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DOCÊNCIA EM SAÚDE FONOAUDIOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA FACIAL 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842f Fonoaudiologia aplicada à estética facial / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 79p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-516-0 1. Fonoaudiologia. 2. Estética facial. 3. Beleza feminina. I. Portal Educação. II. Título. CDD 613.0438 2 SUMÁRIO 1 A BELEZA FEMININA ............................................................................................................... 4 2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ................................................................................... 5 2.1 COMO ENVELHECEMOS? ........................................................................................................ 6 2.2 OS RADICAIS LIVRES E O ENVELHECIMENTO ...................................................................... 7 3 A FONOAUDIOLOGIA NA ESTÉTICA ...................................................................................... 9 4 FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ........................... 10 5 RUGAS E MARCAS DE EXPRESSÃO .................................................................................... 14 6 ANATOMOFISIOLOGIA DA MIOLOGIA FACIAL .................................................................... 16 6.1 MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO................................................................................................ 16 6.2 MÚSCULOS DA MÍMICA FACIAL ............................................................................................. 17 7 ANAMNESE .............................................................................................................................. 26 8 AVALIAÇÃO ............................................................................................................................. 27 9 TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO ..................................................................................... 28 10 AQUECIMENTO E ALONGAMENTO DA MIOLOGIA FACIAL ................................................ 30 11 TECIDO TEGUMENTAR ........................................................................................................... 32 12 EMBRIOGÊNESE CRANIOFACIAL ......................................................................................... 36 12.1 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................................... 37 13 ANATOMOFISIOLOGIA DOS MÚSCULOS OROFACIAIS, CABEÇA E PESCOÇO .............. 38 13.1 PESCOÇO ................................................................................................................................. 39 13.1.1 Compartimentos ........................................................................................................................ 40 13.1.2 Funções da cabeça ................................................................................................................... 41 13.1.2.1Componentes .......................................................................................................................... 42 14 FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO FACIAL ............................................................. 55 3 15 TÉCNICAS DA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESTÉTICA FACIAL ........................ 57 16 TÉCNICAS EM MEDICINA ESTÉTICA A LASER .................................................................... 58 16.1 TRATAMENTO TÓPICO DOMICILIAR ..................................................................................... 58 16.2 ESFOLIAÇÃO QUÍMICA (PEELING) E MECÂNICA ................................................................. 59 16.3 LASER ....................................................................................................................................... 60 16.4 TOXINA BOTULÍNICA ............................................................................................................... 61 16.5 TÉCNICAS DE PREENCHIMENTO .......................................................................................... 62 16.6 INTRADERMOTERAPIA ........................................................................................................... 63 16.7 TÉCNICAS PARAMÉDICAS ..................................................................................................... 63 17 MASTIGAÇÃO E MORFOLOGIA CRANIOFACIAL ................................................................. 65 18 AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR .................................................................................... 68 18.1 INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ..................................................................................... 68 19 MASSAGENS ........................................................................................................................... 70 19.1 MASSAGEM ESTÉTICA FACIAL .............................................................................................. 71 19.2 PROTOCOLO DE MASSAGEM ESTÉTICA FACIAL ................................................................ 71 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................. 73 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 74 4 1 A BELEZA FEMININA Ao longo do tempo, os padrões de beleza vêm-se alterando. Na Idade Média, as senhoras eram as mais apreciadas pelas sociedades; no Renascimento, a beleza baseava-se na Representação do Homem de Vitrúvio, de Leonardo da Vinci. Uma das mais concretas descrições de beleza foi feita por São Tomás de Aquino que dizia: “Aquilo que provoca um conhecimento ‘gozozo’, ou seja, a emoção que nos é provocada pela estética”. O ser humano olha, primeiramente, o rosto. Esta é a beleza externa, no rosto você traz as marcas do tempo e da vida. A pele requer certos cuidados, pois o clima, estilo de vida, a correria do dia a dia, estresse e a alimentação influenciam negativamente no processo de envelhecimento facial. 5 2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Segundo Brito (1990), envelhecer é um processo natural e deve-se evitar viver sem traumas e com os cuidados adequados. No Início do século passado, a idade do ser humano não ultrapassava os 50 anos. Hoje, é comum vermos as pessoas chegarem aos 80, 90 anos esbanjando jovialidade. Conforme Vieira (1996), a senescência é o processo de envelhecimento normal e benigno, que se estende por todo o curso de existência humana, consequentemente ao desgaste fisiológico relativo pelo passar dos anos que tem em torno dos 65 anos. O envelhecimento é progressivo e degenerativo, caracterizado por menor eficiência funcional com enfraquecimento dos mecanismos de defesa, diminuição da cognição, das respostas reflexas e do estado de alerta, além do enfraquecimento da estrutura óssea e diminuição da função eda massa muscular. Beauvoir (1970) cita na física do envelhecimento a ocorrência na mudança da aparência, embranquecimento dos cabelos e dos pelos em algumas partes do corpo, proliferando no queixo de algumas mulheres. Por desidratação, a pele se enruga, os dentes caem acarretando um encolhimento da parte inferior do rosto, de maneira que o nariz se alonga verticalmente por atrofia dos tecidos elásticos aproximando-se do queixo. A proliferação senil da pele traz um engrossamento das pálpebras superiores, enquanto se formam papos sobre os olhos, o lábio superior míngua, os lóbulos das orelhas aumentam. O esqueleto se modifica. Os discos da coluna vertebral se empilham e os corpos vertebrais vergam, diminuindo o tamanho do busto. Ocorre uma redução na largura dos ombros e aumento na largura da bacia, o tórax tende a tomar forma sagital, sobretudo nas mulheres. O funcionamento cardíaco se altera, perdendo progressivamente sua capacidade de adaptação, as veias perdem a elasticidade podendo reduzir a sua luz, a circulação cerebral é mais lenta reduzindo a sua oxigenação. A caixa torácica, mais rígida faz com que haja perda da capacidade respiratória, caindo de cinco litros, no adulto, para três litros no idoso. A força muscular diminui, há diminuição da dinâmica dos movimentos, diminuição de peso corporal, flacidez muscular, redução da acuidade visual e auditiva. O tato, o olfato e o paladar também sofrem redução em suas capacidades. 6 A evolução para o aumento do peso, em alguns casos, é determinada pelo excesso alimentar, ansiedade e sedentarismo, fazendo surgir camadas de gordura sobre os músculos que diminui ainda mais a sua massa. O envelhecimento sobrevém de uma determinada programação orgânica de crescimento e maturação, levando em conta seu caráter universal e de variação de um indivíduo para o outro, podendo ser entendido em várias dimensões que buscam explicar seus fenômenos. Na dimensão biológica é descrita genericamente, como uma perturbação da homeostase orgânica. Uma das explicações para o fato é que o organismo conteria um estoque fixo de energia, tal como uma mola de relógio, que ao se desenrolar levará à finalização da vida. Neste caso, o envelhecimento estaria ligado a um princípio de exaustão. Kaplan (1990) diz que a teoria que recebe considerável atenção, refere-se à existência deliberada de uma programação biológica de que cada célula possui um tempo de vida geneticamente determinado. Essa ideia sustenta que dentro de uma célula normal está armazenada a capacidade de definir seu próprio número de duplicações. Esgotada tal capacidade de duplicar-se, tem início o envelhecimento e a morte celular. Brito (1990) afirma que no sistema imunológico associam-se as causas do envelhecimento. Tais alterações resultariam em aumento de certas doenças na população idosa. Elas se manifestam como se a função imunológica estivesse distorcida se tornando autodestrutiva. As células que não se dividem, e por isso são insubstituíveis, como os neurônios e as células dos músculos cardíacos ficam mais vulneráveis às alterações do sistema imunológico. Com a expectativa do crescimento da vida, a juventude é mais valorizada. O jovem e o belo são mais cultuados como ideais, assim as pessoas em decorrência do envelhecimento sofrem muito. Muitas técnicas se desenvolveram para acompanhar esta busca pela beleza tais como: botox, peeling, cirurgias. 2.1 COMO ENVELHECEMOS? 7 O envelhecimento começa nos tecidos. Com o passar dos anos, acontece a diminuição do número de células que são renováveis e não renováveis. O núcleo de células sofre modificações, seu DNA, por nunca ter sido renovado, torna-se rígido, mais difícil de realizar a síntese de proteínas responsáveis pela tradução do código genético, seguindo-se pela perda de informação genética com progressivas mudanças metabólicas e morte celular, fazendo surgir alterações internas e externas no organismo (BRITO, 1990). Ribeiro (1999) explica que o envelhecimento biológico é muito complexo do que o comprometimento funcional das células, provavelmente os mecanismos sejam múltiplos e mutuamente influenciáveis, e é, portanto justificado considerar o envelhecimento com um processo de causas endógenas e exógenas. A consequência das alterações celulares nos tecidos observa a diminuição do peso e volume dos órgãos, em razão da substituição de células mortas por tecido cicatricial; atrofia desigual e desarmônica, resultando em aspecto irregular e desordenado nos tecidos; alteração das fibras que se tornam ressecadas e menos elásticas; diminuição da vascularização capilar dos tecidos; diminuição da água total existente no organismo à custa de água intracelular e, por último, aumento da quantidade de gordura corporal. 2.2 OS RADICAIS LIVRES E O ENVELHECIMENTO Reações químicas que ocorrem dentro das células são responsáveis pela manutenção da vida celular (respiração, produção de energia, etc.), por si só levam a produção de substâncias perigosas que nos “enferrujam” por dentro ou nos oxidam, chamados de radicais livres. Os radicais livres são moléculas que contêm oxigênio celular, isto é, partículas extremamente reagentes (ávidas por se ligarem a outra partícula), que se formam aos bilhões, a cada respiração do homem, que é um ser aeróbico, dependente de oxigênio (BRITO, 1990). Caso esses radicais livres não sejam eliminados ou detidos podem levar à destruição de componentes vitais das células, podendo chegar ao seu núcleo e promover “rasuras” nas cadeias de DNA, modificando o código genético e dando origem a células diferentes, que podem ser perigosas se não forem contidas no sistema de defesa (BRITO, 1990). 8 No entanto, as células contam com enzimas capazes de combater os radicais livres por meio de ligação química neutralizando-os. Porém, com o passar dos anos, a quantidade dessas enzimas “antídotos” (antioxidantes naturais) tende a diminuir, ficando o organismo mais vulnerável à ação dos radicais (BRITO, 1990). Considera-se também que a valorização dos hábitos de vida pode facilitar ou atrapalhar no combate a esses inimigos. O ritmo de vida estressante, que não respeita as necessidades básicas do indivíduo em termos de quantidades e qualidades (oxigênio, alimento, água, higiene, sono, movimento, eliminação e sexo), tende a aumentar a produção de radicais livres, consequentemente diminuindo a defesa contra eles e favorecendo a aceleração do processo de envelhecimento (BRITO, 1990). Segundo Vieira (1996), alguns tratamentos têm sido preconizados para reduzir os efeitos causados pelos radicais livres à base de substância antioxidante, que, acrescentadas à dieta, fortalecem as defesas orgânicas e, com isso, preservam por mais tempo a capacidade funcional. Essas substâncias, em sua grande maioria, são encontradas na dieta normal da maioria dessas pessoas. Algumas dessas substâncias, como a vitamina C e E e o Betacaroteno, têm ação antioxidante direta com as enzimas naturais. Outras, como alguns sais minerais (zinco, selenium, magnésio e cálcio), têm ação indireta, pois entram na composição das enzimas naturais. Devemos refletir sobre a importância de se investir cada vez mais no cuidado com a qualidade e a escolha dos alimentos que influenciam na saúde e longevidade do idoso. 9 3 A FONOAUDIOLOGIA NA ESTÉTICA Acompanhando a evolução científica e tecnológica, a Fonoaudiologia, ciência que tem como objeto de estudo a comunicação humana, no que se refere aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções oromiofuncionais e na deglutição (CFFa), pelo seu trabalho na área de motricidade oral, desenvolveu o tratamento preventivo e interventivo naestética facial. A atuação do profissional em Motricidade Orofacial com finalidade estética foi regulamentada pela Resolução nº. 352, de 5 de abril de 2008, do Conselho Federal de Fonoaudiologia. A intervenção terapêutica com base científica, desenvolvida pelo conhecimento técnico de Motricidade Orofacial, permite contribuir para a qualidade de vida do indivíduo, proporcionando equilíbrio e harmonia à face, prevenindo e minimizando as rugas e sinais de expressão. São objetivos da fonoaudiologia na estética: Adequar à postura de repouso facial; Adequar às funções estomatognáticas de respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala; Equilibrar as forças musculares do pescoço e da face; Fortalecer e sustentar os músculos da face; Minimizar ou eliminar as mímicas faciais exacerbadas ou inadequadas; Prevenir o aparecimento de sinais de envelhecimento; Proporcionar hábitos orais, faciais e cervicais adequados; Estimular a oxigenação e a vascularização facial e cervical; Harmonizar o estético e facial. 10 4 FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO FIGURA 1 FONTE: Disponível em: <www.fonoemdia.com.br/pdf/atuacao_do_fonoaudiologo_na_estetica_facial_.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2012 Durante o processo de envelhecimento, as mudanças associadas ao avanço da idade são altamente específicas para cada pessoa, começando em diferentes partes do corpo, em 11 momentos diferentes e com um ritmo e alterações também diferentes nas células, tecidos e órgãos. Com relação a fatores externos, os mais conhecidos por agredirem organismo e acelerarem o processo de envelhecimento são: poluição ambiental, fumo, álcool, exposição exagerada às radiações solares, etc. Independente da causa sabe-se que o envelhecimento não está vinculado unicamente à quantidade de anos que o indivíduo viveu, mas também à perda de suas funções. A maior parte dessas alterações está relacionada com o modo como este tempo foi vivido. Fazer uso de medicamentos sabiamente podem prevenir doenças e o declínio funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de vida do indivíduo. Problemas de saúde induzidos por diagnósticos ou tratamentos e causados pelo uso de remédio são comuns na terceira idade em razão da interação medicamentosa, dosagens inadequadas e maior frequência de reações imprevisíveis por meio de mecanismos desconhecidos. Com o advento de muitas terapias novas, há uma maior necessidade de se estabelecer sistemas para prevenir reações medicamentosas adversas e informar tanto profissionais da saúde quanto o público idoso sobre os riscos e benefícios de terapias modernas. Os idosos tendem a beber menos que os jovens, as mudanças de metabolismo que acompanham o processo de envelhecimento aumentam a suscetibilidade dos mais velhos às doenças relacionadas com o álcool, como desnutrição e doenças do estômago, pâncreas e fígado. As pessoas idosas apresentam maior risco de lesões e quedas decorrentes do uso de álcool, assim como riscos potenciais associados à mistura do álcool com medicamentos. O álcool usado em pequena quantidade pode oferecer alguma forma de proteção contra derrame e doença coronariana em indivíduos com 45 anos ou mais. Como as pessoas idosas frequentemente têm problemas crônicos, elas necessitam utilizar mais medicamentos (tradicionais adquiridos sem receita médica e receitados) do que pessoas mais jovens. Na maioria dos países, os idosos de baixa renda têm pouco ou nenhum acesso a subsídios para medicamentos. Assim, muitos deixam de comprar ou gastam uma grande parte do rendimento já escasso em remédios. 12 Cáries, doenças periodontais, perda de dentes e câncer bucal causam outros problemas orgânicos de saúde. Esses problemas tornam-se um ônus financeiro para indivíduos e sociedade e podem reduzir a autoconfiança e qualidade de vida. Alguns estudos demonstram que uma saúde oral precária está associada à desnutrição e, portanto, ao maior risco de desenvolver várias doenças não transmissíveis. A promoção de saúde oral e programas de prevenção de cárie criados para estimular as pessoas a manterem seus dentes naturais precisam começar ainda cedo e continuar ao longo da vida. Em razão da dor e pior qualidade de vida associadas aos problemas de saúde oral são necessários serviços básicos de tratamento dental e também serviços especializados como os de prótese. Problemas de saúde induzidos por diagnósticos ou tratamentos e causados pelo uso de remédios são comuns na terceira idade, em razão da interação medicamentosa, dosagens inadequadas e maior frequência de reações imprevisíveis por meio de mecanismos desconhecidos. Com o advento de terapias novas, há uma maior necessidade de se estabelecer sistemas para prevenir reações medicamentosas adversas e informar tanto profissionais da saúde quanto o público idoso sobre os riscos e benefícios de terapia moderna. O acesso de medicamentos necessários é insuficiente por si só, a não ser que seja grande a adesão a tratamentos de longo prazo para doenças crônicas relacionadas com o envelhecimento. A adesão inclui a adoção e manutenção de vários tipos de comportamentos (por exemplo: dieta saudável, atividade física, abstinência de fumo), assim como o consumo de medicamentos de acordo com a orientação de um profissional da saúde. Estima-se que, em países desenvolvidos, a adesão a terapias de longo prazo seja apenas 50% em média. Em países em desenvolvimento, as taxas ainda são menores, o que compromete gravemente a eficiência dos tratamentos e traz implicações importantes na qualidade de vida e economia para a saúde pública. Só se conseguirá atingir os resultados sobre a saúde da população previstos por dados sobre a eficácia de tratamentos, se as informações sobre adesão forem fornecidas a todos os profissionais e planejadores da saúde. Sem um sistema que enfoque as influências sobre adesão, os avanços na tecnologia biomédica não irão utilizar seu potencial para reduzir a carga das doenças crônicas (Dipollina & Sabate, 2002). Os problemas de alimentação em todas as idades incluem tanto a desnutrição (mais frequente, mas não exclusivamente, nos países menos desenvolvidos) como o consumo excessivo de calorias. Nos idosos, a desnutrição pode ser causada pelo acesso ilimitado a 13 alimentos, dificuldades socioeconômicas, falta de informação e conhecimento sobre nutrição, escolhas erradas de alimentos (alimentos ricos em gordura, por exemplo), doenças e uso de medicamentos, perda de dentes, isolamento social, deficiências cogntivas ou físicas que inibem a capacidade de comprar comidas e prepará-las, situações de emergência e falta de atividade física. O consumo excessivo de calorias aumenta muito o risco de obesidade, doenças crônicas e deficiências durante o processo de envelhecimento. Dietas ricas em gordura (saturada) e sal, pobre em frutas e legumes/verduras e que suprem uma quantidade insuficiente de fibras e vitaminas, combinadas ao sedentarismo, são os maiores fatores de risco de problemas crônicos, como diabetes, doença cardiovascular, pressão alta, obesidade, artrite e alguns tipos de câncer. O cálcio e a vitamina D em quantidade insuficiente estão associados à perda na densidade óssea durante a velhice, e consequentemente, ao aumento de fraturas que causam dor, têm custo elevado para tratamento e debilitam, em especial, mulheres idosas. Em populações com uma alta incidência de fraturas, pode-se reduzir os riscos por meio do consumo adequado de cálcio e vitamina D. 14 5 RUGAS E MARCAS DE EXPRESSÃO As rugas são produtos da ação dos músculos da mímica ou da lei da gravidade atuando sobre uma pele mais ou menos flácida. O primeiro tipo são as que se localizam em cima do nariz, horizontal ou verticalmente, na testa, no canto externodos olhos, no lábio superior. São as denominadas rugas de expressão, e são resultado da contração muscular sobre uma pele que perdeu a elasticidade ou a capacidade de recuperar a sua forma. FIGURA 2 FONTE: Disponível em: <www.fonoemdia.com.br/pdf/atuacao_do_fonoaudiologo_na_estetica_facial.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2012 15 As rugas que se formam diante das orelhas no lado do queixo ou do pescoço denominam-se gravitacionais e são produtos de flacidez dos tecidos somada à ação da gravidade. Existe um terceiro grupo, as rugas de origem mista. A este pertencem os sulcos nasogênicos (bigode chinês), depressões que vão da lateral do nariz ao extremo da boca podendo inclusive estender-se até a mandíbula, dando o aspecto de uma boca de marionete, são provocadas pela ação muscular somada à caída gravitacional. As rugas verticais que se formam na parte anterior do pescoço também são consideradas mistas. São três tipos de rugas: as de expressão, causadas pela ação da mímica facial; as gravitacionais, ocasionadas pelo peso dos tecidos ao longo do tempo e pela perda de colágeno da pele; e as mistas, onde intervêm, além dos fatores citados anteriormente, vários fatores externos, alguns que veremos neste curso. OGRAMA 16 6 ANATOMOFISIOLOGIA DA MIOLOGIA FACIAL Os músculos da cabeça podem ser divididos em músculos da mastigação e músculos da mímica facial. Outros músculos que se localizam na cabeça, mas fazem parte do sistema sensorial, como língua, músculos oculares e da faringe. 6.1 MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO Músculo Temporal: é um músculo largo, plano e triangular localizado na fossa temporal, na face lateral da cabeça. Passa por baixo do zigomático, para se inserir na mandíbula. Origem: osso temporal abaixo da linha temporal inferior e lâmina profunda da fáscia temporal. Inserção: ápice e face medial do processo coronoide da mandíbula. Inervação: nervos temporais profundos (N. mandibular - V/3). Ação: Oclusão e retrusão da mandíbula. Músculo Masseter: é o músculo mais potente da mastigação, é quadrangular e espesso. É constituído de duas porções, uma profunda e outra superficial. Origem: arco zigomático. Inserção: face externa do ângulo da mandíbula, tuberosidade massetérica e ramo da mandíbula. 17 Inervação: nervo massetérico (N. mandibular - V/3). Ação: oclusão da mandíbula. Músculo Pterigoideo Medial: é o músculo quadrado e espesso, localizado medialmente ao ramo da mandíbula. Origem: fossa pterigóidea e lâmina lateral do processo pterigoide do osso esfenoide. Inserção: face medial do ângulo da mandíbula, tuberosidade pterigoidea. Inervação: nervo do pterigóideo medial (N.mandibular- V/3). Ação: oclusão da mandíbula. Músculo pterigóideo lateral: é composto por duas cabeças, tem forma de cone e arquitetura bipenada. Origem: face temporal da asa maior do esfenoide e superfície externa da lâmina lateral do processo pterigode. Inserção: cabeça do côndilo da mandíbula e face anterior do disco articular. Inervação: nervo pterigoideo. Ação: lateralização, abertura e protusão da mandíbula. 6.2 MÚSCULOS DA MÍMICA FACIAL 18 São responsáveis pelas expressões faciais. São músculos delgados cutâneos que de um modo geral se originam ou da fáscia ou dos ossos da face e se fixam na derme, dessa forma sua contração é capaz de mexer a pele e mudar as expressões faciais, fechar os olhos ou dilatar as narinas entre outros movimentos. É importante lembrarmos que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial. Músculo Epicrânio: é uma lâmina musculotendinosa que reveste o vértice e as faces laterais do crânio, desde o occipital até a sobrancelha. Pode ser chamado epicraniano. É composto por dois músculos: músculo occiptofrontal e músculo temporoparietal. São reunidos por uma aponeurose intermediária: a gálea aponeurose intermediária: a gálea aponeurótica ou aponeurose epicrânica. Músculo Occiptofrontal: é um músculo amplo que vai desde o frontal até o occipital, recobrindo toda a calota craniana. Possui dois ventres: Ventre Occipital Origem: linha nucal supremainserção: gálea aponeurótica ou aponeuose epicrânica. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: movimenta o escalpo, elevando as sobrancelhas e enrugando a fronte. Ventre Frontal Origem: pele da fronte entrelaça-se com os músculos prócero, corrugador e abaixador do supercílio e com o Músculo Orbicular do olho. Inserção: aponeurose epicrânia. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: Movimenta o escalpo e eleva as sombrancelhas de um ou de ambos os lados. 19 Músculo Temporoparietal: é um músculo muito delgado, localizado na fossa temporal. Origem: fáscia temporal e pele da região temporal. Inserção: borda lateral da aponeurose epicrânica. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: movimenta o escalpo e traciona para trás as têmporas. Combina-se com o occiptofrontal para enrugar a fonte e ampliar os olhos (expressão de medo e de horror). Gálea aponeurótica ou Aponeurose Epicrânica: é a aponeurose que reveste a parte superior do crânio unindo os ventre frontal e occipital. De cada lado recebe a inserção do músculo temporoparietal e se une à fáscia temporal que reveste essa região. Músculo Auricular Anterior: é um músculo pequeno e fino, muito pequeno para ser dissecado. Está situado sobre a aponeurose epicraniana. Origem: porção anterior da fáscia temporal. Inserção: espinha da hélice. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: traciona o pavilhão da orelha para frente e para cima. Músculo Auricular Superior: músculo muito delicado em forma de leque, localizado sobre a aponeurose epicraniana. Origem: aponeurose epicraniana. Inserção: raiz da orelha externa. Inervação: Nervo Facial (VII). 20 Ação: traciona o pavilhão e a orelha para cima. Músculo Auricular Posterior: é um músculo quadrangular, localizado posteriormente ao conduto auditivo externo. Origem: processo mastoide, tendão do músculo esternocleidomastóideo. Inserção: raiz da orelha externa. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: traciona o pavilhão da orelha para trás. Músculo Orbicular do Olho: este contorna a circunferência da órbita. Divide-se em três porções: palpebral, lacrimal e occipital. Origem: porção orbital (parte nasal do osso frontal); porção lacrimal (crista lacrimal); porção palpebral (ligamento palpebral medial). Inserção: circunda a órbita, como um esfíncter. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: fecha as pálpebras comprime o saco lacrimal e movimenta os supercílios. Músculo Abaixador do Supercílio: é um músculo delgado situado medialmente ao músculo orbicular do olho. Origem: parte nasal do osso frontal. Inserção: terço medial da pele do supercílio. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: Abaixa a pele da fronte e do supercílio. 21 Músculo Corrugador do Supercílio: pequeno e estreito com formato piramidal, para que possa ser vizualizado é necessário que o músculo orbicular do olho e o músculo frontal sejam rebatidos. Origem: parte nasal do osso frontal. Inserção: terço médio da pele do supercílio. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: abaixa a pele da fronte e dos supercílios. Músculo Prócero: Chama-se piramidalis nasi. Recebe este nome por ter formato piramidal e estar situado sobre o osso nasal. É quase uma continuação do músculo frontal. Origem: osso nasal, cartilagem nasal lateral. Inserção: pele da glabela. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: abaixa a pele da fronte e do supercílio. Músculo Nasal: é um músculo fino com contorno irregular, é constituído de duas porções, uma transversa que comprime o nariz e outra alar que dilata o nariz. Origem: eminências caninas da maxila e eminências incisivas laterais. Inserção:cartilagem nasal lateral e asa do nariz. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: Dilatação do nariz. Músculo Abaixador do septo do nariz: podem estar ausentes em algumas pessoas. 22 Origem: eminências incisivas laterais. Inserção: cartilagem do septo e cartilagem alar maior. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: traciona para baixo as asas do nariz, estreitando as narinas. Músculo Levantador do Lábio Superior: é um músculo plano e quadrangular cuja origem é muito ampla. Origem: margem inferior da órbita acima do forame infraorbital, maxila e zigomático. Inserção: lábio superior. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: levanta o lábio superior e leva-o um pouco para frente. Músculo Levantador do Lábio Superior e da Asa do Nariz: é um músculo plano e está localizado entre o músculo nasal e o músculo levantador do lábio superior. Origem: processo frontal da maxila. Inserção: cartilagem alar maior, pele do nariz e lábio superior. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: dilata a narina e levanta o lábio superior. Músculo Levantador do Ângulo da Boca: chama-se caninus em latim. Tem esse nome em razão de sua fixação de origem. É um músculo plano e triangular. Origem: fossa canina da maxila. Inserção: ângulo da boca. 23 Inervação: Nervo Facial. Ação: eleva o ângulo da boca e acentua o sulco nasolabial. Músculo Zigomático Menor: é um músculo cilíndrico e estreito, situado ao músculo levantador do lábio superior. Origem: superfície malar do osso zigomático. Inserção: lábio superior. Inervação: Nervo Facial. Ação: auxilia na elevação do lábio superior e acentua o sulco nasolabial. Músculo Zigomático Maior: é mais largo que o zigomático menor, localizado na bochecha, se estende do osso zigomático à comissura labial onde se funde às fibras dos músculos levantador do ângulo da boca e orbicular da boca. Origem: superfície malar do osso zigomático. Inserção: ângulo da boca e do lábio superior. Inervação: Nervo Facial. Ação: traciona o ângulo da boca para trás e para cima (risada). Músculo Risório: é plano e delgado, está situado na bochecha e suas fibras do músculo platina. Origem: fáscia parotideomassetérica. Inserção: ângulo da boca e lábio superior. Inervação: Nervo Facial (VII). 24 Ação: Retrai o ângulo da boca lateralmente (riso forçado). Músculo Abaixador do Lábio Inferior: em latim quadratus labii é curto e quadrangular, está situado no queixo. Suas fibras parecem ser a continuação do músculo platisma. Origem: linha oblíqua da mandíbula. Inserção: tegumento do lábio inferior. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: repuxa o lábio inferior para baixo e lateralmente (expressão de ironia). Músculo Abaixador do Ângulo da Boca: é um músculo plano e delgado localizado sobre o músculo abaixador do lábio inferior. Origem: linha oblíqua da mandíbula. Inserção: ângulo da boca, lábio superior. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: deprime o ângulo da boca (expressão de tristeza). Músculo Mentual: é um músculo grosso, cilíndrico e par situado no queixo sob o músculo abaixador do ângulo da boca. Origem: fossas incisivas laterais da mandíbula. Inserção: tegumento do queixo. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: eleva e projeta para o lábio superior e enruga a pele do queixo. 25 Músculo Transverso do Mento: não é encontrado em todos os seres humanos. Origem: parte transversal do músculo mental. Inserção: pele da protuberância do mento. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: Auxilia na depressão do ângulo da boca. Músculo Orbicular da Boca: contorna a boca, proporcionando função de esfíncter. Suas fibras possuem diferentes direções e se confundem com as fibras de outros músculos mímicos da boca, o que garante a esse músculo inúmeros movimentos. Origem: ângulo da boca, circundando a boca como um esfíncter. Inserção: componente principal do lábio. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: movimentam os lábios, as asas do nariz e a pele do mento. Músculo Bucinador: músculo acessório na mastigação, mantendo o alimento sob a pressão direta dos dentes. Está situado sob o músculo masseter. Origem: superfície externa dos processos alveolares da maxila, acima da mandíbula. Inserção: ângulo da boca. Inervação: Nervo Facial (VII). Ação: deprime e comprime as bochechas contra a mandíbula e maxila. Importante para assobiar e soprar. 26 7 ANAMNESE A entrevista inicial envolve a pesquisa com o paciente para sabermos sobre a história de vida do mesmo. Ressaltamos alguns pontos tais como: Você tem doenças de pele e/ou respiratória? Faz uso de medicamento? Qual(ais)? Quais são seus hábitos alimentares? Faz uso de consumo de água e de outros líquidos? Qual seu nível de estresse? Como é sua personalidade? Quais são seus horários de descanso? Quais são seus hábitos de vida (trabalho, lazer)? Com que frequência fica exposto ao sol? Faz uso de tabagismo? Quantos por dia? Faz uso de álcool? Quando? Quantas vezes ao dia? Você tem percebido que emagreceu e/ou engordou? Já fez alguma cirurgia facial? Pratica alguma atividade física? Você quer perguntar algo que eu não tenha falado? Quando não se tem mais nada a declarar, no final da entrevista, o fonoaudiólogo ou a fonoaudióloga relata ao paciente que os dados apresentados por ele são sigilosos e que ele pode ficar despreocupado, pois ninguém tomará conhecimento do seu caso. 27 8 AVALIAÇÃO A avaliação consiste na verificação da musculatura facial, do pescoço e cervical em repouso e atividade. Verificando assim o funcionamento muscular e sua relação direta com as funções estomatognáticas – respiração, sucção, mastigação e deglutição. Podemos ainda questionar sobre os cuidados com a face, frequência dos exercícios, áreas da face para as quais direcionou os exercícios e modificações percebidas na face após o período de tratamento. O protocolo de exame clínico compreende observação da postura corporal, análise morfológica extra e intraoral, avaliação da mobilidade, tonicidade e sensibilidade orofacial, além das funções de: respiração, mastigação, deglutição e fala. Os dados obtidos durante o exame pretendem, ainda, possibilitar a identificação da origem do problema direcionando o processo terapêutico. Além de prevenir, identificar o aparecimento de rugas em decorrência dos excessos de expressividade facial que possam marcar a pele e hábitos posturais inadequados. 28 9 TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO Após a avaliação, o fonoaudiólogo fará o planejamento terapêutico que deverá obedecer a várias etapas. As sessões são de aproximadamente 45 minutos, uma vez por semana. O tratamento é indicado a partir dos 30 anos, preventiva e/ou corretivamente, conforme a necessidade. As orientações dos exercícios devem ser seguidas corretamente para o resultado eficaz do tratamento. Há algumas contraindicações para o tratamento fonoaudiológico estético tais como: pele com acne, seis primeiros meses de pós-cirúrgico facial e bioplastia. Abaixo vamos descrever as etapas do tratamento: Limpeza da pele; Hidratação da pele; Conscientização do papel da musculatura na estética facial; Exercícios faciais gerais; Fortalecimento muscular; Adequação das funções estomatognáticas; Exercícios musculares específicos; Massagem facial ativa e passiva; Estimulação dos pontos motores da face; Relaxamento muscular; Drenagem facial pré e pós-cirúrgica; Manutenção da atividade muscular diária (em casa). Os exercícios recomendados foram os seguintes: Elevar as sobrancelhas enrugando a testa por sete segundos; Aproximar as sobrancelhas por sete segundos; Fechar os olhos com força por sete segundos; Protuiros lábios por sete segundos; 29 Lateralizar as comissuras com abertura da rima labial por sete segundos; Contração das bochechas direita e esquerda com resistência por sete segundos; Os exercícios isométricos favoreceram a diminuição das rugas, marcas de expressão e flacidez facial na maior parte dos sujeitos, sendo que as regiões da face que aparentemente tiveram melhoras, segundo a observação de foto foram: diminuição do sulco nasolabial, diminuição das olheiras; diminuição da flacidez das bochechas em diminuição das rugas ao redor dos olhos, face descansada, relaxada e serena, lábios mais definidos e mudança em sua postura em um indivíduo. 30 10 AQUECIMENTO E ALONGAMENTO DA MIOLOGIA FACIAL É um dos momentos mais importantes e engraçados da sequência de aquecimento. Um bom alongamento dos músculos da face garante boa dicção em projeção vocal do ator em cena. Faça movimentos circulares com a língua dentro e fora da boca. Em sequência, faça caretas das mais variadas de modo a exercitar todos os músculos presentes na face. Dê leves tapas nas bochechas, testa e pescoço e sinta-se relaxado para sorrir e ficar sério várias vezes seguidas. Após isso, comece a respirar pelo nariz e soltar pela boca. Essa é a maneira correta de respirar em cena. Continue puxando o ar e faça pausas para soltá-lo, lentamente. Exercite as cordas vocais falando repetidas vezes sílabas como: blá, tra, za, dentre outras. Comece em voz baixa e termine em voz alta. Estes exercícios ajudam na extensão vocal do ator. Para a dicção são indicados exercícios básicos. O primeiro deles é falar trava-línguas diversos de forma impecável. Isso ajuda a solucionar alguns problemas existentes nas cordas vocais. Os alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular, que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o comprimento. O principal efeito do alongamento é o aumento da flexibilidade que é a maior amplitude de movimento possível de uma determinada articulação. Quanto mais alongado o músculo, maior será a movimentação da articula ção comandada por aquele músculo e, portanto, maior a sua flexibilidade. Os alongamentos conseguem esse resultado por aumentarem a temperatura da musculatura e por produzirem pequenas distensões na camada de tecido conjuntivo que revestem os músculos. Nossos músculos são responsáveis por nossos movimentos, possuem características importantes, por exemplo, a elasticidade, que permite voltar ao tamanho normal depois de alongado. São objetivos do alongamento: 31 Restaurar a amplitude de movimento normal na articulação envolvida e a mobilidade das partes moles adjacentes a esta articulação; Prevenir o encurtamento ou tensionamento irreversíveis de grupos musculares; Facilitar o relaxamento muscular; Reduzir o risco de lesões musculares. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO 32 11 TECIDO TEGUMENTAR O tegumento humano conhecido como pele, é formado por duas camadas distintas unidas entre si: a epiderme e a derme. A epiderme é um epitélio multiestratificado composto por várias camadas (estratos) e células achatadas (epitélio pavimentoso). A camada de célula mais interna é chamada epitélio germinativo, constituída por células que se multiplicam continuamente, com isso as novas células geradas empurram as mais velhas para cima em direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem as células epidérmicas tornam-se achatadas e passam a fabricar e acumular dentro de si uma proteína resistente, a queratina. As células mais superficiais, quando se tornam repletas de queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente impermeável à água, denominado camada de queratinizada ou córnea. A superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Alguns podem captar estímulos de natureza distinta. Na epiderme, não existem vasos sanguíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos sanguíneos da derme. Nas regiões providas de pelos existem terminações nervosas específicas nos folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores Ruffini. As primeiras formadas por axônio, que envolvem o folículo piloso, captam forças mecânicas aplicadas contra o pelo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são receptores de calor. Em toda a pele, tanto a rica em pelo, como na desprovida de pelo existem três tipos de receptores comuns: Pele com pelos e pele sem pelos (glaba): Corpúsculos de Paccini: captam estímulos vibráteis e táteis. São formados por fibras nervosas cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz de captar a aplicação de pressão que é transmitida para outras camadas e enviadas a centros nervosos correspondentes. 33 Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Os discos estão englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa nas células epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Os movimentos de pressão e tração sobre epiderme desencadeam o estímulo. Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos térmicos e especialmente aos dolorosos. São formados por um axônio ramificado envolto por células de Schwann, sendo por sua vez envolvidos por uma membrana basal. Na pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos: Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pelos (como nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por axônio mielínico, cujas ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias. Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma fibra nervosa cuja terminação possui forma clava. Situam-se nas regiões limítrofes da pele com as membranas da mucosa (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais). 34 FIGURA 3 Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem melanina, pigmento que determina a coloração da pele. As glândulas anexas (sudoríparas e sebáceas) encontram-se mergulhadas na derme, embora tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de ureia) é drenado pelo duto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea (secreção que lubrifica a epiderme e os pelos) sai pelos poros de onde emagrecem os pelos. A transpiração, ou sudorese, tem por função refrescar o corpo quando há elevação da temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, por exemplo, quando há aumento da atividade física. A derme, localizada imediatamente na epiderme é um tecido conjuntivo que contém fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. As células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa na qual os elementos estão mergulhados. 35 A epiderme penetra na derme e origina os folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Na derme encontramos: músculo cretor do pelo, fibras elásticas (elasticidade), fibras colágenas (resistência), vasos sanguíneos. Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em fibras e em células que armazenam gorduras (células adiposas ou adipócitos). A camada subcutânea,denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contra choques mecânicos e, isolante térmico. As unhas e pelos são formados por células epidérmicas quaternizadas, mortas e compactadas. Na base da unha ou do pelo há células que se multiplicam constantemente, empurrando as células para cima. Acumulam queratina, morrem e compactam-se originando a unha ou pelo. O pelo está ligado ao músculo eretor, que permite a movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que são encarregadas de se lubrificarem. FIGURA 4 FONTE: Disponível em: <www.afh.bio.br/tegumentar/tegumentar.asp>. Acesso em: 28 ago.2012 Hanseníase: é uma mancha que se dá na pele, que perde a sensibilidade ou função. Sistema Endócrino: ao receber raios solares, a pele forma hormônios (vitamina D3) que atuarão no intestino grosso por meio da corrente sanguínea, que ajuda o intestino na absorção de cálcio e fósforo dos alimentos que irão alimentar as células do corpo a decompositar-se nos ossos. 36 12 EMBRIOGÊNESE CRANIOFACIAL Entre a quarta e 12ª semana de gestação ocorre o desenvolvimento da face. Neste período, em virtude da grande complexidade da formação de estruturas orais, sucedem fendas provenientes de uma interrupção no desenvolvimento e/ou falha na fusão de saliências faciais e processos palatinos envolvidos. Os processos craniofaciais que originam o palato primário e o secundário são derivados das proliferações mesequimais e epiteliais que dão origem às proeminências faciais: nasais mediais, nasais laterais e maxilares. Quando ocorre o desenvolvimento e fusão dos processos nasais, medial e lateral abaixo da fosseta nasal em desenvolvimento resulta o palato primário que forma o teto da porção anterior da cavidade oral primitiva fazendo a separação inicial entre as cavidades orais e nasais. Por volta da sétima e oitava semana de gestação o palato secundário se desenvolve decorrente de uma fusão medial das cristas palatinas, completando a separação das cavidades orais e nasais. O lábio superior, maxila anterior e dentes incisivos superiores são derivados do desenvolvimento do palato primário. Quando ocorre falha na fusão entre os processos nasal e maxilar em um ou mais nos dois lados, resulta a fenda de lábio. Os dentes estão diretamente relacionados com a gênese da fenda labiopalatina, pois a presença desta pode ocasionar distúrbios do desenvolvimento à medida que acontece a iniciação da lâmina dentária. Podem ocorrer anomalias de números (anodontias e dentes supranumerários), de forma (germinação, fusão, micro e macrodontia) e o dens in dente, que é a invaginação do esmalte e a dentina ao longo do comprimento da raiz. 37 12.1 CLASSIFICAÇÃO As fendas orofaciais podem estar compreendidas em fendas típicas (de lábio, de palato ou ambas) e fendas atípicas ou raras, que incluem as fendas medianas, transversais e oblíquas. Existe ainda a fenda submucosa caracterizada por úvula bífida, diástase da musculatura velar e chanfradura na borda posterior do palato duro; e as fendas raras da face que incluem as fendas medianas do lábio superior e do lábio inferior, fendas oblíquas (orbitofaciais), transversais (buçoauriculares), macrostomia, fendas de lábio inferior, mandíbula e nariz. No atendimento aos portadores de fenda de lábio e/ou palato são necessários alguns cuidados especiais para a região malformada. Essa pode envolver a localização de estruturas dentárias, alterando a localização ou o estabelecimento de uma dentição normal. É necessário o seguimento do crescimento e do desenvolvimento das dentições decíduas e permanentes para que possa haver um planejamento para as possíveis terapias protéticas e ortodônticas. 38 13 ANATOMOFISIOLOGIA DOS MÚSCULOS OROFACIAIS, CABEÇA E PESCOÇO A cabeça é formada por uma série de compartimentos, os quais são formados por ossos e partes moles. Eles são: A cavidade do crânio: duas orelhas, duas órbitas, duas cavidades nasais, uma cavidade oral. A cavidade do crânio é o maior compartimento e contém o encéfalo e membranas associadas (meninge). A maior parte da orelha (aparelho de audição) a cada lado está contida em um dos ossos que formam o assoalho da cavidade do crânio. As partes externas das orelhas estendem- se lateralmente a partir destas regiões. As duas órbitas contêm os olhos. São câmaras em forma de cones imediatamente inferiores à região anterior da cavidade do crânio, sendo que o ápice de cada cone está direcionado de forma posteromedial. As paredes das órbitas são ósseas, enquanto a base de cada câmara crônica pode ser aberta e fechada pelas pálpebras. As cavidades nasais são partes superiores do trato respiratório e ficam entre as órbitas. Têm paredes, assoalhos e tetos, compostas predominantemente por osso e cartilagem. As aberturas anteriores das cavidades nasais são narinas e as aberturas posteriores são os coanos (aberturas nasais posteriores). Nas cavidades nasais há extensões cheias de ar (seios paranasais), que se projetam lateralmente, superiormente e posteriormente ao redor dos ossos. Os maiores, os seios maxilares, são inferiores a órbitas. A cavidade oral é inferior às cavidades nasais e separada dela pelo palato duro e mole. O assoalho da cavidade oral é formado inteiramente por partes moles. 39 A abertura anterior da cavidade oral é rima da boca e a abertura posterior é o istmo das fauces. Diferentemente das narinas e dos coanos, que são abertos, a rima da boca e o istmo das fauces podem ser abertos e fechados por partes moles à sua volta. Além dos principais compartimentos da cabeça, duas outras regiões anatomicamente definidas da cabeça, a cada lado, são áreas de transição de um compartimento da cabeça para outro. A fossa infratemporal é uma área entre a parte posterior (ramo) da mandíbula e uma região plana do osso (lâmina lateral do processo pterigoide) imediatamente posterior à maxila. Essa forma limitada por ossos e partes moles é um conduto para um dos principais nervos cranianos, o nervo mandibular (a divisão mandibular do nervo trigêmeo, que passa entre as cavidades do crânio e oral). A fossa pterigopalatina, a cada lado é imediatamente posterior à maxila. Esta pequena fossa comunica-se com a cavidade do crânio, a fossa infratemporal, órbita, a cavidade nasal e oral. Uma estrutura importante que atravessa a fossa pterigopalatina é o nervo maxilar (divisão maxilar do nervo trigêmeo). A face é a parte anterior da cabeça e contém um grupo peculiar dos músculos que movem a pele relativamente ao osso subjacente e controlam aberturas para órbitas e a cavidade oral. O couro cabeludo cobre as regiões superior, posterior e lateral da cabeça. 13.1 PESCOÇO O pescoço estende-se do pescoço aos ombros e tórax. Seu limite superior é ao longo das margens inferiores da mandíbula e das partes ósseas na face posterior do crânio. A parte posterior do pescoço é mais alta do que a anterior e liga as vísceras cervicais às aberturas posteriores da cavidade nasal e oral. 40 O pescoço tem um limite que se estende da parte superior do esterno ao longo da clavícula, indo ao acrômio adjacente que é uma projeção óssea da escápula. Posteriormente, o limite inferior do pescoço é menos definido, mas pode ter uma ideia aproximada, traçando a linha entre o acrômio e o processo espinhoso da vértebra C7 (sétima vértebra cervical), que é proeminente e facilmente palpável. A margem inferior do pescoço encerra a base do pescoço. 13.1.1 Compartimentos O pescoço tem quatro compartimentos, que são encerrados por um colar musculofascial externo. O compartimento vertebral contém vértebras cervicais e os músculos posturais associados. O compartimento visceral contém glândulas que são (tireoide, paratireoides e timo) e partes do trato respiratórioe digestório que passam entre a cabeça e o tórax. Os dois compartimentos vasculares contêm os grandes vasos e o nervo vago. Laringe e Faringe O pescoço contém duas estruturas especializadas associadas aos tratos digestório e respiratório – a laringe e a faringe. A laringe é a parte superior das vias aéreas baixas e localiza-se abaixo da parte superior da traqueia e acima, por uma membrana flexível, do osso hioide que está fixado no assoalho da cavidade oral. Muitas cartilagens formam estrutura de sustentação para laringe que tem canal central oco. As dimensões deste canal podem ser ajustadas por estruturas de partes moles associadas à parede da laringe. As mais importantes são as duas pregas vocais laterais, que projetam entre si dos lados adjacentes da cavidade laríngea. A abertura superior da laringe (adito da laringe) é inclinada posteriormente e continua com a faringe. 41 A faringe é um meio cilindro de músculo e fáscia. Acima, à base do crânio e, abaixo, às margens do esôfago. As paredes do meio cilindro são fixadas nas margens laterais das cavidades nasais, na cavidade oral e na laringe. As duas cavidades nasais, a cavidade oral e a laringe, abrem-se, portanto na face anterior da faringe e o esôfago abre-se inferiormente. A parte da faringe posterior às cavidades nasais é a parte nasal da faringe. Aquelas partes posteriores à cavidade oral e à laringe são a parte oral e a parte laríngea da faringe, respectivamente. 13.1.2 Funções da cabeça Proteção A cabeça protege o encéfalo e todos os sistemas de receptores associados aos sentidos especiais – as cavidades nasais e oral – que possuem características estruturais para modificar a passagem de ar ou alimento para cada sistema. A cabeça contém as partes superiores dos sistemas respiratórios e digestório – as cavidades nasal e oral que possuem características estruturais para modificar a passagem de ar ou alimento para cada sistema. Comunicação A cabeça e o pescoço estão envolvidos na comunicação. Os sons produzidos pela laringe são modificados pela faringe e na cavidade oral, produzindo a fala. Ademais, os 42 músculos da face, responsáveis pela expressão facial, ajustam-se aos contornos da face para retransmitir sinais não verbais. Posicionamento da Cabeça O pescoço sustenta e posiciona a cabeça. É importante observar que ele possibilita que o indivíduo posicione os componentes do sistema sensorial na cabeça, relacionando com os estímulos ambientais sem movimentar o corpo inteiro. O pescoço contém estruturas especializadas (faringe e laringe) que conectam as partes do trato respiratório e digestório (cavidades nasais e oral) na cabeça com o esôfago e a traqueia, que começam em posição relativamente baixa no pescoço e dirigem-se ao tórax. 13.1.2.1 Componentes Crânio Os principais ossos da cabeça formam o crânio. A maioria dos ossos é interconectada por suturas, que são articulações fibrosas imóveis. No feto e no recém-nascido, grandes espaços membranosos e não ossificados (fontículos) entre os ossos do crânio, particularmente entre ossos grandes e planos que cobrem toda a cavidade do crânio, permitem: Que a cabeça se deforme durante sua passagem pelo canal do parto. O crescimento pós-natal. 43 A maioria dos fontículos se fecha durante o primeiro ano de vida, a ossificação completa dos finos ligamentos do tecido conjuntivo que separam os ossos na linha de sutura que começa no final da terceira década e normalmente se completa na quinta década de vida. Há três articulações sinoviais na cabeça. A maior é a articulação temporomandibular entre a mandíbula e o osso temporal. As outras duas articulações sinoviais ficam entre os três ossículos da orelha média – o martelo, a bigorna e o estribo. As sete vértebras cervicais formam a estrutura óssea do pescoço. As vértebras cervicais são caracterizadas por: Corpos pequenos; Processos espinhosos bífidos; Processos transversos que contêm um forame (forame transverso). Os forames transversos formam uma passagem longitudinal a cada lado da coluna cervical para os vasos (artérias e veias vertebrais) que passam entre a base do pescoço e a cavidade do crânio. O processo transverso de uma vértebra cervical apresenta tubérculos anterior e posterior para fixação dos músculos. Os tubérculos anteriores são derivados dos mesmos elementos embriológicos que dão origem às costelas na região torácica. Ocasionalmente desenvolvem-se costelas cervicais a partir deste elemento, particularmente em associação a estas vértebras cervicais inferiores. Osso Hioide É um pequeno osso em forma de U orientado no plano horizontal superior à laringe, onde possa ser palpado e movimentado de lado em lado. 44 Os dois braços do U (cornos maiores) projetam-se posteriormente, a partir das extremidades laterais do corpo. O osso hioide não se articula com outro elemento esquelético nem na cabeça e nem no pescoço. É uma âncora altamente móvel para muitos músculos e estruturas de partes moles na cabeça e no pescoço. Está na interface entre três compartimentos dinâmicos: Superiormente, ao assoalho da cavidade oral. Inferiormente a laringe. Posteriormente a faringe. Palato mole O palato mole é uma estrutura constituída por partes moles, com forma de aba que insere como dobradiça na parte posterior do palato duro com a margem posterior livre. Pode ser levado e deprimido por músculos. O palato mole e estruturas associadas podem ser vistos claramente através da boca aberta. Músculos Os musculoesqueléticos da cabeça e do pescoço podem ser agrupados com base na função, inervação e derivação embriológica. Na cabeça Os grupos musculares não incluem: 45 Os músculos extraoculares (movimentam a órbita e abrem a pálpebra superior). Músculos da orelha média (ajustam o movimento dos ossos da orelha média). Músculos da face (determinam a expressão facial). Músculos da mastigação (movimentam a mandíbula e relacionam-se com a articulação temporomandibular). Músculos do palato mole (elevam e deprimem o movimento). Músculos da língua (movimentam e alteram a forma da língua). No pescoço Os principais grupos musculares incluem: Músculos da faringe (fazem a constrição e elevam a faringe). Músculos da laringe (ajustam as dimensões da passagem do ar). Músculos infra-hióideos (posicionam a laringe e o osso hioide no pescoço). Músculos conatidos pela fáscia de revestimento (movimentam a cabeça e a extremidade superior). Músculos posturais no compartimento muscular do pescoço (posicionam o pescoço e a cabeça). Relações com outras regiões Tórax A abertura superior do tórax projeta-se diretamente na base do pescoço. As estruturas que passam entre a cabeça e o tórax sobem e descem através dessa abertura e do compartimento visceral do pescoço. Na base do pescoço, a traqueia é imediatamente anterior ao esôfago, que é anterior à lateral da traqueia. 46 Membros superiores Há uma entrada da axila (porta para os membros superiores) a cada lado da abertura torácica superior na base do pescoço. Estruturas como os vasos passam sobre a costela I quando estão entre a entrada da axila e o tórax. Os componentes cervicais do plexo braquial vêm diretamente do pescoço pela entrada da axila, dirigindo-se para os membros superiores. Características Principais Níveis vertebrais C3/4 e C5/6 No pescoço os dois níveis vertebrais são: Entre C3 e C4, aproximadamente na margem superior da cartilagem tireóidea da laringe (que pode ser palpada) e onde a artéria em cada lado do pescoço se bifurca em artéria carótida interna e externa. Entre C5 e C4, que marca a faringe e laringe e o limite superiorda traqueia e do esôfago – a indentação entre cartilagem cricóidea da laringe e o primeiro anel traqueal pode ser palpada. A artéria carótida interna no pescoço sobe ao crânio para irrigar a parte do encéfalo. Também irriga o olho e a órbita. Outras regiões da cabeça e pescoço são irrigadas para ramos da artéria carótida externa. Veias aéreas no pescoço 47 A laringe e a traqueia são anteriores ao trato digestório no pescoço, é possível ter acesso direto a elas quando as partes superiores do sistema são bloqueadas. Uma cricotireotomia faz uso da via mais fácil de acesso por meio do ligamento cricotireóideo (membrana cicrovocal, membrana cricotireóidea) entre as cartilagens cricóidea e tireóidea da laringe. O ligamento pode ser palpado na linha média e geralmente há pequenos vasos, tecido conjuntivo e pele, embora ocasionalmente um pequeno lobo da glândula tireoide (o lobo piramidal) está sobre ele. Em um nível mais baixo, pode-se ter acesso cirúrgico às vias aéreas por meio da parede anterior da traqueia por traqueostomia. Esta via de entrada é complicada porque grandes veias e parte da glândula tireoide estão sobre esta região. Nervos Cranianos Há doze nervos cranianos, as características que os definem são que saem da cavidade do crânio através de forame e fissura. Os nervos cranianos inervam estruturas na cabeça ou no pescoço. Ademais, o nervo vago (X) desce pelo pescoço e vai ao tórax e abdome, onde inerva as vísceras. As fibras parassimpáticas na cabeça saem do encéfalo como parte dos quatro nervos cranianos – o nervo oculomotor (III), o nervo facial (VII), o nervo glossofaríngeo (IX) e o nervo vago (X). As fibras parassimpáticas pré-ganglionares no nervo oculomotor (III), no nervo facial (VII) e no nervo glossofaríngeo (IX), destinadas aos tecidos-alvo na cabeça saem destes nervos e distribuem-se com os ramos de nervo trigêmeo (V). Nervos Cervicais São oito os nervos cervicais (C1 a C8). C1 a C7 emergem do canal vertebral acima de suas respectivas vértebras. C8 emerge entre as vértebras C7 e T1. 48 Os ramos anteriores de C1 a C4 formam o plexo cervical. Os principais ramos deste plexo inervam os músculos infra-hióideos, o diafragma (nervo frênico), a pele nas partes anterior e lateral do pescoço, a pele sobre parede torácica anterior a pele na parte inferior da cabeça. Os ramos anteriores de C5 a C8, juntamente com um grande componente do ramo anterior de T1, formam o plexo braquial, que inerva o membro superior. A faringe é uma câmara comum para os tratos digestório e respiratório. Consequentemente, a respiração pode ocorrer através da boca, como também do nariz, e material da cavidade oral potencialmente entra no esôfago ou na laringe O palato mole, a epiglote e as estruturas de partes moles dentro da laringe atuam como válvulas para impedir que alimentos e líquidos entrem nas partes inferiores do trato respiratório. Durante a respiração normal, as vias aéreas abrem-se e o ar passa livremente através das cavidades nasais (ou da cavidade oral), faringe, laringe, traqueia. A luz do esôfago está normalmente fechada, diferentemente das vias aéreas, pois não tem estruturas de sustentação esquelética para manter-se aberta. Quando a cavidade oral está cheia de líquido ou alimento, o palato movimenta-se para baixo e é deprimido para fechar o istmo das fauces, permitindo assim processar alimentos e líquidos na cavidade oral enquanto respira. Quando há deglutição, o palato mole e partes da laringe atuam como válvulas para assegurar o movimento apropriado do alimento da cavidade oral para o esôfago. O palato mole eleva-se para abrir o istmo das fauces enquanto, ao mesmo tempo, veda a parte nasal da faringe em relação à parte oral, impedindo que os alimentos e líquidos subam para a parte nasal da faringe e cavidades nasais. A epiglote fecha a entrada laríngea e grande parte da cavidade da laringe fica ocluída por oposição das pregas vocais e dobras das partes moles superiores a ela. A laringe é puxada para cima e para frente, facilitando o movimento de alimentos e líquidos em torno da laringe fechada, em direção ao esôfago. 49 No recém-nascido, a laringe é alta no pescoço e a epiglote fica acima do nível do palato mole. Os bebês, portanto, conseguem mamar e respirar ao mesmo tempo. O líquido flui em torno da laringe sem qualquer risco de entrar nas vias aéreas. Trígonos Cervicais Os dois músculos (trapézio e esternocleidomastóideo) são envolvidos pela fáscia de revestimento (constituído por parte do colar cervical esterno) dividem o pescoço nos trígonos anterior e lateral a cada lado. Os limites de cada trígono cervical anterior são: Limite vertical mediana do pescoço; Margem inferior do pescoço; Margem anterior do músculo esternocleidomastoideo. O trígono cervical lateral é limitado por: O terço médio da clavícula; Margem anterior do trapézio; Margem posterior do esternocleidomastóideo. O trígono lateral situa-se em parte sobre a entrada da axila e associa-se a estruturas (nervos e vasos) que entram no membro superior e saem dele. Anatomia regional 50 Crânio A cabeça tem um conjunto de 22 ossos, excluindo os ossículos da audição. Exceto pela mandíbula, os ossos são fixados entre si pelas suturas, são imóveis e formam o crânio. O crânio pode ser subdividido em: Uma parte superior (calvária e base do crânio) que envolve a cavidade do crânio contendo o encéfalo (neurocrânio). Uma parte inferior – o esqueleto da face (viscerocrânio). Os ossos que formam a calvária e a base do crânio são o temporal e parietal, que são pares, e osso frontal, esfenoide, etmoide occipital, que são ímpares. Os ossos que formam o esqueleto da face são os nasais, os palatinos, os lacrimais, os zigomáticos, as conchas nasais inferiores, as maxilas, que são pares, e o vômer, que é impar. Vista anterior A vista anterior do crânio inclui a fronte superior e, inferiormente, as órbitas e a maxila e mandíbula. Osso frontal A fronte consiste no osso frontal, que também forma a parte superior da margem supraorbital. 51 O processo zigomático do osso frontal projeta-se inferiormente formando a margem lateral superior da órbita. Esse processo se articula com o processo frontal do osso zigomático. Ossos zigomáticos e nasais A margem lateral inferior a órbita, bem como parte lateral da margem inferior da órbita, é formada pelo osso zigomático. Pela abertura piriforme estão o par de conchas nasais inferiores e as Cristas nasais fundidas, formando a parte inferior do septo nasal e terminando anteriormente como espinha nasal anterior. Maxilas A parte da face superior entre a órbita e os dentes superiores é formada pelo par de maxila. O processo zigomático de cada maxila articula-se com o osso zigomático e, medialmente, o processo frontal de cada maxila articula-se com o osso frontal. Inferiormente, a parte de cada maxila, imediatamente abaixo da margem infraorbital, está o forame infraorbital. Cada maxila termina como processo alveolar, que contém os dentes e forma o maxilar superior. Mandíbula A mandíbula é a estrutura mais inferior, consiste em corpos da mandíbula anteriormente e ramo da mandíbula posteriormente. Esses se unem no ângulo da mandíbula. Todas estas partes são visíveis, até certo ponto na vista anterior. 52 O corpo da mandíbula é dividido em duas partes: A parte inferior é a base da mandíbula; A parte superior é a parte alveolar da mandíbula. A parte alveolar da mandíbula contém os dentes. A base da mandíbula tem uma protuberância (a protuberância mentual) em sua superfície anterior, onde dois lados da mandíbula se unem. Imediatamente lateral à protuberância mentual, a cada lado, é observadaprotuberância mais anunciada. Lateralmente, é visível um forame mentual, a meio caminho entre a margem superior da parte alveolar da mandíbula e a margem inferior da base da mandíbula. Passando esse forame e continuando, há uma crista (linha oblíqua), que se dirige da região anterior do ramo para o corpo da mandíbula. A linha oblíqua é um ponto de fixação para músculos relacionados com a cavidade oral. Vista lateral A vista do crânio evidencia partes laterais da calvária, e do esqueleto facial, como metade da mandíbula. Ossos que formam a parte lateral da calvária, que incluem o frontal, o parietal, o occipital, o esfenoide e o temporal. Ossos que formam a parte visível do esqueleto facial incluem o nasal, a maxila e o zigomático. Mandíbula Parte lateral da calvária 53 A parte lateral da calvária (calota craniana) começa anteriormente com o osso frontal articula-se com o parietal na sutura coronal. O osso parietal então se articula com o osso occipital na sutura lambdóidea. Nas partes inferiores da parte lateral da calvária, o osso frontal articula-se com a asa maior do osso esfenoide, que então se articula com o osso parietal na sutura esfenoparietal e com margem anterior do osso temporal na sutura esfenoescamosa. A região onde os ossos, frontal, parietal, esfenoide e temporal estão em estreita proximidade é o ptério (um dos pontos craniométricos). As consequências clínicas de uma fratura do crânio nesta área podem ser muito graves. O osso nesta área é particularmente fino e fica sobre a divisão anterior da artéria meníngea média, que pode ser lacerada por uma fratura do crânio nesta área, resultando em um hematoma extradural. Osso temporal Uma grande contribuição para a formação da parte inferior da parede lateral do crânio é feita pelo osso temporal, que consiste na sutura esfenescamosa e com o osso parietal superiormente na sutura escamosa. O processo zigomático é uma projeção óssea anterior da superfície inferior da parte escamosa do osso temporal que inicialmente se projeta lateralmente e depois se curva anteriormente para se articular com o processo temporal do osso zigomático, formando o arco zigomático. Abaixo da origem do processo zigomático, que vem da parte escamosa do osso temporal, está a parte timpânica do osso temporal e claramente visível na superfície desta parte encontra-se o pro acústico externo, que leva ao meato acústico externo. A parte mastóidea é a mais posterior do osso temporal, sendo a única região da parte petromastóidea do osso temporal vista lateralmente do crânio. É contínua com a parte escamosa do osso temporal anteriormente e articula-se com o osso parietal superiormente na sutura 54 paretomastóidea e com o osso ocippital posteriormente na sutura occiptomastóidea. Estas duas suturas são contínuas entre si, a sutura parietomastóidea é contínua com a sutura escamosa. Parte visível do esqueleto facial Os ossos da face (viscerocrânio) observados em uma vista lateral do crânio incluem o nasal, a maxila e o zigomático da seguinte forma: A maxila: inferiormente, seu processo alveolar contém os dentes; superiormente, contribui para a formação das margens inferior e medial das órbitas; medialmente seu processo frontal articula-se com o osso frontal; lateralmente, seu processo zigomático articula-se com o osso zigomático. Um pequeno forame (o forame zigomaticofacial) é visível na superfície lateral do osso zigomático. Mandíbula A estrutura óssea final na vista lateral do crânio é a mandíbula. Inferiormente, em sua parte anterior, consiste no corpo da mandíbula (anterior), um ramo da mandíbula (posterior) e o ângulo da mandíbula, onde a margem inferior do corpo da mandíbula se encontra com a margem posterior do ramo. Os dentes estão na parede alveolar do corpo da mandíbula, e a protuberância mental e destaca-se nesta vista. O processo condilar está envolvido na articulação da mandíbula com o osso temporal. 55 14 FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO FACIAL O envelhecimento facial se deve, basicamente, a alterações degenerativas nas fibras colágenas e elásticas da derme, diminuição de espessura da epiderme por perda de camadas do estrato granuloso e espinhoso, onde as células ficam mais achatadas e os espaços intercelulares mais largos, atrofia dos músculos de expressão facial com posterior fibrose, alteração da arquitetura óssea, geralmente por atrofia, além de perdas de peças dentárias e diminuição da espessura do panículo adiposo em diferentes partes da face. Esses são os achados internos que determinam o surgimento de rugas, acentuação de sulco, linhas naturais, relevos e depressões faciais. Aliados à perda de tonicidade e modificação na coloração da pele, estas características determinam o envelhecimento esteticamente falando da face do indivíduo. A ação da força da gravidade é um dos fatores que causa envelhecimento, por exemplo, na queda das bochechas, no queixo duplo, no aspecto triste que a sobrancelha caída apresenta. Outro fenômeno que tem papel importante na gênese do envelhecimento é a radiação solar. A exposição excessiva, tão caracteristicamente desenfreada na nossa sociedade, é causa do dano intenso nas células da pele, fazendo com que apareçam rugas, manchas e outras marcas de envelhecimento. Fatores genéticos, ou características familiares e raciais, também têm o seu papel no aparecimento mais ou menos precoce dos sinais de envelhecimento. Outro dado importante é o crescimento de cartilagens, como por exemplo, no nariz, com o consequente aumento da projeção e a queda da ponta. Ganho e perda de peso, na tradicional “gangorra”, contribui para a aceleração do processo. As pessoas que utilizam muito a expressão facial ao falar também tendem a apressar o aparecimento de rugas. O fumo também é um fator acelerador do envelhecimento facial. Prevenção As medidas de prevenção incluem os cuidados com a textura da pele, evitar ganho e perda excessiva de peso, limitar a exposição solar, inclusive utilizando bloqueadores e não fumar. 56 Tratamento O tratamento dependerá do grau do envelhecimento da pele, do resultado esperado pelo paciente e de uma criteriosa avaliação médica. Pode variar de tratamentos mais simples, como peeling superficial, até peeling profundo ou até mesmo cirurgia. Até agora, o tratamento mais eficaz é a cirurgia, mediante ressecção ou secção dos músculos, ou por meio do preenchimento com tecidos próprios ou implantes sintéticos. As ressecções, além dos inconvenientes que toda intervenção apresenta, podem deixar irregularidades na superfície, podem inclusive provocar alterações sensitivas ou motoras na zona. A limitação nas técnicas de preenchimento deve-se a que, em curto ou longo prazo, a persistência da ação dos músculos voltará a provocar as mesmas rugas. Além disso, é necessário ser bastante cauteloso para não provocar deformações em razão de um preenchimento excessivo. Esta técnica pode ser complementada com o laser resufarcing, especialmente nos casos das rugas finas e profundas, que desaparecem por completo graças a seu efeito renovador das capas superficiais da pele e aumento da grossura da derme. A aplicação da toxina botulínica nos músculos coenrugadores (no caso de rugas no cenho), no músculo frontal (para o caso de rugas na testa) e no músculo orbicular das pálpebras (para o caso dos pés de galinha), tem um efeito similar ao da cirurgia, porém é menos traumático. 57 15 TÉCNICAS DA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESTÉTICA FACIAL O envelhecimento é um processo natural, progressivo, gradual e irreversível, que somente pode ser desacelerado. Esse processo é consequência de influências orgânicas, ambientais, estruturais, funcionais e emocionais. A fonoaudiologia está cada
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