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1 OFTALMOLOGIA Valentina G. Bortoluzzi – ATM 23 UCPel ANATOMIA O aparelho lacrimal é composto por duas porções distintas: 1. Porção secretora (quem produz a lágrima). 2. Porção de drenagem (caminho por onde sai a nossa lágrima). PORÇÃO SECRETORA É formada por glândulas: 1. GLÂNDULA LACRIMAL PRINCIPAL: situada na região súpero-anterior da órbita (é a que produz a maior quantidade de lágrimas). 2. GLÂNDULAS LACRIMAIS ACESSÓRIAS DE WOLFRING: situam-se no bordo superior do tarso (tanto no tarso inferior como superior). 3. GLÂNDULAS LACRIMAIS ACESSÓRIAS DE KRAUSE: situadas nos fundos de sacos superior e inferior, fazem parte da substância própria da conjuntiva interna palpebral. São glândulas pequenas, mas em maior número. Não conseguimos enxergar a olho nu. PORÇÃO DE DRENAGEM É por onde a lágrima sai quando está no nosso olho. É formada por: 1. PONTOS LACRIMAIS SUPERIOR E INFERIOR : situados no canto medial das pálpebras, bem onde terminam os cílios. Para que eles absorvam a lágrima, eles têm que estar encostados no globo ocular, bem onde está o lago lacrimal, ou seja, virados para dentro e encostados na conjuntiva ocular. Depois de drenar pelos pontos lacrimais, a lágrima desce pelos canalículos. 2. CANALÍCULOS SUPERIOR E INFERIOR 3. CANALÍCULO COMUM 4. SACO LACRIMAL 5. DUCTO NASO-LACRIMAL (que drena no meato inferior de cada narina). DRENAGEM DAS LÁGRIMAS É feita de três formas: 1- CAPILARIDADE: é feita pelos pontos lacrimais, que ficam encostados no globo ocular, na conjuntiva do globo ocular, bem onde tem o lago lacrimal. O lago lacrimal é onde mais tem lágrima no nosso olho. 2- BOMBEAMENTO: o músculo orbicular das pálpebras quando relaxa, permite a entrada da lágrima no saco lacrimal. E quando contrai, aperta o saco lacrimal, fazendo com que a lágrima saia do saco e siga para ducto naso-lacrimal. 3- GRAVIDADE: a drenagem é feita do saco lacrimal para baixo. *Parte azul são lágrimas. *Linha azul: lemnisco lacrimal. LÁGRIMA (OU FILME LACRIMAL) COMPOSIÇÃO: A lágrima é constituída por uma alta concentração de proteínas, como a albumina, a globulina e a lisozima. - A atividade antimicrobiana da lágrima é feita pelas gamaglobulinas: IgG, IgA, IgE e pela lisozima (é a que mais tem atividade microbiana). 2 OFTALMOLOGIA Valentina G. Bortoluzzi – ATM 23 UCPel - O volume de lágrima em cada olho é cerca de 6 microlitros, e a cada piscada ela é substituída na proporção de 1,2 microlitros/min. CAMADAS DA LÁGRIMA Há três camadas: 1. CAMADA LIPÍDICA: é a camada de gordura, mais externa, que está mais em contato com o meio externo. É formada pela secreção das glândulas de Meibomius e tem a função de diminuir a evaporação da lágrima. 2. CAMADA AQUOSA: é a camada intermediária, formada por água. É formada pela secreção da glândula lacrimal principal. É rica em sais e proteínas. 3. CAMADA MUCOSA: é a camada mais interna da lágrima, está, portanto, em contato direto com o olho. Ela se adere às células epiteliais da córnea e da conjuntiva. É constituída de mucina (muco) produzida pelas células caliciformes da conjuntiva e da glândula lacrimal principal. FUNÇÕES DA LÁGRIMA → Lubrificação. → Proteção (ação antimicrobiana). → Eliminação de corpo estranho. → Nutrição (principal fonte de O2 da córnea). **As bactérias, microrganismos, pó, vêm, grudam na lágrima, e vão para dentro do nariz. Assim ocorre a formação do “ranho”. ***Quando tem um corpo estranho maior produzimos um monte de lágrimas e, geralmente, conseguimos com que expulsar esse CE. PRODUÇÃO DA LÁGRIMA A lágrima é produzida de duas formas: 1. PRODUÇÃO BASAL: são as lágrimas que mantêm os olhos sempre úmidos e lubrificados. É a lágrima “normal”. São secretadas pelas glândulas de Wolfring e Krause. 2. PRODUÇÃO REFLEXA: ocorre o aumento da produção de lágrimas devido algum estímulo (choro, fatores irritativos, presença de CE). A secreção é feita pela Glândula Lacrimal Principal. PATOLOGIAS DACRIOCISTITE CONCEITO: é o processo infeccioso do saco lacrimal, consequente à obstrução ou estenose do ducto nasolacrimal, fazendo com que ocorra acúmulo de detritos celulares e lágrimas, propiciando um excelente meio de cultura. FISIOPATOLOGIA: O saco lacrimal entra em processo inflamatório e as lágrimas que ficam acumuladas dentro do saco lacrimal, apodrecem e formam pus. EPIDEMIOLOGIA: ocorre mais em mulheres e brancas > 40 anos de idade (relação com a menopausa). **Ela pode ser aguda ou crônica; pode ser no adulto ou na criança. AGUDA CARACTERÍSTICAS: surgimento súbito de uma intumescência dolorosa no canto inferior interno da pálpebra inferior, próxima ao nariz, associada à lacrimejamento constante e, às vezes, febre. Pode ser bem doloroso. DIAGNÓSTICO: É confirmado por uma dacriocistografia (radiografia da via lacrimal com contraste). Injetamos contraste no olho bom, o contraste vai lá pra dentro do nariz; já no olho ruim, ele não vai drenar para o nariz, mas vai ficar ali parado, então geralmente conseguimos ver bem onde está essa estenose. TRATAMENTO No adulto: 1. Colírio de ATB + ATB sistêmico de largo espectro; 2. Anti-inflamatório e compressas mornas para drenagem e/ou fistulização para a pele. 3. Após controlada a infecção aguda, geralmente o paciente precisa fazer uma cirurgia: uma dacriocistorrinostomia, que refaz a via lacrimal, desfaz a aderência e volta a drenar corretamente a lágrima. No lactente: 1. Tenta-se a sondagem antes dos 6 meses de idade 2. Se não resolver, opta-se pela cirurgia (DCR). CRÔNICA NO ADULTO: caracteriza-se por lacrimejamento constante (unilateral), acompanhada de secreção, está sempre com pus naquele olho. O saco lacrimal evolui para mucocele e é preenchido por material mucopurulento, que reflui com pressão sobre esse saco lacrimal. *Tratamento: compressões sobre o saco lacrimal 3xs/dia até a DCR (cirurgia). Se ele não fizer a DCR, ele vai estar sempre com esse olho com pus e com lacrimejamento. Então, enquanto se aguarda a cirurgia, o paciente vai esvaziando o saco, antes de dormir ele esvazia, quando acorda, já está cheio novamente, então novamente esvazia. 3 OFTALMOLOGIA Valentina G. Bortoluzzi – ATM 23 UCPel NO LACTENTE: é bem frequente e se deve a persistência de membrana embrionária, que oclui alguma parte da via lacrimal, comumente o final do ducto nasolacrimal. O sintoma é o lacrimejamento unilateral desde que nasceu e tem secreção associada também. *Tratamento: colírio de ATB 5xs/dia com massagens sobre a via lacrimal até os 6-7 meses de idade. Geralmente resolve em 90% dos casos. Vamos receitar uma pomada de olho e ATB se tiver pus. Se não resolver, realizar-se a sondagem. CANALICULITE CONCEITO: Inflamação dos canalículos, frequentemente causada por uma conjuntivite folicular unilateral, causada pelo Actinomyces israeli (Streptothrix sp.). QUADRO CLÍNICO: O quadro é representado por lacrimejamento unilateral, associada a conjuntivite crônica mucopurulenta, e não responde ao tratamento convencional. Há tumefação do ponto lacrimal; edema com hiperemia de canalículo. À compressão da via lacrimal, saem concreções de dentro do canalículo, chamadas de dacriólitos. TRATAMENTO: remoção das concreções por simples curetagem ou canaliculotomia, seguido de irrigação com solução de penicilina. O uso tópico ou sistêmico de Tetraciclina ou Eritromicina para evitar recorrência DACRIOADENITE CONCEITO: É a inflamação da glândula lacrimal principal; pode ser aguda ou crônica. 1. DACRIOADENITE AGUDA – se caracteriza por uma inflamação aguda da glândula lacrimal principal, que se manifesta como uma tumefação dolorosa na região da cauda do supercílio e pálpebra superior. Pode levar aptose; a exoftalmia e, às vezes, até a diplopia (devido ao inchaço que empurra o olho para dentro). Na criança pode ser secundária ao sarampo e caxumba. *Tratamento: ATB sistêmico e local. 2. DACRIOADENITE CRÔNICA: se caracteriza por uma tumefação constante, não dolorosa na região da glândula lacrimal. Pode se manifestar na sarcoidose; TBC; linfoma; leucemia linfática. *Tratamento: tratar a doença base.
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