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Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Sistema Digestório O sistema digestório consiste no trato digestivo (cavidade oral, esôfago, estômago e intestinos) e suas glândulas anexas (salivares, fígado e pâncreas). A camada mais interna do trato digestivo constitui uma barreira protetora entre o meio externo e interno. O intestino origina-se a partir da incorporação do saco vitelínico. Grande parte tem origem endodérmica, porém a região da boca e ânus têm origem ectodérmica. O intestino primitivo é formado quando as pregas cefálicas, caudal e laterais incorporam a porção dorsal do saco vitelínico do embrião. As membranas bucofaríngea e cloacal se rompem e estabelecem a comunicação do tubo digestório com o exterior do embrião. A placa pré-cordal dá origem a membrana bucofaríngea. Assim que ocorre o dobramento do embrião devido ao crescimento do encéfalo, esta membrana desloca-se para a superfície ventral do embrião, separando o estomodeu (primórdio da cavidade oral revestido por ectoderma) do intestino anterior (primórdio da faringe e do esôfago, revestido pelo endoderma) *O intestino do embrião é dividido em anterior, médio e posterior: A porção mais cefálica do intestino primitivo anterior é a faringe primitiva. Essa região encontra-se comprimida dorsoventralmente. É achatada, graças ao desenvolvimento do encéfalo posteriormente e do coração anteriormente. Os tecidos musculares, conjuntivos e outras camadas são derivadas do mesoderma esplâncnico. Plano geral do Sistema Digestório Todos os componentes do trato digestivo apresentam certas características estruturais em comum. A parede dos tubos ocos são constituídos por 4 camadas: GASTROSQUISE Exposição das alças intestinais e/ou outros órgãos. É um defeito da parede abdominal do feto, cuja parte do intestino fica "para fora", por um orifício ao lado do cordão umbilical. ONFALOCELE Corresponde a uma má-formação da parede abdominal no bebê, que normalmente é identificada ainda durante a gravidez e que se caracteriza pela presença de órgãos, como intestino, fígado ou baço, fora da cavidade abdominal e recobertos por uma fina membrana. Camada Mucosa ➢ Epitélio (pavimentoso estratificado ou cilíndrico simples) ➢ Lâmina própria: TC + pode conter glândulas ➢ Muscular interna: TML ou TMEE, organizado em duas camadas (CI/ LE) Camada submucosa TCF ou TCD. Pode conter o plexo nervoso submucoso, glândulas, vasos sanguíneos, nódulos e vasos linfáticos. Camada Muscular Externa TML ou TMEE (circular interna e longitudinal externa). Entre as duas camadas há tecido conjuntivo e também pode conter o plexo nervoso mioentérico. Organizado em duas camadas (CI/ LE), com exceção do estômago que é em 3 camadas Camada Adventícia (TCD com adipócitos) ou Serosa (TCF + mesotélio= ep. pavimentoso simples) Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Plexo nervoso: É a ramificação de nervo simpático, tanto a nível de camada submucosa como muscular. São compostos principalmente por agregados de células nervosas que formam pequenos gânglios parassimpáticos. Uma rede rica de fibras pré e pós ganglionares do sistema nervoso autônomo e algumas fibras sensoriais possibilitam a comunicação desses gânglios. Esôfago Duodeno e esôfago são os únicos órgãos com glândulas mucosas na camada submucosa. MUCOSA → ➢ Ep. pavimentoso estratificado ➢ Lâmina própria: TCF + glândulas mucosas *As glândulas mucosas podem estar presente em duas regiões específicas, como na região entre o esôfago e faringe e entre o esôfago e a cárdia do estômago. ➢ Muscular da mucosa (CI/LE)- TML (ajuda nos movimentos peristálticos) e TMEE. SUBMUCOSA → Tecido conjuntivo, com glândulas esofágicas (mucosas) e plexo nervoso submucoso. As glândulas esofágicas produzem muco para proteção do epitélio e umidificar para os movimentos peristálticos CAMADA MUSCULAR EXTERNA → 2 camadas CI/ LE ➢ Terço superior: TMEE ➢ Terço médio: TMEE e TML ➢ Terço inferior: TML CAMADA ADVENTÍCIA/ SEROSA → TC fibroso com adipócitos nos terços superior e médio Terço inferior (abaixo do diafragma): camada serosa Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Junção escamocolunar: área de mudança de tecido, muito suscetível a infecções. Epitélio estratificado pavimentoso → epitélio cilíndrico simples. ESÔFAGO DE BARRET: É um tipo de lesão do esôfago causado por episódios repetidos de refluxo gastroesofágico. O tecido do esôfago é substituído por um tecido semelhante ao tecido de revestimento do intestino. Representa uma resposta adaptativa da mucosa à agressão pelo ácido. Estômago Corpo e fundo do estômago possem a mesma estrutura histológica. Na cárdia há glândulas curtas na camada mucosa e pouco ramificadas. No corpo e no fundo há glândulas profundas dicotômicas (braços), tubulares e retas. Na região pilórica há glândulas ramificadas profundas, grandes e com nódulos linfóides, além de fossetas gástricas grandes. MUCOSA → ➢ Ep. cilíndrico simples: formando fossetas gástricas ➢ Lâmina própria: com glândulas gástricas ➢ Muscular da mucosa (CI/LE)- TML SUBMUCOSA → Tecido conjuntivo sem glândulas CAMADA MUSCULAR EXTERNA → 3 camadas (OICMLE) ➢ Oblíqua interna ➢ Circular média ➢ Longitudinal externa CAMADA SEROSA → Tecido conjuntivo + mesotélio (fina camada externa) CAMADA ADVENTICIA → TCF + adipócitos Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Glândulas gástricas: Parietal: citoplasma acidófilo e núcleo basófilo (já que produz uma proteína, que é o fator intrínseco). Produz ácido clorídrico. Muitos prolongamentos voltados ao canalículo (aumento da superfície de contato). Produz o fator intrínseco: glicoproteína importante para a absorção de vitamina B12 pelo íleo (anemia perniciosa = falta de B12) Principal: citoplasma basófilo. Produz pepsinogênio. O pepsinogênio é uma enzima inativa incapaz de realizar sozinha a hidrólise de proteínas. Porém, na presença do HCl, o pepsinogênio é convertido em sua forma ativa, a pepsina. Submucosa e muscular podendo ter o plexo nervoso. Intestino delgado Regiões: duodeno, jejuno e íleo. ✓ Jejuno: vilosidades longas e submucosa lisa ✓ Íleo: nódulos linfáticos observados. Vilos curtos ✓ Duodeno: glândulas mucosas (Brummer) na submucosa e vilos curtos. MUCOSA → com vilosidades intestinais e glândulas intestinais ➢ Ep. cilíndrico simples, revestindo as vilosidades. Possui células caliciformes (produzem muco) ➢ Lâmina própria: com glândulas intestinais (são glândulas exócrinas) *As glândulas intestinais podem conter as células: ✓ Absortivas ✓ Caliciformes ✓ Células de Paneth (controla a flora intestinal. Secreta lisozima, que tem ação antibacteriana) ✓ Células do sistema neuroendócrino ➢ Muscular da mucosa (CI/LE)- TML Nódulo linfóide SUBMUCOSA → Tecido conjuntivo frouxo ✓ Duodeno tem glândulas mucosas (glândulas de Brummer)- fazem o controle do pH (produz muco para proteger o intestino do suco gástrico) ✓ No íleo aparecem nódulos linfáticos (placas de peyer) CAMADA MUSCULAR EXTERNA → 2 camadas (CI/LE) - TML ➢ Plexo nervoso mioentérico (geralmente aparece no TC entre as duas camadas de músculo) CAMADA SEROSA- aparecem apenas núcleos pequenos Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Intestino grosso MUCOSA → camada reta ➢ Ep. cilíndrico simples: com muitas células caliciformes (produzem muco) ➢ Lâmina própria: com glândulas intestinais ➢ Muscular da mucosa (CI/LE)- TML SUBMUCOSA → pode conter nódulos linfóides CAMADA MUSCULAR EXTERNA → 2 camadas (CI/LE) - TML ➢ Plexo mioentérico CAMADA SEROSA Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII GLÂNDULAS ANEXAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO São derivados do endoderma. Tanto o fígadocomo o pâncreas são glândulas anfícrinas, ou seja, possuem uma porção endócrino e uma exócrina. Durante o fechamento do corpo do embrião na 4ª semana de desenvolvimento, o epitélio do saco vitelínico é incorporado ao intestino primitivo. A proliferação de células da placa hepática forma o divertículo hepático. Esse divertículo hepático dará origem aos cordões hepáticos, ao ducto cístico e ao broto pancreático dorsal. Dois divertículos podem ser observados na 4ª semana de desenvolvimento na base do divertículo hepático. O broto superior forma o ducto cístico e a vesícula biliar e o broto inferior forma o pâncreas ventral. O broto pancreático dorsal se forma a partir do endoderma dorsal do intestino primitivo que dará origem ao estômago. Na 6ª semana de desenvolvimento, o pâncreas ventral e o ducto hepático comum sofrem rotação de 180 graus no sentido horário. Assim, os brotos ventral e dorsal do pâncreas se aproximam e fusionam após essa rotação. Os dutos pancreáticos principais do pâncreas dorsal e ventral também se fusionam e juntam ao ducto biliar, formando o canal de drenagem das secreções pancreáticas. Pâncreas O pâncreas está localizado na parede posterior do corpo sob o peritônio. É envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo que envia septos para o interior do órgão (TC mais frouxo), separando o pâncreas em lóbulos pancreáticos. O pâncreas é uma glândula endócrina e exócrina. A porção endócrina é composta pelas ilhotas pancreáticas/ de Langerhans. • Função exócrina: produz o suco pancreático (1,2 L/dia) • Função endócrina: produz hormônios, como insulina e glucagon O canal principal também tem epitélio cúbico simples. A medida que se aproxima do canal principal, as células começam a ficar maiores. As secreções dos ácinos caminham pelos ductos até chegar no canal principal, o qual serão eliminados no duodeno. Ácino seroso → ducto intercalar → ducto intralobular → ducto interlobular → canal principal. Pâncreas anular é aquele que envolve o duodeno, pode gerar uma obstrução completa (atresia) ou parcial (estenose) do duodeno. É uma malformação congênita incomum caracterizada pela presença de tecido pancreático que envolve parcial ou totalmente a porção duodenal, causando graus variados de obstrução intestinal. Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Ácinos são as estruturas basófilas e são compostos por células acinosas, localizadas na periferia No meio de um conjunto circular de ácinos há a célula centro acinosa As ilhotas de Langerhans/pancreáticas produz insulina (controla os níveis de açúcar no sangue), glucagon (tem ação oposta a da insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue. Geralmente o glucagon resolve os casos de hipoglicemia ou quando a pessoa está em coma e não consegue se alimentar.) A porção secretora do pâncreas é formada por cerca de 50 células acinosas. Elas possuem grânulos de secreção (zimogênicos) com proenzimas na região apical da célula. Conteúdo da secreção dos ácinos: • Lipase pancreática • Amilase pancreática • Ribonucleases • Desoxirribonucleases • Quimiotripsinogênio • Procarboxipeptidase • Elastase ESTÍMULOS PARA ATIVIDADE PANCREÁTICA: Estímulos hormonais: ➢ Colecistocinina: é produzida pelas células enteroendócrinas do intestino delgado. Elas estimulam células acinosas do pâncreas ➢ Secretina: estimulam a produção de fluido seroso (é alcalino, rico em bicarbonato) pelas células centroacinosas Estímulo neural: • Acetilcolina: é liberada pelas fibras nervosas do parassimpático A secreção exócrina do pâncreas está relacionada aos ácinos serosos que produzem o suco pancreático. As células acinosas, contidas no interior dos ácinos serosos, possuem grânulos de secreção (zimogênicos) com proenzimas na região apical da célula. O conteúdo dos grânulos de secreção é variado: lipase e amilase pancreática, Ribonucleases, desoxirribonucleases, Elastase, Procarboxipeptidase e Quimiotripsinogênio. No entanto, as determinadas enzimas citadas anteriormente são ativadas em um pH específico; como o pH do quimo é ácido, a ação dessas enzimas fica inviabilizada. Porém, as células centroacinosas assumem a função de produzir bicarbonato para aumentar o pH e permitir consequentemente a ação das enzimas pancreáticas. No entanto, para que as células que atuam na secreção exócrina do pâncreas funcionem de maneira correta, é preciso de estímulos hormonais ou neurais. No estímulo hormonal há a secreção de colecistocinina (estimulam as células acinosas do pâncreas) e secretina (estimulam a produção de um fluido seroro alcalino, rico em bicarbonato, pelas células acinosas), sendo ambos os hormônios produzidos pelas produzida pelas células enteroendócrinas do intestino. No estímulo neural há a liberação de acetilcolina pelas fibras nervosas do sistema nervoso parassimpático. O pH baixo estimula as células enteroendócrinas a produzirem secretina e colecistocinina, que atuarão estimulando as células centroacinosas na produção de bicarbonato e as células acinosas na secreção das enzimas pancreáticas, para assim as enzimas ficarem viabilizadas. . Célula centro acinosa Ducto intralobular Vaso sanguíneo ácino Ilhotas pancreáticas Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII A célula enteroendócrinas produz os 2 hormônios: colecistocina e secretina. Fígado O fígado é a maior glândula anfícrina. A função endócrina está relacionado a uma série de proteínas que são lançadas na corrente sanguínea e a função exócrina produz a bile que vai ser armazenado na vesícula biliar. É dividido em lobos (macroscopicamente) e lóbulos (microscopicamente). Os lóbulos têm difícil visualização em humanos, por conta da escassez de tecido conjuntivo e da disposição muito próximas dos lóbulos. O lóbulos hepático do porco fica bem limitado, por isso que na prática usamos lâminas de porco. O fígado possui uma cápsula de revestimento (exceto na área porta hepática= área nua). Essa cápsula é composta de epitélio pavimentoso simples e TCD não modelado. Tríade portal: artéria hepática, veia porta e ducto biliar. Vaso capilar sinusóide: aquele que apresenta poros e aberturas em sua parede. ficam entre os cordões. É importante para o fígado pois ele produz muitas proteínas de alto peso molecular, por isso é importante os espaços intercelulares na parede, para a passagem de sangue e dessas proteínas, nos dos sentidos (do hepatócito para o sangue e vice versa). Célula de Kupffer são macrófagos residentes no fígado. A veia porta ocupa a maior área do espaço porta. As artérias hepáticas possuem poucas células em sua parede e os ductos biliares possuem muitas células colunares. 70% do sangue que entra no fígado é venoso e 30% é arterial. Todo o sangue sai pela veia hepática. O sangue deverá fluir da área mais periférica do lóbulo para a região central, onde está a veia centro lobular. Várias veias centro lobulares formarão a veia hepática. A bile, por sua vez, vai circular das regiões mais profundas para a periferia, conduzindo os sais biliares e a bilirrubina, que foi metabolizada pelos hepatócitos, até o ducto biliar. Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII ESPAÇO DE DISSE Pode acumular gordura nesse espaço, contribuindo para danos no processo metabólico. CANALÍCULO BILIAR ou BILÍFERO: é o espaço entre a membrana de dois hepatócitos Tem junções de oclusão para evitar que o conteúdo extravase para o espaço extracelular. Bile vai da região mais profunda para a periferia, então sai desse espaço entre os hepatócitos (canalículos biliares) e vai sair pelo ducto biliar. Canalículos biliares → canas de Hering → Ductos biliares. Histologia Gabriele Babel | MED FURB LII Vesícula biliarCamada mucosa é a camada voltada para a lúmen do vaso. Vesícula biliar não possui camada submucosa.