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Escola Psicológica: Teoria Cognitivista APRESENTAÇÃO Nesta unidade, estudaremos a teoria cognitivista, mais precisamente os teóricos Piaget e Vygotsky, que pesquisaram largamente o construtivismo/cognitivismo. Este estudo científico da psicologia está voltado ao desenvolvimento do sujeito quanto a sua aprendizagem, ou seja, é a capacidade de desenvolver habilidades de aprender. As teorias de Piaget e de Vygostky (Vigotski) ocupam-se deste desenvolvimento, sendo o primeiro através de fases do desenvolvimento biológico e o segundo através das relações sociais e interpessoais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Constatar claramente a contribuição da escola Cognitivista ao estudo do comportamento humano e à aprendizagem. • Identificar o processo de construção dessa escola e sua influência para a construção do processo do conhecimento. • Relacionar os conceitos desenvolvidos pela escola cognitivista no que se refere ao desenvolvimento e à constituição do sujeito que aprende. • DESAFIO O cognitivismo enfatiza que a cognição é o ato de conhecer. A forma como o ser humano reconhece o mundo é o que faz a diferença na sua trajetória de desenvolvimento. Estuda os processos mentais, isto é, como conhecemos. Ocupa-se da atribuição de significados, da compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação, assim como da percepção, resolução de problemas e tomada de decisões. Neste sentido, como Piaget e Vygotsky percebem a cognição que contribui fortemente para o desenvolvimento do sujeito? Observe a imagem abaixo e explique como a visão cognitivista trata do desenvolvimento por meio do construtivismo. INFOGRÁFICO O esquema cognitivista para o desenvolvimento e aprendizagem tem peculiaridades na visão de Piaget e Vygotsky, observe o infográfico e identifique estas semelhanças e diferenças. CONTEÚDO DO LIVRO A psicologia e o cognitivismo andam de mãos dadas, pois tratam do desenvolvimento do sujeito no sentido bio-psico-social. Neste sentido, busca-se desenvolver o processo de aprendizagem como mais uma habilidade do desenvolvimento. Iniciando sua leitura pelo tópico Desenvolvimento cognitivo: crianças pensando sobre o mundo do livro Psico, você encontrará informações importantes para a compreensão do cognitivismo. SÉRIE A. CONTEÚDO QUE ENVOLVE. Livros-texto diferentes de tudo que você já viu, criados a partir de pesquisas feitas com um só objetivo: descobrir a melhor forma de despertar o interesse e envolver os estudantes com o conteúdo. A Série A é uma solução inovadora, que quebra paradigmas e melhora o processo de aprendizado. PSICO P S IC O PSICOLOGIA: O que ela pode fazer por você O cérebro dos homens é diferente do das mulheres? Envolva-se! Aprenda sobre comportamento Qual é o SEU estilo de memória? PSICOLOGIA www.grupoa.com.br 31789_capa_ultima.indd 1 09/05/12 10:34 Catalogação na publicação: Fernanda B. Handke dos Santos – CRB 10/2107 P974 Psico [recurso eletrônico] / [Tanya Renner ... et al.] ; tradução: Marcelo de Abreu Almeida ; revisão técnica: Silvia H. Koller. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-093-1 1. Psicologia. I. Renner, Tanya. CDU 159.9 Desenvolvimento • 245 (descritas nas p. 242–245). Apesar de sua teoria ter sido criticada em diversos aspec- tos (por exemplo, alguns dos conceitos são vagos e/ou di- fíceis de medir), ela continua influente, e é uma das poucas teorias que englobam todo o ciclo vital. Desenvolvimento cogni- tivo: crianças pensando sobre o mundo Imagine que você tivesse dois copos de diferentes formatos – um curto e largo e outro alto e fino. Agora imagine que você enchesse o curto e largo com refrigerante até cerca de me- tade e, a seguir, derramasse o líquido daquele copo no ou- tro, mais alto. O refrigerante pareceria encher cerca de três quartos do segundo copo. Se alguém lhe perguntasse se havia mais refrigerante no se- gundo copo do que no primei- ro, o que você diria? Você pode pensar que uma pergunta tão simples se- quer merece uma resposta; é estágio da confiança versus desconfiança De acordo com Erikson, o primeiro estágio do desenvolvimento psicossocial, que ocorre no período do nascimento até 1 ano e meio, durante o qual os bebês desenvolvem sentimentos de confiança ou falta de confiança. estágio da autonomia versus vergonha e dúvida Período durante o qual, de acordo com Erikson, as crianças pequenas (de 1 ano e meio aos 3 anos) desenvolvem independência e autonomia se a exploração e a liberdade forem encorajadas, ou vergonha e dúvidas de si mesmas se forem impedidas e superprotegidas. estágio da iniciativa versus culpa De acordo com Erikson, é o período durante o qual as crianças dos 3 aos 6 anos experimentam conflitos entre a independência de ação e os resultados por vezes negativos da ação. estágio da indústria versus inferioridade De acordo com Erikson, no último estágio da infância, a criança dos 6 aos 12 anos pode desenvolver interações sociais positivas com outros ou sentir-se inadequada e tornar- se menos sociável. PsychSmart_09.indd 245PsychSmart_09.indd 245 08/03/12 11:0308/03/12 11:03 246 • PSICO claro, não existe diferença de quantidade entre os dois co- pos. Contudo, a maioria das crianças de 4 anos provavel- mente diria que há mais refrigerante no segundo copo. En- tão, se você servisse o refrigerante de volta no copo curto, elas diriam que agora há menos refrigerante do que havia no copo mais alto. Por que as crianças pequenas se confundem tanto com esse problema? O motivo não é imediatamente óbvio. Qual- quer um que tenha observado crianças pré-escolares deve fi- car impressionado com o quanto elas progrediram desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Elas falam com facili- dade, conhecem o alfabeto, contam, jogam jogos complexos, usam computadores, contam histórias e se comunicam habil- mente. Ainda assim, apesar dessa aparente sofisticação, exis- tem profundas dificuldades na compreensão das crianças a respeito do mundo. Alguns teóricos sugeriram que as crianças não conseguem entender certas ideias e conceitos até alcança- rem certo estágio no desenvolvimento cognitivo – o processo pelo qual a compreensão de mundo da criança muda em fun- ção da sua idade e da expe- riência. Em contraste com a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson discu- tida anteriormente, as teorias do desenvolvimento cognitivo buscam explicar os avanços intelectuais que ocorrem durante o desenvolvimento. Esses avanços incluem mudanças quantitativas e qualitativas. De- senvolvimentos quantitativos referem-se ao crescimento que adiciona mais ao que já existia. No desenvolvimento físico, por exemplo, as crianças ficam mais altas conforme se desen- volvem. No desenvolvimento intelectual, as crianças tendem a desenvolver maior concentração conforme envelhecem. Desenvolvimento qualitativo refere-se a mudanças que, em vez de adicionar mais habilidades, resultam em habilida- des diferentes. Por exemplo, caminhar é um desenvolvimento físico que ocorre após engatinhar, mas caminhar não é sim- plesmente mais engatinhar. Mudanças qualitativas no desen- volvimento intelectual aumentam a habilidade de pensar. Agora pare de ler por um momento e considere o que você pretende fazer neste final de semana. Quantos itens você tem em mente quando pensa em seus planos? Como ve- remos na seguinte discussão da teoria de Piaget, a habilidade das crianças de pensar sobre diferentes conceitos depende da quantidade de itens que elas podem conservar na sua memó- ria. No começo, elas não conseguem guardar nenhum! desenvolvimento cognitivo Processo pelo qual a compreensão de mundo da criança muda em função de sua idade e experiência. Nenhuma teoria do desenvolvimento cognitivo foi mais influente do que a dopsicólogo suíço Jean Piaget. O desenvolvimento cognitivo das crianças avança, enquanto sua atenção aumenta. Estágio operatório formalEstágio operatório concretoEstágio pré-operatórioEstágio sensório-motor Dos 12 anos até a vida adultaDos 7 aos 12 anosDos 2 aos 7 anosDo nascimento aos 2 anos Desenvolvimento de perma- nência do objeto, desenvolvi- mento de habilidades motoras, pouca ou nenhuma capacidade para representação simbólica Desenvolvimento da linguagem e de pensamento simbólico, pensamento egocêntrico Desenvolvimento da noção de conservação e da reversibilidade Desenvolvimento do pensamento lógico e abstrato Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget PsychSmart_09.indd 246PsychSmart_09.indd 246 08/03/12 11:0308/03/12 11:03 Desenvolvimento • 247 A teoria do desenvolvimento cog- nitivo de Piaget Nenhuma teoria do desenvolvimento cognitivo foi mais influente do que a do psicólogo suíço Jean Piaget. Piaget (1970) sugeriu que as crianças de todo o mundo passam por uma série de quatro estágios em ordem determinada. Ele afirmava que esses estágios diferem não apenas na quantidade de informações adquirida em cada um, mas também na qualidade do conhecimento assim como da com- preensão. Assumindo um ponto de vista interacionista, ele sugeriu que a transi- ção de passagem de um estágio para o outro ocorre quando uma criança atinge um nível apropriado de maturidade e é exposta a tipos relevantes de expe- riências. Piaget presumia que, sem tais experiências, as crianças não poderiam alcançar os níveis mais altos de crescimento cognitivo. Piaget propôs quatro estágios: sensório-motor, pré-ope- ratório, operatório concreto e operatório formal. Durante o estágio sensório-motor, do nascimento aos 2 anos, as crian- ças baseiam seu conhecimento de mundo principalmente no toque, sugar, morder, balançar e manusear objetos. Na parte inicial do estágio, as crianças têm uma habilidade limitada de pensar sobre o mundo usando imagens, a linguagem, ou ou- tros tipos de símbolos. Consequentemente, os bebês não têm aquilo que Piaget chama de permanência do objeto, a habi- lidade de manter em mente uma representação mental de coi- sas e ideias. Sem essa habilidade, os bebês não podem ter a consciência de que objetos – e pessoas – continuam a existir mesmo que estejam fora do campo de visão. Como sabemos que as crianças não têm a permanência do objeto? Apesar de não podermos perguntar aos bebês, pode- mos observar suas reações quando um brinquedo com o qual eles estão brincando é escondido embaixo de um lençol. Até chegarem aos 9 meses, as crianças não realizam nenhuma ten- tativa de localizar o brinquedo escondido. Contudo, logo após essa idade, elas iniciam uma busca ativa de localizar o obje- to faltante, indicando que desenvolveram uma representação mental do brinquedo. A permanência do objeto, portanto, é um desenvolvimento crítico durante o estágio sensório-motor. O desenvolvimento mais importante durante o estágio pré-operatório, que começa aos 2 anos e dura até os 7, é o uso da linguagem. As crianças desenvolvem sistemas re- presentativos internos que lhes permitem descrever pessoas, eventos e sentimentos. Elas usam símbolos na brincadeira, fingindo, por exemplo, que um livro que estão empurrando no chão é na verdade um carro. Apesar de as crianças usarem pensamentos mais avança- dos nesse estágio do que no estágio sensório-motor, seus pen- samentos ainda são qualitativamente diferentes do que os dos adultos. Vemos isso quando observamos uma criança no es- tágio pré-operatório usando o pensamento egocêntrico, uma forma de pensar em que a criança vê o mundo inteiramente a partir de sua própria perspectiva. Crianças em idade pré-ope- ratória não entendem que as outras pessoas tenham conheci- mento e perspectivas diferentes. Logo, as histórias e as explicações das crianças para os adultos podem ser terrivelmen- te confusas, já que são contadas sem qualquer contexto. Por exemplo, uma criança pré-operatória pode começar uma história com “Ele não queria me deixar ir”, sem mencionar quem é “ele” ou aonde ela queria ir. Também vemos o pensamento egocêntrico quando as crianças no estágio pré-operatório brin- cam de esconde-esconde. Por exemplo, crianças de 3 anos frequentemente se escondem com o rosto contra a parede, cobrindo os olhos – apesar de estarem plenamente visíveis. O que lhes parece é que se elas não conseguem ver, então ninguém mais vai conseguir vê-las. Além disso, crianças pré-operacio- nais ainda não desenvolveram a habili- dade de entender o princípio da conservação, que é o conhe- cimento de que a quantidade não está relacionada ao arranjo e à aparência física dos objetos. Crianças que não dominaram esse conceito não sabem que a quantidade, o volume ou o comprimento de um objeto não muda quando sua forma ou configuração é modificada. A questão sobre os dois copos – um curto e largo, e o outro alto e fino – com a qual co- meçamos a discussão acerca do desenvolvimento cogniti- vo ilustra isso claramente. As crianças que não entendem o princípio da conservação in- variavelmente afirmam que a quantidade de líquido muda quando é ele passado de um copo para o outro. Elas não conseguem compreender que a transformação na aparência não implica uma transforma- ção na quantidade. Pelo con- trário, parece razoável para a criança que existe uma alte- ração na quantidade, assim como não existe alteração para um adulto. De diversos modos, al- guns deles assustadores, a incapacidade de entender o princípio da conservação afeta as reações das crianças. Pes- quisas mostram que princípios que são óbvios e inquestioná- veis para os adultos podem ser completamente mal entendi- dos pelas crianças durante o período pré-operatório. O domínio do princípio da conservação, por volta dos 7 anos, marca o início do estágio operatório concreto, apesar de as crianças não entenderem completamente alguns aspec- estágio sensório-motor De acordo com Piaget, vai do nascimento aos 2 anos, durante o qual a criança tem pouca competência em representar o ambiente usando imagens, a linguagem, ou outros símbolos. permanência do objeto Consciência de que objetos – e pessoas – continuam a existir mesmo quando estão fora do campo de visão. estágio pré-operatório De acordo com Piaget, o período dos 2 aos 7 anos caracterizado pelo desenvolvimento da linguagem. pensamento egocêntrico Forma de pensar em que a criança vê o mundo inteiramente de sua própria perspectiva. princípio da conservação Conhecimento de que a quantidade não está relacionada ao arranjo e à aparência física dos objetos. estágio operatório concreto De acordo com Piaget, o período dos 7 aos 12 anos caracterizado pelo pensamento lógico e egocêntrico. Crianças que não dominaram o princípio da conservação supõem que o volume de um líquido aumenta quando é passado de um recipiente baixo e largo para um alto e fino. PsychSmart_09.indd 247PsychSmart_09.indd 247 08/03/12 11:0308/03/12 11:03 248 • PSICO tos da conservação, tal como a conservação de peso e volu- me, até ficarem mais velhas. Durantes o estágio ope- ratório concreto, que vai dos 7 aos 12 anos, as crianças desenvolvem a habilidade de pensar de maneira mais lógica e começam a superar um pouco o egocentrismo do período pré-operatório. Um dos principais princípios que as crianças aprendem durante este estágio é a reversibilidade, a ideia de que algumas mudanças podem ser desfeitas revertendo uma ação anterior. Por exemplo, elas podem entender que, quando alguém amassa uma bola de argila, transformando-a em uma forma fina e comprida, essa pessoa pode recriar a bola origi- nal revertendo sua ação. As crianças podem até conceituar esse princípio em suas cabeças, sem terem de ver a ação sen- do realizada à sua frente; nesse ponto, elas podem conservar duas ideias simultaneamente. Apesar de as crianças realizarem avanços importantes emsuas capacidades lógicas durante o estágio operatório concreto, seu pensamento ainda exibe uma grande limitação: elas estão muito ligadas à realidade física concreta do mundo. Em gran- de parte, elas têm dificuldade de entender per- guntas de natureza hipotética ou abstrata. O estágio operatório formal de Piaget produz um novo tipo de pensamento abstra- to, formal e lógico. Durante o período dos 12 anos até a vida adulta, o pensamento não está mais limitado a eventos que os indivíduos ob- servam no ambiente, mas incorpora técnicas lógicas para resolver problemas. A forma pela qual as crianças abordam o “problema do pêndulo” criado por Piaget (Pia- get e Inhelder, 1958) ilustra o surgimento do pensamento operatório formal. A pessoa preci- sa descobrir o que determina a velocidade com que o pêndulo balança. É o comprimento do barbante, o peso do pêndulo, ou a força com que o pêndulo é empurrado? (Só para constar, a resposta é o comprimento do barbante.) Crianças no estágio operatório concre- to abordam o problema de forma aleatória, sem qualquer plano racional ou lógico. Por exemplo, elas podem simultaneamente mudar o comprimento do barbante e o peso do pên- dulo e a força com que o empurram. Como elas estão variando todos os fatores de uma só vez, não conseguem distinguir qual é o deci- sivo. Por outro lado, pessoas no estágio ope- ratório formal abordam o problema sistema- ticamente. Agindo como se fossem cientistas conduzindo um experimento, elas examinam os efeitos das mudanças em uma variável de cada vez. Essa habilidade de eliminar possi- bilidades competidoras caracteriza o pensa- mento operatório formal. Apesar de o pensamento operatório sur- gir durante a adolescência, alguns indivíduos usam esse tipo de pensamento apenas de vez em quando. Além disso, parece que muitos indivíduos nunca alcançam esse estágio; a maioria dos estudos mostra que apenas 40 a 60% dos estudantes de faculdade e adultos o alcançam com- pletamente, com algumas estimativas mais baixas, chegando a 25% da população geral (Keating e Clark, 1980). Nenhum outro teórico nos deu uma teoria tão compreensiva acerca do desenvolvimento cognitivo como Piaget. Em geral, a maio- ria dos psicólogos do desenvolvimento concorda que Pia- get nos forneceu um relato bastante preciso das mudanças relacionadas à idade no desenvolvimento cognitivo. Ainda assim, muitos teóricos contemporâneos sugerem que teorias de estágios como a de Piaget não predizem adequadamen- te o desenvolvimento cognitivo das crianças. Por exemplo, nem todas as crianças têm desempenhos consistentes em tarefas que – se a teoria de Piaget estiver certa – deveriam ser igualmente bem executadas em um estágio específico (Feldman, 2003, 2004). Piaget também subestimou a idade em que os bebês e as crianças podem entender conceitos e princípios específi- Número Número de elementos em uma coleção Rearranjo e deslocamento de elementos Substância (massa) Quantidade de substância maleável (p. ex., argila ou líquido) Alteração de forma Comprimento Comprimento de uma linha ou objeto Alteração de forma ou configuração Área Quantidade de superfície coberta com um conjunto de figuras planas Rearranjo das figuras Peso Peso de um objeto Volume Volume de um objeto (em termos de deslocamento de água) Alteração de forma Conservação de… Mudança na aparência física Idade média de compreensão Princípios da conservação Modalidade Alteração de forma 6-7 anos 7-8 anos 8-9 anos 7-8 anos 9-10 anos 14-15 anos estágio operatório formal De acordo com Piaget, é o período que vai dos 12 anos até a vida adulta, sendo caracterizado pelo pensamento abstrato. PsychSmart_09.indd 248PsychSmart_09.indd 248 08/03/12 11:0308/03/12 11:03 Desenvolvimento • 249 cos. De fato, suas habilidades cognitivas parecem ser mais sofisticadas do que Piaget acreditava. Por exemplo, algumas evidências sugerem que bebês de até 5 meses tenham conhe- cimentos rudimentares de aritmética (Wynn, 1995, 2000; Wynn, Bloom e Chiang, 2002). Além disso, alguns psicólogos do desenvolvimento su- gerem que o desenvolvimento cognitivo procede de modo mais contínuo do que a teoria de Piaget implica. Eles pro- põem que o desenvolvimento cognitivo tem natureza princi- palmente quantitativa, ao invés de qualitativa. Nessa visão, apesar de haver diferenças em quando, como e em que medi- da uma criança pode usar habilidades cognitivas específicas – refletindo mudanças quantitativas – os processos cogni- tivos subjacentes mudam relativamente pouco com a idade (Case e Okamoto, 1996; Gelman e Baillargeon, 1983). Abordagens de processamento de informações: ma- peando os programas mentais das crianças Se o de- senvolvimento cognitivo não procede como uma série de es- tágios, como Piaget sugeriu, como podemos explicar o enorme crescimento nas habilidades cognitivas das crianças? Muitos psicólogos do desenvolvimento atribuem o desenvol- vimento cognitivo a mudanças no processamento de infor- mações, a forma como as pessoas recebem, usam e armaze- nam informações (Cashon e Cohen, 2004; Lacerda, von Hofsten e Heimann, 2001; Munakata, 2006). De acordo com essa abordagem, mudanças quantitativas ocorrem na habilidade das crianças de organizar e manipular informações. A partir dessa perspectiva, as crianças tornam- -se cada vez mais capacitadas em processar informações, da mesma forma como um computador pode ficar mais sofisti- cado quando um programador o modifica com base em sua experiência. Abordagens de processamento de informações consideram os tipos de “programas mentais” que as crianças invocam ao abordar problemas. Diversas mudanças significativas ocorrem nas capa- cidades de processamento de informações das crianças. A velocidade com que elas analisam, reconhecem e comparam estímulos aumenta com a idade. Conforme vão crescendo, as crianças podem prestar atenção a estímulos por mais tempo e discriminar vários estímulos mais prontamente, e são dis- traídas com menor facilidade (Myerson et al., 2003; Van den Wildenberg e Van der Molen, 2004). Tanto a memória de curto prazo quanto a memória de longo prazo melhoram dramaticamente com a idade. Crian- ças em idade pré-escolar podem apenas guardar dois ou três blocos de informação na memória de curto prazo, crianças de 5 anos podem guardar quatro, e crianças de 7 anos po- dem guardar 5. (Os adultos são capazes de guardar sete, mais ou menos dois, blocos na memória de curto prazo.) O tamanho dos blocos guardados na memória de curto prazo também aumenta com a idade, assim como a sofisticação e a organização do conhecimento armazenado na memória de longo prazo. Ainda assim, as capacidades da memória de longo prazo são impressionantes desde muito cedo: mesmo antes de falarem, os bebês podem recordar por meses even- tos dos quais participaram ativamente (Bayliss et al., 2005b; Cowan et al., 2003). Por fim, o aprimoramento no processamento de infor- mações se relaciona com avanços na metacognição, uma consciência e uma com- preensão dos próprios proces- sos cognitivos. A metacogni- ção envolve o planejamento, o monitoramento e a revisão de estratégias cognitivas. Crianças pequenas, que não têm consciência dos próprios processos cognitivos, frequentemente não percebem suas incapacidades. Assim, quando entendem mal as outras pes- soas, elas são incapazes de reconhecer os próprios erros. Apenas mais tarde, quando as habilidades metacognitivas tornam-se mais sofisticadas, é que as crianças conseguem ver quando elas não entenderam. Esse aumento na sofisti- cação reflete uma mudança na teoria da mente das crianças, seu conhecimento e suas crenças sobre como a mente ope- ra (Bernstein, Loftus e Meltzoff, 2005; McCormick, 2003; Matthews e Funke, 2006). A visão sociocultural de Vygotsky do desenvolvimento cognitivo De acordo com Lev Vygotsky, psicólogo do de- senvolvimento russo, a cultura em que somos criados afeta nosso desenvolvimento cognitivo de maneira significativa;processamento de informações Forma como as pessoas recebem, usam e armazenam informações. metacognição Consciência e compreensão dos próprios processos cognitivos. pense PSICO > > > Usando a teoria de Piaget para sustentar sua opi- nião, você acha benéfico que os pais usem jogos e vídeos educativos que afirmam aumentar a habilidade acadêmica dos bebês? Você consegue pensar em benefícios e desvan- tagens em usar produtos assim com os bebês? 10 0 N úm er o m éd io d e sí m bo lo s re co rd ad os 2 3 Idade (anos) 74 85 96 Adultos12121110 1 4 7 2 5 8 3 6 9 Letras Fo nt e: A d ap ta d o d e D e m p st e r, 1 9 8 1 . Números A duração da memória aumenta com a idade tanto para números como para letras PsychSmart_09.indd 249PsychSmart_09.indd 249 08/03/12 11:0308/03/12 11:03 250 • PSICO não podemos entender o desenvolvimento cognitivo sem le- var em conta os aspectos sociais da aprendizagem. Vygotsky argumenta que o desenvolvimento cognitivo ocorre como uma consequência das interações sociais em que as crianças trabalham conjuntamente com outros para solucionar proble- mas. Por meio dessas interações, as habilidades cognitivas das crianças aumentam, e elas ganham a habilidade de fun- cionar intelectualmente por conta própria. Mais especifica- mente, ele sugere que as habilidades cognitivas das crianças aumentam quando elas encontram informações que estão prontas para aprender. Ele chamou essa prontidão para a aprendizagem de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), nível em que uma criança já pode quase – mas não completamente – compreen- der ou desempenhar uma tarefa sozinha. Quando as crianças recebem informações que se enquadram na ZDP, elas podem aumentar sua compreensão ou dominar uma nova tarefa. Por outro lado, se a informação es- tiver fora da ZDP da criança, ela não conseguirá dominá-la (Maynard e Martini, 2005; Rieber e Robinson, 2006; Vygotsky, 1926/1997). Em suma, o desenvolvimento cogniti- vo ocorre quando pais, professores ou pa- res mais qualificados ajudam uma criança ao apresentar informações que são novas e estão dentro da ZDP. Esse tipo de auxílio, chamado de scaffolding, dá suporte à aprendizagem e à resolução de problemas que encoraja a indepen- dência e o crescimento. Por exemplo, imagine que Maria, uma menina de 5 anos, está pronta para aprender que a subtração é o inverso da adição. Seu irmão mais velho poderia lhe dar algumas maçãs e encorajá- -la a usá-las para resolver alguns problemas de adição. Então, ele poderia oferecer um auxílio para a subtração, talvez de- monstrando algumas vezes, até que Maria conseguisse resol- ver os problemas de subtração por conta própria. Vygotsky afirma que o auxílio não apenas promove a solução de pro- blemas específicos, mas também ajuda no desenvolvimento das habilidades cognitivas gerais (Schaller e Crandall, 2004). Mais do que outras abordagens do desenvolvimento cog- nitivo, a teoria de Vygotsky considera como o contexto so- cial e cultural específico de um indivíduo afeta o crescimento intelectual. A forma como as crianças entendem o mundo é proveniente da interação com os pais, com os pares e com outros membros de uma cultura específica (Kozulin et al., 2003; John-Steiner e Mahn, 2003). A abordagem de Vygotsky complementa a teoria de Piaget e as perspectivas de processamento de informações. Essas teorias contribuem de modos diferentes para a nossa compreensão do processo complexo e intrigante do desenvol- vimento cognitivo e seus suportes biológicos e ambientais. * N. de T.: Organização norte-americana dedicada a reconhecer os estu- dantes que se destacam em assuntos acadêmicos durante o ensino médio. zona de desenvolvimento proximal (ZDP) De acordo com Vygotsky, nível em que uma criança pode quase – mas não completamente – compreender ou realizar uma tarefa sozinha. adolescência Estágio do desenvolvimento entre a infância e a vida adulta. Adultos e crianças mais velhas promovem o desenvolvimento cognitivo em crianças menores ajudando-as a completar novas tarefas. Vygotsky chamava esse tipo de auxílio de scaffolding. Da perspectiva de... UM PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL Como você colocaria as ideias de Vygotsky em prática na sala de aula? U F c PsychSmart_09.indd 250PsychSmart_09.indd 250 08/03/12 11:0308/03/12 11:03 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Assista ao vídeo proposto e terá mais informações sobre o cognitivismo, mais precisamente, através da leitura de Piaget e Vygostsky, que incansavelmente, desenvolveram estudos acerca deste tema (aprender a aprender): construtivismo. Bons estudos! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Piaget, como construtivista, concebe a cognição de acordo com as fases do desenvolvimento do sujeito. Sendo assim, como Piaget define a cognição? A) Função vital básica que ajuda o organismo a adaptar-se ao seu ambiente. B) É uma forma de adaptação pela qual todas as estruturas cognitivas tendem se adaptar. C) Toda atividade intelectual se dá com o objetivo de produzir uma relação equilibrada e harmoniosa entre os processos de pensamento do indivíduo e o ambiente. D) Ação entre os esquemas mentais internos e o ambiente externo. E) Todas as alternativas são corretas por se tratarem da cognição na visão de Piaget. 2) O esquema cognitivo é uma estrutura mental que o indivíduo cria para representar e interpretar as experiências. Quais são os esquemas desenvolvidos por Piaget? A) Comportamentais. B) Perceptivos. C) Simbólicos. D) Todas as alternativas estão corretas. E) Nenhuma alternativa diz respeito ao esquema de desenvolvimento de Piaget. 3) Segundo Piaget, para adquirir conhecimento, o sujeito depende de estruturas tais como: A) Adaptação. B) Assimilação. C) Acomodação. D) Nenhuma das alternativas estão corretas. E) Adaptação, assimilação, acomodação 4) A fala é um marco no desenvolvimento cognitivo, tanto para Piaget como para Vygotsky. A fala egocêntrica na criança reflete o pensamento egocêntrico e ela evolui em direção à fala internalizada. Essas duas afirmativas correspondem aos autores na sequência: A) Somente Vygotsky B) Somente Piaget. C) Vygostky e Piaget D) Piaget e Vygotsky. E) As afirmativas não correspondem a estes autores. 5) Os signos são instrumentos de comunicação e linguagem estudados por Vygotsky. Existem três tipos. Qual deles tem uma relação abstrata com o que significa? A) Indicadores. B) Simbólicos. C) Icônicos. D) Todas as alternativas dizem respeito à relação abstrata e seu significado. E) Nenhuma alternativa corresponde à relação abstrata e ao seu significado. NA PRÁTICA O cognitivismo, mais precisamente na visão de Vygotsky, trata da aprendizagem através de estruturas mentais. Para que o sujeito aprenda, precisa ultrapassar sua capacidade e criar novas estruturas, para isso, deve respeitar a Zona de Desenvolvimento Proximal e Potencial. Verifique abaixo como este processo ocorre. Assista ao vídeo que está no Saiba + e terá mais esclarecimentos! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: SALVADOR, César Coll. et al. Psicologia do ensino Jean Piaget - Teoria cognitivista Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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