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Farmacologia dos Antifúngicos

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Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
Antifúngic�
Os fármacos utilizados para o tratamento de doenças
causadas por bactérias não têm efeito sobre doenças
fúngicas. Por exemplo, penicilinas e
aminoglicosídeos inibem o crescimento de muitas
bactérias, mas não afetam o crescimento dos fungos.
Essa diferença é explicada pela presença de algumas
estruturas presentes nas bactérias (p. ex.,
peptideoglicano e ribossomos 70S) que estão
ausentes nos fungos.
Os fármacos antifúngicos mais efetivos,
anfotericina B e vários azóis, exploram o ergosterol
presente na membrana celular dos fungos, o qual não
é encontrado em bactérias ou na membrana celular de
humanos.
● A anfotericina B (Fungizona) rompe a
membrana celular fúngica no sítio do
ergosterol.
● Os azóis inibem a síntese do ergosterol, um
componente essencial das membranas
fúngicas.
● A caspofungina (Cancidas), inibe a síntese
do β-glicano, que é encontrado na parede
celular dos fungos, mas é ausente na parede
celular das bactérias.
○ As células humanas não possuem
parede celular.
A ocorrência de resistência clinicamente
significativa a antifúngicos é incomum. A
resistência aos azóis era rara, mas vem crescendo.
As infecções por fungos em seres humanos
aumentaram drasticamente em incidência e gravidade
nos últimos anos, em razão sobretudo de avanços
obtidos nos tratamentos cirúrgicos, oncológicos, de
pacientes com transplante de órgãos sólidos e de
medula óssea, da epidemia de HIV, além do uso
crescente da antibioticoterapia de amplo espectro.
Essas mudanças resultaram em maior número de
pacientes com risco de infecções fúngicas.
Durante muitos anos, a anfotericina B foi o único
medicamento antifúngico eficaz disponível para uso
sistêmico. Embora altamente eficaz em muitas
infecções graves, ela também é bastante tóxica. Nas
últimas décadas, a farmacoterapia das doenças
fúngicas sofreu uma revolução com a introdução dos
fármacos azois relativamente atóxicos (formulações
orais e parenterais) e das equinocandinas
(disponíveis apenas para administração parenteral).
Os novos agentes dessas classes proporcionam uma
terapia mais direcionada e menos tóxica do que os
antigos agentes, como a anfotericina B, para
pacientes com infecções fúngicas sistêmicas.
A terapia combinada está sendo reconsiderada, e
novas formulações com antigos agentes estão sendo
disponibilizadas. Infelizmente, o aparecimento de
organismos resistentes aos azóis e o aumento no
número de pacientes em risco de infecções micóticas
têm criado novos desafios. Os antifúngicos
atualmente disponíveis estão assim categorizados:
fármacos sistêmicos (orais ou parenterais) para
infecções sistêmicas, fármacos sistêmicos orais para
infecções mucocutâneas e fármacos tópicos para
infecções mucocutâneas.
Fármacos antifúngicos sistêmicos
para infecções sistêmicas
Anfotericina B
As anfotericinas A e B são antibióticos antifúngicos
produzidos por Streptomyces nodosus. A anfotericina
A não é usada clinicamente.
Química e farmacocinética
A anfotericina B é um polieno macrolídeo anfotérico.
É quase insolúvel em água e, por conseguinte,
preparada como uma suspensão coloidal de
anfotericina B e desoxicolato sódico para injeção
intravenosa.
A anfotericina B é mal absorvida no trato
gastrointestinal. Assim, sua apresentação oral é
eficaz apenas contra fungos dentro do lúmen do trato
e não pode ser empregada no tratamento de doença
sistêmica. O fármaco encontra-se ligado em mais de
90% a proteínas séricas.
Embora metabolizada em sua maior parte, um pouco
da anfotericina B é excretado lentamente na urina ao
longo de vários dias. A meia-vida sérica é de
aproximadamente 15 dias. Comprometimento
hepático, comprometimento renal e diálise têm pouco
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
impacto sobre as concentrações do fármaco; portanto,
não há necessidade de qualquer ajuste da dose. O
fármaco distribui-se amplamente na maioria dos
tecidos, mas apenas 2 a 3% do nível sanguíneo é
obtido no líquido cerebrospinal, exigindo
ocasionalmente terapia intratecal para determinados
tipos de meningite fúngica.
Mecanismos de ação e resistência
Seletiva em seu efeito antifúngico. O ergosterol é
encontrado na membrana celular dos fungos, já o
esterol predominante das células de bactérias e seres
humanos é o colesterol.
Ela se liga ao ergosterol e altera a permeabilidade
da célula ao formar poros associados à anfotericina
B na membrana celular.
➔ A anfotericina B se combina com os lipídeos
(ergosterol) ao longo do lado de sua estrutura
rica em ligações covalentes e se associa a
moléculas de água ao longo do lado rico em
hidroxila.
➔ Essa característica anfipática facilita a
formação do poro por múltiplas moléculas de
anfotericina, com as porções lipofílicas ao
redor do lado externo do poro e as regiões
hidrofílicas revestindo o interno.
➔ O poro permite extravasamento de íons
intracelulares e de macromoléculas →
morte celular.
Há algum nível de ligação com os esterois da
membrana humana, o que, provavelmente,
contribui para a toxicidade proeminente do
fármaco.
A resistência à anfotericina B ocorre quando a
ligação com o ergosterol é prejudicada, quer por
redução na concentração de ergosterol da
membrana, quer por modificação da molécula de
esterol-alvo para reduzir sua afinidade com o
fármaco.
Atividade antifúngica e usos clínicos
A anfotericina B continua sendo o antifúngico com
maior espectro de ação. Ela tem atividade contra
leveduras clinicamente significativas, inclusive
Candida albicans e Cryptococcus neoformans;
contra organismos causadores de micoses
endêmicas, inclusive Histoplasma capsulatum,
Blastomyces dermatitidis, e Coccidioides immitis;
contra fungos patogênicos, como Aspergillus
fumigatus, e os agentes da mucormicose.
Alguns organismos fúngicos, como Candida
lusitaniae e Pseudallescheria boydii apresentam
resistência intrínseca à anfotericina B.
Em razão de seu amplo espectro de atividade e ação
fungicida, a anfotericina B continua a ser um agente
útil para quase todas as infecções micóticas com risco
de morte, embora os agentes mais modernos e menos
tóxicos a tenham substituído na maioria das
condições.
A anfotericina B com frequência é usada como
regime de indução inicial para reduzir rapidamente a
carga fúngica para, em seguida, ser substituída por
um dos agentes azois mais modernos para terapia
crônica ou prevenção de recidiva. Essa terapia de
indução é particularmente importante em pacientes
imunossuprimidos ou com pneumonia fúngica grave,
meningite criptocócica grave ou infecções
disseminadas de uma das micoses endêmicas, como
histoplasmose e coccidioidomicose.
Uma vez desencadeada a resposta clínica, com
frequência os pacientes prosseguem com terapia de
manutenção utilizando um azol; o tratamento pode
ser pelo restante da vida nos pacientes com alto
risco de recidiva da doença.
A terapia intratecal para meningite fúngica é mal
tolerada e temida pelas dificuldades relacionadas com
a manutenção do acesso ao líquido cerebrospinal.
Assim, a terapia intratecal com anfotericina B tem
sido crescentemente suplantada por outras terapias,
embora permaneça como opção nos casos de
infecções fúngicas do sistema nervoso central que
não respondam a outros agentes.
A administração local ou tópica de anfotericina B
tem sido utilizada com sucesso. Úlceras de córnea e
ceratite micóticas podem ser curadas com gotas
tópicas, bem como por injeção subconjuntival direta.
A artrite fúngica foi tratada com infiltração local
adjunta diretamente na articulação. A candidúria
responde à irrigação vesical com anfotericina B, e
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
demonstrou-se que essa via não produz toxicidade
sistêmica significativa.
Efeitos colaterais
A toxicidade da anfotericina B pode ser dividida em
duas grandes categorias:
A. Toxicidade relacionada com a infusão
Quase universais e consistem em febre, calafrios,
espasmos musculares, vômitos, cefaléia e hipotensão.
Diminuem quando se reduz a velocidade de infusão
ou a dose diária.A pré-medicação com antitérmicos,
anti-histamínicos, petidina ou corticosteróides pode
ajudar.
B. Toxicidade cumulativa
A lesão renal é a reação tóxica mais significativa.
Ela ocorre em quase todos os pacientes tratados com
doses clinicamente significativas de anfotericina. O
grau de azotemia é variável e, com frequência,
estabiliza-se durante a terapia, porém pode ser grave
o suficiente para exigir diálise.
Um componente reversível está associado à redução
da perfusão renal e representa uma forma de
insuficiência renal pré-renal. O componente
irreversível resulta de lesão tubular renal e
subsequente disfunção. A forma irreversível da
nefrotoxicidade da anfotericina ocorre em cenário de
administração prolongada.
Em geral, a toxicidade renal se manifesta na forma
de acidose tubular renal e perda grave de potássio
e magnésio. Há alguma evidência de que o
componente pré-renal pode ser atenuado com uma
carga de sódio, e é prática corrente administrar
infusão de soro fisiológico com as doses diárias de
anfotericina B.
Anormalidades nas provas de função hepática são
ocasionalmente observadas, assim como um grau
variado de anemia decorrente de produção reduzida
de eritropoietina pelas células tubulares renais
lesionadas. Com a terapia intratecal com
anfotericina é possível haver convulsões e
aracnoidite química, frequentemente com sequelas
neurológicas graves.
Flucitosina
Química e farmacocinética
É um análogo hidrossolúvel da pirimidina
relacionado com o agente quimioterápico
5-fluoruracila (5-FU). Seu espectro de ação é muito
menor do que o da anfotericina B.
O medicamento é bem absorvido (>90%), e as
concentrações séricas alcançam seu valor máximo em
1 a 2 horas após a dose oral. A flucitosina liga-se
pouco às proteínas e penetra bem em todos os
compartimentos hídricos orgânicos, inclusive no
líquido cerebrospinal.
É eliminada por filtração glomerular com meia-vida
de 3 a 4 horas e removida por hemodiálise. Havendo
comprometimento renal seus níveis aumentam com
rapidez e podem provocar reações tóxicas. É mais
provável que ocorra toxicidade em pacientes com
AIDs ou com insuficiência renal.
Mecanismos de ação e resistência
A flucitosina é captada pelas células fúngicas por
meio da enzima citosina permease.
Intracelularmente: convertida em → 5-FU →
monofosfato de 5-fluorodeoxiuridina (FdUMP) e
trifosfato de fluorouridina (FUTP). Esses últimos
inibem a síntese de DNA e de RNA,
respectivamente.
As células humanas são incapazes de converter o
fármaco original em seus metabólitos ativos,
resultando em toxicidade seletiva. Demonstrou-se
efeito sinérgico com a anfotericina B in vitro e in
vivo. A sinergia pode estar relacionada com aumento
da penetração da flucitosina pela membrana das
células fúngicas lesionada pela anfotericina. A
sinergia com os azois também foi percebida in
vitro, embora o mecanismo seja desconhecido.
Acredita-se que a resistência seja mediada por
alterações no metabolismo da flucitosina e, embora
incomum em isolados primários, ocorre com rapidez
no curso de monoterapia.
Usos clínicos e efeitos colaterais
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
O espectro de atividade da flucitosina está restrito a
C. neoformans, algumas espécies de Candida e aos
bolores dematiáceos que provocam a
cromoblastomicose.
A flucitosina não é empregada como agente isolado
em razão do efeito sinérgico demonstrado com
outros agentes e para evitar o desenvolvimento de
resistência secundária. Seu uso clínico está restrito à
terapia combinada, quer com a anfotericina B para a
meningite criptocócica, quer com o itraconazol para a
cromoblastomicose.
Os efeitos colaterais da flucitosina resultam do
metabolismo (provavelmente pela flora intestinal)
para formar o composto antineoplásico tóxico
fluoruracila. A toxicidade para a medula óssea
produzindo anemia, leucopenia e trombocitopenia é o
efeito adverso mais comum; alterações nas enzimas
hepáticas ocorrem com menor frequência. É possível
haver uma forma de enterocolite tóxica. Parece haver
uma janela terapêutica estreita, com aumento do risco
de toxicidade nas concentrações maiores do
medicamento e desenvolvimento rápido de
resistência em concentrações subterapêuticas. As
dosagens da concentração do medicamento podem
ser úteis para reduzir a incidência de reações tóxicas,
em especial quando a flucitosina é combinada a
agentes nefrotóxicos, como a anfotericina B.
Azóis
Química e farmacocinética
Os azóis são compostos sintéticos que podem ser
classificados como imidazóis ou triazóis de acordo
com o número de átomos de nitrogênio no anel
azólico de cinco membros.
● Imidazóis: cetoconazol, miconazol e
clotrimazol.
○ As duas últimas substâncias são
utilizadas apenas para tratamento
tópico.
● Triazóis: itraconazol, fluconazol,
voriconazol e posaconazol.
○ Mais modernos
Mecanismos de ação e resistência
A atividade antifúngica dos azois resulta da redução
da síntese do ergosterol por meio da inibição de
enzimas do citocromo P450 fúngicas. A toxicidade
seletiva dos fármacos azóis resulta de sua maior
afinidade pelas enzimas fúngicas do citocromo P450
do que pelas humanas. Os do que os triazóis,
contribuindo para imidazóis têm menor grau de
seletividade a maior incidência de interações
medicamentosas e efeitos adversos.
A resistência aos azois ocorre por meio de múltiplos
mecanismos. Outrora raras, cepas resistentes têm
sido cada vez mais relatadas, sugerindo que o uso
crescente desses agentes para profilaxia e terapia
talvez esteja selecionando organismos com
resistência clinicamente evidente aos fármacos em
determinados ambientes.
Usos clínicos, efeitos colaterais e interações
medicamentosas
O espectro de ação dos azóis é amplo, incluindo
muitas espécies de Candida, C. neoformans, micoses
endêmicas (blastomicose, coccidioidomicose,
histoplasmose), dermatófitos e, no caso do
itraconazol e do voriconazol, até mesmo as infecções
por Aspergillus.
Os azois também são úteis no tratamento de
organismos com resistência intrínseca à anfotericina,
como o P. boydii.
Como grupo, os azois são relativamente atóxicos. A
reação adversa mais comum é o desconforto
gastrintestinal, um efeito relativamente menor.
Relatou-se que todos os azóis provocam alterações
nas enzimas hepáticas e, muito raramente,
hepatite clínica.
Todos os azóis tendem a produzir interações
medicamentosas porque afetam o sistema de enzimas
do citocromo P450 dos mamíferos em alguma
extensão. As reações mais significativas serão
indicadas adiante.
CETOCONAZOL
Diferencia-se dos triazóis por sua maior propensão
para inibir as enzimas do citocromo P450 dos
mamíferos – é menos seletiva em relação ao P450
fúngico do que os azóis mais modernos.
ITRACONAZOL
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
Apresentações oral e intravenosa. A absorção do
fármaco é aumentada por alimentos e por pH
gástrico baixo. Como outros azóis lipossolúveis, o
itraconazol interage com enzimas microssomais
hepáticas, embora menos do que o cetoconazol.
Menor biodisponibilidade do itraconazol quando
administrado com as rifamicinas (rifampicina,
rifabutina, rifapentina). Ele não afeta a síntese de
esteróides nos mamíferos, e seus efeitos no
metabolismo de outros medicamentos depurados por
via hepática são muito menores do que os do
cetoconazol.
Ainda que o itraconazol apresente atividade
antifúngica potente, sua efetividade pode ser limitada
pela biodisponibilidade reduzida. As formulações
mais modernas, inclusive uma apresentação oral
líquida e uma intravenosa, utilizaram a ciclodextrana
como molécula transportadora para aumentar a
solubilidade e a biodisponibilidade.
Como o cetoconazol, o itraconazol penetra mal no
líquido cerebrospinal. O itraconazol é o azól
preferencial para o tratamento de doenças
provocadas pelos fungos dimórficos Histoplasma,
Blastomyces e Sporothrix. O itraconazol apresenta
atividade contra as espécies Aspergillus, mas foi
substituído pelo voriconazol como o azól preferencial
no tratamento da aspergilose. O itraconazol é muito
utilizado no tratamentode dermatofitoses e da
onicomicose.
FLUCONAZOL
O fluconazol apresenta alto grau de solubilidade em
água e boa penetração no líquido cerebrospinal.
Alta biodisponibilidade por via oral. As interações
medicamentosas também são menos comuns porque
o fluconazol apresenta o menor efeito entre todos os
azóis sobre as enzimas microssomais hepáticas.
Considerando o menor número de interações com
enzimas hepáticas e a melhor tolerância
gastrintestinal, o fluconazol POSSUI O MAIOR
ÍNDICE TERAPÊUTICO DENTRE OS AZOIS,
permitindo posologias mais agressivas em diversas
infecções por fungos.
É o azol preferencial para tratamento e profilaxia
secundária da meningite criptocócica. Demonstrou-se
que o fluconazol intravenoso é equivalente à
anfotericina B no tratamento de candidemia em
pacientes internados na UTI com contagem normal
de leucócitos, embora as equinocandinas possam ter
atividade superior para essa indicação. O fluconazol é
o agente mais empregado no tratamento da
candidíase mucocutânea.
Sua atividade contra fungos dimórficos está limitada
à doença por coccidioides, em particular na
meningite, na qual as altas doses de fluconazol com
frequência evitam o uso de anfotericina B intratecal.
O fluconazol não demonstrou atividade contra o
Aspergillus ou outros fungos filamentosos.
Demonstrou-se que o uso profilático do fluconazol
reduziu a doença fúngica em receptores de
transplante de medula óssea e nos pacientes com
AIDs, mas o surgimento de fungos resistentes ao
medicamento levantou preocupações sobre sua
indicação.
VORICONAZOL
O voriconazol está disponível em apresentações de
uso oral e intravenoso. Biodisponibilidade supera
90%, e ele apresenta menos ligação proteica do que o
itraconazol. O metabolismo é predominantemente
hepático. O voriconazol é um inibidor clinicamente
relevante da CYP3A4 dos mamíferos, e há
necessidade de redução da dose de inúmeros
medicamentos quando o voriconazol é iniciado. Entre
esses, estão a ciclosporina, o tacrolimo e os inibidores
da HMG-CoA redutase.
Os efeitos tóxicos observados são exantema e
elevação das enzimas hepáticas. Os distúrbios
visuais são comuns, ocorrendo em até 30% dos
pacientes tratados com voriconazol intravenoso,
englobando turvação e alterações na visão em cores
ou luminosidade. As alterações costumam ocorrer
imediatamente após a dose de voriconazol e
desaparecem em 30 minutos. A dermatite por
fotossensibilidade é comum nos pacientes que
recebem terapia oral crônica.
O voriconazol é similar ao itraconazol em seu
espectro de ação, tendo excelente atividade contra
espécies de Candida (inclusive espécies resistentes
ao fluconazol, como a Candida krusei) e fungos
dimórficos. O voriconazol é menos tóxico do que a
anfotericina B e é o tratamento preferencial para
aspergilose invasiva e alguns bolores do meio
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
ambiente. A dosagem do voriconazol pode ser
preditiva de toxicidade e de eficácia clínica,
especialmente em pacientes imunocomprometidos.
POSACONAZOL
O posaconazol é o mais novo dos triazóis. Está
disponível apenas em apresentação oral líquida. A
absorção aumenta quando administrado com
refeições ricas em lipídeos.
O posaconazol distribui-se com rapidez para os
tecidos, resultando em altos níveis teciduais, mas
níveis sanguíneos relativamente baixos.
Recomenda-se dosar o posaconazol nos pacientes
com infecções fúngicas invasivas graves
(especialmente infecções por bolores).
Interações com medicamentos com níveis
aumentados de substratos para a CYP3A4 como
tacrolimo e ciclosporina. O posaconazol é o
membro da família dos azois com o maior espectro,
tendo atividade contra a maioria das espécies de
Candida e Aspergillus. É o único agente com
atividade significativa contra os agentes da
mucormicose.
Está licenciado para uso na terapia de salvamento em
casos de aspergilose invasiva, bem como na
profilaxia de infecções fúngicas durante
quimioterapia de indução em casos de leucemia e em
pacientes com transplante de medula óssea alogênico
em razão de doença do enxerto versus hospedeiro.
Equinocandinas
Química e farmacocinética
Classe mais nova de agentes antifúngicos a ser
desenvolvida. São grandes peptídeos cíclicos ligados
a um ácido graxo de cadeia longa. Caspofungina,
micafungina e anidulafungina. Esses agentes são
ativos contra Candida e Aspergillus, mas não contra
C. neoformans ou os agentes da zigomicose e da
mucormicose. As equinocandinas estão disponíveis
apenas em apresentações de uso intravenoso.
A caspofungina é hidrossolúvel e se liga à proteína.
A meia-vida é de 9 a 11 horas, e seus metabólitos são
excretados pelos rins e pelo trato gastrintestinal.
Ajustes da dose são necessários apenas quando há
insuficiência hepática grave.
A micafungina tem propriedades similares com
meia-vida de 11 a 15 horas.
A anidulafungina tem meia-vida de 24 a 48 horas.
Mecanismo de ação
As equinocandinas agem ao nível da parede celular
fúngica inibindo a síntese do β(1-3)-glicano. Isso
resulta em ruptura da parede celular fúngica e
morte celular.
Usos clínicos e efeitos colaterais
Tratamento das infecções por Candida disseminadas
e mucocutâneas, bem como na terapia antifúngica
empírica em caso de neutropenia febril, tendo em
grande parte substituído a anfotericina B para essa
última indicação.
OBS: Uso na aspergilose invasiva apenas como
terapia de salvamento nos pacientes que não
respondam à anfotericina B, e não como terapia
primária.
A micafungina está licenciada para uso no
tratamento da candidíase mucocutânea e da
candidemia, e na profilaxia das infecções por
Candida em pacientes submetidos a transplante de
medula óssea.
A anidulafungina está aprovada para uso na
candidíase esofágica e candidíase invasiva,
inclusive na candidemia.
Os agentes equinocandinos são muito bem
tolerados, com efeitos colaterais gastrintestinais
menores e poucos relatos de rubor. Observou-se
elevação das enzimas hepáticas em diversos
pacientes que receberam caspofungina em
combinação com ciclosporina.
Demonstrou-se que a micafungina aumenta os
níveis de nifedipino, ciclosporina e sirolimo. A
anidulafungina não parece ter interações
medicamentosas significativas, porém é possível
haver liberação de histamina durante a infusão
intravenosa.
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
Fármacos antifúngicos sistêmicos
orais para infecções mucocutâneas
griseofulvina
Fungistático muito insolúvel derivado de uma
espécie de Penicillium. Seu único uso é o tratamento
sistêmico da dermatofitose. A absorção aumenta
quando ingerida com alimentos gordurosos.
Mecanismo de ação: desconhecido; mas ela se
deposita na pele recém-formada, onde se liga à
ceratina, protegendo a pele contra nova infecção.
Como sua ação consiste em evitar a infecção das
novas estruturas cutâneas, a griseofulvina deve ser
administrada por 2 a 6 semanas em casos de
infecções cutâneas e dos pelos para permitir a
substituição da ceratina infectada por estruturas
resistentes. As infecções das unhas podem necessitar
de terapia por meses para permitir o crescimento da
nova unha protegida e, com frequência, são seguidas
por recidiva.
Os efeitos colaterais incluem síndrome alérgica
semelhante à doença do soro, hepatite e interações
medicamentosas com varfarina e fenobarbital. A
griseofulvina foi substituída em grande parte por
medicamentos antifúngicos mais modernos, como
itraconazol e terbinafina.
TERBINAFINA
A terbinafina é uma alilamina sintética. É usada no
tratamento de dermatofitoses, em especial
onicomicose. É um medicamento ceratofílico
fungicida. Interfere na biossíntese do ergosterol,
porém inibindo a enzima fúngica esqualeno
epoxidase. Isso leva ao acúmulo do esterol
esqualeno, que é tóxico para o fungo. Com a
administração de um comprimido por dia durante 12
semanas obtém-se uma taxa de cura de até 90% da
onicomicose, com maior efetividade que a
griseofulvina ou que o itraconazol. Os efeitos
colaterais são raros, consistindo principalmente em
desconforto gastrintestinal e cefaleia. A terbinafina
não parece afetaro sistema P450 e não demonstrou
interações medicamentosas até o momento.
Terapia antifúngica tópica
Nistatina
A nistatina é um macrolídeo poliênico muito
semelhante à anfotericina B. Tóxica → empregada
somente para fins tópicos. A nistatina está disponível
em cremes, pomadas, supositórios e outras formas
para aplicação na pele e nas mucosas. Não é
absorvida em grau significativo pela pele, mucosas
ou trato gastrintestinal. Em consequência, a
nistatina apresenta pouca toxicidade, embora o uso
oral com frequência seja limitado pelo sabor
desagradável. A nistatina é ativa contra a maior parte
das espécies de Candida e bastante utilizada com
vistas à supressão das infecções locais. Algumas
indicações comuns incluem monilíase orofaríngea,
candidíase vaginal e infecções intertriginosas por
Candida.
Azois tópicos
Os dois azois mais empregados por via tópica são o
clotrimazol e o miconazol. São usados para
tratamento da candidíase vulvovaginal. As pastilhas
de clotrimazol oral estão disponíveis para tratamento
da monilíase oral e constituem uma alternativa
palatável à nistatina. Na forma de creme, ambos os
agentes são úteis para as infecções dermatofíticas,
inclusive tinha do corpo, tinha do pé e tinha crural. A
absorção é desprezível, e os efeitos colaterais, raros.
A forma tópica e o xampu de cetoconazol também
estão disponíveis e são úteis no tratamento da
dermatite seborreica e da pitiríase versicolor.
Alilaminas tópicas
A terbinafina e a naftifina são as alilaminas
disponíveis como cremes tópicos. Ambas são efetivas
no tratamento da tínea do corpo e da tínea crural.
Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca

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