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Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira APRESENTAÇÃO No Brasil, uma educação multicultural e baseada no respeito à diversidade é uma tarefa em constante processo de construção. A legislação sobre o tema busca estabelecer algumas condições para que tal tarefa, de fato, se concretize. Entretanto, a mudança não deve ocorrer apenas por meio de leis e decretos. Cada nova geração de educadores deve partir da premissa de que a educação é um movimento que requer um constante aprimoramento, conforme mostraremos nesta Unidade de Aprendizagem. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os desafios da educação no Brasil em prol de um ensino representativo para todos os grupos étnicos brasileiros. • Explicar a importância dos esforços para a construção de uma educação multicultural.• Desenvolver iniciativas que aprimorem as relações entre alunos de diferentes grupos étnicos. • DESAFIO Uma comparação de estudantes norte-americanos com estudantes chineses, japoneses e taiwaneses revelou que os norte-americanos tendem a realizar seus trabalhos de maneira mais independente, enquanto os estudantes asiáticos costumam trabalhar em grupos. Essas diferenças culturais foram descritas por John Santrock, em seu livro Psicologia Educacional (ArtMed, 2011), em dois termos apresentados logo abaixo: • Individualismo: refere-se a um conjunto de valores que priorizam objetivos pessoais em vez de objetivos de grupo. Valores individualistas incluem sentir-se bem, ter preferências pessoais e independência. Muitas culturas ocidentais como as dos Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e Holanda são descritas como individualistas. • Coletivismo: consiste em um conjunto de valores que dão suporte ao grupo. Objetivos pessoais estão subordinados à preservação da integridade do grupo, à interdependência e a relacionamentos harmoniosos. Muitas culturas orientais como as da China, Japão, Índia e Tailândia são rotuladas de coletivistas. A cultura mexicana também tem uma característica coletivista mais forte do que a cultura norte-americana, por exemplo. Críticos argumentam que a ênfase ocidental no individualismo enfraquece a necessidade da espécie humana de relacionamento. Alguns cientistas sociais acreditam que muitos problemas nas culturas ocidentais se intensificaram por causa dessa ênfase no individualismo. Comparada a outras culturas coletivistas, as culturas individualistas costumam apresentar taxas maiores de suicídio, consumo de drogas, criminalidade, gravidez precoce, divórcios, abuso infantil e problemas mentais. No entanto, independentemente da origem cultural, as pessoas precisam de um senso positivo do self e de conectividade com os outros para se desenvolverem plenamente como seres humanos. Um professor pode levar para a sala de aula e para o relacionamento com os responsáveis pelos alunos, colegas de trabalho e comunidade os traços de sua cultura originária. Diante do exposto, seu desafio consiste em apontar ao menos duas propostas de ação para os seguintes casos: 1) Você é influenciado por uma cultura individualista e precisa interagir mais eficientemente com alunos, pais e equipe escolar de uma cultura coletivista. 2) Você é influenciado por uma cultura coletivista e deverá interagir mais eficientemente com alunos, pais e equipe escolar de culturas individualistas. INFOGRÁFICO Dentro do espectro educacional brasileiro, apesar dos avanços, a realidade ainda é de muito atraso quando falamos em oportunidades e conquistas, considerando a divisão por etnias. O infográfico a seguir ilustra esta situação, pois destaca a diminuição não equitativa dos índices de analfabetismo no Brasil, de acordo com os últimos Censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confira a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Nosso país é formado por diversos grupos étnicos que coexistem entre si. Alguns destes grupos são originários deste território, como os indígenas, e outros aqui chegaram através do processo colonizador, uns como conquistadores (europeus), outros, escravizados em prol do aproveitamento de sua mão de obra para a expansão da colônia (africanos), bem como os mais diversos processos de migração provenientes de outras nações. Cada uma destas etnias apresenta uma cultura específica, que reúne formas de entender o mundo e de viver em sociedade especificas, o que se torna desafiador para o convívio e para a formação de uma identidade nacional altamente miscigenada como a brasileira. Neste capítulo, você vai estudar sobre os desafios que se colocam para que todos os grupos étnicos sejam representados no contexto educacional brasileiro. Também irá aprender sobre a importância da construção de uma educação multicultural e iniciativas que podem promover melhores relacionamentos entre os estudantes dos diversos grupos étnicos no interior das escolas. Boa leitura! SOCIEDADE, CULTURA E CIDADANIA Pablo Rodrigo Bes Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os desafios da educação no Brasil em prol de um ensino representativo para todos os grupos étnicos brasileiros. Explicar a importância dos esforços para a construção de uma educação multicultural. Desenvolver iniciativas que aprimorem as relações entre alunos de diferentes grupos étnicos. Introdução O Brasil é formado por diversos grupos étnicos que coexistem entre si. Alguns desses grupos são originários do território brasileiro, como os indíge- nas, e outros chegaram aqui por meio do processo colonizador. Cada uma dessas etnias apresenta uma cultura específica, que reúne determinadas formas de entender o mundo e de viver em sociedade, o que se torna desafiador para o convívio e para a formação de uma identidade nacional. Neste capítulo, você vai estudar os desafios existentes para que todos os grupos étnicos sejam representados no contexto educacional brasi- leiro. Também vai aprender sobre a importância da construção de uma educação multicultural. Além disso, vai conhecer iniciativas que podem promover melhores relacionamentos entre os estudantes dos diversos grupos étnicos nas escolas. Educação multicultural no Brasil: desafios e possibilidades Para começar seus estudos sobre uma educação que contemple todos os grupos étnicos nacionais, você deve conhecer o conceito de cultura em seu caráter antropológico e sociológico. Isso facilita muito a compreensão dos desafi os existentes para que a educação multicultural exista. O conceito de cultura evoluiu muito com o passar do tempo. Da simples oposição aos fenômenos da natureza, traduzindo-se nos artefatos criados pelo homem, tal conceito passou a designar as práticas e tradições típicas da humanidade, englo- bando características que distinguiam classes de pessoas. Assim, algumas classes passaram a ser tidas como mais elitizadas, com maior “cultura” do que outras e com acesso aos aspectos eruditos (das artes, da literatura, das obras clássicas, etc.). Por sua vez, outras classes se ligaram a uma cultura popular, de “menor valor”. A partir do século XX, o mundo presenciou um fenômeno chamado de virada cultural: o conceito de cultura passou a se estender a todos os estratos da sociedade, envolvendo o conjunto de práticas discursivas (aquilo que se diz) e não discursivas (aquilo que se faz) que existem dentro de determinado grupo étnico e que costumam ser ensinadas e transmitidas para as gerações que se sucedem. Burke (2005) conceitua cultura de forma simples, caracterizando-a como um sistema de integração, de diferenciação e de referência que organiza e dá um sentido à atividade dos seus membros. Ou seja, por meio da cultura dos grupos de que participam, as pessoas constroem sua identidade cultural e, a partir daí, se sentem integradas a esses grupos epassam a organizar a sua vida, as suas ações diárias, por meio daquilo que aprendem com os demais membros. Reforçando o conceito, Moreira et al. (2008, p. 27) comenta que “Cultura identifica-se, assim, com a forma geral de vida de um dado grupo social, com as representações da realidade e as visões de mundo adotadas por esse grupo”. Dessa forma, você pode considerar que todos os indivíduos são produzidos socialmente a partir de sua cultura, aprendem a ler o mundo e a pensar a partir de uma matriz de ideias que são ensinadas nos grupos em que convivem e que determinam regras de convivência; são papéis a representar e que constituem as suas subjetividades. Logo, todas as culturas são importantes e não deveria haver privilégios entre elas, não é mesmo? Mas será que todas as etnias são devidamente representadas no contexto escolar? Partindo desses questionamentos, você vai conhecer o conceito de colo- nialismo. Por meio dele, você vai entender melhor por que algumas etnias foram privilegiadas no currículo escolar. O Brasil, ao ser conquistado pelos portugueses, seguindo a tradição típica do processo de expansão europeu pelo Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira2 mundo na época das grandes navegações, passou pelo estabelecimento de privilégios. Teve início aqui uma assimetria de valor e poder entre as etnias que participaram do processo colonizador. Nesse contexto, as etnias europeias tiveram maior força e prestígio do que todas as outras. Basta você perceber que os “descobridores” portugueses, ao avistarem os índios, os classificaram como selvagens e sem cultura, por isso determinaram que deveriam ser catequizados e civilizados a partir da cultura europeia. Segundo Quijano (2007, p. 93), “A colonialidade é um dos elementos constitutivos e específicos do padrão mundial do poder capitalista. Funda-se na imposição de uma classificação racial/étnica da população mundial como pedra angular deste padrão de poder”. Dessa forma, com a colonização, se estabeleceu uma classificação étnico-racial cruel e desigual. Os europeus (brancos) seriam cultos, ricos e poderosos, enquanto os índios seriam selvagens e sem cultura; já os africanos e seus descendentes seriam propriedade explorada em sua mão de obra. A crença monocultural de que somente a cultura europeia era importante e que deveria se estender a todos ofereceu as condições para que outros grupos étnicos (índios e negros) fossem escravizados. Oliveira e Candau (2010) se referem a essa colonialidade do poder como uma estrutura de dominação que submeteu a América Latina, a África e a Ásia a partir da conquista. Essa noção faz alusão à invasão do imaginário do outro, ou seja, à sua ocidentalização. Mais especificamente, diz respeito a um discurso que se insere no mundo do colonizado, porém também se reproduz no lócus do colonizador. Nesse sentido, o colonizador destrói o imaginário do outro, ou seja, invisibiliza-o e subalternaliza-o, enquanto reafirma o próprio imaginário (QUIJANO, 2005 apud OLIVEIRA; CANDAU, 2010, p. 19). Uma das formas de invisibilizar e subalternalizar as culturas tidas como de menor valor é a proposição de um currículo escolar que reprime o conhecimento das particularidades dessas culturas, elegendo uma única cultura como central. Nessa perspectiva, apenas sobre a cultura central é que ensinamentos devem ser realizados, de forma etnocêntrica. Ou seja, os conteúdos escolares, quando selecionados para serem desenvolvidos em sala de aula, também servem ao propósito de reforçar os aspectos coloniais. Essa situação persistiu no Brasil até bem pouco tempo, uma vez que a educação multicultural é um assunto que entrou nas discussões curriculares somente nas últimas décadas, posteriormente à Constituição Federal de 1988. Este ainda é um dos grandes desafios da educação brasileira: reconhecer as 3Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira particularidades e a importância cultural de cada grupo étnico na constituição das identidades das pessoas que compõem a nação. Ao estudar o conceito de multiculturalismo, você precisa entender o seguinte: O multiculturalismo é o jogo das diferenças, cujas regras são definidas nas lutas sociais por atores que, por uma razão ou outra, experimentam o gosto amargo da discriminação e do preconceito no interior das sociedades em que vivem [...]. Isto significa dizer que é muito difícil, se não impossível, compre- ender as regras desse jogo sem explicitar os contextos sócio-históricos nos quais os sujeitos agem, no sentido de interferir na política de significados em torno da qual dão inteligibilidade a suas próprias experiências, construindo-se enquanto atores (GONÇALVES; SILVA, 2001, p. 111). A identidade dos indivíduos se produz a partir das suas experiências culturais, conforme você viu anteriormente, o que caracteriza um processo sócio-histórico. É a partir da diferença entre o indivíduo e os que convivem ao seu redor que ele vai sendo subjetivado, ou seja, se tornando quem é. Por exemplo, um sujeito é “branco” porque não é “negro”, ou “amarelo”, ou de qualquer outra cor. As diferenças são importantes para a constituição das identidades, porém não devem ser vistas como parâmetro para que sejam traçados juízos de valor sobre as pessoas. A ideia não é eleger melhores ou piores devido aos seus traços fenotípicos (aparência externa, física, como cor da pele, lábios, cabelos, entre outras) ou questões sociais diversas, como religião, renda, profissão, classe social, local onde reside, etc. A educação multicultural tem como objetivo desconstruir esses padrões que foram construídos com o passar das décadas e que elegeram alguns grupos étnicos como mais privilegiados, de modo que apresentam maior força e poder ao ditar as normas de convivência social para todos os demais. Falar sobre uma educação multicultural significa reconhecer a importância dela como um processo político. Silvério (2000, p. 86) comenta que: [...] a política multicultural e seus compromissos com a diversidade eclodiram de uma história de luta conflituosa e da resistência organizada pelas minorias em sua busca incessante da transformação da sociedade. Um terreno de luta em torno da reformulação da memória histórica, da identidade nacional, da representação individual e social, bem como da política da diferença. Buscar uma educação que contemple a diversidade de culturas que existe no Brasil significa, portanto, reescrever a própria história nacional, recontar, ensinar essa história a partir da positivação e das correções necessárias, Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira4 visando a incluir todos os grupos étnicos minoritários (no sentido do acesso e das possibilidades de vida social). Ou seja, é preciso desconstruir a ideia etnocêntrica e romântica dos descobridores portugueses, que por muito tempo foram enaltecidos por seus atos enquanto outros grupos étnicos, como os índios e os negros, foram invisibilizados e subalternizados historicamente. Quando uma única cultura de uma etnia (monocultura) é imposta como a mais im- portante em detrimento de todas as demais, fenômeno chamado de etnocentrismo, podem ocorrer inúmeras situações de preconceito e discriminação em relação a todos os demais grupos étnicos, que, dessa forma, passam a constituir as chamadas “minorias sociais”. Essas minorias são assim denominadas não devido a questões numéricas, e sim à assimetria de poder que possuem em relação à etnia central. Em muitas nações colonizadas pela Europa, esse processo ocorreu de forma eurocêntrica, ou seja, a cultura europeia serviu de modelo, de padrão para que os processos sociais se estabelecessem e, assim, fossem civilizadas as nações conquistadas. Os esforços para a construção de uma educação multicultural no Brasil A educação multicultural brasileira surgiu acompanhando as tendências de movimentos que foram realizados em outras áreas da sociedade, como na arte, na literatura,na sociologia e nos movimentos sociais diversos das minorias. Dessa forma, há alguns importantes documentos que foram decisivos para que as culturas diversas fossem representadas no universo escolar. Veja a seguir, os marcos legais da educação multicultural no Brasil: Constituição Federal (1988) Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) Lei nº. 10.639/2003 Lei nº. 11.645/2008 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica: diversidade e inclusão (2013) Base Nacional Comum Curricular (2017) 5Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira A Constituição Federal de 1988 apresenta inúmeros artigos que defendem o caráter plural da cultura nacional, estabelecendo, em seu art. 5º, que “[...] todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line). Ela também garante, nos termos do mesmo artigo, a liberdade de consciência e de crença — crença religiosa, convicção filosófica ou política — e a livre expressão de atividades intelectuais ou artísticas. Como você pode perceber, os aspectos culturais relativos aos diversos grupos étnicos receberam atenção especial no texto constitucional. O Estatuto da Criança e do Adolescente reforça a importância do respeito e da garantia dos direitos de todos, sem distinção, ao afirmar, em seu art. 5º, que “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de ne- gligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” (BRASIL, 1990, documento on-line). Para garantir os direitos fundamentais de todos aqueles grupos étnicos que fazem parte da população brasileira, com igualdade de condições e respeito pelas suas diferenças, se faz necessário envolver a escola. A partir dela, é possível educar as crianças e jovens para o convívio social saudável, que é tão necessário. Perseguindo esse objetivo, em 1997, procurando ainda atender às discussões internacionais realizadas em Jomtien, na Tailândia, o Ministério da Educação construiu o Parâmetro Curricular Nacional (PCN) intitulado “Pluralidade Cultural”, que diz respeito ao: [...] conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal (BRASIL, 1997, p. 121). A educação é convocada, a partir dos PCNs (1997, p. 137), a “[...] combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos, comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais”. É no interior das escolas que as relações sociais entre os mais diversos grupos étnicos podem ser tra- balhadas para garantir interações mais respeitosas e tolerantes. A proposta é valorizar as diferenças que constituem os sujeitos, em vez de utilizá-las para efeitos negativos, como a produção de discriminações e violências diversas. Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira6 Em 1990, foi realizada a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, na cidade de Jomtien, na Tailândia. Como um de seus objetivos era satifazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos, a Conferência serviu de impulso internacional para que o Brasil e as demais nações participantes implantassem políticas públicas educacionais para universalizar o acesso e garantir a qualidade da escolarização a todos. Uma das conquistas do movimento negro no Brasil ocorreu em 2003, com a Lei nº 10.639, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB), especificamente o artigo 26-A. Assim, aconteceu a inclusão obrigatória, nas escolas da rede pública e privada de ensino fundamental e médio, do “[...] ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira” (BRASIL, 2003, documento on-line). Visando ao resgate histórico da presença das etnias afrodescendentes nos currículos escolares brasileiros, a referida lei ainda afirma, em seu §1º, os seguintes conteúdos programáticos: [...] o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacio- nal, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil (BRASIL, 2003, documento on-line). Como você pode perceber, essa lei contribuiu decisivamente para a educação multicultural brasileira, principalmente no que concerne aos afrodescendentes, que, devido ao processo colonial, tiveram muitas vezes sua história negativada/ invisibilizada nos livros escolares. Acompanhando a mesma tendência, a Lei nº 11.645 (BRASIL, 2008), alterou novamente a LDB de 1996 no art. 26-A, incluindo também no currículo escolar a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura indígenas. Dessa forma, cria-se um dispositivo legal que visa a equiparar, corrigir e reparar as diferenças étnicas praticadas nos currículos escolares, que apresentavam, muitas vezes, um caráter monocultural e etnocêntrico, supervalorizando as etnias europeias na formação da sociedade brasileira. É preciso, acompanhando o pensamento de Gomes (2003), descolonizar os currículos escolares no Brasil, conforme comenta: 7Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira Descolonizar os currículos é mais um desafio para a educação escolar. Muito já denunciamos sobre a rigidez das grades curriculares, o empobrecimento do caráter conteudista dos currículos, a necessidade de diálogo entre escola, currículo e realidade social, a necessidade de formar professores e professoras reflexivos e sobre as culturas negadas e silenciadas nos currículos (GOMES, 2012, p. 102). É necessário, ainda, que os docentes possam apropriar-se da importân- cia da inclusão de todos os grupos étnicos nas discussões e nos conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Eles devem perceber que, muitas vezes, essa forma de ensinar e esses componentes curriculares são diferentes daqueles que vivenciaram em sua escolarização inicial, típica de um currículo colonizado pelas ideias europeias. Essa “[...] descolonização do currículo implica conflito, confronto, negociações” (GOMES, 2012, p. 107) para que se produza algo novo e eficiente no desenvolvimento das relações interculturais existentes na escola e, consequentemente, em toda a sociedade. Dessa forma, é possível transformar a sociedade, tornando-a menos racista e discriminatória. Em 2013, para condensar as normatizações em busca do acolhimento da diversidade cultural e da proposição de uma educação multicultural que pautasse o ensino das relações étnico-raciais nas escolas brasileiras, o Ministério da Edu- cação lançou as Diretrizes Curriculares Gerais da Educação Básica: diversidade e inclusão. Nelas, procura abranger todas as modalidades educacionais, entendendo que a educação de qualidade é um direito de todos e que “[...] torna-se inadiável trazer para o debate os princípios e as práticas de um processo de inclusão social, que garanta o acesso à educação e considere a diversidade humana, social, cultu- ral, econômica dos grupos historicamente excluídos” (BRASIL, 2013, p. 7). As Diretrizes Curriculares Nacionais (2013, p. 7) procuram abranger as: [...] questões de classe, gênero, raça, etnia, geração, constituídas por categorias que se entrelaçam na vida social, mulheres, afrodescendentes, indígenas, pessoas com deficiência, populações do campo, de diferentes orientações sexuais, sujeitos albergados, em situação de rua, em privação de liberdade, de todos que compõem a diversidade que é a sociedade brasileira e que começam a ser contemplados pelas políticas públicas. Mais recentemente, com a BaseNacional Comum Curricular de 2017 (BNCC), as questões da diversidade cultural foram novamente enfatizadas, conforme você pode ver em uma das competências gerais da Base Nacional Comum Curricular: Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira8 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos so- ciais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza (BRASIL, 2017, documento on-line). A BNCC se alinha com os conceitos do multiculturalismo e do respeito à diversidade cultural, porém Walsh (2001) vai um pouco além ao valer-se do termo “interculturalidade”. Para ele, a interculturalidade é “[...] um espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades sociais, econômicas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade, não são mantidos ocultos e sim reconhecidos e confrontados” (WALSH, 2001, p. 10, tradução nossa). Dessa forma, não basta reconhecer, respeitar, tolerar a existência dos mais diversos grupos étnicos que constituem a nação. É preciso confrontar as grandes desigualdades sociais que ainda assolam de forma mais significativa alguns desses grupos em relação aos demais, buscando maior equidade e justiça. Iniciativas multiculturais nas escolas As pessoas se constituem como sujeitos a partir de suas experiências culturais. Por meio delas, aprendem sobre o mundo, sobre as maneiras de viver e sobre os papéis que vão representar na sua vida em sociedade. Durante esse processo de formação de subjetividades, algumas instituições são muito signifi cativas. A escola é uma das mais importantes desde a Modernidade. No ambiente escolar, os indivíduos são ensinados a ter disciplina, a desen- volver comportamentos mais adequados para o convívio social. Além disso, se apropriam de toda a gama de conhecimentos produzidos pela humanidade e que compõem os saberes que fazem parte dos currículos escolares. Como todas as crianças passam a frequentar a escola de forma compulsória no Brasil a partir de seus 4 anos de idade, o ambiente de ensino deve ser utilizado como o principal canal para que se promovam esforços educacionais em busca de uma educação multicultural, não é mesmo? Essa educação multicultural, porém, deve ser realizada a partir de um cur- rículo reestruturado, quebrando o antigo paradigma que determina que: “[...] o currículo escolar, tal qual a sociedade brasileira, está pautado numa compreensão de que apenas a cultura do colonizador — branca, masculina, heterossexual e cristã — tem legitimidade para ser estudada” (PASSOS, 2008, p. 17). 9Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira Essa é a tensão central que tem feito parte das iniciativas em torno do tema da diversidade cultural, da educação das relações étnico-raciais e de uma pedagogia antirracista e inclusiva na atualidade. Para que a escola desenvolva um projeto educacional que tenha êxito ao trabalhar as questões multiculturais, promovendo interações e relacionamen- tos exemplares entre seus alunos, precisa considerar que cada um de seus estudantes deve ser compreendido “[...] na sua diferença, enquanto indivíduo que possui uma historicidade, com visões de mundo, escalas de valores, sentimentos, emoções, desejos, projetos, com lógicas de comportamentos e hábitos que lhe são próprios” (DAYRELL, 1996, p. 5). Considerar os alunos dessa forma vai de encontro às condutas que, em muitos casos, tendem a homogeneizar a todos, procurando um resultado comum e universal para os mesmos conteúdos, nos mesmos tempos e ritmos. Ao contrário disso, a escola que trabalha com a educação multicultural precisa ser “[...] curiosa, ousada, buscando dialogar com todas as culturas” (GADOTTI, 1992, p. 23). Existem inúmeras ações que estão sendo postas em prática hoje nas escolas visando à educação multicultural em todos os níveis e modalidades educacionais. Você pode considerar, por exemplo, os múltiplos projetos existentes na educação infantil que procuram trabalhar com as diferenças entre os alunos. Assim, a partir do reconhecimento de suas características particulares e das de seus colegas, tais projetos ajudam os estudantes a com- preender as diferenças individuais que tornam os sujeitos únicos e singulares. A partir dessa proposta, a construção das identidades e a alteridade passam a ser compreendidas desde a infância. Os livros de literatura voltados para a área também são muito utilizados na educação infantil. Eles auxiliam no ensino das temáticas da diferença e do multiculturalismo a partir da utilização de personagens que propiciam que a criança simbolize papéis ao realizar sua leitura. Silveira, Bonnin e Ripoll (2010, p. 5), ao analisarem algumas coleções de livros de literatura infantil que tematizam as diferenças, alertam aos professores que, em alguns casos, essas obras agem “[...] como se a diferença fosse uma característica própria dos sujeitos e não efeito de relações de poder e de classificações”. Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira10 Para a educação básica, seja nos anos iniciais ou finais do ensino fundamen- tal, ou ainda no ensino médio, podem ser implantados projetos no estilo “feira multicultural”. As turmas podem se engajar no conhecimento, na vivência e na demonstração dos mais variados traços de cada grupo étnico existente na comunidade da qual fazem parte. A ideia é incentivar o exercício democrático e inclusivo que permita a participação de todos em equidade. No Portal do Professor, do Ministério da Educação, existem inúmeros planos de aulas que remetem ao tema e que podem ser utilizados nas escolas. Outra fonte de bons projetos multiculturais que podem ser utilizados em sala de aula é o Portal do Prêmio Professores do Brasil, concurso promovido pelo Ministério da Educação anualmente e que reconhece projetos pedagógicos que servem de referência para os educadores em território nacional. No ano de 2018, 11ª edição desse concurso, por exemplo, foram premiados dois projetos que tangenciam o tema. O primeiro deles é chamado “Meu Cabelo, Minha Raiz!”, da modalidade creche. Ele foi relatado pela professora Cristiane Santos de Melo, do Centro de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos, da cidade de Lauro de Freitas, na Bahia. A partir do projeto, que analisa as características do cabelo da professora, de origem afrodescendente, e dos demais alunos da turma, são trabalhadas as diferenças e semelhanças e realizado o empoderamento da identidade negra feminina. O segundo projeto premiado se chama “Cadê os indígenas nos livros didáticos? Têm indígenas em Pernambuco?”, ganhador da modalidade ensino fundamental: anos iniciais, de autoria do professor Isaias da Silva, da Escola Mult. Sta. Terezinha do Menino Jesus, da cidade de Vitória de Santo Antão, Você deve ser bastante criteriosos na escolha das obras que utilizará, para que possa proporcionar boas discussões e produções. Como sugestão, considere as obras listadas a seguir: João não cabe mais em seu calção, de Mimi Doinet Nem todas as girafas são iguais, de Márcia Honora Felicidade não tem cor, de Júlio Emílio Braz Diversidade, de Tatiana Belink Minha família é colorida, de Georgina Martins Não tem dois iguais, de Carmem Lúcia Campos 11Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira em Pernambuco. A partir da utilização, da análise e da problematização das imagens existentes (ou inexistentes) nos livros didáticos utilizados com os alunos, o professor procurou sensibilizar os estudantes para que percebessem que algumas etnias são invisibilizadas na história nacional. É importante você notar que “[...] a reflexão sobre educação e diversidade cultural não diz respeito apenas ao reconhecimento do outro como diferente. Significa pensar a relação entre o eu e o outro” (GOMES,2003, p. 69, grifo nosso). Dessa forma, o professor, ao desenvolver seus projetos de educação multicultural, deve propor momentos de interação e de relacionamento entre os diversos alunos. A ideia é que possam, por meio do diálogo e das experi- ências coletivas realizadas, apreender os conceitos de igualdade e equidade, que devem existir entre todos os grupos étnicos brasileiros. Você ainda deve considerar que as discussões multiculturais na escola não devem ficar restritas: [...] a análise de um determinado comportamento ou de uma resposta individual. Ela precisa incluir e abranger uma discussão política. Por quê? Por que ela diz respeito às relações estabelecidas entre os grupos humanos e por isso mesmo não está fora das relações de poder (GOMES, 2003, p. 72). Ou seja, a escola deve ir além da simples discussão da atitude em si, buscando as possíveis origens sociais de tal comportamento. Por exemplo, ao perceber que existem atitudes racistas ou mesmo bullying por parte de alguns alunos na escola, além de trabalhar diretamente com os autores de tais violências, os professores devem explorar as relações de poder existentes, que foram desenvolvidas historicamente e que podem ter influenciado tais atitudes. Esse processo de análise pode ser enriquecido por meio de dinâmicas de grupo, jogos coletivos, dramatizações, entre outras técnicas pedagógicas. O importante é que sejam propostas interações e que sejam desenvolvidas atitudes altruístas e empáticas entre todos. Para conhecer experiências bem-sucedidas que abordam o tema da educação mul- ticultural nas escolas, acesse o link a seguir. Nele, você vai encontrar alguns artigos que apresentam experiências realizadas junto às etnias indígenas e afrodescendentes. https://goo.gl/H2WDma Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira12 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Consti- tuicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 24 jan. 2019. BRASIL. Lei n. 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.639.htm>. Acesso em: 24 jan. 2019. BRASIL. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. 1990. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 24 jan. 2019. BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. 2008. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm>. Acesso em: 24 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/ bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação básica: diversidade e inclusão. Brasília: MEC, 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetro Curricular Nacional: pluralidade cultural. Brasília: MEC, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/plura- lidade.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2019. BURKE, P. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2005. DAYRELL, J. A escola como espaço sócio-cultural: múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996. GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992. GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Cur- rículo sem Fronteiras, v. 12, n. 1, p. 98-109, jan./abr. 2012. Disponível em: <http://www. curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/gomes.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2019. GOMES, N. L. Educação e diversidade étnico-cultural. In: BRASIL. Ministério da Educa- ção. Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: MEC, 2003. Disponível em: <http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/Diversidade-na-educaCAo- -reflexOes-e-experiEncias_Marise_Ramos.pdf#page=69>. Acesso em: 24 jan. 2019. 13Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira GONÇALVES, L. A. O.; SILVA, P. B. G. O jogo das diferenças: o multiculturalismo e seus contextos. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. MOREIRA, A. F. B. et al. (Coord.). Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, 2008. OLIVEIRA, L. F.; CANDAU, V. M. F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e inter- cultural no Brasil. Educação em Revista, v. 26, n. 1, abr. 2010. Disponível em: <http://www. dhnet.org.br/direitos/militantes/veracandau/candau_pedagogia_antirracista_antico- lonial_br.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2019. PASSOS, J. C. dos. O projeto pedagógico escolar e as relações raciais: a implementação dos conteúdos de história e cultura afrobrasileira e africana nos currículos escolares. In: SPONCHIADO, J. I. et al. Contribuições para a educação das relações étnico-raciais. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2008. SILVEIRA, R. M. H.; BONIN, I. T.; RIPOLL, D. Ensinando sobre a diferença na literatura para crianças: paratextos, discurso científico e discurso multicultural. Revista Brasileira de Educação, v. 15, n. 43, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v15n43/ a07v15n43.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2019. SILVÉRIO, V. R. O multiculturalismo e o reconhecimento: mito e metáfora. Revista USP, v. 42, p. 44-55, 1999. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/28454>. Acesso em: 24 jan. 2019. WALSH, C. La educación intercultural en la educación. Peru: Ministerio de Educación, 2001. Leitura recomendada BRASIL. Ministério da Educação. Prêmio Professores do Brasil: vencedores nacionais, 2018. Disponível em: <http://premioprofessoresdobrasil.mec.gov.br/images/pdf/resultado/ resultado-nacional-2018.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2019. Educação multicultural e diretrizes básicas da lei brasileira14 DICA DO PROFESSOR Em termos históricos, somente há algumas décadas, a legislação brasileira tem possibilitado uma mudança social no que se refere à equidade entre etnias e culturas que compõem o espectro de nossa população. Uma conquista recente e, todavia, controversa é a questão das cotas raciais. Assista ao vídeo a seguir e veja mais detalhes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Educadores em diversas partes do mundo buscam atender com qualidade os anseios de aprendizagem, em meio a uma gama de diferenças culturais, geográficas e étnicas. A educação multicultural é aquela que valoriza a diversidade, buscando incluir regularmente em suas ações as perspectivas de diversos grupos culturais. Considerando alguns aspectos da educação multicultural, marque a alternativa CORRETA: A) A educação multicultural é uma novidade que teve início neste século. B) Na história americana, a cor da pele dos negros foi um forte fator de discriminação, nutrido por preconceitos. C) As escolas devem oferecer uma educação multicultural, especificamente para os alunos das chamadas minorias. D) Não cabe aos estudantes opinar sobre o conteúdo do ensino voltado às diversidades, sob risco de informalizarem demais a temática. Na educação multicultural, "habilitar" é um termo que se refere à capacitação dos E) profissionais da educação em trabalhar o tema. 2) Alguns aspectos e métodos diferenciados contribuem para o trabalho na educação multicultural, para a redução dopreconceito e para a promoção da equidade. Nas alternativas abaixo assinale o aspecto ou método mais CORRETO para se trabalhar a educação multicultural. A) A análise dos problemas étnicos na educação multicultural cabe aos gestores, professores e equipe especializada, tendo em vista as exigências do MEC. B) A pedagogia da equidade se refere a um projeto curricular onde o processo de aprendizagem não deve ser modificado, sob o risco de que ideias preconceituosas retornem ao universo escolar. C) O princípio de que cada indivíduo é único é contrário ao princípio de empatia e revela que um aluno não pode sentir o que sente outro aluno, vítima de tratamento desigual. D) Preconceito, racismo e exclusão são fatores educacionais que devem ser combatidos por meio das prerrogativas da lei, que deve ser aplicada, evitando, assim, o surgimento de tais fatores. E) Tecnologias novas, acesso à cultura e história de outros povos, por meio da internet, são elementos que clamam por uma educação diferenciada e multicultural. 3) O Brasil, habitado por índios, colonizado por portugueses e africanos, disputado por espanhóis, holandeses e franceses, acolhendo imigrantes italianos, haitianos e outros, pode ser considerado um país feito por todos, no qual as diversas etnias se misturam, mas, é onde o preconceito, a discriminação e a exclusão ainda acontecem. A educação multicultural é essencial no processo de formação de um povo, principalmente daqueles de etnias tão diversas. Ela é essencial para que todos tenham reconhecido seus direitos como cidadãos, pois não bastam leis, é preciso educar para o respeito e o cumprimento destas. Com relação à cidadania e seus princípios, está CORRETO afirmar que: A) A cidadania é o direito do cidadão de ter atendidas as suas necessidades educacionais básicas. B) A cidadania exprime-se nos direitos dos cidadãos, ao passo que as leis falam de seus deveres. C) A grande variedade cultural das regiões brasileiras representa uma dificuldade para os professores de explorar uma temática para a cidadania. D) No Brasil, programas voltados para a cidadania e o combate à discriminação étnico-racial colocaram um ponto final na exclusão. E) Uma sociedade democrática depende da mudança dos processos socioeducativos para promover uma cidadania igualitária e participativa. 4) Mesmo sabendo que não basta criar leis e assinar decretos para que mudanças efetivas aconteçam, esses são elementos que fundamentam todo o processo educacional, em vista de uma educação na diversidade. No Brasil, a Lei Federal n° 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei Federal n° 9.394/96 (LDBEN), passou a vigorar de forma a garantir o direito de todos à escola e a possibilidade de se implementar um novo modelo de desenvolvimento educacional com inclusão social, com respeito e com a valorização da diversidade étnico-racial e cultural. Analisando os princípios desta nova Lei, em seus artigos referentes à cultura afro-brasileira, marque a alternativa CORRETA: A) A referida lei, põe fim a um período de preconceito e discriminação étnico-racial no Brasil. B) No currículo escolar, devem constar os conteúdos de História e cultura afro-brasileira, que serão específicos da área de História. C) O "Dia Nacional da Consciência Negra", embora já comemorado, não é obrigatório no calendário escolar. D) O conteúdo programático escolar, baseado nesta lei, deve abranger vários aspectos da história dos afrodescendentes. E) O ensino sobre História e cultura afro-brasileira será obrigatório somente no ensino médio. 5) Criada para ser uma das importantes ferramentas de democratização e de ampliação das oportunidades sociais e educacionais no Brasil, a Lei Federal de Cotas ou Lei n° 12.711/2012, voltada para o acesso de negros, índios, estudantes de escolas públicas e de baixa renda às universidades e institutos federais, tem sido considerada por uns como um caminho para a redução da exclusão e por outros como uma segunda forma de discriminação. Apesar de polêmica, ela já está em vigor e sua implantação deve acontecer integralmente até 2016. Com base nesta lei, marque a alternativa CORRETA: A) A reserva de cotas em universidades federais é de 50% para alunos com renda familiar per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio. B) Ao se inscrever como candidato a uma das vagas reservadas, o indivíduo autodeclara a sua cor e comprova sua renda familiar por meio de documentação. C) No critério racial há uma separação entre negros, pardos e índios, sendo que negros e pardos recebem maior percentual de cotas. D) O acompanhamento da implementação da lei fica a cargo da Secretaria de Educação de cada estado. E) Quem fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não tem direito às vagas reservadas. Estes alunos entram nas universidades seguindo outros critérios. NA PRÁTICA Existem muitas atividades que podem ajudar os alunos a adquirirem habilidades para uma convivência equitativa em um ambiente de diversidade e polivalência de culturas. Veja algumas sugeridas no Portal do Professor, uma página mantida pelo MEC. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ciganos: documento orientador para os sistemas de ensino Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Perguntas frequentes sobre a lei de cotas Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Educação e Multiculturalismo Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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