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1 OFTALMOLOGIA Valentina G. Bortoluzzi – ATM 23 UCPel CLASSIFICAÇÃO 1. Queimaduras químicas: → Por ácidos → Por bases 2. Queimaduras eletromagnéticas → Por raios UV → Por raios infravermelhos 3. Queimaduras elétricas 4. Queimaduras térmicas QUEIMADURAS QUÍMICAS CONCEITO: São consideradas queimaduras químicas aquelas causadas por qualquer produto químico em seu estado sólido ou líquido que atinja o globo ocular causando dano à integridade do olho ou a função visual. - As queimaduras químicas são consideradas as mais graves por serem emergências oculares. - Podem ser causadas por ácidos e bases; fogos de artificio, foguetes de sinalização e gás lacrimogênio; QUEIMADURAS POR ÁCIDOS CARACTERÍSTICAS: Limitam-se mais a área de contato (onde respingou) e causam lesão máxima nos primeiros minutos e duram por algumas horas após a exposição, não são tão penetrantes. FISIOPATOLOGIA: Os ácidos atuam precipitando as proteínas dos tecidos corneanos que rapidamente formam uma barreira impedindo a sua penetração profunda. *Faz exceção o ácido fluorídrico que penetra na córnea e câmara anterior, causando a formação de membranas e cicatrização intraocular QUEIMADURAS POR BASES (MAIS GRAVES) CARACTERÍSTICAS: São as mais graves pois penetram rapidamente nos tecidos oculares. FISIOPATOLOGIA: As bases se combinam com os lipídeos e os mucopolissacarídeos das membranas celulares do estroma da córnea, causando amolecimento e perfuração da córnea com destruição tecidual progressiva (por até 12 meses). *Endoftalmite: infecção intraocular pela lesão progressiva. SUBSTÂNCIAS BÁSICAS: soda cáustica, cal, gesso, amônia. PROGNÓSTICO DAS QUEIMADURAS QUÍMICAS São classificadas em: 1. LESÃO LEVE: existe apenas erosão do epitélio da córnea, com discreta nebulosidade. Há rápida reepitelização corneana. *Opacidade desaparece com o tempo. 2. LESÃO MODERADAMENTE GRAVE: existe uma opacidade maior da córnea com certa necrose da conjuntiva e esclera. A cicatrização deixa opacidades severas na córnea. Em consequência disso, ocorrem neovascularização e cicatrizes corneanas. *Opacidade não vai desaparecer. 3. LESÃO MUITO GRAVE: a córnea fica toda opalescente pelo grande edema da córnea e maior necrose da conjuntiva e esclera. Pode ocorrer ainda, irite (inflamação da íris), ulceração da córnea e até perfuração. TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS QUÍMICAS Existe o tratamento imediato, à médio prazo e à longo prazo: TRATAMENTO IMEDIATO: 1. Irrigação profusa e imediata com soro fisiológico ou solução de Ringer Lactato, ou água. *Nos ácidos 1000mL e nas bases 2000mL por 1h. Se for água, mais ou menos 15 min. *Nunca direcionar o jato para a córnea e sim para a conjuntiva. 2. Pingar colírio anestésico, nos dois olhos, para conseguir manusear!! 3. Analgesia sistêmica. 4. Limpeza dos fundos de sacos com cotonete embebido em soro fisiológico. 5. Fazer exame meticuloso a procura de perfurações. 6. Pingar colírio para dilatar a pupila (tropicamida): para diminuir a dor e diminuir o risco de sinéquia. 7. Pingar colírio de associação de antibiótico/corticoide: ATB para diminuir a reação inflamatória e infecções; corticoide para diminuir o edema. 8. Colocar em fundos de sacos pomada de associação de antibiótico/corticoide. 9. Oclusão para reexaminar em 24hrs; 10. Nunca neutralizar o produto químico causador da queimadura: a neutralização pode queimar mais o olho. 2 OFTALMOLOGIA Valentina G. Bortoluzzi – ATM 23 UCPel TRATAMENTO A MÉDIO PRAZO → Com todas as reações químicas ocorrendo no olho, pode haver uma rápida elevação da PIO (pressão intraocular) pois células inflamatórias ficam circulando no humor aquoso e obstruem os orifícios das malhas trabeculares. 1. Se houver uma rápida elevação da PIO: Diamox 250mg de 12/12hrs VO. 2. Se houver iridociclite (inflamação da íris e dos corpos ciliares): pingar colírio de dexametasona de 4/4hrs durante 7 a 10 dias. *Se não controlar essa reação inflamatória usar Prednisona 30mg de 12/12 hrs VO. *Examinar o paciente todos os dias pois este está sujeito a modificações. TRATAMENTO A LONGO PRAZO Considerar que tudo já cicatrizou externamente: 1. Colírio de lágrimas artificiais e pomada lubrificante até que se faça a reconstrução cirúrgica do olho. - Colírio: de 1h em 1h. - Pomada: 3-4x/dia *Muitas vezes há necessidade de fazer transplante de tecidos oculares (esclera, conjuntiva, córnea). 2. LC terapêutica (lente de contato terapêuticas): usadas para evitar aderências conjuntivais. 3. Desfazer cirurgicamente as aderências. COMPLICAÇÕES DAS QUEIMADURAS QUÍMICAS 1. SIMBLÉFARO: é a aderência da conjuntiva palpebral à conjuntiva ocular ou à córnea. Essa aderência vai causar uma limitação na mobilidade ocular. 2. OPACIDADE CORNEANA: na imagem 1 vemos uma córnea amolecida (secreção não é pus) + uma conjuntiva edemaciada e hiperemiada (quemose). Na imagem 2, simbléfaro com neovascularização. QUEIMADURAS ELETROMAGNÉTICAS QUEMADURAS POR RAIOS UV CARACTERÍSTICAS: Os sintomas aparecem de 6 a 10 horas após a exposição e variam desde irritação leve com sensação de corpo estranho até intensa fotofobia e espasmo palpebral (não consegue deixar os olhos abertos). CAUSAS: arcos voltaicos, solda elétrica, lâmpadas solares. TRATAMENTO 1. Tranquilizar o paciente de que a lesão é passageira e que, em 24hrs, os sintomas desaparecerão. 2. Dilatar a pupila com tropicamida. 3. Pingar colírio de associação de antibiótico + corticoide e pomada. 4. Curativo oclusivo bilateral e reexaminar em 24hrs. 5. Receitar analgésico e algum sedativo. QUEIMADURAS POR RAIOS INFRA-VERMELHOS CARACTERÍSTICAS: ocorrem por exposição à luz excessiva ou em pessoas que trabalham alimentando caldeiras/fornalhas. Costuma dar eritema e edema palpebral/ danos a córnea e a retina e a longo prazo podem desenvolver catarata. TRATAMENTO → Com comprometimento palpebral: compressas frias com SF ou usar lubrificantes frequentes. → Com comprometimento corneano: 1. Dilatar a pupila: diminuir a dor. 2. Pingar colírio com associação de ATB/corticoide. 3. Fazer oclusão com pomada reepitelizante e examinar em 24hrs. QUEIMADURAS ELÉTRICAS → Causam necrose somente no local do choque de igual tamanho em raio e profundidade. → Geralmente lesa o olho através das pálpebras e pode formar catarata por um período de meses e até anos, após o acidente. TRATAMENTO → O tratamento é sintomático: 1. Pode-se receitar analgésicos VO. 2. Colírio de ATB para evitar infecções secundárias. QUEIMADURAS TÉRMICAS → Ocorrem pela ação direta da temperatura no olho ou órbita. → Pode ser leve como a queimaduras de cigarro ou grave como a causada por metais pesados derretidos (chumbo, ferro, zinco) 3 OFTALMOLOGIA Valentina G. Bortoluzzi – ATM 23 UCPel TRATAMENTO 1. Colírio anestésico para fazer a limpeza. 2. Analgesia sistêmica 3. Compressas úmidas com soro fisiológico ou lubrificantes. Devem ser trocados com frequências. 4. Pingar colírio para dilatar a pupila e usar pomada de antibiótico com corticoide 4x/dia; 5. Não ocluir, mas orientar o paciente a ficar com os olhos fechados.
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