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A Insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica complexa que se caracteriza pela incapacidade de bombear sangue de forma a atender as necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento. • A insuficiência cardíaca crônica reflete a natureza progressiva e persistente da doença. • A insuficiência cardíaca aguda consiste em alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas, resultando em necessidades de terapia urgente. FISIOPATOLOGIA • Sobrecarga volumétrica ou pressórica • Restrição ao enchimento ventricular • Perda de miócitos Etiologia isquêmica: Consiste na principal causa de insuficiência cardíaca no mundo, sendo causada por uma doença arterial coronariana. As artérias coronárias encontra-se obstruída, comprometendo o fluxo sanguíneo, gerando perda de miócito. Com alteração da perfusão, promovendo um déficit na contração ventricular, gerando a insuficiência cardíaca. Etiologia hipertensiva: O aumento da RVP da artéria aorta, por exemplo, faz com que o VE trabalhe mais para que possa realizar a contração, promovendo uma sobrecarga de pressão que irá passar pela aorta, levando a ejeção ventricular sistólica. Esse aumento SEMIOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SEMIOLOGIA Maria Eduarda Marchi - 2025.1 Principais etiologias da insuficiência cardíaca. Fonte: Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. do trabalho do VE, faz com ele sofra hipertrofia, e consequentemente, dilatação, levando a insuficiência cardíaca. Etiologia chagásica: Promove uma inflamação do miocárdio, promovendo o quadro de insuficiência cardíaca. Etiologia valvar: Há inúmeras causas e pode ser tanto por uma sobrecarga pressórica quando por uma sobrecarga volumétrica. - Insuficiência aórtica: De maneira fisiológica durante a sístole o sangue é ejetado para dentro da aorta, e com isso tem-se o fechamento da válvula aórtica. No entanto, na insuficiência aórtica, há uma incapacidade do fechamento dessa válvula, fazendo com quem o sangue regurgite para o VE durante a diástole (relaxamento ventricular), fazendo com que esse ventrículo tenha um volume residual, o que gera uma sobrecarga volumétrica. E isso leva a uma dilatação ventricular para pode fazer uma maior compressão, gerando a insuficiência cardíaca. - Insuficiência mitral: Consiste no déficit do fechamento da válvula aórtica, onde no momento da sístole ventricular ocorre o refluxo de sangue para o AE. Assim, no momento da sístole atrial mais sangue é ejetado para o VE, causando uma sobrecarga volumétrica. - Estenose aórtica: Além da pressão da artéria aorta, tem-se a resistência da válvula em se abrir. Assim, o VE precisa trabalhar mais e com pressões mais altas durante a sístole ventricular, tendo assim, uma sobrecarga pressórica. - Estenose pulmonar: VD trabalha mais para que passe uma alta pressão na artéria pulmonar, gerando uma sobrecarga pressórica. - Insuficiência pulmonar e tricúspide Etiologia cardiopata: Apresenta uma infinidade de etiologias, podendo ser dilatada idiopática (hereditário), hipertrófica (gerada por uma alteração na via de saída do VE no momento da contação, onde a ejeção de sangue para aorta gera uma obstrução dinâmica com gradiente), restritiva (impregnação do miocárdio por alguma substância ou inflamação levando ao comprometimento do relaxamento diastólico), miocárdio NC, DAVD. Etiologia congênita: Pode ter alteração de shunt, fazendo que haja comunicação indevida entre as câmaras cardíacas, como: CIV (comunicação interventricular) e CIA (comunicação interatrial). Pode ser decorrente de alterações valvares, por má formação congênita; má formação congênita dos vasos (comunicação da artéria pulmonar e aorta). E essas alterações geram mudanças do fluxo sanguíneo dentro do coração, levando a uma sobrecarga volumétrica ou pressórica. Cardiotoxicidade: Podem ser causadas por quimioterápicos, por drogas, vírus (exemplo: covid), álcool. Doenças extracardíacas: Podem ser por doença endócrina (hipotireoidismo), autoimune (vasculite - LES, artérias coronárias), doença renal (Sd. Cardiorrenal por sobrecarga cardíaca decorrente da insuficiência renal). Taquicardiomiopatia: Deve-se pensar em taquiarritmia, onde o coração trabalha em frequências muito altas e, consequentemente, a contratilidade tem que estar muito alta também. Gerando dano celular, o coração sofre remodelamento. Miocardite: Inflamação do músculo cardíaco que pode ocorrer em diversas situações, algumas relacionadas com agentes infecciosos que agridem diretamente o miocárdio, outras associadas a enfermidades sistêmicas. Periparto: Etiologia no puerpério imediato, onde a paciente abre um quadro de IC por cardiomiopatia dilatada periparto. CLASSIFICAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A insuficiência cardíaca pode ser classificada de maneira geral, de acordo com a função afetada, podendo ser sistólica (IC sistólica) ou diastólica (IC diastólica). • IC sistólica: A função sistólica é referente a capacidade dos ventrículos em bombear e ejetar o sangue para fora da cavidade do coração em direção as artérias (pulmonar e aorta). Dessa forma, a IC sistólica consiste em uma deficiência do coração quanto a sua força de ejeção, mandando menos sangue para as artérias, e com isso, as cavidades tornam-se mais finas e esticadas. • IC diastólica: A função diastólica representa a capacidade de relaxamento dos ventrículos durante a diástole para se encher de sangue e não aumentar consideravelmente a pressão intracavitária. Dessa forma, a IC diastólica consiste em um problema na recepção do sangue na diástole, tornando-se hipertrofiado, ou seja, ocorre uma restrição do relaxamento ventricular. A insuficiência cardíaca é um diagnóstico definido por avaliação clínica, que deve ser feito por meio da anamnese e exame físico, podendo ser auxiliado pelos exames complementares. Os principais critérios clínicos utilizados na prática são os de Framingham e os de Boston. SEMIOLOGIA A anamnese irá trazer a suspeita clínica pela história do paciente (histórico de cardiopatia isquêmica, tabagista, elitismo, puerpério, viajou recentemente - doença de chagas, quadro infeccioso viral). Pela anamnese também terá a definição etiológica e avaliação de fatores precipitantes (o que levou a descompensação do quadro da IC). No exame físico terá a apresentação de sinais que indicarão o diagnóstico de IC e a sua gravidade. Além disso, é através desses sinais que será definido a terapia imediata e a longo prazo. O exame complementar auxilia no diagnóstico, na definição etiológica, prognóstico e terapia. CRITÉRIO DE BOSTON Utiliza um sistema de pontuação e os critérios já são apresentados por categorias: história, exame físico e radiografia de tórax. De acordo com esse critério a insuficiência cardíaca pode ser: Definitiva: entre 8 e 12 pontos Possível: entre 5 e 7 pontos Improvável: se menos de 4 pontos CRITÉRIO DE FRAMINGHAN Diagnóstico de IC: Presença simultânea de ao menos dois critérios maiores ou um critério maior e dois menores. FATORES PRECIPITANTES INFECÇÃO (PRINCIPAL FATOR) INTERRUPÇÃO DE MEDICAMENTOS INGESTÃO HÍDRICA OU SALINA EXCESSIVA (EM PACIENTES: IC COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA) ISQUEMIA MIOCÁRDICA EMBOLIA PULMONAR DROGAS (ANTIINFLAMATÓRIOS) INSUFICIÊNCIA RENAL ANEMIA HAS ARRITMIAS ÁLCOOL (TOXICIDADE CARDÍACA DIRETA) EXAMES COMPLEMENTARES • Ecocardiograma: Define as dimensões cavitárias, morfologia e função ventricular, morfologia e função valvar. • Eletrocardiograma: É possível avaliar presença de arritmia, eixo elétrico, sobrecarga, alterações isquêmicas e alterações especificas. • Raio x tórax: É possível visualizar congestão pulmonar (avaliar o hilo pulmonar, inversão da trama vascular) derramepleural e cardiomegalia (pelo índice cardiotorácico) INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA A insuficiência cardíaca esquerda se dá pela deficiência da contração o relaxamento do ventrículo esquerdo (VE). E ao falar de IC esquerda, deve-se pensar no que encontra-se antes desse ventrículo e na artéria aorta (local onde o sangue é ejetado). Anteriormente ao VE encontra-se o átrio direito e veia pulmonar, que encontra-se relacionada ao pulmão. Sendo este órgão o mais acometido, sofrendo o processo de congestão pulmonar, onde o paciente apresentará sintomas como: Dispneia ao CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES Dispneia paroxística noturna Edema bilateral de tornozelos Turgência jugular Hepatomegalia Crepitações pulmonares Derrame pleural Cardiomegalia ao RX de tórax Diminuição da capacidade funcional em um terço da máxima registrada previamente Edema agudo de pulmão Taquicardia (FC > 120 bpm) Terceira bulha Tosse noturna Aumento da pressão venosa central (> 16 cm H2O no átrio direito) Dispneia aos esforços ordinários Refluxo hepatojugular Perda de peso > 4,5Kg em 5 dias em resposta ao tratamento Critérios de Framinghan para o diagnóstico de insuficiência cardíaca esforços, DPN, ortopneia, tosse noturna, edema agudo de pulmão, estertores subcreptantes, respiração de Cheyne Stokes. Além disso, o paciente também apresentará sintomas de baixo débito, como confusão mental, dificuldade de concentração, insônia, cefaleia, ansiedade, lipotimia e síncope, devido a deficiência de ejeção para a aorta. Coração: Ictus cordis desviado para a esquerda e globoso (cardiomegalia), ictus propulsivo (HVE), taquicardia, B3 (cardiomegalia) e B4 (HVE). Rins: oligúria Músculos: Fadiga, astenia e cianose INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA A insuficiência cardíaca direita provoca uma congestão sistêmica. E deve-se pensar no que se encontra antes desse ventrículo, que é o AD e a veia cava. Se a veia cava está congesta passa-se a ter perda de líquido para o terceiro espaço, evidenciando sintomas como turgência de jugular e refluxo hepatojugular (consiste na distensão da veia jugular quando uma compressão é aplicado no fígado). Tem-se também hepatomegalia, esplenomegalia, ascite, edema de membros inferiores, constipação, nictúria, astenia e fadiga. Fonte: Porto
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