveis episódios de 
rompimentos de barragens em Minas Gerais (2019), os danos graves às 
vidas das comunidades ribeirinhas, pescadores e povos indígenas de 
Minas Gerais. Pensando no mundo todo são diversos episódios como 
incêndios e mudanças drásticas no clima que criam a categoria de 
desabrigados ambientais. Isso demanda reflexões significativas pela 
preservação dos nossos ecossistemas, entre eles a Amazônia, onde 
habitam muitos dos nossos povos indígenas. 
A nossa diversidade cultural e o nosso pluralismo cultural prova 
que não somos idênticos, ou seja, não somos iguais, somos diferentes, 
carregamos diferenças, que aparecem em diversos formatos, nos 
longos séculos de luta contra os projetos de unificação, propostos pelos 
colonizadores da nossa América e de nosso Brasil. Já os colonizadores 
portugueses não eram únicos, carregavam suas diferenças. Os povos 
indígenas eram e são diversos. E os africanos eram idênticos, somente, 
na condição indigna de escravização. 
Educação das Relações Étnico-Raciais22
É evidente que Governos Federal, Estadual e Municipais, as 
legislações eficazes e Políticas Públicas de Educação serão necessárias 
e devem ser mantidas, a escola sozinha não pode realizar tão 
imprescindíveis tarefas. 
Já neste século foi proposto pelo Governo Federal, o Programa 
Brasil Plural. Foi praticado pela Secretaria da Identidade e da Diversidade 
Cultural, através do Ministério da Cultura, em 2004. É interessante 
analisar os pontos escolhidos para focar em tal programa, figuravam: a 
valorização da diversidade das expressões culturais nacionais e regionais, 
o fortalecimento da democracia, com igualdade de gênero, raça e etnia 
e a cidadania com transparência, diálogo social e garantia dos direitos 
humanos. Bem como a garantia de apoio, promoção e intercâmbio aos 
grupos e redes de produtores culturais, manterem suas diversificadas 
manifestações culturais, salvaguardando as qualidades identitárias (de 
identidade, de diferença) por gênero, orientação sexual, grupos etários, 
étnicos e da cultura popular. 
Além de promover a identificação, preservação e valorização 
dos patrimônios culturais brasileiros, assegurando sua integridade, 
permanência, sustentabilidade e diversidade. Algo a ser pensado na 
escola é uma condição de diferença e de portador de diversidade cultural 
da criança ou do jovem com deficiência! As legislações avançaram! Os 
educadores precisam entender e garantir a perfeita inclusão das pessoas 
com deficiência. Toda uma legislação recente os salvaguarda na escola!
Todos estes elementos devem ser levados em consideração para 
a realização de práticas pedagógicas que levem em conta a diversidade 
cultural e as diferenças ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, 
faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais 
(Crianças, adolescentes, jovens e adultos com deficiência), escolhas 
sexuais, entre outras. 
Educação das Relações Étnico-Raciais 23
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo - 
Darcy Ribeiro narra no seu livro o Povo Brasileiro, a matriz 
indígena. 
Acessível pelo link: http://bit.ly/3b2ZKKy
E a matriz afrodescendente. 
Acessível pelo link: http://bit.ly/3aX3ZXO
Figura 3: Brasileiros
Fonte: Wikimedia Commons
Você foi capaz de refletir sobre o sobre a Diversidade Cultural 
e sobre o respeito às relevantes diferenças, inicialmente focando nas 
questões iniciais e essências sobre diversidade e diferenças, nas práticas 
pedagógicas. Por fim, você foi capaz de refletir sobre Diversidade 
Cultural e sobre cada uma das seguintes diferenças, a saber, ambiental-
ecológica, étnico-racial, de gêneros, entre as faixas geracionais, classes 
sociais, religiões, necessidades especiais (pessoas com deficiências), 
escolhas sexuais, entre outras.
 http://bit.ly/3b2ZKKy
http://bit.ly/3aX3ZXO
Educação das Relações Étnico-Raciais24
Aplicando a Diversidade Cultural 
Brasileira na Prática Docente 
Você será capaz de aplicar a diversidade cultural brasileira 
na prática docente, você vai entrar nas especificidades das práticas 
docentes,nos saberes e fazeres docentes, sob o foco da presença da 
diversidade cultural brasileira, levado pela indagação e como promovê-
la, no cotidiano escolar.
Aplicando a Diversidade Cultural 
Brasileira na Prática Docente: Histórias, 
pensamentos e conquistas 
Quando você refletir sobre a relação entre Diversidade Cultural, 
diferença e prática pedagógica, dentro das escolas, procure pensar que 
as nossas diferenças e aquelas que aprendemos nas nossas casas, e 
vemos desde pequenos, no contato com as nossas comunidades, não 
devem ser naturalizados, nem romantizados e muito menos vistos como 
ingênuos. 
Não devemos aceitar que eles sejam sentidos ou teorizados 
como algo que compense os maus tratos e todo o longo processo 
de escravização do povo africano ou de desapropriação dos povos 
indígenas, duas das nossos importantes matrizes, imersas nas nossas 
culturas e em nossa diversidade cultural, demandando respeito aos 
seus direitos e visibilidade. 
E muito menos devemos amenizar as hibridizações 
contemporâneas (algumas misturas que acabam por desqualificar e 
anular as marcas constituintes de nossas culturas e de pertencimento dos 
povos negros e indígenas brasileiros. Permitir isso impede perspectivas 
e atitudes mais efetivas de proteção, promoção e articulação, dos 
legados de nossos ancestrais negros, indígenas e europeus. Cada um 
destes agrupamentos trouxe contribuições singulares e que devem ser 
preservadas. 
É necessário admitir inicialmente que somente o desvendar 
desta necessidade, movida por sentimentos que caminham pela trilha 
Educação das Relações Étnico-Raciais 25
de uma reparação histórica de tantos silenciamentos diante de toda a 
diversidade cultural brasileira e com as nossas mais distintas diferenças 
não vão mover rapidamente a engrenagem que ficou parada e está 
enferrujada. É preciso ir bem além da boa vontade, em sala de aula, 
e estabelecer um caminho, mesmo que seja longo para desconstruir 
velhas:
[...] práticas geradas por estruturas de dominação colonial 
de longo prazo, de produção da desigualdade a partir das 
diferenças socioculturais, estas consideradas como signo 
de inferioridade. Tal enunciação prescritiva da busca 
de ‘novas posturas’ mal disfarça o exercício da violência 
(adocicada que seja), única caução de uma ‘verdade’ 
também única e totalitária. É preciso ir bem mais adiante. 
(LIMA, 2006, p. 13)
Isso fará você retornar a uma questão: o que as escolas e suas 
práticas pedagógicas devem e podem fazer pela nossa diversidade 
cultural, aliada às nossas diferenças, agindo de uma maneira que não 
anulem e jamais destruam as nossas diferenças? E a resposta possível 
é a defesa evidente que existe uma grande necessidade de educar para 
a diversidade ou de uma educação para a diversidade entendida menos 
como uma atitude de respeito passivo e mais como uma forma de estar 
no mundo, em que a articulação das diferenças se configura como pré-
requisito ao desenvolvimento humano.
Há uma alternativa já antiga e conhecida pelos Povos Indígenas 
do Brasil. É uma possibilidade de Educação diferenciada, que não 
esconde nem nossas diversidades culturais e nem as nossas diferenças. 
É a Educação intercultural focada em trazer os diversos elementos de 
várias culturas, tais conhecimentos, valores e tradições, que se articulam 
e se integram nas práticas cotidianas das pessoas, para o campo das 
políticas de divulgação e de valorização da Diversidade Cultural e para 
o dia-a-dia das pessoas, bem como das instituições escolares e das 
nossas sociedades, mas nem sempre bem utilizadas. É bom destacar 
que a interculturalidade não é inverter a relação desigual de discriminado 
a discriminador, mas uma superação de qualquer forma de simetria nas 
relações culturais entre indivíduos e sociedades.
Educação das Relações Étnico-Raciais26
Existem pessoas que desconhecem a nossa diversidade cultural 
brasileira e, ainda, ignoram e discriminam as nossas mais distintas 
diferenças, diferenças ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, 
faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, 
escolhas sexuais, entre tantas outras. Já educadores precisarão 
conhecê-las e respeitá-las muito bem!
A realidade social brasileira e nos demais Estados contemporâneos 
estão vinculados às diferenças socioculturais? Como podemos fazer 
com que as escolas sejam espaços de aprender com as diferenças 
socioculturais e todas as demais diferenças que brotem dentro das 
escolas? Como fazer um cenário pedagógico que permitam dialogar 
com as diferenças e as diversidades culturais já existentes, dentro das 
escolas? Como começar este caminho? Como vencer os preconceitos e 
dissipar tanto racismo? 
Sempre que uma realidade educacional inspira e respira, 
democraticamente, práticas pedagógicas inclusivas, com respeito as 
diferenças e as diversidade cultural, não se pode dizer apenas que 
cumprem as legislações. Agem e são justos com a nossa história, ou 
mais precisamente as nossas histórias e culturas dos diversos povos, 
nossas intensas matrizes do povo brasileiro.
O Brasil não é ou não multicultural? É diverso? É sempre bom 
refletir que: 
[...] a multicultura brasileira reflete a rica pluralidade que 
se manifesta na miscigenação de seu povo, na cor da 
pele, nos costumes, na culinária, vestimentas, folclore, 
comportamento etc. Todavia (e infelizmente) se reflete 
também nas relações de poder e nas desigualdades entre 
os privilegiados e os outros – as denominadas de forma 
depreciativa ‘minorias’. (FERREIRA, 2015, p. 306)
Educação das Relações Étnico-Raciais 27
Figura 4: Aceitação da diversidade
Fonte: Freepik
Refletindo sobre a questão da Diversidade Cultural, das 
diferenças, das identidades nas salas de aula, é possível afirmar palavras 
que remetem à atualíssimas reflexões sobre estes temas que você está 
estudando agora, diferenciando-as de formas antigas, ultrapassadas e 
superadas.
Depois de fazer suas considerações sobre os cenários desoladores 
em que alojaram as nossas diversidades culturais no Brasil, ao longo da 
nossa história, desde a chegada dos portugueses, escondendo-as, assim 
como se fosse possível àquilo recalcado, ocultado, não ser perceptível, 
este projeto nacional de homogeneização (assim como se fosse fácil 
misturar óleo e água), tal projeto de embranquecimento e destituição 
das nossas diversidades e diferenças foram chegando às escolas, aos 
alunos, montadas dentro das cabeças dos professores, presentes aos 
currículos, mantidas como mentiras que parecem verdades nos nosso 
livros didáticos. E com quais finalidades?
Para que os futuros professores, não indígenas e que desconhecem 
a diversidade cultural e as diferenças dos povos indígenas, possam 
Educação das Relações Étnico-Raciais28
falar deles com propriedades e sem preconceitos? Servirá para os que 
são muito pouco ou pouco conhecedores da diversidade linguística, 
dos modos de vida e das visões de mundo de povos de histórias tão 
distintas como os que habitam o Brasil e que compõem um patrimônio 
humano inigualável. E para que possamos construir uma escola aberta 
às diferenças e a diversidade cultural que tenha por princípio elementar 
o respeito à diferença, o cultivo da diversidade, a polifonia de tradições 
e opiniões e que se paute pela tolerância, como tantos preconizam no 
presente.
Com tais mentiras que pareciam verdades foram surgindo 
explicações, que caracterizavam as nossas diferenças como nulas e 
parecíamos menos complexos do que somos, menos diversificados 
culturalmente do que somos, menos diferentes étnico-racialmente 
do que somos. Foram mentindo sobre nós e estas mentiras pareciam 
verdades de tanto serem repetidas. Então, uma tarefa surgiu como 
preponderante. Era necessário tocar as mentes das pessoas para ver as 
invisibilidades, diante de nossa diversidade cultural.
Estes desafios exteriores à sala de aula, são, concomitantemente,desafios para dentro das salas de aula, relacionados aos temas da 
diversidade cultural e das diferenças, que estão fora e dentro da escola.
O que podemos almejar como reconhecimento de nossas 
diferenças? E quando falamos em diferenças designamos as individuais 
e as coletivas. Queremos ver reconhecidas as nossas diferenças 
coletivas e individuais como uma condição de cidadania quando as 
identidades diversas são reconhecidas como direitos civis e políticos, 
consequentemente absorvidos pelos sistemas políticos e jurídicos no 
âmbito do Estado Nacional. 
Não devemos agir nas escolas, com relação aos modos diferentes 
de alguns agrupamentos com relação à educação, como educam 
seus filhos, com os mesmos parâmetros de análise equivocada dos 
colonizadores portugueses. Eles achavam que somente as diferenças 
deles eram boas, válidas e certas. E que somente os seus métodos para 
educar eram os mais acertados.
A Educação é um direito social e um processo de desenvolvimento 
humano, que demanda Políticas Públicas de Educação. Já nos Parâmetros 
Educação das Relações Étnico-Raciais 29
Curriculares Nacionais (1997), a educação escolar corresponde a um 
espaço sociocultural e institucional responsável pelo trato pedagógico 
do conhecimento e da cultura. Historicamente, esta universalização do 
direito à educação foi tardia no Brasil, mesmo depois da Proclamação da 
República. O que necessariamente deve ser comemorado como fruto 
das lutas populares e que resultaram nos avanços dos marcos legais da 
educação Nacional, a partir de 1988, com a nova Constituição Federal, 
carinhosa e esperançosamente chamada de Constituição Cidadã. Não 
ocorreu sem lutas!
O Grande abolicionista, pensador e escritor negro brasileiro, Luiz 
Gama nasceu em 1830, sua mãe Luiza Mahin era africana e estava na 
condição de escravizada, Luiz Gama nasceu livre, e posteriormente foi 
vendido pelo próprio pai, quando tinha dez anos. Nunca teve um diploma 
universitário. Atuou nos tribunais e conseguiu com seus esforços libertar 
mais de 500 pessoas negras, em condição de escravizados. Hábil leitor, 
ele ia atrás das leis escravistas brasileiras, no século XIX, conseguindo 
examinar saídas para a libertação de muitas pessoas, antes do fim da 
escravidão, no Brasil.
Em uma carta de importante valor histórico, datada de 1880, um 
pouco antes da assinatura do fim da escravidão no Brasil, declarou:
[...] Em 1847, contava eu 17 anos, quando para a casa do 
sr. Cardoso, veio morar, como hóspede, para estudar 
humanidades, tendo deixado a cidade de Campinas, onde 
morava, o menino Antônio Rodrigues do Prado Júnior, hoje 
doutor em direito, ex-magistrado de elevados méritos, e 
residente em Mogi-Guassu, onde é fazendeiro.
Fizemos amizade íntima, de irmãos diletos, e ele começou a 
ensinar-me as primeiras letras.
Em 1848, sabendo eu ler e contar alguma cousa, e tendo obtido 
ardilosa e secretamente provas inconcussas de minha liberdade, retirei-
me, fugindo, da casa do alferes Antônio Pereira Cardoso, que aliás 
votava-me a maior estima, e fui assentar praça. (MOURA; MOURA, 2004, 
p. 170) 
No tempo em que serviu no exército, como praça, ele narra que 
se fez copista (fazia cópias); escreveu para o escritório de um escrivão 
Educação das Relações Étnico-Raciais30
tornando-se amigo dele. Ordenança dele, narrando que por meu caráter, 
por minha atividade e por meu comportamento, conquistei a sua estima 
e a sua proteção; e as boas lições de letras e de civismo, que conservo 
com orgulho. Sem o direito universal a educação, tendo nascido livre, 
sendo filho de uma africana escravizada, os dois eram lideranças da 
resistência negra, a mãe e ele, Luiz Gama aprendeu a ler e as tarefas 
ligadas a um exercício intelectual e unido as letras, graças aos amigos 
que foi fazendo pela vida. Sua vida é exemplar da falta que as políticas 
públicas podem fazer! 
Lá pelo ano de 1856, ainda longe estava a abolição, após ter 
servido no cargo de escrivão diante de muitas autoridades policiais, 
conta fui nomeado amanuense da Secretaria de Polícia, onde servi até 
1868, época em que ‘por turbulento e sedicioso’ fui demitido a ‘bem 
do serviço público’, pelos conservadores, que então haviam subido ao 
poder.(MOURA; MOURA, 2004, p.170). 
Assim, por pura perseguição política e não por algum grave delito 
no exercício de sua profissão. “Desde que me fiz soldado, comecei a ser 
homem; porque até os 10 anos fui criança; dos 10 aos 18, fui soldado. 
Fiz versos; escrevi para muitos jornais; colaborei em outros literários e 
políticos, e redigi alguns”. (MOURA; MOURA, 2004, p. 170). Um renovado 
intelectual brasileiro, do século XIX, Luiz Gama lutou muito pelos direitos 
dos afrodescendentes.
Uma escola pública que aplicasse a Diversidade Cultural Brasileira 
na Prática Docente, fez falta à vida do menino Luiz Gama, lá no século 
XIX! O fato é que no decorrer das últimas décadas o século XX e das 
duas primeiras décadas do século XXI, a sociedade civil organizada e 
os Governos Federal, Estaduais e Municipais brasileiros organizaram 
pujante conjunto de marcos legais e de políticas públicas, focadas nas 
diferenças étnico-raciais e na diversidade cultural brasileira. Para que 
as escolas e as práticas docentes possam ser inclusivas e não ocultar 
ou insultar as nossas diferenças e nossas diversidades culturais, serão 
necessárias mudanças íntimas (na subjetividade de cada educador) 
e também externas ou sociais nos currículos, nas metodologias, na 
avaliação e na relação com a comunidade em seu entorno, na formação 
docente, entre tantas outras questões. 
Educação das Relações Étnico-Raciais 31
No caso das práticas pedagógicas é necessário se debruçar 
sobre todas as ausências como, por exemplo, a ausência do negro no 
livro didático, a ausência de mulheres negras na política, a ausência dos 
negros nos cargos de poder, entre outros, são formas de exclusão e 
de não-existência ativamente. Estas ausências do povo negro, com sua 
diversidade cultural e suas diferenças foram, perversamente, produzidas, 
dentro da realidade brasileiras e nos contextos histórico, político, cultural 
e educacional. Ou seja, elas foram produzidas conquanto tais. Essas 
ausências também podem ser encontradas no campo epistemológico, 
como, por exemplo, na própria produção do conhecimento.
Quanto à questão da diversidade cultural dos povos indígenas, a 
Constituição Federal de 1988 representou um divisor de águas de um 
processo longo de exclusão das diversidades culturais e diferenças entre 
os mais de 200 povos indígenas brasileiros. Isso operou uma ruptura 
com um modelo excludente, já existente desde o início da República 
brasileira (1889), baseada em uma política extremamente etnocida 
(voltada a exterminar os povos indígenas), repressiva e genocida. 
O que operava era uma política determinada de negação e de 
banimento dessa Diversidade Cultural. Passamos mais de quatro séculos em 
que a política oficial dos dirigentes, seja no período colonial ou pós-colonial, 
distinguia negativamente essas pessoas e grupos, física e culturalmente.
Uma primeira iniciativa neste sentido foram os Parâmetros 
Curriculares Nacional (1997), diversidade cultural figura entre os temas 
transversais. De lá para cá, as demandas para a escola que levem em 
conta a diversidade cultural e a diferença de cada povo indígena passa 
por vê-la, a escola, como um ‘contexto’: 
[...] um lugar onde a relação entre os conhecimentos 
tradicionais e os novos conhecimentos científicos e 
tecnológicos deverão articular-se de forma equilibrada, 
além de ser uma possibilidade de informação a respeito 
da sociedade nacional, facilitando o ‘diálogo intercultural’ e 
a construção de relações igualitárias – fundamentadas 
no respeito, no reconhecimento e na valorização das 
diferenças culturais – entre os povos indígenas, a 
sociedade civil e o Estado. (LUCIANO, 2006, p. 148)
Educaçãodas Relações Étnico-Raciais32
Os Parâmetros curriculares Nacionais/PCN’s representaram 
apenas um ponta pé em uma história de silenciamentos e exclusões as 
matrizes dos povos brasileiros. Pois nem existe uma só cultura, existem 
diversas culturas e elas se encontram dentro da escola. Além da escola 
e o currículo dela assumirem que as crianças representam muitas 
culturas diferentes, é preciso ir além. É necessário reconhecer a cultura 
docente, do aluno e da comunidade, a presença da cultura escolar, mas 
não questiona o lugar que a diversidade de culturas ocupa na escola. 
Mais do que múltiplas, as culturas diferem entre si.
Refletindo sobre a aplicação da Diversidade Cultural e das 
diferenças, nas práticas pedagógicas, com os olhos nas diferenças 
étnico-raciais, do Povo Negro Brasileiro, discutindo as questões de 
gênero, pensando na exclusão da mulher negra ou do homossexual 
de qualquer etnia, e nos desafios geracionais dos negros, na velhice da 
população negra, ou nos desafios dos adultos e idosos que vão aprender 
a escrever e ler, nas salas de Educação de Jovens e adultos, entendendo 
o desejo do jovem negro de chegar na universidade, entendendo-os de 
dentro de suas realidades sociais e classes sociais, e não perseguindo 
os negros que são de religiões afrodescendentes ou religiões de matriz 
africana, muitos avanços precisarão acontecer nas escolas.
E isso configurou campos de lutas antigas dos negros, nos 
seus debates sobre a diversidade cultural, no campo minado das 
desigualdades brasileiras, a ponto de transformar e re-semantizar suas 
reivindicações, hoje, em políticas de ações afirmativas. Faz-se necessário 
compreender o caráter radical e emancipatório de tais políticas.
Refletir sobre as aplicações da diversidade nas práticas 
pedagógicas para o povo negro é se deparar com: 
[...] um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter 
compulsório, facultativo ou voluntário, concebidas com 
vistas ao combate à discriminação racial, de gênero e 
de origem nacional, bem como para corrigir os efeitos 
presentes da discriminação praticada no passado, tendo 
por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade 
de acesso a bens fundamentais como educação e 
emprego. (GOMES, 2001, p. 40)
Educação das Relações Étnico-Raciais 33
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: As 
Dimensões da Diversidade Cultural Brasileira. 
Acessível pelo link: http://bit.ly/31aoD2a
Figura 6: Encontro Afro-latino em Salvador
Fonte: Wikimedia Commons
Aplicando a Diversidade Cultural 
Brasileira na Prática Docente: Refletindo 
sobre o futuro do respeito às diferenças
Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docentes, 
você poderá perceber as conquistas das lutas e o que poderá ser fruto 
no futuro. e o que mudou e com ainda poderá mudar para ser mais 
justo? Já existem muitas iniciativas e muitas outras precisarão continuar 
sendo aplicadas. E que avancemos com políticas Públicas Educacionais 
e com práticas inclusivas! 
 http://bit.ly/3b2ZKKy
http://bit.ly/31aoD2a
Educação das Relações Étnico-Raciais34
Diferentes daquelas políticas antidiscriminatórias, que atendem 
a criança, o jovem, a mulher, o homem, o idoso, ou ainda o membro 
de uma comunidade de Religião de Matriz Africana, baseadas em lei 
de conteúdo meramente proibitivo, que se singularizam por oferecerem 
às respectivas vítimas tão somente instrumentos jurídicos de caráter 
reparatório e de intervenção, tão recorrentes na televisão e nos jornais, 
de fatos tão devastadores, racistas, intolerantes e que acabam na frente 
de um delegado de polícia, com o simples pagamento de uma fiança. 
Ir além é preciso! O que a escola deverá buscar, conquistar e 
efetivar são as ações afirmativas. E o que são ações afirmativas? As 
ações afirmativas 
[...]têm natureza multifacetária e visam evitar que a 
discriminação se verifique nas formas usualmente 
conhecidas – isto é, formalmente, por meio de normas de 
aplicação geral ou específica, ou através de mecanismos 
informais, difusos, estruturais, enraizados nas práticas 
culturais e no imaginário coletivo. (Gomes 2001, p. 41)
A questão a ser considerada é se as Práticas Pedagógicas também 
foram transformadas essencialmente. O que é necessário refletir é se as 
práticas Pedagógicas aplicam a Diversidade Cultural Brasileira, e isso 
faz sentido nas práticas dos educadores de crianças, adolescentes e 
jovens que chegam na escola, fora da faixa etária determinada para 
cursar os seus primeiros anos escolares, sem os discriminar por suas 
diferenças e levando em conta as suas diversidades culturais? As 
práticas Pedagógicas que se intitulam como iguais para todos seriam 
ou não mais ou menos discriminatórias? Segundo Gomes acabariam por 
ser mais discriminatórias. Essa afirmação pode parecer paradoxal, mas, 
dependendo do discurso e da prática desenvolvida, pode-se incorrer 
no erro da homogeneização em detrimento do reconhecimento das 
diferenças.
É fundamental entender que a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação/LDBEN Nacional determina um cenário de garantias legais 
para aplicar a diversidade cultura, nas práticas docentes. Caso professor 
queira? Caso ele não tenha nenhuma oposição a esta lei? Não! É um 
marco legal a ser respeitado!
Educação das Relações Étnico-Raciais 35
O fato é que já escorridos tantos anos, desde a homologação 
da LDBEN (BRASL, 1996), apresenta-se um desacerto entre a lei e as 
práticas docentes. Muitos educadores continuam sem entender que 
as diversidades culturais, em sala de aula, dependem da boa vontade 
deles. E isso implica em abandonar práticas docentes retrógradas, 
conservadoras e centradas nas construções de cultura e de diversidade 
que permeiam o grupamento social ao qual determinados educadores 
pertencem, que parece anular as necessidades de emancipação, e 
de oferecer experiências educativas que impulsionem os alunos para 
o futuro, passando pelos legados dos seus antepassados. As matrizes 
indígena e negra é de todos nós!
O professor deve aplicar a Diversidade Cultural Brasileira na 
Prática Docente, a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais, de 
iniciativas do Conselho Nacional de Educação/CNE e do Ministério 
da Educação/MEC, para promover a Educação das Relações Étnico-
Raciais, que poderá acontecer em iniciativas, firmadas em marcos legais, 
como no Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e indígena, 
apoiados em princípios como Socialização e visibilidade da cultura 
negro-africana e indígena. 
Passando, inicialmente, pela sensibilização dos professores para 
a importância de aplicar a diversidade cultural brasileira, que envolve 
a Formação de professores com vistas à sensibilização e à construção 
de estratégias para melhor equacionar questões ligadas ao combate 
às discriminações racial e de gênero e à homofobia. Ainda que tais 
diversidades não sejam familiares aos educadores, mas é bom lembrar 
que são reais aos diversificados alunos que encontram pelo caminho.
Aplicando a diversidade cultural brasileira na prática docente, 
vai demandar a construção de material didático-pedagógico que 
contemple a diversidade étnico-racial na escola. Perpassando pela 
importante valorização de diversificados saberes, construídas no âmbito 
da diversidade cultural dos povos que constituíram o povo brasileiro. O 
que passa pela Valorização das identidades presentes nas escolas, sem 
deixar de lado esse esforço nos momentos de festas e comemorações. 
Isso significa abrir a escola para a vida comunitária, onde podem estar 
muitos grupos diversificados e artísticos que dançam ou encenam 
Educação das Relações Étnico-Raciais36
elementos constitutivos da nossa memória oral brasileira, chamados por 
alguns como folclóricas, parte integrante da nossa vibrante diversidade 
cultural tradicional. Isso traz elementos suficientes para comporum 
cotidiano escolar com pesquisa, aprendizagem e envolvimento das 
crianças. 
Aos que pretendem aplicar a diversidade cultural na prática 
docente na educação Infantil, em que currículos, bases e parâmetros 
curriculares já focam no Cuidar e Educar, é necessário planejar e 
ao mesmo tempo questionar as escolhas pautadas em padrões 
dominantes que reforçam os preconceitos e os estereótipos. Isso vai 
exigir que sejam elencados, construídos ou recuperados princípios para 
os cuidados embasados em valores éticos, nos quais atitudes racistas e 
preconceituosas não podem ser admitidas. Nessa direção, a observação 
atenciosa de suas próprias. O que requer um desejo e um cuidado em 
promover práticas e atitudes podem permitir às educadoras rever suas 
posturas e readequá-las em dimensões não-racistas.
É interessante que o educador infantil, embutido na tarefa de 
aplicar a diversidade cultural na sua ação docente, que ele queira aprender 
sobre as construções epistemológicas dos diversos grupamentos que 
formaram o povo brasileiro (destacando duas matrizes bem importante o 
negro e o indígena). Como eles definem o processo de aprender? Como 
os grupos de manifestações da cultura popular tradicional costumam 
ensinar aos seus novos membros dos grupos? Que metodologias estão 
contidas nelas? E aprender com eles! É bom lembrar que para aprender 
é necessário que alguém mais experiente, em geral mais velho, se 
disponha a demonstrar, a acompanhar a realização de tarefas, sem 
interferir, a aprovar o resultado ou a exigir que seja refeita.
Talvez seja necessário, no combate aos racismos e preconceitos, 
trazer as manifestações da diversidade cultural daqueles que são 
atingidos por vitimizações, sejam por preconceitos étnico-raciais, ou 
outros relacionados a origem e até ao fato de viver em uma família 
incomum aos modelos burgueses, como grande parte das crianças 
brasileiras, que vivem em uma sociedade ainda submetida a um 
acentuado machismo, com maioria de votantes mulheres e grande 
número delas são as chefes de família. Bem como as famílias que surgem 
Educação das Relações Étnico-Raciais 37
em casamentos entre pessoas do mesmo sexo. É necessário vencer os 
preconceitos embutidos em sua postura, linguagem e prática escolar; 
reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva 
multicultural da educação. O professor, atento às diferenças, deverá 
buscar na história e na cultura de cada criança e poderá responder suas 
indagações sobre como agir. 
É necessário que o professor entenda e aceite as diversidades! 
Na recente e homologada Base Nacional Comum Curricular/
BNCC (2018), configura como uma das Competências da Educação 
Básica (para Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio):
[...] Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais 
e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe 
possibilitem entender as relações próprias do mundo 
do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício 
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, 
autonomia, consciência crítica e responsabilidade (BRASIL, 
2018, p.09).
Na Educação Infantil, a BNCC recomenda que a escola precisa 
conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/
diversidade cultural das famílias e da comunidade. Já no Ensino 
Fundamental, a BNCC recomenda uma atenção mútua, imbricada à 
questão dos multiletramentos, essa proposta considera, como uma de 
suas premissas, a diversidade cultural. A BNCC ressalta sobre a temática 
da diversidade cultural o fato de mais de 250 línguas são faladas no país. 
Indígenas, de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras, além do 
português e de suas variedades. Esse patrimônio cultural e linguístico é 
desconhecido por grande parte da população brasileira. E, ainda, indica 
para considerar a temática diversidade cultural, abrangendo formas e 
produções de expressão várias e distintas, a literatura infantil e juvenil, o 
cânone, o culto, o popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, as 
culturas juvenis etc., de forma a garantir ampliação de repertório, além 
de interação e trato com o diferente.
Do 1.º ao 5.º ano do Ensino Fundamental, no ensino da Língua 
Portuguesa, a BNCC (BRADIL, 2018) recomenda, no Campo Artístico-
Literário, vinculado a leitura, a fruição e produção de textos literários 
Educação das Relações Étnico-Raciais38
e artísticos, uma atenção a textos que bem representem a diversidade 
cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas. Alguns 
gêneros deste campo: lendas, mitos, fábulas, contos, crônicas, canção, 
poemas, poemas visuais, cordéis, quadrinhos, tirinhas, charge/cartum, 
dentre outros.
Configurando ainda, no Ensino da Geografia no 4.º ano, o tema 
Território e diversidade cultural, e no 5.º ano, Diferenças étnico-raciais e 
étnico-culturais e desigualdades sociais. Na área de Ciências Humanas, 
no Ensino Fundamental configura a valorização e temas como os direitos 
humanos, respeito ao ambiente e à coletividade, fortalecendo os valores 
sociais, tais como a solidariedade, a participação e o protagonismo 
voltados para o bem comum; e, sobretudo, a preocupação com as 
desigualdades sociais. Sendo assim a atuação do pedagogo, nas 
escolas, fará obrigatoriamente encontros com o tema da diversidade 
cultural.
E, configura, como competência específica de Ciências Humanas 
para todo o Ensino Fundamental, refletir sobre atividades que façam 
o aluno compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de 
forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e 
promover os direitos humanos. 
Assim, esta última e as demais demandas da BNCC (BRASIL, 
2018) configuram um foco em aplicar a Diversidade Cultural Brasileira 
na Prática Docente, aberta a aplicação da diversidade cultural nas 
escolas. Isso não se deu por simples decisão dos seus elaboradores, 
foi fruto de lutas constantes da sociedade civil organizada, dos povos 
negros, indígenas, que vivem nos campos e nas comunidades mais 
empobrecidas e historicamente excluídas dos antigos currículos, desde 
a colonização até a república. O futuro é a diversidade cultural, assim 
como já era o nosso silenciado passado para a grande maioria da 
população brasileira. Sendo assim ser contemplada!
Educação das Relações Étnico-Raciais 39
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
às seguintes fontes de consulta e aprofundamento: Artigo: 
Educação, diferença, diversidade e desigualdade (páginas 
13 a 15). 
Acessível pelo link: http://bit.ly/2tbPKxc
Vídeo: A Invenção do Brasil genética, técnica e simbólica 
continua. Acessível pelo link: http://bit.ly/2RNehCx
Você foi capaz de focar sobre a aplicação da Diversidade Cultural 
na Prática pedagógica, propiciando importantes aprendizagens de 
como conciliar as Diversidades Culturais Brasileiras em sala de aula, 
não discriminando-as, e promovendo-as. Neste percurso foi possível 
percorrer algumas Histórias, pensamentos e conquistas. Conquistando, 
assim, um futuro de respeito às diferenças.
 http://bit.ly/3b2ZKKy
http://bit.ly/2tbPKxc
http://bit.ly/2RNehCx
Educação das Relações Étnico-Raciais40
Desenvolvendo uma Prática Pedagógica 
que contemple o Outro e suas Semelhanças 
e Diferenças
Figura 7: Apoio pedagógico
Fonte: Freepik
Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o Outro 
e suas Semelhanças e Diferenças, isso significa lidar com o singular e 
as singularidades, com aquilo que é ou nos parece ser intraduzível (sem 
tradução para nossos sentimentos e pensamentos).
E, também, com aquilo que toca na nossa capacidade e na 
capacidade do Outro de diferir, no direito de diferir, bem como a 
expressão do universal, de uma ética e de um conjunto de direitos 
humanos. Simultaneamente uma coisa e outra, é nessa tensão de 
opostos que sua realidade se revela rica, dinâmica e desafiadora. 
E diferir (em português) é originada da palavra difere,que 
podemos traduzir como ‘dispensar’ e ainda ‘Ser diferente’. Sendo assim 
está a se tratar sobre a diferença. Bem como do nosso direito de sermos 
diferentes uns dos outros. E de sermos divergentes um do outro e de 
possuirmos opiniões diversas. 
Educação das Relações Étnico-Raciais 41
E mais: somos desafiados pela própria experiência humana 
a aprender a conviver com as diferenças. O nosso grande 
desafio está em desenvolver uma postura ética de não 
hierarquizar as diferenças e entender que nenhum grupo 
humano e social é melhor ou pior do que outro. Na 
realidade, somos diferentes. (GOMES, p.22)
A história brasileira é uma luta constante de tais grupos para 
terem suas diversidades culturais e diferenças respeitados, em espaços 
como a escola, a educação nacional é excludente às diferenças e a 
diversidade cultural desde a chegada dos primeiros jesuítas.
Pensar na diversidade cultural, no respeito as diferenças, com 
a responsabilidade de desenvolver uma Prática Pedagógica que 
contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças demanda o 
reconhecimento das diferenças é, acima de tudo, uma condição para 
o diálogo, e, portanto, para a construção de uma união mais ampla de 
pessoas diferentes.
Pensar em como desenvolver uma Prática Pedagógica que 
contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças é assegurar 
que o educador seja visto como o Sujeito do processo educacional, e 
concomitantemente, seja visto como o aprendiz da temática e mediador 
entre o/a aluno/a e o objeto da aprendizagem, no caso, os conteúdos 
da história e cultura afro-brasileira e africana, bem como a educação das 
relações étnico-raciais, bem como estudar a história e cultura indígena 
e dos povos europeus e asiáticos que vieram viver no Brasil, a partir do 
século XVI.
As práticas pedagógicas devem ser desenvolvidas, objetivando 
que os educandos sejam capazes de sentir e entender o outro, naquilo 
que ele é diferente ou semelhante a ele mesmo. O que se deve querer 
é o diálogo salutar entre as diferenças e as semelhanças, nunca deverá 
ser a indiferença com a dessemelhança do outro. Nem a zombaria, 
escárnio e discriminação em sala de aula. A escola deverá ser o lugar 
dos diálogos das diferenças!
As buscas devem ser centradas em desenvolver Práticas 
Pedagógicas que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças, 
modificando-os neste contato, em sala de aula, fazendo-os melhores 
Educação das Relações Étnico-Raciais42
pessoas com as suas semelhanças e diferenças, que nunca podem ser 
vistas como muros que separam as pessoas. O importante é desenvolver 
prática Práticas Pedagógicas que não coloquem nenhum aluno na situação 
de invisibilidade ou escárnio, por qualquer tipo de diferença que habite em 
sua subjetividade, interioridade e exterioridade, e que promovam e:
[...] reverenciem o princípio da integração, reconhecendo a 
importância de se conviver e aprender com as diferenças, 
promovendo atividades em que as trocas sejam privilegiadas 
e estimuladas. Que reconheçam a interdependência 
entre corpo, emoção e cognição no ato de aprender. Que 
privilegiem a ação em grupo, com propostas de trabalho 
vivenciadas coletivamente (docentes e discentes), levando 
em conta a singularidade individual. Que rompam com a 
visão compartimentada dos conteúdos escolares. (BRASIL, 
2006, p. 68)
Isso deverá acontecer no âmbito das mais diversas práticas 
escolares. Haverá sempre algo a aprender com as dessemelhanças 
do outro e a ensinar com as nossas diferenças. E, sempre é possível 
descobrir semelhanças por sermos todos membros de uma só raça, a 
raça humana.
Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o 
Outro e suas Semelhanças e Diferenças, nem sempre foi fácil no 
Brasil e continua representando um campo tremendo de lutas contra 
estereótipos, contra preconceitos e contra o desconhecimento da 
maioria da população brasileira sobre a real formação do povo brasileiro. 
Por isso, desde a redemocratização, nas últimas décadas do século 
XX muitos agrupamentos travaram suas grandes batalhas, entre eles 
negros, indígenas e homossexuais. Esta história de mobilização afetou a 
sala de aula, tornado a escola como espaço de inclusão e repensar de 
nossas intolerâncias e preconceitos. 
O que foi conquistado até o fim das duas primeiras décadas do 
século XXI apontam para o repensar dos currículos e a necessidade 
de repensar as formações docentes iniciais e continuadas, além de 
transformar o cotidiano da sala de aula, nas suas práticas pedagógicas 
que precisarão ser intensamente inclusivas, na sociedade movida pela 
Educação das Relações Étnico-Raciais 43
diversidade cultural que é o Brasil. Foi necessário redescobrir os sujeitos 
e valorizá-los.
Um bom caminho para repensar as propostas curriculares 
para infância, adolescência, juventude e vida adulta poderá 
ser uma orientação que tenha como foco os sujeitos da 
educação. A grande questão é: como o conhecimento 
escolar poderá contribuir para o pleno desenvolvimento 
humano dos sujeitos? Não se trata de negar a importância 
do conhecimento escolar, mas de abolir o equívoco histórico 
da escola e da educação de ter como foco prioritariamente 
os ‘conteúdos’ e não os sujeitos do processo educativo. 
(GOMES, 2007, p. 33)
Desenvolver uma Prática Pedagógica que contemple o Outro e 
suas Semelhanças e Diferenças, demandou que a diversidade cultural 
brasileira indagasse os currículos, escolas, professores e suas práticas 
sobre muitas questões. Entre elas configurou o ordenamento temporal. 
Existem realidades distantes das grandes cidades em que eventos 
significativos de uma cultura mobilizam forças coletivas e a presença 
das crianças na escola precisa ser equacionada em tais ocasiões. São 
festividades dos povos indígenas ou dos quilombolas, entre outros povos 
que vivem no campo. São tempos de colheitas no campo! Repensar 
ordenamentos temporais garantem o direito de todos à educação. As 
pesquisas educacionais mostram que a rigidez desse ordenamento é 
uma das causas do abandono escolar de coletivos sociais considerados 
como mais vulneráveis.
Além disso, esta prática pedagógica, exigiu que além do 
currículo, escola, lógicas, organização espacial e temporal, também 
mudassem as pessoas todas que fazem a escola: Professores, 
diretores, coordenadores, alunos, funcionários e a relação com os mais 
varados grupos que estão localizados no entorno da escola e que são 
significativos em aprendizagem sobre as semelhanças e diferenças dos 
povos brasileiros. São frutos da inter-relação entre escola, sociedade 
e cultura e, mais precisamente, da relação entre escola e movimentos 
sociais. 
Educação das Relações Étnico-Raciais44
Isso não se faz somente nas festas mais significativas do povo 
brasileiro e assumidas pelos mais diversos grupos, muitas vezes 
localizados tão próximos da escola e desconhecidos dentro dela. Mas 
também nas festas! Trazê-los para apresentações dentro da escola, 
entrevistá-los com os alunos, promovê-los em muitas ocasiões e escrever 
suas histórias representam tomar posições contra as diversas formas de 
dominação, exclusão e discriminação. É entender a educação como um 
direito social e o respeito à diversidade no interior de um campo político.
É necessário levar em conta que as Práticas Pedagógicas 
não devem impedir o diálogo com o desconhecido outro, em suas 
Semelhanças e nas Diferenças. Muitas vezes o aluno vive em uma 
família muito distinta da família de seus colegas e da professora. Existem 
crianças com diversidade de credos religiosos, de comportamentos e 
de filosofias de vida. Diferentes arranjos familiares e afetivos são cada 
vez mais presentes. Situações que, por não sabermos lidar, acabam 
causando angústias e incompreensões. 
Isso precisa levar para adiante do impasse e ser revertido por 
práticas inclusivas e que estabeleçam o diálogo entre as diferenças e 
semelhanças. O salutar exercício daescuta e da tolerância do ‘outro’ 
é um aprendizado que nunca acaba, mas, para começar, precisamos 
nos dispor a ouvir antes de emitir nossos julgamentos, antes de rotular, 
classificar e ter um pouco mais de cautela antes de afirmar que algo 
é errado ou certo, conveniente ou inapropriado. Em muitas ocasiões 
será necessário que o professor abra mão de suas certezas e ideais de 
criança, jovem e adulto, para ver somente outros tipos de configurações 
familiares e modos singulares de vestir, de arrumar o cabelo, de 
coloridas roupas, de cultos e de vinculações culturais tão distintas 
daquela professora que merecem ser respeitadas. 
Um aluno que se comporta de uma maneira diferente é somente 
um ser que demanda um tratamento na condição de igualdade diante 
dos outros, ou seja, uma igualdade que se orienta pelo direito de ser 
diferente (diverso), e não desigual. E isso remete a que não se confunda 
diversidade com desigualdade, já que a primeira diz respeito à qualidade 
de organizar-se de forma particular, e a segunda, às mazelas produzidas 
por uma sociedade desigual. 
Educação das Relações Étnico-Raciais 45
Figura 8: Encontros
Fonte: Freepik
É importante garantir que os encontros entre as nossas diferenças 
e semelhanças, nas horas das práticas Pedagógicas, possam contribuir 
para que cada criança solidifique as suas identidades, não que elas sejam 
inaudíveis, ou sejam caladas. A identidade se constrói dentro do próprio 
grupo e se faz a partir de uma relação de alteridade. Ou seja, ela necessita 
do ‘outro’ para poder se definir, é como se identifica um perfil identitário: 
pelos opostos. Isso configura a necessidade da criação e atividades, no 
cotidiano escolar que mostrem as identidades mais diferenciadas que 
compõem a escola, de um modo festivo, comemorativo e vistos todos 
com respeito e a consideração que eles trazem nas suas construções. 
Uma boa tarefa é catalogar as diferenças, nos seus modos de comer, 
festejar, existir e resistir.
Algo bem importante é não alimentar dualismos, dos bons 
contra os maus, do bem contra o mal, nas práticas pedagógicas, que 
devem dialogar com as diferenças e semelhanças, lutando contra uma 
concepção das relações de gênero em que o polo masculino sempre 
detém o poder e o feminino é desprovido de poder — daí a necessidade de 
‘fortalecer’ ou de ‘dar poder’ às mulheres (LOURO, 2003, p. 115). É preciso 
Educação das Relações Étnico-Raciais46
ter consciência que os casos de feminicídio vem aumentando no Brasil. 
No final da década passada, no 1.º semestre de 2019 aumentou em 44%, 
no estado de São Paulo, segundo dados amplamente divulgados pela 
imprensa. Os anos de escolaridade poderão ser positivos na construção 
de convivência pacífica e construtiva com as nossas diferenças múltiplas 
sejam de gênero, étnica, de origem e outras.
As meninas e mulheres representam já uma considerável maioria 
nas escolas. A grande maioria das professoras da Educação infantil e Ensino 
Fundamental são mulheres. Isso deverá ser mais um elemento motivador 
de um cuidado para não impor discursos retrógrados, sexistas, machistas 
e que discriminam as meninas, dentro das práticas pedagógicas.
Outro fator relevante é não criar práticas pedagógicas que 
discriminem os homossexuais e bissexuais (reconhecidamente 
vitimados pela homofobia). As desigualdades só poderão ser percebidas 
— e desestabilizadas e subvertidas — na medida em que estivermos 
atentas/os para suas formas de produção e reprodução.
Desenvolvendo uma Prática Pedagógica que contemple o 
Outro e suas Semelhanças e Diferenças, requer que os educadores e 
as educadoras inventem e solicitem a participação das meninas e dos 
meninos para que apareçam:
[...] formas novas de dividir os grupos para os jogos ou 
para os trabalhos; promovendo discussões sobre as 
representações encontradas nos livros didáticos ou nos 
jornais, revistas e filmes consumidos pelas/os estudantes; 
produzindo novos textos, não-sexistas e não-racistas; 
investigando os grupos e os sujeitos ausentes nos relatos 
da História oficial, nos textos literários, nos ‘modelos’ 
familiares; acolhendo no interior da sala de aula as culturas 
juvenis, especialmente em suas construções sobre gênero, 
sexualidade, etnia, etc. Aparentemente circunscritas ou 
limitadas a práticas escolares particulares, essas ações 
podem contribuir para perturbar certezas, para ensinar a 
crítica e a autocrítica (um dos legados mais significativos 
do feminismo), para desalojar as hierarquias. (LOURO, 
2003, p. 124)
Educação das Relações Étnico-Raciais 47
Aos educadores e educadoras caberá o desafio de fazer com 
que as diferenças geracionais entre eles e as crianças, adolescentes, 
matriculados nas instâncias da Educação Básica, e ainda aqueles, 
jovens que estão matriculados na Educação de Jovens e Adultos, não 
sejam empecilhos para um diálogo saudável, respeitoso e construtivo, 
entre as antigas e as contemporâneas formas, entre os diferentes 
modos de pesar das gerações dos professores e professoras e das 
novas gerações sobre os significados antigos e as novas construções, 
mais contemporâneas, trazendo novas concepções sobre gênero, 
sexualidade e etnia. É relevante lembrar que as crianças e adolescentes 
com deficiências precisarão ser atendidos em suas diferenças e com 
intenções e práticas inclusivas, nunca com exclusões.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
às seguintes fontes de consulta e aprofundamento: Artigo: 
Módulo IV: Relações Étnico-Raciais | Unidade III | Texto 
I | Escola sem cor, num país de diferentes raças e etnias. 
Acessível pelo link: http://bit.ly/319j0RY
Você foi capaz de refletir sobre como desenvolver uma Prática 
Pedagógica que contemple o Outro e suas Semelhanças e Diferenças, 
levando em conta e abrigando em sala de aula as diversificadas culturas 
infantis, adolescentes e juvenis, bem como suas novas formas e próprias 
as suas gerações de significar e construir novas e contemporâneas 
concepções sobre gênero, sexualidade, etnia
http://bit.ly/319j0RY
Educação das Relações Étnico-Raciais48
Avaliando a Necessidade de Repensar o 
Papel do Educador diante da Diversidade 
Cultural 
Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador diante 
da diversidade cultural, você será capaz de refletir sobre as mudanças 
necessárias na figura do educador e da educadora para que a educação 
como uma prática de diversidade cultural aconteça plenamente.
O ponto de largada, na reflexão sobre as mudanças necessárias 
no Papel do Educador, diante da Diversidade Cultural e promovendo-a 
em sala de aula, passa pela própria formação inicial e pelas formações 
posteriores da saída deste educador da universidade e de suas vivências 
em sala de aula.
A formação de professores/as para a diversidade não significa 
a criação de uma ‘consciência da diversidade, antes, ela resulta na 
propiciação de espaços, discussões e vivências em que se compreenda 
a estreita relação entre a diversidade étnico-cultural, a subjetividade e 
a inserção social do professor e da professora, os quais, por sua vez, se 
prepararão para conhecer essa mesma relação na vida de seus alunos e 
alunas. (GOMES e GONÇALVES e SILVA, 2003, p. 28)
Avaliando a necessidade de repensar o papel do educador, diante 
do seu compromisso necessário com a Diversidade Cultural, dentro 
da escola e em sala de aula, é necessário pensar na formação deste 
profissional que a legislação afirma como o responsável pelos primeiros 
anos da chegada das crianças nas escolas, na Educação Infantil e na 1.ª 
parte do Ensino Fundamental. O que devemos almejar é que a formação 
dos futuros pedagogos contemple e faça emergir melhores e mais 
conscientes educadores e que sejam capazes de examinar e refletir 
sobre suas práticas, desejosos de modificá-las. E possam fazer esforços 
para conscientizar seus educandos sobre a diversidade cultural presente 
na sociedade

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