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NOÇÕES SOBRE PATRIMÔNIO, MONUMENTO E MONUMENTO HISTÓRICO Profª Ms. Náiade Alves https://www.ufjf.br/lapa/files/2008/08/Aleg oria-do-patrim%C3%B3nio-Fran%C3%A7ois- Choay.pdf Patrimônio Palavra ligada, originalmente, às estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável. Patrimônio histórico Obras e obras-primas das belas-artes e das artes aplicadas, produtos e trabalhos de todos os saberes e conhecimentos humanos. O que entender por monumento? O sentido original do termo é o do latim monumentum, ele próprio derivado de monere (recordar), o que interpela a memória. O que entender por monumento? O sentido original do termo é o do latim monumentum, ele próprio derivado de monere (recordar), o que interpela a memória. “Chamar-se-á monumento a qualquer artefato edificado por uma comunidade de indivíduos para se recordarem, ou fazer recordar a outras gerações, pessoas, acontecimentos, sacrifícios, ritos ou crenças. O monumento, então, apresenta íntima relação com a memória” (CHOAY, 1925, p. 17). Porém... A ideia de monumento foi se alterando, ao passo que a própria palavra passava a adquirir outros significados. O termo adquire outros valores, em detrimento do valor de memória, como: valor arqueológico e valores estéticos e de prestígio. De acordo com os dicionários do século XVII, “monumento” denota poder, grandeza, beleza. O coliseu As Pirâmides de Gizé O termo adquire valor arqueológico, em detrimento do valor de memória: “Testemunho que nos resta de qualquer grande potência ou grandeza dos séculos passados. As pirâmides do Egito, o Coliseu, são belos monumentos da grandeza dos reis do Egito, da república romana” (FURETIÉRE, 1689 apud CHOAY, 1925, p. 18). O termo adquire valores estéticos e de prestígio: monumento ilustre, soberbo, magnífico, durável, glorioso (CHOAY, 1925, p. 18). Qual a diferença entre “monumento” e “monumento histórico”? Qual a diferença entre “monumento” e “monumento histórico”? Diferença fundamental observada por Alois Riegl no começo do século XX: o monumento é uma criação deliberada cuja destinação foi pensada a priori (CHOAY, 1925, p. 24). Qual a diferença entre “monumento” e “monumento histórico”? O monumento histórico NÃO é desejado e criado enquanto tal. Este é constituído a posteriori pelos olhares convergentes do historiador e do amador, que o selecionam de entre a massa dos edifícios existentes (CHOAY, 1925, p. 25). Todo o objeto do passado pode ser convertido em testemunho histórico, sem ter tido por isso na sua origem um destino memorial (CHOAY, 1925, p. 25). O monumento histórico exige uma conservação incondicional. A expressão só entrou nos dicionários na segunda metade do século XIX, mas a sua utilização disseminou-se desde o começo do século, embora a origem do monumento histórico seja muito anterior ao termo que o designa (a princípio chamados “antiguidades”) (CHOAY, 1925, p. 24-27). Categorias de monumentos históricos (De acordo com a concepção do séc. XIX): • Vestígios da Antiguidade; • Edifícios religiosos da Idade Média; • Castelos Categorias de monumentos históricos (De acordo com a concepção do séc. XIX): • Vestígios da Antiguidade; • Edifícios religiosos da Idade Média; • Castelos Derivadas essencialmente da arqueologia e da história erudita da arquitetura. Outras classificações • Arquitetura menor (não monumental); • Arquitetura vernacular (característica de determinado território); • Arquitetura industrial (fábricas, estações, etc.). ! O domínio patrimonial deixou de estar limitado aos edifícios individuais; ele compreende, daqui em diante, os conjuntos edificados e tecidos urbanos: quarteirões de bairros urbanos, aldeias, cidades inteiras e mesmo conjunto de cidades, como o demonstra a lista do Patrimônio Mundial estabelecida pela Unesco. https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/world-heritage-brazil Patrimônio Mundial no Brasil https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/world-heritage-brazil Lembram o que vimos na Carta de Veneza? A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada, bem como o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Estende-se não só às grandes criações, mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural (Carta de Veneza, 1964). Pré-História Até a segunda metade do século XIX Monumentos Históricos Quadro cronológico no qual se inscreviam os monumentos históricos (até os anos 60) Hotel Imperial de Frank Lloyd Wright (1915), obra que resistiu a terremotos Demolido em 1968 Hotel Imperial de Frank Lloyd Wright (1915), obra que resistiu a terremotos Participação dos países nas conferências internacionais para a conservação dos monumentos históricos Atenas, 1932 Só países europeus. Veneza, 1964 Apenas três países não europeus: Tunísia, México e Peru. 15 anos depois 80 países pertencendo aos 5 continentes tinham assinado a Conservação do Patrimônio Mundial. As inquietações • Custos de manutenção; • Inadaptação às necessidades atuais; • Ação paralisante sobre os grandes projetos de ordenamento do território; • Necessidade de inovar. A tradição de destruição construtiva e de modernização como justificativa para oposição aos pareceres dos arquitetos e das comissões de monumentos históricos e dos setores protegidos. Ou seja, ações em nome do progresso técnico e social, em nome da melhoria da qualidade de vida. Por outro lado... Os arquitetos recordam que, ao longo dos tempos, os estilos coexistiram, justapostos e articulados numa mesma cidade ou num mesmo edifício. A sedução de uma cidade como Paris, por exemplo, resulta da diversidade estilística das suas arquiteturas e dos seus espaços, que não devem ser travados por uma conservação intransigente, mas continuados. A Pirâmide do Louvre, concluída em 1989 ! As ameaças permanentes que pairam sobre o patrimônio não impedem um vasto consenso em favor da sua conservação e da sua proteção, oficialmente defendidas em nome de valores científicos, estéticos, memoriais, sociais, urbanos que esse patrimônio possui nas sociedades industriais avançadas. Vamos olhar para Maceió!? É “monumento” ou “monumento histórico”? Memorial à República - Jaraguá Memorial à República - Jaraguá Monumento Memorial à Teotônio Vilela - Pajuçara Memorial à Teotônio Vilela - Pajuçara Monumento Igreja Bom Jesus dos Martírios – Centro Igreja Bom Jesus dos Martírios – Centro Monumento Histórico Igreja Bom Jesus dos Martírios – Centro Antiga Intendência Municipal – Centro Antiga Intendência Municipal – Centro Monumento Histórico Referências CHOAY, Françoise. Alegoria do patrimônio. Trad. Luciano Vieira Machado. São Paulo: Estação Liberdade/ Editora UNESP, 2001.
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