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Perguntas Norteadoras 1. Diferenciar as paredes celulares das bactérias Gram-positivas e negativas. Gram-positivas Nas bactérias Gram-positivas, 70 a 75% da parede são compostos de peptideoglicano. Além desta macromolécula, encontramos proteínas e ácidos teicoicos que podem representar até 50% da massa seca da parede. A parede celular da bactéria Gram-positiva é única e consiste de uma camada espessa, composta quase que completamente por peptídioglicano, responsável pela manutenção da célula e sua rigidez. Suas propriedades são: a) facilitar a ligação e a regulação da entrada e saída de cátions na célula, graças ao grupo fosfato que confere uma carga negativa à molécula que se encontra voltada para o lado externo da célula; b) regular a atividade das autolisinas durante o processo de divisão celular. Quando uma célula bacteriana se prepara para se dividir, ocorre o crescimento da parede celular e enzimas denominadas autolisinas atuam sobre o peptidioglicano no sentido de romper seus componentes em pontos específicos, permitindo assim a inserção de novas subunidades. Os ácidos teicoicos atuam na regulação da atividade destas autolisinas, impedindo que quebras excessivas ocorram, provocando a lise celular; c) constituir sítios receptores de bacteriófagos; d) servir de sítio de ligação com o epitélio do hospedeiro em algumas bactérias patogênicas. Por exemplo, em Streptococcus pyogenes o ácido lipoteicoico, juntamente com a proteína M, facilita a ligação da bactéria ao receptor da mucosa respiratória; e) constituir, graças à sua localização na célula, importantes antígenos celulares tornando possível a identificação sorológica de muitas bactérias Gram-positivas. Gram-negativas A parede das bactérias Gram-negativas é mais complexa. É formada por uma ou poucas camadas de peptideoglicano e por uma membrana externa. O espaço que separa a membrana citoplasmática da membrana externa é chamado espaço periplasmático. Nas bactérias Gram-negativas, a perede celular está composta por uma camada de peptidioglicano e três outros componentes que a envolvem externamente; lipoproteína, membrana externa e lipopolissacarídeo. É importante destacar que a união entre cadeias paralelas de NAG e NAM é feita diretamente pelas ligações peptídicas entre o terceiro diaminoácido de uma cadeia e o quarto aminoácido da cadeia adjacente, tornando-as mais compactas. O peptidioglicano liga-se à membrana externa por uma lipoproteína e está embebido no gel periplasmático que contém alta concentração de enzimas degradadoras e proteínas de transporte. Devido à menor concentração de peptideoglicano, a parede das bactérias Gram-negativas é mais suscetível a quebras quando comparadas à de bactérias Gram-positivas. Os ácidos teicoicos não estão presentes em bactérias Gram-negativas. 2. Compreender sobre o crescimento de culturas bacterianas. O crescimento em bactérias é frequentemente considerado em dois níveis: individual e populacional. Métodos de Medida O desenvolvimento de uma cultura bacteriana pode ser medido tanto por um aumento de quantidade de protoplasma, quanto pelo número de organismos. Nenhum método simples, em uso, permite uma estimativa simultânea de ambos: massa e número. Porém, essas quantidades podem ser relacionadas por comparação com resultados obtidos por vários métodos. Uma vez estabelecida a relação entre os dois métodos, para determinadas linhagens de bactéria, as duas quantidades podem ser estimadas por um único método, desde que as condições da cultura sejam absolutamente as mesmas. Métodos diretos a) Centrifugação. Neste método, um volume de cultura é centrifugado em tubo capilar e a altura do sedimento é uma medida da massa protoplasmática. Se o tamanho do micro-organismo for conhecido, o número destes pode ser calculado. Deve-se levar em conta que medidas de volume úmido dão medidas pouco sensíveis do crescimento, sendo, portanto, o erro grande. b) Peso seco. Neste método, determina-se o peso seco de organismos por unidade de volume de cultura. Esse método ignora o conteúdo aquoso e sua variação durante o crescimento dos micro-organismos, porém é uma medida mais satisfatória que a massa úmida. Métodos indiretos a) Nitrogênio. Neste método, as células são lavadas a fim de serem retirados os constituintes nitrogenados do meio, e o nitrogênio da célula é determinado pelo método micro-Kjeldahl. b) Estimativas colorimétricas ou espectrofotométricas de constituintes do protoplasma. Neste método, um volume apropriado de cultura é lavado e tratado de maneira a liberar constituintes orgânicos do protoplasma. c) Medida do consumo de um metabólito ou acúmulo de um produto do metabolismo. O consumo de O2 e a produção de um ácido a partir de um carboidrato fermentável são exemplos típicos. Essas medidas somente são satisfatórias para situações em que o consumo de O2 ou a produção do ácido não sofre limitações e, assim, refletem o crescimento. d) Turbidimetria. Bactérias em suspensão exibem o efeito Tyndall, como acontece com qualquer sistema coloidal. A quantidade de massa bacteriana pode ser medida tanto por absorbância como por nefelometria, que correspondem, respectivamente, à luz absorvida e à luz dispersada no meio. Os fatores que afetam as medidas turbidimétricas são: tamanho e forma das partículas, concentração, índices de refração relativos das partículas e dos meios e comprimento de onda da luz incidente. e) Consumo de um composto pela massa bacteriana. Se o aumento da massa bacteriana é proporcional ao consumo de uma determinada substância, pode-se correlacionar o desaparecimento da substância de uma solução conhecida com o incremento da massa celular. Métodos diretos de contagem de partículas a) Contadores de partículas. A utilização de aparelhos baseados em desvios ópticos e eletrônicos permite a contagem de partículas individuais em meio aquoso. Exemplo: Coulter Counter, em que são registradas mudanças na condutividade elétrica quando partículas em suspensão são impelidas a passar por um pequeno canal por onde há uma corrente elétrica. Esse contador mede tanto o número quanto o tamanho das bactérias. As estimativas de tamanho são sujeitas a erros, uma vez que volumes iguais com formas diferentes apresentam diferenças na leitura da resistência elétrica. Por outro lado, o aparelho não distingue entre células grandes, únicas e células em término de separação ou gemulação. Além disso, partículas diferentes ou grumos também podem ser registrados. b) Câmaras de contagem. Neste método, é determinado o número de bactérias em um volume fixo da cultura, usando câmaras com áreas perfeitamente delimitadas. Este método tem a desvantagem de necessitar de um número relativamente grande de micro-organismos para se fazer a medida. Exemplo: Câmara de Neuwbauer. c) Esfregaços corados. Neste método, um volume conhecido de cultura é espalhado sobre uma determinada área de uma lâmina. O esfregaço é então fixado e corado. Como a área da objetiva é conhecida, o número de germes é estimado a partir da contagem das partículas em vários campos. Métodos Indiretos de Contagem de Partículas Estão baseados na capacidade de multiplicação dos micro-organismos, quando transferidos para um meio de cultura novo. Como resultado, estes métodos contam apenas células vivas e nem sempre todas elas. a) Diluição seriada ou do número mais provável. Neste método, a cultura é diluída até um ponto em que amostras da diluição, quando semeadas em meio apropriado, não apresentam crescimento. Assumindo que os micro-organismos são distribuídos ao acaso nas amostras das diluições, e que qualquer organismo viável presente nestas amostras irá crescer no meio novo, a densidade populacional original será estimada pela aplicação da teoria das probabilidades. A precisão do método é diretamente dependente do número de amostras tomadas por diluição. Mesmo que o número de amostras seja grande,a precisão permanece baixa. b) Plaqueamento em meio sólido. Neste método, amostras de diluições seriadas da cultura são semeadas em meios de cultura sólidos adequados e incubadas de maneira a permitir o desenvolvimento de colônias isoladas. Estas são contadas, e, depois de considerada a diluição, obtém-se o número de bactérias viáveis por mililitro na suspensão original, ou, como mais adequadamente se designa o número de unidades formadoras de colônias. Curva de crescimento A curva de crescimento pode ser arbitrariamente dividida em quatro fases: a) Fase de lag, durante a qual praticamente não ocorre divisão celular, porém há aumento de massa. b) Fase logarítmica, na qual ocorre divisão regular numa velocidade máxima e constante. c) Fase estacionária, durante a qual a velocidade de multiplicação diminui gradualmente, até que se anule. O número de bactérias presentes, por unidade de volume, permanece constante por um tempo determinado. Durante essa fase, o número de bactérias novas que se formam contrabalança com o número daquelas que estão morrendo. d) Fase de declínio, em que os micro-organismos gradualmente diminuem em número até que a cultura se torne estéril, ou seja, todos os micro-organismos morrem. 3. Conhecer as 4 etapas principais do mecanismo de resistência microbiana a agentes antimicrobianos. As bactérias possuem diversos mecanismos de resistência aos antibióticos. Os principais são: Alteração na permeabilidade da membrana, alteração no local de atuação do antibiótico, bombeamento ativo do antibiótico para fora da bactéria e a produção de enzimas que destroem os antibióticos. Três condições devem ser preenchidas para que um antibacteriano iniba ou mate uma bactéria: a existência de um alvo, o antibacteriano deve ter a capacidade de atingir o alvo e não pode ser inativado antes de atingi-lo. Tempo e concentração também são parâmetros fundamentais. A resistência pode ser natural ou adquirida. A natural corresponde a uma característica da espécie bacteriana e todas as amostras desta espécie têm esta propriedade. Na adquirida, somente parte das amostras é resistente. Um conceito importante que deve ficar claro é que o antimicrobiano não induz a resistência e sim é um agente selecionador dos mais resistentes existentes no meio de uma população. A aquisição de resistência por uma célula bacteriana sensível é sempre decorrência de uma alteração genética que se expressa bioquimicamente. As alterações genéticas podem ser originadas de mutações cromossômicas ou pela aquisição de plasmídios de resistência ou por transposons . A resistência mediada por mutações é geralmente simples, isto é, atinge apenas um antibacteriano, porque dificilmente uma célula bacteriana sofre mutação simultânea para dois ou mais antimicrobianos. A mediada por fator R (plasmídio) pode ser simples, mas na maioria das vezes é múltipla, tornando a bactéria resistente a dois ou mais antibacterianos. Isto se deve à presença de genes de resistência, para diferentes antibacterianos, em um só plasmídio. São vários os mecanismos químicos que podem levar uma bactéria a se tornar resistente: produção de enzimas que modificam a molécula do antibacteriano tornando-o inativo; diminuição da permeabilidade à entrada do antibacteriano; alteração do alvo; síntese de novas enzimas que não sofrem ação do antibacteriano e expulsão do antibacteriano da célula. 4. Defina a patogênese de Sífilis. A penetração da bactéria no hospedeiro ocorre via mucosa ou pele lesionada O período de incubação é em media de três semanas, mas pode chegar a três meses, até o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas. A espiroqueta invade os tecidos e penetra pelas junções de oclusão (tight) de células epiteliais. TPA produz a enzima mucopolissacaridase, que digere mucopolissacarídeos do glicocálix de células endoteliais, permitindo a passagem da espiroqueta através do endotélio. adesão de treponemas à componentes da matriz extracelular, como a fibronectina, e às células da pele ou mucosa A proteína recombinante Tp0155 liga in vitro à fibronectina de matriz, enquanto Tp0483 liga à fibronectina solúvel e de matriz. A proteína recombinante Tp0751 liga especificamente à laminina Esta adesina possui também atividade protease zinco-dependente, degradando laminina e fibrinogênio humano e constituindo um mecanismo de lesão tecidual e disseminação. TPA provoca uma forte resposta humoral e celular após a infecção. Glicolipídeos, lipoproteínas, LOS e peptideoglicano estimulam a resposta imune inflamatória do hospedeiro, o que parece ser a principal causa de lesão tecidual As proteínas do endoflagelo são antigênicas e estimulam as respostas humoral e celular Em todos os estágios da sífilis as lesões possuem alterações vasculares e infiltrados celulares contendo linfócitos, macrófagos e plasmócitos resposta imune celular na contenção é percebida pelo aparecimento dos nódulos ou granulomas no estágio primário da sífilis. No caso de gomas sifilíticas, as lesões podem ser necrotizantes. IgG permanece até o estágio latente da sífilis. A cronicidade da infecção sugere que mecanismos de evasão participem na imunopatogenia da sífilis. TPA é capaz de colonizar o sistema nervoso central (SNC) e placenta, sítios imunoprivilegiados do hospedeiro, o que pode permitir a sua persistência e posterior disseminação para outros sítios. 5. Explique a problemática da Sífilis na gestação. A principal forma de transmissão de TPA é através do contato sexual, entre a área genital sifilítica e outras partes do corpo. A transmissão vertical, da mãe para o feto, pode ocorrer e provoca a sífilis congênita. A sífilis congênita ocorre quando há infecção do feto por via transplacentária. Esse tipo de infecção pode ocorrer em qualquer fase da doença, mas é mais comum quando a gestação ocorre durante o período latente da sífilis. Nos estágios primários e secundários, a infecção leva a formação de natimortos, podendo também haver mortalidade neonatal. Os principais sintomas da sífilis congênita relacionam-se a lesões de pele e mucosas; lesões hepáticas, pulmonares, renais, ósseas; lesões oculares; deformações ósseas, deformações nos dentes (dentes de Hutchinson); e lesões neurológicas.
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