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Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca Antifúngic� Os fármacos utilizados para o tratamento de doenças causadas por bactérias não têm efeito sobre doenças fúngicas. Por exemplo, penicilinas e aminoglicosídeos inibem o crescimento de muitas bactérias, mas não afetam o crescimento dos fungos. Essa diferença é explicada pela presença de algumas estruturas presentes nas bactérias (p. ex., peptideoglicano e ribossomos 70S) que estão ausentes nos fungos. Os fármacos antifúngicos mais efetivos, anfotericina B e vários azóis, exploram o ergosterol presente na membrana celular dos fungos, o qual não é encontrado em bactérias ou na membrana celular de humanos. ● A anfotericina B (Fungizona) rompe a membrana celular fúngica no sítio do ergosterol. ● Os azóis inibem a síntese do ergosterol, um componente essencial das membranas fúngicas. ● A caspofungina (Cancidas), inibe a síntese do β-glicano, que é encontrado na parede celular dos fungos, mas é ausente na parede celular das bactérias. ○ As células humanas não possuem parede celular. A ocorrência de resistência clinicamente significativa a antifúngicos é incomum. A resistência aos azóis era rara, mas vem crescendo. As infecções por fungos em seres humanos aumentaram drasticamente em incidência e gravidade nos últimos anos, em razão sobretudo de avanços obtidos nos tratamentos cirúrgicos, oncológicos, de pacientes com transplante de órgãos sólidos e de medula óssea, da epidemia de HIV, além do uso crescente da antibioticoterapia de amplo espectro. Essas mudanças resultaram em maior número de pacientes com risco de infecções fúngicas. Durante muitos anos, a anfotericina B foi o único medicamento antifúngico eficaz disponível para uso sistêmico. Embora altamente eficaz em muitas infecções graves, ela também é bastante tóxica. Nas últimas décadas, a farmacoterapia das doenças fúngicas sofreu uma revolução com a introdução dos fármacos azois relativamente atóxicos (formulações orais e parenterais) e das equinocandinas (disponíveis apenas para administração parenteral). Os novos agentes dessas classes proporcionam uma terapia mais direcionada e menos tóxica do que os antigos agentes, como a anfotericina B, para pacientes com infecções fúngicas sistêmicas. A terapia combinada está sendo reconsiderada, e novas formulações com antigos agentes estão sendo disponibilizadas. Infelizmente, o aparecimento de organismos resistentes aos azóis e o aumento no número de pacientes em risco de infecções micóticas têm criado novos desafios. Os antifúngicos atualmente disponíveis estão assim categorizados: fármacos sistêmicos (orais ou parenterais) para infecções sistêmicas, fármacos sistêmicos orais para infecções mucocutâneas e fármacos tópicos para infecções mucocutâneas. Fármacos antifúngicos sistêmicos para infecções sistêmicas Anfotericina B As anfotericinas A e B são antibióticos antifúngicos produzidos por Streptomyces nodosus. A anfotericina A não é usada clinicamente. Química e farmacocinética A anfotericina B é um polieno macrolídeo anfotérico. É quase insolúvel em água e, por conseguinte, preparada como uma suspensão coloidal de anfotericina B e desoxicolato sódico para injeção intravenosa. A anfotericina B é mal absorvida no trato gastrointestinal. Assim, sua apresentação oral é eficaz apenas contra fungos dentro do lúmen do trato e não pode ser empregada no tratamento de doença sistêmica. O fármaco encontra-se ligado em mais de 90% a proteínas séricas. Embora metabolizada em sua maior parte, um pouco da anfotericina B é excretado lentamente na urina ao longo de vários dias. A meia-vida sérica é de aproximadamente 15 dias. Comprometimento hepático, comprometimento renal e diálise têm pouco Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca impacto sobre as concentrações do fármaco; portanto, não há necessidade de qualquer ajuste da dose. O fármaco distribui-se amplamente na maioria dos tecidos, mas apenas 2 a 3% do nível sanguíneo é obtido no líquido cerebrospinal, exigindo ocasionalmente terapia intratecal para determinados tipos de meningite fúngica. Mecanismos de ação e resistência Seletiva em seu efeito antifúngico. O ergosterol é encontrado na membrana celular dos fungos, já o esterol predominante das células de bactérias e seres humanos é o colesterol. Ela se liga ao ergosterol e altera a permeabilidade da célula ao formar poros associados à anfotericina B na membrana celular. ➔ A anfotericina B se combina com os lipídeos (ergosterol) ao longo do lado de sua estrutura rica em ligações covalentes e se associa a moléculas de água ao longo do lado rico em hidroxila. ➔ Essa característica anfipática facilita a formação do poro por múltiplas moléculas de anfotericina, com as porções lipofílicas ao redor do lado externo do poro e as regiões hidrofílicas revestindo o interno. ➔ O poro permite extravasamento de íons intracelulares e de macromoléculas → morte celular. Há algum nível de ligação com os esterois da membrana humana, o que, provavelmente, contribui para a toxicidade proeminente do fármaco. A resistência à anfotericina B ocorre quando a ligação com o ergosterol é prejudicada, quer por redução na concentração de ergosterol da membrana, quer por modificação da molécula de esterol-alvo para reduzir sua afinidade com o fármaco. Atividade antifúngica e usos clínicos A anfotericina B continua sendo o antifúngico com maior espectro de ação. Ela tem atividade contra leveduras clinicamente significativas, inclusive Candida albicans e Cryptococcus neoformans; contra organismos causadores de micoses endêmicas, inclusive Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, e Coccidioides immitis; contra fungos patogênicos, como Aspergillus fumigatus, e os agentes da mucormicose. Alguns organismos fúngicos, como Candida lusitaniae e Pseudallescheria boydii apresentam resistência intrínseca à anfotericina B. Em razão de seu amplo espectro de atividade e ação fungicida, a anfotericina B continua a ser um agente útil para quase todas as infecções micóticas com risco de morte, embora os agentes mais modernos e menos tóxicos a tenham substituído na maioria das condições. A anfotericina B com frequência é usada como regime de indução inicial para reduzir rapidamente a carga fúngica para, em seguida, ser substituída por um dos agentes azois mais modernos para terapia crônica ou prevenção de recidiva. Essa terapia de indução é particularmente importante em pacientes imunossuprimidos ou com pneumonia fúngica grave, meningite criptocócica grave ou infecções disseminadas de uma das micoses endêmicas, como histoplasmose e coccidioidomicose. Uma vez desencadeada a resposta clínica, com frequência os pacientes prosseguem com terapia de manutenção utilizando um azol; o tratamento pode ser pelo restante da vida nos pacientes com alto risco de recidiva da doença. A terapia intratecal para meningite fúngica é mal tolerada e temida pelas dificuldades relacionadas com a manutenção do acesso ao líquido cerebrospinal. Assim, a terapia intratecal com anfotericina B tem sido crescentemente suplantada por outras terapias, embora permaneça como opção nos casos de infecções fúngicas do sistema nervoso central que não respondam a outros agentes. A administração local ou tópica de anfotericina B tem sido utilizada com sucesso. Úlceras de córnea e ceratite micóticas podem ser curadas com gotas tópicas, bem como por injeção subconjuntival direta. A artrite fúngica foi tratada com infiltração local adjunta diretamente na articulação. A candidúria responde à irrigação vesical com anfotericina B, e Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca demonstrou-se que essa via não produz toxicidade sistêmica significativa. Efeitos colaterais A toxicidade da anfotericina B pode ser dividida em duas grandes categorias: A. Toxicidade relacionada com a infusão Quase universais e consistem em febre, calafrios, espasmos musculares, vômitos, cefaléia e hipotensão. Diminuem quando se reduz a velocidade de infusão ou a dose diária.A pré-medicação com antitérmicos, anti-histamínicos, petidina ou corticosteróides pode ajudar. B. Toxicidade cumulativa A lesão renal é a reação tóxica mais significativa. Ela ocorre em quase todos os pacientes tratados com doses clinicamente significativas de anfotericina. O grau de azotemia é variável e, com frequência, estabiliza-se durante a terapia, porém pode ser grave o suficiente para exigir diálise. Um componente reversível está associado à redução da perfusão renal e representa uma forma de insuficiência renal pré-renal. O componente irreversível resulta de lesão tubular renal e subsequente disfunção. A forma irreversível da nefrotoxicidade da anfotericina ocorre em cenário de administração prolongada. Em geral, a toxicidade renal se manifesta na forma de acidose tubular renal e perda grave de potássio e magnésio. Há alguma evidência de que o componente pré-renal pode ser atenuado com uma carga de sódio, e é prática corrente administrar infusão de soro fisiológico com as doses diárias de anfotericina B. Anormalidades nas provas de função hepática são ocasionalmente observadas, assim como um grau variado de anemia decorrente de produção reduzida de eritropoietina pelas células tubulares renais lesionadas. Com a terapia intratecal com anfotericina é possível haver convulsões e aracnoidite química, frequentemente com sequelas neurológicas graves. Flucitosina Química e farmacocinética É um análogo hidrossolúvel da pirimidina relacionado com o agente quimioterápico 5-fluoruracila (5-FU). Seu espectro de ação é muito menor do que o da anfotericina B. O medicamento é bem absorvido (>90%), e as concentrações séricas alcançam seu valor máximo em 1 a 2 horas após a dose oral. A flucitosina liga-se pouco às proteínas e penetra bem em todos os compartimentos hídricos orgânicos, inclusive no líquido cerebrospinal. É eliminada por filtração glomerular com meia-vida de 3 a 4 horas e removida por hemodiálise. Havendo comprometimento renal seus níveis aumentam com rapidez e podem provocar reações tóxicas. É mais provável que ocorra toxicidade em pacientes com AIDs ou com insuficiência renal. Mecanismos de ação e resistência A flucitosina é captada pelas células fúngicas por meio da enzima citosina permease. Intracelularmente: convertida em → 5-FU → monofosfato de 5-fluorodeoxiuridina (FdUMP) e trifosfato de fluorouridina (FUTP). Esses últimos inibem a síntese de DNA e de RNA, respectivamente. As células humanas são incapazes de converter o fármaco original em seus metabólitos ativos, resultando em toxicidade seletiva. Demonstrou-se efeito sinérgico com a anfotericina B in vitro e in vivo. A sinergia pode estar relacionada com aumento da penetração da flucitosina pela membrana das células fúngicas lesionada pela anfotericina. A sinergia com os azois também foi percebida in vitro, embora o mecanismo seja desconhecido. Acredita-se que a resistência seja mediada por alterações no metabolismo da flucitosina e, embora incomum em isolados primários, ocorre com rapidez no curso de monoterapia. Usos clínicos e efeitos colaterais Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca O espectro de atividade da flucitosina está restrito a C. neoformans, algumas espécies de Candida e aos bolores dematiáceos que provocam a cromoblastomicose. A flucitosina não é empregada como agente isolado em razão do efeito sinérgico demonstrado com outros agentes e para evitar o desenvolvimento de resistência secundária. Seu uso clínico está restrito à terapia combinada, quer com a anfotericina B para a meningite criptocócica, quer com o itraconazol para a cromoblastomicose. Os efeitos colaterais da flucitosina resultam do metabolismo (provavelmente pela flora intestinal) para formar o composto antineoplásico tóxico fluoruracila. A toxicidade para a medula óssea produzindo anemia, leucopenia e trombocitopenia é o efeito adverso mais comum; alterações nas enzimas hepáticas ocorrem com menor frequência. É possível haver uma forma de enterocolite tóxica. Parece haver uma janela terapêutica estreita, com aumento do risco de toxicidade nas concentrações maiores do medicamento e desenvolvimento rápido de resistência em concentrações subterapêuticas. As dosagens da concentração do medicamento podem ser úteis para reduzir a incidência de reações tóxicas, em especial quando a flucitosina é combinada a agentes nefrotóxicos, como a anfotericina B. Azóis Química e farmacocinética Os azóis são compostos sintéticos que podem ser classificados como imidazóis ou triazóis de acordo com o número de átomos de nitrogênio no anel azólico de cinco membros. ● Imidazóis: cetoconazol, miconazol e clotrimazol. ○ As duas últimas substâncias são utilizadas apenas para tratamento tópico. ● Triazóis: itraconazol, fluconazol, voriconazol e posaconazol. ○ Mais modernos Mecanismos de ação e resistência A atividade antifúngica dos azois resulta da redução da síntese do ergosterol por meio da inibição de enzimas do citocromo P450 fúngicas. A toxicidade seletiva dos fármacos azóis resulta de sua maior afinidade pelas enzimas fúngicas do citocromo P450 do que pelas humanas. Os do que os triazóis, contribuindo para imidazóis têm menor grau de seletividade a maior incidência de interações medicamentosas e efeitos adversos. A resistência aos azois ocorre por meio de múltiplos mecanismos. Outrora raras, cepas resistentes têm sido cada vez mais relatadas, sugerindo que o uso crescente desses agentes para profilaxia e terapia talvez esteja selecionando organismos com resistência clinicamente evidente aos fármacos em determinados ambientes. Usos clínicos, efeitos colaterais e interações medicamentosas O espectro de ação dos azóis é amplo, incluindo muitas espécies de Candida, C. neoformans, micoses endêmicas (blastomicose, coccidioidomicose, histoplasmose), dermatófitos e, no caso do itraconazol e do voriconazol, até mesmo as infecções por Aspergillus. Os azois também são úteis no tratamento de organismos com resistência intrínseca à anfotericina, como o P. boydii. Como grupo, os azois são relativamente atóxicos. A reação adversa mais comum é o desconforto gastrintestinal, um efeito relativamente menor. Relatou-se que todos os azóis provocam alterações nas enzimas hepáticas e, muito raramente, hepatite clínica. Todos os azóis tendem a produzir interações medicamentosas porque afetam o sistema de enzimas do citocromo P450 dos mamíferos em alguma extensão. As reações mais significativas serão indicadas adiante. CETOCONAZOL Diferencia-se dos triazóis por sua maior propensão para inibir as enzimas do citocromo P450 dos mamíferos – é menos seletiva em relação ao P450 fúngico do que os azóis mais modernos. ITRACONAZOL Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca Apresentações oral e intravenosa. A absorção do fármaco é aumentada por alimentos e por pH gástrico baixo. Como outros azóis lipossolúveis, o itraconazol interage com enzimas microssomais hepáticas, embora menos do que o cetoconazol. Menor biodisponibilidade do itraconazol quando administrado com as rifamicinas (rifampicina, rifabutina, rifapentina). Ele não afeta a síntese de esteróides nos mamíferos, e seus efeitos no metabolismo de outros medicamentos depurados por via hepática são muito menores do que os do cetoconazol. Ainda que o itraconazol apresente atividade antifúngica potente, sua efetividade pode ser limitada pela biodisponibilidade reduzida. As formulações mais modernas, inclusive uma apresentação oral líquida e uma intravenosa, utilizaram a ciclodextrana como molécula transportadora para aumentar a solubilidade e a biodisponibilidade. Como o cetoconazol, o itraconazol penetra mal no líquido cerebrospinal. O itraconazol é o azól preferencial para o tratamento de doenças provocadas pelos fungos dimórficos Histoplasma, Blastomyces e Sporothrix. O itraconazol apresenta atividade contra as espécies Aspergillus, mas foi substituído pelo voriconazol como o azól preferencial no tratamento da aspergilose. O itraconazol é muito utilizado no tratamentode dermatofitoses e da onicomicose. FLUCONAZOL O fluconazol apresenta alto grau de solubilidade em água e boa penetração no líquido cerebrospinal. Alta biodisponibilidade por via oral. As interações medicamentosas também são menos comuns porque o fluconazol apresenta o menor efeito entre todos os azóis sobre as enzimas microssomais hepáticas. Considerando o menor número de interações com enzimas hepáticas e a melhor tolerância gastrintestinal, o fluconazol POSSUI O MAIOR ÍNDICE TERAPÊUTICO DENTRE OS AZOIS, permitindo posologias mais agressivas em diversas infecções por fungos. É o azol preferencial para tratamento e profilaxia secundária da meningite criptocócica. Demonstrou-se que o fluconazol intravenoso é equivalente à anfotericina B no tratamento de candidemia em pacientes internados na UTI com contagem normal de leucócitos, embora as equinocandinas possam ter atividade superior para essa indicação. O fluconazol é o agente mais empregado no tratamento da candidíase mucocutânea. Sua atividade contra fungos dimórficos está limitada à doença por coccidioides, em particular na meningite, na qual as altas doses de fluconazol com frequência evitam o uso de anfotericina B intratecal. O fluconazol não demonstrou atividade contra o Aspergillus ou outros fungos filamentosos. Demonstrou-se que o uso profilático do fluconazol reduziu a doença fúngica em receptores de transplante de medula óssea e nos pacientes com AIDs, mas o surgimento de fungos resistentes ao medicamento levantou preocupações sobre sua indicação. VORICONAZOL O voriconazol está disponível em apresentações de uso oral e intravenoso. Biodisponibilidade supera 90%, e ele apresenta menos ligação proteica do que o itraconazol. O metabolismo é predominantemente hepático. O voriconazol é um inibidor clinicamente relevante da CYP3A4 dos mamíferos, e há necessidade de redução da dose de inúmeros medicamentos quando o voriconazol é iniciado. Entre esses, estão a ciclosporina, o tacrolimo e os inibidores da HMG-CoA redutase. Os efeitos tóxicos observados são exantema e elevação das enzimas hepáticas. Os distúrbios visuais são comuns, ocorrendo em até 30% dos pacientes tratados com voriconazol intravenoso, englobando turvação e alterações na visão em cores ou luminosidade. As alterações costumam ocorrer imediatamente após a dose de voriconazol e desaparecem em 30 minutos. A dermatite por fotossensibilidade é comum nos pacientes que recebem terapia oral crônica. O voriconazol é similar ao itraconazol em seu espectro de ação, tendo excelente atividade contra espécies de Candida (inclusive espécies resistentes ao fluconazol, como a Candida krusei) e fungos dimórficos. O voriconazol é menos tóxico do que a anfotericina B e é o tratamento preferencial para aspergilose invasiva e alguns bolores do meio Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca ambiente. A dosagem do voriconazol pode ser preditiva de toxicidade e de eficácia clínica, especialmente em pacientes imunocomprometidos. POSACONAZOL O posaconazol é o mais novo dos triazóis. Está disponível apenas em apresentação oral líquida. A absorção aumenta quando administrado com refeições ricas em lipídeos. O posaconazol distribui-se com rapidez para os tecidos, resultando em altos níveis teciduais, mas níveis sanguíneos relativamente baixos. Recomenda-se dosar o posaconazol nos pacientes com infecções fúngicas invasivas graves (especialmente infecções por bolores). Interações com medicamentos com níveis aumentados de substratos para a CYP3A4 como tacrolimo e ciclosporina. O posaconazol é o membro da família dos azois com o maior espectro, tendo atividade contra a maioria das espécies de Candida e Aspergillus. É o único agente com atividade significativa contra os agentes da mucormicose. Está licenciado para uso na terapia de salvamento em casos de aspergilose invasiva, bem como na profilaxia de infecções fúngicas durante quimioterapia de indução em casos de leucemia e em pacientes com transplante de medula óssea alogênico em razão de doença do enxerto versus hospedeiro. Equinocandinas Química e farmacocinética Classe mais nova de agentes antifúngicos a ser desenvolvida. São grandes peptídeos cíclicos ligados a um ácido graxo de cadeia longa. Caspofungina, micafungina e anidulafungina. Esses agentes são ativos contra Candida e Aspergillus, mas não contra C. neoformans ou os agentes da zigomicose e da mucormicose. As equinocandinas estão disponíveis apenas em apresentações de uso intravenoso. A caspofungina é hidrossolúvel e se liga à proteína. A meia-vida é de 9 a 11 horas, e seus metabólitos são excretados pelos rins e pelo trato gastrintestinal. Ajustes da dose são necessários apenas quando há insuficiência hepática grave. A micafungina tem propriedades similares com meia-vida de 11 a 15 horas. A anidulafungina tem meia-vida de 24 a 48 horas. Mecanismo de ação As equinocandinas agem ao nível da parede celular fúngica inibindo a síntese do β(1-3)-glicano. Isso resulta em ruptura da parede celular fúngica e morte celular. Usos clínicos e efeitos colaterais Tratamento das infecções por Candida disseminadas e mucocutâneas, bem como na terapia antifúngica empírica em caso de neutropenia febril, tendo em grande parte substituído a anfotericina B para essa última indicação. OBS: Uso na aspergilose invasiva apenas como terapia de salvamento nos pacientes que não respondam à anfotericina B, e não como terapia primária. A micafungina está licenciada para uso no tratamento da candidíase mucocutânea e da candidemia, e na profilaxia das infecções por Candida em pacientes submetidos a transplante de medula óssea. A anidulafungina está aprovada para uso na candidíase esofágica e candidíase invasiva, inclusive na candidemia. Os agentes equinocandinos são muito bem tolerados, com efeitos colaterais gastrintestinais menores e poucos relatos de rubor. Observou-se elevação das enzimas hepáticas em diversos pacientes que receberam caspofungina em combinação com ciclosporina. Demonstrou-se que a micafungina aumenta os níveis de nifedipino, ciclosporina e sirolimo. A anidulafungina não parece ter interações medicamentosas significativas, porém é possível haver liberação de histamina durante a infusão intravenosa. Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca Fármacos antifúngicos sistêmicos orais para infecções mucocutâneas griseofulvina Fungistático muito insolúvel derivado de uma espécie de Penicillium. Seu único uso é o tratamento sistêmico da dermatofitose. A absorção aumenta quando ingerida com alimentos gordurosos. Mecanismo de ação: desconhecido; mas ela se deposita na pele recém-formada, onde se liga à ceratina, protegendo a pele contra nova infecção. Como sua ação consiste em evitar a infecção das novas estruturas cutâneas, a griseofulvina deve ser administrada por 2 a 6 semanas em casos de infecções cutâneas e dos pelos para permitir a substituição da ceratina infectada por estruturas resistentes. As infecções das unhas podem necessitar de terapia por meses para permitir o crescimento da nova unha protegida e, com frequência, são seguidas por recidiva. Os efeitos colaterais incluem síndrome alérgica semelhante à doença do soro, hepatite e interações medicamentosas com varfarina e fenobarbital. A griseofulvina foi substituída em grande parte por medicamentos antifúngicos mais modernos, como itraconazol e terbinafina. TERBINAFINA A terbinafina é uma alilamina sintética. É usada no tratamento de dermatofitoses, em especial onicomicose. É um medicamento ceratofílico fungicida. Interfere na biossíntese do ergosterol, porém inibindo a enzima fúngica esqualeno epoxidase. Isso leva ao acúmulo do esterol esqualeno, que é tóxico para o fungo. Com a administração de um comprimido por dia durante 12 semanas obtém-se uma taxa de cura de até 90% da onicomicose, com maior efetividade que a griseofulvina ou que o itraconazol. Os efeitos colaterais são raros, consistindo principalmente em desconforto gastrintestinal e cefaleia. A terbinafina não parece afetaro sistema P450 e não demonstrou interações medicamentosas até o momento. Terapia antifúngica tópica Nistatina A nistatina é um macrolídeo poliênico muito semelhante à anfotericina B. Tóxica → empregada somente para fins tópicos. A nistatina está disponível em cremes, pomadas, supositórios e outras formas para aplicação na pele e nas mucosas. Não é absorvida em grau significativo pela pele, mucosas ou trato gastrintestinal. Em consequência, a nistatina apresenta pouca toxicidade, embora o uso oral com frequência seja limitado pelo sabor desagradável. A nistatina é ativa contra a maior parte das espécies de Candida e bastante utilizada com vistas à supressão das infecções locais. Algumas indicações comuns incluem monilíase orofaríngea, candidíase vaginal e infecções intertriginosas por Candida. Azois tópicos Os dois azois mais empregados por via tópica são o clotrimazol e o miconazol. São usados para tratamento da candidíase vulvovaginal. As pastilhas de clotrimazol oral estão disponíveis para tratamento da monilíase oral e constituem uma alternativa palatável à nistatina. Na forma de creme, ambos os agentes são úteis para as infecções dermatofíticas, inclusive tinha do corpo, tinha do pé e tinha crural. A absorção é desprezível, e os efeitos colaterais, raros. A forma tópica e o xampu de cetoconazol também estão disponíveis e são úteis no tratamento da dermatite seborreica e da pitiríase versicolor. Alilaminas tópicas A terbinafina e a naftifina são as alilaminas disponíveis como cremes tópicos. Ambas são efetivas no tratamento da tínea do corpo e da tínea crural. Talles Alberto Bispo da Silva, Medicina UFAL - campus Arapiraca
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